Você está na página 1de 48

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO

Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)


Exercício 2022

7 de julho de 2023
Controladoria-Geral da União (CGU)
Secretaria Federal de Controle Interno (SFC)

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: Ministério da Previdência Social (MPS)
Unidade Auditada: Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)
Município/UF: Brasília/DF
Relatório de Avaliação: 1205146
Missão
Elevar a credibilidade do Estado por meio da participação social, do controle
interno governamental e do combate à corrupção em defesa da sociedade.

Avaliação
O trabalho de avaliação, como parte da atividade de auditoria interna, consiste
na obtenção e na análise de evidências com o objetivo de fornecer opiniões ou
conclusões independentes sobre um objeto de auditoria. Objetiva também
avaliar a eficácia dos processos de governança, de gerenciamento de riscos e de
controles internos relativos ao objeto e à Unidade Auditada, e contribuir para o
seu aprimoramento.
POR QUE A CGU REALIZOU ESSE TRABALHO?
QUAL FOI O TRABALHO
REALIZADO PELA CGU? A auditoria justificou-se em razão da relevância do
A auditoria teve como objeto o Programa Especial e do pagamento do bônus
pagamento de bônus aos servidores (BMOB/Terf) para a missão institucional e para o
ativos do INSS, pela análise atingimento dos objetivos do INSS. O bônus teve
extraordinária e conclusiva dos como objetivo aumentar a capacidade operacional do
processos selecionados para o órgão, por meio da remuneração por processo
Programa Especial para Análise de analisado, após cumprida a jornada ordinária, pelos
Benefícios com Indícios de servidores do INSS participantes do Programa
Irregularidade, instituído por meio da Especial. Foram dispendidos com o pagamento do
Medida Provisória nº 871, de bônus, no período de 2019-2022, R$ 292,5 milhões.
18.01.2019, convertida na Lei nº Foi considerada, ainda, a criticidade quanto às
13.846, de 18.06.2019. Nesse sentido, análises realizadas e bonificadas e a conformidade
buscou-se avaliar as medidas de quanto ao pagamento do bônus.
controle implementadas pelo INSS, QUAIS FORAM AS CONCLUSÕES E AS
tendo em vista os riscos pertinentes às RECOMENDAÇÕES DA CGU?
análises realizadas no âmbito do
Programa Especial, assim como as Verificou-se a implementação de controles por meio
possíveis inadequações normativas de regras de invalidação no Painel BMOB, abrangendo
para o pagamento do bônus. as tarefas executadas em jornada
ordinária/extraordinária, a situação cadastral, a
O escopo considerou o período de qualificação do servidor, e o atendimento do fluxo e
julho/2019 a dezembro/2022, análise das tarefas. Verificou-se análise de grande
abrangendo avaliações relacionadas número de tarefas com baixa contribuição para a
com as análises e bonificações do eficácia em relação ao alcance dos objetivos do
Programa Especial. Foram realizadas BMOB/Terf; pagamentos de bônus acarretando
avaliações de conformidade e dos remuneração em valor superior ao teto
controles implementados pelo INSS, constitucional; e redução da qualidade das análises
contemplando verificações sobre os dos processos do BMOB/Terf.
controles adotados para o
atendimento a exigências quanto aos Foi recomendado, entre outras medidas,
servidores candidatos ao Programa; implementar avaliação da qualidade para os
sobre o processo de pagamento do processos do BMOB/Terf; e definir ordem de
bônus, tendo em vista os riscos de prioridade para a análise de processos a serem
incorreções na bonificação; e acerca bonificados.
dos requisitos para inclusão dos
processos/tarefas no Programa
Especial.
Verificou-se, ainda, o tratamento dado
à avaliação da qualidade das análises
realizadas no contexto dos processos
bonificados e a avaliação do INSS sobre
os resultados alcançados pelo
Programa Especial.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AUDGER: Auditoria-Geral do Instituto Nacional do Seguro Social
BMOB: Bônus de Desempenho Institucional por Análise de Benefícios com Indícios de
Irregularidade do Monitoramento Operacional de Benefícios
CGMOB: Coordenação-Geral de Monitoramento e Cobrança Administrativa de Benefícios
CGRD: Coordenação-Geral de Reconhecimento de Direitos
CGREC: Coordenação-Geral de Relacionamento com o Cidadão
CGU: Controladoria-Geral da União
COBEN: Coordenações de Gestão de Benefícios
Constituição: Constituição da República de 1988
CRPS: Conselho de Recursos da Previdência Social
Dataprev: Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social
DIRBEN: Diretoria de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão
DIROFL: Diretoria de Orçamento, Finanças e Logística
FRGPS: Fundo do Regime Geral de Previdência Social
GET: Sistema de Gestão de Tarefas
GTAPE: Grupo de Trabalho para Acompanhamento e Avaliação do Programa Especial
INSS: Instituto Nacional do Seguro Social
MPS: Ministério da Previdência Social
Programa Especial: Programa Especial para Análise de Benefícios com Indícios de
Irregularidade
QDBEN: Painel de Qualidade de Dados do Pagamento de Benefícios
RGPS: Regime Geral de Previdência Social
RID: Reconhecimento Inicial de Direitos
SA: Solicitação de Auditoria
SIAPE: Sistema Integrado de Administração de Pessoal
SISREF: Sistema de Registro Eletrônico de Frequência
SUPERTEC: Programa de Supervisão Técnica de Benefícios
SVCBEN: Sistema de Verificação de Conformidade da Folha de Pagamento de Benefícios
TCU: Tribunal de Contas da União
Terf: Tarefa Extraordinária de Redução de Fila e Combate à Fraude
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 6

RESULTADOS DOS EXAMES 12

1. Desenvolvimento do sistema Painel BMOB contemplando regras que avaliam a


conformidade do pagamento do bônus com os normativos vigentes, apresentando, no
entanto, lacunas passíveis de aprimoramento. 12

2. Aumento no pagamento de bônus relacionado à análise de processos com


inconsistências de dados cadastrais, resultando em baixa eficácia quanto ao alcance dos
objetivos almejados pelo Programa Especial devido à deficiência na priorização das
tarefas disponibilizadas para análise. 15

3. Não foi implementado procedimento específico para assegurar a qualidade das


análises no BMOB/Terf; a Supervisão Técnica de tarefas analisadas no âmbito do
BMOB/terf indica aumento no percentual de indeferimentos e de decisões indevidas ou
com necessidade de revisão. 20

4. Pagamento de remuneração superior ao teto constitucional, decorrente do pagamento


de bônus, sem que houvesse o abatimento dos valores excedentes ao teto
remuneratório. 25

RECOMENDAÇÕES 27

CONCLUSÃO 28

ANEXOS 30

I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE AUDITADA E ANÁLISE DA EQUIPE DE AUDITORIA 30


INTRODUÇÃO
Esta auditoria, realizada no âmbito do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), contempla
avaliação do Bônus de Desempenho Institucional por Análise de Benefícios com Indícios de
Irregularidade do Monitoramento Operacional de Benefícios (BMOB), instituído pelo Governo
Federal por meio da Medida Provisória nº 871, de 18.01.2019, a qual foi convertida na Lei nº
13.846/2019, e posteriormente renomeado para Tarefa Extraordinária de Redução de Fila e
Combate à Fraude (Terf) pela Lei nº 14.441, de 02.09.2022. Neste Relatório, a nomenclatura
BMOB/Terf será utilizada para se referir ao bônus.
Segundo a Lei nº 13.846/2019, o Programa Especial tem como objetivo “analisar processos
que apresentem indícios de irregularidade ou potencial risco de realização de gastos indevidos
na concessão, no recurso ou na revisão de benefícios administrados pelo INSS”. Ademais,
também integra o Programa Especial a análise de processos administrativos de requerimento
inicial e de revisão de benefícios administrados pelo INSS com prazo legal para conclusão
expirado e que represente acréscimo real à capacidade operacional regular de conclusão de
requerimentos.
O BMOB/Terf surge no contexto de uma significativa ampliação na fila de requerimentos de
benefícios, propulsionada, entre outros motivos, pelo advento do INSS digital, em 2017, que
criou a modalidade de requerimento eletrônico. Assim, a criação do bônus resultou na
ampliação da capacidade operacional de análise dos requerimentos recebidos pelo INSS, em
consequência de remuneração pela análise extraordinária de benefícios por servidores
federais ativos em exercício no INSS. Conforme o regulamento do Programa Especial, análise
extraordinária é aquela que representa acréscimo real à capacidade operacional regular de
realização de atividades do INSS e que ocorre sem prejuízo das atividades regulares do cargo
de que o servidor for titular.
A operacionalização do BMOB/Terf foi iniciada em julho de 2019 e prorrogada pela Portaria
PRES/INSS nº 1.222, de 15.12.2020, até dezembro de 2022. O valor do bônus, por sua vez,
corresponde a R$ 57,50 por processo concluído. Conforme extração realizada no Painel
BMOB1, em 07.03.2023, o valor total pago do BMOB/Terf nesse período corresponde a R$
292.577.652,50.
Além da materialidade apresentada, o trabalho foi realizado devido à relevância do
BMOB/Terf para o atingimento dos objetivos institucionais e da missão do INSS. Nesse
sentido, o BMOB/Terf apresenta-se como mecanismo de ampliação da capacidade
operacional da Autarquia, pois condiciona o participante do Programa Especial ao atingimento
de uma capacidade operacional ordinária mínima e o remunera por análises realizadas
extraordinariamente, além de sua produção regular. Portanto, a bonificação atua no
tratamento das filas dos requerimentos demandados ao INSS, na diminuição do estoque de
processos de recursos e na apuração de indícios de irregularidades.

1
Sistema desenvolvido pela DATAPREV com o intuito de permitir a operacionalização do Programa Especial,
fornecendo subsídios que embasam o pagamento da bonificação aos servidores do INSS. Apresenta informações
sobre os valores pagos de BMOB/Terf, em seu total e por competência, com a identificação dos processos e com
a matrícula dos servidores. Ademais, o Painel realiza o batimento de informações presentes nos bancos de gestão
do INSS, visando a validar ou a invalidar o pagamento das bonificações.

6
Não obstante, a criação de um bônus relacionado à produtividade pode gerar impactos na
qualidade das análises realizadas no âmbito do Programa Especial, com aumento do risco de
pareceres com inconsistências (deferimentos e/ou indeferimentos indevidos), e possíveis
deficiências no acompanhamento da execução, entre outras. Quanto a esses aspectos, o
Relatório de Auditoria nº 2019026512 apontou tendência de aumento nas taxas de
indeferimentos dos requerimentos iniciais de benefícios e redução na frequência de
realização de exigências para análises objeto de pagamento de bônus.
Nesse contexto, o objetivo da auditoria foi avaliar a conformidade do pagamento do
BMOB/Terf e a eficácia da instituição do bônus, considerando os objetivos que justificaram a
criação do Programa Especial. Definiu-se como metodologia, inicialmente, o levantamento de
informações contidas nos normativos e no Painel BMOB sobre o objeto auditado, bem como
a partir de informações prestadas pelo INSS, com a consequente definição do escopo da
auditoria, visando a responder as questões relacionadas a seguir:
1. Considerando as delimitações estabelecidas em normativos (Lei nº 13.846/2019 e
Resolução PRES/INSS nº 675/2019) em relação aos processos que compõem o Programa
Especial, cuja análise pode ensejar remuneração extraordinária pelo pagamento do bônus,
foram implementados procedimentos e controles para garantir que os processos analisados
no âmbito do BMOB/Terf estivessem em conformidade com o previsto nos normativos?
2. Considerando os limites e as condições estabelecidas pelos normativos (Lei nº 13.846/2019
e Resolução PRES/INSS nº 675/2019) quanto ao pagamento do BMOB/Terf, o processo de
pagamento do bônus ocorre em conformidade com os dispositivos legais que regem a
matéria?
3. Haja vista o estímulo à produtividade proporcionado pela implementação do BMOB/Terf, o
INSS adotou medidas de controle para assegurar que não ocorra prejuízo à qualidade das
análises de processos?
4. Houve a implementação de mecanismos de monitoramento e de avaliação dos resultados
do Programa Especial visando ao atingimento dos objetivos propostos pelo Programa,
conforme o disposto na Lei nº 13.846/2019, na Resolução PRES/INSS nº 675/2019 e na
Exposição de Motivos da Medida Provisória nº 871/2019?

Considerações iniciais
A auditoria abrangeu as seguintes abordagens, descritas em quatro questões de auditoria,
cujos aspectos relevantes foram tratados com o INSS e os resultados dos exames encontram-
se registrados na parte específica deste relatório: requisitos legais (participantes e processos
elegíveis), regularidade no pagamento do bônus, controle de qualidade das análises e
monitoramento e avaliação dos resultados. A seguir, são apresentadas informações
introdutórias acerca das temáticas que pautaram as questões de auditoria.

2
https://eaud.cgu.gov.br/relatorios/download/969173.

7
1. Conformidade: processos elegíveis; análise por ordem de antiguidade; bonificação por
análises extraordinárias; conflito de interesse nas análises de processos com indícios de
irregularidade; e cumprimento da capacidade operacional ordinária.
Há uma série de regras estabelecidas nos normativos que disciplinam os processos a serem
analisados no âmbito do Programa Especial. Quanto aos tipos de processos, os artigos 5º e 6º
da Resolução PRES/INSS nº 675/2019 estabeleceram como passíveis de bonificação os
processos com indícios de irregularidade e os processos administrativos de requerimento
inicial e de revisão de benefícios administrados pelo INSS que estejam pendentes de conclusão
há mais de 45 dias. Portanto, verificou-se nesta auditoria a correspondência dos processos
analisados no Programa Especial com os tipos de processos elencados pelos normativos como
passíveis de bonificação. Para isso, foram solicitadas informações sobre os tipos de processos
bonificados, bem como foram feitas consultas no Painel BMOB sobre esses tipos de processos.
Considerando a necessidade, para fins de bonificação, de a análise ser realizada de forma
extraordinária, bem como a diferenciação entre a capacidade operacional ordinária e a análise
extraordinária, verificou-se, para os servidores que atuam exclusivamente na análise de
processos objeto do Programa Especial, que têm sua capacidade operacional ordinária medida
por pontuação, a existência de análise e contabilização, para o BMOB/Terf, de processos já
contabilizados na pontuação ordinária. Ademais, a Resolução PRES/INSS nº 675/2019
estabeleceu critérios de priorização para os processos analisados no âmbito do Programa
Especial:
Art. 9º O GTAPE definirá, no âmbito do GET, a sequência automática de processos a
serem analisados pelos servidores participantes do Programa Especial, atendendo a
requisitos objetivos e impessoais previamente estabelecidos, devendo ser
priorizados:
I – dentre os processos com indícios de irregularidade, os benefícios:
a) mantidos há mais tempo;
b) com potencial acúmulo indevido;
c) com maior quantidade de tipologias identificadas pelo TCU, CGU, Força-Tarefa
Previdenciária e INSS; e
d) maior probabilidade de confirmação de irregularidade;
II – os requerimentos iniciais pendentes de conclusão há mais tempo; e
III – os requerimentos de revisão protocolados há mais tempo.

Examinou-se, portanto, se os processos analisados no âmbito do Programa Especial


obedeceram aos critérios de priorização elencados pela legislação. Por fim, a Resolução que
disciplina o BMOB/Terf, em seu art. 3º, § 4º, estabeleceu vedações acerca de servidores não
habilitados a participarem do Programa Especial: servidores afastados da análise de processos
objeto do Programa Especial por determinação judicial ou administrativa, servidores em
usufruto de jornada de trabalho reduzida por razões de ordem médica, decorrente de decisão
administrativa ou judicial, e servidores desligados do Programa Especial, de ofício ou
voluntariamente, nos seis meses anteriores à data de nova manifestação de interesse em
participar do Programa. Além dessas vedações, o mesmo artigo, no parágrafo seguinte, dispõe
que “os participantes do Programa Especial que tenham atuado em processos classificados
com indício de irregularidade, decorrente de sua atuação, deverão reconhecer seu
impedimento e informar o ato à chefia imediata, para fins de redistribuição do processo”.
Nesse sentido, examinou-se a existência de controles implementados pela unidade auditada

8
para evitar que os servidores com impedimento analisem processos com indícios de
irregularidade decorrentes de sua atuação. As verificações foram realizadas por meio de
solicitações de informações e por consultas realizadas pela equipe de auditoria no Painel
BMOB.
A análise de processos de forma extraordinária é uma premissa basilar do Programa Especial,
portanto, são inelegíveis, para fins de bonificação, as análises realizadas e que utilizam a
capacidade operacional ordinária dos servidores. A Resolução PRES/INSS nº 675/2019, que
disciplina o Programa Especial e o BMOB/Terf, define a análise extraordinária:
Art. 10. O BMOB corresponderá ao valor de R$57,50 (cinquenta e sete reais e
cinquenta centavos) e será devido aos servidores que tenham aderido ao Programa
Especial, na forma do art. 3º, observados os procedimentos, as metas, os critérios e
as exigências disciplinados nesta resolução.
[...]
§ 2º O pagamento do BMOB será devido ao servidor apenas quando concluída a
análise de processos do Programa Especial, de forma extraordinária, e desde que
atendidas as demais exigências e procedimentos previstos nesta Resolução.
§ 3º Para fins desta Resolução, considera-se análise extraordinária aquela que:
I – represente acréscimo real à capacidade operacional regular de realização de
atividades do INSS, nos termos desta Resolução; e
II – ocorrer sem prejuízo das atividades regulares do cargo de que o servidor for
titular.

Deve-se esclarecer que existem dois grupos de servidores que podem receber o BMOB/Terf,
todos sendo servidores federais ativos em exercício no INSS: o servidor que atua
exclusivamente na análise dos processos administrativos objeto do Programa Especial e o
servidor que não atua exclusivamente na análise dos processos administrativos objeto do
Programa Especial. Essa distinção é relevante, pois o modo de aferição da capacidade
operacional ordinária é distinto para esses dois grupos, conforme o disposto na Resolução
PRES/INSS nº 675/2019:
Art. 11. Para fins do § 2º do art. 10, a capacidade operacional regular das atividades
dos servidores do INSS deverá ser aferida na forma deste artigo.
§ 1º Para o servidor que atue exclusivamente na análise dos processos
administrativos especificados no art. 2º, independentemente da unidade de lotação,
sua capacidade operacional ordinária será de noventa pontos mensais, aferidos na
forma do § 3º, deduzidos, proporcionalmente, os dias de afastamento previstos nos
arts. 97 e 102 da Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
§ 2º Para o servidor que não atue exclusivamente na análise dos processos
administrativos especificados no art. 2º, independentemente da unidade de lotação,
que exerça funções de confiança, ocupe cargos em comissão, ou execute atividades
não mensuradas por esta Resolução, sua capacidade operacional ordinária será
aquela executada na jornada de trabalho regular.

Nesse sentido, haja vista a necessidade imposta pela legislação de as análises serem realizadas
de modo extraordinário, esta auditoria verificou se os servidores bonificados de fato atingiram
a capacidade operacional ordinária exigida para participação no Programa Especial. Para esse
fim, foram solicitadas informações sobre o cumprimento da capacidade operacional ordinária
dos servidores que receberam o BMOB, bem como foram analisadas as regras presentes no
Painel BMOB atinentes ao fluxo de análise em jornada extraordinária.

9
2. Conformidade no processo de pagamento do bônus.
Os normativos apresentam regras sobre o processo de pagamento do BMOB/Terf. A
Resolução PRES/INSS nº 675/2019, em seu art. 16, § 4º, estabeleceu que “a soma do valor
pago com o BMOB e a remuneração total do servidor não poderá ultrapassar o limite máximo
de remuneração do servidor no Poder Executivo.” A fim de verificar a conformidade do
processo de pagamento da bonificação com esse dispositivo, a equipe de auditoria calculou a
soma do valor do pagamento do BMOB/Terf e da remuneração total mensal dos servidores
com maiores valores de bonificação.
Ademais, os normativos reforçam a necessidade de conclusão da análise do processo para que
ele seja bonificado. Quanto aos processos de requerimento inicial e de revisão de benefícios,
considera-se concluído o processo quando decidido pela concessão, deferimento ou
indeferimento3. Já em relação aos processos de apuração de indícios de irregularidade,
considera-se concluído o processo quando constatada a regularidade ou a irregularidade do
benefício, nessa última hipótese, com envio de ofício de recurso ao interessado4.
Ao longo do processo de planejamento da auditoria, mapeou-se o risco de pagamento do
BMOB/Terf por processos já anteriormente bonificados no âmbito do Programa Especial.
Visando a identificar eventuais pagamentos em duplicidade pelo mesmo processo, a equipe
de auditoria levantou informações relativas aos controles e aos procedimentos
implementados pelo INSS para evitar esse pagamento irregular de bonificação dos processos
analisados no BMOB/Terf.
3. Controle de qualidade das análises realizadas no âmbito do Programa Especial.
O estímulo provocado pela bonificação gera preocupações em relação à qualidade das
análises realizadas no âmbito do Programa Especial. O aumento da capacidade operacional
do INSS tende a ampliar o universo de benefícios concedidos com desconformidades. Além
disso, o estímulo proporcionado pelo BMOB/Terf pode fazer com que as análises sejam mais
céleres, porém menos precisas. O Relatório de Auditoria nº 201902651, antes mencionado,
concluiu que, a partir da análise bonificada, há tendência de aumento nas taxas de
indeferimentos dos requerimentos iniciais de benefícios, em conjunto com uma redução na
frequência de exigências.
Nesse sentido, verificou-se a implementação de procedimentos pelo INSS com a finalidade de
assegurar a qualidade das análises realizadas. Foram realizados questionamentos e análises a
respeito da utilização do Programa de Supervisão Técnica de Benefícios (SUPERTEC)5 e de
outros mecanismos de controle no que tange à conformidade da fundamentação dos
deferimentos e dos indeferimentos. Verificou-se, também, a existência de eventual redução
desproporcional na quantidade de exigências realizadas nas análises de benefícios, bem como

3
Art. 11, § 7º, I, da Resolução PRES/INSS nº 675/2019.
4
Art. 11, § 7º, II, da Resolução PRES/INSS nº 675/2019.
5
Programa de Supervisão Técnica de Benefícios, criado, inicialmente, pela Portaria DIRBEN/INSS nº 36, de
30.08.2019, para acompanhar o Programa Especial para Análise de Benefícios com Indícios de Irregularidade.
Posteriormente, o programa foi reformulado pela Portaria DIRBEN/INSS nº 1086, de 20.12.2022, que instituiu os
fluxos operacionais do SUPERTEC relativos às ações do MOB. Segundo Art. 1º, § 1º, desse normativo, o objetivo
da supervisão técnica é “efetuar o controle permanente da qualidade dos atos praticados no decorrer do processo
de apuração de indícios de irregularidade no âmbito do Monitoramento Operacional de Benefícios – MOB”.

10
a existência de ações corretivas adotadas, no âmbito do Programa Especial, em decorrência
da utilização do SUPERTEC.
4. Monitoramento e avaliação dos resultados do Programa Especial.
A Exposição de Motivos da Medida Provisória nº 871/2019 dispõe que a instituição do
Programa Especial possui a finalidade de agilizar a análise de processos com potencial risco de
gastos indevidos. Ademais, afirma que o BMOB/Terf visa a “conciliar a necessidade de atenção
do INSS com os processos concessórios e o combate a fraudes e irregularidades, aumentando
a capacidade operacional da autarquia”.
Considerando os objetivos do Programa Especial e do BMOB/Terf, conforme descritos na
Exposição de Motivos da Medida Provisória nº 871/2019, na Lei nº 13.846/2019 e na
Resolução PRES/INSS nº 675/2019, bem como os critérios de eficiência, eficácia, efetividade e
economicidade aplicáveis à Administração Pública, esta auditoria avaliou os resultados
obtidos pelo Programa Especial. Nesse sentido, verificou-se a quantidade, ao longo do período
de vigência do BMOB/Terf, de processos analisados com indícios de irregularidade ou
potencial risco de realização de gastos indevidos na concessão, no recurso ou na revisão de
benefícios, bem como aqueles de análise de reconhecimento inicial de direitos, que não foram
contemplados na Exposição de Motivos, mas que compõem o texto da referida Medida
Provisória. Ademais, examinou-se a proporcionalidade em relação ao número de análises
realizadas por tipo de processo, com o intuito de identificar eventual concentração da
bonificação em algum tipo específico de processo ou de análise (de requerimentos ou de
indícios de irregularidades).

11
RESULTADOS DOS EXAMES
1. Desenvolvimento do sistema Painel BMOB contemplando regras
que avaliam a conformidade do pagamento do bônus com os
normativos vigentes, apresentando, no entanto, lacunas passíveis de
aprimoramento.
A Lei nº 13.846/2019, que criou o BMOB, e a Resolução PRES/INSS nº 675/2019, que o
regulamentou, definiram critérios relativos ao pagamento de bônus referente à realização de
análises extraordinárias.
Para garantir a conformidade com as normas, seja da execução das análises dos processos do
Programa Especial, seja do pagamento do bônus, o INSS desenvolveu o Painel BMOB,
contendo regras de invalidação, implementadas de acordo com as determinações normativas
estabelecidas. A seguir encontram-se reportados os achados acerca dos procedimentos e
controles implementados pelo INSS.
1.1 Descumprimento da capacidade operacional ordinária por servidores que apresentaram
as maiores bonificações.
Conforme disposto na Resolução PRES/INSS nº 675/20196, a análise extraordinária é
configurada quando ocorre acréscimo real à capacidade operacional regular de realização de
atividades do INSS (capacidade operacional ordinária) e quando for realizada sem prejuízo das
atividades regulares do cargo ocupado pelo servidor.
A capacidade operacional ordinária, ou seja, aquela não remunerada pelo bônus, mas exigida
para fins de ter direito ao pagamento do bônus pelas análises extraordinárias, será aferida
conforme duas hipóteses: a) para o servidor que atue exclusivamente na análise de processos
administrativos (que não compõem o Programa Especial), sua capacidade operacional
ordinária será uma meta de noventa pontos mensais, aferidos de acordo com pontuação por
tarefas definida em norma pelo INSS; b) para o servidor que não atue exclusivamente na
análise de processos administrativos, sua capacidade operacional ordinária será a executada
na jornada de trabalho regular.
Quanto a esse aspecto, identificou-se a criação no Painel BMOB de Regras de Invalidação, que
instrumentalizam a aplicação das disposições normativas relacionadas ao Programa Especial.
As regras podem ser agrupadas em três tipos: regras que consideram a realização do trabalho
em jornada ordinária/extraordinária; regras que consideram a situação cadastral e a
qualificação do servidor; e regras que consideram o atendimento pelo servidor dos fluxos
operacionais definidos para as filas, bem como de análise da tarefa. Uma dessas regras tem
como função impedir o pagamento de bonificação de processos que foram contabilizados

6
Art. 10, § 2º, I e II da Resolução PRES/INSS nº 675/2019. A definição do regulamento segue o disposto no § 2º
do art. 1º da Lei nº 13.846/2019.

12
para o atingimento da meta prevista na capacidade operacional ordinária7. Outra regra tem
como objetivo verificar os servidores que não tenham cumprido a meta ordinária8.
Com vistas a avaliar a eficácia das mencionadas regras de invalidação, foram solicitadas ao
INSS as pontuações das competências setembro/2019, outubro/2020, novembro/2021 e
dezembro/2022 dos servidores que apresentaram os maiores pagamentos de bônus,
relacionados no Quadro 01 a seguir.
Quadro 01 – Informações acerca da meta de pontuação ordinária
PONTUAÇÃO/COMPETÊNCIAS
SERVIDORES
setembro/19 outubro/20 novembro/21 dezembro/22
C.A.S. 15 11 118 124
D.M.B. 1,31 108 115 103
E.C. 107 92 49 82
E.T. 11 15 43 20
E.H. 95 107 101 72
G.C.L. 111 102 102 78
L.G.P. 94 72 112 79
L.S.A. 69 78 84 94
M.K.B. 117 102 102 54
M.C.M. 112 84 103 84
P.A.S. 100 102 100 74
P.H.A. 0 68 123 31
R.L.G. 10 24 0,33 98
R.R.M.S. 89 68 93 96
V.S.R.C. 10 0,75 1,05 10
Fonte: elaborado pela equipe de auditoria, a partir de informações disponibilizadas pelo INSS.

Conforme se observa, em pelo menos uma competência a pontuação ordinária dos referidos
servidores não atingiu a meta mensal ordinária (considerou-se a meta mensal de 90 pontos).
Em alguns casos, a pontuação ficou abaixo da meta ordinária em 3 ou 4 das competências
selecionadas.
Em relação à bonificação dos servidores em questão, foi verificado que havia previsão de
pagamento do bônus para as referidas competências e competências subsequentes, o que
contraria as regras do Programa Especial, considerando que o atingimento da meta ordinária
para servidores que atuam exclusivamente na análise de processos é requisito para a
bonificação.
1.2 Fragilidade no controle para impedir a análise de processos com indício de irregularidade
por servidor que atuou anteriormente nesses processos.
A Resolução PRES/INSS nº 675/2019 estabeleceu que cabe ao servidor que for analisar
processo com indício de irregularidade no qual tenha atuado anteriormente reconhecer seu
impedimento e informar o fato à chefia imediata, que deverá providenciar a redistribuição do

7
Descrição da Regra de Invalidação: “R20. TAREFAS CONCLUÍDAS NA FILA NACIONAL JÁ UTILIZADAS PARA
INTEGRALIZAÇÃO DA META: Regra que ocorre nas tarefas que foram concluídas na fila do Programa Especial,
mas utilizadas para a integralização da pontuação da meta ordinária”.
8
Descrição da Regra de Invalidação: “R10. TAREFAS CONCLUÍDAS POR SERVIDOR SEM CUMPRIMENTO DA META
ORDINÁRIA: Regra que ocorre nas tarefas concluídas ou movimentadas por servidor que
não tenha cumprido sua meta ordinária, e cuja pontuação necessária para o atingimento da meta seja superior
a 10% da pontuação total da meta”.

13
processo9. Quanto a esse aspecto, não houve implementação de verificação do cumprimento
da norma no Painel BMOB ou em outro sistema. Em relação a esse procedimento, deve-se
destacar sua fragilidade, uma vez que foi implementado de forma isolada, sem outras
verificações posteriores por meio de regras de invalidação, dependendo exclusivamente de
manifestação do servidor.
Ressaltam-se os riscos no procedimento adotado, pois o servidor pode efetuar a análise e, por
um lapso ou mesmo intencionalmente, não se declarar impedido, tendo por possível resultado
análises viciadas e/ou inconsistentes com as normas. Riscos que devem ser ponderados pelo
INSS e avaliados quanto à adoção de medidas que possam reduzir seus impactos, entre os
quais a manutenção do pagamento irregular de benefícios previdenciários/sociais ou o
cancelamento indevido desses benefícios.
1.3 Controle da conclusão dos processos bonificados no âmbito do BMOB/Terf.
A Lei nº 13.846/2019 destaca que o valor do BMOB/Terf é devido “por processo integrante do
Programa Especial concluído”10. Ademais, a Resolução PRES/INSS nº 675/2019, em seu art.
10, § 2º, dispõe que “o pagamento do BMOB será devido ao servidor apenas quando concluída
a análise de processos do Programa Especial, de forma extraordinária, e desde que atendidas
as demais exigências e procedimentos previstos nesta Resolução”. Portanto, conforme os
normativos, a análise não conclusiva de processos não deve ensejar o pagamento de
bonificação aos servidores participantes do Programa Especial.
O Sistema de Gerenciamento de Tarefas (GET) possui o registro de todas as movimentações
dos processos, inclusive de sua conclusão. A verificação sobre o estado de conclusão dos
processos no âmbito do Programa Especial, por sua vez, é realizada automaticamente nas
rotinas do Painel BMOB. Com essa finalidade, criou-se no Painel BMOB uma regra de
invalidação11 que não bonifica tarefas sem despacho no Sistema de Benefícios, que
caracterizaria a conclusão de um processo de reconhecimento inicial de direitos.
Quanto a esta regra, o INSS informou que o Painel BMOB identifica o status da tarefa concluída
no GET e busca o benefício despachado relacionado a essa tarefa e à matrícula do servidor,
por meio do Sistema de Benefícios. Se houver inconsistências nesse batimento, a bonificação
é invalidada. Nesse sentido, de acordo com as verificações realizadas no Painel BMOB e com
as informações disponibilizadas pelo INSS, identifica-se que foram adotados procedimentos
que garantiram de forma razoável o cumprimento da disposição normativa que condiciona o
pagamento do BMOB/Terf à análise conclusiva de processos no âmbito do Programa Especial.
1.4 Risco de bonificação em duplicidade.
Quanto ao risco de pagamento do BMOB/Terf por processos já anteriormente bonificados no
âmbito do Programa Especial, o INSS informou que o controle é realizado automaticamente
no Painel BMOB por meio da aplicação de uma regra de invalidação12, segundo a qual as
tarefas pertencentes a folhas de pagamento previamente homologadas ficam impossibilitadas

9
Art. 3º, § 5º da Resolução PRES/INSS nº 675/2019.
10
Art. 4º da Lei nº 13.846/2019.
11
Descrição da Regra de Invalidação 9: “R9. TAREFAS CONCLUÍDAS SEM DESPACHO: Regra que ocorre quando a
tarefa é concluída sem despacho no sistema de benefícios”.
12
Descrição da Regra de Invalidação 33: “R33. TAREFAS COM MAIS DE UMA CONCLUSÃO E JÁ PAGAS
ANTERIORMENTE: Regra que ocorre quando uma tarefa já foi concluída e paga anteriormente. Assim, no caso de
reabertura da tarefa, após a sua bonificação, a mesma não será paga novamente após a sua nova conclusão”.

14
de bonificar novamente, ainda que elas sejam reabertas para acertos ou complementações e
concluídas novamente pelo servidor. Ao analisar os dados disponibilizados pelo INSS,
identificaram-se apenas dois processos relacionados a mais de uma bonificação, de um total
de 5.088.307 processos13.
Considera-se, com base nas verificações realizadas no Painel BMOB e nas informações
disponibilizadas pelo INSS, que foram implementados controles razoáveis pela Autarquia com
o intuito de evitar o pagamento do BMOB/Terf em duplicidade, isto é, pagamento por
processos já anteriormente bonificados no âmbito do Programa Especial.
1.5 Conclusão.
Como reportado, a partir das verificações no Painel BMOB e das informações disponibilizadas
pelo INSS em atendimento aos questionamentos da auditoria, verificou-se que foram
implementadas medidas de controle para garantir, por meio de parametrização, que diversos
critérios necessários para a bonificação do Programa Especial estivessem em conformidade
com as definições normativas. Não obstante, identificaram-se pontos de aperfeiçoamento do
referido Painel relativos aos seguintes aspectos: existência de bonificação a servidores que
não cumpriram a capacidade operacional individual ordinária em meses específicos, bem
como limitação quanto ao procedimento de autodeclaração do impedimento em análises de
processos com indícios de irregularidade.

2. Aumento no pagamento de bônus relacionado à análise de


processos com inconsistências de dados cadastrais, resultando em
baixa eficácia quanto ao alcance dos objetivos almejados pelo
Programa Especial devido à deficiência na priorização das tarefas
disponibilizadas para análise.
O inciso I do art. 1º da Lei nº 13.846/2019 estabeleceu como objetivo do Programa Especial
“analisar processos que apresentem indícios de irregularidade ou potencial risco de realização
de gastos indevidos na concessão, no recurso ou na revisão de benefícios administrados pelo
INSS”. O mesmo artigo incluiu no escopo da bonificação a análise de processos de
requerimento inicial e de revisão de benefícios com o prazo legal para conclusão expirado.
Além disso, a Exposição de Motivos da MP nº 871/2019 apresentou o BMOB/Terf como
instrumento de gestão para aumentar a capacidade operacional do INSS e para conciliar a
necessidade de atenção da Autarquia com os processos concessórios e com o combate às
fraudes e às irregularidades.
Deve-se ressaltar que o princípio da economicidade embasou os dispositivos legais que
estabeleceram os tipos de processos a serem analisados no âmbito do Programa Especial.
Nesse sentido, quanto à definição de análise de processos com indícios de irregularidade ou
potencial risco de realização de gastos indevidos, prezou-se pela economia de gastos com a
cessação de benefícios concedidos irregularmente. Quanto aos processos de requerimento
inicial e de revisão de benefícios com o prazo legal para conclusão expirado, prezou-se pela

13
A dupla bonificação referente aos processos, apurados a partir de consulta realizada no Painel BMOB, será
abordada por meio de Nota de Auditoria junto ao INSS.

15
economia de gastos com acréscimos legais decorrentes da mora na análise dos benefícios,
assim como pelo serviço prestado aos segurados, com a redução das filas de análise.
Os processos analisados no âmbito do Programa Especial podem ser divididos em três tipos:
processos de requerimento inicial, processos que apresentam indícios de irregularidade e
processos de revisão. Do total de processos informados que receberam bonificação
(5.088.307), 72% representaram análises de processos de requerimento inicial (3.644.250,
representando o pagamento de R$ 209.544.375,00 em bônus14), 24% representaram análises
de processos que apresentavam indícios de irregularidade (1.244.420, representando o
pagamento de R$ 71.554.150,00 em bônus) e 4% representaram análises de processos de
revisão (199.637, representando o pagamento de R$ 11.478.127,50 em bônus).
O Gráfico 1 a seguir apresenta os valores pagos de BMOB/Terf, ano a ano, segmentados por
tipos de serviço: Reconhecimento Inicial de Direitos (RID); MOB e Painel de Qualidade de
Dados do Pagamento de Benefícios (QDBEN), tipologias que representam processos com
indícios de irregularidade; e Revisão:
Gráfico 1 – Valores pagos de BMOB/Terf, ano a ano, por tipo de serviço
R$140.000.000,00

R$120.000.000,00

R$100.000.000,00

Revisão
R$80.000.000,00
QDBEN
R$60.000.000,00 MOB
RID
R$40.000.000,00

R$20.000.000,00

R$-
2019 2020 2021 2022

Fonte: elaborado pela equipe de auditoria a partir das informações do Painel BMOB.

A partir de abril de 2021, as tarefas do QDBEN se tornaram processos de apuração de


irregularidade nas filas do Programa Especial, com a alteração realizada no inciso VII do art.
5º da Resolução PRES/INSS nº 675/2019, sendo, desde então, o segundo principal tipo de
tarefa analisada no âmbito do Programa Especial.
Quanto aos processos que apresentam indícios de irregularidade, identificaram-se cinco
tipologias que foram bonificadas, quais sejam: Qualificação da Folha de Pagamento Sistema
de Verificação de Conformidade da Folha de Pagamento de Benefícios (SVCBEN)/Painel
QDBEN – Inconsistências de Dados Cadastrais, que representou 48% das análises (598.070);
Apuração de Irregularidade - MOB Digital, que representou 41% das análises (505.793);
Qualificação da Folha de Pagamento SVCBEN/Painel QDBEN – Inconsistências Relativas ao
Óbito, que representou 10% das análises (129.017); Qualificação da Folha de Pagamento

14
As quantidades de processos e os valores pagos por tipos de benefícios foram apurados conforme extração
realizada no Painel BMOB.

16
SVCBEN/Painel QDBEN – Inconsistências nos Dados do Benefício, que representou 1% das
análises (11.472); e Qualificação da Folha de Pagamento SVCBEN/Painel QDBEN –
Inconsistências no Pagamento, tipologia com baixa representatividade, contabilizando apenas
68 análises. O Gráfico 2 a seguir ilustra esses números:
Gráfico 2 – Análises bonificadas de processos que apresentam indícios de irregularidade

1% 0%
SVCBEN/QDBEN - Inconsistências de
10% Dados Cadastrais

Apuração de Irregularidade - MOB


Digital

48%
SVCBEN/QDBEN - Inconsistências
Relativas ao Óbito

41%
SVCBEN/QDBEN - Inconsistências nos
Dados do Benefício

SVCBEN/QDBEN - Inconsistências no
Pagamento

Fonte: elaborado pela equipe de auditoria a partir das informações do Painel BMOB.

Em que pese as tarefas associadas ao QDBEN terem sido inseridas no Programa Especial em
abril de 2021, elas já contabilizam 59% das análises bonificadas de processos com indícios de
irregularidades. Desde a introdução dessa tipologia, houve um expressivo descompasso entre
a quantidade de análises em Filas Ordinárias e em Filas do Programa Especial no que diz
respeito a processos que apresentam indícios de irregularidade, conforme o Gráfico 3 a seguir.
Gráfico 3 – Quantidade de análises de processos com indícios de irregularidade (MOB e
QDBEN) concluídas, por competência, nas Filas Ordinárias e nas Filas do Programa Especial
100000
90000
80000
70000
60000
50000
40000
30000
20000
10000
0

MOB - Filas Ordinárias MOB - Filas Programa Especial

Fonte: elaborado pela equipe de auditoria a partir das informações disponibilizadas pelo INSS.

17
A partir do Gráfico 3 observa-se que, considerando todo o período de vigência do BMOB/Terf,
o número total de análises de processos com indícios de irregularidade (MOB e QDBEN)
realizadas nas Filas Ordinárias (220.588) é pouco expressivo em comparação ao número total
de análises bonificadas (1.244.420). A partir de abril de 2021, essa disparidade é ainda maior,
sendo que a quantidade de análises de MOB e de QDBEN nas Filas Ordinárias (58.018)
representou apenas 5% do total de análises dessas modalidades durante esse período
(1.078.288), indicando que, desde a inclusão das tarefas do QDBEN, as análises de processos
que apresentavam indícios de irregularidade foram quase exclusivamente realizadas de
maneira extraordinária, no âmbito do Programa Especial, com consequente pagamento de
BMOB/Terf.
Portanto, a partir das informações apresentadas nos Gráficos 2 e 3, conclui-se que análises de
processos que costumam ser mais simples e mais céleres, como os ajustes de dados cadastrais
do QDBEN, foram priorizadas no âmbito do Programa Especial, ensejando o pagamento de
BMOB/Terf por atividades que poderiam ser mais eficientemente alocadas na capacidade
operacional ordinária dos servidores.
Quanto à cessação de pagamentos de benefícios identificados como indevidos, o Relatório
BMOB 202215 apresentou estimativa de redução de despesas de R$ 2.911.665.680,68 com a
cessação de pagamentos de benefícios indevidos, o que corresponde à cessação de 75.758
benefícios no âmbito do MOB (representando um montante de R$ 1.746.805.801,54), de um
total de 503.257 requerimentos analisados, e à cessação de 69.293 benefícios no âmbito do
QDBEN (representando um montante de R$ 1.164.859.879,14) de um total de 590.216
analisados. Ressalta-se que, embora a redução de despesas com a cessação do pagamento
desses benefícios seja relevante, o percentual de requerimentos cessados em relação aos
analisados foi baixo, 15% (MOB) e 12% (QDBEN), demonstrando uma possível ausência de
priorização quanto aos processos analisados no âmbito do Programa Especial.
Registra-se que a ausência de critérios de priorização já foi apontada pela CGU, no âmbito do
QDBEN, no Relatório de Auditoria nº 82637016. Em atenção às recomendações desse
Relatório, o INSS editou a Portaria DIRBEN/INSS nº 1.028, de 28.06.2022, que disciplinou uma
ordem de prioridade e um prazo para análise das tarefas da Qualificação da Folha de
Pagamento de Benefícios para o restante do ano de 2022, considerando a análise de risco em
relação às tarefas oriundas do Sistema de Verificação de Conformidade da Folha de
Pagamento de Benefícios (SVCBEN) e do Painel QDBEN. Segundo essa ordem, foram
priorizadas algumas tipologias do grupo Inconsistências de Valores, algumas do grupo
Inconsistências nos Dados do Benefício, e outras do grupo Inconsistências no
Relacionamento17. Em que pese a priorização pelo supracitado normativo, as análises de
processos do QDBEN realizadas no âmbito do Programa Especial seguiram priorizando as
Inconsistências nos Dados Cadastrais, ao invés das demais tipologias. Do total de análises de
processos do QDBEN bonificadas entre o período de julho de 2022 e dezembro de 2022
(137.305), 115.462 (84,1%) foram análises de Inconsistências nos Dados Cadastrais, 15.927
(11,6%) foram análises de Inconsistências Relativas ao Óbito, 5.871 (4,28%) foram análises de

15
Relatório de Atividades do Programa Especial 2022 (SEI nº 11073039). Destaca-se que os números
disponibilizados pela Autarquia não passaram por validação da equipe de auditoria.
16
https://eaud.cgu.gov.br/relatorios/download/1176664.
17
Anexo I da Portaria DIRBEN/INSS nº 1.028/2022.

18
Inconsistências nos Dados do Benefício e 45 (0,03%) foram análises de Inconsistências no
Pagamento.
Com a finalidade de orientar o INSS no cumprimento de seus objetivos e de sua missão
institucional, é relevante que haja ordem de prioridade, fundamentada em norma elaborada
a partir da política de gestão de riscos da Autarquia, para as análises realizadas no âmbito do
Programa Especial. Afinal, a capacidade operacional do INSS é limitada e os diferentes tipos
de serviços possuem riscos diversos quanto à materialidade e à probabilidade de ocorrência
de irregularidades, bem como impactos diferenciados em relação à adequação do serviço
prestado aos segurados do INSS e aos cidadãos.
Para alcançar os objetivos do Programa Especial, o regulamento do BMOB/Terf atribuiu ao
Grupo de Trabalho para Acompanhamento e Avaliação do Programa Especial (GTAPE) a
definição da sequência automática de processos a serem analisados pelos servidores,
“atendendo requisitos objetivos e impessoais previamente estabelecidos” e priorizando
sobretudo o critério de antiguidade dos benefícios, podendo considerar outros critérios e
elementos que confiram maior efetividade ao Programa18. O INSS esclareceu que não houve
reformulação dos critérios estabelecidos pela Resolução PRES/INSS nº 675/2019 para nenhum
dos grupos de requerimento integrantes do Programa Especial19.
Portanto, conforme os dados apresentados, não houve análise de criticidade nem de
economicidade em relação aos serviços a serem priorizados no âmbito do Programa Especial,
sobretudo no âmbito dos processos que apresentam indícios de irregularidade. Considerando
a totalidade de análises (5.088.307) que originaram o pagamento de BMOB/Terf, o segundo
serviço que mais bonificou foi a Qualificação da Folha de Pagamento SVCBEN/Painel QDBEN
Inconsistências de Dados Cadastrais (598.070), atrás apenas da Aposentadoria por Tempo de
Contribuição (855.494). A identificação e a correção de dados cadastrais são atividades
relevantes, todavia, talvez não críticas o bastante para serem inseridas e priorizadas no âmbito
de uma análise extraordinária bonificada, em lugar de serviços mais complexos e de serviços
com maior potencial de cessação de benefícios concedidos irregularmente ou que possuam
impacto direto na redução das filas, no caso de análises que envolvam requerimentos
apresentados à Autarquia.
Considera-se que o expressivo número de análises bonificadas de inconsistências nos dados
cadastrais, sob a ótica do custo de oportunidade, representa uma ineficiente alocação de
esforços, que poderiam ser direcionados para a análise de serviços mais complexos e com
maior impacto na economia de gastos com acréscimos legais e com a cessação de benefícios
concedidos irregularmente, sem considerar a possibilidade de impacto na redução das filas de
análise de requerimentos. Nesse sentido, conclui-se que a falta de definição de ordem de
prioridade visando a conferir maior eficiência na alocação da capacidade operacional e maior
eficácia quanto ao atingimento do objetivo do Programa Especial ocasionou em baixa eficácia
quanto ao alcance dos objetivos almejados pelo referido Programa e fomentados pelo
BMOB/Terf.

18
Art. 9º da Resolução PRES/INSS nº 675/2019.
19
Nota Técnica Conjunta nº 11107957/2023/CGREC/CGRD/CGMOB/DIRBEN-INSS.

19
3. Não foi implementado procedimento específico para assegurar a
qualidade das análises no BMOB/Terf; a Supervisão Técnica de
tarefas analisadas no âmbito do BMOB/terf indica aumento no
percentual de indeferimentos e de decisões indevidas ou com
necessidade de revisão.
Nesta abordagem são apresentados os resultados dos exames relacionados com a avaliação
da qualidade das análises dos processos que foram incluídos no Programa Especial e que
foram, portanto, objeto de bonificação no BMOB/Terf.
Inicialmente, cabe registrar que a criação de bônus para pagamento de tarefas realizadas de
maneira extraordinária traz consigo, além da possibilidade de incrementar a capacidade
operacional ordinária, riscos relacionados à redução da qualidade das análises feitas, devido
aos seguintes aspectos:
▪ Possibilidade de participação de servidores sem experiência ou com pouco conhecimento
no que tange à análise de processos; e,
▪ Realização excessiva de análises extraordinárias que primam pela produtividade.
Quanto ao segundo apontamento, verifica-se que, de um total de 7.619 servidores que
participaram do Programa Especial, 893 servidores, ou seja, 12% dos servidores, receberam
60% do total pago na bonificação por processos com análises concluídas, conforme expresso
na Tabela 1 abaixo.
Tabela 1: Distribuição percentual de servidores em relação ao pagamento do bônus
Quantidade de servidores % Servidores Valor pago do bônus % Bônus
893 12% 175.546.591,50 60%
6.726 88% 117.031.061,00 40%
7.619 100% 292.577.652,50 100%
Fonte: elaborada pela equipe de auditoria. Quantidade de servidores com base em extração realizada no SIAPE
em 07.03.2023.

Essa distribuição quantitativa não representa, por si só, problemas de qualidade nas análises;
portanto, devem ser levados em consideração outros aspectos críticos inerentes ao Programa
Especial, como a participação de servidores sem experiência, e o estímulo do aumento da
produtividade individual em função do pagamento do bônus, que são fatores de risco para a
qualidade das análises.
Nesse contexto, no que tange às atribuições das unidades, verifica-se que, apesar de a gestão
do Programa Especial ser competência da Coordenação-Geral de Relacionamento com o
Cidadão (CGREC), a supervisão da qualidade das análises dos processos do BMOB/Terf é
dividida entre outras duas áreas, conforme o tipo de processo/tarefa. Os processos com
indícios de irregularidade foram supervisionados pela Coordenação-Geral de Monitoramento
e Cobrança Administrativa de Benefícios (CGMOB); e os demais processos/tarefas,
relacionados com o reconhecimento inicial de direitos, tiveram a qualidade avaliada pela
supervisão técnica (SUPERTEC), sob a responsabilidade da Coordenação-Geral de
Reconhecimento de Direitos (CGRD). Todas as unidades mencionadas integram a estrutura da
Diretoria de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão (DIRBEN).

20
Acerca dos processos com indícios de irregularidade, a CGMOB adotou rito procedimental
próprio de supervisão técnica, e houve elaboração de procedimentos específicos para tratar
as inconsistências relacionadas aos processos do BMOB, os quais foram formalizados por meio
do Ofício Circular nº 40/2022/DIRBEN-INSS, de 15.12.2022; os resultados pertinentes a essa
supervisão estão reportados neste no item 3.1, em sequência.
Quanto ao processo de supervisão técnica, é oportuno reportar que a Supervisão Técnica em
Benefícios foi estabelecida pela Portaria DIRBEN/INSS nº 36, de 30.08.2019, e foi reformulada
por meio da Portaria DIRBEN/INSS nº 1056/2022, que estabeleceu as diretrizes e os
procedimentos para os processos de Supervisão Técnica em Benefícios e Revisões
Administrativas e de Ofício no âmbito da DIRBEN.
De acordo com o art. 1º da Portaria DIRBEN/INSS nº 1056/2022, a supervisão técnica consiste
em:
[...] atividade de controle permanente da qualidade dos atos praticados no âmbito
do Reconhecimento do Direito dos benefícios administrados pelo Instituto Nacional
do Seguro Social e os fluxos operacionais para correção de erros formais nas tarefas
concluídas pelos Serviços de Centralização da Análise de Reconhecimento de
Direitos, Manutenção de Benefícios e de Atendimento de Demandas Judiciais de
Benefícios – Ceabs.

As supervisões técnicas, conforme a referida Portaria, devem considerar aspectos materiais e


formais do processo. Na portaria encontram-se, ainda, os parâmetros a serem observados em
cada critério avaliativo e em consonância com a especificidade de cada requerimento de
benefício e serviço.
Para fins de realização da supervisão técnica, os processos são selecionados aleatoriamente
por meio de amostra, obtida considerando o cálculo de amostra de populações finitas,
realizado com margem de erro de 3% e índice de confiabilidade de 95%. A finalidade da
supervisão técnica é monitorar a qualidade das análises dos requerimentos de
reconhecimento de direitos, e as desconformidades são encaminhadas para Revisão de Ofício,
conforme fluxo previsto na Portaria DIRBEN/INSS nº 1056/2022. Eventualmente, possíveis
indícios de irregularidades identificados são encaminhados para apuração pelo
Monitoramento Operacional de Benefícios (MOB).
3.1 Inconformidades identificadas nas supervisões técnicas realizadas nos processos
analisados e bonificados no âmbito do Programa Especial.
Em relação aos processos de apuração relativos a benefícios com indícios de irregularidades,
registra-se que constou da fila do BMOB/Terf um total de 505.793 processos/tarefas
bonificados e houve, por parte da CGMOB, a identificação da necessidade de reabertura para
correção de 10.561 processos/tarefas, que são oriundos de análises realizadas no Programa
Especial. Ainda que não tenham sido detalhados os tipos de problemas identificados, para que
esses processos tenham o tratamento necessário às correções das inconformidades, foi
definido que os ajustes seriam executados conforme os critérios e as orientações
estabelecidos no Ofício Circular nº 40/2022/DIRBEN/INSS.
Dentre os procedimentos estabelecidos para as correções das inconsistências, destaca-se que
os servidores responsáveis pelas análises receberiam da CGMOB, por e-mail institucional, o
quantitativo de processos pendentes para correções e, dependendo da quantidade de
processos que o servidor teria que ajustar/corrigir, o prazo para providências poderia variar
de 10 a 120 dias corridos.

21
Quanto aos processos/tarefas relativos ao reconhecimento inicial de direitos, no período
2019-2022, enquanto durou o Programa Especial, foram supervisionados pelo SUPERTEC
25.502 processos/tarefas e, desse total, 7.049 processos pertenciam à fila do BMOB/Terf,
representando 0,2% dos 3,6 milhões de tarefas analisadas no período de vigência deste
Programa Especial. Os resultados do SUPERTEC indicam que houve um percentual de
indeferimento superior na fila do BMOB (77,0%) em relação à fila ordinária (58,1%), conforme
demonstrado na Tabela 2.
Tabela 2: Comparativo de concessões e de indeferimentos BMOB/Terf X Fila Ordinária, a
partir de informações do SUPERTEC
Decisões Quantidade(1) Concessão Indeferimento
Fila BMOB/Terf 6.795 1.565 (23,0%) 5.230 (77,0%)
Fila Ordinária 17.739 7.432 (41,9%) 10.307 (58,1%)
Total 24.534 8.997 15.537
Fonte: elaborada pela equipe de auditoria, a partir de informações relacionadas ao SUPERTEC (Planilha SEI nº
10135428) e do Painel BMOB.
(1)
Das 25.502 tarefas supervisionadas, 24.534 (96,2%) continham informações a respeito da análise sobre a
decisão de deferimento ou indeferimento (ratifica, indica revisão, não ratifica).

Quando se considera o parecer das supervisões técnicas20, verifica-se que quase metade dos
indeferimentos não são ratificados, sendo que o percentual de não ratificação na fila do BMOB
(59,0%) é superior ao da fila ordinária (46,7%). Situação contrária acontece com as decisões
pela concessão dos benefícios, em que a não ratificação é inferior a 5%, conforme resultados
expressos na Tabela 3.
Tabela 3: Comparativo de concessões e de indeferimentos BMOB X Fila Ordinária e
ratificação, ou não, do parecer emitido, a partir de informações do SUPERTEC
Ratifica com
Filas BMOB X Ordinária Quantidade Ratifica indicativo de Não ratifica
revisão
BMOB Concessão 1.565 858 (54,8%) 633 (40,5%) 74 (4,7%)
BMOB Indeferimento 5.230 1.340 (25,6%) 803 (15,4%) 3.087 (59,0%)
Ordinária Concessão 7.432 5.181 (69,7%) 1.999 (26,9%) 252 (3,4%)
Ordinária Indeferimento 10.307 3.898 (37,8%) 1.601 (15,5%) 4.808 (46,7%)
Total 24.534 11.277 5.036 8.221
Fonte: elaborada pela equipe de auditoria, a partir de informações relacionadas ao SUPERTEC (Planilha SEI nº
10135428) e do Painel BMOB.

Os resultados apresentados indicam que processos analisados no âmbito do BMOB têm uma
maior probabilidade de serem indeferidos, e que esses indeferimentos não sejam ratificados
pelo processo de supervisão técnica, sugerindo que a decisão pelo indeferimento pode ser
mais vantajosa sob o ponto de vista da bonificação. Ressalta-se que o indeferimento incorreto,
além de prejudicar o segurado, tende a gerar retrabalho no âmbito do INSS devido aos pedidos
de revisão, bem como em função de recurso e de judicialização.
Corroborando esse entendimento, a partir de levantamento dos processos objeto de recurso
no âmbito do Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS), verificou-se que os

20
O SUPERTEC adota os seguintes critérios de avaliação: “ratifica”, quando não foi identificada inconformidade
e não há necessidade de ajuste; “ratifica com indicativo de revisão”, quando foi identificada alguma
inconformidade que necessita de ajuste; e “não ratifica”, quando será necessário rever a decisão, seja de
concessão ou de indeferimento.

22
servidores com o maior número de processos21 sob revisão eram aqueles que possuíam as
maiores médias de pagamento no âmbito do BMOB, conforme Tabela 4 a seguir:
Tabela 4: Quantidade de processos no CRPS versus Média pagamento BMOB
Quantidade de processos objeto de Média de pagamento BMOB por
Quantidade de servidores
recurso no CRPS em 2021 e 2022 servidor(R$)
Até 10 2.343 20.358,01
11 a 40 2.399 45.604,51
41 a 80 1.452 68.702,98
Acima de 81 1.105 94.593,61
Fonte: elaborada pela equipe de auditoria, com base no BG Recursos e no Painel BMOB referente a
pagamentos realizados de 07/2019 a 12/2022.

3.2 Oportunidade de utilização das inconformidades identificadas nas supervisões técnicas


para aprimorar os controles.
A qualidade das análises dos processos é uma das diretrizes das ações do Programa de
Supervisão Técnica em Benefícios, reformulado conforme a Portaria DIRBEN/INSS nº
1.056/2022, e sob a gestão da Coordenação-Geral de Reconhecimento de Direitos (CGRD). No
que se refere aos ajustes relacionados com as inconformidades identificadas nas supervisões
técnicas, os processos concluídos, incluídos aqueles do Programa Especial, podem ser
reabertos para correção e/ou complementação referentes a erros formais ou materiais, na
medida em que tenham sido selecionados pela amostra do SUPERTEC.
Ao ser questionada acerca do aprimoramento dos controles no âmbito do Programa Especial,
a partir das inconformidades identificadas nas supervisões técnicas, a unidade informou que
inexistem, no contexto da supervisão técnica, procedimentos aprimorados e/ou instituídos
em decorrência da análise dos processos do BMOB/Terf. No entanto, a CGRD esclareceu que
os resultados da supervisão técnica são utilizados de forma gerencial pela DIRBEN para definir
ações de capacitação para melhoria da qualidade do reconhecimento do direito. Todavia, a
utilização dos resultados das supervisões técnicas não ocorre de forma sistematizada e isso se
deve, segundo a CGRD, ao fato de o SUPERTEC ter acabado de passar por uma reestruturação
através da publicação da Portaria DIRBEN/INSS nº 1.056/2022 e em razão de atualmente estar
sendo executado o primeiro ciclo de supervisões após essa reestruturação.
Posteriormente, suplementando as informações, a CGRD acrescentou que, a partir da Portaria
DIRBEN/INSS nº 1.056/2022, se passou a realizar reunião de encerramento de cada ciclo
supervisionado, ocasião em que são apresentados os resultados às equipes das Coordenações
de Gestão de Benefícios (COBEN), das Superintendências Regionais, contendo os principais
pontos identificados na supervisão técnica. Informou, ainda, que é elaborado relatório
contendo os resultados das supervisões técnicas do ciclo, o qual é enviado às áreas
interessadas da DIRBEN.
Não foi identificada, portanto, definição formal ou evidenciação de que as inconformidades
verificadas nas supervisões técnicas estejam sendo utilizadas para aprimorar os controles em
geral ou que tenham sido utilizadas para aprimoramento dos controles considerando as
análises realizadas no contexto do Programa Especial. Tal situação contribuiu, de certa forma,

21
As espécies sob revisão consideradas se limitaram àquelas analisadas no âmbito da auditoria nº 1205147, quais
sejam: Aposentadoria por Idade Urbana, Aposentadoria Por Tempo de Contribuição, Auxílio Inclusão à Pessoa
com Deficiência, Benefício Assistencial à Pessoa com Deficiência, Benefício Assistencial ao Idoso, e Salário
Maternidade Urbano.

23
para a manutenção das causas dos problemas, criando um ciclo de reincidências, e, ao mesmo
tempo, recrudescendo os riscos de inconformidades e de indícios de irregularidades nos
processos analisados no âmbito do BMOB/Terf.
Destaca-se, assim, que os resultados das supervisões técnicas, cujo objetivo é avaliar a
qualidade das análises dos processos de benefícios/serviços, considerando aspectos materiais
e formais, não foram, a princípio, utilizados para estruturar procedimentos de controle no
âmbito do Programa Especial. Inexistindo, ainda, previsão formal para tratar as causas das
inconformidades e indícios de irregularidade detectadas nos ciclos de supervisão técnica e,
por consequência, os problemas identificados têm sido recorrentes, aumentando o retrabalho
e os custos administrativos na concessão e manutenção dos benefícios/serviços.
3.3 Atuação insuficiente do GTAPE e falta de integração com a supervisão técnica.
O INSS, por meio da Resolução PRES/INSS nº 675/2019, definiu a instituição do GTAPE, sua
composição e competências. O Grupo deve ser composto por representantes das Diretorias e
das Superintendências Regionais da Autarquia, e foi constituído por meio da Portaria
PRES/INSS nº 272, de 20.03.2019.
Entre as competências dispostas no art. 8º, caberia ao GTAPE avaliar a execução do Programa
Especial, produzir relatórios mensais, monitorar a existência de eventuais fragilidades no
controle da execução do referido Programa, recomendar a implementação de controles
internos, tendo em vista a redução de riscos relacionados à concessão de benefícios
irregulares e à análise de processos de requerimento inicial e de revisão de benefícios. Ainda
foi atribuída ao GTAPE, no parágrafo 2º do art. 8º, em especial para fins de pagamento do
bônus, competência para adotar medidas a partir do resultado do acompanhamento e das
conclusões da supervisão técnica (SUPERTEC), quanto à fundamentação das decisões de
concessão e indeferimento realizadas no âmbito do Programa Especial.
No entanto, nos quatro anos de duração do Programa, foram elaborados apenas dois
relatórios por equipes de apoio, compostas por representantes de outras unidades do INSS,
não tendo sido apresentada qualquer avaliação do próprio GTAPE em relação ao
acompanhamento, ao monitoramento e à avaliação da execução do Programa Especial.
Em relação à qualidade das análises dos processos do BMOB/Terf, segundo o GTAPE, estas
deveriam estar no escopo da supervisão técnica. Questionado, todavia, acerca da
identificação de eventuais fragilidades na execução do Programa e quanto à elaboração de
recomendações para implementação de controles, o GTAPE informou que não houve
identificação de fragilidades pelas equipes de apoio e que não foram elaboradas
recomendações para implementação de controles.
Verificou-se, portanto, não ter havido uma integração entre o GTAPE e a supervisão técnica,
pois, conforme já registrado neste achado, foi identificado incremento no percentual de
indeferimentos e de não ratificação das conclusões proferidas no âmbito do BMOB, em
análises feitas pela supervisão técnica. As inconsistências identificadas pela supervisão técnica
demonstram haver fragilidades nas análises conduzidas no âmbito do INSS, sem que o
tratamento pertinente tenha sido devidamente incorporado pelo GTAPE, no sentido de
apropriar-se dos problemas identificados, e de suas causas, e atuando na proposição de
medidas de aperfeiçoamento do Programa Especial.

24
3.4 Conclusão.
A partir do resultado dos exames realizados verificou-se que não foi definido um processo
para avaliar a qualidade das análises dos processos do BMOB/Terf. Embora tenham sido
implementadas regras de invalidação no Painel BMOB, nenhuma teve como objetivo verificar
aspectos relacionados com a qualidade das análises. É oportuno destacar que o resultado das
supervisões técnicas não está sendo utilizado com o intuito de implementar ações para a
melhoria do Programa Especial. Conforme reportado, existem criticidades inerentes às
particularidades do BMOB/Terf e, por não ter havido uma avaliação da qualidade com foco
nesses processos, intensifica-se a probabilidade do aumento de erros ou de inconsistências
nas análises.
A partir dos resultados das supervisões técnicas de processos da fila do BMOB, e em
comparação com aqueles relacionados à fila do trabalho ordinário, identificou-se incremento
no percentual de indeferimentos e de não ratificação das conclusões proferidas no âmbito do
BMOB, indicando que o pagamento de bônus pode estar induzindo a um aumento indevido
nos indeferimentos, o que prejudica o segurado e gera retrabalho no âmbito do INSS, e o
aumento de demandas nas instâncias recursal e judicial. Acrescenta-se, por fim, que as
supervisões técnicas não foram integradas na atuação do GTAPE, cuja competência prevê a
utilização desses resultados para adoção de ações no âmbito do Programa Especial.

4. Pagamento de remuneração superior ao teto constitucional,


decorrente do pagamento de bônus, sem que houvesse o
abatimento dos valores excedentes ao teto remuneratório.
Conforme previsto no art. 37, XI, da Constituição da República de 1988, os servidores da
administração pública federal estão sujeitos à limitação de remuneração estabelecida pelo
texto constitucional, qual seja, o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal. Ademais, o regulamento do BMOB/Terf dispõe que “a soma do valor pago
com o BMOB e a remuneração total do servidor não poderá ultrapassar o limite máximo de
remuneração do servidor no Poder Executivo”22. Ao longo da vigência do Programa Especial,
de meados de 2019 até o final de 2022, o subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal
correspondeu a R$ 39.293,3223.
A partir de dados do Portal BMOB e do Sistema Integrado de Administração de Pessoal (SIAPE),
identificaram-se os valores de bônus pagos aos servidores mensalmente, conforme Tabela 5
a seguir:

22
Art. 16, § 4º, da Resolução PRES/INSS nº 675/2019.
23
A Lei nº 13.752, de 26.11.2018, em seu art. 1º, estabeleceu que “O subsídio mensal dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal, referido no inciso XV do art. 48 da Constituição Federal, observado o disposto no art. 3º desta
Lei, corresponderá a R$ 39.293,32 (trinta e nove mil, duzentos e noventa e três reais e trinta e dois centavos)”.
Esse valor de teto remuneratório constitucional vigeu até a edição da Lei nº 14.520, de 09.01.2023.

25
Tabela 5: Pagamentos do BMOB/Terf por intervalos de valores
Quantidade de
Intervalo de valores/mês %
Servidores
> R$50.000,00 13 0,01%
R$40.000,00 a R$50.000,00 39 0,04%
R$30.000,00 a R$40.000,00 114 0,11%
R$20.000,00 a R$30.000,00 531 0,49%
R$15.000,00 a R$20.000,00 1.262 1,16%
R$10.000,00 a R$15.000,00 3.968 3,66%
R$5.000,00 a R$10.000,00 12.644 11,66%
R$1.000,00 a R$5.000,00 39.763 36,67%
< R$1.000,00 50.114 46,21%
Total 108.448 100%
Fonte: elaborado pela equipe de auditoria a partir dos dados do Painel BMOB.

Posteriormente, por meio de consultas na base de dados do Portal da Transparência,


verificou-se que uma amostra de servidores bonificados com os maiores valores de
BMOB/Terf não possuem qualquer valor de abatimento na rubrica “Abate teto da
remuneração básica bruta”. Adicionalmente, consultas no sítio eletrônico do Portal da
Transparência revelaram a inobservância do limite máximo de remuneração do servidor no
Poder Executivo em diversas ocasiões. A título de exemplo, determinado servidor recebeu R$
51.413,45 na competência de novembro de 2022, enquanto outro servidor recebeu R$
48.834,83 na competência de outubro de 2022.
Logo, os pagamentos mensais de bonificação superiores a R$ 35.000,00 possuem significativo
potencial de ultrapassar o teto, visto que a soma do BMOB/Terf e da remuneração total do
servidor pode exceder o valor limite de R$ 39.293,32.
A ausência de verificação dos limites legais quanto à observância do teto remuneratório, bem
como a possibilidade de falhas na parametrização do Sistema Integrado de Administração de
Pessoal (SIAPE) para avaliar eventual extrapolação do teto remuneratório, resulta em
pagamentos de valores indevidos. Portanto, conclui-se que, ao longo da execução do
Programa Especial, houve inobservância do limite máximo de remuneração definido pela
Constituição, considerando as definições do regulamento do BMOB/Terf.

26
RECOMENDAÇÕES
1. Implementar, no Painel BMOB, regra que impeça a ocorrência de análise de processos com
indícios de irregularidade por servidor impedido em razão de ter atuado no processo
específico.
Achado nº 1
2. Verificar a ocorrência de bonificação para os casos de não cumprimento da meta de
pontuação ordinária mencionados, considerando haver previsão de regras de invalidação
no Painel BMOB que não permitiriam o pagamento do bônus.
Achado nº 1
3. Verificar a efetividade do controle existente no Painel BMOB quanto ao cumprimento da
meta de pontuação ordinária, e adotar medidas eventualmente necessárias para sua
correção.
Achado nº 1
4. Documentar os critérios e metodologias de priorização utilizados para seleção de novos
processos a serem incluídos na fila extraordinária.
Achado nº 2
5. Considerando os riscos de erros e de decisões indevidas nos processos analisados no
BMOB/Terf no período de 2019-2022, avaliar a pertinência de ampliação da amostra
utilizada para análise de qualidade das decisões referentes a esses processos/tarefas, bem
como definir critérios a serem utilizados e que possam balizar análises e decisões futuras.
Achado nº 3
6. Elaborar procedimentos que prevejam a utilização das supervisões técnicas com vistas a
avaliar a qualidade das análises realizadas no âmbito do Programa Especial, caso este seja
prorrogado, definindo periodicidade e ações necessárias no caso de identificação de
impropriedades, permitindo a implementação de controles a partir das inconformidades
identificadas, assim como a realização de correções tempestivas nos processos e pareceres
relacionados.
Achado nº 3
7. Revisar procedimentos internos de modo a impedir o pagamento de BMOB/Terf em
desconformidade com a normatização relacionada, de forma que a soma da bonificação
com a remuneração do servidor não ultrapasse o limite máximo de remuneração do
servidor do Poder Executivo, bem como procedendo ao ajuste de pagamentos realizados
de maneira indevida.
Achado nº 4

27
CONCLUSÃO
O trabalho consistiu em avaliar os controles implementados pelo INSS no âmbito do Programa
Especial para Análise de Benefícios com Indícios de Irregularidade, tendo em vista a
bonificação pela análise extraordinária conclusiva de processos administrados pelo INSS. O
Programa Especial e o pagamento do bônus foram instituídos pela Lei nº 13.846/2019, que
também especificou quais processos deveriam compor o Programa Especial, portanto,
delimitou quais processos, após concluídas suas análises, seriam passíveis de recebimento do
bônus (BMOB/Terf).
Para integrar o Programa Especial, foram definidos processos que apresentassem indícios de
irregularidade ou potencial risco de realização de gastos indevidos na concessão, no recurso
ou na revisão de benefícios administrados pelo INSS, e processos administrativos de
requerimento inicial e de revisão de benefícios administrados pelo INSS com prazo legal para
conclusão expirado e que representassem acréscimo real à capacidade operacional regular de
conclusão de requerimentos, individualmente considerada, conforme estabelecido em ato do
Presidente do INSS.
Numa primeira perspectiva, o resultado dos exames realizados permitiu identificar que o INSS
implementou controles para assegurar a conformidade com os normativos, considerando os
servidores elegíveis para participarem do Programa Especial, os processos e o fluxo
operacional definido. Os controles foram implementados por meio de regras de invalidação
criadas no Painel BMOB. Foram implementadas 48 regras de invalidação que tinham o
objetivo de controlar a realização do trabalho em jornada ordinária e extraordinária; verificar
a situação cadastral e a qualificação do servidor; e controlar o cumprimento, pelo servidor,
dos fluxos operacionais definidos para as filas e análises das tarefas.
Tendo em vista aprofundar a verificação em relação aos controles implementados por meio
das regras de invalidação, analisou-se como foi acompanhado o cumprimento da capacidade
operacional ordinária, o risco de bonificação em duplicidade, e o controle previsto para
impedir a análise de processos com indícios de irregularidades por servidor que atuou
anteriormente nesses processos.
Adicionalmente, o resultado dos exames possibilitou identificar que não houve a
implementação de controle para garantir o pagamento da remuneração do servidor dentro
do limite do teto constitucional, considerando seu salário básico mais o pagamento do bônus.
Essa falta de controle permitiu que ocorressem pagamentos acima do limite estabelecido para
remuneração do servidor público do Executivo Federal, que durante o período de vigência do
Programa Especial correspondeu a R$ 39.293,32, subsídio dos ministros do Supremo Tribunal
Federal (STF).
Em outra perspectiva, foi avaliada a pertinência dos tipos de processos/tarefas que integraram
o BMOB/Terf e em que medida houve a priorização de processos na fila do processamento
extraordinário em detrimento de outros processos. Neste sentido, foi verificado que houve
um aumento significativo do volume de análises de tarefas do Painel de Qualidade de Dados
do Pagamento de Benefícios (QDBEN), notadamente a partir de abril/2021, em especial
tarefas relacionadas à correção cadastral, denotando a ausência de priorização de tarefas com
maior potencial de cessação de benefícios concedidos irregularmente, como a apuração de
irregularidades no âmbito do MOB. Ademais, verificou-se que as análises do MOB e do QDBEN

28
estão sendo realizadas quase que exclusivamente por meio do pagamento de bônus, sendo
pequena a quantidade de análises em caráter ordinário.
Sob outro enfoque, foram verificados os procedimentos desenvolvidos pelo INSS com vistas a
avaliar a qualidade das análises realizadas no âmbito do Programa Especial, considerando,
sobretudo, as criticidades inerentes ao processo, que envolveu a participação de um
contingente de servidores que não atuavam na análise de processos no âmbito do INSS.
Verificou-se que não houve uma definição específica para avaliar a qualidade das análises dos
processos do BMOB/Terf, seja por meio da utilização dos resultados da supervisão técnica,
seja pela implementação de regras no Painel BMOB. Resultados do SUPERTEC demonstraram
que as decisões proferidas no âmbito do BMOB/Terf apresentaram probabilidade maior de
indeferimento e de não ratificação do indeferimento, sugerindo que a bonificação pode estar
gerando incentivos ao indeferimento indevido.
Por fim, destaca-se que a presente auditoria registrou achados relevantes para o
aprimoramento do Programa Especial, sobretudo considerando a possibilidade de sua
renovação. É importante mencionar e considerar, em eventual continuidade do Programa, os
ganhos com o aumento da produtividade e a redução de despesas com encargos financeiros,
na concessão inicial, e com a cessação de benefícios irregulares. Não obstante, é necessário
que seja adotada a priorização criteriosa dos processos/tarefas a serem analisados no âmbito
do Programa, bem como a implementação de procedimentos de avaliação da qualidade
focados nos processos relacionados, com vistas à redução de custos com o retrabalho e a
concessão e o pagamento irregulares de benefícios.

29
ANEXOS
I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE AUDITADA E ANÁLISE DA EQUIPE DE
AUDITORIA
Após a Reunião de Busca Conjunta de Soluções, realizada em 07.06.2023, o INSS se manifestou
por meio do Ofício SEI nº 146/2023/DIGOV-INSS, de 15.06.2023, o qual encaminhou as
manifestações das unidades envolvidas no processo sob análise, conforme despachos a seguir
relacionados:
▪ Despacho SEI nº 12081719, da Diretoria de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão
(DIRBEN), de 14.06.2023.
▪ Despacho SEI nº 12015823, da Divisão de Revisão de Direitos (DREVD), de 07.06.2023.
▪ Despacho SEI nº 12024638, da Coordenação-Geral de Monitoramento e Cobrança
Administrativa de Benefícios (CGMOB), de 09.06.2023.
▪ Despacho SEI nº 12063012, da Coordenação de Administração de Resultados (CADR), de
14.06.2023.
▪ Despacho SEI nº 12098768, da Diretoria de Gestão de Pessoas (DGP), de 15.06.2023.
▪ Despacho SEI nº 12095521, da Coordenação de Gerenciamento Funcional (COGEF), de
15.06.2023.
Na sequência, são transcritas as respectivas manifestações das unidades, segregadas
conforme os Achados deste Relatório.
Achado nº 1
Manifestação da unidade auditada
Por meio do Despacho SEI nº 12063012, da Coordenação de Administração de Resultados
(CADR), de 14.06.2023, o INSS apresentou a seguinte manifestação:
[...]
“5. A cargo da Coordenação Geral de Relacionamentos com o Cidadão - CGREC detêm-se os
relacionados nos itens 1 a 4 e parcialmente, o item 7, para os quais preliminarmente, tomamos
ciência e encaminhamentos nos termos firmados ao longo da reunião supracitada, a fim de
trazer resolutividade aos achados de auditoria.
6. Assim, propomos a fixação do prazo até 31/10/2023 quanto a maior parte dos itens a cargo
desta coordenação, uma vez tratar-se de ações que demandam necessariamente, de
requisições à Dataprev para extrações e batimentos de dados, para a apurações da base de
pontuações quanto aos servidores listadas no documento SEI 11796159, bem como, quanto a
abertura de demanda oficial de evolução sistêmica, a princípio para o item 1, esta
submetendo-se ao backlog de entregas sistêmicas já contratualmente pactuadas neste ano.
7. Feitas as considerações, encaminha-se a Diretoria de Benefícios e Relacionamentos com o
Cidadão.”
Análise da equipe de auditoria
Conforme as considerações apresentadas pelo INSS, verifica-se que não houve manifestação
relativa ao Achado nº 1, sendo proposto o prazo de 31.10.2023 para a implementação das

30
providências relacionadas às Recomendações nº 1, 2 e 3, referentes a este Achado, as quais
serão acompanhadas no âmbito do processo de monitoramento de recomendações.

Achado nº 2
Manifestação da unidade auditada
Por meio do Despacho SEI nº 12024638, da Coordenação-Geral de Monitoramento e Cobrança
Administrativa de Benefício (CGMOB), de 09.06.2023, o INSS apresentou a seguinte
manifestação:
[...] “2. Em vista da pertinência temática, manifestamo-nos sobre as recomendações nº 4
(referente ao achado nº 2), nº 5 (referente ao achado nº 3) e nº 6 (referente ao achado nº 3).
Recomendação nº 4 - Documentar os critérios e metodologias de priorização utilizados para
seleção de novos processos a serem incluídos na fila extraordinária.
3. A respeito dessa recomendação, convém prestar esclarecimentos adicionais sobre os
seguintes pontos abordados no Relatório Preliminar:
(...)
4. Conforme texto supratranscrito, o trabalho de auditoria chegou à conclusão de que o
Instituto não estaria adotando critérios de seleção adequados no que tange aos serviços a
serem priorizados no âmbito do Programa Especial. Todavia, cabe uma breve contextualização
sobre os fatores que impactaram na decisão de tratamento das tarefas associadas ao QDBEN
por intermédio das análises bonificadas.
5. Em momento anterior à implantação do processo digital no âmbito desta autarquia, os
processos de apuração de indícios de irregularidade eram constituídos em meio físico e
cadastrados no CMOBEN, sistema de informações declaratórias criado para armazenar os
dados cadastrais e respectivos status das demandas e processos de apuração. Desenvolvido
por servidor do Instituto para gestão local, o sistema foi expandido nacionalmente e utilizado
pelo Monitoramento Operacional de Benefícios entre os anos de 2009 e 2019.
6. Com o intuito de obter maior efetividade e celeridade nos processos de apuração de indícios
de irregularidade, foi realizado estudo dos itens incluídos no CMOBEN (NOTA TÉCNICA Nº
15/2020/CGMOB/DIRBEN - NUP 35014.149268/2020-26; NOTA TÉCNICA Nº
17/2021/CGMOB/DIRBEN-INSS - NUP 35014.156041/2021-18), a fim de identificar os
principais problemas enfrentados em relação ao cadastramento e tratamento das demandas
recebidas, que não passavam por nenhum critério de avaliação para o seu cadastramento.
Outrossim, o trabalho foi desenvolvido com vistas à adequada migração dos dados para o
novel sistema de apuração de irregularidades (MOB Digital) e em consonância com os
conceitos infracitados, os quais foram previstos, posteriormente, na Portaria DIRBEN/INSS nº
887, de 10 de março de 2021:
I -Definição de indício de irregularidade: condição de desconformidade legal ou
normativa decorrente de indício de fraude ou de vício inconvalidável, constatada nos
produtos decorrentes de inserção e atualização de dados no Cadastro Nacional de
Informações Sociais - CNIS; em requerimento, concessão e manutenção de benefício
ou seguro-defeso; em requerimento e emissão de Certidão de Tempo de
Contribuição - CTC; dentre outros.

31
II -Admissibilidade para apuração: avaliação preliminar dos indicativos de
irregularidade, reservando o rito apuratório a situações que especificamente se
refiram a indício de fraude ou vício inconvalidável e que contenham elementos
mínimos que possibilitem a apuração. Desse modo, as situações atípicas, a exemplo
de falhas convalidáveis ou de inconsistências meramente cadastrais, devem ser
encaminhadas para tratamento pela respectiva área técnica competente, na forma
por esta designada.

7. À época do estudo, encontravam-se cadastrados no sistema CMOBEN 2.664.956 itens, dos


quais 1.795.933 com status "concluído" e 148.529 com status "aguardando conclusão da
cobrança", restando, por conseguinte, 719.826 itens considerados como legado. A partir dos
resultados, verificou-se que 354.473 casos (49,24%) do legado não se referiam a situações de
desconformidade legal ou normativa decorrente de indício de fraude ou de vício
inconvalidável, compondo esse quantitativo demandas de inconsistência cadastral (29,97%),
revisão (3,97%), pagamento pós-óbito (13,99%) e Cobrança Administrativa (1,62%), assim
representadas graficamente:

8. Com isso, após análise e classificação do legado dos processos contidos no sistema
CMOBEN, os itens seguiram às respectivas áreas técnicas competentes, observando-se a
seguinte classificação:
I - itens relacionados a inconsistências cadastrais: representam este grupo as
demandas cadastrais geradas a partir da comparação de diferentes bases de dados
governamentais, possibilitando a detecção de inconsistências nos dados de
identificação das pessoas físicas ou nos eventos previdenciários. Tais inconsistências
podem ser sanadas por meio de ações corretivas no cadastro, independentemente
de instauração de processo de apuração de indício de irregularidade;
II - itens relacionados à Revisão Administrativa: os quais foram encaminhados à
Coordenação-Geral de Reconhecimento de Direitos (CGRD) para adoção das
providências cabíveis, haja vista a prescindibilidade, a priori, de instauração de
processo apuratório pela área de monitoramento de benefícios;
III - itens relacionados à Cobrança Administrativa: situações em que já havia sido
constatado efetivo prejuízo ao erário;
IV - itens relacionados com pagamento pós-óbito: no estudo veiculado na Nota
Técnica nº 25 DIRBEN/INSS de 16/09/2020, concluiu-se que os procedimentos
relacionados às demandas de recebimento pós-óbito referiam-se a simples
verificações sistêmicas, dispensando-se, portanto, a instauração de processo de
apuração de indício de irregularidade. Nesse sentido, uma vez identificado o
responsável pelo dano ao erário, caberiam apenas providências correlatas à

32
cobrança administrativa, além do encaminhamento à Procuradoria Federal
Especializada para eventual emissão de notícia-crime;
V - itens aptos ao cadastramento no sistema MOB Digital para instauração das
apurações: situações que efetivamente se referem a indício de fraude ou vício
inconvalidável e que contêm elementos mínimos que possibilitem a apuração,
atendendo, portanto, aos critérios de admissibilidade estabelecidos na Portaria
DIRBEN/INSS Nº 887, DE 10DE MARÇO DE 2021, referidos no item 6 do presente
despacho.

9. No tocante ao tratamento das inconsistências cadastrais, importante ressaltar o papel


fundamental do Sistema de Verificação de Conformidade da Folha de Pagamento de
Benefícios - SVCBEN, implantado com a publicação da Resolução nº 678 /PRES/INSS, de 23 de
abril de 2019. Trata-se de ferramenta que analisa a Folha de Pagamento de forma sistemática
e automatizada com vistas a identificar dentre outras situações eventuais inconsistências, com
posterior consolidação e organização no Painel de Qualidade de Dados do Pagamento de
Benefícios - QDBEN, juntamente com os resultados das ações concernentes as suas correções.
10. Frisa-se, por oportuno, que o SVCBEN/Painel QDBEN viabiliza o monitoramento contínuo
das situações de divergências identificadas na Folha de Pagamento de Benefícios da
Autarquia, as quais são submetidas a um fluxo específico de tratamento, consistente na
criação de tarefas no sistema Gerenciador de Tarefas - GET que são transferidas para análise
nas unidades descentralizadas.
11. A incrementação das tarefas oriundas do SVCBEN/Painel QDBEN fazem parte de um
tratamento conjunto entre a manutenção e o MOB, visando primeiramente a qualificação e a
conformidade da folha de pagamento, por intermédio da geração de tarefas referentes a
benefícios que apresentem inconsistências na manutenção buscando-se a conformidade do
benefício, primeiramente sem a necessidade de um processo de apuração de irregularidade,
visto que as tarefas QDBEN serão tratadas inicialmente na fila de manutenção de benefícios.
Caso na análise prévia seja identificado vício que afete o direito à continuidade regular da
manutenção do benefício, a situação será objeto de instauração de processo de apuração da
irregularidade, respeitando-se rito próprio e a ampla defesa e contraditório no sistema de
apurações (MOB Digital ou GET). Cabendo ressaltar que o fruto da implementação da
atividade QDBEN X MANUTENÇÃO X APURAÇÃO vem sendo constantemente estudado no
Instituto no sentido de dirimir divergências nos aplicativos das normas e fluxos de realizações
das atividades.
12. Portanto, as tarefas associadas ao SVCBEN/Painel QDBEN não são analisadas por
servidores que atuam na área de monitoramento de benefícios, ou seja, com expertise na
apuração de processos de indícios de irregularidades.
13. Nesse cenário, a inclusão das tarefas associadas ao SVCBEN/QDBEN no Programa Especial
em abril de 2021 foi resultado da avaliação conjunta dos seguintes fatores:
13.1. Número expressivo de demandas relacionadas a inconsistências cadastrais
13.1.1. A partir do estudo dos itens incluídos no CMOBEN restou evidente que a força
operacional do monitoramento de benefícios estava sendo direcionada, em grande parte, ao
tratamento de demandas que a princípio prescindem da instauração de processo apuratório,
ficando em segundo plano a análise dos processos com maior probabilidade de indícios
decorrentes de fraude ou de vício inconvalidável.

33
13.1.2. Além disso, nas próprias auditorias realizadas pelos órgãos de controle verifica-se uma
prevalência de detecção de irregularidades relacionadas a inconsistências cadastrais, aspecto
que foi considerado, inclusive, na construção das tipologias utilizadas pelo SVCBEN, as quais
foram baseadas em acórdãos e relatórios dos órgãos de controle interno e externo.
13.1.3. Conforme art. 9º da Resolução nº 675 PRES/INSS, encontram-se no rol de processos
que devem ser priorizados justamente aqueles com maior quantidade de tipologias
identificadas pelo TCU, CGU, Força-Tarefa Previdenciária e INSS (inciso I, alínea "c"), sendo
este um dos critérios observados na decisão de inserir as tarefas relacionadas ao
SVCBEN/QDBEN no Programa Especial, o que ocorreu a partir da Publicação da Portaria
PRES/INSS nº 1.274, de 11 de fevereiro de 2021, que alterou a Resolução nº 675 /PRES/INSS,
de 21 de fevereiro de 2019:
Art. 1º A Resolução nº 675/PRES/INSS, de 21 de fevereiro de 2019, publicada no Diário Oficial
da União nº 37, de 22 de fevereiro de2019, Seção 1, págs. 26/27, passa a vigorar com as
seguintes alterações:
‘Art. 5º Para fins do Programa Especial, são considerados processos com indícios de
irregularidade aqueles com potencial risco de gastos indevidos e que se enquadrem
nas seguintes hipóteses:
[...]
VII - benefício com indício de irregularidade que esteja consolidado no Painel de
Qualidade de Dados do Pagamento de Benefícios -QDBEN; e
VIII - outros elementos de risco apontados pela DIRBEN e aprovados pelo Presidente
do INSS.’ (NR)

13.2. Escassez de recursos humanos


13.2.1. No que tange à força de trabalho, de acordo com o Relatório de Gestão do INSS
referente ao exercício de 2022, houve drástica redução do número de servidores nos últimos
anos, conforme evidenciado no gráfico abaixo:

13.3 Não obstante a escassez de servidores ativos representar fator determinante na


morosidade das atividades desenvolvidas não só pela área de monitoramento de benefícios,

34
mas pelo Instituto como um todo, é importante salientar que a força de trabalho voltada às
atividades de apuração de indícios de irregularidades é ainda mais diminuta, já que estas
atividades devem ser executadas por servidores que detenham conhecimento específico.
13.4. Como bem pontuado no relatório preliminar, ‘o princípio da economicidade embasou os
dispositivos legais que estabeleceram os tipos de processos a serem analisados no âmbito do
Programa Especial’, prezando, quanto à definição de análise de processos com indícios de
irregularidade ou potencial risco de realização de gastos indevidos, pela ‘economia de gastos
com a cessação de benefícios concedidos irregularmente’.
13.5. Ocorre que, para uma acertada aplicação do princípio da economicidade, foi preciso
considerar que a apuração de indícios de irregularidades consiste em procedimento complexo
e que demanda razoável tempo para ser concluído, sendo passível de invalidação se não forem
devidamente observadas as seguintes etapas, imprescindíveis para a garantia da ampla defesa
e do contraditório ao interessado: instauração do processo com cadastramento no sistema
MOB Digital; distribuição para análise por servidor, respeitando-se a ordem cronológica;
emissão de ofício de defesa, respeitados os prazos legais para manifestação do interessado;
análise da defesa e parecer conclusivo; ofício de recurso, respeitados os prazos legais para
manifestação do interessado; encaminhamento do recurso ou outros encaminhamento
pertinentes, caso o interessado não tenha optado pela via recursal; encaminhamentos após
decisão de última instância administrativa.
13.6. Conforme já salientado (item 10 do presente despacho), as tarefas associadas ao
SVCBEN/Painel QDBEN não são analisadas por servidores que atuam na área de
monitoramento de benefícios, ou seja, com expertise na apuração de processos de indícios de
irregularidades. Nesse contexto, por meio da Fila extraordinária, podem ser trabalhadas por
um número maior de servidores da Casa, contribuindo para uma célere identificação dos
benefícios que efetivamente possuam irregularidades na concessão ou manutenção e,
portanto, contribuindo para evitar gastos indevidos com benefícios com potencial risco de
pagamento indevido, já que após o tratamento das inconsistências cadastrais ou, em alguns
casos, após a revisão, podem ser identificados indícios de fraude ou de vício inconvalidável,
os quais serão encaminhados para a apuração.
13.7. Como é sabido, a capacidade operacional para dar tratamento a estas tarefas de forma
ordinária é limitada, razão pela qual revelou-se conveniente e oportuno inseri-las no Programa
Especial, levando-se em conta que a Exposição de Motivos da MP nº 871/2019 apresentou o
BMOB/Terf como instrumento de gestão para aumentar a capacidade operacional do INSS e
para conciliar a necessidade de atenção da Autarquia com os processos concessórios e com o
combate às fraudes e às irregularidades.
13.8. A respeito da disparidade entre o número de análises de processos com indícios de
irregularidades (MOB e QDBEN) realizadas nas filas ordinárias (220.588) e o número de
análises bonificadas (1.244.420), parece-nos razoável avaliá-la sobre outra perspectiva: os
números evidenciam que a capacidade operacional ordinária é insuficiente para atender o
elevado quantitativo de demandas, o que significa dizer que, sem o redirecionamento dessas
tarefas para o Programa Especial, seria impossível analisar 590.216 benefícios, apenas no
âmbito do QDBEN. Aliás, as limitações da força de trabalho e o elevado número de tarefas
(SVCBEN/QDBEN) justificaram a publicação da Portaria PRES/INSS nº 1.274, de 11 de fevereiro
de 2021, que alterou a Resolução nº 675 /PRES/INSS, de 21 de fevereiro de2019, conforme se
extrai do processo constituído para tratamento do assunto (NUP 35014.311295/2020-24):

35
1. Trata-se de estudo preliminar para verificação da viabilidade da inclusão das
tarefas de Processo de Qualificação da Folha de Pagamento – QDBEN no Programa
Especial de Bônus de Desempenho Institucional por Análise de Benefícios com
indícios de irregularidade do Monitoramento Operacional de Benefícios - BMOB,
encaminhado à esta CGPGSP por meio do Despacho SEI nº 2201950, emitido pela
Coordenação-Geral De Gestão da Experiência do Usuário e Canais - CGEUC.
2. A CGEUC encaminhou o presente à "DIRBEN para análise quanto ao
enquadramento dessa demanda na RESOLUÇÃO Nº 675, DE 21 DEFEVEREIRO DE
2019 (apuração de irregularidade ou prevenção de gastos), já que estritamente afeta
ao controle e redução de gastos indevidos".
[...]
5. Recentemente, conforme contido do documento elaborado pela CGEUC, foram
identificados um grande contingente de benefícios sob tais condições, resultando na
criação de tarefas GET que, atualmente, encontra-se sob competência da CEAB -
Manutenção, isto é, são tratadas em conjunto com as demandas regulares de
atualização de benefícios.
6. Diante disso, considerando que ainda há 840.819 tarefas (QDBEN) pendentes de
conclusão, a CGEUC sugere a inclusão de tais tarefas no escopo do Programa Especial
de Bônus de Desempenho Institucional por Análise de Benefícios com indícios de
irregularidade do Monitoramento Operacional de Benefícios, com pagamento do
Bônus de Desempenho Institucional por Análise de Benefícios com Indícios de
Irregularidade do Monitoramento Operacional de Benefícios (BMOB), instituídos
pela Lei 13.846, de 19 de junho de 2019, que converteu a Medida Provisória nº 871,
de 2019.
[...]
9.Convém frisar que as tarefas do QDBEN [...], são ainda aquelas derivadas da
identificação das inconsistências, ou seja, situações em que não há o conjunto de
dados necessários para realização das verificações de forma consistente, que, depois
de concluídas, gerarão os processos decorrentes das irregularidades configuradas.
10. Entretanto, conforme declara a própria Lei 13.846/2019, em seu art. 1º, I, o
programa tem como objetivo "analisar processos que apresentem indícios de
irregularidade e potencial risco de realização de gastos indevidos na concessão de
benefícios administrados pelo INSS", o que parece acolher integralmente a demanda
do QDBEN, considerando especialmente que as inconsistências mapeadas, se não
sanadas, podem gerar a manutenção e pagamento indevido de benefícios
previdenciários. Em outros termos, a garantia da regularidade na manutenção dos
benefícios administrados pelo INSS constitui-se como medida inafastável de
proteção não apenas ao erário, mas do próprio interesse público.
11. Nesse sentido, uma vez que a grande demanda pendente de conclusão das
tarefas do QDBEN certamente gera mora na análise, bem como prejuízos às demais
requisições de atualização de benefícios mantidos, uma vez que igualmente de
competência da CEAB - Manutenção, configurando-se assim comprometimento ao
atendimento célere ao cidadão. Frisa-se que, em se tratando de elementos
envolvidos no regular pagamento dos benefícios previdenciários, o equilíbrio
mínimo entre demanda e capacidade de resposta ganha contorno prioritário.
12. Assim sendo, à esta CGPGSP, a proposta apresentada pela CGEUC parece
encontrar respaldo legal nos termos expostos, bem como demonstra ser medida
adequada e exequível, cujos resultados projetados indicam a implantação da medida
como aprimoramento dos mecanismos disponíveis de gestão de acervo.
13.9. Ademais, embora o trabalho de auditoria tenha considerado baixo o percentual de
benefícios cessados (69.293) em relação aos analisados (590.216), é importante pontuar que

36
ainda assim há um ganho no tocante à economia de gastos com a cessação de benefícios
concedidos irregularmente, já que com esse trabalho desenvolvido de forma extraordinária
evita-se desperdício da força de trabalho especializada da área de monitoramento de
benefícios - MOB com demandas que podem receber tratamento simplificado em comparação
àquelas tipicamente afetas à apuração de indícios de irregularidades. Assim, ainda que
indiretamente, há reflexos no aumento da produtividade dos servidores do MOB, os quais
podem focar na análise dos benefícios com maior probabilidade de terem sido concedidos ou
mantidos irregularmente.
13.10. Ainda sobre o aspecto da economicidade, como já foi enfatizado, o processo de
apuração de indícios de irregularidade possui rito próprio e que deve ser rigorosamente
observado para que não ocorra a sua invalidação, razão pela qual a expertise do servidor
revela-se de grande valia. Nessa perspectiva, direcionar às Filas do Programa Especial um
número maior de tarefas relacionadas ao SVCBEN/QDBEN implica, em verdade, no melhor
aproveitamento da mão-de-obra disponibilizada no BMOB/TERF, tendo em vista que, como
participam do programa servidores do Instituto que atuam nas mais diversas áreas, o risco de
desconformidade na análise dos processos que seguem o rito apuratório precisa ser
ponderado, por se tratar de situação que resultaria em retrabalho e, consequentemente,
ofensa ao princípio da economicidade.
13.11. Diante de tais fatos, é possível inferir que houve uma análise de criticidade e
economicidade quanto aos processos de indícios de irregularidade a serem priorizados no
âmbito do Programa Especial, dentro das reais possibilidades do Instituto e nos limites das
atribuições desta CGMOB.” [...]
Análise da equipe de auditoria
Conforme as considerações apresentadas pelo INSS, por meio do Despacho da CGMOB, a
inclusão das tarefas associadas ao SVCBEN/Painel QDBEN é fruto de uma avaliação conjunta
da Autarquia a respeito dos seguintes fatores: número expressivo de demandas relacionadas
a inconsistências cadastrais e escassez de recursos humanos.
Quanto ao primeiro fator, o INSS argumenta que a força operacional do monitoramento de
benefícios estava deixando em segundo plano a análise de processos com maior probabilidade
de indícios decorrentes de fraude ou de vício inconvalidável, que são condições
normativamente definidas como indício de irregularidade, conforme o conceito previsto na
Portaria DIRBEN/INSS nº 887/2021, em favor do tratamento de demandas que a princípio
prescindem da instauração de processo apuratório.
Não obstante, o alto percentual de análises de itens relacionados a inconsistências cadastrais
oriundos do SVCBEN/Painel QDBEN apenas reforça o que havia sido identificado
anteriormente: a priorização de análises com menor impacto. Em que pese o gestor informar
que dessa maneira “evita-se desperdício da força de trabalho especializada da área de
monitoramento de benefícios - MOB com demandas que podem receber tratamento
simplificado em comparação àquelas tipicamente afetas à apuração de indícios de
irregularidades”, é importante salientar que a Lei nº 13.846/2019, que instituiu o BMOB/Terf,
define como objetivo a análise de “processos que apresentam indícios de irregularidade ou
potencial risco de realização de gastos indevidos”. Assim, a bonificação, conforme a
normatização mencionada, tem por objetivo a análise de processos com indícios de
irregularidade, bem como que possuam risco associado à realização de gastos indevidos, de

37
forma diversa da priorização que vem ocorrendo, que privilegia a realização de ajustes
cadastrais em detrimento das análises mencionadas.
Ressalta-se que a manifestação do INSS explicita que as situações relacionadas a
inconsistências cadastrais “podem ser sanadas por meio de ações corretivas no cadastro,
independentemente de instauração de processo de apuração de indício de irregularidade”,
demonstrando que tal tipologia não é caracterizada como tendo alto risco de gasto indevido.
Esse entendimento é corroborado pelo baixo percentual de cessação de benefícios a partir
das análises bonificadas. Destaca-se que, quanto a este aspecto, a equipe de auditoria não
questiona a relevância da cessação de benefícios, mas sim sua baixa efetividade, que é
possivelmente influenciada pela grande quantidade de análises de inconsistências cadastrais.
Ademais, o INSS argumenta que há prevalência, nas auditorias realizadas pelos órgãos de
controle interno e externo, de identificação de situações relacionadas a inconsistências
cadastrais. Quanto a este aspecto, reitera-se que o intuito do bônus, conforme registrado na
Exposição de Motivos que encaminha a Medida Provisória que criou o bônus, não é sanar este
tipo de inconsistência, mas sim aquelas relacionadas ao pagamento de benefícios
potencialmente indevidos.
Quanto ao segundo fator, o INSS argumenta que houve redução drástica do quadro de
servidores nos últimos anos, sobretudo nas atividades de apuração de indícios de
irregularidade, uma vez que se trata de atividade complexa executada por servidores que
possuem um conhecimento específico no assunto. O INSS afirma ainda que o direcionamento
das análises para os processos do SVCBEN/Painel QDBEN representa um melhor
aproveitamento da mão-de-obra da Autarquia, visto que os participantes do Programa
Especial provêm de diversas áreas do Instituto, não possuindo, necessariamente, a expertise
para a análise de processos de apuração de indícios de irregularidade. Novamente, é
importante reforçar que o objetivo do Programa Especial é a análise de benefícios com indícios
de irregularidade e de requerimentos de direitos, a bonificação dos servidores por análises
em caráter extraordinário deve ser consequência natural dessas análises, não devendo
ocorrer a bonificação de servidores de forma indistinta. Assim, caso os servidores não tenham
as competências necessárias para realizar as atividades de apuração de indício de
irregularidade, não deveria ser possível sua alocação para a realização de análises cujo bônus
criado pretende priorizar. De acordo com a manifestação apresentada, os dirigentes da
Autarquia, ao invés de desenvolver iniciativas para qualificar os servidores, ou delimitar sua
atuação às competências que dispõem no momento da realização das tarefas, expandiu a
possibilidade de bonificação para análises mais simples, como apresentado em sua
manifestação.
Por fim, ressalta-se que a recomendação nº 4 não sugere a exclusão de processos do
SVCBEN/Painel QDBEN do âmbito do Programa Especial, e, sim, recomenda a documentação
dos critérios e das metodologias de priorização para a seleção de novos processos a serem
incluídos na fila extraordinária.

38
Achado nº 3
Manifestação da unidade auditada
Por meio do Despacho SEI nº 12024638, da Coordenação-Geral de Monitoramento e Cobrança
Administrativa de Benefício (CGMOB), de 09.06.2023, o INSS apresentou a seguinte
manifestação:
[...] “Recomendação nº 5 - Considerando os riscos de erros e de decisões indevidas nos
processos analisados no BMOB/Terf no período de 2019-2022, avaliar a pertinência de
ampliação da amostra utilizada para análise de qualidade das decisões referentes a esses
processos/tarefas, bem como definir critérios a serem utilizados e que possam balizar análises
e decisões futuras;
14. Verifica-se que constou do relatório preliminar os seguintes apontamentos quanto à
avaliação de qualidade dos processos realizada pela supervisão técnica (SUPERTEC) no âmbito
da CGMOB:
(...)
15. Assim, cabem os seguintes esclarecimentos sobre os assuntos abordados:
16. Do tratamento específico dos processos de reabertura oriundos de análises realizadas no
Programa Especial
16.1. Conforme já esclarecido em manifestação anterior desta Coordenação-Geral (SEI n.
10547956), foi expedido o Ofício SEI Circular nº 40/2022/DIRBEN/INSS (SEI n. 10148398) para
tratamento dos 10.561 (dez mil quinhentos e sessenta e um) pedidos de reabertura de
processos de apuração de irregularidade oriundos de análises realizadas no Programa Especial
- BMOB, prevendo a comunicação dos servidores responsáveis, via e-mail institucional, sobre
o quantitativo de processos pendentes de correção a ser realizada por eles próprios.
16.2. Desse modo, a ação de notificação dos servidores foi concretizada, sendo estes
devidamente orientados a reabrir o processo de apuração ou manifestar porque se opõe.
Compete observar que, apesar de no item 9 do Ofício SEI Circular nº 40/2022/DIRBEN/INSS
restar orientado que o servidor deverá encaminhar e-mail para a CGMOB, essa orientação foi
ampliada ao longo da implementação dos trabalhos para os Serviços de Monitoramento e
Cobrança Administrativa de Benefícios - SERMOBs e Seções de Análise de Monitoramento e
Cobrança Administrativa de Benefícios - SAMCs, pois tais setores possuem competência
técnica para se manifestarem e dirimirem grande parte das dúvidas apresentadas, isso tudo
sem afastar as responsabilidades da CGMOB na gestão das demais ações que lhe competem.
Portanto, o posicionamento contrário do servidor é submetido à SAMC ou SERMOB e por
último à CGMOB, caso não sejam dirimidas as divergências.
16.3. Ademais, importante destacar que no tratamento das determinações do Ofício SEI
Circular nº 40/2022/DIRBEN/INSS a CGMOB vem acompanhando e orientando aos servidores
e unidades, principalmente, nos seguintes aspectos:
a) análise dos processos por servidores que estão no Programa de Gestão e
trabalham por meta: como os processos foram analisados pelo servidor no âmbito
do Programa Especial, a correção deverá seguir as mesmas regras, ou seja, efetuar a
correção, se for o caso, fora do horário de expediente. Os prazos para cumprimento
das análises e correções deverão atender ao contido no Ofício supracitado;
b) prorrogação de prazo: eventualmente pode ocorrer essa prorrogação,
considerando período de férias ou outro evento que ocorra e impeça o cumprimento

39
ou atrase o início de suas atividades. Será considerada a partir do momento em que
a justificativa for conhecida pela CGMOB, após análise por esta Coordenação-Geral;
c) providências a serem adotadas pelo servidor após a correção: cabe ao servidor
verificar se a nova tarefa "Encaminhamentos do Processo de Apuração - MOB" foi
automaticamente gerada e, em caso negativo, criá-la manualmente. O servidor
também está sendo orientado a responder o e-mail à CGMOB com a planilha
preenchida com informação da solução;
d) servidor afastado por licença sem previsão de retorno, exonerado, aposentado ou
que veio a óbito: restou orientado ao SAMC/SERMOB que os processos analisados
no âmbito do Programa Especial devem ser corrigidos. Assim, atendendo ao item 6
do mencionado Ofício Circular, bem como à Portaria DIRBEN/INSS Nº 1086, DE 15
DE DEZEMBRO DE 2022, será necessário que a SAMC/SERMOB, a depender do caso,
tome as providências cabíveis quanto à criação de tarefa de “Revisão de Ofício –
MOB”.

17. Da oportunidade de utilização das inconformidades identificadas nas supervisões para


aprimorar os controles
17.1. No que tange à supervisão técnica competente à área de monitoramento de benefícios,
importante rememorar que os procedimentos correlatos a esta supervisão foram
disciplinados recentemente, com a publicação da Portaria DIRBEN/INSS nº 1086, de 20 de
dezembro de 2022 (SEI n. 10148352). O normativo foi desenvolvido com intuito de efetuar o
controle na qualidade dos atos praticados no decorrer do processo de apuração de indícios de
irregularidade.
17.2. Ainda que o tema "supervisão" não estivesse normatizado anteriormente para o MOB,
as tarefas de reabertura que foram utilizadas em momento anterior, solicitadas a partir das
análises realizadas na etapa de "encaminhamentos do processo" (conforme já explanado na
Nota Técnica nº 10547956/2023/CGMOB/CGRD/CGREC/DIRBEN-INSS, expedida em resposta
à solicitação de auditoria n.1205146/005; SEI n. 10547956), passaram a fornecer subsídios
para a construção da Portaria, pois nas tarefas de pedido de reabertura foram identificados
os principais problemas nas fases iniciais do processo que se desenvolvem no MOB Digital.
17.3. As análises que corresponderão ao primeiro ciclo de supervisões serão realizadas com
servidores que compõem as equipes descentralizadas do MOB, portariados para esse fim.
Avaliando critérios relacionados a escassa força operacional, conveniência e exequibilidade,
inicialmente foram criados apenas dois indicadores, que envolvem a prática de atos no
processo que impactam os desdobramentos da apuração (notícia crime, cobrança e envio à
Corregedoria).
17.4. Portanto, os dois indicadores levarão em conta a conformidade da análise meritória, que
decide se o benefício deve ou não ser mantido por deixar de atender aos requisitos legais.
a) Índice de Conformidade da Apuração de Irregularidade – ICAI: amostra de tarefas
de supervisão técnica em benefício -MOB em período determinado, considerando
de forma distinta as tarefas de supervisão técnica solicitadas para correção individual
nos processos de apuração, e as tarefas de supervisão técnica criadas a partir da
amostra aleatória definida pela DIRBEN para avaliação dos processos de apuração,
que serão divididas pelo Total de tarefas de "Apuração de Irregularidade"
supervisionadas no mesmo período de seleção da amostra (semestral);
b) Índice de Correção do Mérito da Apuração de Irregularidade – ICMA: amostra de
tarefas de "supervisão técnica em benefícios - MOB", em período determinado, com
conclusão "decisão do processo de apuração NÃO confirmada", extraída pelo campo

40
adicional, visando as análises que foram concluídas como regulares, parcialmente
irregulares ou irregulares, que tiveram a decisão retificada.

17.5. Em paralelo, foram avaliados os riscos quanto a possíveis incorreções no preenchimento


dos campos adicionais das tarefas de supervisão inicialmente solicitadas pelos servidores que
têm analisado a fase de encaminhamentos, que pudessem inviabilizar a avaliação da
supervisão. Por isso, definiu-se que a Coordenação poderá fazer uso de amostra aleatória,
criando novas tarefas de supervisão. Cabe esclarecer ainda, que para análise de quaisquer das
amostras a Coordenação vem trabalhando na construção de manual de orientação para
análise da supervisão.
17.6. O descumprimento de requisitos formais no processo também pode interferir na
continuidade da apuração, porém, não serão avaliados nesta primeira etapa. Foram
mapeadas as principais situações que podem ocasionar vícios, para as quais o servidor deve
solicitar correções antes de prosseguir com a análise:
a) ausência de comprovação da notificação postal;
c) ausência de publicação de edital, quando a entrega do ofício de defesa, do ofício
de recurso ou outra comunicação oficial ao interessado não restou comprovada;
e) ausência no processo apuratório dos elementos mínimos para conclusão efetiva
da apuração ou para a caracterização e materialização da irregularidade;
g) ausência de manifestação no relatório conclusivo quanto à identificação de fraude
na concessão ou manutenção dos benefícios, certidões de tempo de contribuição ou
de alterações no Cadastro Nacional de Informações Sociais, nos casos em que
couber;
i) ausência de manifestação no relatório conclusivo quanto a indício de envolvimento
de servidor, nos casos em que couber;
k) parecer pela irregularidade, sem relatório de análise, ou com relatório que não
contenha a descrição dos fatos analisados;
m) suspensão indevida do benefício, com divergência das informações descritas no
relatório conclusivo, como decisões por regularidade ou irregularidade parcial;

17.7. Os itens acima são exemplificativos, assim a Portaria complementou com outras
possibilidades de solicitação de correções, a partir de distorções que eventualmente sejam
identificadas nas análises, mas não de forma totalmente aleatória, e sim limitando em
parâmetros específicos que podem gerar subsídios para o desenvolvimento de novos
indicadores, como:
I -identificação de desconformidade nas análises em determinadas tipologias de
indício de irregularidade;
III - análises incompletas causadas por ausência de elementos apontados pelos
órgãos demandantes, que inviabilizam a materialização da irregularidade;
V -disfunções no padrão das análises por Superintendências Regionais.

17.8. Pretende-se com as informações extraídas dos campos adicionais das tarefas de
supervisão e do detalhamento das análises, que sejam produzidos insumos para
aperfeiçoamento qualitativo e quantitativo dos procedimentos de apuração em matéria de
benefícios úteis para gestão, tais como: principais necessidades de capacitação para
servidores do MOB, elaboração de normativos específicos, implementação de novos formatos
na apuração e criação de novos indicadores.

41
17.9. Cabe salientar que na Portaria foram previstas situações que não devem ser corrigidas
através da tarefa de supervisão técnica, por se tratar de procedimentos relacionados à
formalização e que não impactam o curso da apuração, quando o saneamento processual
pode ser realizado em outros atos, sem necessidade de tarefa intermediária:
I -erros de digitação nos relatórios, que não impactam nas decisões comunicadas por
meio dos ofícios de defesa e recurso;
III - valor informado incorretamente no sistema de apuração ou de gerenciamento
de tarefas, mas de forma correta no ofício de recurso;
V -retirada de documentos juntados por equívoco;
VII - juntada de documentos que podem ser extraídos dos sistemas e não impactam
em alterações nos ofícios de defesa, recurso ou outros;
IX - alterações em campos no sistema de apuração ou de gerenciamento de tarefas
que não exigem a emissão de novas notificações ou alterações em relatórios de
análise do processo de apuração.
XI - data de início da irregularidade possível de ser determinada pelo período de
débito ou pelo cálculo do valor recebido indevidamente.
XIII - apontamento equivocado quanto a Notícia Crime, a Corregedoria, boa ou má-
fé durante a fase de análise da defesa.
XV - não anexação da notificação bem sucedida ou do edital.

17.10. Para os pedidos de correção apontados acima foram descritas formas distintas de
tratamento, que via de regra podem ser realizadas diretamente no sistema MOB Digital ou
tarefa GET (APIRREG), sem intermediação de outra tarefa. Essas formas de correção não
afetam a decisão de mérito e não causam vício insanável no processo, pois podem ser
corrigidos em outro despacho proferido no processo que promovam a correta formalização.
Antes da publicação da Portaria estas situações seguiam o mesmo fluxo destinado às
correções de mérito, pois o módulo de supervisão/correção no MOB Digital era destinado
somente às equipes de Superintendência.
17.11. Outra questão que impactava o tratamento de forma simplificada destas situações é
que o MOB Digital restringe a solicitação de reabertura a duas possibilidades: “Correção de
Vício Material” ou "Reabrir Apuração de Irregularidade". As nomenclaturas definidas ainda
geram dúvidas nos servidores quanto ao fluxo a ser adotado, portanto, foi necessário trazer
orientações específicas na Portaria para execução das correções diretamente no sistema.
17.12. Até que o sistema de apuração esteja preparado para corrigir as informações
registradas na fase de análise da defesa e emissão do ofício de recurso sem necessidade de
reemitir as notificações ao interessado, também foi necessário orientar que as correções
sejam realizadas no despacho conclusivo do serviço “Encaminhamentos do Processo de
Apuração - MOB”, já que o fluxo desenhado dessa forma não induz o servidor a adotar este
procedimento.
17.13. Assim, espera-se ter sido satisfatoriamente demonstrado que a construção de um fluxo
para a supervisão técnica -MOB decorreu do acompanhamento de distorções e pedidos de
correção que passaram a ser observadas a partir da implementação do processo eletrônico
em julho de 2019, pois só então foi possível avaliar o resultado das apurações. Provavelmente
os mesmos erros ocorriam antes da implementação do processo digital, porém, não eram
mensurados, já que as análises eram em meio físico e realizadas nas unidades
descentralizadas, o que desfavorecia o acompanhamento centralizado.

42
17.14. Por fim, após o resultado da primeira avaliação das supervisões poderão ser detectadas
distorções que exijam a criação de novos indicadores na Portaria.
Recomendação nº 6 - Elaborar procedimentos que prevejam a utilização das supervisões
técnicas com vistas a avaliar a qualidade das análises realizadas no âmbito do Programa
Especial, caso este seja prorrogado, definindo periodicidade e ações necessárias no caso de
identificação de impropriedades, permitindo a implementação de controles a partir das
inconformidades identificadas, assim como a realização de correções tempestivas nos
processos e pareceres relacionados.
18. Aplicam-se a esta recomendação os mesmos comentários realizados quanto à
Recomendação nº 5.

Conclusão
19. No decorrer do relatório preliminar foram enfatizadas deficiências relacionadas ao
dimensionamento da força de trabalho, aos critérios de priorização adotados pelo Instituto e
à avaliação da qualidade das análises realizadas no âmbito do Programa Especial.
20. Contudo, é importante salientar o esforço empreendido pela autarquia, em especial a
CGMOB/DIRBEN, no sentido de atender às recomendações/determinações advindas dos
órgãos de controle, mesmo diante da escassez de recursos humanos, das dificuldades de
ordem sistêmica/operacional e de infortúnios externos, a exemplo da situação emergencial
provocada pela pandemia de Covid-19.
21. A partir do exposto na presente manifestação, espera-se que tenha sido atingido o
objetivo de demonstrar que estão em curso inúmeras ações visando justamente amenizar as
deficiências relativas ao processo de apuração de indícios de irregularidades, porém sem
olvidar que o êxito dessas ações, na celeridade que se impõe, depende de recursos financeiros
e sistêmicos atualmente indisponíveis.
22. Diante do exposto, faz-se imprescindível que todos esses aspectos sejam considerados
neste trabalho de auditoria.”
Ainda sobre o Achado nº 3, o INSS apresentou a seguinte manifestação, por meio do Despacho
SEI nº 12015823, da Divisão de Revisão de Direitos (DREVD), de 07.06.2023:
“1. Trata-se da versão preliminar do Relatório de Auditoria n° 1205146(SEI 11796109),
acompanha o Anexo Achado 1.1 Relatório Preliminar 1205146 (11796159), referente aos
trabalhos que tiveram como objetivo a Avaliação do BMOB/Terf - Bônus instituído pela Lei nº
13.846/2019, para que a autarquia analise e apresente considerações adicionais, se
necessário.
2. Foi encaminhado a esta Divisão pela Coordenação Geral de Reconhecimento de Direitos -
CGRD, através do despacho SEI 11900978, para manifestação no que se refere às
competências desta área.
3.Dentre as recomendações apresentadas pelo relatório de auditoria, as que se referem as
competências da Divisão de Revisão de Direitos são:
‘5. Considerando os riscos de erros e de decisões indevidas nos processos analisados
no BMOB/Terf no período de 2019-2022, avaliar a pertinência de ampliação da
amostra utilizada para análise de qualidade das decisões referentes a esses

43
processos/tarefas, bem como definir critérios a serem utilizados e que possam
balizar análises e decisões futuras.
Achado nº 3
6. Elaborar procedimentos que prevejam a utilização das supervisões técnicas com
vistas a avaliara qualidade das análises realizadas no âmbito do Programa Especial,
caso este seja prorrogado, definindo periodicidade e ações necessárias no caso de
identificação de impropriedades, permitindo a implementação de controles a partir
das inconformidades identificadas, assim como a realização de correções
tempestivas nos processos e pareceres relacionados.
Achado nº 3’

4. Com relação aos item 5 e 6 acima exposto ressaltamos que atualmente a Supervisão Técnica
em benefícios ocorre periodicamente através de seleção amostral estatística de populações
finitas utilizando-se de parâmetros pré-definidos:
a) População considerada: total de processos concluídos na competência
imediatamente anterior a competência da geração da amostra até a competência da
última amostra gerada, por servidores por Superintendência Regional, de forma a
garantir que a supervisão técnica amostral abarque todo o período de análise do
ano.
b) Margem de erro: 3%
c) Confiabilidade: 95%

5. Assim, a supervisão técnica de origem da amostra aleatória abarca tanto os requerimentos


analisados no âmbito das filas ordinárias, quanto os requerimentos analisados nas filas
extraordinárias (BMOB e Terf). Esses parâmetros pré-definidos são necessários para que
possamos mensurar a qualidade da análise do Reconhecimento Inicial do INSS como um todo,
vez que este é objetivo primordial do programa, conforme Portaria 1.056 /DIRBEN/INSS:
‘Art. 1º Definir o processo de Supervisão Técnica em Benefício como atividade de
controle permanente da qualidade dos atos praticados no âmbito do
Reconhecimento do Direito dos benefícios administrados pelo Instituto Nacional do
Seguro Social e os fluxos operacionais para correção de erros formais nas tarefas
concluídas pelos Serviços de Centralização da Análise de Reconhecimento de
Direitos, Manutenção de Benefícios e de Atendimento de Demandas Judiciais de
Benefícios – Ceabs.
[...]
Art. 3º As supervisões técnicas de Benefícios têm como objetivo monitorar a
qualidade dos processos administrativos de Reconhecimento de Direitos no âmbito
da Diretoria de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão por meio de seleção
baseada em critérios estatísticos predefinidos.’
6. Além disso, a Supervisão Técnica de origem da amostragem aleatória é o principal subsídio
dos indicadores de qualidade da Diretoria de Benefícios e Relacionamento com o cidadão:
‘Art. 9º Ficam definidos como indicadores de desempenho da qualidade:
I - índice de conformidade – IC;
II - índice de decisões ratificadas – IDR;
III - índice de processos a serem reanalisados – IPR; e
IV - índice de reversão da decisão – IRD.
§ 1º Comporão a base de cálculo dos indicadores somente as supervisões técnicas
cuja origem tenha sido a seleção de amostra aleatória, conforme artigo 7º.

44
§ 2º Compõe o Índice de Conformidade o total de processos que tiveram ratificação
plena na análise da supervisão e sem nenhum indicativo de revisão procedimental
ou de mérito.
§ 3º Compõe o Índice de Decisões Ratificadas o total de processos cuja decisão de
deferimento ou indeferimento tenha sido mantida, mesmo que tenha havido
necessidade de realização de algum tipo de revisão no processo.
§ 4º Compõe o Índice de Processos a serem Reanalisados o total de processos
supervisionados cuja conclusão da supervisão tiveram indicativo de revisão.
§ 5º Compõe o Índice de Reversão da Decisão o total de processos supervisionados
cuja supervisão indicou a não ratificação da decisão de deferimento ou
indeferimento.’

7. Dessa forma, a seleção com base em critérios que possam mudar a aleatoriedade da seleção
da amostra impactaria diretamente no resultado dos indicadores de desempenho da
qualidade, fazendo com que eles não representassem o nível da qualidade como um todo do
reconhecimento inicial na análise de benefícios realizado pelo INSS, e sendo assim, não
agregaria neste momento a um mapeamento da qualidade dos programas especiais (Terf e
BMOB).
8. Ressaltamos, porém, que está no escopo dos projetos desta Divisão para o segundo
semestre do ano de 2023 o início do projeto de supervisão técnica com foco de controle da
qualidade da análise de reconhecimento de direitos dos servidores vinculados aos programas
especiais de análise, como o BMOB e TERF.”
Análise da equipe de auditoria
Em relação ao Achado nº 3, o INSS se manifestou abordando a supervisão técnica em relação
aos processos de apuração de indício de irregularidades e, em separado, apresentou
manifestação acerca da supervisão técnica dos processos relacionados com o reconhecimento
inicial de direitos.
No que se refere aos processos com indícios de irregularidade, a Unidade reforçou
informações anteriormente apresentadas à auditoria, referentes aos procedimentos que
deveriam ser adotados para o tratamento de 10.561 processos analisados no âmbito do
BMOB/Terf, os quais foram reabertos em razão de terem apresentado alguma inconsistência
em sua análise. Os procedimentos foram elaborados especificamente para o tratamento
dessas inconsistências, identificadas em relação aos processos do BMOB/Terf, e foram
formalizados por meio do Ofício Circular nº 40/2022/DIRBEN/INSS. A CGMOB acrescentou,
ainda, que a supervisão técnica na área de monitoramento de benefícios será realizada a partir
das orientações trazidas na Portaria DIRBEN/INSS nº 1086/2022, cujo primeiro ciclo de
supervisão será realizado com servidores que compõem as equipes descentralizados do MOB.
A supervisão técnica dos processos de apuração de indícios de irregularidade utilizará
indicadores que permitirão avaliar a manutenção do benefício previdenciário, caso este
atenda ou não os critérios legais. Diante das informações apresentadas entende-se estar em
desenvolvimento a estruturação do processo de supervisão técnica dos processos
relacionados à apuração de indícios de irregularidade, com formalização dos procedimentos,
definição de critérios e de indicadores a serem utilizados nos ciclos de supervisão técnica.
Quanto à supervisão técnica (SUPERTEC) referente aos processos de reconhecimento inicial
de direitos, ainda no contexto do Achado 3, a Divisão de Revisão de Direitos (DREVD)
apresentou manifestação informando aspectos específicos quanto à supervisão técnica,

45
contidos na Portaria DIRBEN/INSS nº 1056/2022. Foram abordados parâmetros que já haviam
sido contextualizados para a auditoria, como a população de processos considerada, a
amostra aleatória, a margem de erro e a confiabilidade.
A Unidade informou, adicionalmente, que a mensuração da qualidade é realizada utilizando
esses parâmetros pré-definidos e que sua abrangência leva em consideração todos os
processos, sem distinção entre requerimentos de fila ordinária e extraordinária. Foi ressaltado
que eventual seleção de amostra que implique em mudanças na aleatoriedade e nos critérios
utilizados poderia impactar no resultado dos indicadores de desempenho da qualidade. Esse
impacto significaria falta de representatividade do nível de qualidade do reconhecimento
inicial de direitos na análise de benefícios e, por este motivo, não seria recomendável fazer
nesse momento apuração da qualidade do BMOB/Terf.
Todavia, a Unidade sinalizou que se encontra no seu escopo realizar, no segundo semestre de
2023, projeto de supervisão técnica com vista a avaliar a qualidade das análises de
reconhecimento de direitos dos colaboradores vinculados aos programas especiais como o
BMOB/Terf.
Assim, as manifestações apresentadas não ensejam alterações no Achado, tampouco nas
Recomendações nº 5 e nº 6. As providências adotadas serão acompanhadas no âmbito do
monitoramento de recomendações.

Achado nº 4
Manifestação da unidade auditada
Por meio do Despacho SEI nº 12095521, da Coordenação de Gerenciamento Funcional
(COGEF), de 15.06.2023, o INSS apresentou a seguinte manifestação:
“1. Trata-se da versão preliminar do Relatório de Auditoria n° 1205146(SEI 11796109),
acompanha o Anexo Achado 1.1 Relatório Preliminar 1205146 (11796159), referente aos
trabalhos que tiveram como objetivo a Avaliação do BMOB/Terf - Bônus instituído pela Lei nº
13.846/2019, para que a autarquia analise e apresente considerações adicionais, se
necessário.
2. Identifica-se necessidade de atuação da gestão de pessoas no tocante ao achado nº 4, que
trata de pagamento de remuneração superior ao teto constitucional, decorrente do
pagamento do bônus, sem que houvesse o abatimento dos valores excedentes ao teto
remuneratório.
3. Como recomendação, a Controladoria-Geral da União propôs:
‘7. Revisar procedimentos internos de modo a impedir o pagamento de BMOB/Terf
em desconformidade com a normatização relacionada, de forma que a soma da
bonificação com a remuneração do servidor não ultrapasse o limite máximo de
remuneração do servidor do Poder Executivo, bem como procedendo ao ajuste de
pagamentos realizados de maneira indevida.
Achado nº 4’.
4. Considerando o teor da matéria, os autos foram encaminhados à Divisão de Administração
de Cadastro e Pagamento - DACP para ciência e manifestação.
5. Consoante proposta, a DACP apresentou as principais sugestões (iniciais), colacionadas a
seguir:
46
0.1. os valores incluídos nos arquivos para carga batch para inclusão em folha devem
ser consignados nas sequências de 1 a 5, para que o abate teto seja realizado de
forma automática pelo sistema;
0.2. caso sejam consignados os valores nas sequências de 6 a 9, há necessidade da
área demandante informar qual sequência está sendo utilizada para cada
competência não podendo ultrapassar 10 (dez) mil, por competência, para que possa
ser realizado cruzamento de dados da remuneração do servidor com o BMOB da
competência informada;
0.3. destaca-se que não devem ser agrupados em cada uma das sequências valores
de mais de uma competência.

6. Contudo, e como bem destacado por aquela divisão no Despacho 12079562, poderão ser
elaboradas novas estratégias para assegurar o pagamento dentro do limite do teto
constitucional, tal como, impor travas/limites de processos a serem analisados por cada
servidor. Esta ação depende de alinhamento com a área demandante.
7. Importa frisar que tal alinhamento também servirá para atuação conjunta em gestão de
riscos, além de se esclarecer alguns procedimentos.
8. Assim, em que pese haver propostas iniciais para atendimento da recomendação, é
necessário promover o referido alinhamento.
9. Neste sentido, face a necessidade de atuação conjunta, pleiteia-se a dilação de prazo para
atendimento da recomendação, por mais 30 (trinta) dias.
Análise da equipe de auditoria
Conforme as considerações apresentadas pelo INSS, há necessidade de alinhamento e de
atuação conjunta entre diversas áreas da Autarquia, como a área responsável pela gestão de
pessoas, a área responsável pela gestão de riscos e área responsável pelo cadastro e pelo
pagamento. As providências adotadas para o atendimento da recomendação serão
acompanhadas no âmbito do monitoramento de recomendações.

47

Você também pode gostar