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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Tema: Género literário proposto por Lukacs

Curso: Licenciatura em Ensino de Língua Portuguesa


Disciplina: Introdução aos Estudos Literários-P0182
Ano de Frequência: 1° Ano

Maputo, Junho de 2022


Universidade Católica de Moçambique
Instituto de Educação à Distância

Tema: Género literário proposto por Lukacs

Nome: Dioclésio Raimundo Bartolomeu Dias


Código do Estudante: 708216238

Curso: Licenciatura em Ensino de Língua Portuguesa


Disciplina: Introdução aos Estudos Literários-P0182
Ano de Frequência: 1° Ano
Docente: Sandra Alberto Maibeque

Maputo, Junho de 2022


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Conteúdo (expressão escrita 2.0
cuidada, coerência /
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Análise e
 Revisão bibliográfica
discussão
nacional e
internacionais 2.
relevantes na área de
estudo
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 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos gerais Formatação 1.0
paragrafo, espaçamento
entre linhas
Normas APA 6ª  Rigor e coerência das
Referências
edição em citações citações/referências 4.0
Bibliográficas
e bibliografia bibliográficas
Índice
Introdução.........................................................................................................................................1

Objectivos especificos:.....................................................................................................................1

1. Conceituação de gêneros literários............................................................................................2

2. A nova concepção dos gêneros literários..................................................................................3

3. O principio de continuidade dos gêneros literários...................................................................5

Conclusão.........................................................................................................................................7

Referencias Bibliográficas................................................................................................................8
Introdução
A literatura vem cumprindo seu papel de evolução e caminhando junto com a evolução do tempo,
as definições e reflexões, no entanto, demoram um pouco mais para acompanhar esse movimento
e, não sendo exclusividade, o estudo dos gêneros também veio se modificando desde a
antiguidade clássica até os dias de hoje. A questão dos gêneros envolve grande aporte teórico e
também fornece inúmeras possibilidades de desenvolvimentos de novos caminhos reflexivos.
Para o estudo desses caminhos o primeiro passo e compreender a disposição dos primeiros
gêneros literários, ou seja, aquele tipo de literatura que foi chamada e definida pela primeira vez
na antiguidade grega. Essa divisão tripartite das primeiras formas de literatura é que norteará as
primeiras discussões sobre a importância dos gêneros literários para a pesquisa no campo da
literatura. As mais antigas formas em que os gêneros foram classificados, e que sobrevivem até
os dias de hoje, são a lírica a épica e o drama.

Objectivos especificos:
 Identificar os conceitos introduzidos por Emil Staiger para a nova concepção dos géneros
literários;
 Compreender a evolução dos gêneros e as possibilidades teóricas;
 Compreender o princípio de continuidade dos gêneros literários propostos por Lukács.
Para a elaboração do presente trabalho, foi feito o uso da pesquisa bibliografica como
metodologia de pesquisa.

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1. Conceituação de gêneros literários
Emil Staiger, ao publicar em 1952 a sua obra Grundbegriffe der Poetik [Conceitos fundamentais
de poética], mostrou qual o caminho seguro no estudo dos géneros literários. Condenando uma
poética apriorística e anti-histórica, Staiger acentua a necessidade de a poética se apoiar
firmemente na história, na tradição formal concreta e histórica da literatura, já que a essência do
homem é a temporalidade. Retomando a tradicional tripartição de lírica, épica e drama,
reformulou-a profundamente, substituindo estas formas substantivas pelos conceitos estilísticos
de lírico, épico e dramático. Os conceitos do lírico, do épico e do dramático são termos da ciência
literária para representar possibilidades fundamentais da existência humana em geral; e existe
uma lírica, uma épica e uma dramática porque as esferas do emocional, do intuitivo e do lógico
constituem finalmente a própria essência do homem, tanto na sua unidade como na sua sucessão,
tal como aparecem reflectidas na infância, na juventude e na maturidade".
Lukács revelou sempre ao longo da sua obra um profundo interesse pelo problema dos géneros
literários. Já na sua juvenil Teoria do romance, redigida entre 1914-1915, abundam as
observações acerca dos elementos que permitem distinguir a narrativa e a lírica, a narrativa e o
drama, o romance e a epopeia.
Estas reflexões juvenis, inspiradas na estética hegeliana, ganharam corpo e densidade na obra
intitulada O romance histórico, onde se encontra uma pormenorizada diferenciação entre o
romance e o drama.
Fundamentalmente, a diferenciação repousa no facto de o romance e o drama corresponderem a
visões diferentes da realidade, o que implica necessariamente diversidade de conteúdo e de
forma. Por outro lado, impõe-se tomar em conta factores de ordem sociológica ou sociocultural: a
natureza do público a que se destina o romance e o drama, bem como a estrutura da sociedade em
que os géneros literários são criados e/ou cultivados.

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2. A nova concepção dos gêneros literários
O princípio defendido por Staiger (apud os gêneros literários, 2014, p66) é o de que “qualquer
obra poética participa de todos os gêneros”. Para o teórico, cada gênero literário possui certas
características que o determinam, certos fenômenos de estilo, ou ainda, uma essência que o torna
peculiar e único. Cada texto possui traços, ou fenômenos estilísticos, predominantemente de um
dos gêneros, o que o fará ser classificado em um deles. No entanto, confirmando o que já dizia
Victor Hugo, no início dos anos 1800, Staiger mostra que esses traços predominantes não
impedem que a obra partilhe da essência, ou das características dos outros gêneros. Retomando a
tradicional tripartição de lírica, épica e drama, Staiger substitui as formas substantivas pelos
adjetivos e pelos conceitos estilísticos lírico, épico e dramático, e divide seu livro, basicamente,
em três partes: o estilo lírico, o estilo épico e o estilo dramático. Vejamos o que caracteriza cada
um deles.

O estilo lírico é definido logo como a recordação:

O poeta lírico nem torna presente algo passado, nem também o eu acontece agora. Ambos estão
igualmente próximos dele; mais próximos que qualquer presente. Ele se dilui aí, quer dizer ele
‘recorda’. ‘Recordar’ deve ser o termo para a falta de distância entre sujeito e objeto, para o
um-no-outro lírico. Fatos presentes, passados e até futuros podem ser recordados na criação
lírica (STAIGER, apud os gêneros literários, 2014, p67).

A recordação não é a memória, mas indica o passado como objeto de narração. Recordação
indica que a poesia lírica, apesar de escrita na maioria das vezes no presente, é atemporal, e
caracteriza-se pelo que Staiger chama de o um-no-outro, ou seja, objeto e autor se confundem. A
afetividade, a emotividade, a poesia de solidão, o não distanciamento, o íntimo, o sentimento e,
por conseguinte, a fusão entre ‘eu’ e ‘mundo’, são características da lírica. De acordo com
Staiger, as palavras da poesia lírica procuram traduzir a verdadeira essência dessa última. “Uma
poesia lírica ao contrário, justamente porque se trata de um poema, não pode ser exclusivamente
lírica. Participa em diversos graus e modos de todos os gêneros, e apenas a primazia do lírico nos
autoriza chamar os versos de líricos” (STAIGER, apud os gêneros literários, 2014, p67).
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Musicalidade, rima, ritmo e melodia dão o tom da poesia lírica. “Nem somente a música das
palavras, nem somente sua significação perfazem o milagre da lírica, mas sim ambos unidos em
um” (STAIGER, apud os gêneros literários, 2014, p67). O autor também classifica a falta de
lógica e a curta extensão do texto como características desse gênero, e destaca a preferência por
orações coordenadas, visto que o uso excessivo de conjunções quebraria a fluidez lírica e a
tornaria demasiadamente racional. A coordenação mostra melhor adequação ao clima de lirismo.
Para Emil Staiger, o épico, por sua vez, tem como principal traço a apresentação. Isso porque o
escritor épico é, de fato, um narrador, um apresentador que mostra, que aponta tudo sem alterar
seu ânimo, sem se envolver. Como é constante, distancia-se de seu objeto. A obra épica
caracteriza-se pelo distanciamento entre o ‘eu’ e o mundo, diferentemente da lírica. Há um
defrontar. Normalmente possui uma longa extensão, “raramente escolhe o caminho mais rápido.
Não lhe aborrece absolutamente fazer divagações ou até voltar atrás e recuperar isso ou aquilo”
(STAIGER, apud os gêneros literários, 2014, p68). Um dos principais traços da poesia épica é a
“autonomia das partes”, opondo-a à lírica, que possui toda sua estrutura intimamente ligada. Isso
não implica dizer que não há coesão na obra épica, pelo contrário. Mas, pelo desenrolar da trama,
que ocorre de maneira progressiva, os episódios acabam se desenvolvendo de maneira autônoma.
Daí Staiger dizer que a adição é traço importante da épica, pois os episódios vão se adicionando
uns aos outros. Certamente, esses são traços de um tipo de texto que era comum há muitos anos:
a epopeia. Hoje, tem-se o que se pode considerar, grosso modo, como se fossem uma evolução
desse tipo de escrita, os textos em prosa, como os romances e contos. Pode-se dizer, assim, que
várias características do épico se mantêm nos gêneros em prosa:

A situação não se alterou na evolução da epopeia para o romance ou o conto, em que o autor
narra um acontecimento ou entrelaçamento de ocorrências destinadas não a um auditório e sim
aos leitores. O relato, na epopeia ou no romance, pressupõe invariavelmente a situação de
confronto, propiciada pelo distanciamento, inexistente na atmosfera lírica, em que tudo se
dissolve na transitoriedade das coisas e nas mutações do estado interior do eu, que nada observa
nem fixa com nitidez (CUNHA, apud os gêneros literários, 2014, p68).

O último estilo descrito por Emil Staiger é o dramático, o qual é caracterizado pela tensão. Isso
porque, nesse gênero, a atenção deve ser voltada para um elemento: o desfecho. A ação é rápida,
concentrada, sem delongas. Ações menores não são importantes, logo, não são desperdiçadas nos
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escritos. A ação é instigada e tudo leva ao final. Tudo é concatenado, os personagens, a ação,
cada elemento depende um do outro, estão ligados e não são autônomos, diferente do épico.
Aqui, não há autonomia das partes, mas sim, a unidade, a coesão. Outra característica marcante
do drama é a ausência de narrador. Tudo se desenvolve sem a presença deste último. Para tanto,
há um elemento fundamental, para que as personagens desenvolvam sua ação: o diálogo (ou
monólogo).

3. O principio de continuidade dos gêneros literários


O princípio da continuidade se manifesta nas obras e em sua recepção de um modo apenas
indireto, e, geralmente, muito indireto. Qualquer que seja o objeto de uma vivência estética –
Homero ou Moll Flandres de Defoe, a Nossa Senhora de Castel Franco de Giorgione, uma
paisagem de Van Gogh, etc. –, o acento da vivência recai na recepção sem resto e a assimilação
do concretamente expresso pela obra concreto – e somente nela –, sobre o quê e o como dos
elementos da realidade objetiva refletidos nela com particularidade irrepetível. Aparentemente,
pois, o momento da continuidade desapareceu totalmente da estrutura imediata e do efeito
adequado da obra. Mas isso é somente uma aparência da timidez fixada como tal. O simples fato
de tal vivência não possa em absoluto se realizar sem o momento de mostra causa agitur. E com
isso está posto ao mesmo tempo o momento da continuidade da evolução da humanidade,
independentemente de que o criador ou o receptor se apercebam disso. Esta existência da
continuidade é ao mesmo tempo mais intensa e mais inextirpável que a presente continuidade do
histórico, mesmo sem dúvida mais oculta e menos imediatamente evidente do que esta. É em si
possível separar metodologicamente da evolução global um determinado fragmento histórico e
considerá-lo por si mesmo. Sem dúvida pode originar esse procedimento numerosos erros, mas
muitas vezes é inevitável, se é que há de investigar com exatidão determinados detalhes.

Por outro lado, na relação originariamente estética com a realidade e de sua mediação evocadora
pela imediação das obras de arte, essa relação à continuidade do processo histórico está sempre
dada objetivamente, mesmo sem ter de ser sempre consciente. Sua passagem à consciência – se é
que o fenômeno há de continuar sendo estético – não pode saltar o momento da espontaneidade
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do nostra causa agitur; a continuidade está vinculada precisamente à profundidade dessa
assimilação imediata. Em uma impressão superficial – na qual a distância espacial, de tempo e
social costuma tomar o caráter do exótico – pode se produzir uma simples atitude, tematicamente
correta, de recepção isolada de notícias; neste compartilhamento a continuidade está contida
apenas em si, não para nós, e ainda menos, naturalmente, como um para-si. Neste ponto se
manifesta com especial clareza a oposição, já destacada, entre “consciência sobre...” e
“autoconsciência de...”; no exótico nos confrontamos com uma realidade em relação à qual,
apesar de todo interesse e talvez saber, com a consciência de outro insuperável, não temos relação
humana interna, enquanto que a autoconsciência, mesmo que careça de saber temático à respeito
se baseia precisamente nessa relação interna. Esta não implica qualquer identificação, pois a
diversidade do objetivo vivenciado enquanto ao conteúdo, estrutura, etc., em relação ao sujeito da
vivência é um dos pressupostos das relações que levantam a autoconsciência. Mas apesar disso,
ou talvez por sua causa, se atinge do modo mais profundo o centro da especialidade humana,
como algo que pertence de alguma maneira ao próprio passado ou que está aparentado de algum
modo com o assunto desse passado. Em certas condições, o que parece simplesmente exótico
pode se converter em elemento de autoconsciência e reciprocamente. A possibilidade de tais
mutações dependerá, sobretudo da altura artística da elaboração, mas desde já, a evolução
histórica objetiva e a difusão e aprofundamento da cultura, etc., que dependem dela,
desempenham nisso um papel importante. O primeiro e principal ponto de vista volta a mostrar o
lugar central que ocupa a essência do estético o momento de humanidade.

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Conclusão
O fato é que os gêneros e suas características especificados por Staiger não estão isolados, mas
dialogam, segundo ele, nas obras literárias. A predominância de certas características é que
fariam um texto ser classificado de acordo com seus gêneros, nunca sendo abolidos, no entanto,
traços dos demais.

Georg Lukács busca traçar uma análise histórico-filosófica daquilo que constitui a ideia de
romance na literatura. Com uma clara preocupação em estabelecer bases conceituais que
delimitem a poética dos gêneros e as formas que constituem o literário, o autor realiza uma
profunda imersão nas bases teóricas que fundamentam a doutrina das formas na literatura,
ultrapassando em muito a visão no âmbito desse campo teórico, uma vez que as perspectivas
histórica e filosófica se fazem amplamente presentes na abordagem. A obra é, portanto, a busca
por uma dialética universal dos gêneros literários, o que é feito com um aporte histórico que
transita nas questões das estéticas e das formas literárias.

Adialética da continuidade e da pontualidade atua em todo campo da estética. Os diversos


gêneros são muito mais independentes uns dos outros que as diferentes ciências entre si no
reflexo desantropomorfizador da realidade, e constituem campos muito mais fechados que neste
outro setor. Tampouco é o caso, certamente, de levar esta diferença a uma errônea rigidez
metafísica. Pois, por um lado, é também um fato indiscutível a relativa independência de seu
substrato material; a diferença das ciências se baseia pois na diferença da realidade objetiva. Mas
esta diferença é necessariamente relativa. Do mesmo modo que as diferenças das coisas subjazem
à diferença metodológica entre as diversas ciências, assim também as diversas inter-relações e
interações entre elas estabelecem novos vínculos.

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Referencias Bibliográficas
 UCM-CED, Introdução aos estudos Literários, P0182, Beira, 2015
 Aguiar, M.A, e Silva. Teoria da literatura. (8ª Ed). Coimbra: Almedina.1998
 O romance histórico. São Paulo: Boitempo, 2011. MARX, K. Manuscritos econômico-
filosóficos. São Paulo: Boitempo, 2004.
 MOISÉS, Massaud. Dicionário de Termos Literários. São Paulo: Cultrix, 2004
 STAIGER, Emil. Conceitos Fundamentais da Poética. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro,
1997.

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