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RESPEITO PELOS DIREITOS FUNDAMENTAIS E EFECTIVIDADE DAS

MEDIDAS EXTRAJUDICIAIS NA RESOLUÇÃO DOS CONFLITOS NO AMBITO


DO DIREITO ADMINISTRATIVO

Rogerio J.Tiago Jaime


Doutorando em Direito Público – UCM – FADIR
Coordenador dos Cursos de Mestrado no ISCTAC - Pemba
E-mail: r.langa@yahoo.com.br

RESUMO
A maneira como a Administração Pública é compreendida vem sendo alterada, pois a sua
especial posição no Estado Democrático de Direito e a sua razão de existir, passou a ser
percebida diferentemente da concepção tradicional da superioridade entre os particulares. Ao
mesmo tempo os direitos fundamentais, considerados como aqueles de maior essencialidade às
pessoas, são reconhecidos meramente pela humanidade, mas a sua fundamentalização,
concedeu ao indivíduo a posição central na titularidade de direitos, condição revelada pelos
direitos fundamentais. ‘E neste contexto que este artigo analisa as medidas extra judiciais de
resolução de conflitos no ambito do direito administrativo, considerando de um lado a
problematica do Estado Democratico de Direitos e de outro lado a questão dos direitos
fundamentais. Metodologicamente, trata se de um estudo bibliografico e de doutrinas que
versam sobre a tematica, e baseou-se em literatura cinzenta, composta de livros, jornais e
anotações importantes para o desenvolvimento do trabalho. Dos resultados percebeu-se que no
ambito do direito administrativo, o Estado passa a ter o dever de assegurar a proteção dos
direitos individuais, não somente na relação entre particulares, mas também entre estes e o
próprio Estado. Ao mesmo tempo que se defende a necessidade de colocar os aparatos
administrativos em uma nova dimensão que lhes ponha a serviço da pessoa humana e lhes dirija
no sentido da colaboração com os indivíduos para o desenvolvimento de suas potencialidade.
Nisto, em termos de conclusão compreende se que as funções primordiais da Administração
Pública é o respeito e a concretização dos direitos fundamentais dos administrados,
possibilitando, consequentemente, uma actuação mais competente. Nesse sentido, dos
princípios que regem o direito administrativo, notamos que alguns destes foram dispostos em
consonância com as resolução dos conflitos por via das medidas extra judiciais.
Palavras-Chave: Extra-judicial, Direito Administrativo, Mediação, Negociação, Arbitragem.

ABSTRACT
The way in which the Public Administration is understood has been changing, since its special
position in the Democratic State of Law and its reason for existing, has come to be perceived
differently from the traditional conception of superiority among individuals. At the same time
the fundamental rights, considered as those of greater essentiality to people, are merely
recognized by humanity, but their foundationalization, has granted the individual the central
position in the ownership of rights, a condition revealed by the fundamental rights. It is in this
context that this article analyzes the extra-judicial measures of conflict resolution in the field
of administrative law, considering on one side the problematic of the Democratic State of
Rights and on the other the issue of fundamental rights. Methodologically, it is a bibliographic
and doctrinal study that deals with the theme, and it is based on grey literature, composed of
books, newspapers and important notes for the development of the work. The results show that

1
in the field of administrative law, the State has a duty to ensure the protection of individual
rights, not only in the relationship between individuals, but also between individuals and the
State itself. At the same time, the need is defended to place the administrative apparatus in a
new dimension that places it at the service of the human person and directs it toward
collaboration with individuals in order to develop their potential. In conclusion, it is understood
that the primary function of the Public Administration is the respect and the concretion of the
fundamental rights of the administrators, making possible, consequently, a more competent
performance. In this sense, of the principles that govern administrative law, we note that some
of these have been arranged in line with the resolution of conflicts through extra-judicial
measures.
Keywords: Extrajudicial, Administrative Law, Mediation, Negotiation, Arbitration.

1. INTRODUÇÃO
O processo da complexidade do direito moderno e contemporâneo, aliado as lições de
Souza Santos1, nota se em cada um dos três pilares que a sustentam: o estado, o mercado e a
comunidade”, segue lhe o viés da modernidade, que procura continuamente identificar e
analisar o processo de evolução do direito positivo.
Também estes meios de autocomposição (Conciliação e Mediação) e heterocomposição
(Arbitragem) têm grande importância, já que outras portas se abrem, além do litígio
judicializado, para que os conflitos se resolvam de forma mais célere e menos dispendiosa,
com métodos que enfrentem a fundo o problema que causou a demanda, buscando pacificar
relações outrora desgastadas por mágoas e ressentimentos, visando estabelecer ou restaurar o
diálogo e a compreensão, preservando-se a confidencialidade das declarações feitas pelas
partes (como ocorre na Mediação), sendo o acordo uma consequência disso (Neto, 2009).
Dada esta configuração, com o processo de advento do Estado de Direito, verificou se
a ampliação de movimentos que tendia a luta para cada vez mais cesso à justiça, oque obrigou
a actuação positiva do Estado, para assegurar materialmente o acesso aos direitos individuais,
sociais, agrários e outro, proclamados a todos os indivíduos. Neste contexto de garantir
igualdade material no acesso à justiça é que se coloca o estudo dos meios alternativos de
resolução de litígios como instrumentos de ampliação do acesso à justiça.
Uma das obrigações do Estado moderno é tutelar direitos dos cidadãos em sua ampla
variedade, porém, existem alguns países que não tem a estrutura necessária para satisfazer todas
as necessidades que o processo de globalização cria, sobretudo o aumento da população e do
processo de urbanismo2. Hoje por exemplo, acesso da justiça é considerado um direito

1
SOUZA, Santos, Boaventura, et all (1996) Os tribunais nas sociedades contemporâneas: O caso Português. Porto:
Afrontamento.
2
SOUZA, Santos (op cit); MATTOS (2009)

2
fundamental, ele pode ser subentendido como sendo a possibilidade de todos os cidadãos,
independentemente da sua situação económica ou de outra forma de estratificação social, de ir
para o sistema previsto na resolução de conflitos e defesa dos direitos protegidos pela lei.
Dada esta configuração, no contexto de Moçambique, a analise das principais
dificuldades que um conjunto de cidadãos, independentemente da sua condição social,
económica, etc., encontra no conjunto de instrumentos para o acesso a justiça, segue lhe um
olhar mais critico dos três meio alternativos de resolução de conflitos, e a necessidade de
considerar quatro elementos importantes, sem os quais, é difícil efectivar o processo de
mediação, conciliação e arbitragem, como segue: a cooperação, tolerância, empatia e diálogo.
Até nosso melhor conhecimento, é indiscutível que o homem nasceu para viver em
sociedade e sua interacção complementa esta sua vivência, oque lhe permite buscar realizar
uma ideia de vida. Neste sentido, em dada altura da uma convivência, surgem conflitos, entre
os interesses sejam eles, individuais, colectivos ou difusos, e as necessidades de se
proporcionar protecção às prerrogativas dos entes, sempre foram uma constante na vida social.3
Por meio disso, este artigo apresenta como objectivo de investigação, analisar os meios
alternativos de resolução de conflitos no ambito do direito administrativo. Em termos
categóricos, a sociedade Moçambicana e o seu sistema jurídico, deveria prover à população
modos de solucionar seus conflitos, mecanismos de exercer seus direitos e deduzir suas
pretensões, tendo em vista que, a luz da lei, e das disposições legais que regulam a sociedade,
o sistema judicial Moçambicano deve estar ao alcance de todos em condições de igualdade.
Foi por isso que foi estabelecida a arbitragem, momento em que o Estado começa a
intervir obrigando a adopção da arbitragem pelas partes quando estas não resolviam
consensualmente, e assegurando a execução da sentença.
Este artigo, apresenta se dividido em 4 secções onde, a 1ª, discute numa dimensão
teórica, o processo e meios alternativos de acesso a justiça, indicando as suas principais
características, modelos e métodos. Aliado a isso, apresentando alguns pontos breves sobre o
debate de acesso a justiça. Na secção 2, de forma breve, apresenta se a metodologia utilizada
no processo de elaboração do artigo. Secção 3, lustra se a discussão dos resultados, onde de um
lado apresentamos uma ligação entre a teoria e a pratica e leva se em conta, a dimensão
positivada (instituída por meio de leis e decretos) e os mecanismos de resolução dos conflitos
no ambito do direito administrativo. Ao fim do artigo, apresenta-se as considerações finais e
as principais referências utilizadas no processo de elaboração do artigo.

3
Cf em Dante e Almeida (1998), Alvarez (1996)

3
2. DISCUSSÃO TEÓRICA
Até nosso melhor conhecimento, é indiscutível que o homem nasceu para viver em
sociedade e sua interacção complementa esta sua vivência, oque lhe permite buscar realizar
suas ideias de vida. Neste sentido, em dada altura da convivência, surgem conflitos, entre os
interesses sejam eles, individuais, colectivos ou difusos, e as necessidades de se proporcionar
protecção às prerrogativas dos entes, sempre foram uma constante na vida social4.
Em termos categóricos, todas sociedades e seu sistema jurídico, deve prover à
população modos de solucionar seus conflitos, exercer seus direitos e deduzir suas pretensões,
tendo em vista que, a luz da lei, e das disposições legais que regulam a sociedade, o sistema
judicial deve estar ao alcance de todos em condições de igualdade5. A luz da indicação acima,
verifica-se que em termos de retrospectiva histórica, desde o começo dos tempos, a vingança
era a forma mais correta e alternativa de resolução de conflitos e de fazer justiça, oque ficou
chamado de autotutela ou autodefesa. Veja que, vigorava a Lei da XII Tábuas, originária da
Lei do Talião, onde os seus fundamentos indicavam (olho por olho, dente por dente, em que se
limitava a vingança ao tamanho do dano)6.

2.1. MEIOS ALTERNATIVOS


De forma geral, os meios alternativos para resolução de conflitos, pode ser conceituada como
sendo,
[...] Uma técnica para solução de controvérsias através da intervenção
de uma ou mais pessoas que recebem seus poderes de uma convenção
privada, decidindo com base nesta convenção, sem intervenção do
Estado, sendo a decisão destinada a assumir eficácia de sentença
judicial [...] 7.

Para este fim, a forma de enfrentar os conflitos determina a diferença nas soluções dos
impasses surgidos das relações entre as pessoas ou grupos. Por isso, muita das vezes a
necessidade da intervenção de uma terceira pessoa na solução dos conflitos é, na maioria das

4
EGGER, Ildemar. Cultura da paz e mediação – uma experiência com adolescentes. Florianópolis: Fundação
Boiteux, 2008, p. 81.
MENDONÇA, Ângela HaraBuonomo. Introdução aos métodos extrajudiciais de solução de controvérsias.
Brasília: CACB/SEBRAE 2003, p. 34.
5
Idem.
6
SENA, A.G. Formas de Resolução de Conflitos e Acesso à Justiça. Revista Tribunal Regional do Trabalho da
3ª Região, v.46, n.75, p.93-114. Belo Horizonte, 2007.
7
Idem.

4
vezes, desejada para evitar o confronto directo e todos os sentimentos angustiantes que
envolverem aqueles que buscam a solução para o impasse, pois o Poder Judiciário, ao utilizar
suas faculdades legais, tem por objectivo dar fim ao conflito, e toma as decisões sobre os
assuntos, analisando somente o enfoque jurídico da procedência ou improcedência8.
Alguns autores ilustram que como a forma de analisar e resolver os conflitos, deve ser
penado numa escala de múltiplas ondas. Ou seja, apenas dando enfase a 3ª Onda, que mais se
interlaça com os meios alternativos de resolução de conflitos, onde o objectivo era de
minimizar o acúmulo de processos nos tribunais; reduzir os custos da demora; incrementar a
participação da comunidade nos processos de resolução de conflitos; facilitar o acesso à justiça;
e fornecer a sociedade uma forma mais efectiva de resolução de conflitos9.
Dada esta configuração, Alvaréz apresenta algumas vantagens desta 3ª onda, das quais:
os meios alternativos de resolução de conflitos são rápidos: pois ao invés de demorar anos,
pode terminar com o problema em poucas semanas em até apenas uma audiência de poucas
horas; confidenciais: devido a seu carácter privado; informal: existem procedimentos sim,
porém sem o rígido formalismo; flexível: pois as soluções não estão predispostas em
precedentes legais, possibilitando que haja justiça baseada nos fatos únicos do caso;
econômicas: oferecem custos diversos, mas sempre são mais baratos que o litígio dentro do
sistema formal; justas: pois se adapta mais às necessidades concretas e particulares das partes;
exitosas: vez que os resultados são muito satisfatórios10.
Procedendo com a explicação é possível perceber que ele aponta a existência de questões
importantes a serem encaradas como: Quais as instituições a promover os procedimentos
simplificados? Quais as pessoas podem trabalhar nessas instituições? Quais os padrões e
garantias mínimos a serem mantidos nos meios alternativos de Solução de Conflitos?11.

8
Esta linha argumentativa do autor, ilustra que o Poder Judiciário, não toma em consideração as disposições das
soluções tradicionais, como os anseios, desejos, aflições, angústias e expectativas das partes, apenas decide o
processo (THOMÉ, 2010, p.112).
9
Duarte, L. S. A. (2017). MEIOS ALTERNATIVOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITO. http://www. atenas. edu.
br/faculdade/arquivos/nucleoiniciacaociencia/revistajuri2008/2. pdf>. Acesso em, 28, 12.
10
ÁLVAREZ, Gladys S. et al. Mediación y justicia. Buenos Aires: Delpalma, 1996.
11
CAPPELLETTI, Mauro e GARTH, Bryant. Acesso à Justiça. Porto Alegre: Fabris, 1988.

5
2.2.Formas Alternativa de Resolução de Conflitos: Características e
Complementaridades
Uma das formas de pensar o processo de resolução de conflitos, é colocar ele em dupla
dimensão: a dimensão formal, isto é, nas instâncias e nos procedimentos formais do poder
judiciário e as instâncias informais, isto é, os meios que não acarretam muito tempo e que são
flexíveis. Dadas as constatações sobre os factores económicos, sociais, culturais e outros, que
influenciam a população ganhar cada vez mais consciência da existência do dever de
prevalência de seus direitos, oque em parte permite o aumento contínuo da demanda pela
prestação jurisdicional, por parte do Poder Judiciário que sofre aumento em sua demanda. Por
meio disso, o trio arbitragem, conciliação e mediação, deve se constituir como meios
alternativos ao judicial, no processo de resolução conflitos.

2.2.1. ARBITRAGEM
Alguns autores ilustram que arbitragem é uma das instituições utilizadas para promover
a solução alternativa dos conflitos, e da mesma forma que alguns outros institutos é um meio
paraestatal de solução de conflitos, que são retirados da esfera judicial e entregue a um
particular para serem resolvidos. Alias, a arbitragem esta dentro do leque do debate que o
Direito contemporâneo vem, paulatinamente, abrindo espaço para o surgimento e a
institucionalização de vias menos ortodoxas de solução de conflitos, como forma de combate
à crise do Judiciário12.
Decerto que, a arbitragem, é um técnica para a resolução de litígios fora dos tribunais,
onde as partes em problemas ou litígios referem-se a uma ou mais pessoas - árbitros, cujo
decisão dos mesmos, concordam em se comprometer. Como indicado anteriormente, a
arbitragem, é uma técnica de resolução em que um terceiro ente é evidenciado no caso e impõe
uma decisão que é juridicamente vinculativo para ambos os lados e executável13.

Algumas Modalidades da Arbitragem e (Des) Vantagens


O processo de arbitragem per si, pode ser voluntária ou obrigatória. Em sua dimensão
obrigatória (única a dar enfase neste estudo) ela pode ocorrer em situações em que o estatuto
ou o contrato que é voluntariamente celebrado, onde as partes concordam em manter todas as

12
LEONARD L. Riskin e James E. Westbrook. Dispute Resolution and lawyers, Abridged edition, Second,
edition, Westgroup, St Paul, Minn; 1998.
13
Idem.

6
ou futuras disputas à arbitragem, sem necessariamente saber, especificamente, que disputas
ocorrerão14.
Com base nos trabalhos pioneiros, as vantagens da Arbitragem podem ser resumidas da
seguinte forma:
i. Geralmente, é mais rápido que o litígio no tribunal;
ii. Pode ser mais barato e mais flexível para as empresas;
iii. Os processos arbitrais e a sentença arbitral geralmente não são públicos e podem ser
confidenciais;
iv. No processo arbitral, a linguagem da arbitragem pode ser escolhida, que, nos processos
judiciais, a língua oficial do Tribunal competente será aplicado automaticamente;
v. Existem vias muito limitadas para recurso de uma sentença arbitral;
vi. Quando o assunto da disputa é altamente técnico, os árbitros com um grau apropriado
de especialização podem ser nomeados como não se pode escolher juiz em litígio.

Denotamos algumas desvantagens da Arbitragem, que pode ser resumida da seguinte forma:
i. O árbitro pode estar sujeito a pressões das partes poderosas.
ii. Se a arbitragem for obrigatória, as partes renunciam o seu direito de acesso aos
tribunais.
iii. Em alguns acordos de arbitragem, as partes são obrigadas a pagar pelos árbitros, que
adicionam um custo adicional, especialmente em pequenas disputas de consumo.

2.2.2. MEDIAÇÃO
Neste ponto, ilustramos que a Mediação como um método de solução de conflito traz
inúmeros benefícios àqueles que a procuram. Dentre eles pode-se destacar a autonomia da
vontade entre as partes, a menor morosidade para solução do conflito, além de que o mediador
terá um conhecimento dos sentimentos, da dor, do sofrimento causado às partes que o
procuraram15.
Mais ainda, a mediação representa uma importante ferramenta, pois possibilita por
possibilitar que as partes compreendam o litígio, que vejam o lado do seu outro, recuperando a
comunicação e a autodeterminação, visando solucionar a lidar de forma consensual, através de
um acordo por elas mesmas obtido, com o auxílio de um mediador. Notavelmente, a

14
SENA, A.G. Formas de Resolução de Conflitos e Acesso à Justiça. Revista Tribunal Regional do Trabalho da
3ª Região, v.46, n.75, p.93-114. Belo Horizonte, 2007.
15
(Mauro Cappelletti, 1988, p.23).

7
possibilidade de cumprimento da decisão tomada pelas próprias partes, de acordo com as suas
verdadeiras necessidades, é superior a uma decisão imposta por um terceiro. Por essas razões,
pode-se definir a mediação como,
[…] um processo no qual uma terceira pessoa, neutra, o mediador,
facilita a resolução de uma controvérsia ou disputa entre duas partes. É
um processo informal, sem litígio, que tem por objectivo ajudar as
partes em controvérsia ou disputa a alcançar aceitação mútua e
concordância voluntária […]16

Alguns autores indica que, a mediação constitui uma intervenção breve, em que o
objecto não é tratar as causas dos problemas, mas tentar resolver as questões que surgem no
momento do problema e sua resolução. Neste caso, o mediador emprega estratégias para
amenizar o impacto do conflito e solucionar as questões em litígio. Salvo indicações contrárias,
a mediação cuida muito do presente e do futuro do que do passado, e incide mais nos acordos
necessários durante o problema17.
Explicações adversas de Serpa referem que à mediação, normalmente é um processo
informal, voluntário, onde um terceiro interventor, neutro, assiste (a)os disputantes na
resolução de suas questões. E um dos principais papeis do interventor é ajudar na comunicação
através de neutralização de emoções, formação de opções e negociação de acordos.

2.2.3. CONCILIAÇÃO

A conciliação é método pelo qual o conciliador, que é terceiro imparcial, dialoga com
as partes no sentido de que encontrem denominador comum, a fim de que desistam ou evitem
o litígio judicial por meio da renúncia, submissão ou transacção. Desta feira, importante
mencionar que durante a conciliação, não são praticados quaisquer actos de jurisdição pelo
terceiro, pois a conciliação visa uma solução imediata para o litígio18.
Como observado anteriormente, na conciliação, não se tem a obrigatoriedade do
conciliador possuir formação académica no curso de Direito, e este, possui total liberdade na
sessão conciliatória, argumentando junto às partes. Isto porque, esse método pode se mostrar
eficaz para dirimir as barreiras burocráticas, dada à celeridade do ato, e incentivar às pessoas á

16
(Grunspun, 2000, p. 13)
17
SOUZA, W. A. de. Acesso à Justiça: Conceito, Problemas e a Busca da sua Superação. Portal E-GOV. 2012.
18
SANTOS, Ricardo Soares Stersi dos. Noções gerais da arbitragem. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2004, p.
30.) Sales, 2004; Egger, 2008;

8
optar por ele em detrimento de enfrentar um longo e desgastante processo nas vias judiciais
comuns19.
Algumas características devem ser evidenciadas neste processo de conciliação, dos
quais:
- Um processo voluntário em que as partes envolvidas estão livres para concordar e tentar
resolver o problema;
- Processo flexível, permitindo que as partes definam o tempo, estrutura e conteúdo do processo
de conciliação.
- No acto do acordo, não só levar em conta a legalidade das partes em oposições, mas também
deles: comercial, financeiro e / ou pessoal interesses.
- A conciliação envolve discussões entre os partes interessadas e o conciliador, com o objectivo
de explorar soluções equitativas;
- O conciliador não decide pelas partes, mas se esforça para apoiá-los na geração de opções, a
fim de encontrar uma solução que é compatível com ambas as partes.

2.3. Complementaridades entre as formas alternativas de Negociação


Dada as disposições adversas sobre as formas alternativas de resolução de conflitos,
subentende se que deve constituir um processo indispensável para pacificar a relação social
entre as partes. Ou seja, o processo de resolução de conflitos, tenta verificar, entender e olhar
os conflitos entre as pessoas e que permita mais tarde, construir as melhores forma de olhar o
problema como uma condição continua da relação entre as partes na sociedade. Dada esta
categoria, é possível pensar que a mediação constitui uma forma alternativa de resolução de
conflito, como as demais outras afim de se evitar o ingresso no Poder Judiciário.
Neste contexto, deve-se distinguir mediação de conciliação, pois ainda existe uma
confusão na diferenciação de ambos os institutos, distingue mediação de conciliação pois a
primeira envolve um processo onde o papel do mediador é mais activo, em termos de facilitação
da resolução do conflito e mais passivo em relação à intervenção no mérito ou enquadramento
legal. E a conciliação é conceituada como um acordo de vontades, voluntário onde concessões
mútuas são feitas, com vistas à solução do conflito20.

19
idem
20
SOUZA, W. A. de. Acesso à Justiça: Conceito, Problemas e a Busca da sua Superação. Portal E-GOV. 2012.

9
2.4. ACESSO A JUSTIÇA: CONSIDERAÇÕES E PROBLEMÁTICAS

Tanto quanto entendemos, o Acesso à Justiça deve constituir um direito fundamental


em todos os Estados de Direito Democrático, que visa garantir a efectividade dos outros direitos
com o mesmo status constitucional, continuamente garanta o amplo e efectivo acesso a todos
os meios de solução de conflito, sendo eles judiciais ou extrajudiciais.
De certo que, a ideia do Acesso à Justiça, pode ser conhecida hoje como condição
fundamental de eficiência e validade de um sistema jurídico que vise a garantir direitos. Na
realidade, a ideia geral do acesso à Justiça, compreende os equivalentes jurisdicionais, os quais
são: autotutela, auto composição, mediação e arbitragem, compreendendo também um sentido
axiológico e coerente com os direitos fundamentais. Da mesma forma,
O primeiro, atribuindo ao significante Justiça o mesmo sentido e
conteúdo
que o Poder Judiciário, torna sinónimas as expressões acesso à justiça
e
acesso ao Judiciário; o segundo, partindo de uma visão axiológica da
expressão Justiça, compreende o acesso a ela como o acesso a uma
determinada ordem de valores e direitos fundamentais para o ser
humano21

O entendimento internacional sobre acesso à justiça, indica que um dos objectivos deve
ser o direito a tutela jurisdicional do Estado. A partir desta posição, indica que,
[...] Acesso à Justiça ou mais propriamente acesso à ordem jurídica
justa
significa proporcionar a todos, sem qualquer restrição, o direito de
pleitear a
tutela jurisdicional do Estado e de ter à disposição o meio
constitucionalmente previsto para alcançar esse resultado. Ninguém
pode ser privado do devido processo legal, ou, melhor, do devido
processo
constitucional. É o processo modelador em conformidade com as

21
Cf em (Rodrigues, 1994, p. 22).

10
garantias
fundamentais, suficientes para torná-lo équo, giusto [...]22

2.4.1. Dificuldades do Acesso à Justiça


O facto de constituir um problema padrão, verifica se que o sistema jurídico-
constitucional que vise à valorização do ser humano e a garantia de todos os seus direitos
fundamentais, deve da mesma forma garantir aos seus tutelados a efectivo e amplo acesso à
justiça, visto que, além de garantir um direito, deve possibilitar, ao lesado a reparação ou a
supressão da lesão23.

2.4.2. Alguns Entraves

Um dos pontos importantes para compreensão das problemáticas e limites do acesso a


justiça são as custas judiciais, que per si, constitui um dos grandes obstáculos ao acesso ao
Poder Judiciário. Apesar da garantia da gratuidade assegurada a todos que aleguem a
insuficiência de recursos para custear a demanda, isto em vários países e quadrantes do mundo,
ainda há muitos cidadãos que são excluídos dos serviços judiciais, diante da inevitabilidade
dos custos.
De outra forma, a dimensão económica, ilustra os obstáculo que vários países vivem,
como Moçambique e outros, em que boa parte da população não possui qualquer amparo no
que diz respeito a saneamento básico, sem esquecer da miséria e o custo de vida alto, onde os
rendimentos e as propriedades cada vez mais concentrados nas mãos de uma elite. Antes de
prosseguir, importa salientar que, com o elevado custo do processo judicial em vários países,
parcela significativa da população não tem condições de arcar com as despesas advindas das
custas processuais, honorários advocatórios, perícias24.
Para definirmos a nossa ideia de forma contextual, Santos, em seu texto “Acesso ao
Direito e à Justiça”, indica que muitos direitos se perdem porque seus titulares não estão
dispostos a lutar por eles, conscientes de que nenhum proveito concreto lhes trará a protecção
judiciária tardia, ou, até, de que os ónus e sofrimentos da perseguição do direito sobrepujarão
o beneficio de sua conquista. Com precisão, ilustra que,

22
Cf (Bedaque, 2003; p. 42)
23
Cf em (Rocha, 2007, p. 71)
24
SENA, A.G. Formas de Resolução de Conflitos e Acesso à Justiça. Revista Tribunal Regional do Trabalho da
3ª Região, v.46, n.75, p.93-114. Belo Horizonte, 2007.

11
[...] os cidadãos de menores recursos tendem a conhecer pior os seus
direitos e, portanto, a ter mais dificuldades em reconhecer um problema
que os afecta como sendo um problema jurídico. Podem ignorar os
direitos em jogo ou ignorar as possibilidades de reparação jurídica. (...)
mesmo reconhecendo o problema como jurídico, como a violação de
um direito, é necessário que a pessoa se disponha a interpor a acção
[...]25

3. METODOLOGIA

Metodologicamente trata se de um estudo que se assegura como descritivo e sua


abordagem no seu âmago é qualitativa, que baseou-se em pesquisa empírica e teórica sobre
amplas matérias inerentes ao debate dos meios alternativos de resolução de conflitos como
instrumentos de acesso a justiça na sua relação com a mesma, forma seguiu se uma pesquisa
documental e da literatura cinzenta jornal, legislação, aulas, sobre a problemática em causa
como indicam os (3) três componentes dos meios alternativos de resolução de conflitos
nomeadamente‫ ׃‬Mediação, Conciliação e Arbitragem e de outro lado os contornos e desafios
actuais sobre acesso a justiça. Também usou o Método Bibliográfico.
A pesquisa bibliográfica ou de fontes secundárias abrange toda a bibliografia já tornada
pública no que concerne ao tema em estudo, desde de publicações avulsas, boletins jornais,
revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico, filmes…”. Este método
consistiu na recolha de informações através de diferentes literaturas que dão directrizes como
é que o problema proposto poderá ser resolvido.
O seu uso no trabalho, ajudou na obtenção de várias informações que permitiram a
realização do presente trabalho. A escolha e o recorte do escopo da justiça deveu se ao facto
de ser poucos estudos, em relação ao debate do acesso a justiça e o seu papel no estado de
direito democrático, e o facto de ser importante desenvolver se amplos argumentos que possam
evidenciar efectivação concreta dos meios alternativos em Moçambique.

25
(Santos, 2003, p.177).

12
4. DISCUSSÃO DE RESULTADOS

Segundo Paula (2005, p.23) a “nova Administração Pública” “[...] mantém a dicotomia
entre a política e a administração, pois adere a uma dinâmica administrativa que reproduz a
lógica centralizadora das relações de poder e restringe o acesso dos cidadãos aoprocesso
decisório.”. Em que pese a Administração Pública ser respaldada por princípios os quais devem
ser observados, o modelo de gerenciamento de conflitos, através do uso da mediação busca
novos padrões organizacionais, utilizando e aperfeiçoando mecanismos de administração
consensual e participativa, a fim de promover a resolução do litigio de forma célere e eficaz26.

Entretanto, a Administração Pública na resolução de seus conflitos, fazendo uso


da mediação, deve estar atenta aos princípios que a regem, entre estes o princípio da legalidade
dos atos e o princípio da indisponibilidade do interesse público, deve-se traçar um paralelo
entre estes e a dignidade da pessoa humana de acordo com o constitucionalismo, visando desta
forma, a proteção dos direitosindividuais e coletivos, nesta esteira, Abboud (2011, p.97), ilustra
que
Deste modo, se nos direitos fundamentais estão fundidos interesses públicos e
interesses privados, disso se obtém que tão logo uma liberdade constitucional seja restringida,
é também afetada a coletividade. Tão logo algum direito fundamental seja lesionado também
sempre será afetado o interesse público [...]
No que tange a figura dos meios de resolução de conflitos tais como, a mediação,
conciliação e arbitragem o legislador preconizou na lei 11/ 99 de 8 de Julho, nos termos do
artigos 4 a 39 e 44 impugnação a 48, 49 a 51, 52 a 59, 60 a 66 ambos da mesma lei, outrora o
Decreto nº 50/ 2009 de 11 de Setembro, Regulamento da Comissão de Mediação e Arbitragem
laboral nos termos do artigo 19 a 25, 28 a 42 e 43 a 47 ambos da mesma lei, sem se esquecer
também do próprio dispositivo constitucional como pugna nos termos do artigo 62 da
constituição da república de Moçambique.
A administração pública com respaldo na Lei decorre da evolução estatal, com a
transformação do Estado Absolutista para o Estado Liberal, tendo estabase no positivismo.
Todas essas modificações sociais fazem com que o Estado assuma um papel de garantidor dos
direitos atuando de forma prestacional ao Estado do Bem-Estar Social (Nunes, 2016).

26
(Mattos, 2009, p. 76).

13
Desta forma, a participação de todos os sujeitos processuais no decorrer do processo,
cooperando entre si, limita a participação do Poder Judiciário, gerando economia processual e
assegurando a importância para que haja solução consensual entre as partes, auxiliando o Poder
Judiciário na resolução do conflito, contribuindo para reduzir o número de processos posto sob
sua égide. (SILVA E SPENGLER, 2013, p. 05)
Da mesma forma, o Poder Legislativo ao editar legislações que possibilitem a
implantação dos métodos autocompositivos, estão colaborando para a redução do número de
processos colocados sob a égide do Poder Judiciário, à medida que incentivam as formas de
resolução alternativas dos conflitos. Neste sentido, exalta Nunes (2016, p. 35),

Medidas concretas de resolução de conflitos no Ambito dos Atos Administrativos


A questão do Respeito pelos Direitos Fundamentais

Os atos são per si como instrumento exclusivo de definição e atendimento do interesse público,
mas como atividade aberta à colaboração dos indivíduos. Passa a ter relevo o momento do
consenso e da participação. (MEDAUAR, 2003, p.211). Segundo Paula (2005, p.23) a “nova
Administração Pública” “[...] mantém a dicotomia entre a política e a administração, pois adere
a uma dinâmica administrativa que reproduz a lógica centralizadora das relações de poder e
restringe o acesso dos cidadãos aoprocesso decisório.
O modelo de gestão de conflitos, através do uso da mediação busca novos padrões
organizacionais, utilizando e aperfeiçoando mecanismos de administração consensual e
participativa, a fim de promover a resolução do litigio de forma célere e eficaz. Entretanto, a
Administração Pública na resolução de seus conflitos, fazendo uso da mediação, deve estar
atenta aos princípios que a regem, entre estes o princípio da legalidade dos atos e o princípio
da indisponibilidade do interesse público, deve-se traçar um paralelo entre estes e a dignidade
da pessoa humana de acordo com o constitucionalismo, visando desta forma, a proteção dos
direitosindividuais e coletivos, nesta esteira, Abboud (2011, p.97), destaca que,
Deste modo, se nos direitos fundamentais estão fundidos interesses públicos e interesses
privados, disso se obtém que tão logo uma liberdade constitucional seja restringida, é também
afetada a coletividade. Tão logo algum direito fundamental seja lesionado também sempre será
afetado o interesse público.
Os conflitos devem ser solucionados visando à negociação adequada e para tanto, a
Administração Pública deve estar atenta a proteger a coisa publica sem causar lesão ao direito

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dos seus administrados, aferindo assim vantagem para ambos. Ao mencionar o direito
fundamental a boa administração, Freitas (2014, p.21), destaca que,
Direito fundamental à administração pública eficiente e eficaz, proporcional cumpridora de
seus deveres, com transparência, motivação, imparcialidade e respeito à moralidade, à
participação social e à plena responsabilidade por suas condutas omissivas e comissivas. A tal
direito corresponde o dever de a administração pública observar, nas relações administrativas,
a cogência da totalidade dos princípios constitucionais e correspondentes prioridades.
O Código de Processo Civil (CPC) revê as formas de se lidar com o conflito. Reconhece as
dificuldades históricas dos meios adversariais e a resolução de conflitos pela via processual,
com a sua pacificação através da sentença. Coloca em destaque as formas consensuais, do
diálogo processual, do negócio jurídico processual, da cooperação e das formas
autocompositivas. Enquanto o CPC anterior não falava em Autocomposição o novo menciona
a palavra pelo menos vinte vezes ao longo do seu texto. [...]
O autor ainda acrescenta que, além de representar marco legal da Mediação entre os
particulares, houve também a inovação através da utilização da autocomposição nas questões
que envolvem o âmbito do direito Administrivo, comtemplando assim, as pessoas jurídicas,
públicas e privadas e ainda as pessoas físicas de forma geral.
Pode-se definir amediação de um conflito, como a intervenção construtiva de um terceiro
imparcial junto às partes nele envolvidas, conduzindo a negociação em etapas sequenciais,
dirigindo o “procedimento”, mas este deve abster-se de aconselhar, assessorar, emitir opinião
ou ainda propor fórmulas de acordo, visando a busca de uma solução da disputa pelas próprias
partes envolvidas no conflito (Borfe e Rodrigues, 2018).
Como forma de resolução consensual a utilização da Mediação na esfera da Administração
Pública possibilita deixar para trás a verticalidade e burocracia Estatal e promover o
reestabelecimento do diálogo entre os envolvidos no conflito. Desta forma, temos a
transformação positiva no sentido de deixar de lado o instinto competitivo para atuar
cooperando, desta forma, as partes visam à possibilidade da transação, negociação ou a
renúncia, fortalecendo-se, portanto, a promoção da justiça, a garantia dos direitos fundamentais
e sociais, gerando benefícios recíprocos as partes envolvidas no litigio. Para Martins (2003, p.
57-58), através do exercício da Mediação na resolução da lide ocorrem mudanças sociais
fazendo com que a autonomia de vontade das partes seja um forte aliado na resolução adequada
dos conflitos.
Nosso entendimento é fundamentado por Paula (2005, p.23) que explica a ideia segundo a qual
, a “nova Administração Pública” mantém a dicotomia entre a política e a administração, pois
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adere a uma dinâmica administrativa que reproduz a lógica centralizadora das relações de poder
e restringe o acesso dos cidadãos ao processo decisório.
Em que pese a Administração Pública ser rodeada por princípios dos quais devem ser
observados, o modelo de gestão de conflitos, através do uso da mediação busca novos padrões
organizacionais, utilizando e aperfeiçoando mecanismos de administração consensual e
participativa, a fim de promover a resolução do litigio de forma célere e eficaz. Neste sentido
afirma Moreira (2003, p.65), a Administração Pública e o direito administrativo caminham da
rigidez autoritária para a flexibilização democrática”.
Adicionalmente, com a crescente expansão dos direitos humanos, a constitucionalização da
Administração Pública e o fortalecimento do normativismo dos princípios, o consensualismo
passa a ser fator preponderante nas relações entre os entes públicos e o setor privado,
redefinindo o posicionamento da Administração Pública frente a estes conflitos. Em relação ao
consensualismo no âmbito da administração pública,
A administração volta-se para a coletividade, passando a conhecermelhor os problemas e
aspirações da sociedade. A administração passa a ter atividade de mediação para dirimir e
compor conflitos de interesses entre várias partes ou entre estas e a Administração. Daí decorre
um novo modo de agir, não mais centrado sobre o ato como instrumento exclusivo de definição
e atendimento do interesse público, mas como atividade aberta à colaboração dos indivíduos.
Passa a ter relevo o momento do consenso e da participação [...] (MEDAUAR, 2003, p.211).
Muitos dos casos ligados a meios alternativos de resolução de conflitos, fundam-se no facto de
em muitos casos tem sido instaurado um processo de inquérito para o esclarecimento do
sucedido. Quando o Estado toma conhecimento age a favor da instituição deixando a outra
parte vulnerável e sem meios para se defender visto que o ministério público torna-se advogado
do estado e deixando a outra parte vulnerável e isso fazendo com que se viole o princípio de
igualdade e universalidade, no artigo 30 da constituição.

5. CONCLUSÃO
Os meios alternativos param resolução de conflitos estão regrados e fundamentados em alguns
dispositivos legais no ordenamento jurídico moçambicano, Para que se configure estes meios
deve estar presentes os requisitos do nexo causal, da conduta do infractor, do dano e culpa.
Pode estar o infractor amparado por excludentes da responsabilização criminal e civil. No
entanto, deve-se ter em mente que muitas vezes os meios alternativos de resolução de conflitos
são ocasionados não só por uma conduta profissional inadequada, mas também por despreparo
e falta de condições mínimas de atendimento às pessoas desfavorecidas.
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A Mediação utilizada na resolução dos conflitos envolvendo a Administração Pública deixa
para trás a verticalidade e burocracia imposta pelo Estado, à medida que possibilita o
reestabelecimento do diálogo entre as partes abrangidas pelo litigio. A construção de acordos
que envolvam o interesse público, a transação, negociação ou a renúncia por parte da
Administração Pública, promove a justiça, fortalece a garantia dos direitos fundamentais e a
garantia dos interesses sociais.
O ordenamento ao permitir a utilização da mediação no âmbito da administração pública,
implementa formas alternativas à jurisdição e resolução de conflitos. Este novo instituto
confere eficiência e celeridade na resolução consensual dos litígios que envolvam o poder
público, contribuindo para desafogar o sistema judiciário que encontrasse abarrotado de
processos em tramitação. Por fim, apesar de ainda ser pouco utilizada, a mediação dos conflitos
envolvendo a administração pública torna-se uma forte aliada na busca pela paz social, pois
este método possibilita o diálogoentre as partes envolvidas no litigio, trazendo diversos
benefícios para a coletividade.

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