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9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais 1.º Ciclo
2022-2023
Título: Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os
Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023)
Autor: Centro de Estudos Judiciários
Ano de Publicação: 2022
Edição: Centro de Estudos Judiciários
Largo do Limoeiro
1149-048 Lisboa
cej@mail.cej.mj.pt
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Índice
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................5
1.1. LINHAS PROGRAMÁTICAS E METODOLÓGICAS, GERAIS E ESPECÍFICAS ......................................6
2. CONTEÚDOS ....................................................................................................13
2.1. COMPONENTE FORMATIVA GERAL E DE ESPECIALIDADE COMUM AOS CURSOS PARA OS
TRIBUNAIS JUDICIAIS ....................................................................................................... 13
2.1.1. Direito Constitucional .......................................................................................................... 13
2.1.2. Direito Europeu e Internacional ......................................................................................... 13
2.1.3. Inglês Jurídico .......................................................................................................................... 14
2.1.4. Tecnologias de Informação e Comunicação .................................................................... 15
2.1.5. Jurisprudência em sede de Direitos Fundamentais ........................................................ 15
2.1.6. Ética e Deontologia ................................................................................................................ 17
2.1.7. Contabilidade e Gestão ........................................................................................................ 18
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1. Introdução
Através do Despacho n.º 7384/2021, de 26 de julho, proferido ao abrigo do disposto no artigo 8.º
da Lei n.º 2/2008, de 14 de janeiro, a Senhora Ministra da Justiça determinou a abertura de curso de
ingresso nas magistraturas para o preenchimento de, entre outras, 20 vagas destinadas aos tribunais
administrativos e fiscais.
O aviso de abertura para este 9.º Curso de Formação para os Tribunais Administrativos e Fiscais
foi publicado em 19 de agosto de 2021. (cf. Aviso n.º 15553/2021, publicado no DR - 2.ª série, n.º 161, de
19 de agosto de 2022).
O 1.º Ciclo deste 9.º Curso de formação para os tribunais administrativos e fiscais, tem início
previsto para o dia 15 de Setembro de 2022, decorrendo até 15 de Julho de 2023, num total de 41
semanas, embora algumas delas diminuídas no seu tempo útil por motivo de férias judiciais, feriados e
reuniões de avaliação.
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A Lei n.º 2/2008, de 14 de janeiro, estabelece um conjunto de objetivos gerais para o curso de
formação teórico-prática e de objetivos específicos para o primeiro ciclo do curso, que não são
colocados em causa pela redução temporal adotada.
Assim, e quanto aos primeiros, determina o n.º 1 do artigo 34.º da citada Lei n.º 2/2008 que o
curso de formação teórico-prática para os tribunais judiciais «tem como objetivos fundamentais
proporcionar aos auditores de justiça o desenvolvimento de qualidades e a aquisição de competências
técnicas para o exercício das funções de juiz (…) e de magistrado do Ministério Público».
Nesse contexto, enuncia o n.º 2 do citado preceito legal, «no domínio do desenvolvimento de
qualidades para o exercício das funções», os seguintes:
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Quanto ao «domínio das qualidades para o exercício das funções», afirma o n.º 1 ter a formação
como escopo:
E, no n.º 2, «em matéria de competências técnicas», declara-se que o primeiro ciclo visa
proporcionar:
«a) A formação sobre a importância prática dos direitos fundamentais e o domínio dos
respetivos meios de proteção judiciária;
b) A aquisição e o aprofundamento dos conhecimentos jurídicos, de natureza
substantiva e processual, nos domínios relevantes para o exercício das
magistraturas;
c) O desenvolvimento da capacidade de abordagem, de análise e do poder de síntese,
na resolução de casos práticos, com base no estudo problemático da doutrina e da
jurisprudência, mediante a aprendizagem do método jurídico e judiciário;
d) O exercício na tomada de decisão, fundado numa argumentação racional e na
análise crítica da experiência, por forma a conferir autonomia às posições
assumidas;
e) O domínio da técnica processual, privilegiando as perspetivas de agilização dos
procedimentos, da valoração da prova e da fundamentação das decisões, com
especial incidência na elaboração das peças processuais, no tratamento da matéria
de facto, nos procedimentos de recolha e produção da prova, e na estruturação das
decisões;
f) A aprendizagem dos modos de gestão judiciária e do processo, numa perspetiva de
racionalização de tarefas por objetivos;
g) A aprendizagem das técnicas de pesquisa, tratamento, organização e exposição da
informação, útil para a análise dos casos, incluindo o recurso às novas tecnologias;
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Tendo presentes estes parâmetros, devem os mesmos projetar-se nas diversas atividades
formativas a desenvolver, com a necessária adequação destas à especificidade das funções, no caso
especial deste 9.º Curso TAF para a magistratura judicial.
Ainda de acordo com a Lei n.º 2/2008, de 14 de janeiro, o modelo avaliativo acentua o papel
formativo dos docentes e uma ideia de aprendizagem contínua dos auditores, pretendendo-se que
formadores e formandos estejam mais preocupados com a formação dos futuros magistrados para o
seu próximo desempenho funcional, e menos com a avaliação destes e a sua classificação ou
graduação.
Nessa medida, o processo avaliativo tenderá a centrar-se numa prognose da ocorrência dos
requisitos éticos e técnicos que caracterizam um desempenho profissional exemplar. A avaliação deve
estar centrada na realização de objetivos claros, atinentes ao conjunto de requisitos técnicos e éticos
que caracterizam os bons magistrados devendo contribuir para a orientação identitária destes, em
especial, no que respeita à sua independência, responsabilidade, capacidade de decisão e de
fundamentação.
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Importa alcançar tais objetivos sem sobrecarregar excessivamente a carga horária dos
formandos, por tal prejudicar as capacidades de assimilação de conhecimentos, as necessidades de
realização de trabalhos e de preparação das sessões e o desiderato de maior ponderação e reflexão dos
auditores sobre os conteúdos formativos.
À organização das atividades formativas do 9.º Curso TAF preside a ideia do retorno a uma
situação de normalidade, interrompida em 2020 pelas condicionantes impostas ao CEJ pela situação
pandémica. Nestes termos, e com muito pontuais excepções impostas por factores de organização
logística, a formação decorrerá integralmente de acordo com o modelo presencial.
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2. Conteúdos
Com a área de estudos de Direito Constitucional visa-se proporcionar aos auditores de justiça,
para além de uma análise do processo constitucional (âmbito, objeto, tipos de recurso, pressupostos
gerais e específicos e trâmites, designadamente mediante a análise da jurisprudência do Tribunal
Constitucional), uma sensibilização para a importância e o alcance dos direitos fundamentais, a
compreensão das normas de direitos fundamentais, o estudo da metodologia da sua interpretação e
concretização pelos tribunais, os meios de tutela judicial dos direitos, liberdades e garantias pessoais.
As sessões referentes à Parte I terão lugar em sessões plenárias, sendo a referente ao Reenvio
prejudicial, lecionada presencialmente para cada um dos grupos.
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Introdução
Visa-se, através dessas sessões, apetrechar os auditores de justiça com o vocabulário técnico-
jurídico necessário à compreensão de textos jurídicos em língua inglesa e à comunicação com outrem,
bem como desenvolver conhecimentos em áreas temáticas diretamente relacionadas com o Direito
que permitam compreender e debater as diferenças e semelhanças existentes entre os sistemas
jurídicos de Portugal e dos países da common law, designadamente, o Inglês.
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Esta área terá uma carga horária de 2 UL sendo ministrada por técnicos da DGAJ.
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a) Interpretação evolutiva
b) Autonomia dos conceitos
c) Obrigações positivas
d) Margem de apreciação: O consenso
e) Medidas cautelares/provisórias
f) Acórdãos piloto
2. Direito à Vida (Artigo 2.º)
a) Generalidades
b) Âmbito da previsão convencional
c) As obrigações positivas dos Estados
d) Uso de força letal
e) A questão da pena de morte
f) Embriões
g) Análise de jurisprudência mais relevante
3. Proibição da tortura (Artigo 3.º) e Proibição da escravatura e trabalho forçado (Artigo 4.º)
a) Proibição da tortura
b) Proibição absoluta: salvaguarda da dignidade e integridade da pessoa humana
c) Obrigações positivas dos Estados
d) Distinção entre tortura e pena ou tratamento desumano ou degradante
e) Gravidade dos maus tratos: critérios para determinação
f) Tortura e extradição e expulsão
g) Proibição da escravatura
h) Análise de jurisprudência relevante
4. Direito à liberdade e à segurança (Artigo 5.º)
a) Âmbito da previsão convencional
b) As privações, limitações e restrições de liberdade relevantes
c) Distinção entre restrição e privação liberdade
d) Níveis de garantias
e) A legalidade da detenção: Conceito de legalidade
f) Apresentação a autoridade judicial competente
g) Noção de autoridade judicial competente
h) Detenção de menor, de pessoa suscetível de propagar doença contagiosa, de
alienado mental, de alcoólico, de toxicómano ou de vagabundo
i) Detenção para extradição ou expulsão
j) Informação detalhada (factual e jurídica), e idioma que compreenda
k) A nomeação de intérprete
l) A apresentação a magistrado
m) Análise de jurisprudência relevante
5. Direito a um processo equitativo (Artigo 6.º)
5.1. Vertente penal
a) Acusação em matéria penal: conceito autónomo. As infrações administrativas ou
disciplinares
b) Critério para a sua determinação
c) Tribunal independente e imparcial, estabelecido por lei
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d) Direito não absoluto, mas as limitações não devem restringir a sua substância
e) Elementos constitutivos do direito
f) Dimensão do processo equitativo
5.2. Vertente civil
a) Determinação e direitos e obrigações de carácter civil
b) Direito ao exame da causa publicamente
c) O prazo razoável, critérios para a sua delimitação, Violação do prazo razoável
d) Jurisprudência em casos Portugueses
e) Presunção de inocência
f) Direitos do acusado, extensivos ao defensor Informação sobre a acusação;
g) Garantias de defesa e defensor oficioso
h) Interrogatório de testemunhas
i) Análise de jurisprudência relevante
5.3. Análise do artigo 47.º da CDFUE e notas jurisprudenciais
6. Direito ao respeito pela vida privada e familiar (Artigo 8.º)
a) Vida privada e familiar: delimitação
b) Vida familiar: princípios;
c) A célula familiar (pelo menos relações entre parentes próximos);
d) Crianças a cargo;
e) Imigrantes e estrangeiros (expulsão);
f) Os efeitos do decurso do tempo.
g) Jurisprudência relevante
7. Liberdade de expressão (Artigo 10.º)
a) A liberdade de expressão em geral: Direito não absoluto; Obrigações positivas dos
Estados; Conteúdo do direito
b) Restrições: As ingerências e suas exceções
c) A imprensa
d) Análise de jurisprudência relevante
8. Direito de propriedade (Protocolo I – artigo 1º)
a) Âmbito da previsão convencional
b) Noção de propriedade: conceito autónomo
c) Privação da propriedade: princípios gerais; utilidade pública; indemnização;
condições previstas na lei.
d) Regulamentação do uso dos bens (equilíbrio entre os interesses geral e individual.
e) Jurisprudência relevante.
f) Olhar sobre o artigo 17.º da CDFUE
As temáticas a abordar nas sessões de Ética e Deontologia serão selecionadas com recurso às
constantes dos 3 e-books que o CEJ disponibiliza on-line e seguem o modelo seguido nos Cursos
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anteriores, o qual tem granjeado apreciável sucesso. As 9 sessões serão dirigidas por Docentes e
decorrerão, à exceção da primeira, em grupos.
A sessão terá em vista o transmitir dos conhecimentos básicos de contabilidade e gestão que se
têm por indispensáveis.
A atual redação dos artigos 9.º, n.º 5, e 44º-A do Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais
(introduzida pela Lei n.º 114/2019, de 17 de setembro), a par com a criação, através do Decreto-Lei n.º
174/2019, de 13 de dezembro, de juízos de competência especializada em grande parte dos tribunais
administrativos de círculo, veio assumir e confirmar que a crescente complexificação da vida económica
e social e a constatada expansão do direito administrativo, quer no âmbito das chamadas atuações
típicas quer em âmbitos que as ultrapassam, importam a existência e o reconhecimento de um direito
administrativo que podemos designar de especial, com uma dimensão substantiva e processual cuja
relevância não pode ser menorizada.
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Por sua vez o direito tributário caracteriza-se pelo (crescente) dinamismo da sua evolução e pelo
apuramento do grau de tecnicidade. A necessidade de adaptação permanente dos vários regimes
jurídicos a uma realidade económica em constante mutação, desconhecedora de fronteiras geográficas
e de dia para dia mais complexa, marca indelevelmente esta área do direito. Por outro lado, é seu
apanágio o intrincado diálogo com outras áreas do conhecimento (ciências económicas, contabilidade,
auditoria).
Importa também atentar na realidade nos Tribunais, recordando-se a propósito que estudos
recentes revelam que nos processos de impugnação pendentes nos Tribunais Tributários de primeira
instância são preponderantes as questões referentes ao IRC (23,3%), ao IVA (cerca de 18,9%) e ao IRS
(cerca de 16,3%).
Todos estes aspetos devem ser considerados na formação dos futuros juízes desta jurisdição e,
em particular, na componente de formação de especialidade.
Há ainda que ponderar o facto de nem todos/as os/as auditores/as disporem, à partida, do
mesmo nível de conhecimentos de direito administrativo e tributário, uma vez que o recrutamento
através da via profissional é parcialmente efetuado entre profissionais que apenas detêm experiência
ou na área do direito administrativo ou do direito tributário. Assim, um dos objetivos da formação nesta
componente consistirá no nivelamento do grau de conhecimentos específicos dos/as destinatários/as
de modo a que, finda a formação, se encontrem preparados/as para encarar os desafios profissionais
com que se virão a confrontar em qualquer uma das áreas.
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No que diz respeito ao IRS, a formação pretende proporcionar o domínio dos conceitos básicos
para a compreensão do seu regime e estrutura, dedicando-se ainda uma sessão ao estudo dos
estatutos de residência no IRS, justificada pela atualidade do tema.
Salvo motivo imprevisto ou circunstâncias de índole pedagógica que venham a impor diferente
solução, a planificação das 7 sessões (7 UL) desta área de estudos é a seguinte:
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Salvo motivo imprevisto ou circunstâncias de índole pedagógica que venham a impor diferente
solução, a planificação das 8 sessões (8 UL) desta área de estudos é a seguinte:
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6ª Sessão (1 UL)
Exercitação escrita.
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No que diz respeito ao IRC, procurar-se-á proporcionar o domínio dos conceitos básicos nas
matérias estruturantes do seu regime.
Salvo motivo imprevisto ou circunstâncias de índole pedagógica que venham a impor diferente
solução, a planificação das 9 sessões (9 UL) desta área de estudos é a seguinte:
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Será ainda lecionada uma sessão dedicada ao tema do contencioso aduaneiro, justificada pelas
suas especificidades.
Num momento em que o Direito Fiscal Internacional e Europeu conhece importantes alterações,
este tema será objeto de formação, que terá início com o estudo da interpretação do direito
convencional internacional e procurará abranger os temas mais relevantes e atuais nesta matéria.
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por consubstanciar a parte mais significativa das matérias que cabem no juízo administrativo social, à
contratação pública, ao direito do urbanismo, ambiente e ordenamento do território (área de
especialização já prevista no ETAF, embora ainda não implementada), e ao regime da responsabilidade
civil do Estado e demais entidade públicas por tal matéria, com grande relevância no contencioso
administrativo, importar um estudo detalhado designadamente do regime aprovado pela Lei n.º
67/2007, de 31 de dezembro, com a redação que lhe foi dada pela Lei n.º 31/2008, de 17 de julho.
Os litígios emergentes do vínculo de emprego público cuja apreciação cabe aos Tribunais
Administrativos revestem uma grande importância na atividade processual destes Tribunais, por ser
um contencioso muito numeroso e vasto.
As matérias que integram o denominado Direito do Urbanismo, no seu sentido mais amplo por
forma a abranger também as relativas ao ordenamento do território, assumem importância fulcral no
âmbito da atividade dos tribunais administrativos já que lhes cabe o controlo jurisdicional da legalidade
e a tutela de direitos e interesses legítimos quando estejam em causa atuações administrativas que
interfiram com imperativos de preservação urbanística, ordenamento do território e adequada
organização e gestão do espaço urbano.
Importa, por isso, sensibilizar os auditores de justiça para as principais questões decorrentes da
atividade da Administração neste domínio, familiarizando-os por um lado com as formas de que pode
revestir-se, no tocante à atividade de planeamento territorial e de controlo prévio e sucessivo da
realização de operações urbanísticas, dando-lhes ainda a conhecer os meios de garantia e de tutela
contenciosa da legalidade específicos do Direito do Urbanismo, de molde a apetrechá-los com os
instrumentos técnico-jurídicos indispensáveis à prática judiciária nestas áreas específicas.
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Importa assim que os auditores conheçam a ordem jurídica interna e o ordenamento jurídico
Europeu em matéria ambiental, o qual encontra expressão em vários instrumentos jurídicos. Pretende-
se, assim, dotar os auditores de justiça de conhecimentos sobre o enquadramento normativo mais
significativo, alicerçado na atividade da Administração neste domínio, familiarizando-os com os
principais institutos e regimes jurídicos, dando-lhes também a conhecer os meios de garantia e de
tutela contenciosa da legalidade ambiental, de molde a dotá-los dos instrumentos técnico-jurídicos
indispensáveis à prática judiciária nestas áreas específicas.
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Com a formação nesta área pretende-se promover uma análise do direito aplicável à formação e
à validade interpretação e execução dos contratos públicos, por forma a apetrechar os auditores de
justiça dos conhecimentos necessários à tramitação e decisão desses processos em prazo razoável.
Privilegiar-se-á uma abordagem casuística, a partir de exemplos práticos que versem sobre
algumas das questões que têm assumido maior relevância no contencioso pré-contratual e de
contratos nos tribunais administrativos, a par com uma análise da jurisprudência e da doutrina mais
relevantes, ao nível nacional e europeu.
a) Compreensão das diferentes modalidades de vínculo de emprego público à luz da Lei Geral
do Trabalho em Funções Públicas, aprovada pela Lei n.º 35/2014, de 20 de junho;
b) Perceção das linhas gerais do regime do tempo de trabalho e do direito à remuneração do
trabalhador em funções públicas;
c) Domínio do regime dos acidentes de trabalho e das doenças profissionais dos trabalhadores
que exercem funções públicas á luz do Decreto-Lei n.º503/99, de 20 de Novembro, na sua
redação atual;
d) Compreensão dos princípios gerais que regem o exercício do poder disciplinar e das
garantias dos trabalhadores em sede de procedimento disciplinar sancionatório;
e) Compreensão e capacidade de aplicação dos princípios constitucionais de Direito do
Urbanismo;
f) Compreensão dos principais elementos do sistema de planeamento territorial português;
g) Domínio dos aspetos fundamentais do regime jurídico da atividade de gestão urbanística
(controlo prévio e sucessivo da realização de operações urbanísticas);
h) Domínio das especificidades do contencioso do urbanismo;
i) Compreensão e capacidade de aplicação dos princípios constitucionais e gerais em matéria
de ambiente;
j) Domínio das especificidades da tutela judicial do ambiente;
k) Perceção e domínio dos pressupostos das várias modalidades de responsabilidade civil
extracontratual do Estado, e demais entidades públicas e aptidão para elaborar os
correspondentes despacho e sentenças;
l) Compreensão, ao nível da responsabilidade civil extracontratual por facto ilícito, dos
pressupostos respetivos, com particular enfoque para os respeitantes à ilicitude e à culpa,
nas diferentes configurações que estes podem revestir, em função do tipo de atuação
administrativa em causa.
m) Domínio da sistemática do Código dos Contratos Públicos e respetivo âmbito de aplicação,
bem como dos principais princípios que regem a contratação pública;
n) Domínio e compreensão dos tipos de procedimento de formação de contratos previstos no
CCP e dos principais momentos que caracterizam esse procedimento administrativo
especial, com particular enfoque para os momentos referentes à análise, avaliação e
exclusão das propostas, adjudicação, critério e modalidades;
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o) Compreensão e domínio das peças do procedimento, no que respeita quer à sua natureza
jurídica e função no procedimento de formação de contratos, quer à sua impugnabilidade,
administrativa e jurisdicional;
p) Análise, compreensão e domínio dos meios processuais em matéria de contencioso pré-
contratual, designadamente da ação administrativa urgente, efeito suspensivo automático
e seu levantamento e medidas provisórias;
q) Análise das principais questões respeitantes à interpretação, validade e execução dos
contratos administrativos;
2. ª Sessão (2 UL)
Modalidades de vínculo e prestação de trabalho no exercício de funções públicas.
O contrato de trabalho em funções públicas em especial.
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9ª Sessão (1 UL)
Exercitação escrita.
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4ª Sessão (1 UL)
Urbanização e a edificação (Regime Jurídico da Urbanização e Edificação):
Operações urbanísticas.
Procedimentos de controlo prévio de operações urbanísticas: licença e autorização.
5ª Sessão (1 UL)
A urbanização e a edificação (continuação):
Comunicação prévia.
Informação prévia.
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Com o presente plano de estudos, no que diz respeito ao direito substantivo, dando-se primazia
à análise, oral e escrita, de casos práticos e de processos reais, serão versadas matérias relativas aos
princípios gerais das obrigações e dos contratos, ao negócio jurídico e suas vicissitudes, ao
cumprimento e incumprimento das obrigações, a alguns contratos em especial e ao instituto da
responsabilidade civil nas suas várias modalidades, com particular desenvolvimento dos requisitos do
nexo de imputação objetiva e do dano e da avaliação deste último.
Assim, na análise de vários aspetos da marcha do processo, ter-se-á como vetor dominante a
análise e recondução das soluções consagradas à luz daqueles direitos fundamentais e dos princípios
estruturantes do processo civil nacional, sendo dado ainda o devido destaque ao papel atualmente
desempenhado pelo juiz nesta sede.
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A formação inicial nestas áreas desenvolver-se-á ao longo de todo o primeiro ciclo, sendo
ministrada por cinco módulos.
Quanto ao Módulo 1:
Quanto ao Módulo 2:
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Quanto ao Módulo 3:
Quanto ao Módulo 4:
Quanto ao Módulo 5:
MÓDULO 1
PROCESSO CIVIL E DIREITOS FUNDAMENTAIS. PRINCÍPIOS DO PROCESSO CIVIL.
NEGÓCIO JURÍDICO E CONTRATOS.
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MÓDULO 2
TEMAS DE PROVA. DIREITO PROBATÓRIO. AUDIÊNCIA FINAL E JULGAMENTO DA MATÉRIA DE
FACTO.
Meios de prova em especial: prova por declarações de parte; prova pericial; inspeção judicial e
verificações não judiciais qualificadas; prova por presunção judicial; a intervenção do técnico.
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MÓDULO 3
RESPONSABILIDADE CIVIL.
O JULGAMENTO DA MATÉRIA DE FACTO E A SENTENÇA.
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Igualmente se tem por objetivo a apreensão pelos auditores de justiça das novas realidades do
direito e do contencioso administrativo, atravessados pela transmigração de institutos e de soluções
oriundos do direito administrativo global, do direito administrativo europeu e dos direitos
administrativos especiais e pelas exigências determinadas pelo direito da proteção internacional dos
direitos humanos e pela proteção constitucional dos direitos fundamentais.
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Assim sendo, a formação inicial em Direito Administrativo, substantivo e processual geral, tem
como objetivos formativos a aquisição pelos/as auditores/as das competências que seguidamente se
indicam.
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Nestes termos, e salvo motivo imprevisto ou circunstâncias de índole pedagógica que venham a
impor diferentemente, a planificação das 73 sessões (107 UL) desta área de estudos é a seguinte:
Primeiro Trimestre
1.ª Semana – 19-23 setembro
1.ª Sessão (2 UL)
Apresentação. Metodologia de trabalho e de avaliação. Estatuto do auditor de justiça.
A organização e o funcionamento dos tribunais administrativos.
O âmbito da jurisdição administrativa.
2.ª Sessão (2 UL)
As funções do Estado: A função Administrativa e o princípio da separação de poderes.
Poderes dos tribunais administrativos.
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Segundo Trimestre
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Terceiro Trimestre
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A formação inicial no Direito Tributário tem como objetivos formativos a aquisição pelos/as
auditores/as das competências que seguidamente se enunciam.
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Assim, e salvo motivo imprevisto ou circunstâncias de índole pedagógica que venham a impor
diferente solução, a planificação das 37 sessões desta área de estudos é a seguinte:
PRIMEIRO TRIMESTRE
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SEGUNDO TRIMESTRE
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TERCEIRO TRIMESTRE
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