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Introdução
Durante anos a Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho [TST] norteou a terceirização, mas
com a aprovação do Projeto de Lei 4.302 de 1998 [Câmara dos Deputados], convertido na Lei 13.429
de 2017 [Planalto], atualmente existe uma lei regulamentadora ao fenômeno.
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A terceirização estabelece uma relação trilateral entre (empregado, empresa prestadora de serviços
e o tomador). Identifica-se a possibilidade de responsabilidade subsidiária da Administração pelo
cometimento de condutas culposas contrárias à Lei de Licitações e Contratos. No caso de
inadimplência da empresa prestadora de serviços, a Administração Pública não será responsabilizada
de imediato, pois sua responsabilidade é na modalidade subjetiva - culpa in vigilando. Deve-se analisar,
no caso concreto, se ocorreu inexistência ou má fiscalização da execução do contrato ou das
obrigações legais presentes no Estatuto de Licitações.
Ter-se-ia que o julgamento da ADC n° 16 pelo Supremo Tribunal Federal seria suficiente para
exaurir a problemática. Contudo, silenciou sobre como a fiscalização deveria ser executada. Ainda os
normativos internos de cada órgão e entidade buscam orientar gestores e fiscais no procedimento.
Pretende-se com este trabalho a proteção do empregado contratado, através de uma fiscalização
eficiente, impedindo o inadimplemento da contraprestação devida ao empregado, pois fora
empregada sua força de trabalho em benefício do tomador público.
O modelo foi trazido para o Brasil nas décadas de 1950 a 1960 pelas empresas multinacionais de
automóveis, tendo se expandido ao longo dos anos para todos os setores, inclusive para a Administração
Pública. O modelo de terceirização da indústria automotiva é o mais conhecido no mercado, pois as
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fábricas ficam responsáveis apenas pela montagem dos veículos, terceirizando toda a produção de peças de
forma padronizada. (VIEIRA, 2015, p. 34)
Assim, surgia em torno das montadoras multinacionais, que se instalavam no Brasil, um complexo
industrial composto por uma rede de empresas fornecedoras de autopeças, havendo uma
verticalização da relação de emprego e a transferência para terceiros da produção de peças das
empresas multinacionais (GALISTEU, 2012, p. 306).
Art. 10. A execução das atividades da Administração Federal deverá ser amplamente
descentralizada.
[…]
§7º Para melhor desincumbir-se das tarefas de planejamento, coordenação, supervisão e controle e
com o objetivo de impedir o crescimento desmesurado da máquina administrativa, a Administração
procurará desobrigar-se da realização material de tarefas executivas, recorrendo, sempre que possível, à
execução indireta, mediante Contrato, desde que exista, na área, iniciativa privada suficientemente
desenvolvida e capacitada a desempenhar os encargos de execução. (BRASIL, 1967)
O art. 3° da Lei 5.645 de 1970 [Planalto], respaldado no art. 10, §7°, do Decreto-lei n° 200 de
1967, estabelecia ser possível a contratação para a execução indireta das atividades de “transporte,
conservação, custódia, operação de elevadores, limpeza e outras assemelhadas” (BRASIL, 1970).
Através da Lei 13.429 de 2017 [Planalto], que altera a Lei n° 6.019 de 1974 [Planalto], atualmente,
a terceirização, uma norma específica, capaz de regular a prática, mas não todas as suas problemáticas
na seara trabalhista.
Conceito de terceirização
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[…] relação trilateral formada entre trabalhador, intermediador de mão de obra (empregador
aparente, formal ou dissimulado) e o tomador de serviços (empregador real ou natural), caracterizada pela
não coincidência do empregador real com o formal. (CASSAR, 2014, p. 480)
Compõe a terceirização, o empregado, sendo aquele que exerce a sua força de trabalho; a empresa
prestadora de serviço, que contrata o empregado terceirizado, mantendo a relação de emprego; e a
tomadora de serviços, que recebe a prestação do serviço, podendo pertencer ao âmbito privado ou
público. Inclusive, não poderá ser formado vínculo de emprego direto entre a empresa tomadora de
serviços e o empregado terceirizado.
Verifica-se que a Lei 6.019 de 1974 [Planalto] permite a terceirização na dicotomia atividade-fim e
atividade-meio, seja na iniciativa privada ou em órgãos e entidades da Administração Pública.
[…] as funções e tarefas empresariais e laborais que se ajustam ao núcleo da dinâmica empresarial
do tomador dos serviços, compondo a essência dessa dinâmica e contribuindo inclusive para a definição de
seu posicionamento e classificação no contexto empresarial e econômico. (DELGADO, 2015, p. 489)
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No que tange ao trabalho temporário regulado pela Lei n° 6.019 de 1974 [Planalto], tal hipótese de
terceirização será possível em atividade-meio e atividade-fim, quando o empregado for contratado
para atender a necessidade de substituição de seu pessoal permanente ou a demanda complementar
de serviços, conforme o art. 2º da mencionada lei. O contrato de trabalho temporário será por tempo
determinado, no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, consecutivos ou não, podendo ser
prorrogado por mais 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, quando presentes as condições que
ensejaram sua contratação.
Ao serviço de vigilância e transporte de valores será aplicada a Lei 7.102 de 1983 [Planalto], que
regula a constituição e funcionamento das empresas particulares que executam a segurança da
integridade do patrimônio e a segurança pessoal no meio ambiente dos órgãos públicos, sendo uma
proteção ostensiva do patrimônio público. Nesse sentido, será aplicada de forma subsidiária a
Consolidação das Leis do Trabalho.
Mesmo com tal entendimento, o Supremo Tribunal Federal definiu que a mera inadimplência da
empresa prestadora de serviços não deve transferir para a administração direta, indireta e fundacional,
a responsabilidade pelo pagamento das verbas trabalhistas. Todavia, havendo omissão da
Administração Pública na fiscalização dos contratos, há ensejo para a responsabilidade subsidiária.
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Poder-dever de fiscalização
A contratação pela Administração ocorre por intermédio da licitação, buscando a proposta mais
vantajosa, dentre as empresas que cumpriram os requisitos previstos no edital.
A empresa contratada tem por escopo a prestação de uma atividade destinada a realizar um facer
para a Administração Pública, beneficiando a sociedade como um todo. O art. 6°, II, da Lei n° 8.666
de 1993, define as atividades consideradas serviço, como:
Nesse sentido,
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[…] não pode a Administração esperar o fim do termo do contrato para verificar se seu objetivo foi
efetivamente alcançado, se seu objeto foi cumprido. Durante a própria execução do contrato deverá ser
verificado se o contratado está cumprindo todas as etapas e fases do contrato. Essa forma de agir
preventiva apenas benefícios traz para a Administração. (FURTADO, 2015, p. 604)
Continuando, o art. 76 do Estatuto prevê que a Administração Pública não estará obrigada a
aceitar, obra ou serviço contrário ao pactuado. Assim, a Administração Pública, ao realizar o
acompanhamento e fiscalização, afasta a incidência de danos irreversíveis ou de difícil reparação para
si própria, empresa e empregado. Assim, a fiscalização previne
Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um representante da
Administração especialmente designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo
de informações pertinentes a essa atribuição.
O termo utilizado pelo Estatuto de Licitações desmembra-se em duas figuras: fiscal e gestor de
contratos. Não há impedimento para que apenas um agente exerça ambas as funções. Ocorrendo a
separação das funções, cada qual, possui suas atribuições regulamentadas por atos normativos de cada
unidade administrativa, não sendo aconselhado que exista subordinação entre fiscal e gestor de
contratos (FURTADO, 2015, p. 606).
Jair Edurado Santana e Tatiana Camarão (2015) e Antonieta Pereira Vieira et al (2015)
compactuam que as funções de fiscal e gestor de contratos devem ser realizadas por pessoas distintas.
Vieira destaca a falta de pessoal na Administração Pública, havendo a concentração das funções de
fiscal e gestor de contratos em um único membro da entidade administrativa:
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Gestor contratual
O gestor de contratos será designado por exigência legal para realizar as medidas necessárias para
o fiel cumprimento do contrato, buscando administrar o contrato de prestação de serviços.
Insta salientar que a figura do gestor deverá ser ocupada por um servidor público, integrante da
entidade administrativa. Assim, o gestor representará a Administração Pública na execução do
contrato, será designado no termo de referência, sendo escolhido entre os servidores que detenham o
conhecimento técnico do objeto contratado ou a designação do titular de um órgão fiscalizador para
realizar a fiscalização da avença.
Dentre as atribuições do gestor de contratos está “o controle geral dos prazos de vencimento ou
de renovação dos contratos, questões relacionadas ao equilíbrio econômico-financeiro, à
documentação, aos pagamentos, entre outras de cunho geral” (SANTANA; CAMARÃO, 2015, p.
131).
Apesar da Lei 8.666 de 1993 não especificar o perfil do gestor contratual, o magistério de
Antonieta Pereira Vieira e Madeline Rocha Furtado define que para a ocupação do cargo, o
conhecimento jurídico sobre as contratações públicas será de extrema relevância,
[…] e ainda necessita conhecer o processo de contratação do qual será gestor, e se possível desde a
elaboração do plano de trabalho, no caso dos serviços continuados, onde estarão consignadas todas as
justificativas da necessidade da contratação, conforme previsto no Decreto nº 2.271/97, bem como as
cláusulas editalícias, contratuais e do projeto básico, além de deter perfil adequado para desempenhar suas
funções demonstrando capacidade de agir conforme o princípio maior do interesse público, demonstrando,
ainda, liderança, flexibilidade, assertividade, e principalmente poder de negociação visando obter melhores
resultados na condução da execução do contrato, ou seja, esse servidor deve ser próÂativo e deter visão
sistêmica do processo. (VIEIRA; FURTADO, 2006)
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Importante destacar que para ocupação da função pondera-se pela inexistência de processo
administrativo disciplinar ou de sindicância, bem como conduta ilibada, não havendo punições de
atos lesivos ao patrimônio público, e ainda não haver condenação criminal contra crimes contra a
Administração Pública (SANTANA; CAMARÃO, 2015, p. 133).
Exige-se que o gestor de contratos exerça sua função administrativa para resguardar o interesse
público, mantendo uma relação amistosa com a empresa contratada, buscando o melhor
gerenciamento do investimento contratual.
A gestão de documentos nos contratos administrativos fica sob a guarda do gestor contratual, por
isso sua participação na elaboração do Termo de Referência será relevante. Havendo omissão do
gestor ou cumprimento do contrato de forma não esperada pela administração, poderá ensejar em
dano ao erário público e consequentemente responsabilidade do gestor contratual na esfera cível e
criminal. Nesse sentido, ainda o entendimento de Jair Eduardo Santana e Tatiana Camarão:
Por isso é necessário que o gestor tenha conhecimento das suas responsabilidades e de como deve
efetivamente desempenhar sua função, agindo de forma pró-ativa e preventiva, observando o cumprimento
das cláusulas previstas no contrato, buscando sempre que possível economia para o erário público.
(SANTANA; CAMARÃO, 2015, p. 133)
Fiscal de contratos
Para ocupação da função fiscalizatória, a Administração Pública indicará servidores ocupantes dos
quadros da entidade administrativa ou, ainda, poderá haver designação pelo próprio gestor contratual.
Esta última hipótese ocorrerá quando, antes da execução, for verificada a falta de fiscal na fase do
procedimento licitatório, ou inexistência de contratação direta.
Poderá atuar como fiscal de contratos o servidor público ocupante de cargo efetivo, comissionado,
empregado público e aquele contratado por prazo determinado de acordo com interesse público, em
conformidade com o art. 84 da Lei de Licitações e Contratos da Administração [Planalto].
Insta salientar que poderá haver o auxílio de um terceiro contratado, apenas para assistir e
subsidiar o fiscal de informações relativas ao serviço administrativo. Para a contratação desse terceiro,
por se tratar de serviço técnico especializado, haverá a contratação direta por inexigibilidade de
licitação.
O servidor não poderá se desincumbir da designação de fiscal contratual, por não ser uma ordem
manifestadamente ilegal, ainda que considere não possuir conhecimento técnico ou verifique a
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precariedade dos meios para executar o serviço. Contudo, poderá solicitar da Administração Pública
qualificação e até mesmo contratação de terceiro com conhecimento técnico.
Consideram-se atribuições do fiscal contratual sugeridas por Jair Eduardo Santana e Tatiana
Camarão:
- anotar em livro próprio a ocorrência de todos os fatos relevantes e ajustes que forem necessários
relacionados à execução do contrato. Os registros realizados no livro devem ser feitos tempestivamente e de
forma detalhada, conforme dispõem ao arts. 67, §1°, e 68 da Lei n° 8.666/1993;
- receber, provisória e definitivamente, as aquisições, obras ou serviços sob sua responsabilidade, com
exceção das compras que pelo valor forem de responsabilidade da comissão de recebimento de materiais;
- analisar, conferir e atestar notas fiscais, faturas e similares e a regularidade fiscal do contratado;
No poder executivo federal, existe a edição de instruções para regular a contratação, dentre elas, a
Instrução Normativa n° 02/2008 - aplicada ao Sistema de Serviços Gerais (SISG) e a Instrução
Normativa n° 04/2010 - destinada a contratações de Tecnologia da Informação do Sistema de
Administração dos Recursos de Informação e Informática (SISP). O Poder Judiciário se orienta pelo
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), enquanto o Poder Legislativo silencia, imperiosa é a
complexidade do tema.
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Desta feita, Jair Eduardo Santana e Tatiana Camarão (2015, p. 173-174), orientam pela aplicação
da IN n° 02/2008 MPOG, anexo IV, sendo realizada a fiscalização documental em momentos
diferentes: fiscalização inicial, fiscalização mensal, fiscalização diária, fiscalização especial e fiscalização
por amostragem.
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Deverá ser efetivada a retenção da contribuição previdenciária de 11% sobre o valor da fatura e
dos impostos advindos da realização dos serviços; consulta à regularização da empresa no Sistema de
Cadastramento Unificado de Fornecedores, caso a empresa esteja irregular no referido sistema,
necessária será a apresentação da Certidão Negativa de Débito (CND) perante o Instituto Nacional
do Seguro Social, Certidão Negativa de Débitos de Tributos e Contribuições Federais, o Certificado
de Regularidade do FGTS e a CNDT.
Fiscalização diária
Exige a conferência diária e in loco dos empregados que estejam presentes, se efetivamente estão
cumprindo sua jornada de trabalho diariamente, verificando se sua ocupação está efetivamente
enquadrada como objeto do contrato.
Fiscalização especial
A tomadora pública poderá solicitar documentos por amostragem, a serem entregues no prazo de
15 (quinze) dias pela empresa contratada: extrato da conta do Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS) e do FGTS de qualquer dos empregados, cópia da folha de pagamento analítica de qualquer
mês da contratação, sendo tomador órgão ou entidade pública, cópia do contracheque assinado pelo
empregado de qualquer mês da contratação, seja de apenas um ou vários empregados, ou ainda, a
depender do caso, cópia de recibos de depósitos bancários. Poderá ainda exigir os comprovantes de
benefícios recebidos (vale-transporte, auxílio-alimentação, entre outros), de qualquer mês da prestação
de serviços e de qualquer empregado.
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Perante o art. 73, I, ‘a’ e ‘b’, da Lei n° 8.666 de 1993, o recebimento do objeto de
prestação de obras ou serviços ocorrerá em duas etapas, sendo o recebimento provisório ou
definitivo. Depreende-se da legislação:
b) definitivamente, por servidor ou comissão designada pela autoridade competente, mediante termo
circunstanciado, assinado pelas partes, após o decurso do prazo de observação, ou vistoria que comprove a
adequação do objeto aos termos contratuais, observado o disposto no art. 69 desta Lei […]. (BRASIL,
1993)
Assim, o recebimento provisório será realizado pelo fiscal contratual, materializado em um termo
circunstanciado, que deverá ser assinado por ambas as partes no prazo de quinze dias, contados da
notificação escrita da empresa prestadora de serviços.
Caso não seja cumprido o prazo de quinze dias para formalização do termo circunstanciado, o
serviço contratado será considerado como se fosse realizado, caso a empresa prestadora de serviços
notifique a Administração Pública, no prazo de quinze dias que antecedem o encerramento do prazo
do adimplemento do contrato.
- local de entrega;
- forma como o objeto, no caso de fornecimento ou aquisição, deverá ser entregue pela empresa
contratada, tipo de embalagem, previsão contra danos no transporte e manuseio;
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- previsão para capacitação técnica acerca dos produtos adquiridos, em caso de objetos que necessitem
de capacitação específica (carga horária, número de treinandos, conteúdo programático, objetivo do
treinamento, dias e horários do treinamento, material de treinamento etc.). (SANTANA;
CAMARÃO, 2015, p. 181-182)
Existindo irregularidade no objeto recebido, fruto de uma fiscalização omissa, aquele que recebeu
o objeto do contrato, seja um servidor ou comissão delegada, notificará o gestor contratual para que
proceda à averiguação do responsável pela omissão, que sofrerá a sanção cabível, no caso de dolo ou
culpa.
A Lei 8.666 de 1993 aborda uma relação de atos administrativos que possuem caráter punitivo,
gerando sanções pela inexecução total ou parcial do contrato administrativo.
A sanção de advertência poderá ser aplicada conjuntamente com a multa contratual, sendo as
penalidades mais brandas da Lei de Licitações e Contratos. Nesse sentido, o gestor contratual aplicará
a sanção, fixando a penalidade no caso concreto.
Garantias contratuais
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O gestor contratual poderá exigir garantia do contratado para assegurar a execução do contrato
administrativo, desde que conste anteriormente no edital licitatório.
No art. 56, §1°, da Lei 8.666/93 estão elencadas as seguintes garantias: caução em dinheiro ou
em títulos da dívida pública, seguro-garantia e a fiança bancária. Em regra, a garantia não poderá
exceder a 5% do valor do contrato, mas há exceção nos casos de contratos de grande complexidade
técnica e riscos significativos, alcançando até 10% do valor da avença. Após a execução do contrato, a
garantia será devolvida à empresa prestadora de serviços; caso a caução seja em dinheiro, o montante
será atualizado.
A garantia deverá ser apresentada pela empresa contratada no prazo de 10 (dez) dias úteis,
contados da assinatura da avença, podendo tal prazo ser prorrogado por igual período, conforme
conveniência da Administração Pública. Caso a garantia não seja apresentada no prazo estipulado, o
contratado será penalizado com multa de 0,07% (sete centésimos por cento) do valor do contrato, a
cada dia de atraso podendo ser estendido até o limite de 2% (dois por cento).
Não sendo apresentada a garantia em até 25 (vinte e cinco) dias após o prazo fixado, a
Administração Pública poderá promover a rescisão do contrato por descumprimento ou
inobservância das cláusulas contratuais na forma do art. 78, I e II, da Lei 8.666 de 1993.
Importante ressaltar, que a garantia poderá ser utilizada para o adimplemento das seguintes
situações:
Os efeitos da garantia devem superar a vigência do contrato em três meses, podendo ser
prorrogada caso ocorra algum sinistro. No término do contrato, a Administração Pública devolverá a
apólice, carta fiança ou autorizará o levantamento do montante depositado em dinheiro, declarando
através do Termo Circunstanciado sobre o cumprimento da avença. Dada a emissão do Termo
Circunstanciado, será liberada a garantia, desde que tenha sido estipulada para o contrato
administrativo.
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Art. 35. Quando da rescisão contratual, o fiscal deve verificar o pagamento pela contratada das
verbas rescisórias ou a comprovação de que os empregados serão realocados em outra atividade de
prestação de serviços, sem que ocorra a interrupção do contrato de trabalho.
Parágrafo único. Até que a contratada comprove o disposto no caput, o órgão ou entidade contratante
deverá reter a garantia prestada e os valores das faturas correspondentes a 1 (um) mês de serviços,
podendo utilizá-los para o pagamento direto aos trabalhadores no caso de a empresa não efetuar os
pagamentos em até 2 (dois) meses do encerramento da vigência contratual, conforme previsto no
instrumento convocatório e nos incisos IV e V do art. 19-A desta Instrução Normativa (BRASIL,
2008).
A conta vinculada fora aplicada primeiramente nos órgãos do Poder Judiciário, por orientação do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
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O depósito em conta vinculada resguarda o pagamento das verbas salariais referentes ao 13°
(décimo terceiro) salário, férias e verbas rescisórias dos empregados da fatura a ser adimplida pelo
tomador. A liberação dos recursos depositados será realizada em prazos estipulados, na forma do art.
19-A, §1°, da IN n° 02/2008-MPOG:
I - parcial e anualmente, pelo valor correspondente ao 13º (décimo terceiro) salário dos empregados
vinculados ao contrato, quando devido;
III - parcialmente, pelo valor correspondente ao 13º (décimo terceiro) salário proporcional, férias
proporcionais e à indenização compensatória porventura devida sobre o FGTS, quando da dispensa de
empregado vinculado ao contrato; e
IV - ao final da vigência do contrato, para o pagamento das verbas rescisórias (BRASIL, 2008).
Na forma do art. 19-A, §4°, da IN n° 02/2008 MPOG, o saldo remanescente apenas será
liberado com a perfeita execução do contrato e o pagamento dos encargos trabalhistas e
previdenciários.
Com a criação da conta vinculada, o fiscal de contratos efetua a fiscalização. Entretanto, não
podemos mensurar os efeitos sobrevindos do bloqueio e dos custos da manutenção da conta
vinculada. Importante ressaltar o artigo de Diego Martins Degani:
Observando a realidade de cada órgão público do país, serão necessárias centenas de milhares de
contas para atender a cada trabalhador terceirizado, e cada conta exigirá diversas operações, exigindo
uma quantidade impraticável de servidores públicos para realizá-las. (DEGANI, 2014, p. 33-34)
Por sua vez, o Tribunal de Contas da União proferiu o acórdão n° 1.214 de 2013, fruto de estudos
relacionados a gestão de contratos e procedimentos licitatórios na terceirização. Dentre as
orientações, o órgão de controle não indica a operação da conta vinculada, considerando sua
aplicação onerosa aos cofres públicos (BRASIL, 2013).
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Art. 31. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mão de obra, inclusive em
regime de trabalho temporário, deverá reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal ou fatura
de prestação de serviços e recolher, em nome da empresa cedente da mão de obra, a importância retida até
o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, ou até o dia útil
imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele dia, observado o disposto no § 5º do
art. 33 desta Lei. (BRASIL, 1991)
Nesse tocante, a Administração Pública deverá realizar a retenção de 11% (onze por cento) do
valor da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, recolhendo a contribuição previdenciária ao
INSS. O encargo deverá ser retido até o dia 20 (vinte) do mês subsequente da emissão da nota fiscal
ou fatura ou até o dia útil anterior. Ultrapassado esse período, a retenção é presumida e o INSS
poderá exigir da Administração Pública a contribuição (SANTANA; CAMARÃO, 2015, p. 165).
Depreende-se da Lei de Organização da Seguridade Social que a retenção deverá ser exercida nos
contratos de cessão de mão de obra. Tal termo é gênero, do qual são espécies a cessão strictu sensu e a
cessão lato sensu (empreitada de mão de obra, art. 31, §4°, III, da Lei 8.212/1991). Por sua vez, os
terceirizados estão abrangidos na cessão em sentido estrito, formalizado em um contrato típico de
prestação de serviços.
a) quando o valor retido for menor do que R$ 10,00 (por nota fiscal/fatura/recibo);
c) o faturamento da contratada no mês anterior for menor ou igual a duas vezes o limite máximo do
Salário de Contribuição (SC);
e) serviços relativos ao exercício de profissão regulamentada prestados pessoalmente pelos sócios nas
sociedades civis. (SANTANA; CAMARÃO, 2015, p. 164)
À primeira vista, a fiscalização do pagamento dos encargos previdenciários recai sob o fiscal de
contratos. Contudo, a competência para realizar a fiscalização do pagamento das contribuições sociais
é da Secretaria da Receita Federal do Brasil, descentralização do Ministério da Fazenda, conforme o
art. 33 da Lei 8.212 de 1991 [Planalto].
O exercício da competência do órgão fora ampliada pela Lei 11.941 de 2009 [Planalto], sua
máquina administrativa fora composta de servidores legitimados e concursados para exercerem a
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Considerações finais
Terceirização irrestrita não deve prosperar, pois para a inserção nos quadros da administração far-
se-á necessária a prévia aprovação em concurso público de provas ou de provas e títulos, exigência
estampada na Constituição Federal de 1988.
Pairam dúvidas se decorrerá aprovação do Projeto de Lei 4.330 de 2004, que foi objeto de 240
(duzentos e quarenta) emendas, para complementar a Lei n° 13.429/2017. Raciocínio lógico, este
deveria ter sido aprovado, afinal o projeto regula apenas as terceirizações nas empresas privadas,
sendo inaplicável à Administração Pública direta, autárquica e fundacional da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios.
A fiscalização realizada pela Administração Pública exige uma análise volumosa de documentos,
com alto grau de complexidade, guias e valores, verificados por servidores nomeados como fiscais. O
cumprimento de uma fiscalização eficiente exige a visita in loco e preparo para observar todas as
mudanças presentes no normativo infraconstitucional trabalhista, previdenciário e tributário, além dos
normativos internos do órgão pertencente a cada esfera do poder. Nesse sentido, a Administração
Pública deve oferecer ou apoiar os servidores na participação de cursos de qualificação e reciclagem.
Em relação aos encargos previdenciários, a fiscalização das contribuições sociais deveria ser
exercida pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, mas, na prática, a Administração Pública atribui
para si uma responsabilidade complexa.
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consultar o Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) ou ainda consultar no próprio site da
previdência social o extrato de vínculos e contribuições a Previdência.
Ainda, os instrumentos anteriores ao procedimento licitatório podem ser mais eficientes que a
própria fiscalização. A administração deverá ser vigilante no procedimento licitatório para escolha da
empresa prestadora de serviço, assim como no momento da gestão contratual.
Inexiste uma solução utópica para a terceirização na Administração Pública, mas as alterações
legislativas devem ocorrer com critérios fidedignos na escolha da empresa prestadora de serviços,
mesmo que a Administração Pública seja responsabilizada pela sua má escolha, configurando a culpa
in eligendo. A empresa contratada deve ocupar efetivamente a posição de parceira da Administração
Pública, oferecendo salários compatíveis, qualidade e reconhecimento dos empregados pelos serviços
executados.
Referência
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CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 27. ed.
São Paulo: Atlas, 2014.
CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 9. ed. São Paulo: Método, 2014.
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 14. ed. São Paulo:
LTr, 2015.
Nota 01 Debora Rodrigues de Sousa, acadêmica do 9° período do curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC - Goiás),
estagiária da 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás.
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