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UNIVERSIDADE CATOLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITITUTO DE ENSINO Á DISTÂNCIA

MODALIDADEON-LINE

Sintaxe do português

Discente: Augusto Henrique Chongola

Código:708207945.

Trabalho de campo de LDPII,a ser


apresentado como um requisito de
carácter avaliativo, orientado por
docente; drª. Iodete Elisa de Almeida
Simão

Curso:Licenciatura em Ensino de Português.

Disciplina: LDPII

Ano de frequência: 3ºano

Quelimane, Maio de 2022

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FOLHA DE FEEDBACK DO TUTOR
Classificação
Categorias Indicadores Padrões Pontuação Nota Subtotal
máxima do
tutor
• Capa 0.5
• Índice 0.5
Estrutura Aspectos • Introdução 0.5
organizacionais • Discussão 0.5
• Conclusão 0.5
• Bibliografia 0.5
• Contextualização 1.0
(Indicação clara do
problema)
Introdução • Descrição dos 2.0
objectivos
• Metodologia 2.0
Conteúdo adequada ao objecto
do trabalho
• Articulação e 2.0
domínio do discurso
académico
(expressão, escrita
cuidada,
Análise e coerência/coesão
discussão textual)
• Revisão bibliográfica 2.0
nacional e
internacional
relevante na área de
estudo
• Exploração dos 2.0
dados
• Contributos teóricos 2.0
Conclusão práticos
• Paginação, tipo e 1.0
tamanho de letra,
Aspectos Formatação paragrafa,
gerais espaçamento em
linhas

2
Normas APA • Rigor e coerência das 4.0
Referencias 6ª em edição citações/referências
Bibliográficas em citações e bibliográfica
Bibliografia

Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor

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Índice pág.

1.0. Introdução………………………………..………………………..……….........................5

1.1.1. Objectivos………………………………..………………………………........................6

1.1.2. Geral………………………………..………………………………................................6

1.1.3. Específicos………………………………..………………………………......................6

1.2. Metodologia………………………………..……………………………….......................6

2.0.Relação entre língua e sociedade………..……………………………….............................7

2.1.Conceito de língua………..………………………………...................................................7

2.2.Conceito de sociedade………..……………………………….............................................7

2.3. Língua e sociedade………..……………………………….................................................8

2.4. Relação língua e sociedade com a variação da língua………..…………………………

3.0. As variações da língua………..………………………………........................................

3.1. Tipos de variações linguísticas………..……………………………….......................

3.2.Dialeto e Sotaque………..……………………………….......................................................

3.3. Discriminação pela linguagem: o preconceito linguístico………..………………………..

3.4. A gíria………..……………………………….....................................................................

3.5. O Eufemismo………..………………………………..........................................................

4.0. Considerações finais………..………………………………..........................................

5.0.Referências bibliográficas………..………………………………...................................

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1.0.Introdução

Os estudos sistemáticos que tratam da relação entre linguagem e sociedade começam a


se solidificar ao longo de 1960, quando a sociolinguística emerge como um campo de saber
interdisciplinar, com suas bases fortemente ancoradas na linguística, na antropologia e na
sociologia.

Hoje em dia a relação entre língua e sociedade é aceita por muitos pesquisadores que se
dedicam ao estudo da língua e, apesar de algumas teorias da linguagem apresentarem
interpretações diversas dos fenômenos linguísticos, aproximando-os ou distanciando-os de seu
papel na vida social, os estudos sociolinguísticos comprovam ser inegável a relação entre língua
e sociedade, sendo, portanto, imprescindível o entendimento desse vínculo quando se discute o
fenômeno linguístico.

Para a Sociolinguística, toda língua falada apresenta variações decorrentes da


heterogeneidade presente nos fenômenos linguísticos, as quais são identificadas e analisadas
por meio de pesquisas de campo, em que o sociolinguista registra, descreve e analisa
sistematicamente diferentes falares, relacionando essas variações com fatores sociais, numa
tentativa de identificar qual fator ou grupo de fatores é o responsável por determinada variação.

O presente trabalho fundamenta-se no pensamento de alguns cientistas Foucault, Labov


e Boudieu e objectiva relacionar língua e sociedade, mostrando que a sociedade humana não se
constitui sem a linguagem, da mesma forma que a língua não se realiza fora das relações sociais.

A relação entre língua e sociedade apresenta influência mútua, pois através da


linguagem se participa das relações sociais de poder e as mudanças na estrutura social são
decorrentes da dinâmica dessas relações.

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1.1.1.Objectivos

1.1.2. Geral

• Conhecer a relação existente entre língua e sociedade

1.1.3.Específicos

• Relacionar língua e sociedade com a variação da língua;


• Identificar tipos de variações linguísticas

1.2. Metodologia

Para a elaboração do presente trabalho usou-se a metodologia de pesquisa bibliográfica, que


segundo Lakatos e Marconi (2009:192) pesquisa bibliográfica é um apontamento geral sobre
os principais trabalhos já realizados, revistados de Importância por serem capazes de fornecer
dados actuais e relevantes relacionados com o tema. Portanto, este método constitui na escolha
selectiva dos autores que abordaram os temas em estudo.

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2.0.Relação entre língua e sociedade

2.1.Conceito de língua

A língua é um instrumento de comunicação, sendo composta por regras gramaticais que


possibilitam que determinado grupo de falantes consiga produzir enunciados que lhes permitam
comunicar-se e compreender-se, ou seja, a língua é a identidade de um povo, ela identifica uma
pessoa assim como os moradores daquela região. Ela faz parte da cultura social do ser humano,
é o maior meio de comunicação que temos para poder falar e se expressar com outras pessoas.

A língua, concebida por Saussure como sistema de signos e como organização


gramatical vinculada à faculdade da linguagem, favorece a compreensão que se tem de um
mundo tecido pela própria linguagem.

Segundo Noam Chomsky ,a língua é um sistema de princípios radicados na mente


humana, diferentemente da teoria de Saussure que considera a língua um objeto
fundamentalmente social. Noam Chomsky relaciona, ainda, a aquisição da língua a termos
conhecidos como: competência e desempenho.

2.2.Conceito de sociedade

Uma sociedade é uma estrutura ampla, na qual os sujeitos estabelecem relações, quase
sempre, impessoais, mas que possuem um aspecto de coletividade ou seja,um conjunto de
indivíduos que partilham uma cultura com as suas maneiras de estar na vida e os seus fins, e
que interagem entre si para formar uma comunidade.

Etimologicamente, a palavra sociedade é originária de dois termos


latinos: socius e societa. O primeiro é traduzido como “parceiro” ou “companheiro”; o segundo,
por sua vez, significa “associação entre comuns”. Ambas as ideias estão expressas no conceito
de sociedade, tanto em sua utilização mais formal e academicista, quanto no uso trivial em que
a palavra é empregada.

Max Weber (1864 – 1920), que é tido como um dos fundadores da sociologia, foi um
dos principais responsáveis pela estruturação do conceito de sociedade. Para ele, a ideia de
sociedade estava diretamente ligada às relações que eram estabelecidas entre os sujeitos. Logo,
as ações individuais possuíam primazia para a construção do agrupamento social.

2.3. Língua e sociedade

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A língua não existe fora da sociedade, igualmente, a sociedade não existe sem ela. Em
outras palavras, se não existissem pessoas agrupadas para se comunicar e se, através de
processos históricos, culturais e sociais, essas pessoas não tivessem desenvolvido formas de
comunicação em comum, como existiria a língua?

Ou, inversamente, se não houvessem maneiras de se comunicar, como seria possível


haver coesão e entendimento entre os sujeitos para existir uma sociedade? Com isso, evidencia-
se a interdependência entre a linguagem e a sociedade.

Linguagem e sociedade estão ligadas entre si de modo inquestionável. Podemos até


dizer que o ser humano é constituído dessa ligação. A língua de um povo está intimamente
ligada à história desse povo. Para além disso é preciso observar que, somente se sabe de onde
é um homem, após ele ter falado. A sua língua o distingue dos outros falantes.

Nos moldes labovianos, através da linguagem é possível tirar "um retrato" da realidade
social. Em outras palavras, o indivíduo se identifica ao falar ("função de identificação", cf.
Labov 1978). Desse modo, o determinismo soda/preconizado por Weinreich, Labov e Herzog
(1968) estaria mantido. Mas isso deve ser visto com reservas diante de indagações como: até
que ponto se pode dizer que o uso de certa estrutura linguística define o grupo ao qual a pessoa
"genuinamente" pertenceria?

Cada região tem a sua língua, cada comunidade expõe de forma própria essa língua e
cada falante tem o seu jeito particular de realizar essa mesma língua. Será que estamos falando
de uma única língua ou existem várias Línguas dentro de uma mesma língua? É um caso para
se pensar e questionar.

Na verdade, politicamente falando, toda a região tem a sua língua oficial, aquela que é
aprendida por todos e em que se redigem os documentos e textos dessa região. No entanto, uma
região possui várias comunidades linguísticas com Línguas distintas. Não estamos falando aqui
em variantes linguísticas, mas em línguas distintas. Por exemplo, aqui em Moçambique têm
apenas uma língua oficial, o português, porem, temos outras línguas que são faladas aqui em
comunidades diversas: Ndau, Sena, Ronga etc.

2.4. Relação língua e sociedade com a variação da língua

A relação entre língua e sociedade apresenta influência mútua, pois através da


linguagem se participa das relações sociais de poder e as mudanças na estrutura social são
decorrentes da dinâmica dessas relações. A língua não é um corpo autônomo capaz de

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determinar as relações sociais, como também não é determinada pela estrutura social, mas há
uma relação de influências entre elas, por isso que pela análise linguística pode-se compreender
elementos importantes da estrutura social, como também pela análise das relações sociais pode-
se compreender muito dos processos linguísticos. Assim, não se pode negar a relação de
influências mútuas entre língua e sociedade.

A variação linguística é um fenômeno próprio da línguas , inerente a elas . Por isso, não é
possível dizermos que uma forma variante seja mais ou menos correta que outra.

Segundo Tarallo (1986, p. 08): "variantes linguísticas são diversas maneiras de


se dizer a mesma coisa em um mesmo contexto e com o mesmo valor de verdade.
A um conjunto de variantes dá-se o nome de variável linguística".

As formas variantes são sempre formas possíveis de usos linguísticos, mas precisamos não
perder de vista que a variação linguística gera , sempre, alguma forma de avaliação social,
porque a língua e sociedade são elementos inter-relacionados.

Para Labov (1972), os indivíduos variam seu modo de falar conforme a situação em que
se encontram", considerando a relação entre diferentes estilos (informal, cuidado, de leitura,
etc) e diferentes usos linguísticos, no que diz respeito especialmente à atenção e ao
monitoramento por exemplo, o uso do [r] pelos diferentes grupos sociais mostra também a
relação entre fatores estilísticos (fala cuidada ou não) e a pronúncia ou não da vibrante. Nesse
caso, teríamos o que Labov (1978) chama de "função de acomodação".

Ao observarmos, com mais cuidado a língua falada, perceberemos que ela se apresenta
como um universo aparentemente caótico. Principalmente no contexto da realidade
Moçambicana, reino de diversidades, a impressão é de que não há sistematicidade alguma nesse
meio de tantas variedades de fala. Tal fenómeno deve-se ao facto de que duas ou mais maneiras
de se dizer a mesma coisa (denominadas variantes Linguísticas) coexistem, e são realizadas no
mesmo período de tempo pelos membros de uma comunidade.

No entanto, essa heterogeneidade, diversificação e o uso de uma ou outra variante


podem ser analisados e sistematizados, dando entendimento de como funciona e como muda a
Língua a partir da diversidade.

Posteriormente, Labov (2003) amplia sua noção de variação estilística, postulando que
as variações lingüísticas no indivídug de acordo com o contexto, são determinadas por três
aspectos:

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• As relações entre os interlocutores, particularmente as relações de poder e solidariedade
entre eles;
• o contexto social mais amplo - escola, trabalho, vizinhança;e (iii) o tópico" (p234).

3.0. As variações da língua

Dialeto é uma linguagem própria de determinadas comunidades e que existe


simultaneamente à outra língua. O dialeto tem suas próprias marcas linguísticas, estrutura
semântica, léxico e características fonológicas, morfológicas e sintáticas. É normalmente
restrito a uma comunidade regional.

É uma variante linguística, que tem origem em uma outra língua. Não necessariamente
é originada na língua oficial do território em que se fala o dialeto. Por vezes, na comunidade,
fala-se apenas o dialeto local, sem o uso da língua oficial do país

3.1. Tipos de variações linguísticas

As variações linguísticas diferenciam-se em quatros grupos: sociais (diastráticas),


regionais (diatópicas), históricas (diacrônicas) e estilísticas (diafásicas).

Variedades regionais, geográficas ou diatópicas

São as variedades linguísticas que sofrem forte influência do espaço geográfico ocupado
pelo falante. Em um país com dimensões continentais como o Brasil, elas são extremamente
ricas (tanto em número quanto em peculiaridades linguísticas).

Essas variantes são percebidas por dois fatores:

• Sotaque: fenômeno fonético (fonológico) em que pessoas de uma determinada região


pronunciam certas palavras ou fonemas de forma particular. São exemplos a forma
como os goianos pronunciam o R ou os cariocas pronunciam o S.
• Regionalismo: fenômeno ligado ao léxico (vocabulário) que consiste na existência de
palavras ou expressões típicas de determinada região.

A sociolinguistica defende que existem outros fatores além dos regionais que determinam um
dialeto. E que existem os chamados dialetos etários (com as diferenças marcadas entre as
formas de expressão de geração para geração) e dialetos sociais (entre diferentes grupos
sociais).

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3.2.Dialeto e Sotaque
Dialeto e sotaque não são a mesma coisa. O dialeto caracteriza-se pela estrutura de
linguagem própria de um grupo, sejam as palavras diferentes, a forma de construir as frases, e
etc. O sotaque é a pronúncia, a forma como se fala. É marcado pelo ritmo com que as palavras
são expressadas verbalmente, os diferentes sons na fala.

Existem dialectos que evidenciam o nível social ao qual pertence um indivíduo. Os dialectos
mais prestigiados são das classes mais elevadas e o da elite é tomado não mais como dialecto e
sim como a própria “língua”.

A discriminação do dialecto das classes populares é geralmente baseada no conceito de


que essa classe por não dominar a norma padrão de prestígio e usar seus próprios métodos para
a realização da linguagem, “corrompem” a língua com esses “erros”. No entanto, as
transformações que vão acontecendo na língua se devem também à elite que absorve alguns
termos de dialectos de classes mais baixas, provocando uma mudança linguística, e aí o “erro”
já não é mais erro... e nesse caso não se diz que a elite “corrompe” a língua

Variedades sociais ou diastráticas

São as variedades linguísticas que não dependem da região em que o falante vive, mas
sim dos grupos sociais em que ele se insere, ou seja, das pessoas com quem ele convive. São
as variedades típicas de grandes centros urbanos, já que as pessoas dividem-se em grupos em
razão de interesses comuns, como profissão, classe social, nível de escolaridade, esporte,
tribos urbanas, idade, gênero, sexualidade, religião etc.

Há dois fatores que contribuem para a identificação das variedades sociais:

• Gírias: palavras ou expressões informais, efêmeras e normalmente ligadas ao público


jovem.
• Jargão (termo técnico): palavras ou expressões típicas de determinados ambientes
profissionais.

A camada mais jovem da população usa um dialecto que se contrasta muito com o usado pelas
pessoas mais idosas. Os jovens absorvem novidades e adoptam a linguagem informal, enquanto
os idosos tendem a ser mais “conservadores”. Essa falta de conservadorismo característica no
dialecto dos jovens costuma trazer mudanças na língua.

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Algumas gírias usadas por jovens da década de setenta no entanto não entraram na
língua e são hoje em dia raramente usadas como “pisante” para sapato ou “cremilda” para
dentadura. A palavra “legal” entretanto, foi aceita e hoje é usada amplamente na linguagem
informal, abrangendo todas as faixas etárias.

Variedades históricas ou diacrônicas

São as variedades linguísticas comumente usadas no passado, mas que caíram em


desuso. São percebidas por meio dos arcaísmos – palavras ou expressões que caíram em
desuso no decorrer do tempo. Essas variedades são normalmente encontradas em textos
literários, músicas ou documentos antigos.

3.3. Discriminação pela linguagem: o preconceito linguístico

A diferença de posições no tabuleiro social e a hierarquização dos grupos que compõem


uma sociedade permitem que as variedades linguísticas destaquem a posição social de seus
falantes, consideradas superiores ou inferiores, e proporcionem o surgimento de atitudes e
comportamentos preconceituosos em relação a variedades da língua que fogem à regra padrão.
Segundo Bagno (2004),

[…] [o] preconceito linguístico se baseia na crença de que só existe, uma única
língua portuguesa digna de ser aceita, ensinada nas escolas, explicada nas
gramáticas normativas e catalogadas nos dicionários e qualquer manifestação
linguística que escape desse triângulo escola-gramática-dicionário é
considerada, sob a ótica do preconceito linguístico, errada, feia, estropiada,
rudimentar, deficiente (BAGNO, 2004, p. 38).

Monteiro aponta o fato de que “um dos preconceitos mais fortes numa sociedade de
classes é o que se instaura nos usos da linguagem” (MONTEIRO, 2000, p. 65), e reforça que
uma variação linguística pressupõe valor social, ou seja, variantes empregadas por falantes de
estratos mais baixos da população em grande parte são estigmatizadas; todavia, à proporção
que essas variantes passam a ser usadas por outros grupos, o estigma vai diminuindo até deixar
de existir completamente, se aceita pela classe dominante.

3.4. A gíria

O dicionário Michaellis (1998:1034) trata a gíria como uma linguagem especial de um


grupo pertencente a uma classe ou a uma profissão, ou como uma linguagem de grupos
marginalizados.

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Na mesma perspectiva, o dicionário Aurélio (1999:989) complementa a definição acima
com a expressão “linguagem de malfeitores, malandros etc”, usada para não ser entendidos
pelas outras pessoas e fala ainda em “calão” e “geringonça”, que segundo o próprio Aurélio é
“coisa malfeita e de duração ou estrutura precária.

É definido como fenômeno linguístico e compreende:

Gíria de grupo – É restrita às pessoas do grupo, pois só elas são capazes de decifrar o que está
sendo dito; código entre seus membros; meio de identificação própria, peculiar; expressão de
sentimentos de restrição relativos à sociedade; representa uma escolha social.

Gíria comum – É aquela que tomou proporções maiores e atingiu a população; ocasiona
vínculo com os demais, a fim de se formar uma identidade nacional; rompe com a formalidade;
expressão de sentimentos de frustração, felicidade, concordância e discordância.
alguns exemplos de gírias comuns são:
• Abrir jogo----contar a verdade
• Baixar a bola” – acalmar
• bater boca” – brigar, discutir
• bater na mesma tecla” – insistir
• com a faca e o queijo na mão” – com tudo para resolver um problema
• dar com a língua nos dentes” – fofocar, contar um segredo
• fazer vista grossa” – fingir que não viu algo importante, negligenciar
• Mudar da água para o vinho” – mudar radicalmente para melhor.
3.5. O Eufemismo

O eufemismo é a figura de linguagem usada para tornar um enunciado mais brando


ou agradável e menos agressivo. É bastante utilizado em contextos que exigem moderação
ou para falar de conteúdos fortes e polêmicos por meio de termos mais suaves e menos
provocantes. Esse recurso estilístico é constantemente associado à polidez.

Eufemismo, segundo o dicionário Aurélio (1999), é uma figura de estilo que emprega
termos mais agradáveis para suavizar uma expressão. É uma forma de tornar mais amena, mais
bonita, ou mais importante, coisas que não o são.

Existem alguns eufemismos que ficaram famosos, dentre eles o de Mário Quintana ao dizer
"verdades que esqueceram de acontecer" em lugar de mentira, ou o de Alvarez de Azevedo
quando disse "era uma estrela divina que ao firmamento voou!" em lugar de morreu.

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4.0. Considerações finais

Durante a realização deste trabalho, chega-e a compreender que a sociedade humana não se
constitui sem a linguagem, da mesma forma que a língua não se realiza fora das relações sociais.
A relação entre língua e sociedade apresenta influências mútua, pois através da linguagem se
participa das relações sociais de poder e as mudanças na estrutura social são decorrentes da
dinâmica dessas relações.

A língua não é um corpo autônomo capaz de determinar as relações sociais, como também não
é determinada pela estrutura social, mas há uma relação de influências entre elas, por isso que
pela análise linguística pode-se compreender elementos importantes da estrutura social, como
também pela análise das relações sociais pode-se compreender muito dos processos
linguísticos. A língua não está deslocada de um contexto sociocultural, sua signifi cação é
decorrente de seu contexto de produção, sua força simbólica se potencializa a partir da força do
grupo social que a produz.

Concluindo, tento responder, em termos amplos que, língua, assim como a sociedade, não é um
corpo estático, há transformações significativas no decorrer do processo histórico, a mudança
linguística não ocorre isolada do movimento de classe, muito embora ela não seja determinada
por ele, há uma relação entre a mudança linguística e o movimento de classe, em que este só se
completa quando ocorre a mudança linguística e, ao mesmo tempo, ela é um reflexo do
movimento de classe. Assim, não se pode negar a relação de influências mútuas entre língua e
sociedade.

A variação linguística pode ser verificada em todas as sociedades, até mesmo em comunidades
primitivas, e conforme as sociedades vão se tornando mais complexas, seus integrantes
assumem mais papéis sociais, possibilitando que ocorram mais fenômenos de variação
linguística (LÓPEZ MORALES, 1993, p. 111).

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5.0.Referências bibliográficas

BENVENISTE, Émile. L'expression du serment dans la Grèce ancienne. Revue de


L'histoire Des Religions, v. 134, n. 1, p.81-94, jan. 1947. Disponível em:
http://www.persee.fr/doc/rhr_0035-1423_1947_num_134_1_5601. Acesso em: 01 dez. 2016

BOURDIEU, Pierre. Langage et Pouvoir symbolique. Éditions Fayard, 2001.

FIGUEROA, Ester. Sociolinguisticniet themy.. Language & Communication Library,


Vol 14. Oxford: Pergamon, 1994.

GUY, Gregory. As comunidades de fala: fronteiras internas e externas. Abralin, 2001.


(http://sw.npd.ufc.briabralinianais_con2int_conf02.pde

HYMES, Dell. Models of the Interaction of Language and Social Life. In PAULSTON
C. B. & TUCKER G. R. (eds.) Sociolinguistics the essencial readings. Oxford: Blackwell Publ.,
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LABOV, William. Sociolinguistic Patterns. Philadelphia: Philadelphia University


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Papas inSociolinguistics44,1978.. Principies ofLinguistic Change: Internai Factor% Oxford:
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TUCKER, G. R. (eds.) Sociolinguistics: the essencial readings. Oxford:Blackwell Publ., 2003.

LABOV, William.Padrões sociolinguísticos. Tradução de Marcos Bagno,

SAUSSURE, Ferdinand de. As palavras sob as palavras. Tradução de Carlos Vogt. São Paulo:
Abril Cultural, 1978. (Os pensadores).

SAUSSURE, F. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix, 1975.

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