Você está na página 1de 58

PLANO de ESTUDOS

9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais  1.º Ciclo

2022-2023
Título: Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os
Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023)
Autor: Centro de Estudos Judiciários
Ano de Publicação: 2022
Edição: Centro de Estudos Judiciários
Largo do Limoeiro
1149-048 Lisboa
cej@mail.cej.mj.pt
Centro de Estudos Judiciários

Índice
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................5
1.1. LINHAS PROGRAMÁTICAS E METODOLÓGICAS, GERAIS E ESPECÍFICAS ......................................6

1.2. ORIENTAÇÕES ESTRATÉGICAS NO DOMÍNIO DA AVALIAÇÃO ................................................. 8

1.3. CRITÉRIOS ESTRUTURANTES RELATIVOS AO 9.º CURSO TAF ..................................................9

2. CONTEÚDOS ....................................................................................................13
2.1. COMPONENTE FORMATIVA GERAL E DE ESPECIALIDADE COMUM AOS CURSOS PARA OS
TRIBUNAIS JUDICIAIS ....................................................................................................... 13
2.1.1. Direito Constitucional .......................................................................................................... 13
2.1.2. Direito Europeu e Internacional ......................................................................................... 13
2.1.3. Inglês Jurídico .......................................................................................................................... 14
2.1.4. Tecnologias de Informação e Comunicação .................................................................... 15
2.1.5. Jurisprudência em sede de Direitos Fundamentais ........................................................ 15
2.1.6. Ética e Deontologia ................................................................................................................ 17
2.1.7. Contabilidade e Gestão ........................................................................................................ 18

2.2. COMPONENTE FORMATIVA GERAL E DE ESPECIALIDADE ESPECÍFICAS DO DOMÍNIO DO DIREITO


ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO ...................................................................................... 18
2.2.1. Componente formativa de especialidade em sede de direito administrativo e
tributário................................................................................................................................... 20
2.2.1.1. Direito Contraordenacional substantivo e processual ....................................... 20
2.2.2. Componente formativa de especialidade em sede de direito tributário ................. 22
2.2.2.1. Imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS) ............................... 22
2.2.2.2. Imposto sobre o valor acrescentado (IVA) ........................................................... 23
2.2.2.3. Tributação do património .......................................................................................... 24
2.2.2.4. Imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas (IRC) ................................ 25
2.2.2.5. Direito e contencioso aduaneiro ............................................................................. 26
2.2.2.6. Direito fiscal internacional e europeu ..................................................................... 26
2.2.3. Componente formativa de especialidade em sede de direito administrativo ......... 27
2.2.3.1. Direito Administrativo substantivo e processual especial ................................. 27
2.2.3.1.1 Direito do trabalho em funções públicas ..................................................... 31
2.2.3.1.2 Direito do urbanismo e direito do ambiente .............................................. 32
2.2.3.1.3 Direito da contratação pública ........................................................................ 34
2.2.3.1.4 Responsabilidade civil extracontratual do estado e demais entidades
públicas .................................................................................................................. 35

2.3. COMPONENTE FORMATIVA PROFISSIONAL ......................................................................... 36


2.3.1. Direito Civil, no domínio dos contratos e da responsabilidade civil, e Direito
Processual Civil. ...................................................................................................................... 36
2.3.2. Direito Administrativo substantivo e processual geral................................................. 42
2.3.3. Direito Tributário substantivo e processual ................................................................... 50

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 3
Centro de Estudos Judiciários

1. Introdução

A formação inicial de magistrados para os tribunais judiciais compreende um curso de formação


teórico-prática, organizado em dois ciclos sucessivos seguidos por um estágio de ingresso. Nos termos
da lei, o primeiro ciclo desse curso deve realizar-se na sede do CEJ (com a ressalva dos estágios
intercalares de curta duração, que decorrem nos tribunais) tal como se estabelece nos n.ºs 1 e 2 do
artigo 30.º da Lei n.º 2/2008, de 14 de janeiro.

Através do Despacho n.º 7384/2021, de 26 de julho, proferido ao abrigo do disposto no artigo 8.º
da Lei n.º 2/2008, de 14 de janeiro, a Senhora Ministra da Justiça determinou a abertura de curso de
ingresso nas magistraturas para o preenchimento de, entre outras, 20 vagas destinadas aos tribunais
administrativos e fiscais.

O aviso de abertura para este 9.º Curso de Formação para os Tribunais Administrativos e Fiscais
foi publicado em 19 de agosto de 2021. (cf. Aviso n.º 15553/2021, publicado no DR - 2.ª série, n.º 161, de
19 de agosto de 2022).

Posteriormente, pelo Despacho n.º 3680/2022 do Senhor Secretário de Estado Adjunto e da


Justiça, publicado em 29 de março de 2022, foi aumentado para 29 o número de vagas disponível para
este curso.

O 1.º Ciclo deste 9.º Curso de formação para os tribunais administrativos e fiscais, tem início
previsto para o dia 15 de Setembro de 2022, decorrendo até 15 de Julho de 2023, num total de 41
semanas, embora algumas delas diminuídas no seu tempo útil por motivo de férias judiciais, feriados e
reuniões de avaliação.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 5
Centro de Estudos Judiciários

1.1. Linhas programáticas e metodológicas, gerais e


específicas

A Lei n.º 2/2008, de 14 de janeiro, estabelece um conjunto de objetivos gerais para o curso de
formação teórico-prática e de objetivos específicos para o primeiro ciclo do curso, que não são
colocados em causa pela redução temporal adotada.

Assim, e quanto aos primeiros, determina o n.º 1 do artigo 34.º da citada Lei n.º 2/2008 que o
curso de formação teórico-prática para os tribunais judiciais «tem como objetivos fundamentais
proporcionar aos auditores de justiça o desenvolvimento de qualidades e a aquisição de competências
técnicas para o exercício das funções de juiz (…) e de magistrado do Ministério Público».

Nesse contexto, enuncia o n.º 2 do citado preceito legal, «no domínio do desenvolvimento de
qualidades para o exercício das funções», os seguintes:

«a) A compreensão do papel dos juízes e dos magistrados do Ministério Público na


garantia e efetivação dos direitos fundamentais do cidadão;
b) A perceção integrada do sistema de justiça e da sua missão no quadro
constitucional;
c) A compreensão da conflitualidade social e da multiculturalidade, sob uma
perspetiva pluralista, na linha de aprofundamento dos direitos fundamentais;
d) O apuramento do espírito crítico e reflexivo e a atitude de abertura a outros saberes
na análise das questões e no processo de decisão;
e) A identificação das exigências éticas da função e da deontologia profissional, na
perspetiva da garantia dos direitos dos cidadãos;
f) Uma cultura de boas práticas em matéria de relações humanas, no quadro das
relações profissionais, institucionais e com o cidadão em geral;
g) Uma cultura e prática de autoformação ao longo da vida.»

E o n.º 3 elenca, «na vertente da aquisição das competências técnicas»:

«a) A consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos técnico-jurídicos


necessários à aplicação do direito;
b) O domínio do método jurídico e judiciário na abordagem, análise e resolução dos
casos práticos;
c) A aquisição de conhecimentos e técnicas de áreas não jurídicas do saber, úteis para a
compreensão judiciária das realidades da vida;
d) A compreensão e o domínio do processo de decisão mediante o apuramento da
intuição prática e jurídica, o desenvolvimento da capacidade de análise, da técnica
de argumentação e do poder de síntese, bem como o apelo à ponderação de
interesses e às consequências práticas da decisão;
e) O domínio dos modos de gestão e da técnica do processo, numa perspetiva de
agilizar os procedimentos orientada para a decisão final;

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 6
Centro de Estudos Judiciários

f) A aquisição de conhecimentos e o domínio das técnicas de comunicação com relevo


para a intervenção judiciária, incluindo o recurso às tecnologias da informação e da
comunicação;
g) A utilização das aplicações informáticas disponíveis para gerir o processo de forma
eletrónica e desmaterializada;
h) A aquisição de competências, no âmbito da organização e gestão de métodos de
trabalho, adequadas ao contexto de exercício de cada magistratura.»

Já no que se refere aos objetivos específicos do primeiro ciclo, no desenvolvimento daqueles


objetivos gerais, rege o artigo 36.º, também este desdobrado em componentes quer pessoais quer
técnicas.

Quanto ao «domínio das qualidades para o exercício das funções», afirma o n.º 1 ter a formação
como escopo:

«a) Promover a formação sobre os temas respeitantes à administração da justiça;


b) Propiciar o conhecimento dos princípios da ética e da deontologia profissional, bem
como dos direitos e deveres estatutários e deontológicos;
c) Proporcionar a diferenciação dos conteúdos funcionais e técnicos de cada
magistratura.»

E, no n.º 2, «em matéria de competências técnicas», declara-se que o primeiro ciclo visa
proporcionar:

«a) A formação sobre a importância prática dos direitos fundamentais e o domínio dos
respetivos meios de proteção judiciária;
b) A aquisição e o aprofundamento dos conhecimentos jurídicos, de natureza
substantiva e processual, nos domínios relevantes para o exercício das
magistraturas;
c) O desenvolvimento da capacidade de abordagem, de análise e do poder de síntese,
na resolução de casos práticos, com base no estudo problemático da doutrina e da
jurisprudência, mediante a aprendizagem do método jurídico e judiciário;
d) O exercício na tomada de decisão, fundado numa argumentação racional e na
análise crítica da experiência, por forma a conferir autonomia às posições
assumidas;
e) O domínio da técnica processual, privilegiando as perspetivas de agilização dos
procedimentos, da valoração da prova e da fundamentação das decisões, com
especial incidência na elaboração das peças processuais, no tratamento da matéria
de facto, nos procedimentos de recolha e produção da prova, e na estruturação das
decisões;
f) A aprendizagem dos modos de gestão judiciária e do processo, numa perspetiva de
racionalização de tarefas por objetivos;
g) A aprendizagem das técnicas de pesquisa, tratamento, organização e exposição da
informação, útil para a análise dos casos, incluindo o recurso às novas tecnologias;

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 7
Centro de Estudos Judiciários

h) A aquisição de saberes não jurídicos com relevo para a atividade judiciária,


nomeadamente em matéria de medicina legal, psicologia judiciária, sociologia
judiciária e contabilidade e gestão;
i) Possibilidade de aprendizagem de uma língua estrangeira, numa perspetiva de
utilização técnico-jurídica;
j) A aprendizagem de técnicas da comunicação, verbais e não-verbais, incluindo o
recurso às tecnologias da comunicação;
l) A aprendizagem da utilização das aplicações informáticas disponíveis para gerir o
processo de forma eletrónica e desmaterializada;
m) A integração das competências que vão sendo adquiridas, através de breves
períodos de estágio nos tribunais.»

Tendo presentes estes parâmetros, devem os mesmos projetar-se nas diversas atividades
formativas a desenvolver, com a necessária adequação destas à especificidade das funções, no caso
especial deste 9.º Curso TAF para a magistratura judicial.

1.2. Orientações estratégicas no domínio da


avaliação

Ainda de acordo com a Lei n.º 2/2008, de 14 de janeiro, o modelo avaliativo acentua o papel
formativo dos docentes e uma ideia de aprendizagem contínua dos auditores, pretendendo-se que
formadores e formandos estejam mais preocupados com a formação dos futuros magistrados para o
seu próximo desempenho funcional, e menos com a avaliação destes e a sua classificação ou
graduação.

Nessa medida, o processo avaliativo tenderá a centrar-se numa prognose da ocorrência dos
requisitos éticos e técnicos que caracterizam um desempenho profissional exemplar. A avaliação deve
estar centrada na realização de objetivos claros, atinentes ao conjunto de requisitos técnicos e éticos
que caracterizam os bons magistrados devendo contribuir para a orientação identitária destes, em
especial, no que respeita à sua independência, responsabilidade, capacidade de decisão e de
fundamentação.

Consequentemente, e não obstante a necessária individualização dos docentes enquanto


avaliadores responsáveis pela concreta avaliação, nos termos legais estabelecidos em cada momento, o
método de avaliação contínua foi convolado para uma avaliação global, em que todos os fatores de
avaliação que relevem para a aferição daqueles requisitos éticos e técnicos sejam considerados e em
que os juízos formulados por todos os docentes que interajam funcionalmente com cada um dos
auditores sejam ponderados, sempre com salvaguarda da total transparência do processo avaliativo.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 8
Centro de Estudos Judiciários

A elaboração do presente Plano de Estudos pretende continuar a inscrever-se na mesma linha


procurando evitar modelos académicos ou universitários e visando, ao mesmo tempo, acentuar a
componente prática da formação assente no privilegiar da interdisciplinaridade dos saberes, na
complementaridade com o ensino universitário e na orientação ao estudo do caso concreto.

Trata-se, afinal, de organizar as atividades formativas numa lógica de aquisição de


competências para o saber fazer, numa perspetiva de cumprimento da ética profissional e de respeito
pelo cidadão, enquanto destinatário da atividade dos tribunais, em que têm papel essencial vários
aspetos a desenvolver: formação adequada nos domínios da ética e deontologia profissionais e dos
direitos humanos; estudo e assimilação de boas práticas profissionais; preparação para a
especialização; exercitação das capacidades de compreensão e valoração da prova, e de ponderação e
decisão, segundo o direito e o bom senso; elaboração de materiais de formação comuns dentro de cada
área formativa e dirigidos a todos os auditores; mobilização dos formandos para o seu próprio processo
formativo; valorização da ponderação e análise crítica das matérias e materiais formativos pelos
auditores.

Importa alcançar tais objetivos sem sobrecarregar excessivamente a carga horária dos
formandos, por tal prejudicar as capacidades de assimilação de conhecimentos, as necessidades de
realização de trabalhos e de preparação das sessões e o desiderato de maior ponderação e reflexão dos
auditores sobre os conteúdos formativos.

Continuarão a ser utilizadas nas sessões de trabalho os materiais formativos de formação


contínua julgados essenciais, proceder-se-á ao estudo integrado (e não estanque) das matérias das
componentes formativas geral e de especialidade numa lógica de interdisciplinaridade e
complementaridade com as áreas da componente profissional (embora, neste ponto, com a vantagem
de significar a desnecessidade de autonomização de várias daquelas matérias, que serão tratadas no
âmbito das áreas da componente profissional, daí resultando um ganho em termos de gestão da carga
horária).

1.3. Critérios estruturantes relativos ao 9.º Curso TAF

À organização das atividades formativas do 9.º Curso TAF preside a ideia do retorno a uma
situação de normalidade, interrompida em 2020 pelas condicionantes impostas ao CEJ pela situação
pandémica. Nestes termos, e com muito pontuais excepções impostas por factores de organização
logística, a formação decorrerá integralmente de acordo com o modelo presencial.

A) No que concerne às áreas da componente formativa profissional, que constituem o


núcleo central da formação, organizar-se-á o 9.º Curso para os Tribunais
Administrativos e Fiscais em dois grupos compostos por 15 e 14 auditores de justiça
respetivamente, dimensão que se tem como perfeitamente adequada em termos
pedagógicos.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 9
Centro de Estudos Judiciários

B) A planificação de sessões das diferentes jurisdições da componente formativa


profissional que integram o presente Plano de Estudos, obedece ainda a uma divisão da
programação geral pelo tempo disponível, correspondente a 37 semanas de módulos
letivos, ao qual acrescerão as duas semanas normalmente dedicadas ao estágio
intercalar e que terão lugar durante o último trimestre e encontrando-se em aberto a
possibilidade de continuarem a ser oferecidas as atividades que regra geral são
propostas para as duas semanas anteriores ao encerramento do primeiro ciclo do curso.
C) No que se refere às áreas que integram a componente formativa geral e de
especialidade, e que decorrerão em simultâneo com os auditores dos 38.º e 39.º Cursos
para os tribunais judiciais, estas serão as seguintes: Jurisprudência em sede de Direitos
Fundamentais (Jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, do Tribunal
de Justiça da União Europeia (TJUE) e de outras instâncias de controlo) com 12 UL,
Direito Europeu e Internacional com 5 UL, Inglês Jurídico com 8 UL, Tecnologias de
Informação e Comunicação com 2 UL, Contabilidade e Gestão com 2 ULCAS, Ética e
Deontologia com 9 UL e Direito Constitucional com 2 UL.
D) A componente formativa da especialidade visa dotar os auditores de justiça de
conhecimentos teórico-práticos em áreas específicas, do direito e de outros saberes,
com relevância para o desenvolvimento das suas competências por, designadamente
corresponderem a temáticas com as quais os auditores serão confrontados no futuro,
enquanto juízes dos tribunais administrativos e fiscais. Na área do direito
administrativo, esta componente formativa tem incidido, tendencialmente, nas
matérias respeitantes ao direito do urbanismo e direito do ambiente, direito da
contratação pública, direito do trabalho em funções públicas e direito das
contraordenações. Sucede, porém, que as matérias em causa – designadamente o
direito do urbanismo e ambiente, contratação pública e trabalho em funções públicas –
assumem, hoje, uma relevância nos tribunais administrativos e fiscais que justificou a
sua integração, nos termos do artigo 9.º, n.º 5, alíneas a), b), c) e d) do Estatuto dos
Tribunais Administrativos e Fiscais, na redação dada pela Lei n.º 114/2019, de 17 de
setembro, no elenco das áreas que podem integrar juízos de competência especializada
nos tribunais administrativos de círculo.
E) Em conformidade, entendeu-se dever dar a essas matérias uma formação integrada na
componente formativa de especialidade – designada por direito administrativo
substantivo e processual especial - por forma a permitir uma abordagem mais casuística
das temáticas, em sessões de grupo, com uma avaliação global do desempenho do
auditor de justiça, método que possibilita um maior e melhor desenvolvimento das
competências que se pretende que os auditores de justiça alcancem, ao nível do direito
substantivo e do direito processual.
F) Assim, no que concerne às áreas de formação geral e de especialidade específicas do
Direito Administrativo e Tributário estas serão as seguintes: Direito Contraordenacional
com 11 UL, IRS com 7 UL, IVA com 8 UL, Tributação do Património com 6 UL, IRC com 9
UL, Direito e Contencioso Aduaneiro com 7 UL e Direito Fiscal Europeu e Internacional
com 7 UL e Direito Administrativo substantivo e processual especial num total de 56 UL
(Trabalho em Funções Públicas com 15 UL, Urbanismo e Ambiente com 15 UL,

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 10
Centro de Estudos Judiciários

Responsabilidade Civil extracontratual do Estado com 11 UL e Contratação Pública com


15 UL).
G) Já no que respeita à área formativa profissional prevêem-se as tradicionais três áreas de
estudos, designadamente a de Direito Civil e Processual Civil com 58 UL, a de Direito
Administrativo, substantivo e processual geral, com 107 UL e a de Direito Tributário
com 68 UL. Completam a formação na área civil os módulos de Insolvência e Execução
com 4 UL cada.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 11
Centro de Estudos Judiciários

2. Conteúdos

2.1. Componente formativa geral e de especialidade


comum aos Cursos para os Tribunais Judiciais

2.1.1. Direito Constitucional

Com a área de estudos de Direito Constitucional visa-se proporcionar aos auditores de justiça,
para além de uma análise do processo constitucional (âmbito, objeto, tipos de recurso, pressupostos
gerais e específicos e trâmites, designadamente mediante a análise da jurisprudência do Tribunal
Constitucional), uma sensibilização para a importância e o alcance dos direitos fundamentais, a
compreensão das normas de direitos fundamentais, o estudo da metodologia da sua interpretação e
concretização pelos tribunais, os meios de tutela judicial dos direitos, liberdades e garantias pessoais.

As 2 UL disponíveis serão ministradas por docente universitário e ocorrerão em simultâneo com


o 38.º Curso.

2.1.2. Direito Europeu e Internacional

Procurar-se-á através desta área de estudos proporcionar aos auditores de justiça a


familiarização com os institutos de direito europeu e internacional e com os procedimentos da sua
aplicação prática, o aprofundamento dos conhecimentos nos domínios das instituições e do direito ao
nível europeu e internacional.

As sessões referentes à Parte I terão lugar em sessões plenárias, sendo a referente ao Reenvio
prejudicial, lecionada presencialmente para cada um dos grupos.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 13
Centro de Estudos Judiciários

Salvo motivo imprevisto ou circunstâncias de índole pedagógica que venham a impor


diferentemente, as matérias a ser abordadas nas 5 UL desta área de estudos são as seguintes:

PARTE I – Direito da União Europeia

Introdução

O ordenamento jurídico da União Europeia. As fontes de direito da União Europeia.


A eficácia do direito da União Europeia.
A aplicação do direito da União Europeia na ordem jurídica portuguesa: a aplicabilidade direta, o
efeito direto, a interpretação conforme, o primado.
O sistema jurisdicional da União Europeia.
As obrigações dos tribunais nacionais enquanto tribunais comuns da União Europeia. A
autonomia processual dos Estados-Membros e os seus limites: os princípios da equivalência e da
efetividade. O incumprimento do direito da União Europeia. A responsabilidade extracontratual
dos Estados-Membros por incumprimento do direito da União Europeia e, em especial, a
responsabilidade do Estado-juiz.

PARTE II – Reenvio Prejudicial

O Tribunal de Justiça como garante da interpretação e aplicação uniformes do direito da União


Europeia pelos tribunais nacionais. Poder e dever de suscitar o reenvio prejudicial. Os efeitos dos
acórdãos prejudiciais de interpretação e de apreciação da validade. Sanções em caso de omissão
do reenvio prejudicial.

2.1.3. Inglês Jurídico

A formação em Inglês Jurídico compreenderá 8 sessões de 1 UL a executar em grupos


individuais.

Visa-se, através dessas sessões, apetrechar os auditores de justiça com o vocabulário técnico-
jurídico necessário à compreensão de textos jurídicos em língua inglesa e à comunicação com outrem,
bem como desenvolver conhecimentos em áreas temáticas diretamente relacionadas com o Direito
que permitam compreender e debater as diferenças e semelhanças existentes entre os sistemas
jurídicos de Portugal e dos países da common law, designadamente, o Inglês.

Serão fomentadas a leitura e análise de textos jurídicos e, periodicamente, em alternativa, serão


projetados filmes e documentários relacionados com estes tópicos. Incidir-se-á, com particular relevo,
no alargamento vocabular e no desenvolvimento das capacidades de expressão/exposição oral. A
prática de vocabulário será feita através de exercícios e outras atividades, de entre as quais se destacam
atividades de simulação e debates.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 14
Centro de Estudos Judiciários

2.1.4. Tecnologias de Informação e Comunicação

A matéria referente às tecnologias de informação e comunicação, dados os conhecimentos que


a generalidade dos auditores de justiça já possui acerca de um número razoável de aplicações
informáticas na ótica do utilizador, visa proporcionar-lhes a familiarização com as novas aplicações
informáticas de uso mais frequente nos tribunais incluindo, para além do SITAF, as relativas aos
registos comercial e predial on-line e às custas judiciais.

Esta área terá uma carga horária de 2 UL sendo ministrada por técnicos da DGAJ.

2.1.5. Jurisprudência em sede de Direitos Fundamentais

As matérias relativas à jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos e de outras


instâncias de controlo visam o aprofundamento dos conhecimentos no domínio da jurisprudência do
Tribunal Europeu dos Direitos Humanos e, quando tal se justifique, do Tribunal de Justiça da União
Europeia, em particular no que se refere ao processo equitativo e ao direito de propriedade, por
aplicação da Carta de Direitos Fundamentais da União Europeia (CDFUE).

Todas as 12 sessões com a duração de 1 UL serão ministradas à distância e dirigindo-se também


ao 38.º Curso para os tribunais judiciais, seguindo o modelo já testado de exposição sintética dos temas
por especialistas na matéria, seguida de apresentação, análise e debate de acórdãos mais impressivos
por grupos de auditores, em regra sob a orientação dos mesmos formadores da respetiva sessão
teórica.

Salvo motivo imprevisto ou circunstâncias de índole pedagógica que venham a impor


diferentemente, as matérias a abordar nas sessões desta área de estudos são as seguintes:

A) Direito Institucional e o processo

1. O sistema institucional de proteção convencional na CEDH: passado e presente


2. O regime do processo no Tribunal Europeu: Notas mais relevantes da sequência do
processual sobre:
a) Organização e funcionamento
b) Pressupostos processuais
c) A intervenção de terceiros
d) Medidas cautelares/provisórias
e) O exame contraditório da causa e a resolução amigável dos conflitos
f) Decisões e Acórdãos
g) Recurso para o tribunal pleno
h) Força vinculativa e execução das sentenças
i) Nota geral sobre prazos do processo e sobre apoio judiciário

B) Direito material e jurisprudência

1. Instrumentos jurisprudenciais de interpretação e aplicação da Convenção:

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 15
Centro de Estudos Judiciários

a) Interpretação evolutiva
b) Autonomia dos conceitos
c) Obrigações positivas
d) Margem de apreciação: O consenso
e) Medidas cautelares/provisórias
f) Acórdãos piloto
2. Direito à Vida (Artigo 2.º)
a) Generalidades
b) Âmbito da previsão convencional
c) As obrigações positivas dos Estados
d) Uso de força letal
e) A questão da pena de morte
f) Embriões
g) Análise de jurisprudência mais relevante
3. Proibição da tortura (Artigo 3.º) e Proibição da escravatura e trabalho forçado (Artigo 4.º)
a) Proibição da tortura
b) Proibição absoluta: salvaguarda da dignidade e integridade da pessoa humana
c) Obrigações positivas dos Estados
d) Distinção entre tortura e pena ou tratamento desumano ou degradante
e) Gravidade dos maus tratos: critérios para determinação
f) Tortura e extradição e expulsão
g) Proibição da escravatura
h) Análise de jurisprudência relevante
4. Direito à liberdade e à segurança (Artigo 5.º)
a) Âmbito da previsão convencional
b) As privações, limitações e restrições de liberdade relevantes
c) Distinção entre restrição e privação liberdade
d) Níveis de garantias
e) A legalidade da detenção: Conceito de legalidade
f) Apresentação a autoridade judicial competente
g) Noção de autoridade judicial competente
h) Detenção de menor, de pessoa suscetível de propagar doença contagiosa, de
alienado mental, de alcoólico, de toxicómano ou de vagabundo
i) Detenção para extradição ou expulsão
j) Informação detalhada (factual e jurídica), e idioma que compreenda
k) A nomeação de intérprete
l) A apresentação a magistrado
m) Análise de jurisprudência relevante
5. Direito a um processo equitativo (Artigo 6.º)
5.1. Vertente penal
a) Acusação em matéria penal: conceito autónomo. As infrações administrativas ou
disciplinares
b) Critério para a sua determinação
c) Tribunal independente e imparcial, estabelecido por lei

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 16
Centro de Estudos Judiciários

d) Direito não absoluto, mas as limitações não devem restringir a sua substância
e) Elementos constitutivos do direito
f) Dimensão do processo equitativo
5.2. Vertente civil
a) Determinação e direitos e obrigações de carácter civil
b) Direito ao exame da causa publicamente
c) O prazo razoável, critérios para a sua delimitação, Violação do prazo razoável
d) Jurisprudência em casos Portugueses
e) Presunção de inocência
f) Direitos do acusado, extensivos ao defensor Informação sobre a acusação;
g) Garantias de defesa e defensor oficioso
h) Interrogatório de testemunhas
i) Análise de jurisprudência relevante
5.3. Análise do artigo 47.º da CDFUE e notas jurisprudenciais
6. Direito ao respeito pela vida privada e familiar (Artigo 8.º)
a) Vida privada e familiar: delimitação
b) Vida familiar: princípios;
c) A célula familiar (pelo menos relações entre parentes próximos);
d) Crianças a cargo;
e) Imigrantes e estrangeiros (expulsão);
f) Os efeitos do decurso do tempo.
g) Jurisprudência relevante
7. Liberdade de expressão (Artigo 10.º)
a) A liberdade de expressão em geral: Direito não absoluto; Obrigações positivas dos
Estados; Conteúdo do direito
b) Restrições: As ingerências e suas exceções
c) A imprensa
d) Análise de jurisprudência relevante
8. Direito de propriedade (Protocolo I – artigo 1º)
a) Âmbito da previsão convencional
b) Noção de propriedade: conceito autónomo
c) Privação da propriedade: princípios gerais; utilidade pública; indemnização;
condições previstas na lei.
d) Regulamentação do uso dos bens (equilíbrio entre os interesses geral e individual.
e) Jurisprudência relevante.
f) Olhar sobre o artigo 17.º da CDFUE

2.1.6. Ética e Deontologia

As temáticas a abordar nas sessões de Ética e Deontologia serão selecionadas com recurso às
constantes dos 3 e-books que o CEJ disponibiliza on-line e seguem o modelo seguido nos Cursos

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 17
Centro de Estudos Judiciários

anteriores, o qual tem granjeado apreciável sucesso. As 9 sessões serão dirigidas por Docentes e
decorrerão, à exceção da primeira, em grupos.

Os temas das sessões em grupo serão os seguintes:

 Ética e Teoria dos Jogos


 Regras éticas e deontológicas positivas e seu enquadramento legal
 Suspeições, impedimentos e Escusas
 Pontualidade, Assiduidade e Zelo
 Relações interpessoais no exercício da administração da justiça
 A vida privada do magistrado
 A problemática das redes sociais
 Magistratura e confiança do cidadão na administração da justiça

2.1.7. Contabilidade e Gestão

A sessão terá em vista o transmitir dos conhecimentos básicos de contabilidade e gestão que se
têm por indispensáveis.

2.2. Componente formativa geral e de especialidade


específicas do domínio do Direito Administrativo e
Tributário

A atual redação dos artigos 9.º, n.º 5, e 44º-A do Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais
(introduzida pela Lei n.º 114/2019, de 17 de setembro), a par com a criação, através do Decreto-Lei n.º
174/2019, de 13 de dezembro, de juízos de competência especializada em grande parte dos tribunais
administrativos de círculo, veio assumir e confirmar que a crescente complexificação da vida económica
e social e a constatada expansão do direito administrativo, quer no âmbito das chamadas atuações
típicas quer em âmbitos que as ultrapassam, importam a existência e o reconhecimento de um direito
administrativo que podemos designar de especial, com uma dimensão substantiva e processual cuja
relevância não pode ser menorizada.

Assim, a componente formativa de especialidade, na área do direito administrativo, incidirá


novamente, neste 9.º curso, sobre as matérias respeitantes ao direito do urbanismo e direito do
ambiente, direito da contratação pública, direito do trabalho em funções públicas e direito das
contraordenações.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 18
Centro de Estudos Judiciários

A matéria respeitante ao direito das contraordenações, à semelhança do que tem ocorrido em


anos anteriores, integrará uma componente formativa de especialidade, comum ao direito
administrativo e tributário.

Por sua vez o direito tributário caracteriza-se pelo (crescente) dinamismo da sua evolução e pelo
apuramento do grau de tecnicidade. A necessidade de adaptação permanente dos vários regimes
jurídicos a uma realidade económica em constante mutação, desconhecedora de fronteiras geográficas
e de dia para dia mais complexa, marca indelevelmente esta área do direito. Por outro lado, é seu
apanágio o intrincado diálogo com outras áreas do conhecimento (ciências económicas, contabilidade,
auditoria).

A necessidade de obtenção de receitas, sustentáculo do Estado fiscal, agudizada pelas crises


financeiras no final da primeira década deste século, aliada a fenómenos de crescente mobilidade dos
fatores de produção, exige uma busca de soluções concertadas no plano regional e internacional, que
se repercutem necessariamente no âmbito nacional, o que é o mesmo que dizer que cada vez mais o
direito tributário nacional é influenciado pelo direito europeu, e pelo direito internacional, no âmbito do
qual emergem atualmente mudanças importantes.

Importa também atentar na realidade nos Tribunais, recordando-se a propósito que estudos
recentes revelam que nos processos de impugnação pendentes nos Tribunais Tributários de primeira
instância são preponderantes as questões referentes ao IRC (23,3%), ao IVA (cerca de 18,9%) e ao IRS
(cerca de 16,3%).

Todos estes aspetos devem ser considerados na formação dos futuros juízes desta jurisdição e,
em particular, na componente de formação de especialidade.

Há ainda que ponderar o facto de nem todos/as os/as auditores/as disporem, à partida, do
mesmo nível de conhecimentos de direito administrativo e tributário, uma vez que o recrutamento
através da via profissional é parcialmente efetuado entre profissionais que apenas detêm experiência
ou na área do direito administrativo ou do direito tributário. Assim, um dos objetivos da formação nesta
componente consistirá no nivelamento do grau de conhecimentos específicos dos/as destinatários/as
de modo a que, finda a formação, se encontrem preparados/as para encarar os desafios profissionais
com que se virão a confrontar em qualquer uma das áreas.

Para a lecionação das matérias abrangidas pela componente formativa de especialidade no


direito tributário e, bem assim, da matéria de direito das contraordenações, comum às duas áreas, será,
por isso, pertinente o contributo de docentes convidados, escolhidos entre os mais habilitados
especialistas nas várias matérias, sem prejuízo da intervenção uniformizadora dos docentes de direito
administrativo e tributário do Centro de Estudos Judiciários (CEJ) e de a lecionação das matérias
respeitantes ao imposto sobre o valor acrescentado e tributação do património ser assegurada pelos
docentes de direito tributário.

A lecionação das matérias da componente formativa da especialidade na área do direito


administrativo será assegurada pelos docentes de direito administrativo, sem prejuízo de poder vir a ser
solicitada a colaboração, pontual, de docentes convidados e de outras áreas de jurisdição do Centro de
Estudos Judiciários.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 19
Centro de Estudos Judiciários

Atendendo à importância da componente formativa da especialidade, à necessidade de


reconhecer a aquisição de conhecimentos e à vertente motivacional da avaliação, a formação nesta
componente será tendencialmente sujeita a avaliação.

A avaliação de conhecimentos será assegurada pelos/as docentes de direito administrativo e


tributário do CEJ, preferencialmente através da realização de provas de conhecimentos, nos termos do
disposto no artigo 43.º, n.º4, da Lei n.º 2/2008, de 14 de janeiro, na redação atual. A avaliação será
levada em consideração como (mais um) elemento da avaliação global final dos/as auditores/as.

Não se vislumbrando qualquer vantagem científica ou pedagógica num excessivo


fracionamento dos momentos avaliativos na componente formativa de especialidade, esta será
efetuada, no que se refere ao direito administrativo, em três momentos:

i. Direito do Trabalho em Funções Públicas;


ii. Direito do Urbanismo e Direito do Ambiente;
iii. Direito da Contratação Pública.

2.2.1. Componente formativa de especialidade em sede de


direito administrativo e tributário

2.2.1.1. Direito Contraordenacional substantivo e processual

A impugnação judicial de decisões da Administração Pública adotadas no âmbito de processos


relativos a ilícitos de mera ordenação social há muito que integra o âmbito da competência jurisdicional
dos tribunais tributários e foi recentemente também atribuída aos tribunais administrativos pela Lei n.º
77/2013, de 21 de novembro, que criou a Comissão para o Acompanhamento dos Auxiliares da Justiça,
pela alteração introduzida ao Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais operada pelo Decreto-Lei
n.º 214-G/2015, de 2 de outubro e pela Lei n.º 58/2019, de 8 de agosto, que assegura a execução, na
ordem jurídica interna, do Regulamento (UE) 2016/679, do Parlamento Europeu e do Conselho de 27 de
abril de 2016 – Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados.

No contexto da Lei do CEJ, a matéria do direito contraordenacional substantivo e processual é


assim configurada como integrando a componente formativa da especialidade comum ao direito
administrativo e tributário.

Na formação em direito contraordenacional substantivo e processual procurar-se-á proporcionar


uma formação integrada sobre o regime jurídico geral do direito das contraordenações com especial
destaque para os princípios estruturantes deste ramo do direito e para a teoria da contraordenação.
Será também estudada quer a “fase” administrativa quer a “fase” judicial do processo
contraordenacional tributário e administrativo. As últimas sessões serão dedicadas à abordagem de
algumas especificidades das contraordenações tributárias e das contraordenações da competência dos
tribunais administrativos.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 20
Centro de Estudos Judiciários

Privilegiar-se-á uma abordagem prática com a análise de casos de estudo e de jurisprudência,


contando para tal com a participação quer de docentes externos convidados, quer ainda de docentes do
CEJ, designadamente de docentes de direito tributário e de direito administrativo relativamente às
matérias referentes às contraordenações tributárias e às contraordenações da competência dos
tribunais administrativos.

Salvo motivo imprevisto ou circunstâncias de índole pedagógica que venham a impor


diferentemente, a planificação das sessões distribuídas em 11 UL é a seguinte:

1.ª Sessão (1 UL)


Princípios estruturantes do direito das contraordenações.

2.ª Sessão (1 UL)


Teoria geral da contraordenação: Facto típico, facto ilícito e facto culposo.

3.ª Sessão (1 UL)


Teoria geral da contraordenação: Facto típico, facto ilícito e facto culposo - continuação.
Concurso de contraordenações; Concurso entre crimes e contraordenações.

4.ª Sessão (1 UL)


Procedimento administrativo contraordenacional: Sujeitos; Tramitação; Direito de audição e defesa do
arguido.
A decisão administrativa de aplicação de coima e sanções acessórias (conteúdo e fundamentação).
Prescrição do procedimento e da coima.

5.ª Sessão (1 UL)


O processo contraordenacional (a “fase” judicial do processo contraordenacional).

6.ª Sessão (1 UL)


O processo contraordenacional (a “fase” judicial do processo contraordenacional) - continuação.

7.ª Sessão (1 UL)


A “fase” judicial do processo contraordenacional no Regime Geral das Infrações Tributárias.

8.ª Sessão (1 UL)


Contraordenações tributárias: Análise de jurisprudência e discussão de casos práticos.

9.ª Sessão (1 UL)


Contraordenações nos tribunais administrativos: Âmbito da jurisdição.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 21
Centro de Estudos Judiciários

10.ª Sessão (1 UL)


Contraordenações nos tribunais administrativos: Análise de jurisprudência e discussão de casos
práticos.

11.ª Sessão (1 UL)


Exercitação escrita

2.2.2. Componente formativa de especialidade em sede de


direito tributário

No que concerne à componente formativa de especialidade em direito tributário, a formação


visa dotar os/as auditores/as de justiça de conhecimentos atualizados sobre os regimes dos impostos
mais relevantes no sistema fiscal português - IRS, IVA, Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), Imposto
Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT), Imposto do Selo (IS), IRC, do direito e
contencioso aduaneiro, com enfoque nos princípios que os enformam, assim como nos aspetos teórico-
práticos mais relevantes e atuais, e ainda do direito fiscal e internacional e europeu.

2.2.2.1. Imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS)

No que diz respeito ao IRS, a formação pretende proporcionar o domínio dos conceitos básicos
para a compreensão do seu regime e estrutura, dedicando-se ainda uma sessão ao estudo dos
estatutos de residência no IRS, justificada pela atualidade do tema.

Salvo motivo imprevisto ou circunstâncias de índole pedagógica que venham a impor diferente
solução, a planificação das 7 sessões (7 UL) desta área de estudos é a seguinte:

1.ª Sessão (1 UL)


Enquadramento geral. Incidência pessoal, real e territorial.

2.ª Sessão (1 UL)


Fases da determinação do rendimento coletável, taxas e liquidação. Tributação dos rendimentos do
trabalho dependente.

3.ª Sessão (1 UL)


Tributação dos rendimentos do trabalho dependente (continuação). Tributação dos rendimentos
empresariais e profissionais.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 22
Centro de Estudos Judiciários

4.ª Sessão (1 UL)


Tributação dos rendimentos de capitais e dos rendimentos prediais.

5.ª Sessão (1 UL)


Tributação dos rendimentos patrimoniais (mais-valias mobiliárias e imobiliárias).

6.ª Sessão (1 UL)


Estatutos de residência no IRS. A tributação dos residentes não habituais.

7.ª Sessão (1 UL)


Exercitação escrita.

2.2.2.2. Imposto sobre o valor acrescentado (IVA)

A formação na especialidade em matéria de IVA, imposto de matriz europeia, pretende


familiarizar os/as auditores/as com o seu mecanismo económico e dar a conhecer os conceitos
operativos estruturantes do seu regime.

Salvo motivo imprevisto ou circunstâncias de índole pedagógica que venham a impor diferente
solução, a planificação das 8 sessões (8 UL) desta área de estudos é a seguinte:

1.ª Sessão (1 UL)


Origem e evolução do IVA. Os princípios estruturantes do imposto e principais regras de
funcionamento.

2.ª Sessão (1 UL)


As regras de incidência subjetiva e objetiva.

3.ª Sessão (1 UL)


Localização das operações.

4.ª Sessão (1 UL)


As isenções. Valor tributável e taxas

5.ª Sessão (1 UL)


O direito à dedução.
6.ª Sessão (1 UL)
Renúncia à isenção do IVA nas operações imobiliárias.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 23
Centro de Estudos Judiciários

7.ª Sessão (1 UL)


O IVA na jurisprudência dos Tribunais nacionais.

8.ª Sessão (1UL)


Exercitação escrita.

2.2.2.3. Tributação do património

A partir do estudo de jurisprudência sobre o Imposto Municipal sobre Imóveis, o Imposto


Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis e o Imposto de Selo, serão abordadas questões
relativas à metodologia e ao discurso judiciário (entre outras, identificação do objeto do processo,
silogismo judiciário (interpretação das normas, tratamento dos factos, conclusão) e tipos de discurso
(narrativo, argumentativo e decisório…)).

Salvo motivo imprevisto ou circunstâncias de índole pedagógica que venham a impor


diferentemente, a planificação das 6 sessões desta área de estudos é a seguinte:

1.ª Sessão (1 UL)


A função do Juiz. Decisões judiciais – despacho e sentença. O processo de tomada de decisão e as
ferramentas ao dispor do Juiz – o silogismo judiciário e a interpretação jurídica.

2.ª Sessão (1 UL)


Análise de jurisprudência (Imposto Municipal sobre Imóveis) e elaboração de decisões.

3.ª Sessão (1 UL)


Análise de jurisprudência (Imposto Municipal sobre Transmissões Onerosas de Imóveis) e elaboração de
decisões.

4.ª Sessão (1 UL)


Análise de jurisprudência (Imposto de Selo) e elaboração de decisões.

5.ª Sessão (1 UL)


Consolidação.

6ª Sessão (1 UL)
Exercitação escrita.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 24
Centro de Estudos Judiciários

2.2.2.4. Imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas (IRC)

No que diz respeito ao IRC, procurar-se-á proporcionar o domínio dos conceitos básicos nas
matérias estruturantes do seu regime.

Salvo motivo imprevisto ou circunstâncias de índole pedagógica que venham a impor diferente
solução, a planificação das 9 sessões (9 UL) desta área de estudos é a seguinte:

1.ª Sessão (1 UL)


O apuramento do lucro tributável em sede de IRC: introdução e referência genérica.

2.ª Sessão (1 UL)


Incidência e isenções – artigos 1.º a 14.º do CIRC.

3.ª Sessão (1 UL)


Determinação da matéria coletável: regras gerais; dedutibilidade de gastos para efeito do IRC. Análise
de casos de estudo.

4.ª Sessão (1 UL)


Determinação da matéria coletável: em especial, depreciações, amortizações e provisões.

5.ª Sessão (1 UL)


A tributação de não residentes em Portugal. Os critérios de determinação de residência (nacionais e
convencionais).

6.ª Sessão (1 UL)


Determinação da matéria coletável: mais-valias e menos-valias realizadas - artigos 46.º a 48.º do CIRC.
Dedução de prejuízos fiscais (artigo 52.º CIRC).

7.ª Sessão (1 UL)


Correção para efeitos da determinação da matéria coletável. Em especial, os preços de transferência.

8.ª Sessão (1 UL)


O IRC na jurisprudência dos tribunais nacionais.

9.ª Sessão (1 UL)


Exercitação escrita.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 25
Centro de Estudos Judiciários

2.2.2.5. Direito e contencioso aduaneiro

A formação na especialidade em matéria de direito aduaneiro pretende familiarizar os/as


auditores/as com as fontes do direito aduaneiro, o procedimento e a declaração aduaneira, e os
elementos de base para o cálculo dos direitos aduaneiros, dando a conhecer os conceitos operativos
estruturantes do seu regime.

Será ainda lecionada uma sessão dedicada ao tema do contencioso aduaneiro, justificada pelas
suas especificidades.

Salvo motivo imprevisto ou circunstâncias de índole pedagógica que venham a impor


diferentemente, a planificação das 7 sessões (7 UL) desta área de estudos é a seguinte:

1.ª Sessão (1 UL)


As fontes do direito aduaneiro.

2.ª Sessão (1 UL)


O desalfandegamento das mercadorias. Os regimes aduaneiros.

3.ª Sessão (1 UL)


Classificação pautal das mercadorias.

4.ª Sessão (1 UL)


Origem das mercadorias. Valor aduaneiro das mercadorias. Taxas dos direitos aduaneiros.

5.ª Sessão (1 UL)


A dívida aduaneira; cobrança, extinção da dívida aduaneira, reembolso e dispensa de pagamento dos
direitos aduaneiros. Franquias aduaneiras.

6.ª Sessão (1 UL)


O contencioso aduaneiro.

7.ª Sessão (1 UL)


O direito aduaneiro na jurisprudência dos Tribunais nacionais.

2.2.2.6. Direito fiscal internacional e europeu

Num momento em que o Direito Fiscal Internacional e Europeu conhece importantes alterações,
este tema será objeto de formação, que terá início com o estudo da interpretação do direito
convencional internacional e procurará abranger os temas mais relevantes e atuais nesta matéria.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 26
Centro de Estudos Judiciários

Salvo motivo imprevisto ou circunstâncias de índole pedagógica que venham a impor


diferentemente, a planificação das 8 sessões (7 UL) desta área de estudos é a seguinte:

1.ª Sessão (1 UL)


A interpretação das convenções para evitar a dupla tributação. Estrutura e Comentários da Convenção
Modelo da OCDE (CMOCDE).

2.ª Sessão (1 UL)


A dupla tributação internacional e a dupla tributação económica.

3.ª Sessão (1 UL)


O conceito de estabelecimento estável e a tributação dos lucros.

4.ª Sessão (1 UL)


As categorias de rendimentos nas Convenções de Dupla Tributação.

5.ª Sessão (1 UL)


As categorias de rendimentos nas Convenções de Dupla Tributação.

6.ª Sessão (1 UL)


A Diretiva 2011/96/UE relativa ao regime fiscal comum aplicável às sociedades-mães e sociedades
afiliadas de Estados-Membros diferentes e a alteração introduzida pela Diretiva 2014/86/EU, do
Conselho, de 8 de julho de 2014 e pela Diretiva (UE) 2015/121 do Conselho, de 27 de janeiro de 2015.

7.ª Sessão (1 UL)


A Diretiva 2009/133/CE, do Conselho, de 19 de outubro de 2009, relativa ao regime fiscal comum
aplicável às fusões, cisões, cisões parciais, entradas de ativos e permutas de ações entre sociedades de
Estados-Membros diferentes e à transferência da sede de uma SE ou de uma SCE de um Estado-
Membro para outro.

2.2.3. Componente formativa de especialidade em sede de


direito administrativo

2.2.3.1. Direito Administrativo substantivo e processual especial

Acompanhando a especialização dos tribunais administrativos concretizada na Lei n.º 114/2019,


de 17 de Setembro e no Decreto-Lei n.º121/2020, de 22 de maio, no Direito Administrativo substantivo
e processual especial procurar-se-á dar particular atenção ao direito do trabalho em funções públicas,

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 27
Centro de Estudos Judiciários

por consubstanciar a parte mais significativa das matérias que cabem no juízo administrativo social, à
contratação pública, ao direito do urbanismo, ambiente e ordenamento do território (área de
especialização já prevista no ETAF, embora ainda não implementada), e ao regime da responsabilidade
civil do Estado e demais entidade públicas por tal matéria, com grande relevância no contencioso
administrativo, importar um estudo detalhado designadamente do regime aprovado pela Lei n.º
67/2007, de 31 de dezembro, com a redação que lhe foi dada pela Lei n.º 31/2008, de 17 de julho.

A abordagem destas matérias será preferencialmente casuística com vista a permitir a


consolidação sistemática de conhecimentos jurídicos e o domínio prático do método jurídico e
judiciário na análise e resolução dos casos. Pretende-se dotar os auditores de justiça das aptidões
fundamentais para a correta aplicação do direito ao caso concreto, preparando-os para a correta
tramitação dos processos, no âmbito dos princípios da boa gestão processual.

Pretende-se no direito do trabalho em funções públicas promover a aquisição e reforço de


competências específicas no âmbito da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, aprovada pela Lei
n.º 35/2014, de 20 de junho.

Os litígios emergentes do vínculo de emprego público cuja apreciação cabe aos Tribunais
Administrativos revestem uma grande importância na atividade processual destes Tribunais, por ser
um contencioso muito numeroso e vasto.

Atenta a diversidade de matérias em causa e a impossibilidade de as tratar a todas (sob pena de


se sobrecarregar em demasia o horário letivo dos auditores, comprometendo assim o aproveitamento
e aprofundamento das matérias tratadas) procura-se ainda assim abordar com alguma profundidade as
matérias mais estruturantes do direito do trabalho em funções públicas. Como sejam o vínculo de
emprego público (modalidades, formação, vicissitudes), o tempo de trabalho e a remuneração e o
exercício do poder disciplinar e as garantias dos trabalhadores nestas matérias.

Na formação privilegiar-se-á uma abordagem prática com a análise de casos de estudo e de


jurisprudência, contando para tal com a participação de docentes do CEJ de direito do trabalho e de
direito administrativo, cabendo a estes últimos assegurar a realização da exercitação escrita final, para
aferição de conhecimentos.

As matérias que integram o denominado Direito do Urbanismo, no seu sentido mais amplo por
forma a abranger também as relativas ao ordenamento do território, assumem importância fulcral no
âmbito da atividade dos tribunais administrativos já que lhes cabe o controlo jurisdicional da legalidade
e a tutela de direitos e interesses legítimos quando estejam em causa atuações administrativas que
interfiram com imperativos de preservação urbanística, ordenamento do território e adequada
organização e gestão do espaço urbano.

Importa, por isso, sensibilizar os auditores de justiça para as principais questões decorrentes da
atividade da Administração neste domínio, familiarizando-os por um lado com as formas de que pode
revestir-se, no tocante à atividade de planeamento territorial e de controlo prévio e sucessivo da
realização de operações urbanísticas, dando-lhes ainda a conhecer os meios de garantia e de tutela
contenciosa da legalidade específicos do Direito do Urbanismo, de molde a apetrechá-los com os
instrumentos técnico-jurídicos indispensáveis à prática judiciária nestas áreas específicas.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 28
Centro de Estudos Judiciários

Também as questões relativas ao Direito do Ambiente têm assumido crescente relevância,


obtendo expressão nos litígios que são dirimidos nos tribunais administrativos, a estes cabendo o
controlo jurisdicional da legalidade e a tutela de direitos e interesses legítimos quando estejam em
causa atuações administrativas que interfiram com imperativos de preservação ambiental.

Importa assim que os auditores conheçam a ordem jurídica interna e o ordenamento jurídico
Europeu em matéria ambiental, o qual encontra expressão em vários instrumentos jurídicos. Pretende-
se, assim, dotar os auditores de justiça de conhecimentos sobre o enquadramento normativo mais
significativo, alicerçado na atividade da Administração neste domínio, familiarizando-os com os
principais institutos e regimes jurídicos, dando-lhes também a conhecer os meios de garantia e de
tutela contenciosa da legalidade ambiental, de molde a dotá-los dos instrumentos técnico-jurídicos
indispensáveis à prática judiciária nestas áreas específicas.

A formação em Direito do Urbanismo e Direito do Ambiente será lecionada procurando fazer


uma abordagem prática das questões com recurso, sempre que possível, a situações extraídas de casos
reais julgados nos tribunais administrativos, em ordem a melhor preparar os auditores de justiça para a
decisão do caso concreto.

O regime da responsabilidade civil extracontratual do Estado e das demais entidades públicas,


aprovado em anexo à Lei n.º 67/2007, de 31 de Dezembro, com a redação que lhe foi dada pela Lei n.º
31/2008, de 17 de julho, contém especificidades, face ao regime geral da responsabilidade aquiliana
previsto no Código Civil, que reclamam um estudo aprofundado, designadamente dos pressupostos da
responsabilidade civil do Estado e demais Entidades públicas por facto ilícito, principalmente na sua
densificação à luz do regime aprovado pela Lei nº 67/2007 de 31 de Dezembro. Visa-se, ao tratar esta
matéria, que os auditores de justiça obtenham uma compreensão e domínio dos pressupostos das
várias modalidades de responsabilidade civil extracontratual do Estado e demais entidades públicas, o
que se procurará concretizar através da análise da doutrina e jurisprudência relevantes e da abordagem
casuística nos domínios com maior expressão no contencioso da responsabilidade civil do Estado e
demais Entidades públicas.

No que à contratação pública respeita, importa assinalar a circunstância de o Código dos


Contratos Públicos (CCP - aprovado pelo Decreto-Lei n.º 18/2008, de 29 de janeiro) ter introduzido
profundas alterações e novos paradigmas ao regime da contratação pública, quer em relação aos
procedimentos pré contratuais e à fase de formação dos contratos, quer em sede de execução dos
contratos, as quais têm sido objeto de sucessivas alterações legislativas, das quais há a destacar as que
ocorreram por força da transposição das Diretivas Europeias de contratação pública – Diretivas nº
2014/23/UE, 2014/24/UE e 2014/25/UE, todas do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de fevereiro
de 2014 e a Diretiva nº 2014/55/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de abril de 2014, de
fevereiro de 2014.

O contencioso pré-contratual, urgente e não urgente, bem como o contencioso relativo à


interpretação, validade e execução dos contratos, assume uma dimensão muito expressiva no conjunto
de processos que correm termos pelos Tribunais Administrativos, quer pelo elevado número de
processos que por estes tribunais pende, a maioria de natureza urgente, quer pela complexidade das
matérias cuja análise esses processos reclamam.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 29
Centro de Estudos Judiciários

Com a formação nesta área pretende-se promover uma análise do direito aplicável à formação e
à validade interpretação e execução dos contratos públicos, por forma a apetrechar os auditores de
justiça dos conhecimentos necessários à tramitação e decisão desses processos em prazo razoável.

Privilegiar-se-á uma abordagem casuística, a partir de exemplos práticos que versem sobre
algumas das questões que têm assumido maior relevância no contencioso pré-contratual e de
contratos nos tribunais administrativos, a par com uma análise da jurisprudência e da doutrina mais
relevantes, ao nível nacional e europeu.

Assim sendo, a formação inicial em Direito Administrativo, substantivo e processual especial,


tem como objetivos formativos a aquisição pelos/as auditores/as das competências que seguidamente
se indicam.

a) Compreensão das diferentes modalidades de vínculo de emprego público à luz da Lei Geral
do Trabalho em Funções Públicas, aprovada pela Lei n.º 35/2014, de 20 de junho;
b) Perceção das linhas gerais do regime do tempo de trabalho e do direito à remuneração do
trabalhador em funções públicas;
c) Domínio do regime dos acidentes de trabalho e das doenças profissionais dos trabalhadores
que exercem funções públicas á luz do Decreto-Lei n.º503/99, de 20 de Novembro, na sua
redação atual;
d) Compreensão dos princípios gerais que regem o exercício do poder disciplinar e das
garantias dos trabalhadores em sede de procedimento disciplinar sancionatório;
e) Compreensão e capacidade de aplicação dos princípios constitucionais de Direito do
Urbanismo;
f) Compreensão dos principais elementos do sistema de planeamento territorial português;
g) Domínio dos aspetos fundamentais do regime jurídico da atividade de gestão urbanística
(controlo prévio e sucessivo da realização de operações urbanísticas);
h) Domínio das especificidades do contencioso do urbanismo;
i) Compreensão e capacidade de aplicação dos princípios constitucionais e gerais em matéria
de ambiente;
j) Domínio das especificidades da tutela judicial do ambiente;
k) Perceção e domínio dos pressupostos das várias modalidades de responsabilidade civil
extracontratual do Estado, e demais entidades públicas e aptidão para elaborar os
correspondentes despacho e sentenças;
l) Compreensão, ao nível da responsabilidade civil extracontratual por facto ilícito, dos
pressupostos respetivos, com particular enfoque para os respeitantes à ilicitude e à culpa,
nas diferentes configurações que estes podem revestir, em função do tipo de atuação
administrativa em causa.
m) Domínio da sistemática do Código dos Contratos Públicos e respetivo âmbito de aplicação,
bem como dos principais princípios que regem a contratação pública;
n) Domínio e compreensão dos tipos de procedimento de formação de contratos previstos no
CCP e dos principais momentos que caracterizam esse procedimento administrativo
especial, com particular enfoque para os momentos referentes à análise, avaliação e
exclusão das propostas, adjudicação, critério e modalidades;

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 30
Centro de Estudos Judiciários

o) Compreensão e domínio das peças do procedimento, no que respeita quer à sua natureza
jurídica e função no procedimento de formação de contratos, quer à sua impugnabilidade,
administrativa e jurisdicional;
p) Análise, compreensão e domínio dos meios processuais em matéria de contencioso pré-
contratual, designadamente da ação administrativa urgente, efeito suspensivo automático
e seu levantamento e medidas provisórias;
q) Análise das principais questões respeitantes à interpretação, validade e execução dos
contratos administrativos;

Salvo motivo imprevisto ou circunstâncias de índole pedagógica que venham a impor


diferentemente, a planificação das 42 sessões (57 UL) destas áreas de estudos é a seguinte:

2.2.3.1.1 Direito do trabalho em funções públicas

1.ª Sessão (1 UL)


Princípios constitucionais com incidência laboral.
O vínculo de trabalho em funções públicas.
Os litígios emergentes do vínculo de emprego público e a jurisdição competente para os dirimir.

2. ª Sessão (2 UL)
Modalidades de vínculo e prestação de trabalho no exercício de funções públicas.
O contrato de trabalho em funções públicas em especial.

3.ª Sessão (2UL)


A Constituição e formação do vínculo de emprego público.
Recrutamento, forma do título e período experimental.
Invalidade do vínculo de emprego público.
Direitos, deveres e garantias do trabalhador e do empregador público.
Atividade, local de trabalho e carreiras.

4.ª Sessão (2 UL)


Tempo de trabalho. Modalidades de horários de trabalho. Férias e faltas.
Remuneração.
O princípio da proteção da confiança no direito do trabalho em funções públicas.

5.ª Sessão (1 UL)


O contencioso dos acidentes de trabalho e das doenças profissionais dos trabalhadores que exercem
funções públicas - o regime do Decreto-Lei n. º503/99, de 20 de novembro.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 31
Centro de Estudos Judiciários

6.ª Sessão (2 UL)


O exercício do poder disciplinar. Princípios gerais. Âmbito, sujeitos e titulares do poder disciplinar.
Infrações e sanções disciplinares.

7.ª Sessão (2 UL)


O exercício do poder disciplinar (Continuação).
Exclusão da responsabilidade disciplinar.
Prescrição da infração, do procedimento disciplinar e da sanção disciplinar.

8.ª Sessão (2 UL)


Nulidades do processo disciplinar.
O procedimento disciplinar comum: instrução, defesa do trabalhador, relatório final do instrutor e
decisão.
Procedimentos disciplinares especiais: inquéritos, sindicâncias e averiguações.

9ª Sessão (1 UL)
Exercitação escrita.

2.2.3.1.2 Direito do urbanismo e direito do ambiente

1.ª Sessão (1 UL)


Introdução ao Direito do Urbanismo.
Fontes de Direito do Urbanismo.
Princípios e normas constitucionais do Urbanismo.

2.ª Sessão (1 UL)


Planeamento territorial:
Sistema de planeamento territorial.
Tipologia, funções, natureza jurídica e conteúdo dos instrumentos de planeamento territorial.
Discricionariedade de planeamento.

3.ª Sessão (1 UL)


Planeamento territorial:
Procedimento de elaboração e aprovação de planos territoriais.
Dinâmica dos instrumentos de planeamento territorial.
Validade e violação de programas e de planos territoriais.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 32
Centro de Estudos Judiciários

4ª Sessão (1 UL)
Urbanização e a edificação (Regime Jurídico da Urbanização e Edificação):
Operações urbanísticas.
Procedimentos de controlo prévio de operações urbanísticas: licença e autorização.

5ª Sessão (1 UL)
A urbanização e a edificação (continuação):
Comunicação prévia.
Informação prévia.

6.ª Sessão (1UL)


A urbanização e a edificação (continuação):
Validade, eficácia e efeitos dos atos de gestão urbanística.

7.ª Sessão (1 UL)


Controlo sucessivo de operações urbanísticas.
Fiscalização municipal de obras.
Ilícitos urbanísticos.
Medidas de tutela da legalidade urbanística.

8.ª Sessão (1UL)


Medidas de tutela da legalidade urbanística.
Especificidades do contencioso administrativo do urbanismo.

9.ª Sessão (1 UL)


Especificidades do contencioso administrativo do urbanismo (continuação).

10.ª Sessão (1 UL)


Especificidades do contencioso administrativo do urbanismo (continuação).

11.ª Sessão (1 UL)


As fontes do Direito do Ambiente.
Os principais instrumentos do Direito do Ambiente.
Princípios constitucionais e gerais em matéria de ambiente: Princípios da prevenção, da precaução, do
desenvolvimento sustentável, do aproveitamento racional dos recursos naturais, do poluidor-pagador e
da responsabilização pelo dano ecológico.

12.ª Sessão (1 UL)


Princípios constitucionais e gerais em matéria de ambiente (continuação).
Direitos de acesso à informação, participação e acesso à justiça: a Convenção de Aarhus.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 33
Centro de Estudos Judiciários

13ª Sessão (1 UL)


Tutela jurisdicional do ambiente: Os meios processuais administrativos de defesa do ambiente.
Legitimidade ativa: a ação pública e a legitimidade popular.
Controlo judicial de decisões de avaliação e gestão de risco.
Princípio da precaução e ónus da prova.

14.ª Sessão (1 UL)


Consolidação de conhecimentos.

15.ª Sessão (1 UL)


Exercitação escrita.

2.2.3.1.3 Direito da contratação pública

1.ª Sessão (2 UL)


O âmbito de aplicação subjetiva da Parte II do Código dos Contratos Públicos: entidades adjudicantes e
outras entidades. Os contratos sujeitos à Parte II do CCP.
Princípios gerais da contratação pública; o princípio da concorrência, em especial.

2.ª Sessão (2 UL)


A decisão de contratar e a escolha do procedimento. Tipos de procedimentos de formação de contratos
públicos.
Peças do procedimento. Requisitos de participação. Candidatura, qualificação e proposta.

3.ª Sessão (1UL)


Peças do procedimento. Requisitos de participação. Candidatura, qualificação e proposta (cont.).

4.ª Sessão (2 UL)


Análise das propostas. Avaliação das propostas. Exclusão de propostas.

5.ª Sessão (1UL)


Critérios de adjudicação. Adjudicação.

6.ª Sessão (1 UL)


Fase da pós-adjudicação. Celebração do contrato.
Consolidação de conhecimentos.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 34
Centro de Estudos Judiciários

7.ª Sessão (2 UL)


A ação administrativa urgente de contencioso pré-contratual.
O efeito suspensivo automático e o levantamento daquele efeito.

8.ª Sessão (2 UL)


A impugnação dos documentos conformadores do procedimento.
A adoção de medidas provisórias.
Consolidação de conhecimentos.

9.ª Sessão (1 UL)


Invalidade, conformação e incumprimento do contrato.
Ações relativas à validade e execução de contratos. Cumulação de pedidos.
Modificação do objeto do processo.

10.ª Sessão (1 UL)


Exercitação escrita.

2.2.3.1.4 Responsabilidade civil extracontratual do estado e demais entidades públicas

1.ª Sessão (2 UL)


Responsabilidade civil por danos decorrentes do exercício da função administrativa. Responsabilidade
por facto ilícito.

2.ª Sessão (1 UL)


Responsabilidade civil por danos decorrentes do exercício da função administrativa. Responsabilidade
por facto ilícito (continuação).

3.ª Sessão (1 UL)


Responsabilidade civil por danos decorrentes do exercício da função administrativa. Responsabilidade
por facto ilícito (continuação).

4.ª Sessão (2 UL)


Responsabilidade civil por danos decorrentes do exercício da função administrativa.
Consolidação de conhecimentos.

5.ª Sessão (2 UL)


Responsabilidade civil por danos decorrentes do exercício da função jurisdicional.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 35
Centro de Estudos Judiciários

6.ª Sessão (1UL)


Responsabilidade pelo risco.
Responsabilidade civil por danos decorrentes do exercício da função político-legislativa.

7.ª Sessão (2 UL)


A Indemnização pelo sacrifício.

2.3. Componente formativa profissional

2.3.1. Direito Civil, no domínio dos contratos e da


responsabilidade civil, e Direito Processual Civil.

Com o presente plano de estudos, no que diz respeito ao direito substantivo, dando-se primazia
à análise, oral e escrita, de casos práticos e de processos reais, serão versadas matérias relativas aos
princípios gerais das obrigações e dos contratos, ao negócio jurídico e suas vicissitudes, ao
cumprimento e incumprimento das obrigações, a alguns contratos em especial e ao instituto da
responsabilidade civil nas suas várias modalidades, com particular desenvolvimento dos requisitos do
nexo de imputação objetiva e do dano e da avaliação deste último.

No que toca ao Direito Processual Civil, pretende-se garantir a compreensão e integração da


função do processo civil enquanto instrumento de realização do direito substantivo, partindo, em
posição cimeira, dos direitos fundamentais consagrados na Constituição da República Portuguesa e nos
instrumentos internacionais recebidos na nossa ordem jurídica interna.

Assim, na análise de vários aspetos da marcha do processo, ter-se-á como vetor dominante a
análise e recondução das soluções consagradas à luz daqueles direitos fundamentais e dos princípios
estruturantes do processo civil nacional, sendo dado ainda o devido destaque ao papel atualmente
desempenhado pelo juiz nesta sede.

Na realidade, os atuais poderes-deveres de direção, gestão e adequação do processo com vista à


obtenção, em prazo razoável, de uma solução de mérito normativamente fundada que represente o
culminar de um processo justo e equitativo, evidenciam de forma cada vez mais impressiva a
necessidade de ser alcançada uma adequada interiorização dos princípios fundamentais e estruturantes
do processo.

Essa compreensão integrada no sistema de princípios estruturantes será alcançada através da


análise de determinados aspetos da marcha da ação declarativa, sejam da fase inicial, da fase de
saneamento e condensação, da instrução probatória, da audiência final e, finalmente, do julgamento e
da sentença, por forma a permitir uma visão global, teleológica e axiologicamente estruturada, do
processo. Serão ainda estudados os traços essenciais do processo executivo e de insolvência.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 36
Centro de Estudos Judiciários

A formação inicial nestas áreas desenvolver-se-á ao longo de todo o primeiro ciclo, sendo
ministrada por cinco módulos.

Ao todo, serão lecionadas 58 UL, assim distribuídas:

a) O módulo 1, sobre o processo civil e os direitos fundamentais, princípios do processo


civil, negócio jurídico e contratos, terá a duração de 22 UL será ministrado entre 19 de
setembro e 9 de dezembro de 2022.
b) O módulo 2, sobre temas de prova, direito probatório material, direito probatório
adjetivo, disciplina da audiência final e julgamento da matéria de facto terá a duração
de 14 UL e será ministrado entre 4 de janeiro e 24 de fevereiro de 2023.
c) O módulo 3, sobre responsabilidade civil e a sentença em processo civil, terá a
duração de 14 UL e será ministrado entre 27 de fevereiro e 19 de maio de 2023.
d) O módulo 4, sobre o processo de execução, terá a duração de 4 UL e será ministrado
em conjunto com o Curso de Formação Inicial para os Tribunais Judiciais então em
curso.
e) O módulo 5, sobre o processo de insolvência, terá a duração de 4UL e será ministrado
igualmente em conjunto com o Curso de Formação Inicial para os Tribunais Judiciais
então em curso.

A formação inicial em matéria de direito civil, no domínio dos contratos e da responsabilidade


civil, e direito processual civil, terá como objetivos formativos a verificação da aquisição pelos auditores
das seguintes competências:

Quanto ao Módulo 1:

a) Assimilação dos princípios estruturantes do processo civil e das suas linhas


sistemáticas, à luz dos direitos fundamentais.
b) Interiorização de um modelo de processo civil construído a partir de uma ética de
responsabilidade social.
c) Análise do papel do juiz no processo civil.
d) Compreensão do processo como um todo teleologicamente orientado e
axiologicamente fundado, através da análise de algumas fases e atos à luz dos
referidos direitos e princípios estruturantes, aqui se incluindo os ónus de alegação das
partes, os poderes de cognição do juiz, a citação, o regime da revelia, a defesa dos
ausentes, a validade e desenvolvimento da instância, o saneamento e condensação do
processo, e a fixação do objeto do litígio.
e) Aquisição e desenvolvimento de competências na análise do processo nas suas
diversas fases e na tomada da decisão que em cada momento é solicitada.
f) Sistematização dos conceitos fundamentais das obrigações civis, incluindo o estudo
do regime do negócio jurídico, dos princípios gerais dos contratos, do cumprimento e
incumprimento das obrigações e de alguns contratos em especial.

Quanto ao Módulo 2:

a) Domínio da seleção dos factos relevantes e da construção dos temas de prova.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 37
Centro de Estudos Judiciários

b) Aprofundamento dos conhecimentos em matéria de direito probatório substantivo e


processual.
c) Sistematização das fases de instrução da causa e da audiência final.
d) Aquisição e desenvolvimento de competências na seleção da matéria de facto provada
e não provada, na avaliação da prova produzida e na construção de uma
argumentação coerente, convincente e racional, justificante do juízo probatório
realizado.

Quanto ao Módulo 3:

a) Domínio do regime geral da responsabilidade civil nas suas várias modalidades.


b) Aprofundamento da análise dos requisitos da imputação objetiva do dano ao facto
bem como dos critérios de avaliação do dano e de fixação da indemnização.
c) Aquisição e desenvolvimento de competências no trabalho de construção de uma
argumentação coerente, convincente e racional, justificante da motivação jurídica
convocada.
d) Sistematização da estrutura, linguagem, efeitos e vícios da sentença.

Quanto ao Módulo 4:

a) Apresentação da ação executiva – ação executiva para pagamento de quantia certa,


para entrega de coisa certa e para prestação de facto;
b) Compreensão do papel do Juiz na ação executiva;
c) Análise dos títulos executivos;
d) Aquisição de conhecimentos práticos relativos a alguns aspetos da tramitação da ação
executiva para pagamento de quantia certa e seus incidentes.

Quanto ao Módulo 5:

a) Apresentação do Processo de Revitalização, do Processo Especial para Acordo de


Pagamento e do Processo de Insolvência;
b) Análise dos pressupostos e de alguns aspetos da tramitação destes processos;
c) Compreensão sistemática dos efeitos do Processo Especial de Revitalização, do
Processo Especial para Acordo de Pagamento e da sentença de declaração de
insolvência.

A Planificação das sessões será a seguinte:

MÓDULO 1
PROCESSO CIVIL E DIREITOS FUNDAMENTAIS. PRINCÍPIOS DO PROCESSO CIVIL.
NEGÓCIO JURÍDICO E CONTRATOS.

1.ª Semana (1 UL) – 19 a 23 de setembro de 2022


Apresentação.
A função do processo civil. Breve análise da marcha da ação declarativa: da petição inicial à sentença
final – visita a um processo civil real.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 38
Centro de Estudos Judiciários

2.ª Semana (2 UL) – 26 de setembro a 30 de setembro de 2022


O processo civil e os Direitos Fundamentais. Os princípios estruturantes do processo civil – algumas
concretizações:

 Dispositivo, inquisitório e preclusão; os ónus de alegação e de impugnação das partes; os


poderes de cognição do tribunal.

3.ª Semana (2 UL) – 3 a 7 de outubro de 2022


Os princípios estruturantes do processo civil – algumas concretizações (continuação):

 Contraditório e processo equitativo: citação e revelia; defesa dos ausentes.


 Dever de fundamentação: a estrutura da decisão judicial (despacho e sentença; a tributação).

4.ª Semana (2 UL) – 10 a 14 de outubro de 2022


A instância:

 Atos processuais: regime geral e validade.


 Pressupostos processuais.

5.ª Semana (2 UL) – 17 a 21 de outubro de 2022


A instância (continuação):

 Início, desenvolvimento, suspensão, modificação e extinção da instância.


 Incidentes da instância: regime geral; incidente do valor da causa.
 Modificações objetivas da instância.

6.ª Semana (2 UL) – 24 a 28 de outubro de 2022


A instância (continuação):

 Modificações subjetivas da instância – os incidentes de habilitação e de intervenção de


terceiros.

7.ª Semana (2 UL) – 31 de outubro a 4 de novembro de 2022


Reflexo dos temas anteriormente tratados nas fases iniciais da ação declarativa comum:

 A gestão inicial do processo e o despacho pré-saneador; a audiência prévia; o despacho


saneador; o despacho de fixação do objeto do litígio.

8.ª Semana (2 UL) – 7 a 11 de novembro de 2022


Princípios gerais das obrigações e dos contratos. Declaração negocial. Inexistência, invalidade e
ineficácia do negócio jurídico.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 39
Centro de Estudos Judiciários

9.ª Semana (2 UL) – 14 a 18 de novembro de 2022


Cumprimento e incumprimento das obrigações. Alguns contratos em especial.

10.ª Semana (2 UL) – 21 a 25 de novembro de 2022


Alguns contratos em especial (continuação).

11.ª Semana (1 UL) – 28 de novembro a 2 de dezembro de 2022


Consolidação de conhecimentos.

12.ª Semana (2 UL) – 5 a 9 de dezembro de 2022


Exercitação escrita avaliativa.

13.ª a 15ª Semanas: não estão previstas sessões.

MÓDULO 2
TEMAS DE PROVA. DIREITO PROBATÓRIO. AUDIÊNCIA FINAL E JULGAMENTO DA MATÉRIA DE
FACTO.

15.ª Semana (1 UL) – 4 a 6 de janeiro de 2023


O despacho de fixação dos temas de prova.

16.ª Semana (2 UL) – 9 a 13 de janeiro de 2023


Direito probatório: princípios e regime geral; o ónus da prova; as presunções legais.

17.ª Semana (2 UL) – 16 a 20 janeiro de 2023


Direito probatório (continuação):

 Prova atípica, prova ilícita, sigilos e prova.


 Meios de prova em especial: prova documental.

18.ª Semana (2 UL) – 23 a 27 de janeiro de 2023


Direito probatório (continuação):

 Meios de prova em especial: prova testemunhal; prova por confissão.

19.ª Semana (2 UL) – 30 de janeiro a 3 de fevereiro de 2022


Direito probatório (continuação):

 Meios de prova em especial: prova por declarações de parte; prova pericial; inspeção judicial e
verificações não judiciais qualificadas; prova por presunção judicial; a intervenção do técnico.

A audiência final e a sua disciplina.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 40
Centro de Estudos Judiciários

20.ª Semana (2 UL) – 6 a 10 de fevereiro de 2023


O julgamento da matéria de facto:

 Psicologia do testemunho, presunções judiciais, livre convicção do julgador, apreciação crítica


da prova.
 A decisão da matéria de facto: a descrição dos factos e a fundamentação.

21.ª Semana (1 UL) – 13 a 17 de fevereiro de 2023


Consolidação de conhecimentos.

22.ª Semana (2 UL) – 20 a 24 de fevereiro de 2022


Exercitação escrita avaliativa.

MÓDULO 3
RESPONSABILIDADE CIVIL.
O JULGAMENTO DA MATÉRIA DE FACTO E A SENTENÇA.

23.ª Semana (2 UL) – 27 de fevereiro a 3 de março de 2023


Responsabilidade civil:
 Regime geral.
 Distinção de outras figuras, nomeadamente do instituto do enriquecimento sem causa.
 Responsabilidade civil contratual e pré-contratual.

24.ª Semana (2 UL) – 6 a 10 de março de 2023


Responsabilidade civil (continuação):
 O dano e o nexo de imputação objetiva do dano ao facto.

25.ª Semana (2 UL) – 13 a 17 de março de 2023


Responsabilidade civil (continuação):
 A avaliação do dano – critérios de fixação da indemnização, em especial a equidade.

26.ª Semana (2 UL) – 20 a 24 de março de 2023


A sentença:
 Estrutura, linguagem, efeitos e vícios da sentença.

27.ª Semana (1 UL) – 27 a 31 de março de 2023


A sentença (continuação):
 A fundamentação de direito. O dispositivo.

28.ª Semana: não estão previstas sessões.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 41
Centro de Estudos Judiciários

29.ª Semana (2 UL) – 17 a 21 de abril de 2023


Consolidação de conhecimentos.

30.ª Semana (2 UL) – 24 a 28 de abril de 2023


Exercitação escrita avaliativa.

31.ª a 32.ª Semanas: não estão previstas sessões.

33.ª Semana (1 UL) – 15 a 19 de maio de 2023


Balanço final.

2.3.2. Direito Administrativo substantivo e processual geral

A componente profissional de Direito Administrativo substantivo e processual geral, visa dotar


os auditores de justiça de conhecimentos teórico-práticos sobre as principais formas de atuação dos
poderes públicos, em especial o ato e o regulamento administrativos, já que o contrato é abordado no
Direito Administrativo substantivo e processual especial, a propósito do direito da contratação pública.

Direcionando-nos para a prática judiciária nos Tribunais Administrativos e para o âmbito da


jurisdição administrativa, mediante a análise dos vários tipos de processos do contencioso
administrativo e o domínio da sua tramitação, considerar-se-ão as diferentes fases processuais, os atos
processuais bem como as vicissitudes da instância, a partir de pretensões materiais acionáveis em juízo
no contexto da forma processual adequada e dos poderes decisórios do juiz.

Esta abordagem será casuística com vista a permitir a consolidação sistemática de


conhecimentos jurídicos e o domínio prático do método jurídico e judiciário na análise e resolução dos
casos. Pretende-se dotar os auditores de justiça das aptidões fundamentais para a correta aplicação do
direito ao caso concreto, preparando-os para a correta tramitação dos processos, no âmbito dos
princípios da boa gestão processual.

A abordagem tendencialmente casuística acima enunciada não prejudica a necessidade de


serem tratadas matérias respeitantes ao direito administrativo substantivo geral, pressuposto da
compreensão das matérias que constituem o objeto dos litígios nos tribunais administrativos e fiscais.

Igualmente se tem por objetivo a apreensão pelos auditores de justiça das novas realidades do
direito e do contencioso administrativo, atravessados pela transmigração de institutos e de soluções
oriundos do direito administrativo global, do direito administrativo europeu e dos direitos
administrativos especiais e pelas exigências determinadas pelo direito da proteção internacional dos
direitos humanos e pela proteção constitucional dos direitos fundamentais.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 42
Centro de Estudos Judiciários

Assim sendo, a formação inicial em Direito Administrativo, substantivo e processual geral, tem
como objetivos formativos a aquisição pelos/as auditores/as das competências que seguidamente se
indicam.

No final do primeiro Trimestre:

a) Compreensão geral do papel do juiz administrativo no exercício da função soberana do


Estado de administrar justiça;
b) Domínio da organização e funcionamento dos tribunais administrativos e do âmbito
da jurisdição administrativa e capacidade de elaboração de decisões em matéria de
competência e de conflito de jurisdição ou de competências;
c) Domínio e capacidade de aplicação dos princípios gerais da atividade administrativa,
em especial capacidade de confronto de atuações administrativas com esses
princípios para aferição da sua validade;
d) Compreensão e capacidade de operacionalizar os princípios e as regras que regem o
procedimento administrativo comum do ato administrativo;
e) Operar a distinção entre ato administrativo e as outras formas de atuação
administrativa e entre os vários tipos de atos administrativos.
f) Distinção entre os regimes da revogação e da anulação administrativa e conhecimento
dos respetivos condicionalismos aplicáveis;
g) Compreensão do regime e trâmite das reclamações e recursos administrativos e das
suas implicações no processo administrativo, designadamente quanto ao pedido, ao
objeto do pedido e ao prazo de impugnação de ato administrativo ou de pedido de
condenação à prática do ato devido;
h) Domínio da matéria respeitante aos pressupostos processuais gerais.

No final do segundo Trimestre:

i) Compreensão do regime do ato administrativo e capacidade de aferir da respetiva


eficácia e validade;
j) Perceção e domínio do objeto, fundamentos, pressupostos processuais, marcha e
vicissitudes da instância da ação administrativa. Capacidade de elaboração dos
correspondentes despachos (despachos de expediente, despacho pré-saneador,
despacho saneador, despacho de identificação do objeto do litígio e enunciação dos
temas da prova) e sentenças;
k) Aquisição de técnicas de intervenção e condução de diligências, em especial a
audiência prévia;
l) Perceção e domínio do objeto, fundamentos, pressupostos processuais e tramitação
da intimação para a prestação de informações, consulta de processos ou passagem de
certidões. Capacidade de elaboração dos correspondentes despachos e sentenças;
m) Perceção e domínio do objeto, fundamentos e pressupostos processuais de uma ação
administrativa de impugnação de normas ou de condenação à emissão de normas e da

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 43
Centro de Estudos Judiciários

respetiva tutela cautelar. Capacidade de elaboração dos correspondentes despachos e


sentenças;
n)
o) No final do terceiro Trimestre:
p) Perceção e domínio do objeto, função, características, pressupostos processuais e
marcha do processo cautelar. Capacidade de identificação da verificação dos
pressupostos de adoção de providências cautelares, em particular da suspensão da
eficácia de um ato administrativo, e dos respetivos incidentes e garantias. Capacidade
de elaboração dos correspondentes despachos e sentenças;
q) Perceção e domínio do objeto, fundamentos, pressupostos processuais e marcha das
ações administrativas urgentes de contencioso eleitoral e de contencioso dos
procedimentos de massa e da intimação para proteção de direitos liberdades e
garantias. Capacidade de elaboração dos correspondentes despachos e sentenças
r) Perceção do regime dos recursos jurisdicionais. Capacidade de aferir da verificação
dos pressupostos para a admissão de um recurso jurisdicional e, sendo o recurso de
admitir, qual o efeito a atribuir ao mesmo e o regime de subida;
s) Perceção e domínio do objeto, fundamentos, pressupostos processuais, marcha e
vicissitudes da ação executiva (execução para prestação de facto, para pagamento de
quantia certa e de execução de sentença de anulação) e capacidade de aplicação de
sanções pecuniárias compulsórias e de identificação de causas legítimas de
inexecução. Capacidade de elaboração dos correspondentes despachos e sentenças;

Nestes termos, e salvo motivo imprevisto ou circunstâncias de índole pedagógica que venham a
impor diferentemente, a planificação das 73 sessões (107 UL) desta área de estudos é a seguinte:

Primeiro Trimestre
1.ª Semana – 19-23 setembro
1.ª Sessão (2 UL)
Apresentação. Metodologia de trabalho e de avaliação. Estatuto do auditor de justiça.
A organização e o funcionamento dos tribunais administrativos.
O âmbito da jurisdição administrativa.
2.ª Sessão (2 UL)
As funções do Estado: A função Administrativa e o princípio da separação de poderes.
Poderes dos tribunais administrativos.

2.ª Semana – 26-30 setembro


3.ª Sessão (2 UL)
Os princípios gerais da atividade administrativa:
O princípio da legalidade (juridicidade, preferência de lei e reserva de lei).
O princípio da legalidade e margem de livre decisão administrativa.
4.ª Sessão (2UL)
O princípio da igualdade, o princípio da proporcionalidade e o princípio da imparcialidade.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 44
Centro de Estudos Judiciários

3.ª Semana – 3-7 outubro


5. ª Sessão (2 UL)
O princípio da prossecução do interesse público e da proteção dos direitos e interesses dos
cidadãos, e princípio da boa administração. Os princípios da justiça e da razoabilidade. O princípio
da boa fé e o princípio da decisão.

4.ª Semana – 10-14 outubro


6.ª Sessão (2 UL)
Os princípios gerais da atividade administrativa (continuação e consolidação de conhecimentos).
7.ª Sessão (1UL)
O princípio da tutela jurisdicional efetiva. Tutela declarativa, cautelar e executiva e as formas de
processo. A alçada do tribunal e o valor da causa.

5.ª Semana – 17-21 outubro


8.ª Sessão (1 UL)
Competência do tribunal. Cumulação de pedidos.
9.ª Sessão (2 UL)
Pressupostos processuais gerais:
Patrocínio e representação em juízo. Personalidade e capacidade judiciária.

6.ª Semana – 24-28 outubro


10.ª Sessão (2 UL)
Legitimidade ativa e legitimidade passiva. Coligação.
11.ª Sessão (2 UL)
Pressupostos processuais gerais – continuação e consolidação de conhecimentos.

7.ª Semana – 31 outubro- 4 novembro


12.ª Sessão (2UL)
A impugnação de atos administrativos.
Pressupostos processuais específicos – legitimidade ativa e passiva
13.ª Sessão (1 UL)
Legitimidade ativa e passiva; os contrainteressados.

8.ª Semana – 7-11 novembro


14.ª Sessão (1 UL)
O ato administrativo impugnável.
15.ª Sessão (2 UL)
O ato administrativo.

9.ª Semana – 14-18 novembro


16. ª Sessão (2 UL)
O ato administrativo (continuação)
17.ª Sessão (1 UL)
A impugnação de atos administrativos. Pressupostos processuais específicos (continuação):
Impugnação de ato confirmativo, de ato de execução e de ato ineficaz.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 45
Centro de Estudos Judiciários

10.ª Semana – 21-25 novembro


18.ª Sessão (2UL)
Irrelevância da forma do ato e prazos de impugnação.
19.ª Sessão (1 UL)
Consolidação de conhecimentos

11.ª Semana – 28 novembro – 2 de dezembro


20.ª Sessão (2 UL)
Exercitação avaliativa
21.ª Sessão (1UL)
Hierarquia, superintendência e tutela. Reclamação e recurso hierárquico

12.ª Semana – 5-9 dezembro


22.ª Sessão (2UL)
A ação de condenação à prática de ato devido – Pressupostos processuais específicos.
23.ª Sessão (1 UL)
A ação de condenação à prática de ato devido – Poderes de pronúncia do tribunal.

13.ª Semana – 12-16 dezembro


24.ª Sessão (2 UL)
O procedimento administrativo – princípios.
O procedimento administrativo do ato. Iniciativa, prazos, instrução.
25.ª Sessão (1 UL)
O procedimento administrativo do ato. As garantias do procedimento – notificação, participação e
dever de fundamentação.

14.ª Semana – 19-21 dezembro


26.ª Sessão (2 UL)
O procedimento administrativo do ato. As garantias do procedimento – notificação, participação e
dever de fundamentação (continuação).

Segundo Trimestre

15.ª Semana – 4-6 janeiro


27.ª Sessão (2UL)
A invalidade do ato administrativo.
Desvalor jurídico e causas de invalidade.

16.ª Semana – 9-13 janeiro


28.ª Sessão (2UL)
Causas de invalidade do ato administrativo.
29 .ª Sessão (1 UL)
Causas de invalidade do ato administrativo.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 46
Centro de Estudos Judiciários

17.ª Semana – 16-20 janeiro


30.ª Sessão (1 UL)
Causas de invalidade do ato administrativo.
31.ª Sessão (2 UL)
O afastamento do efeito anulatório.

18.ª Semana – 23-27 janeiro


32.ª Sessão (1 UL)
Consolidação de conhecimentos.
33.ª Sessão (2 UL)
Revogação e anulação administrativa.

19.ª Semana – 30 janeiro – 3 fevereiro


34.ª Sessão (2 UL)
Revogação e anulação administrativa.
35.ª Sessão (1 UL)
Consolidação de conhecimentos.

20.ª Semana – 6-10 fevereiro


36.ª Sessão (1 UL)
A ação administrativa – A marcha do processo.
A fase dos articulados.
37.ª Sessão (2 UL)
A fase dos articulados.

21.ª Semana – 13-17 fevereiro


38.ª Sessão (1UL)
A falta de impugnação nas ações relativas a atos e normas. O envio do processo administrativo.
39.ª Sessão (2 UL)
Exceções dilatórias e exceções perentórias.
O despacho pré-saneador.

22.ª Semana – 20-24 fevereiro


40.ª Sessão (1 UL)
A Audiência Prévia. Despacho saneador
41.ª Sessão (2 UL)
Despacho saneador.
Identificação do objeto do litígio e temas da prova.

23.ª Semana – 27 fevereiro – 3 março


42.ª Sessão (2 UL)
Instrução e decisão parcelar da causa. Modificação do objeto do processo.
43.ª Sessão (1 UL)
Alegações escritas. Conteúdo da sentença e objeto e limites da decisão.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 47
Centro de Estudos Judiciários

24.ª Semana – 6-10 março


44.ª Sessão (1 UL)
Consolidação de conhecimentos.
45.ª Sessão (2UL)
Exercitação avaliativa.

25.ª Semana – 13-17 março


46.ª Sessão (1 UL)
O princípio da Administração aberta e o princípio da proteção dos dados pessoais. O direito de
acesso à informação, aos arquivos e registos administrativos. O direito à informação procedimental.
47.ª Sessão (2UL)
A intimação para a prestação de informações, consulta de processos ou passagem de certidões.

26.ª Semana – 20-24 março


48.ª Sessão (1 UL)
A intimação para a prestação de informações, consulta de processos ou passagem de certidões
(continuação).
49.ª Sessão (1 UL)
Regulamento administrativo. Procedimento do regulamento administrativo. A eficácia e a
invalidade do regulamento administrativo.
50.ª Sessão (1 UL)
Caducidade, revogação e impugnação administrativa. Impugnação de normas e condenação à
emissão de normas.

27.ª Semana – 27-31 março


51.ª Sessão (1 UL)
Impugnação de normas e condenação à emissão de normas (continuação). Suspensão de eficácia de
normas
52.ª Sessão (1 UL)
Impugnação de normas e condenação à emissão de normas. Consolidação de conhecimentos.

Terceiro Trimestre

28.ª Semana – 11-14 abril


53.ª Sessão (1UL)
Processos cautelares: função e características. Espécies de providências.
54.ª Sessão (1 UL)
A marcha do processo cautelar. A fase liminar.

29.ª Semana – 17-21 abril


55.ª Sessão (2 UL)
A marcha do processo cautelar. A fase liminar (continuação)

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 48
Centro de Estudos Judiciários

56.ª Sessão (1 UL)


O decretamento provisório da providência cautelar.

30.ª Semana – 24-28 abril


57.ª Sessão (1 UL)
O artigo 128º do CPTA e a proibição de executar. Incidente de declaração de ineficácia dos atos de
execução indevida.
Consolidação de conhecimentos.
58.ª Sessão (2 UL)
A decisão. Critérios de decisão.

31.ª Semana – 2-5 maio


59.ª Sessão (1UL)
Consolidação de conhecimentos.
60.ª Sessão (2 UL)
Processo cautelar e a antecipação da decisão da causa principal. Efeitos da decisão cautelar.
Caducidade, alteração e revogação das providências. Garantias das providências cautelares.

32.ª Semana – 8-12 maio


Sem Sessões

33.ª Semana – 15-19 maio


Sem Sessões

34.ª Semana – 22-26 maio


61.ª Sessão (1 UL)
A intimação para proteção de direitos, liberdades e garantias.
62 1.ª Sessão (1 UL)
A intimação para proteção de direitos, liberdades e garantias.
63.ª Sessão (1 UL)
Consolidação de conhecimentos

35.ª Semana – 29 maio-2 junho


64.ª Sessão (2 UL)
Exercitação avaliativa
65.ª Sessão (1 UL)
Contencioso de procedimentos de massa.

36.ª Semana – 5-9 junho


66.ª Sessão (1 UL)
Contencioso eleitoral
67.ª Sessão (1UL)
Outros processos urgentes.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 49
Centro de Estudos Judiciários

37.ª Semana – 12-16 junho


68.ª Sessão (2UL)
Outros processos urgentes (continuação)
69.ª Sessão (1UL)
Recursos jurisdicionais.

38.ª Semana – 19-23 junho


70.ª Sessão (2UL)
Processo executivo: finalidades, espécies e pressupostos.
Execução de sentença de anulação de atos administrativos.
71.ª Sessão (1 UL)
Execução de sentença de anulação de atos administrativos (continuação).

39.ª Semana – 26-30 junho


72.ª Sessão (1 UL)
Execução para prestação de facto ou de coisa e execução para pagamento de quantia certa. Sanção
pecuniária compulsória.
73.ª Sessão (1 UL)
Balanço final.

2.3.3. Direito Tributário substantivo e processual

A componente profissional de Direito Tributário, substantivo e processual, visa dotar os/as


auditores/as de justiça dos conhecimentos essenciais sobre o(s) procedimento(s) e o contencioso
tributário e os princípios que os regem, as especificidades do regime da prova nesta matéria e os
princípios operativos ao dispor do juiz tributário. Os temas serão abordados numa perspetiva
eminentemente direcionada para a prática judiciária, com recurso ao estudo da jurisprudência
pertinente, à discussão de casos práticos e à elaboração de exercícios formativos, através dos quais se
procurará, sobretudo, simular a realidade.

Também os princípios jurídico-constitucionais da tributação e os vários regimes substantivos de


tributação que compõem o sistema fiscal português serão trabalhados, através da mesma abordagem,
focada na realidade prática.

A formação inicial no Direito Tributário tem como objetivos formativos a aquisição pelos/as
auditores/as das competências que seguidamente se enunciam.

No final do primeiro trimestre:

a) Entendimento e capacidade de operacionalização dos conceitos de imposto, taxa e


contribuições especiais. Compreensão do sistema fiscal português.
b) Perceção e capacidade de operacionalizar os princípios jurídico-constitucionais da
tributação.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 50
Centro de Estudos Judiciários

c) Compreensão e capacidade de operacionalizar os princípios que regem o


procedimento tributário; perceção e domínio da dinâmica dos principais
procedimentos tributários.
d) Perceção das garantias não impugnatórias e impugnatórias administrativas dos
contribuintes e capacidade de discernir os atos impugnáveis e o seu regime.
e) Assimilação e capacidade de operacionalizar os princípios do contencioso tributário.
f) Perceção das várias espécies de ações no contencioso tributário, consoante a
respetiva finalidade.
g) Capacidade para tratar adequadamente o erro na forma do processo no contexto do
processo tributário.

No final do segundo trimestre:

a) Perceção e domínio do objeto, fundamentos, pressupostos processuais e tramitação


da impugnação judicial. Domínio da tramitação desta forma de processo,
compreensão das respetivas particularidades, capacidade para elaborar despachos e
sentenças adequadas à mesma. Domínio das particularidades referentes à respetiva
instrução.
b) Compreensão das particularidades do direito probatório no processo tributário.
c) Apreensão das particularidades da execução fiscal e compreensão da tramitação do
processo de execução fiscal.
d) Domínio do objeto, fundamentos, pressupostos processuais, e tramitação da oposição
à execução. Domínio da tramitação desta forma de processo, compreensão das
respetivas particularidades, capacidade para elaborar despachos e sentenças
adequadas à mesma. Domínio das particularidades referentes à respetiva instrução.
e) Compreensão do regime da responsabilidade tributária subsidiária.
f) Perceção e domínio dos regimes da reclamação da decisão do órgão de execução
fiscal, dos embargos de terceiro e do arresto e do arrolamento.

No final do terceiro trimestre:

a) Domínio da tramitação das diferentes espécies processuais e da elaboração de


sentenças e despachos

Assim, e salvo motivo imprevisto ou circunstâncias de índole pedagógica que venham a impor
diferente solução, a planificação das 37 sessões desta área de estudos é a seguinte:

PRIMEIRO TRIMESTRE

1.ª Semana – 19-23 setembro


1.ª Sessão (1 UL)
Apresentação dos participantes e da componente profissional de Direito Tributário Substantivo e
Processual. Programa, objetivos e metodologia.
Os Tributos (distinção entre Imposto, Taxa e Contribuição).

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 51
Centro de Estudos Judiciários

Organização do sistema fiscal português.

2.ª Semana – 26-30 setembro


2.ª Sessão (2 UL)
Princípios jurídico-constitucionais da tributação, em particular, os princípios da legalidade, da
igualdade e da não retroatividade. Discussão de jurisprudência.

3.ª Semana – 3-7 outubro


3.ª Sessão (2 UL)
Procedimento(s) e Ato Tributário.
Princípios do procedimento tributário.
O procedimento de liquidação e outros procedimentos especiais.

4.ª Semana – 10-14 outubro


4.ª Sessão (2 UL)
Garantias não impugnatórias dos contribuintes: direito à informação; direito à fundamentação;
direito à notificação; direito à audição prévia. Discussão e resolução de casos práticos.

5.ª Semana – 17-21 outubro


5.ª Sessão (2 UL)
Garantias não impugnatórias dos contribuintes (continuação): direito à caducidade do direito de
liquidação; direito ao reconhecimento da prescrição da obrigação tributária. Discussão e resolução
de casos práticos.

6.ª Semana – 24-28 outubro


6.ª Sessão (2 UL)
Garantias não impugnatórias dos contribuintes (continuação).
Garantias impugnatórias graciosas dos contribuintes: direito à reclamação; direito à reclamação
graciosa; direito ao recurso hierárquico; direito à revisão. Discussão e resolução de casos práticos.

7.ª Semana – 31 outubro a 4 novembro


7.ª Sessão (2 UL)
Garantias impugnatórias graciosas dos contribuintes (continuação).

8.ª Semana – 7-11 novembro


8.ª Sessão (2 UL)
Consolidação.

9.ª Semana – 14-18 novembro


9.ª Sessão (2 UL)
Princípios do processo tributário. Em especial: o princípio da tutela jurisdicional efetiva; o princípio
da reserva da função jurisdicional; o princípio do dispositivo; o princípio do inquisitório e os deveres
de colaboração processual; os princípios do favorecimento da instância e da economia processual; o
princípio do contraditório.
A impugnabilidade dos atos tributários: o princípio da impugnabilidade unitária.
Meios processuais e Espécies: a adequação do meio processual.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 52
Centro de Estudos Judiciários

10.ª Semana – 21-25 novembro


10.ª Sessão (2 UL)
Petição inicial: condições da ação, pressupostos processuais e requisitos dos atos; pedido e causa de
pedir; interpretação do pedido.

11.ª Semana – 28 novembro a 2 dezembro


11.ª Sessão (2 UL)
Pressupostos processuais (continuação). Intervenção liminar do Juiz.

12.ª Semana – 5-9 dezembro


12.ª Sessão (2 UL)
Intervenção liminar do Juiz (continuação).

13.ª Semana – 12-16 dezembro


13.ª Sessão (2 UL)
Exercitação

14.ª Semana – 19-21 dezembro


14.ª Sessão (1 UL)
Correção da exercitação

SEGUNDO TRIMESTRE

15.ª Semana – 4-6 janeiro


15.ª Sessão (1 UL)
Direito probatório

16.ª Semana – 9-13 janeiro


16.ª Sessão (2 UL)
Direito probatório (continuação)

17.ª Semana – 16-20 janeiro


17.ª Sessão (2 UL)
Meios processuais do contencioso tributário. Em especial, a Impugnação Judicial.

18.ª Semana – 23-27 janeiro


18.ª Sessão (2 UL)
Meios processuais do contencioso tributário. Em especial, a Impugnação Judicial. (continuação)

19.ª Semana – 30 janeiro – 3 fevereiro


19.ª Sessão (2 UL )
O processo de execução fiscal. Natureza jurídica e tramitação.

20.ª Semana – 6-10 fevereiro


20.ª Sessão (2 UL)
Oposição à Execução: fundamentos.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 53
Centro de Estudos Judiciários

21.ª Semana – 13-17 fevereiro


21.ª Sessão (2 UL)
Oposição à Execução: simulação de diligência de inquirição de testemunhas.

22.ª Semana – 20-24 fevereiro


22.ª Sessão (2 UL)
Consolidação

23.ª Semana – 27 fevereiro – 3 março


23.ª Sessão (2 UL)
Reclamação dos Atos do Órgão da Execução Fiscal.

24.ª Semana – 6-10 março


24.ª Sessão (2 UL)
Reclamação dos Atos do Órgão da Execução Fiscal (continuação).

25.ª Semana – 13-17 março


25.ª Sessão (2 UL)
Embargos de Terceiro.

26.ª Semana – 20-24 março


26.ª Sessão (2 UL)
Exercitação.

27.ª Semana – 27-31 março


27.ª Sessão (2 UL)
Correção da exercitação. Arresto. Arrolamento

TERCEIRO TRIMESTRE

28.ª Semana – 11-14 abril


28.ª Sessão (1 UL)
Recursos Jurisdicionais

29.ª Semana – 17-21 abril


29.ª Sessão (2 UL)
Simulação de despachos.

30.ª Semana – 24-28 abril


30.ª Sessão (2 UL)
Simulação de despachos – continuação.

31.ª Semana – 2-5 maio


31.ª Sessão (2 UL)
Simulação de sentença

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 54
Centro de Estudos Judiciários

34.ª Semana – 22-26 maio


32.ª Sessão (2 UL)
Simulação de sentença

35.ª Semana – 29 maio - 2 junho


33.ª Sessão (2 UL)
Comentário à simulação

36.ª Semana – 5-9 junho


34.ª Sessão (1 UL)
Exercitação

37.ª Semana – 12-16 junho


35.ª Sessão (2 UL)
Comentário à exercitação.

38.ª Semana – 19-23 junho


36.ª Sessão (1 UL)
Revisão: LGT e CPPT.

39.ª Semana – 26-30 junho


37.ª Sessão (2 UL)
Balanço final.

Plano de Estudos do 9.º Curso de Formação de Juízes para os Tribunais Administrativos e Fiscais (2022-2023) 55

Você também pode gostar