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BACHARELADO EM DIREITO
VANESSA FERREIRA
PONTA GROSSA
2022
VANESSA FERREIRA
PONTA GROSSA
2022
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1 INTRODUÇÃO
O objetivo do presente artigo é identificar como ocorre a responsabilidade trabalhista
na administração pública quando se trata dos serviços públicos terceirizados.
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Acadêmica do 9º Período do Curso de Bacharelado em Direito do Centro Universitário Santa Amélia -
UniSecal, Ponta Grossa, Paraná. E-mail: xxxxx
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Professora orientadora. Doutora em História. Titular nas disciplinas de Ética, Filosofia e Direito e TCC I no
Curso de Bacharelado em Direito do Centro Universitário Santa Amélia - UniSecal, Ponta Grossa, Paraná. E-
mail: adriana.mello@unisecal.edu.br
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2 TERCEIRIZAÇÃO – CONCEITO
A terceirização e suas concepções surgiram no período da Segunda Guerra Mundial,
quando as empresas bélicas não possuíam o contingente necessário para suprir as demandas
de armamento, passando a delegar a outras empresas parte da sua produção, explica
Cavalcante (2014). Após tal período, tem-se conhecimento do uso da terceirização no modelo
Toyotista praticado pelos japoneses. O sistema anterior – Fordista – mostrou-se inviável para
o momento em que os japoneses passavam, sendo criado então o padrão oriental da
horizontalização das linhas produtivas, investindo em empresas especializadas em cada etapa
do produto, flexibilizando as linhas de produção, o que fez surgir companhias menores que se
atentavam em produzir o que não era o objeto principal das empresas tomadoras dos serviços.
Segundo Delgado (2004), o processo de descentralização das etapas periféricas de
produção foi acompanhado do surgimento das empresas de pequeno e médio porte com o
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Tanto a CLT como o Direito do Trabalho não previam num primeiro momento a
possibilidade de que um empregado pudesse ser contratado por determinada empresa e
direcionar a sua força de trabalho a outra empresa fora do grupo econômico da primeira, visto
que à época da elaboração da CLT tal fenômeno não era praticado em meio empresarial,
segundo Caffaro (2011).
O acolhimento das práticas de terceirização pelo sistema jurídico pátrio deve ser
compreendido pelo sistema jurídico no panorama de um setor socioeconômico e mais amplo,
visto que o que o sistema jurídico não pode ser concebido isoladamente, divorciado dos
poderes estatal e econômico, conforme Dallegrave Neto (2006).
Imperioso dizer que, as modificações da terceirização remetem à estipulação de
salários, procedimentos de despedida, jornada de trabalho, duração do contrato e contratação
da mão de obra, ações estas criadas no seio do cotidiano empresarial, sem que houvesse
qualquer previsão legal, sendo toleradas pela jurisprudência pátria. Todo este garantismo
trabalhista, na visão de Nascimento (2010, p. 117), é “destinada a reconhecer que a lei
trabalhista e a sua aplicação não podem ignorar os imperativos do desenvolvimento
econômico”.
Costumeiro apontar como causas dessa relativização de direitos trabalhistas as
mudanças efetivas e profundas na tecnologia, que ocorreram no limiar do século XX, a crise
econômica, competição na economia mundial, aumento do desemprego, foram fatores que
levaram os setores econômicos a buscar formas de produção que proporcionassem uma maior
eficiência produtiva e também uma redução nos custos, explica Campos (2006).
Concomitante a tal fenômeno, a mudança do modelo estatal, antes norteado por
diretrizes de uma ideologia de bem estar social, que retornou posteriormente a política do
Estado mínimo, acabou por permitir um afastamento do Estado sobre as relações entre o
trabalho e o capital, segundo Dallegrave Neto (2006).
Nesse diapasão, vários doutrinadores do Direito do Trabalho, por outro lado,
concebem a flexibilização com ressalvas, por levar a uma inevitável precarização das relações
de trabalho em detrimento do trabalhador, aponta Dallegrave Neto (2006).
Independente da discussão acerca do tema, o setor público adotou a sistemática,
estabelecendo a terceirização de atividades como uma de suas diretrizes estratégicas, através
da edição do Decreto Lei 200/67, objetivando assim o repasse da execução de atividades
acessórias a empresas particulares, “permitindo à Administração direcionar seus recursos
humanos, materiais e financeiros para a execução de suas atividades finalísticas e
institucionais”, segundo os apontamentos de Sampaio (2012).
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Num primeiro momento, Resende (2020) explica que todos acreditavam que o referido
instituto não traria prejuízos ao trabalhador. Contudo, as empresas passaram a contratar
“laranjas” para se livrarem do passivo trabalhista, e o trabalhador amargou por vários anos,
fazendo com que ele conhecesse a expressão “ganha, mas não leva”, pois o o empregador
aparente não tinha nenhuma capacidade de solver os créditos trabalhistas de seus empregados.
Assim, a justiça do Trabalho e o TST – Tribunal Superior do Trabalho levaram adiante a
construção de um modelo de responsabilização do tomador dos serviços, o qual passou a atuar
como garantidor (responsável subsidiário, tecnicamente falando) dos créditos dos empregados
de seus prestadores de serviço.
Na medida que a Administração submete-se ao princípio da legalidade e surge lei que
determina o procedimento de descentralização dos encargos de execução expressos pelo
aludido decreto, resta claro que um determinado conjunto de tarefas pode ser efetuado através
de outras empresas, ou seja, mediante o processo de terceirização. A dúvida que pairava na
época relacionava-se a extensão da terceirização autorizada da Administração Pública, qual o
grupo de tarefas, atividades e funções que poderiam se enquadrar e ser objeto deste
procedimento, segundo Napoleão (2016).
Sampaio (2012) salienta que, apesar da previsão legal no dispositivo de 1967, a
terceirização só ganhou corpo em 1990, no governo de Fernando Henrique Cardoso, quando
este deu início a uma redução no aparelho estatal através da limitação de gastos com pessoal e
a utilização ampla da terceirização como forma de proporcionar uma maior eficiência aos
serviços públicos.
temporário, onde a lei prevê que o empregado seja colocado à disposição da empresa
tomadora.
Como terceirizações lícitas, há o trabalho temporário, serviços de vigilância
patrimonial, serviços de conservação e limpeza, e serviços especializados ligados à atividade-
meio do tomador, concluindo-se que a terceirização ilícita é a contratação de empresas
terceirizadas sem o competente preenchimento dos requisitos e enquadramentos legais
(GONÇALVES, MORAES, 2011).
Assim, os caracteres da prestação de serviços se manifestam pela ausência da direção
técnica do contratante em relação ao contratado, “que efetua as tarefas utilizando-se dos
processos técnicos e da metodologia que melhor lhe aprouver” (BERGMANN, 2003, p. 298).
Já a terceirização no serviço público teve a sua regulamentação através do Decreto Lei
200/60, conforme Viana (2011). Contudo, o dispositivo em sua leitura não estabelecia limites
quanto as atividades que podiam ser terceirizadas, deixando o termo tarefas executivas, em
sentido amplo.
Ao tempo que o inciso IV da Súmula 331 do TST dispõe que o inadimplemento das
obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do
tomador dos serviços, quanto àquelas obrigações, inclusive quanto aos órgãos da
administração direta, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das
sociedades de economia mista, a complexidade da questão se evidencia, notadamente, em
função do que expressamente dispõe a Lei 8.666/93 em seu artigo 71:
Para Delgado (2018), o texto da Lei 8.666/93 tentou, aparentemente, excluir tais
entidades do vínculo responsabilizatório; todavia o enunciado 331 do TST não as
excepcionou da responsabilização, pois não poderia, efetivamente, absorver e reportar-se ao
privilégio de isenção de responsabilidade conferido na referida lei, por ser tal privilégio
flagrantemente inconstitucional.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As relações trabalhistas seguem o Direito do Trabalho que são as regras jurídicas
aplicáveis na relação entre empregador e empregado. No Brasil é a CLT todo o alicerce das
relações trabalhistas, amparado também por outras leis, como a Constituição Federal e o
Código Civil, dentre outros.
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REFERÊNCIAS
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 6. ed. São Paulo: LTR, 2010.
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DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 18 ed. São Paulo: LTR,
2018.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 25ª ed., São Paulo: Atlas, 2012.
GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa, Curso de Direito do Trabalho. 3. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2009.
MARTINS, Sérgio Pinto. A terceirização e o direito do trabalho. 15 ed. São Paulo: Saraiva,
2018.
NADER, Paulo. Curso de direito civil: responsabilidade civil. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2010
VIANA, Marco Tulio. Terceirização – aspectos gerais. A última decisão do STF e a Súmula
331 do TST. Novos enfoques: Revista do Tribunal Superior do Trabalho, Brasília, n. 1,
jan/mar de 2011.