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V Grupo
Armando Afonso Manuel
Bildo Paulino Majenge
Francisco Eugénio Cossa
Hortência José Cumbe
Josefina da Graça Jaime
Julião José Macaho
Nicolau Filimão Chiziane
Rosa da Gloria Francisco
Saquina Abílio Júlio

Blocos económicos regionais de África (SADC; COMESA e CEDEAO)

Licenciatura em Ensino de História

Universidade Save
Massinga
2020
2

V Grupo
Armando Afonso Manuel
Bildo Paulino Majenge
Francisco Eugénio Cossa
Hortência José Cumbe
Josefina da Gracaa Jaime
Julião José Macaho
Nicolau Filimão Chiziane
Rosa da Gloria Francisco
Saquina Abílio Júlio

Licenciatura em Ensino de História

Trabalho de investigação Científica a ser


apresentado na Faculdade de Ciências
Sociais e Filosóficas, para efeitos de
avaliação.
Mrs. Inordine Muchanga

Universidade Save
Massinga
2020
3

Índice
0.Introdução.................................................................................................................................4
0.1.Objectivos..............................................................................................................................4
0.1.1.Geral....................................................................................................................................4
0.1.2.Específicos:.........................................................................................................................4
0.3.Metodologia...........................................................................................................................4
CAPÍTULO I: CONTEXTUALIZAÇÃO....................................................................................5
1.1.Contextualização....................................................................................................................5
CAPÍTULO II: ECONÓMICA REGIONAL DA ÁFRICA AUSTRAL E ORIENTAL (SADCC)
.....................................................................................................................................................6
2.1.Conferência de Coordenação para o Desenvolvimento da África Austral (SADCC).............6
2.2.Objectivos económicos políticos e militares da SADCC........................................................9
2.2.1.Económicos.........................................................................................................................9
2.5.Acções adoptadas para a consecução dos objectivos............................................................11
2.6.Principais desafios para a SADC..........................................................................................11
3.1.Génese da COMESA............................................................................................................13
3.2.1.Convergência e divergências entre a SADC e COMESA..................................................13
3.2.3.objectivos da COMESA....................................................................................................13
CAPÍTULO IV: COMUNIDADE ECONÓMICA DOS ESTADOS DA ÁFRICA OCIDENTAL
(CEDEAO).................................................................................................................................15
4.1.Génese e desenvolvimento das organizações de integração regional em África...................15
4.2.1.Económicos.......................................................................................................................15
4.2.2.Meios estratégicos para a consecução dos objectivos........................................................16
4.2.3.Objectivos políticos e militares.........................................................................................16
4.4.Obstáculos e Êxitos da organização.....................................................................................17
5.Conclusão................................................................................................................................18
6.Bibliografia.............................................................................................................................19
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0.Introdução
O trabalho surgi no âmbito da cadeira de História de África do século XX –XXI,
tem como tema os blocos regionais da África. A história contemporânea tem sido
caracterizada pela formação de blocos de países com estratégia de autodefesa e de
desenvolvimento sociopolítico e económico regional. Neste caso, na África, essa mesma
tendência pode ser identificada na criação da Comunidade para o Desenvolvimento da
África Austral SADC, CDAO, ECOWAS, COMESA que cooperam com outras
instituições a nível nacional, internacional e até mundial.

Frente a este caos, a OUA viu-se sem uma liderança forte e viu crescer uma ala
que defendia um potencial de unificação diferente, indo mais no sentido de uma
Integração Económica. Durante os anos 1980, foram tomadas políticas deliberadas para
se promover a integração regional. Foram estabelecidas organizações de cooperação
regional.

0.1.Objectivos

0.1.1.Geral
 Compreender os blocos regionais da África.

0.1.2.Específicos:
 Contextualizar os blocos regionais da África;
 Análise do papel Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental
(CEDEAO);
 Explicar o papel desempenhado pela (SADCC);
 Indicar o papel Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental
(COMESA).

0.3.Metodologia
Para a realização deste trabalho passou-se por vários estágios tendo partido da
selecção de diversas obras inerentes ao assunto, sua leitura minuciosa, consultas na
internet, sistematização e compilação que culminou com a produção do trabalho.
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CAPÍTULO I: CONTEXTUALIZAÇÃO

1.1.Contextualização

Desde o final do século XX todo o desenvolvimento da África Austral foi


direccionado para servir as potências coloniais da região e mais tarde para o
desenvolvimento regional. Neste contexto, a História Moderna tem sido caracterizada
pela formação de blocos de países com estratégia de autodefesa e desenvolvimento
socioeconómico. Mais marcadamente, são os exemplos da Organização do Tratado do
Atlântico Norte (OTAN) e da União Europeia (UE). Na África, essa mesma tendência
pode ser identificada na criação da Comunidade para o Desenvolvimento da África
Austral (SADC) e da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental
(ECOWAS), que têm sido consideradas determinantes na integração regional da
económica africana.

No dia 1 de Abril de 1980, em Lusaka, Zâmbia, líderes de 9 Estados independentes,


nomeadamente: Angola, Botswana, Lesoto, Malawi, Moçambique, Suazilândia,
Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe, apelaram por uma independência política e económica e
fundaram a SADCC (Souther African Development Coordinaction Conference), através
de uma declaração intitulada “África Austral: Rumo à Libertação Económica” com
objectivo de coordenar projectos de desenvolvimento, como forma de reduzir a
dependência económica em relação a África do Sul do Apartheid.

A SADC é a apreciação de Rukudzo Murapa na sua obra editada em 2002 e


intitulada “A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC): Rumo à
Integração Política e Económica”, onde sustenta que com o estabelecimento da
democracia e do governo da maioria na África do Sul, em 1994, o papel dos Estados da
Linha de Frente chegou ao fim e a liderança da SADCC passou a enfocar às questões
económicas. Para isso, ela foi transformada de uma livre fraternidade de nações de uma
mesma região em uma comunidade económica. O objectivo, agora, era desenvolver
estratégias e políticas que levassem os Estados da África Austral a emergir como um
bloco económico. A Conferência de Coordenação para o Desenvolvimento da África
Austral (SADCC) deixou de existir e nasceu a Comunidade para o Desenvolvimento da
África Austral (SADC).
6

CAPÍTULO II: ECONÓMICA REGIONAL DA ÁFRICA AUSTRAL E


ORIENTAL (SADCC)

2.1.Conferência de Coordenação para o Desenvolvimento da África Austral


(SADCC)
De acordo com Schutz (2014, p. 69), a integração na África Austral tem uma
origem histórica muito significativa e está ligada aos problemas políticos e de segurança
comuns entre os países fundadores da Conferência de Coordenação para o
Desenvolvimento da África Austral, por outro lado o apartheid condicionou a criação
de estruturas de integração na África Austral, tanto do ponto de vista económico quanto
político-secretário.

Segundo Schutz (2014) apud Stwart & Plessis (2004):

(…)”A política de desestabilização adoptada pela África do Sul


afectou directamente os países recém- independentes da África
Austral que se demonstravam opostos ao regime do apartheid ao
longo dos anos 60 a Pretória procurou aumentar a cooperação
económica, política e militar com outros países «brancos «, como
Portugal, a Rodésia do Sul que ainda não tinha se tornado
independente” (p. 70).

Posto isso a maioria dos autores defende que No final da década 70, a África do
sul decide adoptar uma nova estratégia diplomática visando se contrapor aos Estados da
Linha de Frente. Com os últimos acontecimentos na Rodésia do sul e a independência
das colónias portuguesas de angola e Moçambique a África do sul lança uma nova
estratégia político-diplomática conhecida como détente. Paraisso,Pretoria tinha que criar
uma constelação na África austral, que deveria assegurar seus interesses políticos,
económicos e militares na região. Em 1979 a África do sul convoca para a criação de
uma Constelação dos estados da África Austral de cunho Antimarxista, o grupo ficou
conhecido como CONSAS.

Evans( 1984, p. 84), avança ainda que a África do sul almejava reunir todos os
países ao sul da linha formada pelos rios Cunene (Angola), e Zambeze (Moçambique), o
que incluiria a própria África do Sul, Botsuana Lesotho, Suazilândia, Malawi,
Zimbabwe e Moçambique, o objectivo era manter os seus vizinhos da África Austral
7

ainda mais próximos aumentando a sua dependência económica e tentando criar um


pacto de não-agressão .

Conforme testemunha Schutz (2014, p. 70), nesse mesmo período os Estados da


Linha de Frente, iniciam primeiras tentativas para criação da SADCC.Seria a criação da
SADCC, junto com a independência do Zimbabwe em 1880 que determinaria o fracasso
do projecto CONSAS, isto é, com a independência Zimbabwe, e o seu ingresso nos
estados da linha de frente, e posteriormente na SADCC, há um fortalecimento do grupo
liderado por Zâmbia e Tanzânia e um maior isolamento diplomático da África do Sul,
por via disso a CONSAS torna-se um projecto já que a África do sul não conseguiria a
adesão dos Estados que esperava.

Contudo após do curto período de tentativa fracassada de implementação da


CONSAS, a África do Sul muda sua estratégia para os países vizinhos mais uma vez, na
sequência os períodos entre 1980 e 1981 é marcado por uma nova fase de
desestabilização, onde pretoria aumenta suas acções militares contra os vizinhos
particularmente Angola e Moçambique visando atingir base de apoio do Congresso
Nacional Africano. Essa estratégia de desestabilização se intensifica nos anos seguintes,
visando dois objectivos: primeiro coagir os estados da região a cooperar com e diminuir
actividade dos grupos contra o apartheid em seus territórios; o segundo era mais uma
vez era aprofundar a dependência económica desses países em relação a Pretória (Stwart
& Plessis, 2004, p. 48).

Com efeito destacam-se quatro efeitos da política de desestabilização sul-


africana, quais sejam: (i) o fortalecimento da hegemonia regional da África do Sul a sua
habilidade de controlar o ambiente regional; (ii) a redução dos membros de movimentos
de libertação em pises vizinhos, especialmente Lesotho e Suazilândia; (iii) sensação de
instabilidade que se tornou a maior fonte de insegurança na região; (iv) a política de
desestabilização criou um ímpeto para a criação de uma contra estratégia através da
formação de uma aliança que esta na origem da arquitectura de segurança da África
Austral (Evans, 1984, p. 84).

Posto isso Schutz (2014, p. 74), conclui que o regime do apartheid e as políticas
adoptadas pela África do sul estão nas raízes de integração da África Austral. Além
disso como já se referiu antes a política de desestabilização adoptada pela África do Sul
levou a dois resultados na região: a primeira foi a criação dos Estados da Linha da
8

Frente (FLS) pelos estados de Botsuana, Tanzânia, Zâmbia e Moçambique em 1975,que


ao mesmo tempo que dava apoio aos movimentos de libertação opunha-se aos ataques e
invasões da África do sul; em segundo foi a construção de uma estrutura regional
simultânea a própria construção dos estados. Entrando, o clima de desestabilização
característico dos anos 70 e 80 impulsionou a aproximação entre os países da região.

Ademais dois factores que ilustram a intensificação das relações regionais na África
Austral: o fim da Guerra Fria e, consequentemente, dos conflitos entre as duas potências
do subcontinente sul-africano, Angola e África do Sul; e o fim da política de
desestabilização do governo de Pretória em relação a seus vizinhos (Para Dopcke, 1998,
p. 135).
De acordo com (Stwart&Plessis, 2004, p. 49), no inicio de 1979 um encontro
dos ministros das relações exteriores dos FLS em Garbone, Botsuana, discute o conceito
de desenvolvimento regional e cooperação económica, é nesse contexto que o
presidente da Tanzânia Julius Nyerere, convoca uma reunião consultiva em Arusha na
Tanzânia em 1979, a reunião serviu para debater a possibilidade de uma aliança
económica entre os FLS, assim decidiu-se avançar a ideia de um mecanismo regional
para coordenar questões da economia e de desenvolvimento para os países da África
austral, dessa forma nasce o princípio da conferência de coordenação o para o
desenvolvimento da África austral (SADCC). 1

Em Abril de 1980, a SADCC é formalmente criada, através do protocolo de


Lusaka. A criação da SADCC foi uma vitória estratégica dos FLS, ao mesmo tempo que
determinou o fracasso da Constelação dos Estados da África Austral (CONAS), criada
pela África do sul. Enquanto os Estados da Linha de Frente coordenavam esforços para
apoiar os movimentos nacionais de libertação nacional e resistir às agressões da África
do Sul, a SADCC tentava reduzir a dependência económica desses países em relação a
Pretória, contudo seria importante deixar claro que a organização dos Estados da Linha
da Frente não foi transformadas na SADCC, as duas continuaram coexistindo
(SCHUTZ, 2014, P. 78).

1
Nesse quadro, e uma vez já consumada a independência de Angola Moçambique e Zimbabwe os estados
da linha de frente perceberam a necessidade de tratar também questões económicas da região.
9

2.2.Objectivos económicos políticos e militares da SADCC

2.2.1.Económicos

Segundo Asante & Chanaiwa (2010, p. 887), a SADCC tinha como principal
objectivo económico, reduzir a sua dependência económica relativamente a África do
Sul e, a termo, dela livrar-se.2 Além desse objectivo Schutz (2014, p. 79), sustenta que a
SADCC era norteada pelos seguintes objectivos económicos; a promoção e a
coordenação da cooperação económica através de uma abordagem sectorial; Redução
da dependência externa, principalmente da África do Sul.

2.2.2.Políticos e Militares
Conforme Schutz (2014, p. 79), a SADCC era norteada pelos seguintes
objectivos políticos e militares; A promoção da auto-confiança colectiva dos Estados
membros; A promoção de uma acção conjunta que garantisse tanto o reconhecimento
quanto o apoio internacional para a estratégia da SADACC.

2.3.A transformação da SADACC em SADC

De acordo com Cardoso (1991, p. 61), a SADCC era estruturada de maneira


leve, privilegiando a construção de infra-estrutura, no que a região era extremamente
dependente da África do Sul, e a coordenação de sectores. Foi bem sucedida à medida
que canalizou a oposição ao apartheid, atraiu investimentos externos e promoveu a
capacidade regional de coordenação, embora não tenha produzido impacto suficiente
em termos de resultados mais contundentes para o desenvolvimento da região.

Conforme Stiwart e Plessis (2004) apud Schutz (2014, p. 79), a década de 90 é


um período de mudança para o processo de integração na África Austral. Como é
sabido, o início dos anos 90 foi um palco de mudanças em todo o sistema internacional,
com o fim da Guerra Fria e a dissolução da União Soviética. Na África em específico
concretizou-se o fim da batalha colonial e a abolição do Apartheid na África do sul.

Nas palavras de Schutz (2014):

2
Nessa óptica sentido nota-se que, ansiosos por escaparem do domínio da África do Sul, os membros da
SADCC, aparentemente, estão colocados a mercê de novos doadores ocidentais, situação esta a constituir
uma nova forma de dependência (Ibid.).
10

(…) “Em 1992, dados os novos desafios regionais e globais, a SADCC


transforma-se em SADC. No plano regional vislumbra-se a resolução do
conflito sul-africano, o que determina a superação do enfoque na oposição ao
apartheid como eixo de actuação da organização. No plano internacional, o
fim da Guerra Fria reduz a importância relativa da região e a globalização
económica torna mais complexos os desafios para o desenvolvimento” (p. 79).

Do extracto acima percebe-se que os problemas políticos de segurança, desta


forma, alteram-se, e surge uma oportunidade para maior colaboração regional. É nesse
contexto de mudanças e novas possibilidades que em 1992, os chefes de estado da
SADCC, assinam a declaração e o tratado da criação da Comunidade para o
Desenvolvimento da África Austral a SADC, conhecida como declaração de Windhoek,
cidade da Namíbia onde decorreu o encontro. Nesse momento passam a fazer parte da
SADC: Angola, Botsuana, Lesotho, Malawi, Moçambique, Namíbia, Suazilândia,
Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe.

2.4.Reestruturação dos objectivos

A SADC, portanto, vai buscar a redefinição dos objectivos e das estruturas


herdada da sua antecessora. Destacam-se dois momentos cruciais a partir de então: a
adesão da África do Sul em 1994 (ano em que Nelson Mandela torna-se o primeiro
presidente eleito pela maioria da população) e a assinatura do Protocolo de Livre
Comércio pelos países membros em 1996. Ambos representam novas dimensões de
objectivos para a SADC. Na mesma perspectiva Schutz (2014, p. 81), apud Cilliers
(1999), alude que os objectivos da SADC nesta fase são divididos em três grupos:
Económicos, Político-securitários e Gerais.

a) Nos objectivos económicos notaram-se os seguintes aspectos: (i) A promoção do


desenvolvimento e do crescimento económico, bem como a redução das desigualdades e
a melhoria das condições de vida; (ii) o estímulo ao desenvolvimento auto-sustentável
através da independência dos estados membros; (iii) A maximização do emprego
produtivo e da utilização de recursos da região e; (iv) A utilização sustentável dos
recursos naturais e protecção efectiva do meio ambiente. (Schutz, 2014, p. 81).

b) Os objectivos político-securitários (político-militares) e gerais:

O autor aponta ainda que nesta fase a natureza destes o objectivos é mais vaga, e
resume-se a: Evolução das instituições, Sistemas e valores políticos comuns; e a Defesa
11

da Paz e Segurança. Nos objectivos gerais está a complementaridade entre as estratégias


e programas nacionais e regionais e a consolidação dos laços culturais e sociais
históricos entre as populações da região.

2.5.Acções adoptadas para a consecução dos objectivos

Segundo Schutz (2014, p. 81), após estabelecer os objectivos o tratado menciona


algumas acções gerais para alcançar tais objectivos quais sejam: Harmonizar as políticas
sociopolíticas entre os países membros; Encorajar a população da região bem como as
instituições, a promover o desenvolvimento de laços económicos, políticos e culturais
na região, e a participar da implementação dos projectos da SADC; Criar mecanismos e
instituições apropriadas para a mobilização dos recursos necessários para a
implementação dos projectos da SADC; Desenvolver políticas almejando a redução
progressiva das barreiras para a livre movimentação de capital, trabalho, bens, serviços
e pessoas entre os estados membros; Promover o desenvolvimento dos recursos
humanos; Promover o desenvolvimento e a transferência tecnológica; Melhor a gestão
económica através da cooperação regional; Promover a coordenação e harmonização
das relações internacionais dos estados membros.

2.6.Principais desafios para a SADC

Segundo Cardoso (1991, p. 62), nesta fase a SADC enfrenta vários desafios
cruciais que, podem ser agrupados em quatro temas temas principais: a adesão e a
liderança da África do Sul; as dificuldades próprias da África Austral; a hierarquização
dos objectivos da SADC; e a implantação da Área de Livre Comércio. Contudo
conforme o autor citado as relações com a África do Sul permeiam grande parte das
discussões sobre a SADC. O regime que inspirou a SADCC, o apartheid, não existe
mais, mas o gigantismo económico da África do Sul em relação aos demais países da

região permanece.   As disparidades afloram em inúmeros aspectos, como nos PIB’s, no


comércio, na estrutura das economias, na construção de infra-estrutura básica e nos
níveis de desenvolvimento económico.

Na esfera económica  , a qualidade desse comércio é do tipo centro-periferia, ou


seja, os demais países da SADC importam manufacturados e exportam produtos
primários para a África do Sul. Esse facto é reflexo da estruturação das economias
12

destes países, dependentes da exportação de minérios e, em alguns casos, produtos


agrícolas, de demanda e preços internacionais instáveis. A dependência em relação à
África do Sul inclui, ainda, a utilização de sua infra-estrutura (ferrovias, portos, serviços
financeiros, etc.) por parte dos vizinhos. As diferenças revelam o grande contraste entre
os níveis de desenvolvimento económico, com consequências importantes para a
integração regional. Desse modo administrar e atenuar as disparidades torna-se um
desafio crucial para a SADC (SCHUTZ , 2014, P. 81).

De acordo com Cardoso (1991, p. 62), em adição às dificuldades económicas, a


adesão da África do Sul à SADC implica em questões políticas e de segurança. A África
do Sul sai do papel de adversário para o de liderança quase natural, causando

constrangimentos e criando novos obstáculos no andamento da SADC. O país vem


alterar o jogo de poder na região, onde o Zimbabwe ocupava posição de elevação,
económica e política. A própria figura de Nelson Mandela torna impossível que outro
líder se destaque, o que viria a causar problemas sérios com Robert Mugabe, presidente
do Zimbabwe.

A imposição da liderança zimbabueana no Órgão de Segurança e Defesa, braço


político da SADC, quando a África do Sul ocupava formalmente a chefia da
organização, ilustra a queda de braço. Além dos temas directamente relacionados à
África do Sul, há outros desafios, inerentes à região, no caminho da SADC. As
disparidades económicas não ocorrem apenas entre a África do Sul e os demais, mas
também embora em escala menor - entre os outros membros da SADC. Paralelamente
às questões económicas, a região possui enormes desafios políticos que dificultam o
projecto regional, que grande parte dos sistemas políticos nacionais é autocrática e
instável. Além disso, embora não independentemente, há uma relutância extrema em
delegar poderes, seja a representantes nacionais junto à SADC, seja à própria SADC. A
autoridade concentra-se na figura do chefe de Estado, enquanto outras estruturas de
poder acabam esvaziadas (CARDOSO, 1991, P. 63).

CAPÍTULO III: MERCADO COMUM DA ÁFRICA ORIENTAL E AUSTRAL


(COMESA)
13

3.1.Génese da COMESA
O Mercado Comum da África Oriental e Austral (COMESA) foi formalmente
criado em 1993, com a assinatura do seu tratado fundador. Contudo as iniciativas de
aproximação entre os países da região datam da década 60 e 70 ainda influenciados
pelos ideais do Pan- africanismo, onde diversas tentativas foram realizadas em torno da
possibilidade de intensificar a cooperação económica da região, culminando em 1981,
com a assinatura do tratado para a criação de uma Zona de Comércio Preferencial no
ano seguinte (Cardoso, 1991, p. 63).

Actualmente a COMESA conta é composta por 19 países: Burundi, ilhas


Comores, república democrática do Congo, Djibuti, Egipto, Eritreia, Etiópia, Quénia,
Líbia, Madagáscar, Malawi, Maurícias, Ruanda, Seicheles, Sudão, Suazilândia, Uganda,
Zâmbia, Zimbabwe. Destes sete também são membros da SADC: República
Democrática do Congo, Madagáscar, Maurícias, Seicheles, Suazilândia, Zâmbia e
Zimbabwe (SCHUTZ, 2014, P. 135).

3.2.1.Convergência e divergências entre a SADC e COMESA

Segundo (Cardoso, 1991, p. 63), a COMESA assim como a SADCC, nasce entre
outras questões da necessidade de reduzir a dependência económica em relação à África
do Sul, contudo ao contrário da CADCC ela não possui objectivos expressivos além da
esfera económica o que já fica evidenciado na sua nomenclatura Mercado Comum.

Por outro lado a autora aponta que a SADCC é um processo de integração


regional pautado por uma visão do regionalismo desenvolvimentista no qual, as
questões políticas têm o papel central e que está voltado para a promoção do
desenvolvimento socioeconómico como um todo, e não apenas a liberalização
comercial. Já a COMESA é m processo de integração orientado por uma perspectiva
voltada para o mercado (CARDOSO, 1991, P. 63).

3.2.3.objectivos da COMESA

De acordo com Ferreira (S/d, p.135), um dos grandes objectivos da COMESA é


de alargar o mercado de consumo entre as duas regiões de África e que a grande meta
seria de até o ano de 2025 em que cerca de 600 milhões de habitantes poderem fazer o
14

uso deste mercado comum; Promover a prosperidade económica dos estados membros
através da criação duma zona do comércio livre; Manter o fortalecimento das relações
económico com outros países do mundo e de África a através da realização de
investigação, estudos ou pesquisa sobre questões económicas e tecnológicas, analisar e
disseminar informações estáticas e participar na formulação de políticas consideradas
de desenvolvimento económico e tecnológico da região; Fortalecer e regular as relações
industriais e comerciais entre países, incluindo rede ferroviária, Portos, Aeroportos,
comunicações, Telecomunicações e taxa aduaneira; Comprometer-se em manter tarifas
aduaneiras comuns, harmonizar suas legislações comerciais, coordenar suas políticas de
transportes e facilitar a livre circulação de bens e serviços; No comércio agrícola,
reduzir os riscos e os custos com os quais a indústria se vê confrontadas, que impedem a
inovação e o investimento.
15

CAPÍTULO IV: COMUNIDADE ECONÓMICA DOS ESTADOS DA ÁFRICA


OCIDENTAL (CEDEAO)

4.1.Génese e desenvolvimento das organizações de integração regional em África

A Comunidade Económica da África do Oeste (CEDEAO, ECO-WAS em


inglês) surge no contexto de ressurgimento de uma série de projectos de integração
regional na África reunindo dezasseis países que, da Mauritânia ao nordeste a Nigéria a
Sudeste, cobrem uma superfície de seis milhões de quilómetros quadrados e abrigam
150.000 de habitantes. Constituída em Lagos, no dia 28 de Maio de 1975, a CEDEAO
consiste na primeira tentativa seria de integração e cooperação económicas na sub-
região da África do Oeste e congrega países cuja língua, a história, as alianças e as
instituições são distintas (Asante & Chanaiwa, 2010, p. 887).

De acordo com Gomes (2009, p. 29), a Comunidade engloba 15 países da África


Ocidental: Benin, Burkina- Faso, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gambia, Ghana, Guiné
Conakry, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa e Togo.

O desenho institucional inicial tinha a seguinte estrutura: O comitê dos Chefes


de Estado e de Governo, o Conselho de Ministros, o Secretariado Geral e um tribunal
comunitário para garantir a observância da lei e da justiça e as interpretações das
disposições do tratado (YANSANE, 1977, P.75).

4.2.Objectivos

4.2.1.Económicos

De acordo com Asante & Chanaiwa (2010, p. 888), a CEDEAO, atribui-se


como principal objectivo a expansão da cooperação e do desenvolvimento em
praticamente todas as esferas de actividade económica, buscando “progressivamente
reduzir a dependência económica da Comunidade perante o mundo exterior”. Dentre as
principais atribuições conferidas à comunidade estava o objectivo de promover a
integração económica em diversos campos, tais como: indústria, transporte,
telecomunicações, energia, agricultura, recursos naturais, comércio, assuntos financeiros
e monetários e questões sociais e culturais.
16

Desse modo a organização do oeste-africano visa promover um maior


desenvolvimento económico de forma sustentável, perspectivando uma maior
homogeneidade dos respectivos países constituintes, eliminando assim todas as tarifas
alfandegárias e promovendo uma política comercial comum face a países terceiros
(ASANTE & CHANAIWA, 2010, P. 888).

Esses propósitos foram colocados visando viabilizar o bloco e como


consequência procurar reverter a realidade económica da região que tem se
caracterizado pela baixa complementaridade entre suas economias, bem como pela sua
economia de base primária e voltada para o sector externo, em que tem sido
predominante as exportações agrícolas e minerais e importações de bens
industrializados da Europa.

4.2.2.Meios estratégicos para a consecução dos objectivos


Como estratégia de convergência para a consolidação do bloco, adoptou-se
projectos de cooperação económica e desenvolvimento de infra-estrutura e de
discussões sobre a harmonização de política macroeconómica entre as nações membros.
Nessa óptica no tratado assinado em 1975 os artigos 12 e 13 propunham a liberalização
do comércio entre os parceiros da comunidade, através de um gradual desmantelamento
aduaneiro por grupos de Países e produtos. Por outro lado o artigo 25 reconhece as
assimetrias entre os signatários do tratado, e estabelece a criação de um fundo
compensatório em favor dos membros prejudicados com a queda das tarifas aduaneiras.
O potencial produtivo deveria ser estimulado com base na cooperação e harmonização
de políticas nos sectores das telecomunicações, transportes, indústria e agricultura, de
modo a incentivar a lógica das economias de escala (CARDOSO, 1991, P. 61).

4.2.3.Objectivos políticos e militares


De acordo com Dipina (2010, p. 39-40), a CEDEAO foi criada inicialmente com
a única preocupação de promover a integração regional numa perspectiva económica.
Paradoxalmente foi no campo político onde esteve mais activo. Os aspectos políticos da
paz, segurança e governação na sub-região começaram a despertar mais atenção no seio
da comunidade, a partir do momento em que os líderes do corpo regional se
aperceberam que existia uma grande ligação entre aspectos económicos e políticos, e
que a segurança está ligada à integração regional e sem a primeira não há a segunda.
17

Assim a promoção da democracia e da boa governação nos países africanos, passou a


revelar-se como objectivo fundamental para reforçar a integração económica e política
do continente.

Por outro lado perante a situação destabilizadora e de conflitos experienciados na


região, (na Libéria, mais tarde na Serra Leoa e Cote d'Ivoire), a CEDEAO respondeu a
situação, adoptando dois grandes documentos no domínio da segurança, nomeadamente:
o Protocolo de Não Agressão (1978) e o Protocolo da Assistência Mútua em Defesa
(1981). Neste seguimento, criou-se a força de manutenção da paz da CEDEAO,
ECOMOG (West African Monitoring Group), uma força militar que visa intervir para
socorrer governos destabilizados pela força de golpes militares ou rebeliões civis que
tentam a tomada do poder, trazendo assim o controlo da situação, paz na região e
consequentemente, a estabilidade dos mercados.

4.4.Obstáculos e Êxitos da organização


Na óptica de Cardoso (1991, p. 62), existe da parte da sub-região, uma falta de
vontade política em tentar resolver os problemas que ainda afectam a região, como a
morosidade da aplicação das decisões e políticas de integração existentes em certos
países membros, a desconfiança entre vizinhos, as zonas de influência, os conflitos
armados, entre outros entraves à integração regional. Porém, nem todos os pilares do
processo de integração têm falhado, no que toca por exemplo à livre circulação de
pessoas, a vontade política dos estados-membros e os esforços da CEDEAO acabaram
por ser decisivos e positivos.
Por outro lado, os atrasos no processo de integração regional são por demais
evidentes, e a pretensão de uma união económica no projecto de integração
institucionalizada com mais de trinta anos, sofre de uma grande estagnação. Até à
actualidade não foi assegurado um modelo de desenvolvimento económico, com
estruturas produtivas articuladas e de complementaridade dentro dos países da região
(estímulo à produção comunitária, melhoria de infra-estruturas, incentivos fiscais,
acondicionamento de produtos agrícolas, de entre outros factores).
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5.Conclusão
Após a realização do trabalho o grupo concluiu que, a CEDEAO foi fundada
para estimular o desenvolvimento económico dos países da África Ocidental e reforçar a
sua posição negocial face a atores externos como a Comunidade Europeia (CE).
Todavia, a CEDEAO também era importante por outro motivo. Os seus fundadores con-
seguiram pela primeira vez superar a divisão artificial entre países anglófonos,
francófonos e lusófonos….. Não obstante, a revisão do tratado com a criação de
mecanismos jurídicos e operacionais para acelerar a integração e as reformas
empreendidas pela Comissão, o caminho ainda é longo e semeado de dificuldades, das
quais as de natureza técnica são as menores. Ou melhor, a sua superação depende de
uma real política de convergência efectiva, que não existe em muitos casos.
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6.Bibliografia
1.ASANTE, S. K. B, CHANAIWA, David:O Pan-africanismo e a
IntegraçãoRegional.in…

2.MYRDAL, Gunnar. Perspectiva de uma economia internacional. Tradução de J.


Régis. Rio de Janeiro: Saga, 1967, p. 25.

3.DEUTSCH, Karl. Análise das relações internacionais. Tradução de Maria Rosinda


Ramos da Silva, 2. ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1982, p. 223.

4.BADI, Mbuyi Kabunda. Laintegración africana: problemas y perspectivam. Madrid:


Agencia Española de Cooperación Internacional, 1993, p. 31.

5.OLIVEIRA, Odete Maria de. Velhos e novos regionalismos: uma explosão de acordos
regionais e bilaterais no mundo. Ijuí: Ed. Unijui, 2009, p. 48.

6.CARDOSO, FERNANDO JORGE (1991), “SADCC e Interdependência Económica


na África Austral: Realidades e Perspectivas”, Estudos Afro-Asiáticos 20, Junho: 61-83.

7.FERREIRA, António Miranda, et all. Acordo de Parceria Económica. Cabo Verde,


s/d, p 135.

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