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UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE ECONOMIA E
GESTÃO

CURSO DE GESTAO DE RECURSOS HUMANOS

Sandra Inácio Mascote

A legislação moçambicana atinente a contratação de


estrangeiro no sector público.

Beira

2023
Sandra Inácio Mascote

A legislação moçambicana atinente a contratação de estrangeiro


no sector público

Trabalho de pesquisa, a ser apresentado


no Departamento de Economia e Gestão
(EG), Curso de Gestão de Recursos
Humanos com habilidades em (HST), na
disciplina de Gestão Internacional de
Recursos Humanos com Carácter

avaliativo .

Orientador: MSc. Mateus Sengueranhe

Beira

2023
Índice
1. Introdução ............................................................................................................................... 3

1.1. Objectivos ........................................................................................................................ 3

1.1.1. Objectivo geral .......................................................................................................... 3

1.1.2. Objectivos específicos ............................................................................................... 3

1.2. Método ............................................................................................................................. 3

2. Conceito .................................................................................................................................. 4

2.1 Objecto da presente Lei .................................................................................................... 5

2.1.1. Âmbito de aplicação da Lei ....................................................................................... 5

2.2. Condições de contratação de cidadãos estrangeiros para função publica ........................... 5

2.3.1. Direito de preferência ................................................................................................ 6

2.4. Regime de exclusividade e sanções ................................................................................. 6

2.5. Remuneração ................................................................................................................... 7

2.5. Fiscalização prévia ........................................................................................................... 7

2.5.1. Competência para celebração de contratos ............................................................... 8

2.5.2. Encargos do contrato .................................................................................................... 8

2.5.3. Gestão e avaliação dos contratados ........................................................................... 8

2.6. Rescisão ........................................................................................................................... 8

2.7. Disposições finais ............................................................................................................ 9

3. Conclusão ............................................................................................................................. 10

Referência bibliográfica ........................................................................................................... 11


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1. Introdução

O presente trabalho tem como tema de legislação Moçambicana atinente a contratação


de estrangeiro no sector público que é tido como principal instrumento utilizado pelo Governo
Moçambicano para alcançar o objectivo e o seu equilíbrio na contratação de trabalhadores
estrangeiros através das leis. A contratação de trabalhadores estrangeiros para a prestação de
serviço na função pública é feita por meio de concurso público apenas quando houver falta ou
insuficiência de pessoal nacional com as qualificações e experiência profissional exigidas,
salvo quando houver necessidade urgente de serviço declarado por um membro do Governo,
caso em que a referida contratação poderá dar cumprimento à licitação pública.

1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivo geral

 Compreender a legislação moçambicana atinente a contratação de estrangeiro no


sector público.

1.1.2. Objectivos específicos

 Analisar condições gerais para a contratação de cidadãos estrangeiros na função


publica;
 Avaliar competência para celebração de contratos;
 Definição de remuneração para funcionário estrangeiro.

1.2. Método

Segundo GIL (2002: 68), “a palavra método é de origem grega e significa o conjunto
de etapas e processos a serrem vencidos ordenadamente na investigação dos factos ou na
procura da verdade’’. Assim, na presente pesquisa, se foi privilegiado o seguinte método:

Método Bibliográfico: Conforme LAKATOS e MARCONI (1990: 44), a pesquisa


bibliográfica “trata-se do levantamento de toda a bibliografia já publicada, em forma de
livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita. Sua finalidade é colocar o pesquisador
em contacto directo com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado assunto”.
4

2. Conceito

Segundo o Dicionário Técnico Jurídico escrito por Deocleciano Torrieri Guimarães,


(GUIMARÃES, 1999, p. 416). entende-se por:

Norma – Preceito, regra, modelo, teor, minuta; linha de conduta. Jurídica: Prescrição
legal, preceito obrigatório, cuja característica é a possibilidade de ter seu cumprimento
exigido, se necessário, com o emprego da força, da coerção, o que se chama coercitividade.
[...].

Segundo o dicionário Jurídico Técnico, que Torrieri Guimarães escreveu,


(GUIMARÃES, 1999, p. 416), diz:

A palavra vem do latim “lex”, que tem sua origem no verbo “legere”, ler, porque o
magistrado romano lia o texto escrito da lei ao povo, nos comícios, para sua aprovação. È,
portanto, norma jurídica escrita, permanente, emanada do Poder Público competente com
carácter de generalidade, porque se aplica a todos, e de obrigatoriedade, porque a todos
obriga. Diz-se escrita, porque é apresentada em projecto, debatida, emendada, sancionada,
promulgada e publicada e só após a sua publicação no órgão oficial é que se torna obrigatória.
O órgão competente é o Legislativo, mas há normas que emanam do Executivo [...] A lei
vigora até que outra a modifique ou revogue [...].

A lei é uma norma jurídica ditada por uma autoridade pública competente, em geral, é
uma função que recai sobre os legisladores dos congressos nacionais dos países, com prévio
debate e o texto que a impulsiona e que deverá observar um cumprimento obrigatório por
parte de todos os cidadãos, sem exceção, de uma Nação, porque da observação destas
dependerá que um país não termine transformado numa anarquia ou caos.

Decreto é um dos tipos de normas que se caracterizam como uma norma de autoria do
chefe do Executivo, para regulamentar lei existente, que tem vigência imediata. Quando o
presidente emite um deles, ele cria regras mais específicas para uma norma jurídica geral, e
essas regras começam a valer imediatamente.
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2.1 Objecto da presente Lei

De acordo com Decreto-Lei n.º 2/2011, do art. 1 diz que o presente Decreto-Lei visa
estabelecer o regime jurídico das condições relativas à contratação de cidadãos de
nacionalidade estrangeira para a prestação de serviços na Função Pública moçambicana.

2.1.1. Âmbito de aplicação da Lei

Decreto-Lei n.º 2/2011, artigo 2 n° 1 e 2 diz que o presente Decreto-Lei é aplicado aos
cidadãos de nacionalidade estrangeira que exercem actividades remuneradas na Função
Pública, no âmbito da implementação dos Acordos de Cooperação incluindo os contratos de
prestação de serviços celebrados a título individual. Ficam porém, fora do âmbito do presente
Decreto-Lei os casos decorrentes da implementação de projectos específicos, estabelecidos no
âmbito de Acordos de Cooperação.

2.2. Condições de contratação de cidadãos estrangeiros para função publica

De acordo com Decreto-Lei n.º 2/2011, arti. 3, de n° 1 a 6 diz que:

1. A vinculação de cidadãos de nacionalidade estrangeira para o exercício de actividades


na Função Pública, é feita mediante contrato de prestação de serviços por tempo
determinado, pelo período até 5 anos, podendo ser renovado por uma única vez por
igual período, mediante a avaliação do seu desempenho e necessidade do serviço.
2. Excepcionalmente, por imperiosa e justificada necessidade de serviço, a entidade
contratante pode, caso a caso, prorrogar a duração do contrato referido no número
anterior por um período suplementar até 5 anos.
3. As cláusulas estabelecidas nos contratos de prestação de serviços devem regular a
actividade do contratado e as condições específicas do trabalho.
4. Independentemente da sua renovação, o contrato de prestação de serviços do cidadão
de nacionalidade estrangeira não se converte em contrato por tempo indeterminado e
em nenhuma circunstância confere ao contratado a qualidade de funcionário do
Estado.
5. Os cidadãos de nacionalidade estrangeira a contratar nos termos do n.° 1 do artigo 2
do presente Decreto-Lei devem enviar à parte contratante, para que esta se pronuncie
antes da sua entrada no país e da celebração do contrato, os seguintes documentos:
a) Fotocópia de Passaporte;
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b) Declaração que atesta não ter antecedentes criminais;


c) Declaração de Aptidão Física e Mental;
d) Certificado de Habilitações Literárias do último grau adquirido; e
e) Curriculum Vitae.
6. Para efeitos do visto do Tribunal Administrativo, o contratado deve juntar ainda a
fotocópia autenticada do Passaporte e a Certidão de Equivalência emitida pelo
Ministério da Educação.

Estes contratos estão sujeitos à fiscalização prévia do Tribunal Administrativo, e têm


precedência sobre os demais processos, nos termos estabelecidos em legislação específica. A
contratação de trabalhadores estrangeiros para a prestação de serviço na função pública é feita
por meio de concurso público apenas quando houver falta ou insuficiência de pessoal nacional
com as qualificações e experiência profissional exigidas, salvo quando houver necessidade
urgente de serviço declarado por um membro do Governo, caso em que a referida contratação
poderá dar cumprimento à licitação pública.

2.3. Conteúdo do contrato

De acordo com o mesmo decreto no artigo 4, diz que o contrato de prestação de


serviços, datado e assinado pelas partes contratantes deve, entre outras, conter as seguintes
cláusulas: a) Identificação das partes; b) Objecto do contrato; c) Local de trabalho; d) Duração
do contrato; e) Direitos e obrigações das partes; f) Remuneração, forma de pagamento e fonte
de financiamento.

2.3.1. Direito de preferência

O art 5 do mesmo decreto começando de numero 1, diz que a contratação de cidadãos


de nacionalidade estrangeira para a prestação de serviços na Função Pública, só pode ter lugar
quando comprovada por concurso público a inexistência de quadros nacionais com
qualificações e experiência profissional requeridas ou quando o seu número seja insuficiente.

2. Excepcionalmente, com fundamento na urgente necessidade de serviço declarada por um


membro do governo, pode a contratação prescindir do concurso público.

2.4. Regime de exclusividade e sanções

No art. 6 do mesmo decreto, concretamente sobre regime de exclusividade e sanções diz que:
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1. Os contratos de prestação de serviços celebrados nos termos do presente Decreto-Lei,


são de regime de ocupação exclusiva, sendo interdito o exercício de qualquer forma de
actividade privada ou aceitação de remunerações para além das que forem
estabelecidas pela legislação em vigor para o regime de ocupação exclusiva,
exceptuando o exercício de actividades de docência e pesquisa nas instituições do
Estado, mediante solicitação da entidade interessada e anuência da entidade
contratante.
2. A violação do disposto no número anterior é susceptível de responsabilidade
disciplinar.
3. As medidas disciplinares nos termos do presente Decreto-Lei podem resultar na
aplicação de sanções que podem ser de multa que vai de cinco a dez salários do seu
vencimento, graduada em função da gravidade da infracção e/ou reincidência, ou a
rescisão imediata do contrato.

2.5. Remuneração

Artigo 7 do mesmo decreto diz que:

1. As remunerações e demais regalias definidas pela entidade contratante, mediante


parecer favorável do Ministro que superintende a área das Finanças, devem constar do
próprio contrato.
2. As remunerações pagas aos cidadãos de nacionalidade estrangeira na Função Pública
devem ser fixadas em moeda nacional, salvo se os Acordos de Cooperação
estabelecerem moeda diferente.
3. A remuneração dos contratos individuais celebrados fora do âmbito dos Acordos de
Cooperação segue o regime estabelecido pelo Sistema de Carreiras e Remuneração em
vigor na Função Pública.

2.5. Fiscalização prévia

No arti. 8 diz que os contratos de prestação de serviços celebrados com cidadãos de


nacionalidade estrangeira nos termos do presente Decreto-Lei estão sujeitos à fiscalização
prévia do Tribunal Administrativo, porém, beneficiam da urgente conveniência de serviço,
nos termos estabelecidos em legislação específica.
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2.5.1. Competência para celebração de contratos

O arti. 9 diz que compete aos dirigentes dos órgãos centrais, provinciais e aos titulares
das instituições dotadas de autonomia administrativa e financeira celebrar os contratos de
prestação de serviços nos termos do presente Decreto-Lei.

2.5.2. Encargos do contrato

O artigo 10 diz que os encargos com os contratos de cidadãos de nacionalidade


estrangeira na Função Pública, são suportados pela respectiva verba de fundo de salários,
inscrita no Orçamento do Estado, doações, receitas próprias ou consignadas das instituições
da Administração Pública dotadas de autonomia administrativa e financeira, salvo se os
Acordos de Cooperação estabelecerem forma diferente.

2.5.3. Gestão e avaliação dos contratados

O artigo 11, n°1 e 2 diz que a gestão dos processos, o exercício do poder disciplinar e
a avaliação do desempenho dos contratados são da competência dos respectivos órgãos onde
estiverem afectos. A avaliação de desempenho dos cidadãos de nacionalidade estrangeira
contratados é feita nos termos previstos pelo Sistema de Gestão de Desempenho na
Administração Pública e, subsidiariamente, pelo regime estabelecido pelos Acordos de
Cooperação.

2.6. Rescisão

O artigo 12, n° 1 e2 diz que a rescisão consiste na cessação unilateral ou bilateral do contrato
antes da data prevista para o seu término podendo revestir as seguintes formas: a) Acordo
mútuo; b) Acto unilateral do dirigente do respectivo serviço ou organismo, com fundamento
em justa causa comprovada em processo disciplinar; c) Pedido do contratado, devidamente
fundamentado em justa causa. Entende-se por justa causa, como fundamento de rescisão por
parte do Estado, qualquer motivo que constitua infracção disciplinar nos termos gerais, ou
ainda a manifesta incompetência do contratado apurado em processo de avaliação de
desempenho. 3. A rescisão do contrato é da competência das entidades referidas no artigo 9
do presente Decreto-Lei.
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2.7. Disposições finais

O art. 13, do mesmo decreto diz que :

1. Para efeitos de cadastro, as instituições contratantes devem registar os cidadãos de


nacionalidade estrangeira contratados no âmbito do Sistema Electrónico de Pessoal (e-
Sip).
2. As relações de trabalho com cidadãos de nacionalidade estrangeira estabelecidas nos
termos do presente Decreto-Lei, em tudo que estiver omisso são aplicáveis
subsidiariamente, as disposições relativas aos deveres gerais dos funcionários e
agentes do Estado, previstas no Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado e
demais legislação aplicável.
3. No acto de renovação dos contratos de prestação de serviços celebrados ao abrigo do
Decreto-Lei n.° 17/75, de 9 de Outubro, aplica-se o disposto no n.° 5 do artigo 3 do
presente diploma.
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3. Conclusão
A celebração destes contratos é da responsabilidade dos responsáveis das entidades
centrais, provinciais e institucionais com autonomia administrativa e financeira, sendo os
custos suportados pelo respectivo fundo salarial, inscrito no Orçamento do Estado, doações,
receitas próprias ou consignadas dessas instituições. Excepcionalmente, devido a uma
necessidade imperiosa e justificada de serviço, que é analisada caso a caso, o contrato pode
ser prorrogado por um período adicional não superior a 5 (cinco) anos. Tais contratos são
celebrados sob um regime exclusivo de funções, portanto, o trabalhador estrangeiro é proibido
de exercer qualquer actividade privada ou de aceitar qualquer outra remuneração além da
estabelecida pela legislação vigente, excepto nos casos de actividades de docência e pesquisa
nas instituições do Estado, mediante autorização prévia da entidade contratante.
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Referência bibliográfica

Decreto - Lei n.º 2/2011 de 19 de Outubro – “Regime Jurídico das Condições Relativas à
Contratação de Cidadãos de Nacionalidade Estrangeira para Prestação de Serviços na Função
Pública Moçambicana”;

GIL, António Carlos. Projecto de Pesquisa. 4ª Edição, São Paulo. Atlas, 2002.

LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia Científica: 2ª


Edição, São Paulo.1990.

TORRIERI GUIMARÃES, Deocleciano. Dicionário Técnico Jurídico, 2ª edição rev. e atual,


São Paulo: Rideel, 1999.

https://conceitos.com/lei/07/09/20223, 13:19

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