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DIREITO TRIBUTÁRIO I
PROFª DRª VERA MÔNICA QUEIROZ FERNANDES AGUIAR
4ª AULA
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IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de
cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e
65;
V - a cominação de penalidades para as ações ou
omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras
infrações nela definidas;
VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de
créditos tributários, ou de dispensa ou redução de
penalidades.
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Disponível em:
https://processo.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcordao?num_registro=2001015153
30&dt_publicacao=30/09/2004. Acesso em 25 de agosto de 2023.
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Sabbag (2023) aduz que é uma importante e destacada fonte
do Direito Tributário, posto que nela se encontram, de forma
sistemática, estruturados os princípios básicos e as normas
nucleares atinentes aos tributos, conforme se infere dos arts. 145 a
162 da CF.
Para Silva (2023), a Constituição Federal consiste em um
sistema de normas jurídicas escritas ou costumeiras, que normatiza
a forma do estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e o
exercício do poder e o estabelecimento de seus órgãos.
É importante recordarmos que a Constituição Federal de
1988 não cria tributos, mas sim defere competência ao Ente
Público, para criá-los, via de regra, por meio de lei ordinária,
sendo que, por meio de lei complementar passa a estabelecer
normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente
sobre a sua definição, espécies tributárias, fatos geradores, bases de
cálculos e contribuintes (art. 146, III, a, CF).
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modificáveis do núcleo fixo da CF, normalmente cognominados de
cláusulas pétreas (art. 60, § 4º, I a IV, da CF2).
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Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
(...)
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
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IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de
cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e
65;
V - a cominação de penalidades para as ações ou
omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras
infrações nela definidas;
VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de
créditos tributários, ou de dispensa ou redução de
penalidades.
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Sabbag (2023) enfatiza que é relevante enaltecer que, sendo
o Decreto um ato normativo secundário e infralegal, o conteúdo e
o alcance dos decretos restringem-se aos das leis em função das
quais sejam expedidos.
Temos o art. 99 do CTN, in verbis:
Art. 99. O conteúdo e o alcance dos decretos restringem-
se aos das leis em função das quais sejam expedidos,
determinados com observância das regras de
interpretação estabelecidas nesta Lei.
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Súmula 160 do STJ: É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em
percentual superior ao índice oficial de correção monetária.
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Legislativo. O art. 68 da CF preconiza que as Leis Delegadas serão
elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a
delegação do Congresso Nacional.
A Lei Delegada assemelha-se à Lei Ordinária,
diferenciando esta somente na sua forma de elaboração. Porque
a delegação4 reveste-se da forma de resolução do Congresso
Nacional e não, propriamente “Resolução do Senado”, que especifica
o seu conteúdo e os termos do seu exercício, nos moldes do § 2º do
art. 68 da CF.
Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo
Presidente da República, que deverá solicitar a delegação
ao Congresso Nacional.
§ 1º Não serão objeto de delegação os atos de
competência exclusiva do Congresso Nacional, os de
competência privativa da Câmara dos Deputados ou do
Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar,
nem a legislação sobre:
I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público,
a carreira e a garantia de seus membros;
II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e
eleitorais;
III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e
orçamentos.
§ 2º A delegação ao Presidente da República terá a forma
de resolução do Congresso Nacional, que especificará seu
conteúdo e os termos de seu exercício.
§ 3º Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo
Congresso Nacional, este a fará em votação única, vedada
qualquer emenda.
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Delegação, de acordo com o conhecimento geral consiste no ato ou efeito de delegar,
transmitir ou transferir poder. Representa a forma como determinada autoridade aufere
a outrem a tarefa de representá-lo e agir em seu nome. Disponível em:
https://www.dicio.com.br/delegacao/. Acesso em 24 de agosto de 2023.
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Pergunta: É possível legislar sobre tributo por meio de lei
delegada? Resposta: Em princípio, a resposta é sim, excetuadas as
hipóteses dos tributos instituídos por meio de lei complementar,
estatuídos na CF, quais sejam: Impostos sobre Grandes Fortunas –
art. 154, inc. I, CF; Empréstimos Compulsórios – art. 148, CF;
Impostos Residuais – art. 154, inc. I, CF; Contribuições Residuais
da Seguridade Social – art. 195, § 4º, CF.
Nos casos acima citados e em todas as situações adstritas à
Lei Complementar, previstas na CF, como por exemplo do art. 146;
as matérias referentes à Lei Complementar na esfera do ICMS (art.
155, § 2º, XII) e do ISS (art. 156, § 3º, I, II e III) – não há a
possibilidade de adoção de Lei Delegada (art. 68, § 1º, CF),
tampouco de Medida Provisória (art. 62, § 1º, III, CF).
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https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0037.htm.
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https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del0195.htm.
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inspiração no decreto-legge, preconizado no art. 77 da Constituição
Italiana de 1947.
Ainda para Sabbag (2023) a Medida Provisória se traduz em
ato normativo de vida efêmera e de utilização extraordinária, quanto
a determinados assuntos, cujos pressupostos materiais vinculam-se
a elementos de relevância e urgência.
Na esfera tributária, o tema de relevância e urgência parece
ter sido tratado pelo constituinte, nas hipóteses excepcionais de
beligerância e calamidade pública, no âmbito do imposto
extraordinário (guerra – art. 154, inc. II, da CF) e dos empréstimos
compulsórios de emergência (guerra externa ou calamidade
pública (art. 148, inc. I, da CF)7.
Por derradeiro, faz importante observar que, antes da
elaboração da EC nº 32/2001, o STF já se manifestara favorável à
possibilidade de se utilizar MP para a instituição de tributos, a
exemplo da ementa a seguir:
Recurso extraordinário. 2. Medida provisória. Força de lei.
3. A Medida Provisória, tendo força de lei, é instrumento
idôneo para instituir e modificar tributos e contribuições
sociais. Precedentes. 4. Agravo regimental a que se nega
provimento. (STF - AI-AgR: 236976 MG, Relator: NÉRI
DA SILVEIRA, Data de Julgamento: 17/08/1999,
Segunda Turma, Data de Publicação: DJ 24-09-1999
PP-00032 EMENT VOL-01964-05 PP-01106).
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AZEVEDO NETO, Evandro. Calamidade pública justifica novo empréstimo
compulsório? Disponível em: https://www.conjur.com.br/2020-mar-26/evandro-
azevedo-calamidade-publica-justifica-emprestimo-compulsorio. Acesso em 24 de
agosto de 2023.
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por exemplo trazemos: Imposto Extraordinário de Guerra,
Imposto de Importação, Imposto de Exportação, o IOF e o IPI.
Pergunta: Quais são os requisitos em que a Medida
Provisória pode criar ou majorar impostos?
Resposta:
RESOLUÇÃO - ART. 155, INC. I, § 1°, INC. IV; ART. 155, § 2°, INCS.
IV E V, “A” E “B”; ART. 155, § 6º, INC. I, CF
A Resolução é ato legislativo provindo do Congresso Nacional
– ou de uma de suas Casas – em decorrência do exercício de sua
competência, não se encontra sujeita à sanção do Presidente da
República.
No Direito Tributário, as Resoluções mais relevantes são
aquelas advindas do Senado Federal, em razão de seu importante
papel como órgão representativo dos Estados Federados no
aparelho legislativo federal.
Em termos gerais, as Resoluções fazem alusão a impostos,
exclusivamente estaduais. A CF/88 determina que as alíquotas de 03
(três) impostos estaduais – ICMS, ITCMD e o IPVA – poderão ter a
estipulação de limites máximos e mínimos por Resoluções do
Senado Federal para o ICMS - art. 155, § 2°, incs. IV e V, “a” e “b”
da CF/88; de alíquotas máximas para o ITCM - art. 155, inc. I, § 1°,
inc. IV, da CF/88); de alíquotas mínimas para o IPVA – art. 155, §
6º, inc. I, da CF/88.
Lembrando que, para o caso do ISS, a estitpulação dos limites
máximos e mínimos será realizado por meio de lei complementar –
art. 156, § 3º, inc. I, da CF/88.
A CF/88 preconiza a expedição de Resolução pelo Senado
Federal, entre outros casos, nas hipóteses do art. 52, VI e IX,
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quando aduz que compete, de forma privativa, ao Senado Federal: fixar, por
proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida
consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
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distribuição rationae materiae (a natureza da matéria) de
competência tributária.
Observemos que o art. 146 da CF exige lei complementar
para complementar outras disposições (incs. I e II, sua função
precípua) e para fixar normas gerais de Direito Tributário (inc. III,
na sua função típica), in verbis:
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competência de a União, por lei, estabelecer normas de
igual objetivo.
COSTUMES
São práticas reiteradas da Administração Pública que
acabam se tornando em fontes secundárias da Administração
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Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d70235cons.htm. Acesso
em 24 de agosto de 2023.
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Pública. Se administração age de forma reiterada da mesma forma
acaba se tornando uma fonte do Direito Tributário. Exemplo é o
pagamento de um tributo, que ao vencer no domingo, é de forma
regular, pago na segunda-feira. Em geral, exceto disposição
legal em contrário, isso é normalmente aceito.
CONVÊNIOS
O art. 199 do CTN preconiza que:
Art. 199. A Fazenda Pública da União e as dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios prestar-se-ão
mutuamente assistência para a fiscalização dos tributos
respectivos e permuta de informações, na forma
estabelecida, em caráter geral ou específico, por lei ou
convênio.
Parágrafo único. A Fazenda Pública da União, na forma
estabelecida em tratados, acordos ou convênios, poderá
permutar informações com Estados estrangeiros no
interesse da arrecadação e da fiscalização de
tributos. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)
BIBLIOGRAFIA
ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário. 17ª ed. Salvador: Editora
Juspodivm, 2023.
AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 25ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2023.
AZEVEDO NETO, Evandro. Calamidade pública justifica novo empréstimo
compulsório? Disponível em: https://www.conjur.com.br/2020-mar-26/evandro-
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azevedo-calamidade-publica-justifica-emprestimo-compulsorio . Acesso em 24
de agosto de 2023.
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