Você está na página 1de 69

1

DIA 78

CRONOGRAMA DE 4H / 6H
MATERIAL PÁG

Apostila de Criminologia
1 a 26

Tempo aprox.: 2H (todos os públicos)

Legislação:
▪ 1H - LEI DE EXECUÇÃO PENAL – ART. 1 AO 48
26 a 42
▪ 1H - C. ELEITORAIS (LEI Nº 4.737/65) ART. 289
AO 364
Tempo aprox.: 2H (todos os públicos)

10 EXÉRCÍCIOS + COMENTÁRIOS 42 a 55
“Plus”: cronograma de 6 horas

OBS.: Lembrando que o nosso cronograma se adequa ao estudo de 4 horas e 6 horas. Àqueles
que dispõem de 4 horas de estudo (dia), aconselhamos que façam, nesse momento inicial, a
leitura da jurisprudência/resolução das questões aos sábados e domingos, pois nesses dias o
programa fica mais leve.

2
SUMÁRIO
CRIMINOLOGIA ................................................................................................... Erro! Indicador não definido.
CONCEITO DE CRIMINOLOGIA ........................................................................ Erro! Indicador não definido.
O TERMO CRIMINOLOGIA ............................................................................. Erro! Indicador não definido.
2- OBJETO.............................................................................................................. Erro! Indicador não definido.
2.1 DELITO .......................................................................................................... Erro! Indicador não definido.
2.2 DELINQUENTE ............................................................................................... Erro! Indicador não definido.
2.3 VÍTIMA .......................................................................................................... Erro! Indicador não definido.
2.4 CONTROLE SOCIAL ................................................................................. Erro! Indicador não definido.
3. MÉTODO DA CRIMINOLOGIA ....................................................................... Erro! Indicador não definido.
3.1- EMPIRISMO ............................................................................................... Erro! Indicador não definido.
3.2- DIÁLOGO COM OS DIVERSOS CAMPOS DO SABER (INTERDISCIPLINAR) .. Erro! Indicador
não definido.
4. NASCIMENTO DA CRIMINOLOGIA ............................................................. Erro! Indicador não definido.
4.1. ILUMINISMO .............................................................................................. Erro! Indicador não definido.
5. ESCOLAS DA CRIMINOLOGIA ..................................................................... Erro! Indicador não definido.
A) ESCOLA LIBERAL CLÁSSICA................................................................ Erro! Indicador não definido.
B) ESCOLA POSITIVISTA OU POSITIVA ITALIANA ............................... Erro! Indicador não definido.
ESTUDO DA LEGISLAÇÃO ....................................................................................................................................34
LEI DE EXECUÇÃO PENAL – ART. 1 AO 48 .....................................................................................................34
C. ELEITORAIS (LEI Nº 4.737/65) ART. 289 AO 364.................................. Erro! Indicador não definido.
QUESTÕES DE CONCURSOS .............................................................................................................................. 56
QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................................................................... 61

3
TEORIA GERAL DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

1. O PRINCÍPIO DA SUPEMACIA DA CONSTITUIÇÃO

O Controle de Constitucionalidade tem como REQUISITOS FUNDAMENTAIS


(LENZA, 2016):

a) existência de uma Constituição rígida;

b) a atribuição de competência a um órgão para resolver problemas de


constitucionalidade. Esse órgão varia de acordo com o sistema de controle
adotado.

A rigidez pressupõe uma noção de escalonamento normativo, ocupando a


Constituição o grau máximo na relação hierárquica, norma de validade para os
demais atos normativos do sistema. Trata-se do princípio da supremacia da
constituição – considerado pela doutrina um princípio fundamental implícito.

A supremacia da constituição, portanto, impõe a compatibilidade vertical nas


normas do ordenamento jurídico, fiscalizada por órgãos encarregados de impedir
a criação ou manutenção de atos normativos em desacordo com o seu fundamento
de validade. A doutrina costuma dividir o princípio em:

Qualidade que se reconhece às


constituições rígidas e tem por base
a ideia de que a constituição provém
de uma modalidade de poder
SUPREMACIA FORMAL superior (poder constituinte), e, por
conseguinte, assim que
promulgadas, as constituições
assumem automática supremacia
normativa dentro da ordem jurídica.
“Radica no MAIOR VALOR E
RESPEITO que as normas
constitucionais devem inspirar por
parte do povo e dos poderes
instituídos, independente da forma
especial com que tenham sido
promulgadas. Baseia-se, portanto,
SUPREMACIA MATERIAL no caráter axiológico superior das
normas que versam sobre ‘matérias
constitucionais’, e não no caráter
superior de quem as promulga. É o
único tipo de supremacia a revestir

4
as constituições flexíveis”
(BERNARDES e FERREIRA).

2. SISTEMA AMERICANO X SISTEMA AUSTRÍACO

Nos Estados Unidos, o que hoje conhecemos como controle difuso de


constitucionalidade surgiu de forma quase simultânea com a Constituição
Americana, “tendo sido delineado por Hamilton nos Federalist Papers e
sedimentado por ocasião do caso Marbury v. Madison, em que o Juiz Marshall teve
considerável papel” (SARLET e MARINONI).

E o que foi esse caso Marbury v. Madison (1803)?


Neste caso, a Suprema Corte Americana, pela primeira vez
na história reconheceu que a Constituição é a lei suprema
e que os atos legislativos contrários a ela deveriam ser
declarados nulos.

Sedimentou-se, ainda, que cabe ao Judiciário interpretar


as leis para julgar os casos, deixando de aplicá-la no caso
concreto quando afrontar a constituição.

A Suprema Corte Americana afirmou, pela primeira vez, o


seu poder de controlar a constitucionalidade das leis.
Surgia, então, o controle DIFUSO de constitucionalidade.

O sistema de controle concentrado de constitucionalidade foi criado mais de


um século depois, em 1920, por HANS KELSEN, mediante previsão na Constituição
Austríaca.

KELSEN tinha uma ideia formalista de Constituição, vendo-a como uma


norma jurídica que se coloca no topo do ordenamento jurídico, hierarquicamente
superior às demais normas. Sua idéia de controle não partia do pensamento de
que a constituição era um conjunto de princípios e direitos fundamentais para uma
justa organização social (SARLET e MARINONI).

O doutrinador austríaco entendeu que era necessário criar um órgão


competente para analisar a compatibilidade da produção legislativa com as
normas constitucionais. Assim, em 1920, a Constituição Austríaca passou a prever
uma Corte Constitucional, competente para realizar o controle de
constitucionalidade das leis.

5
KELSEN entendia que, por não ser relacionada a hipóteses concretas, a
decisão de inconstitucionalidade não teria efeitos retroativos. Portanto, as leis
deveriam ser declaradas inconstitucionais com eficácia ex nunc, a menos que a
Corte optasse por manter a norma em vigor por período que não poderia ser
superior a um ano. A Corte Constitucional era comparada a um legislador negativo.

O controle, conforme delineado por KELSEN, não seria exercido de modo


incidental (controle difuso), mas de modo direto pela intitulada VIA PRINCIPAL.
Não haveria um caso concreto, mas um controle ABSTRATAMENTE realizado no
processo, intitulado de objetivo e que traz consigo um efeito “erga omnes”
(FERNANDES).

2.1. TESE DA NULIDADE X TESE DA ANULABILIDADE

Com base nos sistemas mencionados, surgiram duas teses para descrever a
natureza da norma inconstitucional: tese da nulidade (sistema norte-americano) e
tese da anulabilidade (sistema austríaco).

A tese da nulidade, adotada pela maioria da doutrina brasileira, entende que


a inconstitucionalidade de lei afeta o plano da validade e opera efeitos ex tunc. A
decisão, em controle de constitucionalidade, tem eficácia declaratória de situação
preexistente. Conforme PEDRO LENZA, a doutrina costuma afirmar que o ato
legislativo é “natimorto”, nulo, írrito, ineficaz, desvinculado de força normativa.

A tese da anulabilidade prega que a Constituição não declara uma nulidade,


mas anula uma lei que, até o momento do pronunciamento da Corte Constitucional,
é válida e eficaz (presunção de validade). A decisão tem natureza jurídica
constitutiva, produzindo efeitos ex nunc, a menos que a Corte Constitucional
optasse manter a norma em vigor por um período determinado (pro futuro).

2.2. FLEXIBILIZAÇÃO DAS TEORIAS DA NULIDADE E ANULABILIDADE

Em relação ao modelo austríaco, a Reforma Constitucional de 1929 já


reconheceu a possibilidade de a Corte Constitucional conferir efeitos retroativos à
decisão anulatória.

Quanto ao modelo norte-americano, também houve atenuação da tese da


“nulidade absoluta”. Conforme asseverado por PEDRO LENZA, no caso Linkletter
x Walker, “a Suprema Corte entendeu que o reconhecimento da
inconstitucionalidade de lei que permitia certo sistema de colheita de provas não
retroagiria para invalidar decisões já tomadas com base naquele sistema”.

No Brasil, a flexibilização é feita em um cotejo entre os princípios da supremacia


constitucional e os princípios da segurança jurídica, interesse social e boa-fé.

6
Permite-se, portanto, a modulação dos efeitos da decisão, tanto em sede de
controle concentrado como em sede de controle difuso. A previsão encontra-se
no art. 27 da Lei nº. 9868/99.

“Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em


vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o
Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir
os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu
trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado”.

3. CLASSIFICAÇÃO DAS INCONSTITUCIONALIDADES

3.1. QUANTO À NORMA CONSTITUCIONAL VIOLADA

3.1.1. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL (OU ‘NOMODINÂMICA’)

Quando o vício que afeta o ato inconstitucional decorre da inobservância de


algum rito do processo legislativo constitucionalmente fixado ou da incompetência
do órgão que o editou. A inconstitucionalidade formal divide-se:

INCONSTITUCIONALIDADE
FORMAL (“NOMODINÂMICA”)

Há defeito na formação do ato, por


desobediência às normas
referentes ao processo legislativo.
Pode ser:

SUBJETIVA: desobediência a
iniciativa constitucionalmente
estipulada. Ex.: projeto de Deputado
Federal propondo o aumento da
remuneração dos servidores
públicos federais, em ofensa a regra
de iniciativa do Presidente da
República descrita no art. 61, §1º, II,
INCONSTITUCIONALIDADE “a”, da Constituição Federal.
FORMAL PROPRIAMENTE
DITA OBJETIVA: o vício se refere a outras
fases do processo legislativo,
chamadas de constitutiva (na qual
há a discussão e votação das
proposições) e complementar (na

7
qual ocorre a integração de eficácia
do ato normativo já aprovado, por
meio da promulgação e publicação).

Ex. 1: lei complementar aprovada


em uma das Casas Legislativas com
o quorum de maioria simples (e não
maioria absoluta, como determina o
art. 69 da CRFB).

Ex. 2: projeto de lei aprovado pela


Casa revisora com emendas que
causarem uma alteração
substancial no projeto de lei, mas
não volta para a Casa iniciadora
para aprovação das emendas
(ofensa ao art. 65, §único, da CF).

Desobediência à regra de
competência para a produção do
ato.
INCONSTITUCIONALIDADE
FORMAL ORGÂNICA Ex.: quando um Estado-membro
edita norma dispondo sobre trânsito
e transporte, que é competência
legislativa privativa da União (art.
22, XI).

Conforme a doutrina de CANOTILHO


(apud FERREIRA), “existem
pressupostos definidos na
Constituição que devem ser
INCONSTITUCIONALIDADE entendidos como elementos
FORMAL POR determinantes de competência para
DESCUMPRIMENTO DOS órgãos legislativos no exercício de
PRESSUPOSTOS função legisferante”.
OBJETIVOS DO ATO
A doutrina cita os exemplos da
ausência dos requisitos da
relevância e urgência da Medida
Provisória (art. 62, CF), bem como a
edição de lei estadual criando novo
município sem a observância dos

8
pressupostos objetivos previstos no
art. 18, §4º da CRFB.

3.1.2. INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL (OU ‘NOMOESTÁTICA’)

Manifesta-se quando conteúdo das leis ou atos normativos encontra-se em


desacordo com o CONTEÚDO das normas constitucionais. É possível, portanto, que
todo o processo legislativo tenha ocorrido de forma regular, mas a discrepância
com a constituição se apresente na matéria.

Pode ocorrer no confronto com uma REGRA CONSTITUCIONAL (ex.: lei que fixa a
remuneração de servidores públicos acima do limite constitucional do art. 37, XI)
ou com um PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL (ex.: lei que restrinja ilegitimamente a
participação de candidatos em concurso público em razão de sexo ou idade, em
infração ao princípio da isonomia – art. 5º, caput).

A doutrina ainda menciona que a inconstitucionalidade pode estar na


SUBSTÂNCIA (OBJETO) do ato normativo questionado ou no MODO como essa
disciplina é estabelecida (consequências jurídicas), incluídos os casos de desvio
de finalidade prevista na constituição, bem como de inobservância do PRINCÍPIO
DA PROPORCIONALIDADE (necessidade, adequação e proporcionalidade em
sentido estrito). Ademais, fala-se que, além da proibição de excesso, a análise de
constitucionalidade também pode ocorrer com base no princípio da proibição de
proteção insuficiente.

JURISPRUDÊNCIA: Caso o ato tenha sido considerado formalmente constitucional


em momento anterior, o Supremo Tribunal Federal tem admitido novo questionado
em sede de controle concentrado, desta vez em razão de inconstitucionalidade
material (ADI 5081-DF).

O QUE É VÍCIO DE DECORO PARLAMENTAR?


Conforme a doutrina, o vício de decoro ocorre no processo
legislativo em virtude de abuso das prerrogativas ou de
percepção de vantagens indevidas por parlamentares.

O exemplo tomado como base para a criação da tese é


“caso Mensalão” (AP 470), em que se verificou o pagamento
de quantitativos financeiros para a aprovação de normas
jurídicas.

Com base nessa tese, foram ajuizadas as ADIs de nº. 4885,


4887, 4888 e 4889, que questionam a Reforma da

9
Previdência com base no julgamento da AP 470 do STF. Em
parecer na ADI 4887, a PGR denominou a tese de “vício na
formação da vontade no procedimento legislativo”.

LÊNIO STRECK critica a tese, por entender que as questões


relativas ao decoro parlamentar dizem respeito ao
autogoverno do Poder Legislativo.

3.3. QUANTO À CONDUTA OFENSIVA

3.3.1. INCONSTITUCIONALIDADE POR AÇÃO

Exige-se uma conduta POSITIVA ou COMISSIVA (facere) dos Poderes


Públicos, que editam normas em desacordo como o texto constitucional.

3.3.2. INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO

A inconstitucionalidade também pode derivar da uma OMISSÃO (non facere).


Ocorre quando a letargia dos Poderes Públicos em cumprir seus deveres
constitucionais impede a efetivação de uma norma constitucional.

Deixa-se de expedir os atos legislativos ou executivos necessários para


tornar plenamente aplicáveis as normas constitucionais dependentes de
legislação regulamentadora.

Ressalte-se que a omissão constitucional não decorre do “dever geral de


editar leis”. Verifica-se em relação às normas constitucionais de eficácia limitada
que preveem uma imposição constitucional concreta de agir. A
inconstitucionalidade por omissão pode ser:

Quando NÃO HÁ qualquer


regulamentação.

O Poder Público não aprova nenhum


TOTAL providência para implementar a
aplicabilidade da norma
constitucional. (Ex.: art. 37, VII – “o
direito de greve será exercido nos
termos e nos limites definidos em
lei específica”).
Quando a regulamentação é
INSUFICIENTE para a viabilização

10
adequada dos direitos previstos na
PARCIAL constituição.

Ex. leis que fixam o salário mínimo


estabelecem valores insuficientes
para pagar as despesas previstas
no art. 7º, IV, da CF.

A doutrina (BERNARDES e FERREIRA) também enquadra nesta espécie a


FALTA DE ATUALIZAÇÃO das medidas já tomadas pelo Poder Público. Ex.: Na ADI
875/DF, o STF reconheceu que a LC 62/89 estava desatualizada, e não satisfazia
mais integralmente a exigência contida na parte final do art. 162, II, da CF, relativa
ao Fundo de Participação dos Estados (FPE).

“Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADI n.° 875/DF, ADI n.° 1.987/DF, ADI n.°
2.727/DF e ADI n.° 3.243/DF). Fungibilidade entre as ações diretas de
inconstitucionalidade por ação e por omissão. Fundo de Participação dos Estados
- FPE (art. 161, inciso II, da Constituição). Lei Complementar n° 62/1989. Omissão
inconstitucional de caráter parcial. Descumprimento do mandamento
constitucional constante do art. 161, II, da Constituição, segundo o qual lei
complementar deve estabelecer os critérios de rateio do Fundo de Participação
dos Estados, com a finalidade de promover o equilíbrio socioeconômico entre os
entes federativos. Ações julgadas procedentes para declarar a
inconstitucionalidade, sem a pronúncia da nulidade, do art. 2º, incisos I e II, §§ 1º,
2º e 3º, e do Anexo Único, da Lei Complementar n.º 62/1989, assegurada a sua
aplicação até 31 de dezembro de 2012”. (ADI 875, Relator(a): Min. GILMAR MENDES,
Tribunal Pleno, julgado em 24/02/2010).

Quando o parlamento se abstém de cumprir, total ou parcialmente, o texto


constitucional, viola-se a própria integridade da Constituição, estimulando o
“fenômeno da EROSÃO DA CONSCIÊNCIA CONSTITUCIONAL”.

O Poder Público - quando se abstém de cumprir, total ou parcialmente, o dever de


legislar, imposto em cláusula constitucional, de caráter mandatório - infringe, com
esse comportamento negativo, a própria integridade da Lei Fundamental,
estimulando, no âmbito do Estado, o preocupante fenômeno da erosão da
consciência constitucional. - A inércia estatal em adimplir as imposições
constitucionais traduz inaceitável gesto de desprezo pela autoridade da
Constituição e configura, por isso mesmo, comportamento que deve ser evitado. É
que nada se revela mais nocivo, perigoso e ilegítimo do que elaborar uma
Constituição, sem a vontade de fazê-la cumprir integralmente, ou, então, de

11
apenas executá-la com o propósito subalterno de torná-la aplicável somente nos
pontos que se mostrarem ajustados à conveniência e aos desígnios dos
governantes, em detrimento dos interesses maiores dos cidadãos (ADI 1474/DF).

ATENÇÃO: A omissão constitucional não se caracteriza com o TRANSCURSO


DE ALGUM PRAZO.

O juízo de inconstitucionalidade também agrega um juízo de valor acerca do


PERÍODO NECESSÁRIO para editar os atos normativos imprescindíveis à
exequibilidade das normas constitucionais.

“[...] MORA LEGISLATIVA: EXIGÊNCIA E CARACTERIZAÇÃO: CRITÉRIO DE


RAZOABILIDADE. A MORA - QUE É PRESSUPOSTO DA DECLARAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE DA OMISSAO LEGISLATIVA -, É DE SER RECONHECIDA,
EM CADA CASO, QUANDO, DADO O TEMPO CORRIDO DA PROMULGAÇÃO DA
NORMA CONSTITUCIONAL INVOCADA E O RELEVO DA MATÉRIA, SE DEVA
CONSIDERAR SUPERADO O PRAZO RAZOAVEL PARA A EDIÇÃO DO ATO
LEGISLATIVO NECESSARIO A EFETIVIDADE DA LEI FUNDAMENTAL; VENCIDO O
TEMPO RAZOAVEL, NEM A INEXISTÊNCIA DE PRAZO CONSTITUCIONAL PARA O
ADIMPLEMENTO DO DEVER DE LEGISLAR, NEM A PENDÊNCIA DE PROJETOS DE
LEI TENDENTES A CUMPRI-LO PODEM DESCARACTERIZAR A EVIDENCIA DA
INCONSTITUCIONALIDADE DA PERSISTENTE OMISSAO DE LEGISLAR. [...]
PASSADOS QUASE CINCO ANOS DA CONSTITUIÇÃO E DADA A INEQUIVOCA
RELEVÂNCIA DA DECISÃO CONSTITUINTE PARALISADA PELA FALTA DA LEI
COMPLEMENTAR NECESSARIA A SUA EFICACIA - CONFORME JA ASSENTADO
PELO STF (ADIN 4, DJ 25.06.93, SANCHES) -, DECLARA-SE INCONSTITUCIONAL A
PERSISTENTE OMISSAO LEGISLATIVA A RESPEITO, PARA QUE A SUPRA O
CONGRESSO NACIONAL”. (MI 361, Relator(a): Min. NÉRI DA SILVEIRA, Relator(a)
p/ Acórdão: Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em 08/04/1994).

Por fim, deve-se salientar que a existência de projetos legislativos tendentes


a reparar o problema NÃO DESCARACTERIZA a omissão inconstitucional, se
constatada demora injustificável na discussão e votação destes projetos (INERTIA
DELIBERANDI).

“[...] A Emenda Constitucional n° 15, que alterou a redação do § 4º do art. 18 da


Constituição, foi publicada no dia 13 de setembro de 1996. Passados mais de 10
(dez) anos, não foi editada a lei complementar federal definidora do período dentro
do qual poderão tramitar os procedimentos tendentes à criação, incorporação,
desmembramento e fusão de municípios. Existência de notório lapso temporal a
demonstrar a inatividade do legislador em relação ao cumprimento de inequívoco
dever constitucional de legislar, decorrente do comando do art. 18, § 4o, da
Constituição. 2. Apesar de existirem no Congresso Nacional diversos projetos de

12
lei apresentados visando à regulamentação do art. 18, § 4º, da Constituição, é
possível constatar a omissão inconstitucional quanto à efetiva deliberação e
aprovação da lei complementar em referência As peculiaridades da atividade
parlamentar que afetam, inexoravelmente, o processo legislativo, não justificam
uma conduta manifestamente negligente ou desidiosa das Casas Legislativas,
conduta esta que pode pôr em risco a própria ordem constitucional. A inertia
deliberandi das Casas Legislativas pode ser objeto da ação direta de
inconstitucionalidade por omissão. [...]”. (ADI 3682, Relator(a): Min. GILMAR
MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 09/05/2007).

3.4. QUANTO AO MOMENTO

3.4.1. INCONSTITUCIONALIDADE ORIGINÁRIA

Diz respeito à relação temporal entre o parâmetro e o objeto de controle de


constitucionalidade.

A inconstitucionalidade é originária quando a Constituição (parâmetro) já


existia no mundo normativo quando a lei incompatível (objeto) foi editada, de forma
que esta já nasceu com vício. Portanto, na inconstitucionalidade originária, o
parâmetro será sempre ANTERIOR AO OBJETO.

3.4.2. INCONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE

Ocorre quando a lei (objeto) é anterior ao parâmetro. Ex.: uma emenda


constitucional de 2010 tornando inconstitucional uma lei de 2007 com ela
incompatível materialmente.

No Brasil, ao contrário de outros países (como Portugal, p. ex.), NÃO SE


ADOTOU a inconstitucionalidade superveniente. A incompatibilidade entre lei
anterior e parâmetro posterior resolve-se no âmbito do direito intertemporal. O
Supremo Tribunal Federal entende que o vício de inconstitucionalidade é um “vício
congênito”. Não gera inconstitucionalidade, mas apenas recepção ou não recepção
do direito anterior.

“CONSTITUIÇÃO. LEI ANTERIOR QUE A CONTRARIE. REVOGAÇÃO.


INCONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE. IMPOSSIBILIDADE. 1. A lei ou é
constitucional ou não é lei. Lei inconstitucional é uma contradição em si. A lei é
constitucional quando fiel à Constituição; inconstitucional na medida em que a
desrespeita, dispondo sobre o que lhe era vedado. O vício da inconstitucionalidade
é congênito à lei e há de ser apurado em face da Constituição vigente ao tempo de
sua elaboração. Lei anterior não pode ser inconstitucional em relação à

13
Constituição superveniente; nem o legislador poderia infringir Constituição futura.
A Constituição sobrevinda não torna inconstitucionais leis anteriores com ela
conflitantes: revoga-as. Pelo fato de ser superior, a Constituição não deixa de
produzir efeitos revogatórios. Seria ilógico que a lei fundamental, por ser suprema,
não revogasse, ao ser promulgada, leis ordinárias. A lei maior valeria menos que
a lei ordinária. 2. Reafirmação da antiga jurisprudência do STF, mais que
cinqüentenária. 3. Ação direta de que se não conhece por impossibilidade jurídica
do pedido. (ADI 2, Relator(a): Min. PAULO BROSSARD, Tribunal Pleno, julgado em
06/02/1992).

3.5. QUANTO AO ALCANCE (EXTENSÃO) DO VÍCIO

3.5.1. INCONSTITUCIONALIDADE TOTAL

O diploma analisado é inconstitucional em sua totalidade, não sendo possível


aproveitar nenhum trecho da norma, uma vez que o vício a contaminou em sua
inteireza.

O vício formal, em regra, enseja a inconstitucionalidade total, uma vez que o


ato é considerado formalmente como uma unidade.

A doutrina aponta, como EXCEÇÃO, a possibilidade isolamento do defeito em


determinados casos. Ex. apresentado por CLEMERSON MERLIN CLÈVE (apud
MASSON): lei ordinária, regularmente votada e sancionada, envolvendo matéria de
lei ordinária, salvo em relação a um dispositivo (artigo ou parágrafo), que invadiu
o campo reservado a lei complementar.

Na jurisprudência do STF existe um caso nesses moldes (ADI 2031/DF):


reconheceu-se que o Senado Federal aprovou uma emenda substancial sem
promover o retorno a casa iniciadora. Declarou-se a inconstitucionalidade parcial
da EC 21/99, somente quando ao art. 75 da ADCT, reputando-se válidos os demais
dispositivos (BERNARDES e FERREIRA).

3.5.2. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL

Aplica-se quando o vício atinge apenas trechos específicos do diploma. Pode


recair sobre uma única palavra ou expressões isoladas, desde que com isso a
declaração NÃO SUBVERTA por completo o sentido da norma – somente pode
atuar como legislador negativo, e nunca como legislador positivo.

“Não se revela lícito pretender, em sede de controle normativo abstrato, que o


Supremo Tribunal Federal, a partir da supressão seletiva de fragmentos do
discurso normativo inscrito no ato estatal impugnado, proceda à virtual criação de

14
outra regra legal, substancialmente divorciada do conteúdo material que lhe deu
o próprio legislador. (ADI 1063 MC, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal
Pleno, julgado em 18/05/1994)

Importante ressaltar que, em razão do princípio da presunção de


constitucionalidade, devem preservar o máximo de trabalho da produção
normativa. Portanto, a inconstitucionalidade deve se restringir às partes viciadas
do ato normativo.

IMPORTANTE (SEMPRE CAI!): Na inconstitucionalidade parcial, NÃO SE APLICA a


restrição prevista ao veto no art. 66, §2º, da Constituição Federal.

“Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao
Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará. [...] § 2º O veto parcial
somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea”.

A doutrina também divide a inconstitucionalidade parcial em:

Declaração de invalidade de
expressões linguísticas contidas
HORIZONTAL no dispositivo (ex.: uma palavra
ou expressão do texto
impugnado).
A declaração, sem afetar o
texto constitucional, repercute
VERTICAL (OU sobe determinada interpretação.
QUALITATIVA) É o caso da declaração de
inconstitucionalidade sem
redução de texto.

3.6. QUANTO AO PRISMA DE APURAÇÃO

3.6.1. INCONSTITUCIONALIDADE DIRETA

A ofensa da norma ao texto constitucional é FRONTAL. Não há nenhuma


norma interposta entre o diploma avaliado e a Constituição.

3.6.2. INCONSTITUCIONALIDADE INDIRETA

a) INCONSTITUCIONALIDADE REFLEXA OU POR VIA OBLÍQUA

Incompatibilidade de uma norma infralegal com a lei que regulamenta, e, por


via reflexa, com a própria Constituição Federal.

15
Ressalte-se que, por questões de política judiciária, o STF adota o “conceito
restrito de inconstitucionalidade”, que restringe essas hipóteses apenas às
ofensas frontais à Constituição.

O exercício indevido do poder regulamentar (ex.: 84, VI1 e 87, §único, II, CF2),
embora contrarie reflexamente a Constituição Federal, não se sujeita ao controle
de constitucionalidade. Trata-se de uma hipótese de SIMPLES LEGALIDADE.

“Tem-se inconstitucionalidade reflexa - a cuja verificação não se presta a ação


direta - quando o vício de ilegitimidade irrogado a um ato normativo é o
desrespeito à Lei Fundamental por haver violado norma infraconstitucional
interposta, a cuja observância estaria vinculado pela Constituição” (ADI 2535 MC,
Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em 19/12/2001)

b) INCONSTITUCIONALIDADE CONSEQUENCIAL (POR ARRASTAMENTO, POR


ATRAÇÃO OU POR REVERBERAÇÃO NORMATIVA)

Ocorre quando há relação de interdependência entre duas normas e a


declaração de inconstitucionalidade da principal também enseja a da acessória,
ainda que o pedido tenha se limitado a principal – exceção ao princípio da adstrição
(art. 492 do CPC).

A norma secundária depende absolutamente de outra (a principal) e, sozinha,


não tem sentido normativa.

Logo, deve ser arrastada ou atraída para a inconstitucionalidade, a fim de


evitar a presença, no ordenamento jurídico, de normas sem sentido, que infringem
a coerência sistêmica, a lógica e a segurança jurídica.

Ex. 1: a inconstitucionalidade de uma lei estadual que invada a competência


legislativa privativa da união também gera a do decreto que a regulamenta.

Ex. 2: se a delegação legislativa for aprovada por inobservância das regras


procedimentais do art. 68, também será inconstitucional a lei delegada;

1
Art. 84, CF. Compete privativamente ao Presidente da República: [...] IV - sancionar,
promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua
fiel execução.
2
Art. 87, §único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições estabelecidas
nesta Constituição e na lei: II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e
regulamentos;
16
Ex. 3: se a medida provisória for declarada inconstitucional pela ausência dos
requisitos de relevância e urgência, também será a lei de conversão.

“Conversão da medida provisória na Lei n° 11.658/2008, sem alteração substancial.


Aditamento ao pedido inicial. Inexistência de obstáculo processual ao
prosseguimento do julgamento. A lei de conversão não convalida os vícios
existentes na medida provisória. [...]. A leitura atenta e a análise interpretativa do
texto e da exposição de motivos da MP n° 405/2007 demonstram que os créditos
abertos são destinados a prover despesas correntes, que não estão qualificadas
pela imprevisibilidade ou pela urgência. A edição da MP n° 405/2007 configurou
um patente desvirtuamento dos parâmetros constitucionais que permitem a
edição de medidas provisórias para a abertura de créditos extraordinários [...] (ADI
4048 MC, Relator (a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em
14/05/2008).

APROFUNDANDO
A doutrina ainda apresenta os TIPOS DE INCONSTITUCIONALIDADE
CONSEQUENTE (BERNARDES e FERREIRA):
Contaminação das normas de
hierarquia inferior em decorrência da
VERTENTE HIERÁRQUICA inconstitucionalidade de norma de
hierarquia superior. Ex.: regulamento
afetado pela legislação regulamentada.
Vício atinge a norma de mesmo
status da norma que dá origem a
VERTENTE NÃO inconstitucionalidade.
HIERÁRQUICA
Por dependência intrínseca:
inconstitucionalidade de uma norma
reflete no processo de elaboração de
outra que lhe é dependente. Ex.: lei de
conversão de medida provisória
declarada inconstitucional após a
declaração de inconstitucionalidade da
própria MP.

Por dependência extrínseca:


o
reconhecimento da inconstitucionalidade
de norma faz com que se esvazie a
validade de outra norma, total ou
parcialmente, seja porque perde seu
significado autônomo (dependência

17
unilateral), seja porque ambas faziam
parte de uma sistemática normativa
comum e que restou atingida pela
declaração de inconstitucionalidade de
uma delas (interdependência).

JURISPRUDÊNCIA

Com a declaração de inconstitucionalidade do § 12 do art. 100 da CF, o STF também


declarou inconstitucional, por arrastamento (ou seja, por consequência lógica), o
art. 5º da Lei nº. 11.960/2009, que deu a redação atual ao art. 1º-F. da Lei nº. 9.494/97
(ADI 4425).

“Art. 100, § 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atualização


de valores de requisitórios, após sua expedição, até o efetivo pagamento,
independentemente de sua natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração
básica da caderneta de poupança, e, para fins de compensação da mora, incidirão
juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de
poupança, ficando excluída a incidência de juros compensatórios”.

“Art. 1o-F. Nas condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de


sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração do capital e
compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo
pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à
caderneta de poupança”.

“Inconstitucionalidade formal do art. 82, § 1º, II da Constituição do Estado de Minas


Gerais que se reconhece por invasão de competência da União para legislar sobre
diretrizes e bases da educação (art. 22, XXIV da CF/88). Inconstitucionalidade por
arrastamento dos § 4º, § 5º e § 6º do mesmo art. 82, inseridos pela Emenda
Constitucional Estadual 70/2005. [...] (ADI 2501, Relator(a): Min. JOAQUIM
BARBOSA, Tribunal Pleno, julgado em 04/09/2008).

3.7. ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL

Expressão utilizada pelo Min. Marco Aurélio no julgamento da cautelar na


ADPF 347, a partir de decisão proferida pela Corte Constitucional da Colômbia.

“Presente quadro de violação massiva e persistente de direitos fundamentais,


decorrente de falhas estruturais e falência de políticas públicas e cuja modificação
depende de medidas abrangentes de natureza normativa, administrativa e
orçamentária, deve o sistema penitenciário nacional ser caraterizado como
‘estado de coisas inconstitucional’”. FUNDO PENITENCIÁRIO NACIONAL – VERBAS

18
– CONTINGENCIAMENTO. Ante a situação precária das penitenciárias, o interesse
público direciona à liberação das verbas do Fundo Penitenciário Nacional.
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA – OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA. Estão obrigados juízes
e tribunais, observados os artigos 9.3 do Pacto dos Direitos Civis e Políticos e 7.5
da Convenção Interamericana de Direitos Humanos, a realizarem, em até noventa
dias, audiências de custódia, viabilizando o comparecimento do preso perante a
autoridade judiciária no prazo máximo de 24 horas, contado do momento da prisão.
(ADPF 347 MC, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em
09/09/2015).

A doutrina apresenta três pressupostos centrais para o fenômeno (CAMPOS


apud NOVELINO):

Violação generalizada e sistêmica


PRESSUPOSTO de direitos fundamentais a afetar
FÁTICO um número elevado e
indeterminado de pessoas.
Reiteradas condutas comissivas
e omissivas, por parte das
PRESSUPOSTO autoridades públicas, tendentes a
POLÍTICO perpetuar ou agravar o quando de
inconstitucionalidade.
Medidas necessárias à superação
de tais violações. A correção do
mau funcionamento sistêmico
PRESSUPOSTO depende da atuação conjunta das
JURÍDICO autoridades no sentido de
aprimorar as políticas públicas
existentes, realocar recursos
orçamentários e reajustar os
arranjos institucionais.

Caracterizado o ECI, o guardião da constituição deve IMPOR MEDIDAS


ESTRUTURAIS FLEXÍVEIS e monitorar o seu cumprimento.

Exerce o papel de INSTAURADOR E COORDENADOR do diálogo constitucional,


instaurando o debate em torno do tema e impulsionando a atuação das autoridades
públicas no sentido de proteger os direitos violados.

4. PARÂMETO DE CONSTITUCIONALIDADE

19
O parâmetro (ou paradigma) consiste na norma ou conjunto de normas que
serve como REFERÊNCIA para a análise de constitucionalidade dos demais
diplomas.

Em nosso ordenamento o paradigma para o controle é a própria Constituição


Federal. Todas as suas normas, ainda que só formalmente constitucionais, podem
determinar a inconstitucionalidade de uma norma inferior.

Em uma perspectiva estrutural, a Constituição se divide em três partes


distintas: preâmbulo, parte permanente e ADCT.

Sobre o preâmbulo, existem TRÊS TESES que dispõem sobre a natureza do


preâmbulo:

O preâmbulo contém
TESE DA preceitos cuja eficácia jurídica
RELEVÂNCIA assemelha-se a qualquer outra
EQUIVALENTE norma Constitucional (adotado na
França).
O preâmbulo possui
TESE DA
algumas características jurídicas
RELEVÂNCIA
próprias de constituição, mas não
JURÍDICA
possui a mesma relevância do
ESPECÍFICA
texto constitucional;
O preâmbulo não é norma,
TESE DA
nem faz parte do domínio do
IRRELEVÂNCIA
direito, embora possa inferir-se
JURÍDICA
no plano político ou histórico.

O Supremo Tribunal Federal adotou a tese da IRRELEVÂNCIA JURÍDICA no


julgamento da ADI 2076-AC.

EMENTA: CONSTITUCIONAL. CONSTITUIÇÃO: PREÂMBULO. NORMAS CENTRAIS.


Constituição do Acre. I. - Normas centrais da Constituição Federal: essas normas
são de reprodução obrigatória na Constituição do Estado-membro, mesmo porque,
reproduzidas, ou não, incidirão sobre a ordem local. Reclamações 370-MT e 383-
SP (RTJ 147/404). II. - Preâmbulo da Constituição: não constitui norma central.
Invocação da proteção de Deus: não se trata de norma de reprodução obrigatória
na Constituição estadual, não tendo força normativa. III. - Ação direta de
inconstitucionalidade julgada improcedente. (ADI 2076, Relator(a): Min. CARLOS
VELLOSO, Tribunal Pleno, julgado em 15/08/2002, DJ 08-08-2003 PP-00086
EMENT VOL-02118-01 PP-00218).

20
Quanto à parte permanente, não há dúvida quanto à possibilidade de
considerá-la parâmetro, não importa se originária, derivada (emendas
constitucionais) ou decorrente de assimilação dos Tratados e Convenções
Internacionais de Direitos Humanos pelo rito especial, previsto no art. 5º, §3º, CF.

Ex. de convenções aprovadas com este quorum:


a) Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu
Protocolo Facultativo (Convenção de Nova York);
b) Tratado de Marraqueche para facilitar o acesso a obras publicadas às pessoas
cegas, com deficiência visual ou com outras dificuldades para ter acesso ao texto
impresso.

Ressalte-se que mesmo as normas constitucionais de eficácia limitada


podem servir como parâmetro de controle, pois são dotadas de eficácia mínima.

O ADCT também pode ser parâmetro, desde que a norma constitucional não
esteja com eficácia exaurida.

Cabe lembrar que, no controle difuso de constitucionalidade, além das


normas já enunciada, é possível fiscalizar atos emanados pelo Poder Público
perante norma constitucional que já tenha sido revogada, desde que essa norma
estivesse em vigor no momento da criação do ato.

APROFUNDANDO NA DOUTRINA
O que é bloco de constitucionalidade? O bloco de
constitucionalidade foi desenvolvido por LUIS FAVOREU
para definir o conjunto de normas com status
constitucional do ordenamento jurídico francês
(Constituição de 1958, preâmbulo da Constituição de 1946,
Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1789, além
de outras normas de valor constitucional) (CARVALHO
apud NOVELINO).

A abrangência material do bloco de constitucionalidade


pode variar conforme o significado atribuído.

Em seu SENTIDO AMPLO, bloco de constitucionalidade é o


conjunto de normas dotadas de características que lhes
atribuam supremacia, seja formal ou material.

Porém, como não se admite o conceito de supremacia da


constituição em sentido material para fins de controle de
constitucionalidade, a doutrina majoritária acaba por adota
o SENTIDO ESTRITO de “bloco de constitucionalidade”,

21
restringindo-a somente aos padrões normativos com
hierarquia equivalente às normas constitucionais em
sentido formal, expressas ou implícitas. Esse sentido foi o
adotado pelo Supremo Tribunal Federal nas ADIs de nº. 595
e 514.

5. MODALIDADES DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

5.1. QUANTO À NATUREZA DO ÓRGÃO

O controle é realizado por um


órgão desprovido de natureza
jurisdicional.

CONTROLE POLÍTICO Pode ser realizado pelo


Legislativo, pelo Executivo ou até
mesmo por um órgão especial
constituído para esse fim, que
não faz parte da estrutura de
nenhum dos três Poderes.

Ex.: Na França, o controle é


exercido por um Conselho
Constitucional, composto por
nove membros, com renovação
da terça parte a cada triênio.
Além desses membros, também
podem participar os ex-
Presidentes da República.
Quando o controle de
constitucionalidade é realizado
por órgão integrante do Poder
Judiciário.
CONTROLE
JURÍDICO
No Brasil, como existe uma nítida
preponderância do controle
exercido pelo Poder Judiciário,
diz-se que o controle é jurídico.

Todavia, não é exercido com


exclusividade, razão pela qual o
sistema pátrio comporta algumas
exceções.
As Constituições sujeitam certos

22
atos ao controle político e outros
ao controle jurídico.

CONTROLE É o caso da Constituição Suíça,


MISTO em que as leis federais se
submetem ao controle político e
as leis estaduais ao controle
jurídico. Não existe
predominância de um modelo em
relação ao outro.

As duas modalidades convivem


em harmonia e possuem a
mesma relevância.

5.2. QUANTO AO MOMENTO DE CONTROLE

Atinge a norma ainda em fase de


elaboração, no curso do processo
legislativo, recaindo sobre
projetos de lei e propostas de
PREVENTIVO
emendas constitucionais.

É sempre anterior à promulgação


e visa impedir que a norma
inconstitucional ingresse no
ordenamento jurídico e passe a
gozar da presunção relativa de
ser constitucional.
Objetiva declarar a
inconstitucionalidade de ato
REPRESSIVO
normativo em momento posterior
à promulgação.

5.3. RELAÇÃO ENTRE A NATUREZA DO ÓRGÃO E O MOMENTO DE CONTROLE


NO DIREITO BRASILEIRO

5.3.1. CONTROLE JUDICIAL-REPRESSIVO

23
O Poder Judiciário é o principal ator do controle repressivo, fiscalizando as
leis de demais instrumentos normativos com tramitação procedimental
devidamente concluída.

5.3.2. CONTROLE JUDICIAL-PREVENTIVO

Em observância ao princípio da separação dos Poderes, O CONTROLE


JUDICIAL PREVENTIVO É EXCEPCIONAL. Somente pode ser autorizado para tutelar
o direito dos parlamentares a um processo legislativo hígido, ajustado às
determinações constitucionais.

A tutela preventiva do Poder Judiciário, QUANTO AOS PROJETOS DE LEI, deve


se ater aos casos em que o parlamentar ingressa com Mandado de Segurança
para argumentar o desrespeito a normas de caráter formal/procedimental.
Conforme a jurisprudência do STF, eventuais vícios materiais não podem ser
discutidos neste MS. (STF MS 32033).

Quanto às PROPOSTAS DE EMENDA CONSTITUCIONAL, por sua vez, admite-


se discutir, via mandado de segurança, as PECs que ofendam o art. 60, §4º, da
Constituição Federal (cláusulas pétreas) (STF MS 32033).

ATENÇÃO PARA AS
PECULIARIDADES JURISPRUDENCIAIS
a) A legitimidade é EXCLUSIVA dos parlamentares.
Eventuais terceiros, ainda que destinatários da futura lei,
não podem se investir na posição de parte legitimada para
suscitar controle judicial prévio de constitucionalidade
(STF MS 34763 MC).
b) O Mandado de Segurança deve ser impetrado por
parlamentar integrante da Casa Legislativa na qual a
medida SE ENCONTRA TRAMITANDO. Considera-se
prejudicado o MS quando a proposta de emenda (ou projeto
de lei) tiver tido a votação que se pretendia paralisar na
Câmara dos Deputados. (STF MS 24609).
c) A PERDA SUPERVENIENTE da condição de parlamentar
acarreta a extinção da ação em virtude da ausência
superveniente de legitimidade ativa ad causam (STF MS
27971).

ATENÇÃO: o mesmo não ocorre em relação à ação direta


de inconstitucionalidade. Nesta, a perda superveniente da
condição de parlamentar não impede o prosseguimento do
feito (pegadinha de concurso!).
24
d) A APROVAÇÃO de projeto de lei ou da proposta de
emenda constitucional também é hipótese caracterizadora
de perda superveniente da legitimidade para o
prosseguimento da ação mandamental, devendo ser o
processo extinto, sem julgamento de mérito (STF MS
22487/DF).
e) Não se admite causa de pedir fundamentada em
regimentos internos das Casas Legislativas, que dizem
respeito a questões interna corporis (STF MS 22503).

5.3.3. CONTROLE POLÍTICO-PREVENTIVO

a) PODER LEGISLATIVO

Destaca-se a atuação das Comissões de Constituição e Justiça (CCJ),


responsáveis por avaliar a constitucionalidade das proposições que lhes são
apresentadas. São Comissões Permanentes e presentes em todas as Casas
Legislativas. É possível que a CCJ emita um parecer entendendo pela
inconstitucionalidade, arquivamento o processo definitivamente e impedida que
ele seja votado. É cabível recurso do parece não unânime, com esteio no art. 101,
§2º, do RISF, e nos arts. 53, III, 54, I e 144 do RICD.

b) PODER EXECUTIVO

Tem-se a hipótese de o Presidente vetar o projeto de lei por entendê-lo


inconstitucional (veto jurídico, previsto no art. 66, §2º).

5.3.4. CONTROLE POLÍTICO-REPRESSIVO

PODER LEGISLATIVO
a) Possibilidade de o Congresso Nacional SUSTAR os atos
do Poder Executivo quando este extrapolar os limites da
delegação legislativa.

“Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso


Nacional: [...] V - sustar os atos normativos do Poder
Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos
limites de delegação legislativa”;

Ressalte-se que boa parte da doutrina entende que é


exemplo de controle político repressivo o poder de sustar
os atos normativos do Poder Executivo. Todavia, não se
trata de controle de constitucionalidade, pois tal sustação
25
se limita ao reconhecimento da ilegalidade do regulamento
(inconstitucionalidade reflexa).
b) rejeição parlamentar de medida provisória ao
argumento de que ela é inconstitucional (art. 62, §5º, CF).

Essa inconstitucionalidade pode derivar da desobediência


aos pressupostos constitucionais legitimadores
(relevância e urgência – art. 62, caput), do conteúdo
violador da norma proibitiva do art. 62, §1º, ou mesmo da
reedição, na mesma sessão legislativa, de MP rejeitada ou
havia por prejudicada.
c) Súmula 347 do STF: O Tribunal de Contas, no exercício
de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade
das leis e dos atos do Poder Público.

ATENÇÃO: a súmula é polêmica. Várias decisões


monocráticas (ex.: MS 25888 MC/DF) tem propagado a
inconstitucionalidade do enunciado, aprovado em 1963.
Todavia, prevalece que a súmula ainda é vigente, enquanto
não revogada pelo plenáio da Corte.
d) controle legislativo dos pressupostos constitucionais
dos decretos de intervenção federal (art. 136, §1º), estado
de defesa (art. 136, §§4º a 7º) e sustação do estado de sítio
(art. 49, IV, CF).

PODER EXECUTIVO
No Poder Executivo, o controle repressivo é motivo de
grande controvérsia.

Desde antes da CF/88, o STF admitia que os Chefes do


Executivo deixassem de aplicar uma norma, ao argumento
de que ela era inconstitucional.

Essa hipótese tornou-se controvertida a partir da CF/88,


uma vez que a nova constituição trouxe a previsão de
legitimidade ativa ao Presidente da República e aos
Governadores do Estado para deflagrar o controle de
constitucionalidade.

Prevalece a tese de que é legítimo o descumprimento da


norma constitucional por parte dos chefes de Estado.

Fundamentos:
26
a) se até mesmo o particular pode se recursar a cumprir a
lei por entendê-la inconstitucional, quando mais o Chefe do
Executivo;

b) como o Prefeito não recebeu legitimidade ativa para


deflagrar o controle de constitucionalidade, ter-se-ia um
paradoxo em que somente o Chefe do Executivo Municipal
poderia descumprir lei inconstitucional, em situação de
vantagem em relação ao Presidente e ao Governador.

Sendo assim, prevalece que é possível aos chefes do Pode


Executivo descumprir norma inconstitucional (ADI 221/DF).

Todavia, o Ministro Gilmar Mendes, em decisão


monocrática (AO 1415/SE), estabeleceu que o Presidente ou
o Governador, ato contínuo a recusa de aplicação da lei
inconstitucional, deve ajuíza ação destinada ao controle
abstrato de constitucionalidade da norma.

5.4. QUANTO AO ÓRGÃO COMPETENTE PARA A REALIZAÇÃO DO CONTROLE

Atribuído exclusivamente a
determinado Tribunal (sistema
austríaco).
CONTROLE
No Brasil, surgiu com a
CONCENTRADO
representação interventiva, na
Constituição de 1934, mas a
primeira norma constitucional a
falar sobre controle
concentrado-abstrato foi a EC
16/1965, responsável por
introduzir a representação de
inconstitucionalidade no
ordenamento jurídico brasileiro.
Exercido por qualquer órgão do
Poder Judiciário (sistema norte-
CONTROLE DIFUSO
americano). No Brasil, foi
consagrado desde a Constituição
de 1891.

27
5.5. QUANTO À FINALIDADE (OU OBJETIVO) DO CONTROLE

O objetivo do processo é a defesa


CONTROLE de direito ou interesse subjetivo
CONCRETO da parte.
(INCIDENTAL OU
POR VIA DE Todavia, a tutela somente é se
EXCEÇÃO) efetiva depois que a questão de
constitucionalidade é
incidentalmente decidida.
O controle é exercido com a
finalidade de promover a defesa
objetiva da Constituição,
CONTROLE
verificando-se a
ABSTRATO
constitucionalidade em tese do
(PRINCIPAL OU POR
ato.
VIA DE AÇÃO):
Trata-se de um processo sem
partes formais, passível de ser
instaurado independente de
qualquer interesse jurídico
subjetivo.

NOVELINO (2016) ressalta que, no controle abstrato, é impossível realizar


uma análise totalmente dissociada dos elementos fáticos. Segundo o autor,
“mesmo nesta espécie de controle o que se aprecia não é a simples
compatibilidade entre dispositivos da lei e da Constituição, mas sim a relação entre
a lei e o problema que se apresenta em face do parâmetro constitucional”.

MUITA ATENÇÃO FUTUROS DELTAS!!


O controle concentrado, na quase totalidade dos casos,
realiza-se de modo abstrato, ao passo que o difuso de
modo concreto.

Mas há exceções a essa regra? SIM! E caem bastante em


concurso público.

a) CONTROLE CONCENTRADO-CONCRETO: representação


interventiva (art. 36, III, CF).

28
b) CONTROLE DIFUSO-ABSTRATO: norma afetada a um
Tribunal em incidente de inconstitucionalidade (art. 97 da
CF e 949 do CPC/15). O julgamento do caso concreto
permanece no órgão fracionário, enquanto a arguição de
inconstitucionalidade é enviada ao Pleno (ou órgão
especial, se houver) para análise desvinculada do caso
concreto.

CONTROLE DIFUSO

1. NOÇÕES GERAIS

O controle difuso, presente no ordenamento jurídico brasileiro desde a


Constituição de 1891, pode ser exercido por qualquer Juiz ou Tribunal do Poder
Judiciário no âmbito de sua competência.

A finalidade principal dessa modalidade de controle é a tutela dos direitos


subjetivos.

Logo, a constitucionalidade é analisada de forma incidente (via incidental) –


na fundamentação das decisões – e tem eficácia inter partes e efeitos retroativos
(salvo modulação). O órgão jurisdicional reconhece a inconstitucionalidade para
afastar a aplicação da norma no caso concreto.

Portanto, a constitucionalidade não é questão principal, mas apenas questão


prejudicial.

2. LEGITIMIDADE ATIVA

A legitimidade para inaugurar o controle difuso de constitucionalidade é


ampla. Enquadram-se nesse rol de autores quaisquer pessoas, no exercício de
seu direito constitucional de ação – partes e terceiros intervenientes, o Ministério
Público e até o Juiz de ofício (MASSON, 2019).

ATENÇÃO!!! Deve-se ressaltar que, no recurso extraordinário, não é possível a


declaração de inconstitucionalidade ex officio, pois deve ter havido prévio
prequestionamento.

“[...] Inadmissível o recurso extraordinário se a questão constitucional suscitada


não tiver sido apreciada no acórdão recorrido [...]”. (AI 700144 AgR, Relator(a): Min.
RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 30/06/2009, DJe-157
DIVULG 20-08-2009 PUBLIC 21-08-2009),

29
3. OBJETO

QUALQUER ATO emanado pelos poderes públicos.

Não existem restrições quando à natureza do ato questionado (primário ou


secundário; normativo ou não normativo), nem quanto ao âmbito de sua emanação
(federal, estadual ou municipal).

NÃO IMPORTA, ainda, se o ato JÁ FOI REVOGADO, se EXAURIU SEUS EFEITOS


ou se é ANTERIOR À CONSTITUIÇÃO EM VIGOR.

“No controle difuso concreto o importante é verificar se, no momento do fato,


houve violação de direito subjetivo por ato do poder público incompatível com a
constituição em vigor” (NOVELINO, 2016).

4. PARÂMETRO

O controle difuso permite a fiscalização dos atos emanados pelo poder


público perante qualquer norma constitucional, ainda que já tenha sido revogada.

É possível, portanto a realização a realização do controle:


a) de um ato anterior a CF/88 em face desta – juízo de
recepção/não recepção;
b) de um ato posterior a CF/88 em face desta – juízo de
constitucionalidade;
c) de um ato anterior a CF/88 em face da constituição
vigente à época – juízo constitucionalidade.

5. O CONTROLE DIFUSO NOS TRIBUNAIS

Nos tribunais, o processo de controle de constitucionalidade difuso deve


observar a “cláusula de reserva de plenário” (art. 97 da CF).

Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros
do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade
de lei ou ato normativo do Poder Público.

Trata-se de PRESSUPOSTO DE VALIDADE E EFICÁCIA JURÍDICA da própria


declaração judicial de inconstitucionalidade dos atos do Poder Público e em
controle difuso.

30
Quando o processo é distribuído para o órgão fracionário – turma ou câmara
– e a constitucionalidade da norma é questionada, faz-se uma votação preliminar,
em que o órgão define seu posicionamento sobre a constitucionalidade ou
inconstitucionalidade da norma.

Se entender pela CONSTITUCIONALIDADE, não precisará enviar ao Plenário


ou Órgão Especial, pois apenas reforçará a presunção de constitucionalidade das
normas.

Se entender pela INCONSTITUCIONALIDADE, deverá incidir a cláusula de


reserva de plenário.

O órgão fracionário enviará APENAS A QUESTÃO DE CONSTITUCIONALIDADE ao


Plenário ou Órgão Especial, enquanto permanece aguardando a solução do
incidente para realizar o desfecho do mérito (cisão funcional de competência no
plano horizontal).

“Art. 948, CPC. Arguida, em controle difuso, a inconstitucionalidade de lei ou de ato


normativo do poder público, o relator, após ouvir o Ministério Público e as partes,
submeterá a questão à turma ou à câmara à qual competir o conhecimento do
processo”.

Art. 949, CPC. Se a arguição for:


I - rejeitada, prosseguirá o julgamento;
II - acolhida, a questão será submetida ao plenário do tribunal ou ao seu órgão
especial, onde houver”.

Ademais, se já houver pronunciamento anterior do plenário ou do órgão


especial do Tribunal ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão,
os órgãos fracionários NÃO PRECISAM MAIS observar a cláusula de reserva de
plenário (art. 948, parágrafo único, CPC).

IMPORTANTE!!
Existe cláusula de reserva de plenário no Supremo Tribunal Federal? SIM!!
Quando há arguição de inconstitucionalidade em sede de controle difuso (art. 177
do RISTF), TODA A QUESTÃO é enviada ao plenário, inclusive a decisão do caso
concreto.
Portanto, NÃO HÁ uma cisão funcional de competência no plano horizontal.

Atenção para as PECULIARIDADES sobre cláusula de reserva de plenário:

a) conforme a súmula vinculante nº. 10 (campeã em provas!), o simples


afastamento do ato impugnado, sem a remessa da questão o pleno ou órgão
especial, configura burla ao princípio da cláusula de reserva de plenário.

31
Súmula Vinculante 10 – Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a
decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente
a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta sua
incidência, no todo ou em parte.

b) como só é válida para Tribunais, não se aplica às Turmas Recursais dos


Juizados Especiais;

c) como diz respeito ao reconhecimento da inconstitucionalidade, NÃO HÁ que


se falar em instauração do incidente para o uso de técnica de “interpretação
conforme a Constituição” ou para análise de recepção de norma pré-constitucional
(RE 630491-SC).

d) o desrespeito à cláusula de reserva de plenário, por se tratar de regra de


competência funcional, implica em nulidade absoluta da decisão.

6. EFEITOS DA DECISÃO

Quanto ao ASPECTO TEMPORAL, a decisão opera efeitos ex tunc (retroativos),


uma vez que se adota a tese da nulidade do ato inconstitucional (teoria americana).

Excepcionalmente, por imperativos de segurança jurídica e interesse social,


ADMITE-SE A MODULAÇÃO de efeitos para estabelece efeitos ex nunc ou a partir
de qualquer outro momento que a corte venha a fixar (pro futuro).

“[...] Inconstitucionalidade, incidenter tantun, da lei local que fixou em 11 (onze) o


número de Vereadores, dado que sua população de pouco mais de 2600 habitantes
somente comporta 09 representantes. 8. Efeitos. Princípio da segurança jurídica.
Situação excepcional em que a declaração de nulidade, com seus normais efeitos
ex tunc, resultaria grave ameaça a todo o sistema legislativo vigente. Prevalência
do interesse público para assegurar, em caráter de exceção, efeitos pro futuro à
declaração incidental de inconstitucionalidade. Recurso extraordinário conhecido
e em parte provido. (RE 197917, Relator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊA, Tribunal Pleno,
julgado em 06/06/2002, DJ 07-05-2004) (grifos nossos).

“[...] Em princípio, a técnica da modulação temporal dos efeitos de decisão reserva-


se ao controle concentrado de constitucionalidade, em face de disposição legal
expressa. Não obstante, e embora em pelo menos duas oportunidades o Supremo
Tribunal Federal tenha aplicado a técnica da modulação dos efeitos da declaração
de inconstitucionalidade no controle difuso da constitucionalidade das leis, é
imperioso ter presente que a Corte o fez em situações extremas, caracterizadas
inequivocamente pelo risco à segurança jurídica ou ao interesse social. [...] (AI

32
641798, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, julgado em 22/10/2010, publicado em
DJe-212 DIVULG 04/11/2010 PUBLIC 05/11/2010).

Em relação ao ASPECTO SUBJETIVO, a eficácia é inter partes, em regra.

Todavia, existe uma peculiaridade quando a decisão é proferida pelo Supremo


Tribunal Federal.

O art. 52, X, da CF prega que é atribuição do Senado Federal “suspender a


execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão
definitiva do Supremo Tribunal Federal” em sede de controle difuso de
constitucionalidade.

Essa atribuição consiste em tornar erga omnes uma decisão do STF em sede
de controle difuso, que originalmente havia sido proferida com eficácia inter
partes. E o instrumento normativo adequado para isso é a resolução.

Por muito tempo se entendeu que essa atuação do Senado Federal era
discricionária. Todavia, há alguns anos, alguns Ministros, capitaneados por Gilmar
Mendes, passaram a pregar a revisão da atuação do Senado nesse cenário.
Segundo os defensores da tese, o art. 52, X, da CF havia sofrido uma mutação
constitucional, e o papel do Senado Federal deveria ser apenas conferir
publicidade à decisão proferida em sede de controle difuso. A tese ficou conhecida
como abstativização do controle difuso.

Após alguns anos defendendo a tese, o Ministro Gilmar Mendes a viu


prevalecer, em novembro de 2017, no julgamento conjunto das ADIs 3406 e 3470.

Portanto, atualmente a competência do Senado Federal é apenas dar


publicidade à decisão do STF em sede de controle difuso e tese da abstrativização
do controle difusos foi adotada no Brasil.

Sendo assim, quanto ao ASPECTO SUBJETIVO, a eficácia


das decisões pode ser assim resumida:

Proferida por um JUIZ OU


TRIBUNAL, inferior ou INTER PARTES
superior

Proferida ERGA OMNES


pelo STF

33
7. O CONTROLE DIFUSO NA AÇÃO CIVIL PÚBLICA

A divergência inicial acerca da realização do controle de constitucionalidade


em sede de ACP advinha dos efeitos ergas omnes das decisões, conforme previsto
no art. 16, da Lei nº. 7347/85.

Assim, o STF entendia que não era possível o controle difuso em sede de ação
civil pública, com o objetivo de impedi a invasão do campo de atuação das ADIs,
bem como impedir a subtração de competência do STF (MASSON), ainda que a
análise fosse realizada de modo incidental.

Atualmente, o STF entende que é possível a análise de constitucionalidade em sede


de ACP, desde que feita de modo incidental, como questão prejudicial. Não se pode
utilizar ACP como sucedâneo a ADI.

ESTUDO DA LEGISLAÇÃO
▪ 1H - LEI DE EXECUÇÃO PENAL – ART. 49 AO 68
▪ 1H - C. ELEITORAIS (LEI Nº 4.737/65) ART. 289 AO 364

Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena


LEI DE EXECUÇÃO PENAL – ART. 49 AO 92 privativa de liberdade que:

SUBSEÇÃO II I - incitar ou participar de movimento para


subverter a ordem ou a disciplina;
Das Faltas Disciplinares
II - fugir;
Art. 49. As faltas disciplinares classificam-se
em leves, médias e graves. A legislação local III - possuir, indevidamente, instrumento capaz
especificará as leves e médias, bem assim as de ofender a integridade física de outrem;
respectivas sanções.
IV - provocar acidente de trabalho;
Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a
sanção correspondente à falta consumada. V - descumprir, no regime aberto, as condições
impostas;

34
VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II - recolhimento em cela individual;
II e V, do artigo 39, desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)

VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer III - visitas semanais de duas pessoas, sem
aparelho telefônico, de rádio ou similar, que contar as crianças, com duração de duas horas;
permita a comunicação com outros presos ou com (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)
o ambiente externo. (Incluído pela Lei nº 11.466, de
2007) IV - o preso terá direito à saída da cela por 2
horas diárias para banho de sol.
VIII - recusar submeter-se ao procedimento de (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)
identificação do perfil genético. (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019) Art. 52. A prática de fato previsto como crime
doloso constitui falta grave e, quando ocasionar
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica- subversão da ordem ou disciplina internas,
se, no que couber, ao preso provisório. sujeitará o preso provisório, ou condenado,
nacional ou estrangeiro, sem prejuízo da sanção
Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as
restritiva de direitos que: seguintes características: (Redação dada pela Lei
nº 13.964, de 2019)
I - descumprir, injustificadamente, a restrição
imposta; I - duração máxima de até 2 (dois) anos, sem
prejuízo de repetição da sanção por nova falta
II - retardar, injustificadamente, o cumprimento grave de mesma espécie; (Redação dada pela Lei
da obrigação imposta; nº 13.964, de 2019)

III - inobservar os deveres previstos nos incisos II - recolhimento em cela individual;


II e V, do artigo 39, desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

Art. 52. A prática de fato previsto como crime III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por
doloso constitui falta grave e sujeita o preso, ou vez, a serem realizadas em instalações equipadas
condenado, à sanção disciplinar, sem prejuízo da para impedir o contato físico e a passagem de
sanção penal. objetos, por pessoa da família ou, no caso de
terceiro, autorizado judicialmente, com duração de
Art. 52. A prática de fato previsto como crime 2 (duas) horas; (Redação dada pela Lei nº 13.964,
doloso constitui falta grave e, quando ocasione de 2019)
subversão da ordem ou disciplina internas, sujeita
o preso provisório, ou condenado, sem prejuízo da IV - direito do preso à saída da cela por 2 (duas)
sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, horas diárias para banho de sol, em grupos de até
com as seguintes características: 4 (quatro) presos, desde que não haja contato com
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003) presos do mesmo grupo criminoso; (Redação
dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - duração máxima de trezentos e sessenta
dias, sem prejuízo de repetição da sanção por nova V - entrevistas sempre monitoradas, exceto
falta grave de mesma espécie, até o limite de um aquelas com seu defensor, em instalações
sexto da pena aplicada; (Incluído pela equipadas para impedir o contato físico e a
Lei nº 10.792, de 2003) passagem de objetos, salvo expressa autorização

35
judicial em contrário; (Incluído pela Lei nº 13.964, § 3º Existindo indícios de que o preso exerce
de 2019) liderança em organização criminosa, associação
criminosa ou milícia privada, ou que tenha atuação
VI - fiscalização do conteúdo da criminosa em 2 (dois) ou mais Estados da
correspondência; (Incluído pela Lei nº 13.964, de Federação, o regime disciplinar diferenciado será
2019) obrigatoriamente cumprido em estabelecimento
prisional federal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
VII - participação em audiências judiciais 2019)
preferencialmente por videoconferência,
garantindo-se a participação do defensor no § 4º Na hipótese dos parágrafos anteriores, o
mesmo ambiente do preso. (Incluído pela Lei nº regime disciplinar diferenciado poderá ser
13.964, de 2019) prorrogado sucessivamente, por períodos de 1
(um) ano, existindo indícios de que o preso:
§ 1o O regime disciplinar diferenciado também (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
poderá abrigar presos provisórios ou condenados,
nacionais ou estrangeiros, que apresentem alto I - continua apresentando alto risco para a
risco para a ordem e a segurança do ordem e a segurança do estabelecimento penal de
estabelecimento penal ou da sociedade. origem ou da sociedade; (Incluído pela Lei nº
(Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003) 13.964, de 2019)

§ 1º O regime disciplinar diferenciado também II - mantém os vínculos com organização


será aplicado aos presos provisórios ou criminosa, associação criminosa ou milícia
condenados, nacionais ou estrangeiros: (Redação privada, considerados também o perfil criminal e a
dada pela Lei nº 13.964, de 2019) função desempenhada por ele no grupo criminoso,
a operação duradoura do grupo, a superveniência
I - que apresentem alto risco para a ordem e a de novos processos criminais e os resultados do
segurança do estabelecimento penal ou da tratamento penitenciário. (Incluído pela Lei nº
sociedade; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 13.964, de 2019)

II - sob os quais recaiam fundadas suspeitas de § 5º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o


envolvimento ou participação, a qualquer título, em regime disciplinar diferenciado deverá contar com
organização criminosa, associação criminosa ou alta segurança interna e externa, principalmente
milícia privada, independentemente da prática de no que diz respeito à necessidade de se evitar
falta grave. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) contato do preso com membros de sua
organização criminosa, associação criminosa ou
§ 2o Estará igualmente sujeito ao regime milícia privada, ou de grupos rivais. (Incluído pela
disciplinar diferenciado o preso provisório ou o Lei nº 13.964, de 2019)
condenado sob o qual recaiam fundadas suspeitas
de envolvimento ou participação, a qualquer título, § 6º A visita de que trata o inciso III do caput
em organizações criminosas, quadrilha ou bando. deste artigo será gravada em sistema de áudio ou
(Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003) de áudio e vídeo e, com autorização judicial,
fiscalizada por agente penitenciário. (Incluído
§ 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº pela Lei nº 13.964, de 2019)
13.964, de 2019)
§ 7º Após os primeiros 6 (seis) meses de regime
disciplinar diferenciado, o preso que não receber a

36
visita de que trata o inciso III do caput deste artigo § 2o A decisão judicial sobre inclusão de preso
poderá, após prévio agendamento, ter contato em regime disciplinar será precedida de
telefônico, que será gravado, com uma pessoa da manifestação do Ministério Público e da defesa e
família, 2 (duas) vezes por mês e por 10 (dez) prolatada no prazo máximo de quinze dias.
minutos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003

SUBSEÇÃO III Art. 55. As recompensas têm em vista o bom


comportamento reconhecido em favor do
Das Sanções e das Recompensas condenado, de sua colaboração com a disciplina e
de sua dedicação ao trabalho.
Art. 53. Constituem sanções disciplinares:
Art. 56. São recompensas
I - advertência verbal;
I - o elogio;
II - repreensão;
II - a concessão de regalias.
III - suspensão ou restrição de direitos (artigo
41, parágrafo único); Parágrafo único. A legislação local e os
regulamentos estabelecerão a natureza e a forma
IV - isolamento na própria cela, ou em local de concessão de regalias.
adequado, nos estabelecimentos que possuam
alojamento coletivo, observado o disposto no SUBSEÇÃO IV
artigo 88 desta Lei.
Da Aplicação das Sanções
V - inclusão no regime disciplinar diferenciado.
(Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003) Art. 57. Na aplicação das sanções disciplinares
levar-se-á em conta a pessoa do faltoso, a
natureza e as circunstâncias do fato, bem como as
suas conseqüências.
Art. 54. As sanções dos incisos I a III do artigo
anterior serão aplicadas pelo diretor do Parágrafo único. Nas faltas graves,
estabelecimento; a do inciso IV, por Conselho aplicam-se as sanções previstas nos incisos III e
Disciplinar, conforme dispuser o regulamento. IV, do artigo 53, desta Lei.

Art. 54. As sanções dos incisos I a IV do art. 53 Art. 57. Na aplicação das sanções disciplinares,
serão aplicadas por ato motivado do diretor do levar-se-ão em conta a natureza, os motivos, as
estabelecimento e a do inciso V, por prévio e circunstâncias e as conseqüências do fato, bem
fundamentado despacho do juiz competente. como a pessoa do faltoso e seu tempo de prisão.
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003) (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)

§ 1o A autorização para a inclusão do preso em Parágrafo único. Nas faltas graves, aplicam-se
regime disciplinar dependerá de requerimento as sanções previstas nos incisos III a V do art. 53
circunstanciado elaborado pelo diretor do desta Lei. (Redação dada pela Lei nº
estabelecimento ou outra autoridade 10.792, de 2003
administrativa. (Incluído pela Lei nº
10.792, de 2003)

37
Art. 58. O isolamento, a suspensão e a restrição I - o Conselho Nacional de Política Criminal e
de direitos não poderão exceder a 30 (trinta) dias. Penitenciária;

Art. 58. O isolamento, a suspensão e a restrição II - o Juízo da Execução;


de direitos não poderão exceder a trinta dias,
ressalvada a hipótese do regime disciplinar III - o Ministério Público;
diferenciado. (Redação dada pela Lei
nº 10.792, de 2003) IV - o Conselho Penitenciário;

Parágrafo único. O isolamento será sempre V - os Departamentos Penitenciários;


comunicado ao Juiz da execução.
VI - o Patronato;
SUBSEÇÃO V
VII - o Conselho da Comunidade.
Do Procedimento Disciplinar
VIII - a Defensoria Pública. (Incluído
Art. 59. Praticada a falta disciplinar, deverá ser pela Lei nº 12.313, de 2010).
instaurado o procedimento para sua apuração,
conforme regulamento, assegurado o direito de CAPÍTULO II
defesa.
Do Conselho Nacional de Política Criminal e
Parágrafo único. A decisão será motivada. Penitenciária

Art. 60. A autoridade administrativa poderá Art. 62. O Conselho Nacional de Política Criminal
decretar o isolamento preventivo do faltoso pelo e Penitenciária, com sede na Capital da República,
prazo de até dez dias. A inclusão do preso no é subordinado ao Ministério da Justiça.
regime disciplinar diferenciado, no interesse da
disciplina e da averiguação do fato, dependerá de Art. 63. O Conselho Nacional de Política Criminal
despacho do juiz competente. (Redação e Penitenciária será integrado por 13 (treze)
dada pela Lei nº 10.792, de 2003) membros designados através de ato do Ministério
da Justiça, dentre professores e profissionais da
Parágrafo único. O tempo de isolamento ou área do Direito Penal, Processual Penal,
inclusão preventiva no regime disciplinar Penitenciário e ciências correlatas, bem como por
diferenciado será computado no período de representantes da comunidade e dos Ministérios
cumprimento da sanção disciplinar. da área social.
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)
Parágrafo único. O mandato dos membros do
TÍTULO III Conselho terá duração de 2 (dois) anos, renovado
1/3 (um terço) em cada ano.
Dos Órgãos da Execução Penal
Art. 64. Ao Conselho Nacional de Política
CAPÍTULO I Criminal e Penitenciária, no exercício de suas
atividades, em âmbito federal ou estadual,
Disposições Gerais incumbe:

Art. 61. São órgãos da execução penal:

38
I - propor diretrizes da política criminal quanto Do Juízo da Execução
à prevenção do delito, administração da Justiça
Criminal e execução das penas e das medidas de Art. 65. A execução penal competirá ao Juiz
segurança; indicado na lei local de organização judiciária e, na
sua ausência, ao da sentença.
II - contribuir na elaboração de planos nacionais
de desenvolvimento, sugerindo as metas e Art. 66. Compete ao Juiz da execução:
prioridades da política criminal e penitenciária;
I - aplicar aos casos julgados lei posterior que
III - promover a avaliação periódica do sistema de qualquer modo favorecer o condenado;
criminal para a sua adequação às necessidades do
País; II - declarar extinta a punibilidade;

IV - estimular e promover a pesquisa III - decidir sobre:


criminológica;
a) soma ou unificação de penas;
V - elaborar programa nacional penitenciário de
formação e aperfeiçoamento do servidor; b) progressão ou regressão nos regimes;

VI - estabelecer regras sobre a arquitetura e c) detração e remição da pena;


construção de estabelecimentos penais e casas de
albergados; d) suspensão condicional da pena;

VII - estabelecer os critérios para a elaboração e) livramento condicional;


da estatística criminal;
f) incidentes da execução.
VIII - inspecionar e fiscalizar os
estabelecimentos penais, bem assim informar-se, IV - autorizar saídas temporárias;
mediante relatórios do Conselho Penitenciário,
requisições, visitas ou outros meios, acerca do V - determinar:
desenvolvimento da execução penal nos Estados,
Territórios e Distrito Federal, propondo às
a) a forma de cumprimento da pena restritiva de
autoridades dela incumbida as medidas
direitos e fiscalizar sua execução;
necessárias ao seu aprimoramento;
b) a conversão da pena restritiva de direitos e
IX - representar ao Juiz da execução ou à
de multa em privativa de liberdade;
autoridade administrativa para instauração de
sindicância ou procedimento administrativo, em
c) a conversão da pena privativa de liberdade
caso de violação das normas referentes à
em restritiva de direitos;
execução penal;
d) a aplicação da medida de segurança, bem
X - representar à autoridade competente para a
como a substituição da pena por medida de
interdição, no todo ou em parte, de
segurança;
estabelecimento penal.
e) a revogação da medida de segurança;
CAPÍTULO III

39
f) a desinternação e o restabelecimento da II - requerer:
situação anterior;
a) todas as providências necessárias ao
g) o cumprimento de pena ou medida de desenvolvimento do processo executivo;
segurança em outra comarca;
b) a instauração dos incidentes de excesso ou
h) a remoção do condenado na hipótese prevista desvio de execução;
no § 1º, do artigo 86, desta Lei.
c) a aplicação de medida de segurança, bem
i) (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de como a substituição da pena por medida de
2010) segurança;

VI - zelar pelo correto cumprimento da pena e d) a revogação da medida de segurança;


da medida de segurança;
e) a conversão de penas, a progressão ou
VII - inspecionar, mensalmente, os regressão nos regimes e a revogação da
estabelecimentos penais, tomando providências suspensão condicional da pena e do livramento
para o adequado funcionamento e promovendo, condicional;
quando for o caso, a apuração de responsabilidade;

VIII - interditar, no todo ou em parte,


estabelecimento penal que estiver funcionando em f) a internação, a desinternação e o
condições inadequadas ou com infringência aos restabelecimento da situação anterior.
dispositivos desta Lei;
III - interpor recursos de decisões proferidas
IX - compor e instalar o Conselho da pela autoridade judiciária, durante a execução.
Comunidade.
Parágrafo único. O órgão do Ministério Público
X – emitir anualmente atestado de pena a visitará mensalmente os estabelecimentos penais,
cumprir. (Incluído pela Lei nº 10.713, de registrando a sua presença em livro próprio.
2003)
CAPÍTULO V
CAPÍTULO IV
Do Conselho Penitenciário
Do Ministério Público
Art. 69. O Conselho Penitenciário é órgão
Art. 67. O Ministério Público fiscalizará a consultivo e fiscalizador da execução da pena.
execução da pena e da medida de segurança,
oficiando no processo executivo e nos incidentes § 1º O Conselho será integrado por membros
da execução. nomeados pelo Governador do Estado, do Distrito
Federal e dos Territórios, dentre professores e
Art. 68. Incumbe, ainda, ao Ministério Público: profissionais da área do Direito Penal, Processual
Penal, Penitenciário e ciências correlatas, bem
I - fiscalizar a regularidade formal das guias de como por representantes da comunidade. A
recolhimento e de internamento; legislação federal e estadual regulará o seu
funcionamento.

40
§ 2º O mandato dos membros do Conselho III - assistir tecnicamente as Unidades
Penitenciário terá a duração de 4 (quatro) anos. Federativas na implementação dos princípios e
regras estabelecidos nesta Lei;
Art. 70. Incumbe ao Conselho Penitenciário:
IV - colaborar com as Unidades Federativas
I - emitir parecer sobre indulto e comutação de mediante convênios, na implantação de
pena, excetuada a hipótese de pedido de indulto estabelecimentos e serviços penais;
com base no estado de saúde do preso;
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003) V - colaborar com as Unidades Federativas para
a realização de cursos de formação de pessoal
II - inspecionar os estabelecimentos e serviços penitenciário e de ensino profissionalizante do
penais; condenado e do internado.

III - apresentar, no 1º (primeiro) trimestre de VI – estabelecer, mediante convênios com as


cada ano, ao Conselho Nacional de Política unidades federativas, o cadastro nacional das
Criminal e Penitenciária, relatório dos trabalhos vagas existentes em estabelecimentos locais
efetuados no exercício anterior; destinadas ao cumprimento de penas privativas de
liberdade aplicadas pela justiça de outra unidade
IV - supervisionar os patronatos, bem como a federativa, em especial para presos sujeitos a
assistência aos egressos. regime disciplinar. (Incluído pela Lei nº
10.792, de 2003)
CAPÍTULO VI
VII - acompanhar a execução da pena das
Dos Departamentos Penitenciários mulheres beneficiadas pela progressão especial
de que trata o § 3º do art. 112 desta Lei,
SEÇÃO I monitorando sua integração social e a ocorrência
de reincidência, específica ou não, mediante a
Do Departamento Penitenciário Nacional realização de avaliações periódicas e de
estatísticas criminais. (Incluído pela Lei
Art. 71. O Departamento Penitenciário Nacional, nº 13.769, de 2018)
subordinado ao Ministério da Justiça, é órgão
executivo da Política Penitenciária Nacional e de § 1º Incumbem também ao Departamento a
apoio administrativo e financeiro do Conselho coordenação e supervisão dos estabelecimentos
Nacional de Política Criminal e Penitenciária. penais e de internamento federais.
(Redação dada pela Lei nº 13.769, de 2018)
Art. 72. São atribuições do Departamento
Penitenciário Nacional:

I - acompanhar a fiel aplicação das normas de § 2º Os resultados obtidos por meio do


execução penal em todo o Território Nacional; monitoramento e das avaliações periódicas
previstas no inciso VII do caput deste artigo serão
II - inspecionar e fiscalizar periodicamente os utilizados para, em função da efetividade da
estabelecimentos e serviços penais; progressão especial para a ressocialização das
mulheres de que trata o § 3º do art. 112 desta Lei,
avaliar eventual desnecessidade do regime
fechado de cumprimento de pena para essas

41
mulheres nos casos de crimes cometidos sem Parágrafo único. O diretor deverá residir no
violência ou grave ameaça. (Incluído pela estabelecimento, ou nas proximidades, e dedicará
Lei nº 13.769, de 2018) tempo integral à sua função.

SEÇÃO II Art. 76. O Quadro do Pessoal Penitenciário será


organizado em diferentes categorias funcionais,
Do Departamento Penitenciário Local segundo as necessidades do serviço, com
especificação de atribuições relativas às funções
Art. 73. A legislação local poderá criar de direção, chefia e assessoramento do
Departamento Penitenciário ou órgão similar, com estabelecimento e às demais funções.
as atribuições que estabelecer.
Art. 77. A escolha do pessoal administrativo,
Art. 74. O Departamento Penitenciário local, ou especializado, de instrução técnica e de vigilância
órgão similar, tem por finalidade supervisionar e atenderá a vocação, preparação profissional e
coordenar os estabelecimentos penais da Unidade antecedentes pessoais do candidato.
da Federação a que pertencer.
§ 1° O ingresso do pessoal penitenciário, bem
Parágrafo único. Os órgãos referidos no caput como a progressão ou a ascensão funcional
deste artigo realizarão o acompanhamento de que dependerão de cursos específicos de formação,
trata o inciso VII do caput do art. 72 desta Lei e procedendo-se à reciclagem periódica dos
encaminharão ao Departamento Penitenciário servidores em exercício.
Nacional os resultados obtidos. (Incluído
pela Lei nº 13.769, de 2018) § 2º No estabelecimento para mulheres
somente se permitirá o trabalho de pessoal do
sexo feminino, salvo quando se tratar de pessoal
técnico especializado.
SEÇÃO III
CAPÍTULO VII
Da Direção e do Pessoal dos Estabelecimentos
Penais Do Patronato

Art. 75. O ocupante do cargo de diretor de Art. 78. O Patronato público ou particular
estabelecimento deverá satisfazer os seguintes destina-se a prestar assistência aos albergados e
requisitos: aos egressos (artigo 26).

I - ser portador de diploma de nível superior de Art. 79. Incumbe também ao Patronato:
Direito, ou Psicologia, ou Ciências Sociais, ou
Pedagogia, ou Serviços Sociais; I - orientar os condenados à pena restritiva de
direitos;
II - possuir experiência administrativa na área;
II - fiscalizar o cumprimento das penas de
III - ter idoneidade moral e reconhecida aptidão prestação de serviço à comunidade e de limitação
para o desempenho da função. de fim de semana;

42
III - colaborar na fiscalização do cumprimento Art. 81-A. A Defensoria Pública velará pela
das condições da suspensão e do livramento regular execução da pena e da medida de
condicional. segurança, oficiando, no processo executivo e nos
incidentes da execução, para a defesa dos
CAPÍTULO VIII necessitados em todos os graus e instâncias, de
forma individual e coletiva. (Incluído
Do Conselho da Comunidade pela Lei nº 12.313, de 2010).

Art. 80. Haverá, em cada comarca, um Conselho Art. 81-B. Incumbe, ainda, à Defensoria Pública:
da Comunidade composto, no mínimo, por 1 (um) (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
representante de associação comercial ou
industrial, 1 (um) advogado indicado pela Seção da I - requerer: (Incluído pela Lei nº
Ordem dos Advogados do Brasil, 1 (um) Defensor 12.313, de 2010).
Público indicado pelo Defensor Público Geral e 1
(um) assistente social escolhido pela Delegacia a) todas as providências necessárias ao
Seccional do Conselho Nacional de Assistentes desenvolvimento do processo executivo;
Sociais. (Redação dada pela Lei nº (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
12.313, de 2010).
b) a aplicação aos casos julgados de lei
Parágrafo único. Na falta da representação posterior que de qualquer modo favorecer o
prevista neste artigo, ficará a critério do Juiz da condenado; (Incluído pela Lei nº
execução a escolha dos integrantes do Conselho. 12.313, de 2010).

Art. 81. Incumbe ao Conselho da Comunidade: c) a declaração de extinção da punibilidade;


(Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
I - visitar, pelo menos mensalmente, os
estabelecimentos penais existentes na comarca; d) a unificação de penas; (Incluído
pela Lei nº 12.313, de 2010).
II - entrevistar presos;
e) a detração e remição da pena;
III - apresentar relatórios mensais ao Juiz da (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010)
execução e ao Conselho Penitenciário;
f) a instauração dos incidentes de excesso ou
IV - diligenciar a obtenção de recursos desvio de execução; (Incluído pela Lei
materiais e humanos para melhor assistência ao nº 12.313, de 2010).
preso ou internado, em harmonia com a direção do
estabelecimento. g) a aplicação de medida de segurança e sua
revogação, bem como a substituição da pena por
CAPÍTULO IX medida de segurança; (Incluído pela Lei
nº 12.313, de 2010).
DA DEFENSORIA PÚBLICA
h) a conversão de penas, a progressão nos
(Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). regimes, a suspensão condicional da pena, o
livramento condicional, a comutação de pena e o
indulto; (Incluído pela Lei nº 12.313, de
2010).

43
i) a autorização de saídas temporárias; próprio. (Incluído pela Lei nº 12.313, de
(Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). 2010).

j) a internação, a desinternação e o TÍTULO IV


restabelecimento da situação anterior;
(Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). Dos Estabelecimentos Penais

k) o cumprimento de pena ou medida de CAPÍTULO I


segurança em outra comarca; (Incluído
pela Lei nº 12.313, de 2010). Disposições Gerais

l) a remoção do condenado na hipótese prevista Art. 82. Os estabelecimentos penais destinam-


no § 1o do art. 86 desta Lei; (Incluído pela se ao condenado, ao submetido à medida de
Lei nº 12.313, de 2010). segurança, ao preso provisório e ao egresso.

II - requerer a emissão anual do atestado de § 1° A mulher e o maior de sessenta anos,


pena a cumprir; (Incluído pela Lei nº separadamente, serão recolhidos a
12.313, de 2010). estabelecimento próprio e adequado à sua
condição pessoal. (Redação dada
III - interpor recursos de decisões proferidas pela Lei nº 9.460, de 1997)
pela autoridade judiciária ou administrativa
durante a execução; (Incluído pela Lei § 2º - O mesmo conjunto arquitetônico poderá
nº 12.313, de 2010). abrigar estabelecimentos de destinação diversa
desde que devidamente isolados.
IV - representar ao Juiz da execução ou à
autoridade administrativa para instauração de Art. 83. O estabelecimento penal, conforme a
sindicância ou procedimento administrativo em sua natureza, deverá contar em suas
caso de violação das normas referentes à dependências com áreas e serviços destinados a
execução penal; (Incluído pela Lei nº dar assistência, educação, trabalho, recreação e
12.313, de 2010). prática esportiva.

V - visitar os estabelecimentos penais, tomando § 1º Haverá instalação destinada a estágio de


providências para o adequado funcionamento, e estudantes universitários. (Renumerado
requerer, quando for o caso, a apuração de pela Lei nº 9.046, de 1995)
responsabilidade; (Incluído pela Lei nº
12.313, de 2010). § 2o Os estabelecimentos penais destinados a
mulheres serão dotados de berçário, onde as
VI - requerer à autoridade competente a condenadas possam cuidar de seus filhos,
interdição, no todo ou em parte, de inclusive amamentá-los, no mínimo, até 6 (seis)
estabelecimento penal. (Incluído pela meses de idade. (Redação dada pela
Lei nº 12.313, de 2010). Lei nº 11.942, de 2009)

Parágrafo único. O órgão da Defensoria Pública § 3o Os estabelecimentos de que trata o § 2o


visitará periodicamente os estabelecimentos deste artigo deverão possuir, exclusivamente,
penais, registrando a sua presença em livro agentes do sexo feminino na segurança de suas

44
dependências internas. (Incluído pela I - classificação de condenados;
Lei nº 12.121, de 2009). (Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015).

§ 4o Serão instaladas salas de aulas II - aplicação de sanções disciplinares;


destinadas a cursos do ensino básico e (Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015).
profissionalizante. (Incluído pela Lei
nº 12.245, de 2010) III - controle de rebeliões; (Incluído
pela Lei nº 13.190, de 2015).
§ 5o Haverá instalação destinada à Defensoria
Pública. (Incluído pela Lei nº 12.313, de IV - transporte de presos para órgãos do Poder
2010). Judiciário, hospitais e outros locais externos aos
estabelecimentos penais. (Incluído
Art. 83-A. Poderão ser objeto de execução pela Lei nº 13.190, de 2015).
indireta as atividades materiais acessórias,
instrumentais ou complementares desenvolvidas Art. 84. O preso provisório ficará separado do
em estabelecimentos penais, e notadamente: condenado por sentença transitada em julgado.
(Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015).
§ 1o Os presos provisórios ficarão separados
I - serviços de conservação, limpeza, de acordo com os seguintes critérios:
informática, copeiragem, portaria, recepção, (Redação dada pela Lei nº 13.167, de 2015)
reprografia, telecomunicações, lavanderia e
manutenção de prédios, instalações e I - acusados pela prática de crimes hediondos
equipamentos internos e externos; ou equiparados; (Incluído pela Lei nº
(Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015). 13.167, de 2015)

II - serviços relacionados à execução de II - acusados pela prática de crimes cometidos


trabalho pelo preso. (Incluído pela Lei com violência ou grave ameaça à pessoa;
nº 13.190, de 2015). (Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015)

§ 1o A execução indireta será realizada sob III - acusados pela prática de outros crimes ou
supervisão e fiscalização do poder público. contravenções diversos dos apontados nos incisos
(Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015). I e II. (Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015)

§ 2o Os serviços relacionados neste artigo § 2° O preso que, ao tempo do fato, era


poderão compreender o fornecimento de funcionário da Administração da Justiça Criminal
materiais, equipamentos, máquinas e ficará em dependência separada.
profissionais. (Incluído pela Lei nº
13.190, de 2015). § 3o Os presos condenados ficarão separados
de acordo com os seguintes critérios:
Art. 83-B. São indelegáveis as funções de (Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015)
direção, chefia e coordenação no âmbito do
sistema penal, bem como todas as atividades que I - condenados pela prática de crimes
exijam o exercício do poder de polícia, e hediondos ou equiparados; (Incluído
notadamente: (Incluído pela Lei nº pela Lei nº 13.167, de 2015)
13.190, de 2015).

45
II - reincidentes condenados pela prática de a medida se justifique no interesse da segurança
crimes cometidos com violência ou grave ameaça pública ou do próprio condenado.
à pessoa; (Incluído pela Lei nº 13.167, (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)
de 2015)

III - primários condenados pela prática de


crimes cometidos com violência ou grave ameaça § 2° Conforme a natureza do estabelecimento,
à pessoa; (Incluído pela Lei nº 13.167, nele poderão trabalhar os liberados ou egressos
de 2015) que se dediquem a obras públicas ou ao
aproveitamento de terras ociosas.
IV - demais condenados pela prática de outros
crimes ou contravenções em situação diversa das § 3o Caberá ao juiz competente, a requerimento
previstas nos incisos I, II e III. (Incluído da autoridade administrativa definir o
pela Lei nº 13.167, de 2015) estabelecimento prisional adequado para abrigar o
preso provisório ou condenado, em atenção ao
§ 4o O preso que tiver sua integridade física, regime e aos requisitos estabelecidos.
moral ou psicológica ameaçada pela convivência (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)
com os demais presos ficará segregado em local
próprio. (Incluído pela Lei nº 13.167, de
2015)
CAPÍTULO II
Art. 85. O estabelecimento penal deverá ter
lotação compatível com a sua estrutura e Da Penitenciária
finalidade.
Art. 87. A penitenciária destina-se ao
Parágrafo único. O Conselho Nacional de condenado à pena de reclusão, em regime fechado.
Política Criminal e Penitenciária determinará o
limite máximo de capacidade do estabelecimento, Parágrafo único. A União Federal, os Estados, o
atendendo a sua natureza e peculiaridades. Distrito Federal e os Territórios poderão construir
Penitenciárias destinadas, exclusivamente, aos
Art. 86. As penas privativas de liberdade presos provisórios e condenados que estejam em
aplicadas pela Justiça de uma Unidade Federativa regime fechado, sujeitos ao regime disciplinar
podem ser executadas em outra unidade, em diferenciado, nos termos do art. 52 desta Lei.
estabelecimento local ou da União. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)

§ 1° A União Federal poderá construir Art. 88. O condenado será alojado em cela
estabelecimento penal em local distante da individual que conterá dormitório, aparelho
condenação para recolher, mediante decisão sanitário e lavatório.
judicial, os condenados à pena superior a 15
(quinze) anos, quando a medida se justifique no Parágrafo único. São requisitos básicos da
interesse da segurança pública ou do próprio unidade celular:
condenado.
a) salubridade do ambiente pela concorrência
§ 1o A União Federal poderá construir dos fatores de aeração, insolação e
estabelecimento penal em local distante da condicionamento térmico adequado à existência
condenação para recolher os condenados, quando humana;

46
b) área mínima de 6,00m2 (seis metros
quadrados).
CAPÍTULO III
Art. 89. Além dos requisitos referidos no art. 88,
a penitenciária de mulheres será dotada de seção Da Colônia Agrícola, Industrial ou Similar
para gestante e parturiente e de creche para
abrigar crianças maiores de 6 (seis) meses e Art. 91. A Colônia Agrícola, Industrial ou Similar
menores de 7 (sete) anos, com a finalidade de destina-se ao cumprimento da pena em regime
assistir a criança desamparada cuja responsável semi-aberto.
estiver presa. (Redação dada pela Lei nº
11.942, de 2009) Art. 92. O condenado poderá ser alojado em
compartimento coletivo, observados os requisitos
Parágrafo único. São requisitos básicos da da letra a, do parágrafo único, do artigo 88, desta
seção e da creche referidas neste artigo: Lei.
(Incluído pela Lei nº 11.942, de 2009)
Parágrafo único. São também requisitos
I – atendimento por pessoal qualificado, de básicos das dependências coletivas:
acordo com as diretrizes adotadas pela legislação
educacional e em unidades autônomas; e a) a seleção adequada dos presos;
(Incluído pela Lei nº 11.942, de 2009)
b) o limite de capacidade máxima que atenda os
objetivos de individualização da pena.

II – horário de funcionamento que garanta a


melhor assistência à criança e à sua responsável.
(Incluído pela Lei nº 11.942, de 2009)

Art. 90. A penitenciária de homens será


construída, em local afastado do centro urbano, à
distância que não restrinja a visitação.

JURISPRUDÊNCIA CORRETATA

Súmula vinculante 10-STF: Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, art. 97) a decisão de órgão
fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo do Poder Público, afasta a sua incidência no todo ou em parte.

Súmula 642-STF: Não cabe ação direta de inconstitucionalidade de lei do Distrito Federal derivada da sua
competência legislativa municipal.

47
Súmula 614-STF: Somente o Procurador-Geral da Justiça tem legitimidade para propor ação direta
interventiva por inconstitucionalidade de Lei Municipal.

STF: É possível que uma emenda constitucional seja julgada formalmente inconstitucional se ficar
demonstrado que ela foi aprovada com votos “comprados” dos parlamentares e que esse número foi
suficiente para comprometer o resultado da votação

Em tese, é possível o reconhecimento de inconstitucionalidade formal no processo constituinte


reformador quando eivada de vício a manifestação de vontade do parlamentar no curso do devido processo
constituinte derivado, pela prática de ilícitos que infirmam a moralidade, a probidade administrativa e
fragilizam a democracia representativa. Caso concreto: ADEPOL ajuizou ADI pedindo a declaração de
inconstitucionalidade formal da EC 41/2003 e da EC 47/2005 sob o argumento de que elas foram aprovadas
com votos “comprados” de Deputados Federais condenados no esquema do “Mensalão” (AP 470). O STF
afirmou que, sob o aspecto formal, as emendas constitucionais devem respeitar o devido processo
legislativo, que inclui, entre outros requisitos, a observância dos princípios da moralidade e da probidade.
Assim, é possível o reconhecimento de inconstitucionalidade formal no processo de reforma constituinte
quando houver vício de manifestação de vontade do parlamentar, pela prática de ilícitos.Porém, para tanto,
é necessária a demonstração inequívoca de que, sem os votos viciados pela ilicitude, o resultado teria
sido outro. No caso, apenas sete Deputados foram condenados pelo Supremo na AP 470, por ficar
comprovado que eles participaram do esquema de compra e venda de votos e apoio político conhecido
como Mensalão. Portanto, o número comprovado de “votos comprados” não é suficiente para
comprometer as votações das ECs 41/2003 e 47/2005. Ainda que retirados os votos viciados, permanece
respeitado o rígido quórum estabelecido na Constituição Federal para aprovação de emendas
constitucionais, que é 3/5 em cada casa do Congresso Nacional. STF. Plenário. ADI 4887/DF, ADI 4888/DF
e ADI 4889/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/11/2020 (Info 998).

STF: Entidade de classe que representa apenas parte da categoria profissional (e não a sua totalidade),
não pode ajuizar ADI/ADC

A entidade que não representa a totalidade de sua categoria profissional não possui legitimidade ativa
para ajuizamento de ações de controle concentrado de constitucionalidade. Por esse motivo, a Federação
Nacional do Fisco Estadual e Distrital - FENAFISCO não tem legitimidade para a propositura de ADI na
medida em que constitui entidade representativa de apenas parte de categoria profissional, já que não
abrange os auditores fiscais federais e municipais. STF. Plenário. ADI 6465 AgR/DF, Rel. Min. Alexandre
de Moraes, julgado em 19/10/2020 (Info 995).

As hipóteses de impedimento e suspeição restringem-se aos processos subjetivos; logo, não se aplicam,
ordinariamente, ao processo de fiscalização concentrada de constitucionalidade

48
Não há impedimento, nem suspeição de ministro, nos julgamentos de ações de controle concentrado,
exceto se o próprio ministro firmar, por razões de foro íntimo, a sua não participação. STF. Plenário. ADI
6362/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 2/9/2020 (Info 989).

A decisão do Relator que INADMITE o ingresso do amicus curiae é recorrível?

Direito Constitucional Controle de constitucionalidade Amicus curiae

Origem: STF

É recorrível a decisão denegatória de ingresso no feito como amicus curiae. É possível a impugnação
recursal por parte de terceiro, quando denegada sua participação na qualidade de amicus curiae. STF.
Plenário. ADI 3396 AgR/DF, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 6/8/2020 (Info 985). Vale ressaltar que
existem decisões em sentido contrário e que o tema não está pacificado. Nesse sentido: Tanto a decisão
do Relator que ADMITE como a que INADMITE o ingresso do amicus curiae é irrecorrível (STF. Plenário.
RE 602584 AgR/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgado em 17/10/2018. Info
920).

Pessoa física não pode ser amicus curiae em ação de controle concentrado de constitucionalidade

Direito Constitucional Controle de constitucionalidade Amicus curiae

Origem: STF

A pessoa física não tem representatividade adequada para intervir na qualidade de amigo da Corte em
ação direta. STF. Plenário. ADI 3396 AgR/DF, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 6/8/2020 (Info 985).

Para ser considerada entidade de classe de âmbito nacional e, assim, ter legitimidade para propor ações
de controle abstrato de constitucionalidade, é necessário que a entidade possua associados em pelo
menos 9 Estados-membros

Direito Constitucional Controle de constitucionalidade Legitimidade

Origem: STF

49
A CF/88 e a lei preveem que a “entidade de classe de âmbito nacional” possui legitimidade para propor
ADI, ADC e ADPF. A jurisprudência do STF, contudo, afirma que apenas as entidades de classe com
associados ou membros em pelo menos 9 (nove) Estados da Federação dispõem de legitimidade ativa
para ajuizar ação de controle abstrato de constitucionalidade. Assim, não basta que a entidade declare no
seu estatuto ou ato constitutivo que possui caráter nacional. É necessário que existam associados ou
membros em pelo menos 9 (nove) Estados da Federação. Isso representa 1/3 dos Estados-membros/DF.
Trata-se de um critério objetivo construído pelo STF com base na aplicação analógica da Lei Orgânica dos
Partidos Políticos (art. 7º, § 1º, da Lei nº 9.096/95). STF. Plenário. ADI 3287, Rel. Marco Aurélio, Relator p/
Acórdão Ricardo Lewandowski, julgado em 05/08/2020 (Info 988 – clipping).

É possível a intervenção de amicus curiae em processos subjetivos

Direito Constitucional Controle de constitucionalidade Amicus curiae

Origem: STJ

É possível a intervenção de amicus curiae em processos subjetivos? SIM, no entanto, de forma


excepcional. O ingresso de amicus curiae é previsto para as ações de natureza objetiva, sendo excepcional
a admissão no processo subjetivo quando a multiplicidade de demandas similares indicar a generalização
do julgado a ser proferido. STJ. 2ª Turma. AgInt na PET no REsp 1700197/SP, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 19/06/2018. É imprescindível a demonstração, pela entidade pretendente a colaborar
com a Corte, de que não está a defender interesse privado, mas, isto sim, relevante interesse público Isso
porque, não se trata de uma intervenção de terceiros, e sim de um ato de admissão informal de um
colaborador da corte. STJ. 4ª Turma. EDcl no REsp 1733013/PR, Rel. Min. Luís Felipe Salomão, julgado em
29/06/2020.

Procurador público possui capacidade postulatória para interpor recurso extraordinário em ação de
controle concentrado de constitucionalidade, desde que o legitimado tenha outorgado poderes

Direito Constitucional Controle de constitucionalidade Aspectos procedimentais da ADI

Origem: STF

Os procuradores públicos têm capacidade postulatória para interpor recursos extraordinários contra
acórdãos proferidos em sede de ação de controle concentrado de constitucionalidade, nas hipóteses em
que o legitimado para a causa outorgue poderes aos subscritores das peças recursais. STF. Plenário. RE
1068600 AgR-ED-EDv/RN, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 4/6/2020 (Info 980).

50
É cabível o ajuizamento de ADPF contra interpretação judicial de que possa resultar lesão a preceito
fundamental

Direito Constitucional Controle de constitucionalidade ADPF

Origem: STF

Cabe ADPF contra o conjunto de decisões judiciais que determinam medidas de constrição judicial em
desfavor do Estado-membro, das Caixas Escolares ou das Unidades Descentralizadas de Execução da
Educação UDEs e que recaiam sobre verbas destinadas à educação. STF. Plenário. ADPF 484/AP, Rel. Min.
Luiz Fux, julgado em 4/6/2020 (Info 980).

É possível o aditamento da petição inicial da ADI para a inclusão de novos dispositivos legais?

Direito Constitucional Controle de constitucionalidade Aspectos procedimentais da ADI

Origem: STF

O aditamento à petição inicial da ação direta de inconstitucionalidade para que sejam incluídos novos
dispositivos legais somente é possível nas hipóteses em que a inclusão da nova impugnação: a) dispense
a requisição de novas informações e manifestações; e b) não prejudique o cerne da ação. Assim, por
exemplo, se o autor, depois que o processo já está em curso, pede a inclusão no objeto da ADI de novos
dispositivos legais que ampliam o escopo da ação, esse aditamento deve ser indeferido porque isso
exigiria que novos pedidos de informações à Assembleia Legislativa ou ao Congresso Nacional, bem como
novas manifestações da Advocacia-Geral da União e da Procuradoria-Geral da República, o que violaria
os princípios da economia e da celeridade processuais. Ademais, a inclusão dos dispositivos prejudicaria
o objeto da ação direta, na medida em que ampliaria o seu escopo. STF. Plenário. ADI 1926, Rel. Roberto
Barroso, julgado em 20/04/2020.

Lei estadual que modifique os limites geográficos de Município pode ser objeto de ADI

Direito Constitucional Controle de constitucionalidade Objeto da ADI

Origem: STF

51
Lei estadual que dispõe sobre criação, incorporação, fusão ou desmembramento de municípios possui
natureza normativa e abstrata, desafiando o controle concentrado. STF. Plenário. ADI 1825, Rel. Min. Luiz
Fux, julgado em 15/04/2020 (Info 978).

Procuração com poderes específicos para o ajuizamento de ADI e possibilidade de que esse vício seja
sanado

Direito Constitucional Controle de constitucionalidade Aspectos procedimentais da ADI

Origem: STF

O advogado que assina a petição inicial da ação direta de inconstitucionalidade precisa de procuração com
poderes específicos. A procuração deve mencionar a lei ou ato normativo que será impugnado na ação.
Repetindo: não basta que a procuração autorize o ajuizamento de ADI, devendo indicar, de forma
específica, o ato contra o qual se insurge. Caso esse requisito não seja cumprido, a ADI não será conhecida.
Vale ressaltar, contudo, que essa exigência constitui vício sanável e que é possível a sua regularização
antes que seja reconhecida a carência da ação. STF. Plenário. ADI 6051, Rel. Cármen Lúcia, julgado em
27/03/2020.

Ilegitimidade do amicus curiae para pleitear medida cautelar

Direito Constitucional Controle de constitucionalidade Amicus curiae

Origem: STF

O amicus curiae não tem legitimidade para propor ação direta; logo, também não possui legitimidade para
pleitear medida cautelar. Assim, a entidade que foi admitida como amicus curiae em ADPF não tem
legitimidade para, no curso do processo, formular pedido para a concessão de medida cautelar. STF.
Plenário. ADPF 347 TPI-Ref/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 18/3/2020 (Info 970).

Relator não pode, de ofício, na ADPF que trata sobre o Estado de Coisas Inconstitucional dos presídios,
determinar medidas para proteger os presos do Covid-19

Direito Constitucional Controle de constitucionalidade ADPF

52
Origem: STF

A decisão do Ministro Relator que, de ofício, na ADPF que trata sobre o Estado de Coisas Inconstitucional
no sistema prisional, determina medidas para proteger os presos do Covid-19 amplia indevidamente o
objeto da ação. É certo que no controle abstrato de constitucionalidade, a causa de pedir é aberta. No
entanto, o pedido é específico. Nenhum dos pedidos da ADPF 347 está relacionado com as questões
inerentes à prevenção do Covid-19 nos presídios. Não é possível, portanto, a ampliação do pedido cautelar
já apreciado anteriormente. A Corte está limitada ao pedido. Aceitar a sua ampliação equivale a agir de
ofício, sem observar a legitimidade constitucional para propositura da ação. Ademais, em que pese a
preocupação de todos em relação ao Covid-19 nas penitenciárias, a medida cautelar, ao conclamar os
juízes de execução, determina, fora do objeto da ADPF, a realização de megaoperação para analisar
detalhadamente, em um único momento, todas essas possibilidades e não caso a caso, como recomenda
o Conselho Nacional de Justiça. O STF entendeu que, neste momento, o Poder Judiciário deve seguir as
recomendações sobre a questão emitidas pelo Conselho Nacional de Justiça CNJ e por portaria conjunta
dos Ministérios da Saúde e da Justiça. Para evitar a disseminação do novo coronavírus nas prisões, o CNJ
recomendou a análise de situações de risco caso a caso. A Recomendação 62/2020 do CNJ traz
orientações aos Tribunais e aos magistrados quanto à adoção de medidas preventivas contra a
propagação do Covid-19 no âmbito dos sistemas de justiça penal e socioeducativo. STF. Plenário. ADPF
347 TPI-Ref/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 18/3/2020
(Info 970).

Viola a cláusula de reserva de plenário e a SV 10 a decisão de órgão fracionário do Tribunal que permite
que empresa comercialize produtos em desacordo com as regras previstas em Decreto federal, sob o
argumento de que este ato normativo violaria o princípio da livre concorrência

Direito Constitucional Controle de constitucionalidade Cláusula de reserva de plenário

Origem: STF

O afastamento de norma legal por órgão fracionário, de modo a revelar o esvaziamento da eficácia do
preceito, implica contrariedade à cláusula de reserva de plenário e ao Enunciado 10 da Súmula Vinculante.
Caso concreto: a 4ª Turma do TRF da 1ª Região, ou seja, um órgão fracionário do TRF1, ao julgar apelação,
permitiu que uma empresa comercializasse determinada espécie de cigarro mesmo isso sendo contrário
às regras do Decreto nº 7.212/2010. Embora não tenha declarado expressamente a inconstitucionalidade
do Decreto, a 4ª Turma afirmou que ele seria contrário ao princípio da livre concorrência, que é previsto
no art. 170, IV, da CF/88. Ao desobrigar a empresa de cumprir as regras do decreto afirmando que ele
violaria o princípio da livre iniciativa, o que a 4ª Turma fez foi julgar o decreto inconstitucional. Ocorre que
isso deveria ter sido feito respeitando-se a cláusula de reserva de plenário, conforme explicitado na SV
10: Súmula vinculante 10-STF: Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, art. 97) a decisão de órgão

53
fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo do Poder Público, afasta a sua incidência no todo ou em parte. STF. 1ª Turma. RE 635088 AgR-
segundo/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 4/2/2020 (Info 965).

O Procurador da Câmara Municipal dispõe de legitimidade para interpor recurso extraordinário contra
acórdão de Tribunal de Justiça proferido em representação de inconstitucionalidade em defesa de lei ou
ato normativo estadual ou municipal

Direito Constitucional Controle de constitucionalidade Legitimidade

Origem: STF

Os Procuradores (do Estado, do Município, da ALE, da Câmara etc.) possuem legitimidade para a
interposição de recursos em ação direta de inconstitucionalidade. STF. 2ª Turma. RE 1126828 AgR/SP, rel.
orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, julgado em 4/2/2020 (Info 965).

É possível, em tese, o ajuizamento de ADI contra deliberação administrativa de tribunal, desde que ela
tenha conteúdo normativo com generalidade e abstração, devendo, contudo, em regra, a ação ser julgada
prejudicada caso essa decisão administrativa seja revogada

Direito Constitucional Controle de constitucionalidade Objeto da ADI

Origem: STF

É cabível ação direta de inconstitucionalidade contra deliberação administrativa do Tribunal que determina
o pagamento de reajuste decorrente da conversão da URV em reais (“plano real”) aos magistrados e
servidores. Depois que a ADI foi proposta, e antes que fosse julgada, o TRT decidiu revogar essa
deliberação administrativa. Diante disso, indaga-se: o mérito da ação foi julgado? NÃO. Em decorrência da
revogação da deliberação, o STF julgou prejudicada a ADI, por perda superveniente de objeto. STF.
Plenário. ADI 1244 QO-QO/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/12/2019 (Info 964).

Exige-se quórum de maioria absoluta dos membros do STF para modular os efeitos de decisão proferida
em julgamento de recurso extraordinário no caso em que não tenha havido declaração de
inconstitucionalidade

54
Direito Constitucional Controle de constitucionalidade Modulação de efeitos da decisão

Origem: STF

Exige-se quórum de MAIORIA ABSOLUTA dos membros do STF para modular os efeitos de decisão
proferida em julgamento de recurso extraordinário repetitivo, com repercussão geral, no caso em que
NÃO tenha havido declaração de inconstitucionalidade da lei ou ato normativo. Qual é o quórum para que
o STF, no julgamento de recurso extraordinário repetitivo, com repercussão geral reconhecida, faça a
modulação dos efeitos da decisão? • Se o STF declarou a lei ou ato inconstitucional: 2/3 dos membros. • Se
o STF não declarou a lei ou ato inconstitucional: maioria absoluta. STF. Plenário. RE 638115 ED-ED/CE, Rel.
Min. Gilmar Mendes, julgado em 18/12/2019 (Info 964).

Uma lei que tenha destinatários determináveis continua possuindo caráter abstrato e geral e pode ser
impugnada por meio de ADI

Direito Constitucional Controle de constitucionalidade Objeto da ADI

Origem: STF

O fato de uma lei possuir destinatários determináveis não retira seu caráter abstrato e geral, tampouco a
transforma em norma de efeitos concretos. STF. 1ª Turma. RE 1186465 AgR/TO, Rel. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 8/10/2019 (Info 955).

Mesmo que uma lei seja fruto de acordo homologado judicialmente, ela poderá ser objeto de ADI, não
havendo violação da coisa julgada material

Direito Constitucional Controle de constitucionalidade Objeto da ADI

Origem: STF

Foi proposta ADI contra lei municipal. O TJ não conheceu da ação sob o argumento de que a lei impugnada
seria fruto de um acordo homologado judicialmente. Logo, não seria possível rediscutir a matéria por meio
de ação direta de inconstitucionalidade, considerando que haveria violação à coisa julgada material. O STF
concordou com essa conclusão? NÃO. O fato de a lei ter sido aplicada em casos concretos, com decisões
transitadas em julgado, em nada interfere na possibilidade dessa mesma norma ser analisada,
abstratamente, em sede de ação direta de inconstitucionalidade. Acordos homologados judicialmente

55
jamais podem afastar o controle concentrado de constitucionalidade das leis. STF. 1ª Turma. RE 1186465
AgR/TO, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 8/10/2019 (Info 955).

QUESTÕES DE CONCURSOS

1. Ano: 2016 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: Câmara de Rio Branco - AC Prova:
INSTITUTO AOCP - 2016 - Câmara de Rio Branco - AC - Analista Legislativo - Direito

Sobre o controle de constitucionalidade, é correto afirmar que

A) a declaração de inconstitucionalidade não pode recair sobre palavra ou expressão da


lei.
B) o controle difuso será sempre “erga omnes”.
C) o controle abstrato será sempre “ex tunc”.
D) no controle difuso, em se tratando do “leading case”, será sempre necessária a
observância da cláusula de reserva de plenário.
E) qualquer cidadão pode ajuizar ação direta de inconstitucionalidade.

2. Ano: 2017 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: Câmara de Maringá- PR Prova:


INSTITUTO AOCP - 2017 - Câmara de Maringá- PR - Advogado

Assinale a alternativa correta relativa de condicionalidade no Brasil.


A) O controle de constitucionalidade no Brasil, quando realizado repressivamente pelo
Poder Judiciário, é classificado como misto.

B) O controle de constitucionalidade no Brasil caracteriza-se por ser apenas de forma


repressiva, sendo, dessa forma, realizado como regra pelo Poder Legislativo.
C) O controle de constitucionalidade, repressivo, apenas poderá ser realizado pelo Poder
Judiciário.
D) No Brasil, admite-se a forma preventiva do controle de constitucionalidade, devendo
este ser realizado exclusivamente pelo Poder Executivo, através de veto jurídico.
E) O Congresso Nacional não poderá sustar os atos normativos do Poder Executivo que
exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa.

56
3. Ano: 2009 Banca: AOCP Órgão: CASAN

De acordo com as disposições da Constituição Federal, analise as assertivas e assinale


a alternativa correta.

I. Governador de Estado ou do Distrito Federal podem propor a ação direta de


inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade.
II. O Presidente da República e o Vice-Presidente podem propor a ação direta de
inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade.
III. O Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de
inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal
Federal.
IV. Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma
constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências
necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.

A) Apenas I e II.
B) Apenas I, II e III.
C) Apenas III e IV.
D)Apenas I, III e IV.
E) I, II, III e IV.

Ano: 2016 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: CISAMUSEP - PR Prova: INSTITUTO AOCP - 2016
- CISAMUSEP - PR - Advogado

4. Assinale a alternativa que, de acordo com o que dispõe a Constituição Federal,


apresenta 2 legitimados a propor Ação Direta de Inconstitucionalidade. A) A Presidente
da República e Prefeitos Municipais. B) Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
Brasil e Advogado Geral da União. C) Advogado Geral da União e Vice-Presidente da
República. D) Entidade de Classe Estudantil e Deputado Federal. E$ Procurador-Geral
da República e Governador de Estado.

5. Ano: 2017 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: Prefeitura de Pinhais - PR Prova: INSTITUTO
AOCP - 2017 - Prefeitura de Pinhais - PR - Analista Fiscal de Tributos Municipais

Assinale a alternativa correta acerca dos sistemas de controle de constitucionalidade.


A) Pelo Sistema brasileiro, a declaração de inconstitucionalidade de lei compete, no
âmbito do controle jurisdicional difuso, somente ao STJ.

57
B) Pelo Sistema brasileiro, a declaração de inconstitucionalidade de lei compete, no
âmbito do controle jurisdicional difuso, somente ao STF.
C) Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de
norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que
defenderá o ato ou texto impugnado.
D) Estão legitimados para propor Ação Direta De Inconstitucionalidade, por ofensa à
Constituição Federal, dentre outros, o Presidente da República, a Mesa do Senado
Federal e os Conselhos Seccionais da OAB.
E) Súmula vinculante editada pelo Supremo Tribunal Federal também pode ser objeto de
Ação Direta de Inconstitucionalidade.

6. (MP-PB – Promotor de Justiça – FCC – 2018) No Direito Constitucional brasileiro, o


controle preventivo de constitucionalidade

a) pode ser levado a efeito por meio de mandado de segurança impetrado por qualquer
cidadão contra proposta de emenda à constituição.
b) ocorre no âmbito das casas parlamentares e quando da sanção ou veto, não existindo
na esfera judicial.
c) tem natureza marcadamente política, mesmo quando levado a efeito em juízo, porque
atua ainda quando do processo de elaboração normativa.
d) é realizado por meio de mecanismos difusos e concentrados em geral de controle de
constitucionalidade.
e) implica a impossibilidade de derrubada de veto levado a efeito nos termos de
jurisprudência vinculante do Supremo Tribunal Federal.

7. (Delegado de Polícia Federal – CESPE – 2013) A respeito dos direitos fundamentais e


do controle de constitucionalidade, julgue o item que se segue.
Considerando o controle de constitucionalidade no ordenamento jurídico pátrio, julgue o
item subsecutivo.

De acordo com entendimento do STF, no controle difuso de constitucionalidade, os


tribunais não podem aplicar a denominada interpretação conforme a CF sem a
observância da cláusula de reserva de plenário.

Certo ( )
Errado ( )

9. (PC-DF – Delegado de Polícia – FUNIVERSA – 2015) A respeito do sistema brasileiro


de controle de constitucionalidade, assinale a alternativa correta.

58
a) Suponha-se que um órgão fracionário de um tribunal regional federal entenda que
uma lei, que se aplica ao caso, é inconstitucional e que, portanto, não deve ser aplicada
no caso concreto. Nesse caso, o tribunal regional federal deverá atentar para a cláusula
de reserva de plenário.
b) No âmbito do controle difuso de constitucionalidade, somente as leis federais podem
ser objeto de decisão em julgamento do STF.
c) De acordo com o STF, no que se refere ao controle concentrado, a constituição
brasileira adotou a tese da inconstitucionalidade superveniente, ou seja, será
inconstitucional a norma inferior incompatível com a nova regra constitucional.
d) O sistema de controle difuso brasileiro adotou a teoria da nulidade, isto é, a declaração
de inconstitucionalidade terá eficácia ex tunc, não se permitindo a modulação dos
efeitos.
e) No controle constitucional difuso, há a possibilidade de participação do Senado
Federal, que pode, por meio de decreto legislativo, suspender, no todo ou em parte, a lei
declarada formalmente inconstitucional por decisão definitiva do STF.
10. (PC-MS – Delegado de Polícia – FAPEMS – 2017 – ADAPTADA) No âmbito do controle
difuso-concreto de constitucionalidade brasileiro, tem-se que a inconstitucionalidade da
norma objeto do caso concreto não pode ser reconhecida de ofício pelo magistrado.

Certo ( )
Errado ( )

11. (MP-GO – Promotor de Justiça Substituto – 2016) A respeito do controle difuso de


constitucionalidade, assinale a alternativa incorreta:

a) Por meio do controle difuso de constitucionalidade é possível aferir a compatibilidade


de direito pré- constitucional para com a Constituição Federal de 1988, o que não se
mostra possível em sede de controle concentrado, a menos que o instrumento
processual seja a Ação de descumprimento de preceito fundamental.
b) É viável o controle difuso de constitucionalidade sobre lei ou ato normativo municipal
que contraria a Constituição da República.
c) É cabível, no sistema brasileiro, o controle difuso de constitucionalidade sobre normas
constitucionais originárias, resultantes da Assembleia Nacional Constituinte de 1988.
d) Membros do Ministério Público que atuem em processo judicial possuem legitimidade
para pleitear, incidentalmente, declaração difusa de inconstitucionalidade.

12. (MP-BA – Promotor de Justiça – 2018 – ADAPTADA) No sistema constitucional


brasileiro, o controle de constitucionalidade repressivo compete apenas ao Poder

59
Judiciário, ao passo que o controle de constitucionalidade preventivo é de atribuição dos
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Certo ( )
Errado ( )

13. (TJ-AC – Juiz de Direito – 2019 – VUNESP) Na hipótese de um parlamentar que


impetrou mandado de segurança perante o STF com o objetivo de impugnar projeto de
lei eivado de inconstitucionalidade por ofensa ao devido processo legislativo, mas que,
posteriormente, venha a perder o mandato parlamentar, é correto afirmar que

a) o Procurador-Geral da República deve assumir a titularidade do mandado de


segurança.
b) o writ deve ser declarado extinto.
c) deve ser dada a oportunidade aos demais legitimados constitucionais a assumir o polo
ativo da ação mandamental.
d) o mandado de segurança deve ter seu regular prosseguimento, continuando o ex-
parlamentar no polo ativo.

14. (TJ-SP – Juiz de Direito – 2018 – VUNESP) É possível afirmar que, no sistema
constitucional brasileiro,

a) embora o controle repressivo de constitucionalidade seja, em regra, exercido pelo


Judiciário, existem exceções, uma delas correspondente ao juízo sobre a
constitucionalidade das medidas provisórias que cada uma das Casas do Congresso
Nacional realiza antes de deliberar sobre o seu mérito.
b) de acordo com a jurisprudência do STF, têm legitimidade para a impetração de
mandado de segurança com o objetivo de impedir desvios institucionais na elaboração
dos atos normativos os mesmos legitimados pelo artigo 103 da Constituição para a
propositura de ação direta de inconstitucionalidade.
c) embora o controle preventivo de constitucionalidade seja exercido, em regra, como
fase própria do processo legislativo, existe também previsão constitucional de seu
exercício por órgão jurisdicional, em via mandamental ou de ação direta de
inconstitucionalidade.
d) de acordo com a jurisprudência do STF, o mandado de segurança pode ser utilizado
para impedir a tramitação de projeto de lei ou proposta de emenda constitucional que
contenha vício de inconstitucionalidade formal ou material.

60
15. (FCC - 2018 - Câmara Legislativa do Distrito Federal - Inspetor de Polícia Legislativa)
À luz do sistema constitucional vigente, o Poder Judiciário exercerá o controle
repressivo da constitucionalidade da lei federal, em face da Constituição Federal,

A) exclusivamente pela via da ação direta de inconstitucionalidade proposta pelas


pessoas autorizadas pela Constituição Federal, como o Procurador-Geral da República.
B) exclusivamente pela via da ação declaratória de constitucionalidade proposta pelas
pessoas autorizadas pela Constituição Federal, como o Presidente da República.
C) em caráter difuso, pelos juízes e tribunais, evidentemente nos processos submetidos
à sua apreciação, ou em caráter concentrado, exclusivamente pelo Supremo Tribunal
Federal.
D) exclusivamente em caráter concentrado, pelo Supremo Tribunal Federal, em sede de
recurso extraordinário, quando a decisão recorrida houver declarado a
inconstitucionalidade da lei.
E) pela via das ações diretas de inconstitucionalidade e ações declaratórias de
constitucionalidade, sendo que as decisões de mérito, proferidas apenas nas primeiras,
produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante circunscrito aos demais órgãos do
Poder Judiciário.

QUESTÕES COMENTADAS

1. Ano: 2016 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: Câmara de Rio Branco - AC Prova:
INSTITUTO AOCP - 2016 - Câmara de Rio Branco - AC - Analista Legislativo - Direito

Sobre o controle de constitucionalidade, é correto afirmar que

A) a declaração de inconstitucionalidade não pode recair sobre palavra ou expressão da


lei.
B) o controle difuso será sempre “erga omnes”.
C) o controle abstrato será sempre “ex tunc”.
D) no controle difuso, em se tratando do “leading case”, será sempre necessária a
observância da cláusula de reserva de plenário.
E) qualquer cidadão pode ajuizar ação direta de inconstitucionalidade.

Gabarito D
A banca anotou esse item como gabarito, mas existem algumas exceções, como a
previsão do art. 949, parágrafo único, do CPC, que prevê: “os órgãos fracionários dos

61
tribunais não submeterão ao plenário ou ao órgão especial a arguição de
inconstitucionalidade quando já houver pronunciamento destes ou do plenário do
Supremo Tribunal Federal sobre a questão”.
a) não há condição para a declaração de nulidade em sede de controle de
constitucionalidade. Não se estende a vedação relativa ao veto.
b) será em regra “inter partes”.
c) em regra “ex tunc”, mas se admite modulação temporal de efeitos.
e) o coração não está entre os legitimados para propor ADI, conforme rol taxativo do art.
103 da CF.

2. Ano: 2017 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: Câmara de Maringá- PR Prova:


INSTITUTO AOCP - 2017 - Câmara de Maringá- PR - Advogado

Assinale a alternativa correta relativa de condicionalidade no Brasil.


A) O controle de constitucionalidade no Brasil, quando realizado repressivamente pelo
Poder Judiciário, é classificado como misto.

B) O controle de constitucionalidade no Brasil caracteriza-se por ser apenas de forma


repressiva, sendo, dessa forma, realizado como regra pelo Poder Legislativo.
C) O controle de constitucionalidade, repressivo, apenas poderá ser realizado pelo Poder
Judiciário.
D) No Brasil, admite-se a forma preventiva do controle de constitucionalidade, devendo
este ser realizado exclusivamente pelo Poder Executivo, através de veto jurídico.
E) O Congresso Nacional não poderá sustar os atos normativos do Poder Executivo que
exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa.

Gabarito A
A questão está se referindo à classificação que adora os modelos de controle. O controle
judiciário repressivo é misto porque pode se dar de forma difusa ou concentrada.

3. Ano: 2009 Banca: AOCP Órgão: CASAN

De acordo com as disposições da Constituição Federal, analise as assertivas e assinale


a alternativa correta.

I. Governador de Estado ou do Distrito Federal podem propor a ação direta de


inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade.

62
II. O Presidente da República e o Vice-Presidente podem propor a ação direta de
inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade.
III. O Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de
inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal
Federal.
IV. Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma
constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências
necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.

A) Apenas I e II.
B) Apenas I, II e III.
C) Apenas III e IV.
D)Apenas I, III e IV.
E) I, II, III e IV.

Gabarito D.
I - Correto. Art. 103, V, CF.
II - Errado. Art. 103, I, CF. Vice-Presidente não é legitimado.
III - Correto. Art.
103, parágrafo 1º,
CF.
IV - Art. 103, parágrafo 2°, da CF.

Ano: 2016 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: CISAMUSEP - PR Prova: INSTITUTO AOCP - 2016
- CISAMUSEP - PR - Advogado

4. Assinale a alternativa que, de acordo com o que dispõe a Constituição Federal,


apresenta 2 legitimados a propor Ação Direta de Inconstitucionalidade. A) A Presidente
da República e Prefeitos Municipais. B) Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
Brasil e Advogado Geral da União. C) Advogado Geral da União e Vice-Presidente da
República. D) Entidade de Classe Estudantil e Deputado Federal. E$ Procurador-Geral
da República e Governador de Estado.

Gabarito E.
Art. 103, V e VI da CF

5. Ano: 2017 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: Prefeitura de Pinhais - PR Prova: INSTITUTO
AOCP - 2017 - Prefeitura de Pinhais - PR - Analista Fiscal de Tributos Municipais
63
Assinale a alternativa correta acerca dos sistemas de controle de constitucionalidade.
A) Pelo Sistema brasileiro, a declaração de inconstitucionalidade de lei compete, no
âmbito do controle jurisdicional difuso, somente ao STJ.
B) Pelo Sistema brasileiro, a declaração de inconstitucionalidade de lei compete, no
âmbito do controle jurisdicional difuso, somente ao STF.
C) Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de
norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que
defenderá o ato ou texto impugnado.
D) Estão legitimados para propor Ação Direta De Inconstitucionalidade, por ofensa à
Constituição Federal, dentre outros, o Presidente da República, a Mesa do Senado
Federal e os Conselhos Seccionais da OAB.
E) Súmula vinculante editada pelo Supremo Tribunal Federal também pode ser objeto de
Ação Direta de Inconstitucionalidade.

Gabarito: C
AGU funcionará como o”defensor legis (Art. 103, “parágrafo terceiro, CF.
A e B) qualquer juiz ou Tribunal pode realizar controle difuso.
D) os conselhos seccionais não são legitimados.
E) não pode. Há outros meios de controle da súmula vinculantes

6. (MP-PB – Promotor de Justiça – FCC – 2018) No Direito Constitucional brasileiro, o


controle preventivo de constitucionalidade

a) pode ser levado a efeito por meio de mandado de segurança impetrado por qualquer
cidadão contra proposta de emenda à constituição.
b) ocorre no âmbito das casas parlamentares e quando da sanção ou veto, não existindo
na esfera judicial.
c) tem natureza marcadamente política, mesmo quando levado a efeito em juízo, porque
atua ainda quando do processo de elaboração normativa.
d) é realizado por meio de mecanismos difusos e concentrados em geral de controle de
constitucionalidade.
e) implica a impossibilidade de derrubada de veto levado a efeito nos termos de
jurisprudência vinculante do Supremo Tribunal Federal.

GABARITO C.
Correto. Inclusive esse é o grande motivo do controle jurídico preventivo ser tão
excepcional.

64
a) o MS tem como único legitimado o parlamentar.
b) existe na esfera judicial, mas é excepcional. MS impetrado por parlamentar para
tutelar o direito dos parlamentares a um processo legislativo hígido ou,
excepcionalmente no caso das PECs, para discutir ofensa às cláusulas pétreas.
d) Não. A vida adequada é MP. Esses métodos são repressivos.
e) Não há relação entre o controle preventivo e o controle do veto pelo controle do veto
pelo Congresso Nacional. São duas prerrogativas autônomas.

7. (Delegado de Polícia Federal – CESPE – 2013) A respeito dos direitos fundamentais e


do controle de constitucionalidade, julgue o item que se segue.
Considerando o controle de constitucionalidade no ordenamento jurídico pátrio, julgue o
item subsecutivo.

De acordo com entendimento do STF, no controle difuso de constitucionalidade, os


tribunais não podem aplicar a denominada interpretação conforme a CF sem a
observância da cláusula de reserva de plenário.

Certo ( )
Errado ( )

GABARITO ERRADO.
É possível aplicar a interpretação conforme sem a necessidade de submeter a demanda
à clausula de reserva de plenário.

9. (PC-DF – Delegado de Polícia – FUNIVERSA – 2015) A respeito do sistema brasileiro


de controle de constitucionalidade, assinale a alternativa correta.

a) Suponha-se que um órgão fracionário de um tribunal regional federal entenda que


uma lei, que se aplica ao caso, é inconstitucional e que, portanto, não deve ser aplicada
no caso concreto. Nesse caso, o tribunal regional federal deverá atentar para a cláusula
de reserva de plenário.
b) No âmbito do controle difuso de constitucionalidade, somente as leis federais podem
ser objeto de decisão em julgamento do STF.
c) De acordo com o STF, no que se refere ao controle concentrado, a constituição
brasileira adotou a tese da inconstitucionalidade superveniente, ou seja, será
inconstitucional a norma inferior incompatível com a nova regra constitucional.

65
d) O sistema de controle difuso brasileiro adotou a teoria da nulidade, isto é, a declaração
de inconstitucionalidade terá eficácia ex tunc, não se permitindo a modulação dos
efeitos.
e) No controle constitucional difuso, há a possibilidade de participação do Senado
Federal, que pode, por meio de decreto legislativo, suspender, no todo ou em parte, a lei
declarada formalmente inconstitucional por decisão definitiva do STF.

GABARITO A.
b) O objeto é amplo, não se restringindo às leis federais, é nem sequer às leis. Não
existem restrições quando à natureza do ato questionado (primário ou secundário;
normativo ou não normativo), nem quanto ao âmbito de sua emanação (federal, estadual
ou municipal). Não importa, ainda, se o ato já foi revogado, se exauriu seus efeitos ou se
é anterior à constituição em vigor.
c) O Brasil não adotou a tese da inconstitucionalidade superveniente.
d) Permite-se a modulação dos efeitos (art. 27, da Lei nº. 9868/99).
e) O instrumento correto é a Resolução. Atualmente, há outro erro na questão: o “pode”.
Já se sabe que, segundo entendimento do STF, o Senado Federal não tem mais
discricionariedade de suspender, ou não, a lei. Ele apenas publica a decisão do STF.

10. (PC-MS – Delegado de Polícia – FAPEMS – 2017 – ADAPTADA) No âmbito do controle


difuso-concreto de constitucionalidade brasileiro, tem-se que a inconstitucionalidade da
norma objeto do caso concreto não pode ser reconhecida de ofício pelo magistrado.

Certo ( )
Errado ( )

GABARITO ERRADO.
A legitimidade para inaugurar o controle difuso de constitucionalidade é ampla.
Enquadram-se nesse rol de autores quaisquer pessoas, no exercício de seu direito
constitucional de ação – partes e terceiros intervenientes, o Ministério Público e até o
Juiz de ofício. Deve-se ressaltar que, no recurso extraordinário, não é possível a
declaração de inconstitucionalidade ex officio, pois deve ter havido prévio
prequestionamento.

11. (MP-GO – Promotor de Justiça Substituto – 2016) A respeito do controle difuso de


constitucionalidade, assinale a alternativa incorreta:

66
a) Por meio do controle difuso de constitucionalidade é possível aferir a compatibilidade
de direito pré- constitucional para com a Constituição Federal de 1988, o que não se
mostra possível em sede de controle concentrado, a menos que o instrumento
processual seja a Ação de descumprimento de preceito fundamental.
b) É viável o controle difuso de constitucionalidade sobre lei ou ato normativo municipal
que contraria a Constituição da República.
c) É cabível, no sistema brasileiro, o controle difuso de constitucionalidade sobre normas
constitucionais originárias, resultantes da Assembleia Nacional Constituinte de 1988.
d) Membros do Ministério Público que atuem em processo judicial possuem legitimidade
para pleitear, incidentalmente, declaração difusa de inconstitucionalidade.

GABARITO C.
Não é admissível qualquer tipo de controle de constitucionalidade sobre as normas
constitucionais originárias.

12. (MP-BA – Promotor de Justiça – 2018 – ADAPTADA) No sistema constitucional


brasileiro, o controle de constitucionalidade repressivo compete apenas ao Poder
Judiciário, ao passo que o controle de constitucionalidade preventivo é de atribuição dos
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Certo ( )
Errado ( )

GABARITO ERRADO.
Admite-se controle judicial-repressivo e político-repressivo, bem como judicial-
preventivo e político-preventivo.

13. (TJ-AC – Juiz de Direito – 2019 – VUNESP) Na hipótese de um parlamentar que


impetrou mandado de segurança perante o STF com o objetivo de impugnar projeto de
lei eivado de inconstitucionalidade por ofensa ao devido processo legislativo, mas que,
posteriormente, venha a perder o mandato parlamentar, é correto afirmar que

a) o Procurador-Geral da República deve assumir a titularidade do mandado de


segurança.
b) o writ deve ser declarado extinto.
c) deve ser dada a oportunidade aos demais legitimados constitucionais a assumir o polo
ativo da ação mandamental.
d) o mandado de segurança deve ter seu regular prosseguimento, continuando o ex-
parlamentar no polo ativo.
67
GABARITO B.
A perda superveniente da condição de parlamentar acarreta a extinção da ação em
virtude da ausência superveniente de legitimidade ativa ad causam (STF MS 27971).
Lembre-se que o mesmo não ocorre em relação à ação direta de inconstitucionalidade.
Nesta, a perda superveniente da condição de parlamentar não impede o prosseguimento
do feito (pegadinha de concurso!).

14. (TJ-SP – Juiz de Direito – 2018 – VUNESP) É possível afirmar que, no sistema
constitucional brasileiro,

a) embora o controle repressivo de constitucionalidade seja, em regra, exercido pelo


Judiciário, existem exceções, uma delas correspondente ao juízo sobre a
constitucionalidade das medidas provisórias que cada uma das Casas do Congresso
Nacional realiza antes de deliberar sobre o seu mérito.
b) de acordo com a jurisprudência do STF, têm legitimidade para a impetração de
mandado de segurança com o objetivo de impedir desvios institucionais na elaboração
dos atos normativos os mesmos legitimados pelo artigo 103 da Constituição para a
propositura de ação direta de inconstitucionalidade.
c) embora o controle preventivo de constitucionalidade seja exercido, em regra, como
fase própria do processo legislativo, existe também previsão constitucional de seu
exercício por órgão jurisdicional, em via mandamental ou de ação direta de
inconstitucionalidade.
d) de acordo com a jurisprudência do STF, o mandado de segurança pode ser utilizado
para impedir a tramitação de projeto de lei ou proposta de emenda constitucional que
contenha vício de inconstitucionalidade formal ou material.

GABARITO A.
b) o único legitimado é o parlamentar.
c) a única via é a mandamental. Não é possível controle preventivo por meio de ação
direta de inconstitucionalidade.
d) em relação a projeto de lei, apenas inconstitucionalidade formal. PEC admite
inconstitucionalidade formal ou material.

15. (FCC - 2018 - Câmara Legislativa do Distrito Federal - Inspetor de Polícia Legislativa)
À luz do sistema constitucional vigente, o Poder Judiciário exercerá o controle
repressivo da constitucionalidade da lei federal, em face da Constituição Federal,

68
A) exclusivamente pela via da ação direta de inconstitucionalidade proposta pelas
pessoas autorizadas pela Constituição Federal, como o Procurador-Geral da República.
B) exclusivamente pela via da ação declaratória de constitucionalidade proposta pelas
pessoas autorizadas pela Constituição Federal, como o Presidente da República.
C) em caráter difuso, pelos juízes e tribunais, evidentemente nos processos submetidos
à sua apreciação, ou em caráter concentrado, exclusivamente pelo Supremo Tribunal
Federal.
D) exclusivamente em caráter concentrado, pelo Supremo Tribunal Federal, em sede de
recurso extraordinário, quando a decisão recorrida houver declarado a
inconstitucionalidade da lei.
E) pela via das ações diretas de inconstitucionalidade e ações declaratórias de
constitucionalidade, sendo que as decisões de mérito, proferidas apenas nas primeiras,
produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante circunscrito aos demais órgãos do
Poder Judiciário.

GABARITO C.
O controle difuso pode ser exercido por qualquer Juiz ou Tribunal, de acordo com sua
competência, e sempre pela via de exceção. O controle concentrado é exercido apenas
pela STF, por via de ação, através de um processo constitucional objetivo, e com
legitimados previamente estabelecidos pela ordem constitucional (art. 103 da CF).

69

Você também pode gostar