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Aracaju
2023
Rubens da Costa Santos Júnior
Aprovado em _______/________/_______.
Banca Examinadora
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Professora Orientadora
Universidade Tiradentes
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Professor Examinador
Universidade Tiradentes
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Professor Examinador
Universidade Tiradentes
Desafios Jurídicos e Sociais nas Parcerias entre a Administração Pública e as
Organizações do Terceiro Setor no Brasil: uma Análise Crítica e Propostas de
Aprimoramento
RESUMO
ABSTRACT
This article examines the legal and social challenges inherent in partnerships between
the Public Administration and Third Sector organizations in the Brazilian context. The
central objective is to carry out a critical analysis of the Third Sector, highlighting
regulations that seek to ensure efficiency, transparency and the achievement of
objectives in the collective interest. Facing obstacles such as the lack of operational
capacities, opacity in the selection of Social Organizations and the potential threat of
corruption, the aim is to preserve the effectiveness and integrity of the government
system. It uses a methodology that combines the analysis of concrete cases, the study
of legal doctrine and the analysis of relevant case law. Essentially, it aims to improve
legislation and oversight mechanisms, establishing strict criteria and effective control,
in order to maintain public trust and the quality of the services provided.
Keywords: Public Administration, Corruption, Partnerships, Transparency, Third
Sector.
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1. INTRODUÇÃO
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Do ponto de vista social, esta pesquisa reveste-se de importância ao examinar
como as parcerias entre o setor público e organizações do terceiro setor afetam a
qualidade e a equidade dos serviços públicos oferecidos à sociedade. A investigação
busca identificar desafios e oportunidades para uma prestação de serviços mais eficaz
e equitativa, o que tem relevância direta para os cidadãos.
Para atender aos objetivos desta pesquisa, será adotada uma metodologia que
combina a análise de casos concretos, o estudo da doutrina jurídica e a análise de
jurisprudência relevante. Isso permitirá uma abordagem ampla e detalhada das
questões em análise. Cada capítulo se dedicará a uma análise crítica em relação a
seus respectivos tópicos, contribuindo para uma compreensão abrangente das
complexas relações entre a Administração Pública e as organizações do terceiro setor.
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Conforme apontado por Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o termo "terceiro setor"
abrange um espectro diversificado de entidades, incluindo não apenas os serviços
sociais autônomos, mas inclusive fundações, associações, cooperativas,
Organizações Sociais (OS), Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público
(Oscips) e outras organizações civis voltadas para o bem público e isentas de
finalidade lucrativa (Di Pietro, 2023). Nesse contexto, o Direito Administrativo
contemporâneo enfrenta o desafio de regular e supervisionar as atividades do Terceiro
Setor de maneira eficaz, garantindo que essas organizações atendam aos seus
objetivos de interesse público sem comprometer os princípios da transparência,
responsabilidade e eficiência.
Uma análise mais aprofundada revela que a relação entre o Estado e o terceiro
setor é intrinsecamente ligada aos princípios da subsidiariedade e da solidariedade.
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O princípio da subsidiariedade reconhece a coexistência do Estado e da sociedade
civil como prestadores de serviços públicos complementares, distribuindo
competências entre eles de acordo com a legislação. Isso permite ao terceiro setor
exercer competências de forma mais eficaz em níveis inferiores e locais, contribuindo
para a maximização da função administrativa (Oliveira; Godói-de-Sousa, 2017). A
Constituição Federal de 1988, por sua vez, consagra a importância da solidariedade
como objetivo fundamental do Estado, buscando a erradicação da pobreza, a redução
das desigualdades sociais e regionais e a promoção de uma sociedade livre, justa e
solidária (Oliveira; Godói-de-Sousa, 2017). Essa solidariedade se traduz na
cooperação entre o Estado e as organizações da sociedade civil para a promoção de
direitos sociais em áreas como saúde, assistência social, educação, cultura, meio
ambiente, entre outras (Oliveira; Godói-de-Sousa, 2017).
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A complexidade das parcerias entre o Estado e as organizações do terceiro
setor também se reflete nas questões relacionadas à responsabilidade civil. Quando
o terceiro setor assume a execução de serviços públicos, surgem desafios relativos à
responsabilização por eventuais danos ou falhas na prestação desses serviços. O
entendimento das esferas de responsabilidade, bem como a definição de limites e
condições para a responsabilização das organizações do terceiro setor, são questões
jurídicas que requerem uma análise minuciosa.
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No contexto das políticas públicas, é importante ressaltar que nem todas elas
têm como objetivo direto a promoção de ações e medidas no campo social. Dentro
desse espectro, existem políticas sociais específicas que visam atender às
necessidades e demandas da população em áreas como saúde, educação,
assistência social e outras áreas essenciais para o bem-estar da sociedade. Como
mencionado por Cynthia Gruendling Juruena (2023) em seu trabalho "Políticas
públicas e terceiro setor: Propostas de aprimoramento", é essencial distinguir entre
políticas públicas em geral e políticas sociais, que têm um foco específico na melhoria
das condições de vida e inclusão social dos cidadãos.
O Estado Liberal burguês, que predominou nos séculos XVII, XVIII e XIX, tinha
como fundamento a limitação do Estado e a garantia dos direitos fundamentais
individuais, priorizando a liberdade do indivíduo como limite à atuação estatal. Este
modelo era essencialmente individualista e pregava a abstenção do Estado em muitas
áreas da vida social, limitando sua atuação ao papel de "polícia" do Estado.
A limitação do Estado Liberal burguês não assegurava uma vida digna para a
maioria da população. Com a crescente consciência da classe proletária de que a
liberdade individual era insuficiente para garantir uma vida digna, surgiu a necessidade
de reestruturar o Estado. Nesse contexto, os direitos fundamentais sociais ganharam
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destaque, demandando uma ação mais ativa do Estado para fornecer condições
mínimas de vida, como educação, saúde, cultura e moradia. O Estado do bem-estar
social, em oposição ao Estado Liberal, surgiu como um modelo que
constitucionalmente exigia a intervenção do Estado na ordem econômica e social,
transformando-o em um provedor de serviços públicos para todos os cidadãos,
independentemente de recursos materiais. O Estado social tornou-se uma realidade
jurídica e política, marcando uma significativa mudança na relação entre o Estado e a
sociedade.
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adequação implica em um compromisso do Estado em promover a qualidade e a
eficiência desses serviços, e a regulamentação infraconstitucional desempenha um
papel crucial na definição dos parâmetros para essa adequação.
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argumenta que a corrupção, o clientelismo e o Estado corporativo são resquícios do
Estado do bem-estar social, quando, na realidade, muitos desses problemas têm
raízes no Estado Liberal. Nesse contexto, surge a questão se a diminuição do papel
do Estado é benéfica para a sociedade e se a terceirização é uma solução política,
social e economicamente viável.
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como educação e saúde continuam sendo financiados pelo Estado,
independentemente de serem executados por entidades privadas com ou sem fins
lucrativos. Isso levanta a questão da fuga do regime jurídico administrativo e da
adequada responsabilidade do Estado na promoção do bem-estar social.
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estejam em conformidade com as necessidades públicas, garantindo a legitimidade
do poder estatal (Oliveira; Godói-de-Sousa, 2017).
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Uma das principais questões que envolvem o Terceiro Setor diz respeito à sua
relação com a Administração Pública. Conforme observado por Maria Sylvia Zanella
Di Pietro (2023), quando uma organização social assume a prestação de um serviço
público anteriormente a cargo do Estado, surgem diversas implicações.
Primeiramente, a entidade estatal que antes fornecia o serviço é extinta, deixando
incertezas quanto à continuidade da prestação. Além disso, suas instalações e
recursos, incluindo bens móveis e imóveis, são transferidos para a organização social,
levantando questões sobre a gestão desses ativos e a transparência na utilização
desses recursos públicos.
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(2020). Além dessas questões internas, o Terceiro Setor também enfrenta desafios
relacionados à sua relação com a sociedade.
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Essa caracterização se deve à transferência de atividades e serviços públicos para
entidades privadas, que passam a desempenhar funções que originalmente
incumbiam ao Estado. Tal terceirização é amparada por dispositivos legais
específicos, como a Lei nº 9.637/1998, que regula as parcerias entre o Poder Público
e as OS. No entanto, a terceirização de atividades públicas suscita preocupações
quanto à eficiência, transparência e accountability, elementos cruciais na
administração pública.
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atenção das autoridades, acadêmicos e da sociedade para garantir a eficácia,
transparência e qualidade na prestação de serviços públicos.
Maria Sylvia Zanella Di Pietro critica tais contratos de gestão, alegando que
eles permitem que o Estado preste os mesmos serviços, sob as mesmas condições,
utilizando a mesma estrutura e pessoal, porém sem a excessiva burocracia estatal. A
intenção do legislador, segundo ela, é clara: usar o contrato de gestão como forma de
escapar do regime público, transferindo a responsabilidade das atividades antes
desempenhadas pelo Estado para as Organizações Sociais. Essas entidades,
portanto, exercem serviços públicos com recursos e patrimônio públicos, sob um
regime jurídico privado, evitando as restrições da Administração Pública (Di Pietro,
2002).
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Uma questão adicional que merece destaque diz respeito ao prazo de
constituição da entidade para obtenção da qualificação como OS. Enquanto a lei
federal se mantém silente a respeito desse prazo, Maria Sylvia Zanella Di Pietro
argumenta que, para atender aos princípios constitucionais que regem a gestão do
patrimônio público, é necessário que as entidades interessadas comprovem sua
existência prévia, com sede própria, patrimônio, capital, e outros requisitos essenciais.
Isso visa evitar que entidades sem experiência anterior e sem qualificação técnica e
financeira se constituam exclusivamente com o intuito de pleitear a qualificação como
OS (Di Pietro, 2016).
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interesse particular, mas principalmente com o que é público. Ele desempenha um
papel fundamental na identificação e denúncia de atos de corrupção e improbidade,
contribuindo para a manutenção da legalidade e da moralidade na Administração
Pública.
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atuam em parceria com o Estado na prestação de serviços públicos. A eficácia dessa
parceria depende da observância rigorosa das normas e princípios que regem a
Administração Pública, tais como a legalidade, moralidade, eficiência e transparência.
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na área. Essa falta de competição pode prejudicar a qualidade dos serviços e a
eficiência na gestão dos recursos públicos.
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nesse tipo de vínculo administrativo, em razão, principalmente, da ausência de
critérios legais mais rigorosos e objetivos.
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desempenho e monitorar o cumprimento das metas estabelecidas nos contratos de
gestão. Isso compromete a capacidade do Estado de garantir que os recursos públicos
sejam utilizados de forma eficiente e de prestar contas à sociedade.
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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A relação entre o terceiro setor e a administração pública é complexa, e a
transferência de responsabilidades nem sempre é transparente e eficaz. Isso suscita
preocupações sobre a continuidade da prestação de serviços, gestão dos bens
públicos e a eficácia, ética e alinhamento com o interesse público do trabalho do
terceiro setor.
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Estado, constituído por um povo, um território e um governo soberano. Assim, este
artigo reside na compreensão de que o aprimoramento constante das parcerias entre
o Terceiro Setor e a Administração Pública não só aborda desafios, mas também
representa um caminho promissor para uma gestão mais eficiente, transparente e
alinhada aos interesses coletivos.
9. REFERÊNCIAS
MOTTA. Paulo Roberto Ferreira. Agências reguladoras. Barueri, SP: Manole, 2003.
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Gestão Social, [S. l.], v. 4, n. 3, 2016. Disponível em:
https://periodicos.ufba.br/index.php/rigs/article/view/10976. Acesso em: 21 ago. 2023.
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