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Experiência de uma década na docência, tendo formado milhares de alunos que hoje
atuam nas mais diversas áreas jurídicas, bem como experiência em pesquisa por meio
de publicações, participação e organização de congressos no Brasil e no exterior.
Advogado atuante na esfera cível, constitucional e internacional.
APRESENTAÇÃO DA APOSTILA
Seja muito bem-vindo(a)!
Prof. Tizzo
UNIDADE I
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Noções Fundamentais
Plano de Estudo:
• Conceito de Serviços.
• Identificação dos Serviços Jurídicos.
• Identificação dos Serviços Extrajudiciais.
• Atuação no Serviço Extrajurídico.
• Código de Ética da OAB e Serviços Extrajudiciais.
• Importância e Atividades do Gestor de Serviços.
Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar serviços.
• Identificar quais são os serviços jurídicos e quais os extrajudiciais.
• Compreender a atuação no serviço extrajudicial e a importância do gestor.
• Analisar a relação do Código de Ética da OAB e os serviços extrajudiciais.
INTRODUÇÃO
Olá! Que bom que você passou das primeiras páginas e agora está prestes a –
efetivamente – iniciar seus estudos!
O assessoramento eficiente às atividades de cartórios e de outros trabalhos
jurídicos tem ganhado cada vez mais destaque nos últimos anos. Isso acontece
principalmente porque a agilidade e excelência na logística dos processos tem sido cada
vez mais requisitada.
É nesse cenário que o profissional de Gestão de Serviços Jurídicos ganha
oportunidades no mercado de trabalho.
O profissional formado no curso tecnólogo em Serviços Jurídicos e Notariais é
responsável por desempenhar funções auxiliares da área jurídica e de serviços cartoriais.
Isso significa que ele pode atuar em escritórios de advocacia, tribunais, consultorias
jurídicas, cartórios, órgãos policiais, entre outros.
Também é possível trabalhar nas áreas jurídicas, contábeis, fiscais e de recursos
humanos em empresas públicas e privadas e outras organizações que tenham áreas
como essas em sua composição.
Para dar início ao nosso passeio imerso em conteúdo e aprendizado vamos
discorrer sobre o conceito de serviços, focando – posteriormente – na definição de
serviços jurídicos e extrajudiciais, expondo sobre a atuação do gestor bem como sobre
a importância da sua função.
Sendo assim, vamos em frente!
1. DOS SERVIÇOS
1
MEIRELLES, Dimária Silva e. O conceito de serviço. In: Brazilian Journal of Political Economy. Rev.
Econ. Polit. vol.26 no.1 São Paulo Jan./Mar. 2006. Disponível em:
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31572006000100007#nt10. Acesso em:
25 ago. 2020.
fluxo de trabalho contínuo no tempo e no espaço. Esta
simultaneidade resulta, por seu turno, em duas propriedades, que
são a inestocabilidade e a incomensurabilidade. Não é possível
armazenar um serviço, porque ele é consumido tão logo é produzido,
daí a sua intangibilidade. Sendo inesgotável e intangível, o seu
resultado é de difícil mensuração. Não se mensura um serviço nos
moldes de um bem ou produto qualquer, como dúzias, quilos ou
metros.
2. A segunda característica dos serviços, a variedade, se refere à
diversidade de técnicas produtivas e às diferenças no tamanho e na
margem de lucro das empresas prestadoras de serviço.
3. Por último, a terceira característica, o uso intensivo de recursos
humanos, reflete o fato de que, apesar da crescente incorporação do
progresso técnico, através de máquinas e equipamentos, os recursos
humanos representam o fator produtivo predominante no processo
de prestação de serviço, principalmente porque serviço é uma
atividade profundamente interativa e, portanto, a natureza relacional
da atividade depende essencialmente de recursos humanos para
realizar a interface com os consumidores/usuários.
Fonte: o autor.
Ao estudar o assunto é inevitável identificar a aproximação conceitual dos serviços
prestados com a previsão contida no Código de Defesa do Consumidor, mas isso não
faz minar a previsão contratual específica encontrada no Código Civil (art. 593 ao 609).
Diante disso se justifica uma breve ponderação sobre a maneira como o Código Civil
dispõe sobre serviços.
Conforme já mencionado, a prestação de serviço é modalidade de contrato
regulamentado em capítulo próprio, no Código Civil. Objetivamente serão aplicadas as
regras previstas pelo Código Civil quando a relação de prestação de serviço não se
configurar uma relação em emprego (está é regida pela CLT) e tampouco por legislação
especial (como é o caso do CDC).
A legislação trabalhista só deve cuidar das relações contratuais que apresentam,
em especial, o elemento subordinação entre as partes, além dos demais elementos
indicados no artigo 3º da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Neste viés a relação
do funcionário que presta serviços a terceiros com seu empregador pode ser regida pela
CLT, mas o que está sendo analisado nesse momento é justamente a relação desse
funcionário com o terceiro, e não com seu empregador.
O que definirá a incidência ou afastamento do Código de Defesa do Consumidor
na relação estabelecida é a presença – concomitante – da figura do consumidor e do
fornecedor (o que será abordado em unidade própria, mais adiante). Em suma, se na
prestação de serviços houver a presença, ao mesmo tempo, de consumidor e
fornecedor, o serviço será de natureza consumerista; do contrário (e não sendo uma
relação de emprego), o serviço será regido pelo Código Civil.
Fonte: o autor.
Por fim, é relevante indicar que – independentemente da natureza da relação
jurídica do serviço, este possui elementos, sendo eles:
Capacidade e/ou Legitimidade: exigida de todas as partes envolvidas na
prestação.
Onerosidade: há previsão de prestação e de contraprestação, o que não significa
ser – necessariamente – financeira.
Consentimento: concordância de ambos os lados, sendo que em relação ao
prestador de serviços há a incidência do dever de ofício definindo ou ao menos
influenciando na ideia do “consentimento”.
Objeto: lícito, possível, determinado ou determinável, corpóreo ou incorpóreo.
Temporário: não é permanente em relação ao ato solicitado, mas enquanto durar
a função exercida pelo prestador, sua disponibilidade será perene.
Fonte: o autor.
I.2 DOS SERVIÇOS JURÍDICOS E DOS SERVIÇOS EXTRAJUDICIAIS
Fonte: o autor.
Discorrido sobre serviços jurídicos é necessário esclarecer que não se pode
confundir serviços jurídicos com serviços judiciais. Por certo que que todos os
serviços judiciais são jurídicos, mas o contrário não é verdadeiro, haja vista existir
serviços judiciais e extrajudiciais.
Fonte: o autor.
2
CÓDIGO DE ÉTICA E DISCIPLINA DA OAB. Disponível em:
https://www.oab.org.br/visualizador/19/codigo-de-etica-e-disciplina. Acesso em: 10 out. 2020. p. 1-
2.
c) vincular o seu nome a empreendimentos de cunho
manifestamente duvidoso;
d) emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a
honestidade e a dignidade da pessoa humana;
e) entender-se diretamente com a parte adversa que tenha patrono
constituído, sem o assentimento deste.3
3
Ibid.
XVI. usar de artifícios enganosos ou fraudulentos para obter
vantagem indevida;
XVII. prestar, de má-fé, orientação, proposta, prescrição técnica ou
qualquer ato profissional que possa resultar em dano a pessoas ou
organizações;
XVIII. incidir, no exercício da atividade, em erros reiterados que
denotem inépcia profissional;
XIX. exercer a profissão quando impedido por decisão do Sistema
CFA/CRAs, transitada em julgado;4
4
CÓDIGO DE ÉTICA E DISCIPLINA DOS PROFISSIONAIS DE ADMINISTRAÇÃO. Disponível
em: https://cfa.org.br/wp-content/uploads/2018/11/resolucao_537_2018_665.pdf. Acesso em: 10
out. 2020. p. 2-3.
Fonte: o autor.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
https://editalconcursosbrasil.com.br/blog/negocios_etica-
profissional/
REFLITA
FILME
Título: Filadélfia (1993)
LIVRO
• Título: Gestão de Serviços Jurídicos.
• Autor: Elton Bonfada, et. al.
• Editora: Sagah.
• Sinopse: O setor de serviços jurídicos tem evoluído muito nos últimos anos em
função dos constantes avanços da tecnologia. Hoje, documentos de toda ordem são
criados e arquivados em meios digitais e, cada vez menos, ocupam espaços físicos.
Neste livro, você vai estudar a relação entre cliente e serviço, além de medidas de
qualidade na prestação de serviços, de maneira a atender as necessidades do
cliente. Você vai conhecer, também, conceitos de logística e gestão da cadeia de
suprimentos, gestão de pessoas, gestão documental e técnicas modernas de
trabalho com os arquivos digitais. Esta obra traz conhecimentos essenciais para
profissionais que pretendem atuar na área de serviços jurídicos.
REFERÊNCIAS
https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/law-books-judges-gavel-on-
table-739564816
Plano de Estudo:
• Contextualizar os 4 P’s
• Perfil
• Processos
• Procedimentos
• Pessoas
• Administração de equipe e serviços
Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar os 4 P’s da gestão de serviços.
• Compreender a administração da equipe e dos serviços.
INTRODUÇÃO
II. 2 DO PERFIL
As pessoas são a imagem mais concreta que seu consumidor tem da dos
seus serviços.
Os funcionários são os cartões de visita de uma empresa, de um cartório ou
de um escritório. São eles que mantêm contato com os clientes e colocam em
prática os serviços envolvidos em um processo de venda.
Para que qualquer serviço possa chegar ao cliente são necessárias pessoas
para operarem os processos e procedimentos. Foque em treinamentos de seus
funcionários e procure uma gestão voltada para pessoas.
Assim como foi dito anteriormente, a capacitação dos colaboradores é
importante para prepará-los para oferecer um atendimento cada vez melhor. Mas é
preciso ir além. Este “P” engloba também a comunicação interna, planos de carreira,
benefícios e demais fatores que contribuirão com a motivação e comprometimento
destes profissionais.
II.6 DA ADMINISTRAÇÃO DA EQUIPE E DOS SERVIÇOS
Nesta unidade aprendemos alguns pontos que são fundamentais para uma
boa e eficaz gestão, não só para os serviços e atividades jurídicas, mas para toda
e qualquer atividade que se pretende realizar e colocar no ambiente de consumo.
A gestão de serviços pode ser compreendida e estruturada a partir de quatro
pilares, quatro fundamentos básicos, ou até mesmo quatro dogmas. São eles o
perfil, os processos, os procedimentos e as pessoas. O perfil analisa o público alvo;
o processo se desdobra sobre a compreensão do serviço a ser realizado, tudo o
que compõe a cadeia de produção; o procedimento diz respeito a cada parte que
acontecerá durante a prestação do serviço; e, por fim, as pessoas dizem respeito
aos colaboradores, aos funcionários do local que presta o serviço em questão.
Uma gestão competente reconhece, valoriza e cuida desses quatro
aspectos, compreendendo que seu êxito é consequência também do respeito a
esse conhecimento técnico.
Por fim, foi demonstrada a importância de uma liderança comprometida com
a missão, visão e valores do empregador, e – além disso – comprometida em bem
se comunicar com todos os demais colaboradores, sendo este um ponto essencial
para uma boa organização da equipe, bem como para alcançar os resultados
esperados.
SAIBA MAIS
https://neilpatel.com/br/blog/4-ps-do-marketing/
https://www.dinamicaej.com.br/servicos/plano-de-
marketing/?gclid=Cj0KCQjwt4X8BRCPARIsABmcnOq_3T-
MstT8ejzvZCyLpje9E7qapAg_iJwEE8yvEj-AKKR6GlD3AfcaAncnEALw_wcB
REFLITA
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
65552003000400004
FILME
Título: Hurricane: O Furacão (1999)
LIVRO
• Título: Gestão de Serviços: Lucratividade por meio de operações de satisfação dos
clientes.
• Autor: Henrique L. Corrêa e Mauro Caon.
• Editora: Atlas.
• Sinopse: A obra propõe ferramentas para tratar particularidades e características
das empresas de serviços, como, por exemplo, aquelas de hospitalidade,
alimentação, saúde, entretenimento, comunicação, transporte, informática,
comércio, educação, consultoria. O livro fala sobre atividades operacionais que
geram a parcela “experiência” vivida pelo cliente e a parcela “física” do pacote de
valor entregue ao cliente.
REFERÊNCIAS
UNIDADE III
https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/marketing-concept-
demonstrating-main-stages-customer-1615964584
Plano de Estudo:
• Conceitos de consumidor e de fornecedor
• Conceito de bens e serviços
• Direitos e deveres básicos do consumidor
• Responsabilidades dos fornecedores
• Mecanismos de reparação de danos
Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar consumidor, fornecedor, bens e serviços.
• Compreender os direitos e deveres do consumidor.
• Estudar a responsabilidade dos fornecedores.
• Analisar os mecanismos de reparação de danos.
INTRODUÇÃO
Fonte: o autor
5
BRASIL. Lei 8.078, de 1990. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm. Acesso em: 10 out. 2020.
de maneira extremista, o que foge à lógica básica da aplicação da norma jurídica
atrelada à existência social, à realidade social.
Ora, não é razoável que qualquer transação se enquadre como uma relação
de consumo, o que esvaziaria boa parte dos contratos previstos pelo Código Civil;
mas de igual modo não é pertinente que o CDC seja aplicado de maneira tão
específica e exclusiva, o que faria, por exemplo, com que a compra de notebook ou
livros, por um advogado, não seja tutelado pelo CDC, pois de alguma maneira o
auxiliam em seu labor.
Justamente diante da percepção do extremo identificado pelas teorias
mencionadas é que o Superior Tribunal de Justiça vem, reiteradamente, fazendo
uso de uma vertente intermediária, denominada de Teoria Finalista Mitigada quando
decorrer inegável vulnerabilidade técnica, jurídica ou econômica de uma das partes,
mesmo que seja pessoa jurídica, abrindo assim espaço para a adoção da teoria
maximalista.
Assim, o STJ, vem demonstrando seu posicionamento protetivo
considerando, por exemplo, consumidores uma empresa hoteleira em relação ao
fornecedor de gás (REsp 476428) e uma empresa de confecções em relação à
concessionária de energia elétrica (REsp 661145), tendo em vista a necessidade
de se equilibrar as relações entre fornecedores e consumidores-empresários.
Deve-se ter em mente que o Código de Defesa do Consumidor fez uso da
teoria finalista para a identificação do consumidor padrão, todavia tal aplicabilidade
vem sendo relativizada diante da análise da vulnerabilidade sobre a pessoa do
consumidor.
Fonte: o autor.
Assim como ocorre no conceito de consumidor, o Código de Defesa do
Consumidor também conceitua fornecedor, e o faz no caput do art. 3o, asseverando
que “Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços”.
Desse modo será considerado fornecedor todos aqueles que fazem parte da
cadeia de produção, criação, venda, distribuição e da prestação de serviços.
A marca característica de um fornecedor é a habitualidade de suas
atividades, sendo aquele que coloca no mercado de consumo os seus produtos ou
serviços, objetivando o lucro ou não. Em geral, o ganho de dinheiro é a verdadeira
finalidade.
Fonte: o autor.
Fonte: o autor.
Outra classificação importante sobre bens diz respeito aos bens patrimoniais
e não-patrimoniais. Bens jurídicos de natureza patrimonial representam todos
aqueles que possam ser incorporados ao patrimônio do indivíduo. Bens jurídicos
não-patrimoniais são os que não compõem o patrimônio da pessoa e que não
podem ser mensurados pecuniariamente, como a vida e a honra.
Os bens podem, ainda, ser classificados em: móveis e imóveis, corpóreos e
incorpóreos, fungíveis e infungíveis, consumíveis e inconsumíveis, divisíveis e
indivisíveis, singulares e coletivos, comercializáveis ou fora do comércio, principais
e acessórios, e públicos ou particulares.
O Código de Defesa do Consumidor não trata especificamente sobre bens,
mas dedica atenção aos produtos e aos serviços, sendo este o objeto da nossa
análise neste momento.
Mais uma vez o código faz uso de sua redação para conceituar tais institutos,
o que se nota pela leitura dos parágrafos do art. 3 o. O parágrafo 1o define produto
ao dispor que “Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial”. Por
sua vez o parágrafo 2o define serviço: “Serviço é qualquer atividade fornecida no
mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária,
financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter
trabalhista”.
Fonte: o autor.
Fonte: o autor.
O inciso I do art. 6º do CDC, afirma que o consumidor tem, por direito básico,
à proteção da vida, da saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas
no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos. Tal
6
BRASIL. Lei 8.078, de 1990. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm. Acesso em: 10 out. 2020.
previsão se trata, claramente, da integridade do consumidor: é de extrema
necessidade que, além de o fornecedor atentar para a qualidade e fim ao qual se
destina seu produto, também deve fazer com que seja preservada a segurança do
consumidor e de sua saúde, certificando-se, para isso, de que seu produto ou
serviço não seja nocivo, perigoso ou destrutivo a ele.
O inciso II do art. 6º do CDC faz menção ao direito que possui, o consumidor,
à educação e divulgação do consumo adequado (seguro e sustentável) dos
produtos e serviços, estando sempre asseguradas a liberdade de escolha e a
igualdade nas contratações. Trata-se do direito à educação para consumo.
Ainda tratando-se da importância do conhecimento nas relações de
consumo, o inciso III do art. 6º, do CDC, prevê o direito à informação adequada e
clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de
quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço,
bem como sobre os riscos que apresentem.
É tema do inciso IV do CDC o direito à proteção contra a publicidade
enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra
práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços.
Considera-se propaganda enganosa aquela que, sendo inteira ou parcialmente
falsa, pode induzir o consumidor ao erro na hora da compra por conter informações
errôneas ou omitidas acerca de composição, quantidade, função, ou quaisquer
outros dados do produto. A propaganda passa, portanto, a ser responsabilidade
também do fornecedor, eis que tudo aquilo que aparece nela deve ser por ele
assegurado, passando, assim, a fazer parte do contrato nas relações de consumo.
É, também, direito do consumidor, a modificação das cláusulas contratuais
que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos
supervenientes que as tornem excessivamente onerosa (CDC, art. 6º, V). Trata-se
da aplicação da teoria da impressão no âmbito consumerista.
Ao fazer uso dos bens e serviços, os consumidores podem acabar sofrendo
prejuízos (danos em decorrência desse produto ou serviço). O Código de Defesa
do Consumidor, em seu art. 6º, inciso VI, abriga o direito à efetiva prevenção e
reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos. Desta
maneira, é necessário que haja indenização àquele que for prejudicado (o
consumidor).
O inciso VII, Art. 6º, do CDC, garante aos consumidores o acesso aos órgãos
judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção
Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados. Para que seja realizada a
defesa do consumidor, existem órgãos públicos, com procuradores nomeados que
atuam especificamente nesta área. A assistência jurídica, administrativa e a
promoção da execução da defesa do consumidor – tanto na prevenção de danos
quanto na reparação – é, hoje em dia, realizada pelas defensorias públicas dos
Estados e da União.
O consumidor, como já é sabido, é parte fragilizada na relação de consumo
(ideia de hipossuficiência e vulnerabilidade), portanto deve ter o acesso à facilitação
da defesa de seus direitos, inclusive sendo possibilitado a este a inversão do ônus
da prova no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências (CDC,
Art. 6º, VIII). Essa facilitação da defesa do consumidor é uma garantia estabelecida
a partir do reconhecimento de sua hipossuficiência jurídica, sendo necessária para
que busque se estabelecer igualdade nas relações de consumo.
Sendo que o Estado é, também, um fornecedor, aqueles que consomem os
bens e serviços fornecidos pelo mesmo são, por consequência disso,
consumidores. Portanto, o inciso X do art. 6º do CDC dispõe que é direito básico do
consumidor a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. Além de
existir a adequação do serviço e do bem público, e a sua disposição ao público, é
necessária também, sua eficácia representada assim pelo bom cumprimento de sua
função.
Fonte: o autor.
Após falar dos direitos, é importante dedicar um tempo para refletir acerca
dos deveres dos consumidores, dentre os quais podemos destacar os expostos em
seguida.
Em primeiro lugar tem-se a Consciência Crítica, ou seja, o dever de
questionar o preço e a qualidade de produtos e serviços. Em segundo lugar fala-se
sobre a Preocupação Social, que significa estar ciente das consequências de nosso
consumo sobre os outros cidadãos.
Em terceiro lugar aponta-se a Reclamação, que mais do que um direito, é um
dever de consciência. Após podemos mencionar a Solidariedade, no sentido de os
consumidores se organizarem em conjunto, para a promoção e proteção dos
interesses dos consumidores.
Em quinto lugar indica-se a Pesquisa, como um dever pessoal de pesquisar
sempre antes de comprar. Em sexto, deve-se tem em mente a Consciência do Meio
Ambiente, preocupando-se sempre em preservar, conservar e proteger nossos
recursos naturais.
Em sétimo lugar pontua-se a possibilidade/dever de Boicote aos
comerciantes desonestos e inescrupulosos. E finalmente, como último e talvez
principal dever, temos a Honestidade, ou seja, a postura de falar sempre a verdade
ao reclamar junto aos órgãos de Defesa do Consumidor, como um desdobramento
do princípio da boa-fé, amplamente utilizado em todos os ramos do direito.
III.4 DA RESPONSABILIDADE DOS FORNECEDORES
7
BRASIL. Lei 8.078, de 1990. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm. Acesso em: 10 out. 2020.
8
Ibid.
9
Ibid.
fabricante, produtor, construtor, e o fornecedor comerciante. O comerciante terá –
em regra – responsabilidade subsidiária, a luz do art. 13, I.
Em relação ao vício do produto, a redação do art. 18 é bastante clara:
Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis
respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade
que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se
destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles
decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do
recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária,
respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o
consumidor exigir a substituição das partes viciadas.10
Neste caso o vício deve ser sanado em até tinta dias (prazo este que pode
ser reduzido ou ampliado a critério das partes) e, caso não haja solução nesse
prazo, aí sim o consumidor poderá exigir, a sua escolha, a substituição do produto,
a restituição imediata da quantia paga ou o abatimento proporcional do valor.
Em relação ao fornecimento de serviços viciados a previsão se encontra no
art. 20:
O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que
os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim
como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações
constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o
consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente
atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.11
10
BRASIL. Lei 8.078, de 1990. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm. Acesso em: 10 out. 2020.
11
Ibid.
Por fim, há que se falar sobre o prazo que o consumidor possui para reclamar
seus direitos diante de um produto ou serviço comprometido pelo defeito ou pelo
vício, conforme art. 26 e seguintes do CDC. O primeiro prazo previsto é de trinta
dias tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis. Em
seguida tem-se o prazo de noventa dias quando se tratar de fornecimento de
produtos ou serviços duráveis. E o último prazo previsto é o prazo da reparação
civil, o qual será de cinco anos, contados a partir do conhecimento do dano ou de
sua autoria.
12
BRASIL. Lei 8.078, de 1990. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm. Acesso em: 10 out. 2020.
pessoa; são os direitos reconhecidos à pessoa humana tomada em si mesma e em
suas projeções na sociedade. Em razão de serem inatos à pessoa, possuem caráter
vitalício e imprescritível.
E os danos estéticos (que constitucionalmente são chamados de dano à
imagem) representam as alterações morfológicas que o indivíduo pode sofrer. Por
exemplo, uma cicatriz decorrente de um acidente de consumo representa um dano
estético.
Todas essas modalidades de danos são indenizáveis no âmbito jurídico e –
consequentemente – no âmbito consumerista.
O art. 6º, VII, do CDC13, estatui que é direito básico do consumidor “o acesso
aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de
danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a
proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados”.
Diante disso o consumidor que se sentir lesado poderá fazer uso dos meios
administrativos e/ou judiciais para buscar o que entende devido, podendo buscar
auxílio junto ao Procon, ao Ministério Público vinculado à proteção do consumidor,
à Defensoria Pública, às Delegacias especializadas, ou até mesmo contratar um
advogado para fazer uso da medida cabível.
13
BRASIL. Lei 8.078, de 1990. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm. Acesso em: 10 out. 2020.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante nossas aulas, e por meio das páginas deste material, conversamos
sobre alguns aspectos do direito do consumidor. Nesse momento falamos sobre
consumidor e fornecedor, apresentando seus conceitos, bem como as correntes
que influenciam no reconhecimento de uma relação de consumo.
Aprendemos que consumidor é aquele que adquire produto ou serviço como
destinatário final e que o fornecedor é a pessoa que disponibiliza – no mercado de
consumo – produtos e serviços.
Em seguida abordamos os conceitos de bens, produtos e serviços, como
elementos indispensáveis para a constatação da relação analisada, bem como para
a aplicação do Código de Defesa do Consumidor.
Por fim tratamos dos direitos e deveres dos consumidores, bem como a
responsabilidade dos fornecedores a partir da teoria da responsabilidade objetiva,
identificando os mecanismos de reparação dos danos, bem como dos caminhos
administrativos e judiciais à disposição da população.
SAIBA MAIS
http://www.tjsp.jus.br/download/EPM/Publicacoes/ObrasJuridicas/c
dc11.pdf?d=636680533763406696
REFLITA
https://migalhas.uol.com.br/coluna/abc-do-cdc/308826/a-
responsabilidade-civil-objetiva-no-cdc---parte-ii
FILME
Título: Terra Fria (2005).
Ela está preparada para o trabalho duro e, às vezes, perigoso, mas o que não
esperava era sofrer com o assédio dos seus colegas de trabalho. Como ao
reclamar do tratamento recebido é ignorada, ela decide levar à justiça o caso.
LIVRO
• Título: Manual de direito do consumidor à luz da jurisprudência do STJ.
• Autor: Felipe Braga Netto.
• Editora: JusPODIVM.
• Sinopse: Convém dizer que todas as questões relevantes e recentes de concursos
públicos foram incluídas nesta edição. É sobretudo gratificante perceber como elas
tratam de temas e de debates que estão – sempre estiveram – presentes no livro.
A intenção permanece a mesma: oferecer um instrumento – seguro e ágil – de
atualização e de compreensão do direito do consumidor no Brasil. Sempre me
esforcei para manter este livro fiel ao seu propósito: ser um livro útil. Sobretudo
acompanhando, de perto, cada mudança na jurisprudência do STJ, cada novo
entendimento, harmonizando as alterações com o sistema de princípios que
iluminam as relações de consumo no Brasil. A recepção deste despretensioso livro
– pelas leitoras e pelos leitores de todo o Brasil – foi tão grande, e tão bonita, que o
fizeram chegar, agora, à décima quinta edição (algo que, sinceramente, nunca
imaginei). Só me resta agradecer e reiterar o compromisso de sempre com sua
constante atualização.
REFERÊNCIAS
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/labor-law-lawyer-legal-
business-internet-1079923613
Plano de Estudo:
• Estratégias para garantir produtos de qualidade e serviços diferenciados;
• Inteligência artificial, machine learning e automação;
• Organização de fluxo de trabalho: Gestão de fluxo de prazos processuais e
administrativos, Gestão de práticas para solução de conflitos extrajudiciais e Gestão
de equipe administrativa em setores de atividades jurídicas e extrajurídicas.
Objetivos de Aprendizagem:
• Apresentar estratégias para garantir produtos de qualidade e serviços
diferenciados.
• Estudar sobre inteligência artificial, machine learning e automação.
• Analisar a organização de fluxo de trabalho, a gestão de fluxo de prazos
processuais e administrativos, gestão de práticas para solução de conflitos
extrajudiciais e a gestão de equipe administrativa em setores de atividades jurídicas
e extrajurídicas.
INTRODUÇÃO
Olá! Bem vindo a última unidade do material didático! E em breve você terá
vencido mais uma disciplina rumo a sua formação.
Nesta unidade refletiremos sobre a gestão e os processos envolvidos nessa
condução das atividades de prestação dos serviços e produtos jurídicos.
Para o desenvolvimento do conteúdo proposto dividimos a unidade em três
blocos. No primeiro serão apresentadas estratégias para garantir produtos de
qualidade e serviços diferenciados.
No segundo bloco estudaremos sobre inteligência artificial, machine learning
e automação, bem como a maneira como esses recursos podem ser utilizados para
facilitar nossas atividades.
No último tópico, analisaremos a organização de fluxo de trabalho, a gestão
de fluxo de prazos processuais e administrativos, gestão de práticas para solução
de conflitos extrajudiciais e a gestão de equipe administrativa em setores de
atividades jurídicas e extrajurídicas, com dicas e sugestões para elevar o resultado
da sua atividade e da equipe de trabalho.
Então pessoal, vamos em frente para enfim concluir o nosso estudo!
IV.1 DAS ESTRATÉGIAS PARA GARANTIR PRODUTOS DE QUALIDADE E
SERVIÇOS DIFERENCIADOS
Fonte: o autor.
IV.2 DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL, MACHINE LEARNING E AUTOMAÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade aprendemos ainda mais sobre qualidade dos serviços, gestão
de conflitos e de pessoas.
Conforme vimos o planejamento é essencial para garantir êxito em tudo
aquilo que se dispõe a fazer. Não basta ter um bom produto ou um bom serviço, é
preciso oferecer aos clientes qualidade, é necessário elaborar estratégias para as
empresas de serviço, pois assim as organizações poderão atender
satisfatoriamente seus clientes.
Tal qualidade se relacionada com um atendimento excepcional, o qual será
assim considerado ao oferecer ao cliente empatia, em ser visionário, pedir e ouvir
os feedbacks, e tendo como foco sempre o consumidor, conhecendo-o.
Vimos também a possibilidade de otimizar os processos, procedimentos e
resultados por meio de mecanismos de automação, da utilização de recursos
tecnológicos como forma de aperfeiçoamento na realização e oferta do produto e
do serviço.
Por fim foi trabalhado o tema exclusivo da gestão e da organização, pois
desenvolver um fluxo de trabalho eficiente, que potencialize os resultados e
minimize os custos, é um dos desafios dos gestores que se pretendeu – ao longo
do material – tornar mais simples de solucionar.
Para tanto foram apresentadas várias dicas e sugestões com o objetivo de
viabilizar um resultado melhor, em quantidade e em qualidade.
SAIBA MAIS
https://conteudo.movidesk.com/o-que-e-machine-learning/
REFLITA
https://hypescience.com/seremos-dominados-pelas-maquinas/
https://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2019/05/como
-inteligencia-artificial-vai-sair-do-controle-e-dominar-o-mundo.html
FILME
Título: O Informante (1999).
LIVRO
• Título: Qualidade total em serviços.
• Autor: Alexandre Luzzi Las Casas.
• Editora: Atlas.
• Sinopse: A obra propõe ferramentas para tratar particularidades e característic
Marketing com quem sabe. De Alexandre Luzzi Las Casas, Qualidade Total em
Serviços ― Conceitos, Exercícios, Casos Práticos ajudar empresas a obterem um
nível adequado de qualidade na prestação de serviços, com conceitos atualizados
e ferramentas modernas. Esta 7ª edição conta com reformulação na estrutura e
inserção de recursos didáticos, como as seções Links, Saiba mais e Fique atento,
além de resumos ao final de cada capítulo. Além disso, os casos também foram
atualizados, trazendo à tona exemplos de grandes empresas como Disney, Itaú e
Imaginarium. Com linguagem clara e objetiva, este livro apresenta temas como:
conceitos de qualidade e tipos de serviços; melhorias e ferramentas de análise;
marketing interno e marketing de serviços; treinamento; comunicação; mecanismos
de aprimoramento e controle; e implantação do processo de qualidade total.
Conheça mais livros do autor aqui.
REFERÊNCIAS
Prof. Tizzo