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DIREITO TRIBUTÁRIO

Faculdade Estácio
Curso de Direito
Professor: João Bernardo Guedes
TÓPICOS

 LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR - VALOR


LIBERDADE
LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS : VEDAÇÕES


CONSTITUCIONAIS ESPECÍFICAS

MECANISMO DE PROTEÇÃO AO CONTRIBUINTE NA


TRIBUTAÇÃO ESTATAL

Carneiro, 2020 , p. 375


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

PODER DE LIMITAÇÕES
TRIBUTAR: A ESTE
PODER
PREVISÃO: PREVISÃO:
CRFB 1988 CRFB 1988

Carneiro, 2020 , p. 375


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

CRFB 1988: Art. 1º “A República Federativa do Brasil, formada pela


união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos(...)”

NATUREZA JURÍDICA DAS LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR: GARANTIA


CONSTITUCIONAL

Carneiro, 2020 , p. 375/376


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

EXTERIORIZAM PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS

ANTERIORIDADE CAPACIDADE
LEGALIDADE ISONOMIA
TRIBUTÁRIA CONTRIBUTIVA

Carneiro, 2020 , p. 375


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
PRINCÍPIO DA NÃO LIMITAÇÃO/
VEDAÇÃO DE LIMITAÇÃO AO TRÁFEGO DE PESSOAS E BENS

PREVISÃO CONSTITUCIONAL:

“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios:

(...)

V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou


intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público”.

MAZZA, 2020 , p. 266


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
PRINCÍPIO DA NÃO LIMITAÇÃO/
VEDAÇÃO DE LIMITAÇÃO AO TRÁFEGO DE PESSOAS E BENS

IMPEDE QUE O TRIBUTO SEJA UTILIZADO PARA

RESTRINGIR O TRÂNSITO DE PESSOAS E BENS NO TERRITÓRIO NACIONAL

MAZZA, 2020 , p. 266


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
PRINCÍPIO DA NÃO LIMITAÇÃO/
VEDAÇÃO DE LIMITAÇÃO AO TRÁFEGO DE PESSOAS E BENS

“Art. 5º CRFB 1988: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens”

MAZZA, 2020 , p. 266/267


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
PRINCÍPIO DA NÃO LIMITAÇÃO/
VEDAÇÃO DE LIMITAÇÃO AO TRÁFEGO DE PESSOAS E BENS

LIBERDADE DE IR E VIR, e
PERMANECER
Art. 150, V, da CRFB de
1988 atua como “NORMA
JURÍDICA DE REFORÇO”
ao preconizado no Art.
5º, XV da CRFB 1988 VEDADO QUE A TRIBUTAÇÃO
CRIE BARREIRAS PARA A LIVRE
LOCOMOÇÃO DE PESSOAS E
BENS

MAZZA, 2020 , p. 266/267


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
PRINCÍPIO DA NÃO LIMITAÇÃO/
VEDAÇÃO DE LIMITAÇÃO AO TRÁFEGO DE PESSOAS E BENS

GARANTE
DIRIGE-SE A TODOS OS ENTES CONSTITUCIONALMENTE A
TRIBUTANTES LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO

150,V,CRFB
PROÍBE QUE O TRIBUTO PAUTADO EM DOIS FUNDAMENTOS:
ESTABELEÇA BARREIRAS À LIBERDADE RELATIVA (i) AO
CIRCULAÇÃO DE BENS OU DE TRÁFEGO DE PESSOAS; e (ii) AO
PESSOAS TRÁFEGO DE BENS

Carneiro, 2020 , p. 465/466


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
PRINCÍPIO DA NÃO LIMITAÇÃO/
VEDAÇÃO DE LIMITAÇÃO AO TRÁFEGO DE PESSOAS E BENS

FUNDAMENTOS

LIBERDADE RELATIVA (ii) AO TRÁFEGO DE


LIBERDADE RELATIVA (i) AO TRÁFEGO DE
PESSOAS:ENVOLVE DIREITO
BENS: RELACIONADA AO COMÉRCIO E À
CONSTITUCIONALMENTE PREVISTO,
PRESERVAÇÃO DO PRINCÍPIO FEDERATIVO.
ASSEGURANDO A LIBERDADE DE IR E VIR.

Carneiro, 2020 , p. 465/466


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
PRINCÍPIO DA NÃO LIMITAÇÃO/
VEDAÇÃO DE LIMITAÇÃO AO TRÁFEGO DE PESSOAS E BENS

OBSERVAÇÃO: O REFERIDO PRINCÍPIO NÃO CONFLITA COM O


ICMS, QUE É UM IMPOSTO ESTADUAL SOBRE A CIRCULAÇÃO DE
MERCADORIAS.

Carneiro, 2020 , p. 465/466


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
PRINCÍPIO DA NÃO LIMITAÇÃO/
VEDAÇÃO DE LIMITAÇÃO AO TRÁFEGO DE PESSOAS E BENS

OBSERVAÇÃO 2: O REFERIDO PRINCÍPIO NÃO CONFLITA COM O


ISS, QUE É UM TRIBUTO MUNICIPAL QUE INCIDE SOBRE A
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE INTERESTADUAL E
INTERMUNICIPAL.

Carneiro, 2020 , p. 465/466


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
PRINCÍPIO DA NÃO LIMITAÇÃO/
VEDAÇÃO DE LIMITAÇÃO AO TRÁFEGO DE PESSOAS E BENS

A VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA NÃO TAMBÉM CHAMADO DE


LIMITAÇÃO AO TRÁFEGO OCORRE VEDAÇÃO DE TRIBUTO DE
QUANDO A LEI ELEGE COMO FATO TRANSPASSE
GERADOR A REANSPOSIÇÃO DE
FRONTEIRAS.

Carneiro, 2020 , p. 465/466


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
PRINCÍPIO DA NÃO LIMITAÇÃO/
VEDAÇÃO DE LIMITAÇÃO AO TRÁFEGO DE PESSOAS E BENS

O PEDÁGIO COMO EXCEÇÃO AO PRINCÍPIO:

Art. 150, V CRFB 1988: - “estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos
interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias
conservadas pelo Poder Público”.(Grifei).

Pedágio terá natureza de taxa (com natureza tributária) se a conservação da via pública estiver a
cargo do próprio Poder Público diretamente.

Pedágio terá natureza de tarifa (ou preço público) se a conservação da via pública for explorada por
meio de concessão ou permissão (prestação indireta).

MAZZA, 2020 , p. 266/267


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
PRINCÍPIO DA NÃO DISCRIMINAÇÃO QUANTO À PROCEDÊNCIA
VEDAÇÃO DA DIFERENÇA TRIBUTÁRIA EM RAZÃO DA PROCEDÊNCIA OU DESTINO

“Art. 152. CRFB 1988: É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer
diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou
destino”.

PROIBIÇÃO DE TRATAMENTO DIFERENCIADO EM RAZÃO DA PROCEDÊNCIA OU DESTINO DE BENS OU


SERVIÇOS

MAZZA, 2020 , p. 267


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
PRINCÍPIO DA NÃO DISCRIMINAÇÃO QUANTO À PROCEDÊNCIA
VEDAÇÃO DA DIFERENÇA TRIBUTÁRIA EM RAZÃO DA PROCEDÊNCIA OU DESTINO

COROLÁRIO DO PRINCÍPIO DO PRINCÍPIO DA ISONOMIA E TEM COMO SUBPRINCÍPIO A UNIFORMIDADE


GEOGRÁFICA (art. 151, I, CRFB 1988).

DOIS PRINCÍPIOS DA CRFB QUE PRESERVAM O PACTO FEDERATIVO: UNIDADE GEOGRÁFICA E VEDAÇÃO
DA DIFERENÇA TRIBUTÁRIA EM RAZÃO DA PROCEDÊNCIA OU DESTINO.

Carneiro, 2020 , p. 466/467


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
PRINCÍPIO DA NÃO DISCRIMINAÇÃO QUANTO À PROCEDÊNCIA
VEDAÇÃO DA DIFERENÇA TRIBUTÁRIA EM RAZÃO DA PROCEDÊNCIA OU DESTINO

Ex.: NÃO SE PODE CONCEBER QUE A ALÍQUOTA DO IPVA SEJA UMA PARA VEÍCULOS DE PROCEDÊNCIA
NACIONAL E OUTRA MAIOR PARA IMPORTADOS.

Carneiro, 2020 , p. 466/467


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA FISCAL

O PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA FISCAL SE COMPLEMENTA COM O


PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA /CLAREZA ORÇAMENTÁRIA.

Carneiro, 2020 , p. 468


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA FISCAL

“CRFB 1988: Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

(...)

§ 6º O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre


as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de
natureza financeira, tributária e creditícia”.

Carneiro, 2020 , p. 468


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA FISCAL

“Lei n.º 12.741, de 2012: Dispõe sobre as medidas de esclarecimento ao consumidor, de que trata o §
5º do artigo 150 da Constituição Federal; altera o inciso III do art. 6º e o inciso IV do art. 106 da Lei
nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 - Código de Defesa do Consumidor.

Art. 1º Emitidos por ocasião da venda ao consumidor de mercadorias e serviços, em todo território
nacional, deverá constar, dos documentos fiscais ou equivalentes, a informação do valor aproximado
correspondente à totalidade dos tributos federais, estaduais e municipais, cuja incidência influi na
formação dos respectivos preços de venda”.

Carneiro, 2020 , p. 468


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

LIVRE INICIATIVA

“CRFB 1988:Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:

I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição.”
LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

LIVRE INICIATIVA

“A livre iniciativa empresarial é uma forma de liberdade individual e, mais especificamente, uma
modalidade de livre iniciativa econômica, aplicada às situações de empreendedorismo e atuação
econômica. Exatamente por isso é considerada fundamental no modelo de economia capitalista, pois
enseja a criação de entidades empresariais privadas que irão constituir grande parte das relações
econômicas do chamado mercado. É também um dos esteios da Constituição econômica brasileira de
1988.”

Fonte: https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/237/edicao-1/livre-iniciativa-empresarial

https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/237/edicao-1/livre-iniciativa-empresarial
LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

LIVRE INICIATIVA

“LEI Nº 13.874, DE 20 DE SETEMBRO DE 2019.


Art. 1º Fica instituída a Declaração de Direitos de Liberdade Econômica, que estabelece normas de
proteção à livre iniciativa e ao livre exercício de atividade econômica e disposições sobre a atuação do
Estado como agente normativo e regulador, nos termos do inciso IV do caput do art. 1º, do parágrafo
único do art. 170 e do caput do art. 174 da Constituição Federal.

DAS GARANTIAS DE LIVRE INICIATIVA

Art. 4º É dever da administração pública e das demais entidades que se vinculam a esta Lei, no
exercício de regulamentação de norma pública pertencente à legislação sobre a qual esta Lei versa,
exceto se em estrito cumprimento a previsão explícita em lei, evitar o abuso do poder regulatório de
maneira a, indevidamente:
I - criar reserva de mercado ao favorecer, na regulação, grupo econômico, ou profissional, em prejuízo
dos demais concorrentes; (...) “.
EXERCÍCIOS - QUESTÕES

2020 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: SEFAZ-DF Prova: CESPE - 2020 - SEFAZ-DF - Auditor Fiscal

Considerando as regras do CTN acerca da vigência da legislação tributária e das limitações constitucionais ao
poder de tributar, julgue o item que se segue.

A imunidade tributária recíproca dos entes federativos não é extensível às respectivas autarquias e fundações
públicas.

( ) CERTO

( ) ERRADO
EXERCÍCIOS - QUESTÕES

2020 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: SEFAZ-DF Prova: CESPE - 2020 - SEFAZ-DF - Auditor Fiscal

Considerando as regras do CTN acerca da vigência da legislação tributária e das limitações constitucionais ao
poder de tributar, julgue o item que se segue.

A imunidade tributária recíproca dos entes federativos não é extensível às respectivas autarquias e fundações
públicas.

( ) CERTO

( X ) ERRADO
EXERCÍCIOS - QUESTÕES
Ano: 2018 Banca: Quadrix Órgão: CREF - 8ª Região (AM/AC/RO/RR) Prova: Quadrix - 2018 - CREF - 8ª Região
(AM/AC/RO/RR) - Assistente Financeiro

À luz da Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item seguinte.

É vedado à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios instituir tratamento desigual entre
contribuintes que se encontrem em situação equivalente e proibida qualquer distinção em razão de ocupação
profissional ou função por eles exercida.

( ) CERTO

( ) ERRADO
EXERCÍCIOS - QUESTÕES
Ano: 2018 Banca: Quadrix Órgão: CREF - 8ª Região (AM/AC/RO/RR) Prova: Quadrix - 2018 - CREF - 8ª Região
(AM/AC/RO/RR) - Assistente Financeiro

À luz da Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item seguinte.

É vedado à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios instituir tratamento desigual entre
contribuintes que se encontrem em situação equivalente e proibida qualquer distinção em razão de ocupação
profissional ou função por eles exercida.

( X ) CERTO

( ) ERRADO
LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS

LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS
AO PODER DE TRIBUTAR
(RESTRINGINDO O PODER DO
FISCO DE INSTITUIR TRIBUTOS)
ASSIM COMO OS PRINCÍPIOS
TRIBUTÁRIOS, AS IMUNIDADES
TRIBUTÁRIAS TÊM NATUREZA
JURÍDICA DÚPLICE:

GARANTIAS FUNDAMENTAIS DO
CONTRIBUINTE

Mazza, 2020 , p. 291


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS

PRINCÍPIOS: INSTRUMENTOS
PROTETIVOS OU GARANTIDORES “Princípios em sua acepção
DO CIDADÃO (CONTRIBUINTES) jurídica significa um conjunto
PRINCÍPIOS E IMUNIDADES
Ex.: legalidade tributária, de regras que determina um
ESTABELECEM GARANTIAS AOS
anterioridade tributária, certo tipo de comportamento.
CONTRIBUINTES, mas ambos
capacidade contributiva, vedação São eles os responsáveis pela
não se confundem.
ao confisco. harmonia do sistema
normativo. Os princípios
Princípios:
Dois deles de extrema podem vir implícitos no
Mandamentos nucleares de um
importância ao direito tributário: sistema constitucional
sistema, alicerces de um
capacidade contributiva (justiça vigente ou expresso na lei
ordenamento jurídico
de tributação) e legalidade maior”. Citação de Adilson
(segurança jurídica). Rodrigues Pires.

Carneiro, 2020 , p. 377/380


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS

IMUNIDADE: NORMA PROIBITIVA: POR ISSO A EXPRESSÃO COMPETÊNCIA NEGATIVA: APRESENTA


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

ALIOMAR BALEEIRO: Define as IMUNIDADES como limitações constitucionais ao poder de tributar.

A maioria da doutrina converge no sentido de que a imunidade, à luz do Direito é uma norma jurídica
que encontra amparo na Constituição.

SACHA CALMON: explica que país algum “constitucionalizou” o Direito Tributário tanto quanto o Brasil.
(CRFB possui cerca de 20 artigos destinado ao tema).

A IMUNIDADE, seja qual for, NÃO AFASTA o cumprimento das obrigações tributárias acessórias definidas
pela legislação.

Carneiro, 2020 , p. 377/380


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS

CONSEQUÊNCIAS DA CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO TRIBUTÁRIO: RIGIDEZ PARA MODIFICAÇÃO DE


TAIS DISPOSITIVOS. PROCESSO MAIS RÍGIDO QUE O DE ALTERAÇÃO DE LEI ORDINÁRIA E LEI
COMPLEMENTAR.

CRFB 1988: PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO DESEJOU ELEGER A MATÉRIA TRIBUTÁRIA,


ESPECIFICAMENTE O SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL COM STATUS CONSTITUCIONAL DE MODO A
DIFICULTAR SUAS ALTERAÇÕES. POR ISSO O SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL É CLASSIFICADO COMO
RÍGIDO E RACIONAL.

ADEMAIS, A CRFB DE 1988 TROUXE EM SEU ARTIGO 1º, O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO

Carneiro, 2020 , p. 377/380


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS

DA NATUREZA QUE AS IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS TÊM DE GARANTIAS FUNDAMENTAIS E LIMITAÇÕES AO PODER


DE TRIBUTAR DECORREM AS SEGUINTES CONSEQUÊNCIAS:

É VEDADA A EDIÇÃO DE
A REGULAMENTAÇÃO IMUNIDADES DEVEM
MEDIDA PROVISÓRIA PARA
IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS INFRACONSTITUCIONAL SER INVOCADAS EM
A REGULAMENTAÇÃO
CONSTITUEM CLÁUSULAS DAS IMUNIDADES FAVOR DO
INFRACONSTITUCIONAL
PÉTREAS TRIBUTÁRIAS EXIGE LEI CONTRIBUINTE E NÃO
DE IMUNIDADE
COMPLEMENTAR EM FAVOR DO FISCO
TRIBUTÁRIA

Mazza, 2020 , p. 291


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS

IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS CONSTITUEM CLÁUSULAS PÉTREAS:

“CRFB 1988: Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: § 4º Não será objeto de
deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: IV - os direitos e garantias individuais.”

AS IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS NÃO PODEM SER REDUZIDAS OU SUPRIMIDAS POR EMENDA CONSTITUCIONAL,
FAZENDO PARTE DO NÚCLEO IMODIFICÁVEL DA CONSTITUIÇÃO. (ADIN 939).

Mazza, 2020 , p. 292


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS

A REGULAMENTAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL DAS IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS EXIGE LEI COMPLEMENTAR:

CRFB1988: “Art. 146. Cabe à lei complementar:


(...)
II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar”.

NECESSIDADE DE LEI COMPLEMENTAR PARA A REGULAMENTAR A LIMITAÇÃO CONSTITUCIONAL AO PODER DE


TRIBUTAR.

HAVENDO NECESSIDADE DE EDITAR LEI DISCIPLINANDO EM NÍVEL INFRACONSTITUCIONAL UMA IMUNIDADE


TRIBUTÁRIA, TAL LEI OBRIGATORIAMENTE DEVERÁ SER UMA COMPLEMENTAR.

Mazza, 2020 , p. 292


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS

É VEDADA A EDIÇÃO DE MEDIDA PROVISÓRIA PARA A REGULAMENTAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL DE IMUNIDADE


TRIBUTÁRIA:

- TEMÁTICA DA REGULAMENTAÇÃO DAS LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR: SOB A


RESERVA DE LEI COMPLEMENTAR. CRFB 1988, ART. 146, II

- CRFB 1988: VEDA A EDIÇÃO DE MEDIDAS PROVISÓRIAS PARA MATÉRIAS SOBRE TEMAS EXCLUSIVOS DE LEI
COMPLEMENTAR. CRFB 1988, ART. 62, § 1º, III.

PORTANTO: É PROIBIDA A EDIÇÃO DE MEDIDA PROVISÓRIA VERSANDO SOBRE A REGULAMENTAÇÃO DE


IMUNIDADE TRIBUTÁRIA.

Mazza, 2020 , p. 292


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS

IMUNIDADES DEVEM SER INVOCADAS EM FAVOR DO CONTRIBUINTE E NÃO EM FAVOR DO FISCO:

- IMUNIDADES: LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR: REGRAS RESTRITIVAS DAS ATUAÇÕES DO FISCO E


FAVORÁVEIS AO CONTRIBUINTE.

- INVOCAÇÃO CONCRETA DE IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS OU DE REGRAS DELA DECORRENTES: PODE SER FEITA
EM FAVOR DO CONTRIBUINTE E EM DESFAVOR DO FISCO E NÃO AO CONTRÁRIO.

Mazza, 2020 , p. 293


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS: CONCEITOS DOUTRINÁRIOS

“Convém fazer uma rápida referência aos conceitos de imunidade apresentados por alguns de nossos
doutrinadores que merecem especial atenção”.

PAULO DE BARROS CARVALHO: “Imunidades são uma classe finita e imediatamente determinável de normas
jurídicas, contidas no texto da Constituição Federal, e que estabelecem, de modo expresso, a incompetência
das pessoas políticas de direito constitucional interno para expedir regras instituidoras de tributos que
alcancem situações específicas e suficientemente caracterizadas”. (Curso de Direito Tributário, p. 236)

ALIOMAR BALLEIRO: “Imunidades são vedações absolutas ao poder de tributar certas pessoas ou certos bens”
(Direito tributário brasileiro, p. 113).

JOSÉ EDUARDO SOARES DE MELO: “Imunidade consiste na exclusão da competência da União, Estados,
Distrito Federal e Municípios para instituir tributos relativamente a determinados atos, fatos e pessoas,
expressamente previstos na Constituição Federal”. ( Curso de Direito tributário, p. 156).

Mazza, 2020 , p. 293


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS: CONCEITOS DOUTRINÁRIOS

Reunindo os elementos fundamentais integrantes dos conceitos acima transcritos, identifica-se o seguinte
denominador comum acerca da conceituação do instituto das imunidades tributárias:

ATUAM LIMITANDO AS AFASTAM A


SÃO NORMAS REGRAS DE POSSIBILIDADE DE
CONTIDAS NO TEXTO COMPETÊNCIAS INSTITUIÇÃO DE
DA CONSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIAS DAS TRIBUTOS SOBRE
FEDERAL ENTIDADES DETERMINADOS ATOS,
FEDERATIVAS FATOS, OU PESSOAS.

Mazza, 2020 , p. 293


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS: CONCEITO

IMUNIDADES SÃO NORMAS CONSTITUCIONAIS

IMUNIDADES SÃO NORMAS


CONSTITUCIONAIS QUE LIMITAM A QUE LIMITAM A COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA AFASTANDO A
INCIDÊNCIA DE TRIBUTOS SOBRE
DETERMINADOS ITENS OU PESSOAS.
AFASTANDO A INCIDÊNCIA DE TRIBUTOS
SOBRE DETERMINADOS PRODUTOS OU
PESSOAS

Mazza, 2020 , p. 294


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS: CONCEITO - SÃO NORMAS CONSTITUCIONAIS

DENTRO DA PIRÂMIDE REPRESENTATIVA DO ORDENAMENTO JURÍDICO PÁTRIO: O ÚNICO PATAMAR ONDE


AS REGRAS IMUNIZANTES PODEM ESTAR ALOCADAS É DENTRO DO TEXTO CONSTITUCIONAL.

IMUNIDADES: ATUAM SISTEMATICAMENTE LIMITANDO O ALCANCE DAS REGRAS CONSTITUCIONAIS


ATRIBUIDORAS DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA, AS IMUNIDADES SOMENTE PODERIAM OCUPAR O MESMO
STATUS HIERÁRQUICO COM AS NORMAS QUE INTERAGEM: O NÍVEL CONSTITUCIONAL.

IMUNIDADES SÃO: “HIPÓTESES DE NÃO INCIDÊNCIA CONSTITUCIONALMENTE QUALIFICADAS” / “ NORMAS


ONTOLOGICAMENTE CONSTITUCIONAIS” / “FENÔMENOS NORMATIVOS NECESSARIAMENTE
CONSTITUCIONAIS”.

IMUNIDADE É UM INSTITUTO NECESSARIAMENTE PREVISTO NA CONSTITUIÇÃO

Mazza, 2020 , p. 294


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS: CONCEITO - SÃO NORMAS CONSTITUCIONAIS

Observação: “a natureza da IMUNIDADE como norma constitucional prevalece sobre a nomenclatura do


constituinte. Assim, mesmo que o texto constitucional empregue nomes como “isenção” ou “não
incidência”, ou termos correlatos para se referir à exclusão de incidência tributária, o fenômeno será
imunidade”.

Ex.: CRFB 1988: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:(...)
§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social
que atendam às exigências estabelecidas em lei.”

O termo empregado é “isentas”: mas TRATA-SE DE IMUNIDADE, pois o status constitucional prevalece
sobre a nomenclatura utilizada (ADIMC 2.028, voto do Ministro Moreira Alves,2000)

Mazza, 2020 , p. 294


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS: CONCEITO – LIMITAM A COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

IMUNIDADE: FUNÇÃO LIMITADORA DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA.

“Em razão das imunidades previstas no texto constitucional, as entidades federativas já recebem suas
competências tributárias parcialmente subtraídas quanto ao seu alcance potencial, na medida em que os
entes tributantes ficam impedidos de instituir tributos sobre pessoas e itens protegidos pelas regras
imunizantes”.

Mazza, 2020 , p. 294


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS: CONCEITO – AFASTAM A INCIDÊNCIA DE TRIBUTOS SOBRE DETERMINADOS
PRODUTOS OU PESSOAS

MAZZA: IMUNIDADES SÃO NORMAS CONSTITUCIONAIS QUE AFASTAM A INCIDÊNCIA DE TRIBUTOS SOBRE
DETERMINADOS PRODUTOS OU PESSOAS.

CASOS MAIS COMUNS: IMUNIDADES QUE EXCLUAM SOMENTE A INCIDÊNCIA DE IMPOSTOS, HÁ CASOS DE
NORMAS IMUNIZANTES ATINGINDO AS DEMAIS ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS. ASSIM, A IMUNIDADE NÃO AFASTA
SOMENTE IMPOSTOS*.

ADEMAIS EXISTEM IMUNIDADES PRIORITARIAMENTE DESTINADAS A PROTEGER PESSOAS (SUBJETIVAS) E


PARA TUTELAR OBJETOS (OBJETIVA).
====================================================================================
CARNEIRO: Quanto aos tributos alcançados pela imunidade: “Preferimos adotar o entendimento de que
as imunidades específicas alcançam os tributos (em geral) e as genéricas (art. 150, VI, CRFB 1988)
alcançam somente os impostos.

Mazza, 2020 , p. 294 Carneiro, 2020 , p. 384


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS: IMUNIDADE E ISENÇÃO:

DO PONTO DE VISTA EXTRAJURÍDICO: imunidade e isenção possuem grande semelhança: na prática as duas
figuras liberam o contribuinte de pagar impostos.
DO PONTO DE VISTA DO DIREITO TRIBUTÁRIO: imunidade e isenção são institutos inconfundíveis.
IMUNIDADE:

- NORMA CONSTITUCIONAL QUE LIMITA A ISENÇÃO:


COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA, AFASTANDO A
INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA SOBRE DETERMINADAS - É UM BENEFÍCIO LEGAL CONCEDIDO PELO
PESSOAS OU BENS. LEGISLADOR QUE, EXCLUINDO O CRÉDITO
TRIBUTÁRIO (Art. 175 do CTN)
- OPERA NO PLANO CONSTITUCIONAL,
INTERAGINDO COM AS REGRAS QUE DEFINEM A -LIBERA O CONTRIBUINTE DE REALIZAR O
COMPETÊNCIA PARA A INSTITUIÇÃO DE PAGAMENTO APÓS A OCORRÊNCIA DO FATO
TRIBUTO ANTES QUE O FATO GERADOR GERADOR.
OCORRA.

Mazza, 2020 , p. 295


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS: INSTITUTOS AFINS - DIFERENÇAS ENTRE IMUNIDADE E ISENÇÃO AUTONÔMICA

IMUNIDADE:
ISENÇÃO AUTONÔMICA :
- NORMA CONSTITUCIONAL QUE LIMITA A
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA, AFASTANDO A - ISENÇÕES SIMPLES OU AUTONÔMICAS
INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA SOBRE DETERMINADAS (AUTÔNOMAS): SÃO AQUELAS CONCEDIDAS
PESSOAS OU BENS. POR LEI DA MESMA ENTIDADE COMPETENTE
PARA INSTITUIR O TRIBUTO.
- OPERA NO PLANO CONSTITUCIONAL,
INTERAGINDO COM AS REGRAS QUE DEFINEM A - IPTU TRIBUTO MUNICIPAL: QUANDO O
COMPETÊNCIA PARA A INSTITUIÇÃO DE PRÓPRIO MUNICÍPIO OUTORGA ISENÇÃO DE
TRIBUTO ANTES QUE O FATO GERADOR IPTU TRATA-SE DE ISENÇÃO AUTONÔMICA. (No
OCORRA. Brasil predominam as isenções autonômicas).

Mazza, 2020 , p. 297


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS: INSTITUTOS AFINS - DIFERENÇAS ENTRE IMUNIDADE E ISENÇÃO HETERÔNOMA

ISENÇÃO HETERÔNOMA:
- ISENÇÕES IMPRÓPRIAS OU HETERÔNOMA: TIPO ESPECIAL DE ISENÇÃO CONCEDIDA POR ENTIDADE
DIVERSA DAQUELA COMPETENTE PARA INSTITUIR O TRIBUTO. Trata-se de uma EXCEÇÃO à autonomia
dos entes políticos para conceder benefícios sobre seus próprios tributos.

Atualmente a CRFB 1988 prevê dois casos de isenções heterônomas, ambos relativas à União:
a) Art. 155, § 2º, XII , “e”: cabe à lei complementar excluir da incidência do ICMS, nas exportações para
o exterior, serviços e outros produtos além dos mencionados no inciso X, "a“;
b) Art. 156, § 3º, II: cabe à lei complementar excluir da sua incidência exportações de serviços para o
exterior.

IMUNIDADE: PRÓPRIA NORMA CONSTITUCIONAL EXCLUI A INCIDÊNCIA DO TRIBUTO.


ISENÇÃO HETERÔNOMA: NORMA CONSTITUCIONAL MANDA O LEGISLADOR DAR A ISENÇÃO, DE MODO QUE
O TEXTO CONSTITUCIONAL EM SI NÃO TEM QUALQUER PODER DE EXCLUIR O PAGAMENTO DO TRIBUTO.

Mazza, 2020 , p. 298


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS: INSTITUTOS AFINS - DIFERENÇAS ENTRE IMUNIDADE E NÃO INCIDÊNCIA

NÃO INCIDÊNCIA é a situação em que o tributo é indevido porque não ocorreu o seu fato gerador.

A DIFERENÇA ENTRE IMUNIDADE E NÃO INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA É QUE ESTA ÚLTIMA DISPENSA A
EXISTÊNCIA DE NORMA CONSTITUCIONAL ESPECÍFICA PROTEGENDO O CONTRIBUINTE EM RELAÇÃO AO
FISCO.

Ex.: Tentativa de se exigir ISS de locação. Tendo em vista locação não ser um serviço, o ISS é indevido
diante da não ocorrência de seu fato gerador.

Súmula Vinculante n.º 31 do STF: “É inconstitucional a incidência do imposto sobre serviços de qualquer
natureza - ISS sobre operações de locação de bens móveis.”
< http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumario.asp?sumula=1286>

Mazza, 2020 , p. 298


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS: INSTITUTOS AFINS - DIFERENÇAS ENTRE IMUNIDADE E ALÍQUOTA ZERO

ALÍQUOTA ZERO: Instituto que produz efeito prático similar ao da imunidade por liberar o contribuinte
do pagamento de tributo.

- Trata-se de forma de desoneração tributária por meio da qual o legislador, ou o Poder Executivo,
elimina a tributação sobre determinado item, zerando a alíquota incidente sobre a base de cálculo de
modo a excluir qualquer valor devido pelo contribuinte.
- Surge o fato gerador, nasce a obrigação tributária, mas não há valor devido.

“É TOTALMENTE DIFERENTE DA IMUNIDADE, NA MEDIDA EM QUE, NO CASO DESTA ÚLTIMA SEQUER SE DÁ


A OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR, POIS A NORMA IMUNIZANTE LIMITA A COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA,
EVITANDO O NASCIMENTO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ANTES MESMO DE O FATO GERADOR OCORRER”.

IMUNIDADES: BENEFÍCIOS CONCEDIDOS DIRETAMENTE PELO TEXTO CONSTITUCIONAL.


ALÍQUOTA ZERO: SEMPRE CONFERIDA NO PLANO INFRACONSTITUCIONAL, POR LEI OU ATO
ADMINISTRATIVO.

Mazza, 2020 , p. 299/300


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS: INSTITUTOS AFINS - DIFERENÇAS ENTRE IMUNIDADE E DESONERAÇÃO

DESONERAÇÃO: nomenclatura genérica para designar qualquer benefício fiscal capaz de reduzir a carga
tributária do contribuinte.

Isenção, imunidade, alíquota zero, base reduzida e até a extinção de um tributo são formas de
desoneração.

IMUNIDADE é uma espécie do gênero DESONERAÇÃO.

Mazza, 2020 , p. 300


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS: INSTITUTOS AFINS - DIFERENÇAS ENTRE IMUNIDADE E CRÉDITO PRESUMIDO

CRÉDITO PRESUMIDO: “INSTRUMENTO FISCAL utilizado pelo legislador ou pelo executivo, por meio do
qual são atribuídos créditos de determinado tributo ao contribuinte visando à compensação nas
operações seguintes, sem que tais créditos tenham sido efetivamente gerados em operação anterior.
Com isso, o contribuinte se credita, realizando posterior abatimento do valor creditado, no recolhimento
seguinte do tributo, operação que resulta do pagamento de valor menor do que seria recolhido sem o
crédito presumido”.

Ex.: Utilizados nos tributos submetidos à incidência em cadeia: ICMS, IPI.

Este crédito é previsto em atos administrativos infraconstitucionais diferenciando-se das imunidades


(sempre previstas na Constituição).

Mazza, 2020 , p. 300


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS: INSTITUTOS AFINS - DIFERENÇAS ENTRE IMUNIDADE E BASE REDUZIDA

BASE REDUZIDA: OUTRA FORMA DE DESNONERAÇÃO FISCAL: LEGISLADOR OU PODER EXECUTIVO PROMOVE
UM DESCONTO NA BASE DE CÁCULO. HÁ UM ABATIMENTO QUANTITATIVO NA GRANDEZA ECONÔMICA
SOBRE A QUAL O TRIBUTO INCIDE.
AO SER APLICADA A ALÍQUOTA, O PRODUTO FINAL (VALOR DEVIDO) SERÁ INFERIOR AO QUE RESULTARIA
DA UTILIZAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO INTERGRAL.

MECANISMO DE BASE REDUZIDA : BENEFÍCIO CONCEDIDO POR LEI OU MEDIANTE ATO ADMINISTRATIVO AO
CONTRÁRIO DA IMUNIDADE QUE ESTARÁ SEMPRE FUNDAMENTADA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.

Mazza, 2020 , p.300


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
TIPOS DE IMUNIDADES: SUBJETIVAS E OBJETIVAS

SUBJETIVAS: São aquelas dirigidas às pessoas: a CRFB 1988 protege o patrimônio, renda e serviços de
pessoas. Ex.: art 150, VI, alíneas “a” e “c”.

OBJETIVAS: São aquelas dirigidas a um objeto, coisa ou mercadoria. Ex.: art 150, VI, alíneas “d” e “e”.

Carneiro, 2020 , p.387


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
TIPOS DE IMUNIDADES: GERAIS OU ESPECÍFICAS

GERAIS: Com o objetivo de proteger determinada pessoa ou certo produto, afastam a incidência de mais
de um tributo. Ex.: Art. 150, VI, alíneas “a”, “b”, “c”, “d” e “e”.

ESPECÍFICAS: São as previstas no texto constitucional afastando a incidência de um só tributo. Ex.: IPI
sobre produtos destinados ao exterior (153, § 3º , III da CRFB 1988); ITR sobre pequenas glebas rurais
(153, § 4º , II da CRFB 1988).

MAZZA, 2020 , p. 301/304


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
TIPOS DE IMUNIDADES: TRIBUTÁRIAS OU IMPOSITIVAS

TRIBUTÁRIAS: Aquelas cuja abrangência ultrapassa o âmbito específico dos impostos. É o caso, por
exemplo, das entidades assistenciais que têm imunidade a contribuições sociais. Ex.:CRFB 1988 ART.
195, § 7º.

IMPOSITIVAS: Excluem a incidência apenas dos impostos Ex.: 184, § 5º: 5º São isentas de impostos
federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de
reforma agrária.

MAZZA, 2020 , p. 301/304


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

IMUNIDADES E OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS:

AS IMUNIDADES EXCLUEM APENAS A OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL: O


DEVER DE PAGAR TRIBUTO.

Ex.: Instituições religiosas não pagam IPTU ou ITR sobre imóveis utilizados
para o serviço de culto, mas os deveres de manter atualizados os cadastros
(obrigações secundárias) junto ao fisco permanecem existindo.

MAZZA, 2020 , p. 304


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

IMUNIDADES EM ESPÉCIE : ESPECÍFICAS DO ART. 150, VI da CRFB 1988

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:

VI - instituir impostos sobre:

a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;


b) templos de qualquer culto;
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores,
das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores
brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que
os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.

MAZZA, 2020 , p. 304


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
CRFB 1988: ART. 150, VI, a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros

- É a denominada IMUNIDADE RECÍPROCA: Regra constitucional que impede as entidades federativas de cobrar impostos
reciprocamente.

- Comando fundamental para a preservação do equilíbrio e harmonia do modelo federativo.

- Esta imunidade aplica-se somente aos impostos, de modo que as taxas e demais espécies tributárias são devidos
normalmente.

- Imunidade recíproca é extensiva às autarquias e fundações públicas (150, § 2º), no que se refere ao patrimônio, à renda e
aos serviços vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes : alcance mais restrito que a imunidade das
entidades federativas: “enquanto as entidades federativas não pagam NENHUM imposto, as entidades públicas da
administração indireta são imunes aos impostos que recaem diretamente sobre suas atividades finalísticas.

MAZZA, 2020 , p. 305/313


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
CRFB 1988: ART. 150, VI, b) templos de qualquer culto

- Imunidade subjetiva estabelecida para beneficiar todas as instituições religiosas, afastando a incidência de quaisquer
impostos sobre o patrimônio, renda e serviços relacionados com suas atividades essenciais.

- Esta imunidade vale somente aos impostos, de modo que as taxas e demais espécies tributárias são devidos normalmente.

- Obs.: se o imóvel pertence à instituição religiosa, mas não é um templo, inexiste imunidade quanto ao IPTU e IR (Art. 150,
§ 4º) As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços,
relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas.

- Obs. 2: Imóveis locados: instituição religiosa como locatária: não há imunidade de IPTU/ITR (contribuinte é o proprietário
e não o inquilino) // instituição religiosa como locadora: se for o seu templo a imunidade permanece; se for um imóvel
vazio que não integra o templo: sem imunidade sofrendo incidência integral de todos os tributos.

MAZZA, 2020 , p. 313/317


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
CRFB 1988: ART. 150, VI, c) partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos
trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social

- Partidos políticos: pessoas jurídicas de direito privado que não integram a estrutura estatal, mas sua existência é
indispensável para o funcionamento da república e da democracia representativa.

- Finalidade da norma imunizante: busca o pleno desenvolvimento do sistema democrático: partidos políticos e suas
fundações: não pagam quaisquer impostos.

- Entidades sindicais: sindicatos, federações sindicais e centrais sindicais. Obs.: por entidades sindicais entende-se:
sindicatos, federações sindicais, confederações sindicais e centrais sindicais.

MAZZA, 2020 , p. 317/325


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
CRFB 1988: ART. 150, VI, d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão

- Livros, jornais, periódicos (revistas) e o papel para sua impressão: não pagam nenhum imposto.

- É uma imunidade objetiva: voltada à proteção dos produtos citados no texto magno. Não é, portanto, uma imunidade
subjetiva instituída para proteger quem produz ou vende os referidos itens.

- Imunidade: afasta os impostos diretamente incidentes sobre os itens mencionados no texto constitucional: IPI, ICMS,
Imposto de Importação, Imposto de exportação. Com isso, editoras e livrarias vão pagar todos os impostos pessoais: IPVA,
IPTU e IR.
- Papel utilizado para produção de livros, jornais e periódicos é imune.
- Livros digitais: (e-book) são imunes. Livros eletrônicos e os suportes próprios para sua leitura são alcançados pela
imunidade. (RE 330.817).

MAZZA, 2020 , p. 325/330


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR
CRFB 1988: ART. 150, VI, e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras
musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros
bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação
industrial de mídias ópticas de leitura a laser

- “Com o objetivo de combater a pirataria por meio de desoneração sobre músicas e vídeos musicais, foi promulgada a
Emenda Constitucional n.º 75, de 15/10/2013, que incluiu a alínea “e” no inciso VI do referido artigo 150, VI.

- É uma imunidade objetiva que exclui somente os impostos diretamente incidentes sobre os fonogramas e videogramas,
não atingindo impostos desvinculados do processo produtivo ou circulatório como o IR, IPTU, IPVA das gravadoras e lojas.

- A imunidade vale para os impostos e não para as demais espécies tributárias. Deve haver relação com a cultura musical
pátria.

MAZZA, 2020 , p. 330


LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

OUTRAS IMUNIDADES: CRFB 1988. Exemplos:

- Art. 153, § 3º, III – IPI sobre produtos destinados ao exterior.


- Art. 153, § 4º, II – ITR sobre pequenas glebas
- Art. 155, § 2º, X, “a” – ICMS sobre operações que destinem mercadorias ao exterior nem sobre serviços prestados a
destinatário no exterior.
- Art. 155, § 2º, X, “b” – ICMS sobre operação que destine a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis
líquidos e gasosos dele derivados e energia elétrica.

MAZZA, 2020 , p. 331/333


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 CARNEIRO, Claudio. Curso de Direito Tributário e Financeiro. 9 ed. São Paulo: Saraiva Educação: 2020
 CARVALHO, Paulo de Barros. 30 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019.
 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 27 ed. São Paulo: Atlas, 2014.
 MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Tributário. 6 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020
 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 31. ed. São Paulo: Malheiros, 2014.
 SANTOS, Fernanda Marinela de Sousa. Direito administrativo. 14 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.

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