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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Tema: Impacto das correntes geográficas para a sociedade

Nome: Michela António Martinho- Código: 708235693

Curso: Licenciatura em Ensino de Geografia


Disciplina: Evolução ao Pensamento Geográfico

Docente: Carlos Pires

Ano de frequência: 1º Ano

BEIRA, MAIO, 2023


Classificação
Indicadores Padrões
Categorias Pontuaçã Notas Subtotal
o máxima do
tutor
Estrutura Aspectos  Capa 0.5
organizaciona  Índice 0.5
is  Introdução 0.5
 Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
Conteúdo Introdução  Contextualização 1.0
 (indicações clara do
problema)
 Descrição dos 1.0
objectivos
 Metodologia 2.0
adequada ao
objecto do trabalho
Analise  Articulação e 2.0
discussão domínio do
discurso académico
(expressão escrita
cuidado,
coerência/coesão
textual)
 Revisão 2.0
bibliográfica
nacional e
internacionais
relevantes na área
de estudo
 Exploração dos 2.0
dados
Conclusão  Contributos 2.0
teóricos práticos
Aspectos Formatação  Paginação, tipo e 1.0
gerais tamanho de letras,
paragrafa,
espaçamento entre
linhas
Referências Normas APA  Rigor e coerência 4.0
bibliográfic 6ª edição em das
as citações e citações/referências
bibliografia bibliográficas
Índice

INTRODUÇÃO...............................................................................................................................4
1.1.Objectivos..............................................................................................................................4
1.1.1.Geral:...................................................................................................................................4
1.1.2.Específicos:4
Metodologia.................................................................................................................................4
As Grandes Correntes Geográficas...............................................................................................5
a) Corrente Determinista............................................................................................................5
Bases da corrente determinista...................................................................................................6
Os Princípios do Determinismo....................................................................................................6
Os métodos do determinismo......................................................................................................7
Continuadores de Ratzel..............................................................................................................7
b) Corrente Possibilista...............................................................................................................8
Objecto de estudo........................................................................................................................8
Método de estudo do Possibilismo..............................................................................................8
Críticas ao Possibilismo Geográfico..............................................................................................9
c) Corrente Corológica................................................................................................................9
Principais variantes da Corrente Corológica...............................................................................11
Determinismo Ambiental...........................................................................................................13
Possibilismo..............................................................................................................................13
Método Regional.......................................................................................................................14
Nova geografia..........................................................................................................................14
Geografia Crítica......................................................................................................................14
Correntes geográficas................................................................................................................14
Determinismo.....................................................................................................................14
Possibilíssimo Geográfico...........................................................................................................15
Geografia Regional ou Método Regional....................................................................................16
Geografia Pragmática (Nova Geografia, Geografia Teorética ou Quantitativa)..........................16
Geografia Crítica ou Geografia Marxista....................................................................................17
Geografia Humanística ou Cultural............................................................................................18
Geografia Ambiental..................................................................................................................19
Conclusão...................................................................................................................................19
Referências.................................................................................................................................20

INTRODUÇÃO

O presente trabalho da cadeira de Evolução de pensamento geográfico com o tema


Impacto das correntes geográficas para a sociedade. com o surgimento da geografia
como uma ciência, também foram surgindo as primeiras correntes do pensamento
geográfico. A partir do século XIX, diferentes concepções e abordagens tomaram o
campo da geografia, no que diz respeito às relações entre ser humano, sociedade, meio
ambiente, espaço.

Algumas linhas de pensamento valorizaram mais a sociedade e a capacidade do homem


de transformar o espaço onde vive. Outras correntes se ocuparam mais das forças da
natureza, colocando-as à frente. A seguir delineamos as principais correntes de
pensamento na geografia moderna e suas diferentes abordagens e formas de entender o
mundo.

1.1.Objectivos

1.1.1.Geral:

 Compreender o Impacto das correntes geográficas para a sociedade

1.1.2.Específicos:

 Explicar o Impacto das correntes geográficas para a sociedade;

 Comparar as grandes correntes geográficas.

 Reconhecer o contributo da Geografia no desenvolvimento da sociedade.

Metodologia

Para a realização do presente trabalho foi necessário o uso do método bibliográfico que
consistiu na leitura de diversas obras que versam sobre o assunto em alusão.
As Grandes Correntes Geográficas

O século XIX foi particularmente rico em transformações políticas e sociais que tiveram
impacto no domínio do pensamento em geral e da Geografia em particular. Entre esses
factores, há a destacar o ambiente económico da época em especial a, Revolução
Industrial na Europa, cujo impacto pode ser resumido no seguinte:

 Considerável evolução da sociedade e da curiosidade científica e intelectual, que


estimularam o debate sobre a diferenciação do espaço e o estudo da relação Homem-
Meio.
 Aumento do interesse económico das classes dominantes, particularmente da burguesia,
em conhecer profundamente as colónias.
 Desenvolvimento científico e técnico nos séculos XVIII e XIX.
 Difusão das informações científicas e filosóficas e particularmente os trabalhos de A. V.
Humboldt e C. Ritter.

Todas essas premissas criaram condições para uma nova abordagem da Geografia
apoiada por ciências naturais e sociais, incidindo na perspectiva ecológica e corológica
da Geografia.

As principais correntes são:

 Corrente determinista geográfico


 Corrente possibilista geográfico
 Corrente corológica.

a) Corrente Determinista

A corrente determinista também conhecida por determinismo geográfico, foi fundada


por Frederich Ratzel (1844-1904) pertencente à escola alemã. Os trabalhos de F. Ratzel
marcaram o início de um debate de ideias sobre a Geografia, mais tarde seguidas pela
escola francesa, americana, Círculo de Viena e um pouco por todo lado. De acordo com
esta teoria, o objecto de estudo é o Homem-Meio, numa relação unívoca, por isso
acredita-se na submissão do Homem às leis da Natureza.
As condições naturais, em especial as condições climáticas é que determinaram a
evolução do Homem, e consequentemente da sociedade.
A corrente determinista, preocupada na relação Homem-Meio foi fundada por
F. Ratzel. Mais tarde Ellen Semple e William Davis também defenderam esta corrente.

Bases da corrente determinista

F. Ratzel apoiou-se na teoria da selecção natural de Charles Darwin em que os conceitos


de organismo, de metabolismo, de luta, de selecção natural passam também para análise
de fenómenos socioeconómicos. Darwin chegou a uma conclusão que revolucionou o
pensamento clássico: «A luta pela Vida não é mais do que uma forma de selecção
natural, na qual certas espécies privilegiadas possuem todas as condições para
sobreviver, enquanto que as desfavorecidas ou fracas estão condenadas extinção».
Partindo desta ideia defendeu que os povos ou os estados fortes devem dominar os
fracos.

A corrente determinista apoia-se também no positivismo de August Comte que defende


que o pensamento evoluiu em forma de progressão a três níveis:

 Estado teológico onde a explicação é com base nas forças sobrenaturais.


 Estado metafisico (simples modificação geral do primeiro) onde os agentes
sobrenaturais são substituídos por formas abstractas, verdadeiras entidades.
 Estado positivo, no qual a explicação dos fenómenos é feita com base na observação e
na razão, considerando as relações causa-efeito entre os fenómenos.

Os Princípios do Determinismo

O determinismo de Ratzel sustentou-se em dois princípios


1. «Todo o facto geográfico é explicável através das suas causas».
2. «Quando as causas estão reunidas, o facto produz-se.»
Partindo destes postulados positivistas darwinistas, Ratzel estabeleceu leis gerais, em
que o primado é o meio físico sobre o Homem e concluiu que para meios físicos iguais,
corresponderá uma organização social idêntica, defendendo a passividade do Homem
perante as leis da Natureza.

Os métodos do determinismo

A corrente determinista foi muito marcada pelos métodos comparativos, apoiando-se


nos princípios da casualidade e de extensão, recorrendo explicação dedutiva-
comparativa, para a formulação de leis e verificação das relações causa-efeito.

Contribuição e aplicação do determinismo As ideias de Friedrich Ratzel tiveram eco nos


círculos científicos e políticos da Europa e da América do Norte, particularmente os
políticos, que encontraram na base teórica a justificação do expansionismo colonial, ao
defender que os estados fortes deviam aumentar os seus espaços à custa dos estados
fracos; as raças fortes deviam dominar as fracas e submeter povos tropicais à dominação
colonial, expandindo assim a civilização europeia de orientação cristã.

Embora possamos fazer várias críticas ao determinismo geográfico, é lícito que se


destaque algum mérito para esta teoria na medida em que permitiu:

 Manter a unidade entre a Geografia Física e Humana.


 Sistematizar a Geografia e criar um objecto Único da Geografia.
 Garantir o cientismo e unidade da Geografia.
 Estabelecer que as relações Homem-Meio são básicas para a análise geográfica e
formulação de leis gerais para a Geografia.

Continuadores de Ratzel

O determinismo geográfico teve muito impacto no pensamento geográfico, atraindo


muitos seguidores. Na América do Norte, por exemplo Ellen Semple (Determinismo
ambiental) e William Morris Davis (Determinismo climático) foram os seguidores.
Ellen Semple defendia que os climas são determinantes para a saúde mental e física do
Homem. O estudo dos indivíduos deve ter em conta sempre o seu habitat.
Por sua vez, William M. Davis prestou mais atenção Geografia Física: defendia que a
sociedade humana devia ser encarada como um organismo e que só podia sobreviver
com base nos ajustamentos ao meio físico. Considerava a superfície terrestre, o objecto
de estudo da Geografia.
O surgimento de várias correntes contestadoras do Determinismo Geográfico não
eliminou totalmente esta visão. A prova mais evidente é a teoria do espaço vital que no
século XX foi suporte do expansionismo e nacionalismos radicais na Europa que
levaram o mundo à II Guerra Mundial.

b) Corrente Possibilista

Esta corrente surgiu nos finais do século XIX e marcou o pensamento Geográfico até
1950.
A corrente possibilista resulta da evolução científica e de todo o debate científico e
filosófico de então.
Tinha como objectivo opor-se ao determinismo geográfico, sobretudo na questão de
submissão do Homem ao meio ambiente e no objectos além disso o possibilismo queria
combater os excessos da escola alemã no que se refere a passividade do Homem perante
ao meio.

Objecto de estudo

De acordo com esta corrente, a Geografia possui dois objectos de estudo: o Homem
para a Geografia Humana e a Terra para a Geografia Física. Ou seja, estabelecem-se
relações biunívocas; Homem-Meio que definem a reciprocidade e não a dependência
como acontece no Determinismo.
O Possibilismo defende que o Homem pode optar perante as várias possibilidades que o
Meio oferece para desenvolver um género de Vida próprio.
O Possibilismo apoia-se na corrente filosófica neo-idealista e neo-kantiana que divide a
matéria e o espírito do pensamento e no historicismo para explicação da realidade
social.

Método de estudo do Possibilismo

O Possibilismo deu muita importância ao método historicista e indutivo analítico. Por


isso, Vidal De La Blache estruturou o seu estudo na análise do meio físico, seguido pelo
estudo das formas de ocupação e finalmente o impacto da integração do Homem no seu
habitat.

Para Vidal de La Blache a observação, localização, descrição e interpretação de cada


paisagem com ajuda do método indutivo e historicista e o seu resultado conduzem ä
elaboração de monografias que retratam as regiões vidalianas.
A análise regional e morfo-funcional não deve chegar à formulação de leis gerais nos
fenomenos humanos.

Vidal De La Blache (1845-1918) o pai da Geografia regional pertence à escola francesa.


Foi professor universitário em Paris com muitos trabalhos publicados sendo responsável
pela revista Annales de Geographie. Estudou muitas zonas rurais, defendia que a
Natureza põe e o Homem dispõe. Valorizava a acção humana e, além disso, dizia que os
fenómenos deviam ser estudados na sua região tendo como base as análises regionais e
passando para uma análise morfo-funcional.

Críticas ao Possibilismo Geográfico

Vários círculos científicos opuseram-se ao possibilismo geográfico, particularmente na


questão de criar dois objectos de estudo para a Geografia e por negar a formulação de
leis gerais mesmo para os fenómenos físicos.
Por outro lado, critica-se no Possibilismo o facto de prestar mais atenção à análise das
zonas rurais em detrimento das cidades numa altura em que a cidade já era o Pólo de
desenvolvimento da humanidade.

c) Corrente Corológica

As origens desta corrente remontam antiguidade, mas foram revigoradas por Kant no
século XVIII, ao acentuar o carácter regional, descritivo e ideográfico da Geografia e
tem Alfred Hettner seu fundador.
A corrente corológica analisa a região em termos de estrutura e funções, pretendendo
criar uma ciência unificada, através de uma análise lógica, baseada em novos conceitos
de Física e com uma linguagem comum a todas as ciências.
Em termos metodológicos, a corrente corológica usa um método dedutivo, ao considerar
que todo o trabalho científico consiste em propor teorias e avaliá-las. Os neopositivistas
apoiaram-se nas teorias de jogos e teorias de sistemas para resolver os problemas
globais e erguer um futuro seguro.

Ambiente do seu surgimento


Como as demais correntes de pensamento e em particular geográficas, o surgimento da
corrente corológica esteve ligado ao contexto do século XX que se caracterizava por:

 Crises sociais e económicas dos anos 30/40 do século.


 Europa abalada pela 2a Guerra Mundial.
 Falsa urbanização.
 Excessos populacionais.
 Desemprego e conflitos sociais.
 Racismo nas cidades.

Diante desta realidade, muitos países europeus colocaram o Estado na direcção das
economias, impondo o que se chamou capitalismo monopolista do Estado. O
desenvolvimento implicaria uma nova divisão do trabalho, tornando-se imprescindível
uma planificação regional e urbana.

Com base nas ideias das referidas ciências, a Geografia passou a ser uma ciência
unificada, recorrendo às ciências exactas e à Lógica. Mais ainda, procura uma
linguagem comum, um raciocínio lógico, nega a divisão das ciências geográficas, dá
muita importância à probabilidade e procura formas de expressão com outras ciências,
particularmente o uso da linguagem Matemática e Estatística, servindo-se da
Informática e da Cibernética.

Ainda segundo a Corrente Corológica, a Geografia devia trazer soluções dos seguintes
problemas:

 Como construir uma fábrica?


 Onde?
 Que vias de comunicações a construir?
 Como construir uma fábrica, como organizar uma cidade?
 Resolver problemas ambientais, urbanos e económicos.

Principais variantes da Corrente Corológica

 A Escola de Chicago;
 A Nova Geografia;
 A Geografia Radical.

 1) A Escola de Chicago

Desde o século XIX, Chicago tornou-se, no contexto da Revolução Industrial que teve
início no século XVIII na Inglaterra, um dos principais pólos de desenvolvimento dos
Estados Unidos da América.

O desenvolvimento industrial e a urbanização a ele subjacente conduziria ao êxodo


rural. Por outro lado, Chicago e outras cidades americanas vêem aumentar os fluxos de
emigrantes asiáticos, europeus, latinos, americanos e africanos. Desse processo resultará
um crescimento da população urbana com novas exigências em habitação, vias de
comunicação, abastecimento em viveres, serviços sociais, etc., além da emergência de
problemas ligados gestão urbana, racismo e xenofobia.

2) Nova Geografia

As principais ideias sobre a Nova Geografia encontram-se nos livros de geógrafos do


Círculo de Viena que emigraram para os Estados Unidos nos anos 50, fugidos da II
Guerra Mundial. Entre essas obras temos «Excepcionalism in Geography» de Fred
Schaefer, 1953 e «The Oritical Geography», de William Burge, 1962.

Nestas obras, os seus autores condenam a concepção possibilista da Geografia ao


considerá-la uma ciência ideográfica e regional.
Para eles, a Geografia tem de ascender ao estatuto de ciência, com uma perspectiva
genérica, que permita a formulação de leis que regem a distribuição espacial dos
fenómenos na superfície terrestre.
A Geografia devia dispor de teorias básicas necessárias para a formulação de hipóteses,
que posteriormente podem ser verificadas experimentalmente.
A Nova Geografia associa os métodos indutivo e dedutivo nas suas análises. Entretanto,
o uso abusivo de linguagem matemática torna imperioso o tratamento estatístico, dando
lugar à designação de Geografia Quantitativa.

3) Geografia Radical

A geografia Radical surgiu depois da Segunda Guerra Mundial sustentando-se


ideologicamente no Marxismo. Perante o ambiente de pós guerra, os geógrafos
começaram a preocupar-se com a pobreza, com os países em vias de desenvolvimento e
com os problemas que a população enfrentava.

As ideias básicas da Geografia Radical estão contidas nas obras de David Harvey, 1972,
«Explanation in Geography» e nos artigos da revista Antípode «A Radical Journal of
Geography» editada por Richard Peet depois da 2.a Guerra Mundial.

As premissas desta tendência da Geografia estão ligadas aos aspectos da ordem social,
segregação racial nas cidades americanas, às revoltas dos negros na América nos anos
60-70, à Guerra do Vietname, aos problemas ecológicos, aos aspectos de ordem
científica, particularmente as questões dos modelos da Nova Geografia, considerados
bastante simples para representar realidades muito complexas.

O Determinismo Ambiental foi o primeiro paradigma a caracterizar a geografia


que emerge no final do século XIX. Teve como principal personagem o alemão Ratzel.
Seus defensores afirmam que as condições naturais determinam o comportamento do
homem, interferindo na sua capacidade de progredir. Segundo CORREA (2000 ) essa
interpretação de “determinação acabou servindo como ferramenta para ocultar uma
ideologia das classes dominantes. Ratzel cria conceitos como : espaço vital, região
natural, fator geográfico e condição geográfica.
Ao fim do século XIX, em reação ao determinismo geográfico surge na França,
o Possibilismo. Este, procurou abolir qualquer forma de determinação, adotando a idéia
de que a ação humana é marcada pela contingência. a natureza era considerada como
fornecedora de possibilidades para que o homem a modificasse. Teve como precursor
Paul Vidal de La Blache.
O terceiro paradigma da geografia é o Método Regional que vem contrário ao
Possibilismo e ao Determinismo. Nele, a diferenciação de áreas é vista através da
integração de fenômenos heterogêneos em uma dada porção da superfície da Terra.
Focalizando assim o estudo de áreas e atribuindo à diferenciação como objeto de
geografia. A partir dos anos 40 essa corrente ganha importância com raízes em Alfred
Hettner e Hartshorne.
Após a 2.a Guerra Mundial, verifica-se uma nova fase de expansão capitalista, e
conseqüentemente a geografia perde a capacidade de explicar a complexa realidade
redesenhada. Surge então um novo paradigma, a Nova
Geografia comoobjetivo de justificar a expansão capitalista, assim como dar
esperanças aos “deserdados da terra”. Para tais tarefas utiliza com método o positivismo
lógico (Neopositivismo), utilizando-se para isso de técnicas estatísticas.
Durante a década de 1970 e 1980, o conhecimento geográfico passa por novas
transformações. Surge um novo paradigma em oposição aos anteriores e também com
intenção de participar de um processo de transformação da sociedade, esta
denominada Geografia Crítica. Esse paradigma repensa a questão da organização
espacial, herdada basicamente da Nova geografia. Trata-se, no caso, de ir além da
descrição de padrões espaciais, procurando-se ver as relações dialéticas entre formas
espaciais e os processos históricos que modelam os grupos sociais.

Determinismo Ambiental

Foi o primeiro paradigma a caracterizar a geografia que emerge no final do século XIX,
na Alemanha. Principal representante: Friedrich Ratzel. Concepções defendidas: As
condições naturais determinam o comportamento do homem, interferindo na sua
capacidade de progredir. Ratzel cria conceitos como: espaço vital, região natural, fator
geográfico e condição geográfica.

Possibilismo

Surge ao fim do século XIX, na França. Principal representante: Paul Vidal de La


Blache. Concepções defendidas: Procurou abolir qualquer forma de determinação,
adotando a ideia de que a ação humana é marcada pela contingência. A natureza é
considerada como fornecedora de possibilidades para que o homem a modificasse.

Método Regional

Vem contrário ao Possibilismo e ao Determinismo. Nele, a diferenciação de áreas é


vista através da integração de fenômenos heterogêneos em uma dada porção da
superfície da Terra. Focalizando assim o estudo de áreas e atribuindo à diferenciação
como objeto de geografia. A partir dos anos 40 essa corrente ganha importância com
raízes em Alfred Hettner e Hartshorne.

Nova geografia

Surge após a 2.a Guerra Mundial com o objetivo de justificar a expansão capitalista,
assim como dar esperanças aos “deserdados da terra”. Concepções defendidas:
utilização do método positivista lógico (Neopositivismo), utilizando-se para isso de
técnicas estatísticas.

Geografia Crítica

Surge após a década de 1970 em oposição ás correntes anteriores, com intenção de


participar de um processo de transformação da sociedade. Esse paradigma repensa a
questão da organização espacial, herdada basicamente da nova geografia. Trata-se, no
caso, de ir além da descrição de padrões espaciais, procurando-se ver as relações
dialéticas entre formas espaciais e os processos históricos que modelam os grupos
sociais.

A geografia é uma ciência que tem por objetivo o estudo da superfície terrestre e a
distribuição espacial de fenômenos significativos na paisagem. Também estuda a
relação recíproca entre o homem e o meio ambiente (Geografia Humana).

Correntes geográficas

Determinismo

Teoria formulada no século XIX pelo geógrafo alemão Friedrich Ratzel que fala das
influências que as condições naturais exerceriam sobre o ser humano, sustentando a tese
de que o meio natural determinaria o homem. Nesse sentido, os homens procurariam
organizar o espaço para garantir a manutenção da vida.

O maior sinal de perca de uma sociedade seria a perda do território.

As afirmações de Ratzel estavam fortemente ligadas ao momento histórico que vivia,


durante a unificação da alemã. O expansionismo do Império Alemão, arquitetado pelo
primeiro-ministro da Prússia Otto von Bismarck (1815-1898), foi legitimado pelas duas
principais correntes de pensamento ratzeliano, o determinismo geográfico e o espaço
vital (espaço necessário à sobrevivência de uma dada comunidade).

A primeira explicaria a superioridade de algumas raças – nesse caso, a alemã -, que


naturalmente se desenvolveriam mais do que outras, e a segunda justificaria a conquista
de novos territórios para suprir a maior demanda de recursos para seu desenvolvimento,
ou seja, ou expansionismo.

Os discípulos do determinismo foram além das proposições ratzelianas, chegando a


afirmar que o homem seria um produto do meio. Defendiam que um meio natural mais
hostil proporcionaria um maior nível de desenvolvimento ao exigir muita organização
social para suportar todas as contrariedades impostas pelo meio.

Ex: O inverno justificaria o desenvolvimento das sociedades europeias, que não tiveram
grandes dificuldades em subjugar os povos tropicais, mais indolentes e atrasados. Essa
ideia justificou o expansionismo neocolonial na África e na Ásia entre o fim do século
XIX e o início do século XX. Pensamentos que, mais tarde, foram aproveitadas pelos
cientistas e políticos da Alemanha Nazista.

Possibilíssimo Geográfico

Teve origem na França, com Paul Vidal de la Blache.

Enquadrado no pensamento político dominante, num momento em que a França tornou-


se uma grande soberania, ele realizou estudos regionais procurando provar que a
natureza exercia influências sobre o homem, mas que homem tinha possibilidades de
modificar e de melhorar o meio, dando origem ao possibilismo.
A natureza passou a ser considerada fornecedora de possibilidades e o homem o
principal agente geográfico.

Geografia Regional ou Método Regional

Representou a reafirmação de que os aspectos próprios da Geografia eram o espaço e os


lugares.

O método era comparar regiões, segundo critérios de similaridade e diferenciação.


Os geógrafos regionais dedicaram-se à coleta de informações descritivas sobre lugares,
dividir a Terra em regiões.

As bases filosóficas foram desenvolvidas por Vidal de La Blache e Richard Hartshorne.


Hartshorne não utilizava o termo região: para ele os espaços eram divididos em classes
de área, nas quais os elementos mais homogêneos determinariam cada classe, e assim as
descontinuidades destes trariam as divisões das áreas. Este pensamento geográfico ficou
conhecido como método regional.

Geografia Pragmática (Nova Geografia, Geografia Teorética ou


Quantitativa)

Corrente de pensamento da década de 1950 que surgiu da necessidade de exatidão,


através de conceitos mais teóricos e apoiados em uma explicação matemático-
estatística.

As principais características dessa corrente geográfica são:

 Todo o conhecimento apoia-se na experiência (empirismo);


 Deve existir uma linguagem comum entre todas as ciências;
 Recusa de um dualismo científico entre as ciências naturais e as ciências sociais;
 Maior rigor na aplicação da metodologia científica;
 O uso de técnicas estatísticas e matemáticas;
 A investigação científica e os seus resultados devem ser expressos de uma forma clara,
o que exige o uso da linguagem matemática e da lógica.
Foi usada como um forte instrumento de poder estatal, pois manipulava dados através
de resultados estatísticos.

Predominou na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos, principalmente na década de 1960


a meados de 1970. A partir da década de 1960, a Geografia Pragmática começou a
sofrer duras críticas.

Uma das principais críticas é o fato de não considerar as peculiaridades dos fenômenos,
pois o método matemático explica o que acontece em determinados momentos, mas não
explica os intervalos entre eles, além de apresentar dados considerando o “todo” de
forma homogênea, desconsiderando, portanto, as particularidades.

Geografia Crítica ou Geografia Marxista

A expressão Geografia Crítica foi criada na obra “A Geografia – isso serve, em primeiro
lugar, para fazer a guerra”, de Yves Lacoste.

Essa corrente de pensamento geográfico surgiu na França, em 1970, e depois na


Alemanha, Brasil, Itália, Espanha, Suíça, México e outros países.

Ganhou mais força na Alemanha, Espanha, França e Brasil, com um grande movimento
de renovação da geografia na década de 80.

No Brasil, o grande nome da Geografia Crítica foi Milton Santos, que publicou os
primeiros trabalhos da nova escola nesse país.

A Geografia crítica estabelece o rompimento da neutralidade no estudo da geografia e


propõe engajamento e criticidade junto a toda a conjuntura social, econômica e política
do mundo.

Estabelece também uma leitura crítica frente aos problemas e interesses que envolvem
as relações de poder e pró-atividade frente as causas sociais, defendendo a diminuição
das disparidades sócio-econômicas e diferenças regionais. Defendia ainda a mudança do
ensino da geografia nas escolas, ao estabelecer uma educação que estimulasse a
inteligência e o espírito crítico.
O pensamento crítico na geografia significou, principalmente, uma aproximação com os
movimentos sociais, principalmente na busca da ampliação dos direitos civis e sociais,
como o acesso à educação de boa qualidade, a moradia, pelo acesso à terra, o combate à
pobreza, entre outras temáticas.

Geografia Humanística ou Cultural

Tem como base os trabalhos realizados por Yi-Fu Tuan, Anne Buttimer, Edward Relph
e Mercer e Powell.

A Geografia Humanística ou Cultural os termos se equivalem, procura valorizar a


experiência do indivíduo ou grupo, visando um meio para compreender o
comportamento e as maneiras de sentir das pessoas em relação aos seus lugares, ou seja,
a cultura dos grupos sociais.

Para cada indivíduo, para cada grupo humano, existe uma visão diferente do mundo, ou
seja, cada grupo tem seu ponto de vista, criticando ou elogiando as condições
ambientais que por sua vez se expressa através das suas atitudes e valores para com o
ambiente. É o contexto pelo qual a pessoa valoriza e organiza o seu espaço e o seu
mundo, e nele se relaciona.

Os geógrafos culturais argumentam que sua abordagem merece o rótulo de


“humanística”, pois estudam os aspectos do homem que são mais distintamente
humanos: significações, valores, metas e propósitos (Entrikin, 1976).

O lugar é aquele em que o indivíduo se encontra ambientado no qual está integrado, tem
significância afetiva para uma pessoa ou grupo de pessoas.

O espaço envolve um complexo de ideias. A percepção visual, o tato, o movimento e o


pensamento se combinam para dar o sentido característico de espaço, possibilitando a
capacidade para reconhecer e estruturar a disposição dos objetos.

A integração espacial faz-se mais pela dimensão afetiva que pela métrica. Estar junto,
estar próximo, significa o relacionamento afetivo com outra pessoa ou com outro lugar.
Lugares e pessoas fisicamente distantes podem estar afetivamente muito próximos.
O estudo do espaço é a análise dos sentimentos e ideias espaciais das pessoas e grupos
de pessoas. Valoriza-se o contexto ambiental e os aspectos que redundam no encanto e
na magia dos lugares, na sua personalidade e distinção.

Geografia Ambiental

Ramo da geografia que descreve os aspectos espaciais da interação entre humanos e o


mundo natural. Requer o entendimento dos aspectos tradicionais da geografia física e
humana, assim como os modos que as sociedades conceitualizam o ambiente. Emergiu
como um ponto de ligação entre a geografia física e humana como resultado do aumento
da especialização destes dois campos de estudo.

Como a relação do homem com o ambiente tem mudado em consequência da


globalização e mudança tecnológica, uma nova aproximação é necessária para entender
esta relação dinâmica e mutável.
Conclusão

Feito o trabalho pode-se concluir que a ciência geográfica teve seu processo de
sistematização lento e tardio na visão de alguns autores, vindo a constituir-se enquanto
ciência mais especificamente no século XIX, no entanto desde a antiguidade estudos
geográficos já eram desenvolvidos, tendo se iniciado na Antiga Grécia. Os pressupostos
históricos do processo de sistematização da Geografia moderna foram se constituindo
por meio de um processo lento onde aos poucos foram se estabelecendo os
condicionantes, tanto histórico-estruturais, remetendo a um determinado grau de
desenvolvimento material das sociedades, quanto vinculados à formulação de
determinados postulados científicos e filosóficos. Assim no início do século XIX uma
série de condições já se encontravam estabelecidas para a sistematização da Geografia,
tanto no que se refere ao cabedal de informações a nível planetário, quanto ao
desenvolvimento da cartografia, também quanto ao desenvolvimento filosófico e
científico.
Referências

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Ática,
MORAES, A.C.R 2005. Geografia: pequena história crítica, 20a ed. São Paulo,
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Geomae. V.1 N. 2, p 25-56, Jun-dez,
CARVALHO, Gisélia Lima. 2002. Região: A Evolução de uma Categoria de
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CORRÊA, Roberto Lobato. 2000.Região e Organização Espacial. São Paulo:


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