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Especialização em Direito

Tributário e Aduaneiro
Prof. Pedro Ribas
Sistema Tributário Nacional
Funções da Lei Complementar
em matéria tributária
Tópicos iniciais para discussão:

1- Haveria hierarquia entre lei complementar e lei


ordinária?

2- O art. 24 da CF/88:
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a
estabelecer normas gerais.
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados.
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a
competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. Caso IPVA: RE
236.931.
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da
lei estadual, no que lhe for contrário.
Art. 146. Cabe à lei complementar:

I - dispor sobre conflitos de competência,


em matéria tributária, entre a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
- Delimitação das regras de competência:
a) regras de competência cujo âmbito material de
incidência pode ser objeto de restrição por meio
de lei complementar;
Exemplo: Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (...)
§ 1º O imposto previsto no inciso I: (...)
III - terá competência para sua instituição regulada por lei complementar:
a) se o doador tiver domicilio ou residência no exterior;
b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu inventário processado no
exterior;

b) evitar potenciais conflitos de competência


naquelas hipóteses em que o âmbito material da
hipótese de incidência repercute na competência
de mais de uma pessoa política;
Art. 146. Cabe à lei complementar:
(...)
II - regular as limitações constitucionais
ao poder de tributar;
Regular limitações constitucionais ao poder de
tributar:
a) quando dispositivos constitucionais exijam
algum tipo de esclarecimento ou de
complementação para sua própria eficácia;
Exemplo: “Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...)
VI - instituir impostos sobre: (...)
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades
sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins
lucrativos, atendidos os requisitos da lei;”

b) solução de casos conflituosos entre dispositivos


constitucionais
“Cabe à lei ordinária apenas prever requisitos que não extrapolem os
estabelecidos no Código Tributário Nacional ou em lei complementar
superveniente, sendo-lhe vedado criar obstáculos novos, adicionais
aos já previstos em ato complementar. Caso isso ocorra, incumbe
proclamar a inconstitucionalidade formal. (...)
Sob o pretexto de disciplinar aspectos das entidades pretendentes à
imunidade, o legislador ordinário restringiu o alcance subjetivo da regra
constitucional, impondo condições formais reveladoras de autênticos limites
à imunidade. De maneira disfarçada ou não, promoveu regulação do direito
sem que estivesse autorizado pelo artigo 146, inciso II, da Carta.
Isso não significa que as entidades beneficentes não devam ser
registradas em órgãos da espécie ou reconhecidas como de utilidade
pública. O ponto é que esses atos, versados em lei ordinária, não podem ser,
conforme o artigo 146, inciso II, da Carta, constitutivos do direito à
imunidade, nem pressupostos anteriores ao exercício deste. Possuem
apenas eficácia declaratória, de modo que a negativa de registro implique
motivo suficiente para a ação de controle pelo órgão fiscal – a Receita
Federal do Brasil – ao qual incumbe a verificação do não atendimento às
condições materiais do artigo 14 do mencionado Código.”
Art. 195. A seguridade social será financiada por
toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos
termos da lei, mediante recursos provenientes dos
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios, e das seguintes contribuições
sociais:
(...)
§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade
social as entidades beneficentes de assistência social
que atendam às exigências estabelecidas em lei.
PARA REFLETIR
RE 93.770 RE 566.622 RE 636.941
III - estabelecer normas gerais em matéria de
legislação tributária, especialmente sobre:

a) definição de tributos e de suas espécies, bem


como, em relação aos impostos discriminados
nesta Constituição, a dos respectivos fatos
geradores, bases de cálculo e contribuintes;

b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e


decadência tributários;
“Normas gerais” traduz um conceito de difícil
delimitação semântica. Por conta disso a
constituição se valeu da expressão
“especialmente sobre...”, trazendo um rol
exemplificativo daquilo que seria regulado por lei
complementar.

Prescrição e decadência:
Súmula Vinculante 8: São inconstitucionais o
parágrafo único do artigo 5º do Decreto-Lei nº
1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº
c) adequado tratamento tributário ao ato
cooperativo praticado pelas sociedades
cooperativas.

d) definição de tratamento diferenciado e


favorecido para as microempresas e para as
empresas de pequeno porte, inclusive regimes
especiais ou simplificados no caso do imposto
previsto no art. 155, II, das contribuições previstas
no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que
se refere o art. 239. (Incluído pela Emenda
Art. 146-A. Lei complementar poderá
estabelecer critérios especiais de tributação,
com o objetivo de prevenir desequilíbrios da
concorrência, sem prejuízo da competência de a
União, por lei, estabelecer normas de igual
objetivo.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003)
Critérios especiais de tributação:
- instrumento para promover os princípios da
atividade econômica previstos no art. 170 e ss. da
CF, mecanismos de intervenção estatal.

- Humberto Ávila: “competência ampla, logo sua


interpretação deve ser ainda mais cuidadosa, para
evitar que a lei complementar, em manifesta
contrariedade ao sistema constitucional, venha a
instituir tratamentos restritivos a grande grupos
econômicos ou venha criar diferenciações irrazoáveis
entre os contribuintes sem uma causa justificadora
Art. 148. A União, mediante lei complementar,
poderá instituir empréstimos compulsórios:
I - para atender a despesas extraordinárias,
decorrentes de calamidade pública, de guerra
externa ou sua iminência;
II - no caso de investimento público de caráter
urgente e de relevante interesse nacional,
observado o disposto no art. 150, III, "b".
Parágrafo único. A aplicação dos recursos
provenientes de empréstimo compulsório será
vinculada à despesa que fundamentou sua
Art. 153. Compete à União instituir impostos
sobre: (...)
VII - grandes fortunas, nos termos de lei
complementar.
COMPETÊNCIA RESIDUAL DA UNIÃO

Art. 154. A União poderá instituir:

I - mediante lei complementar, impostos não


previstos no artigo anterior, desde que sejam
não-cumulativos e não tenham fato gerador ou
base de cálculo próprios dos discriminados nesta
Constituição;
Embargos de declaração em recurso extraordinário. 2.
Tributário. 3. Contribuição para o SEBRAE. 3. Recurso
extraordinário não provido. Desnecessidade de lei
complementar. Tributo destinado a viabilizar a
promoção do desenvolvimento das micro e pequenas
empresas. Natureza jurídica: contribuição de
intervenção no domínio econômico. 4. Alegação de
omissão quanto à recepção da contribuição para o
SEBRAE pela Emenda Constitucional 33/2001. 5. Questão
pendente de julgamento de mérito no RE-RG 603.624
(Tema 325). 6. Inexistência de omissão, contradição ou
obscuridade. Manifesto intuito protelatório. 7. Embargos de
declaração rejeitados.

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