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püblico

rT

iiRA

suBvENcOEs
Natureza jurIdica. Não se confundem corn isençöes.
IRRETROATIVIDADE DA LEI
Direito adquirido não gozado.
CELSO ANTONIO BANDEILIA
BE MELLO
Professor da Faculdade de Diieto da Universidade
Católica do São Paulo
GERALDO ATALIBA
Professor das Faculdades de Direito da Universidade
de São Paulo e Universidade Catdlica tie São Paulo

SUMARIO: 1) Naturera. do direito em caua; 2) Ca.váter irrestrito do


di.reito a subvencão; 3) Irretroatividade da lei e direito adquirido;
4) Resumo sintético e conclusivo; 5) Resposta aos quesitos.

I -
OS FATOS destinados a produtão industrial da
cinpresas beneficiadas. inclusive mate-
o art. 14 da lei n. 4.676, do 16.6.1965. rial de transmissio e distribuição de
determinava; "São isentos do imposto energia elétrica" (grifos nossos).
de consumo do quo trata a lei u. 4.502. Em 30.12.1968. a isencäo foi defini-
do 30.11.1964, os hens e produtos adqui- tivamente revogada polo art. 18 do
ridos para uso prôprio pelas Ceutrais decreto-lei n. 400, transcrito a seguir
Eltricas Brasilciras S/A -
ELETRO -
"Ficarn revogados... os arts. 14. e eu
BRAS, e pelos concessionários de ser- parágrafo uinico, da Iei n. 4.676, de . -.

vko püblico do energia elétrica" (grifos 16.6.1965, e 4.° do decreto-lel n. 34. de


nossos). 18.11.1966. bern corno todas as domais
Posteriormento. cm 18.11.1966, o isençSes subjetivas relativas ao WI"
decreto-Ici a. 34, cm sea art. 4.°, esta- (grifos nossos).
belc'ceu a seguinte IimitaçSo a isenc5o Entretanto. o mesmo decreto-Ici ii.
conceclida: "As isencöes previstas no 400. de 30.12.1968. em seu art. 19. esta-
art. 14 da lei n. 4.676, do 16.6.1965 beleceu, para as entidades incluldas uas
quando relativas a produtos adquiridos disposicöes do art. 18. acima transcrito.
no mercado interno, somente alcançam o seguinte beneficio: "Art. 19. Durante
as máquinas, equipamentos e apareihos o exercieio de 1969. as ntidadcs inclul-.
86 PABECERES RDP -20

this nas disposicöes do artigo anterior be outro lado. estarnos nós. ao lado
terão dircito a receber quantia igual ao do Paulo Barros Carvalho. na esteira
valor do IN incidente sobre os produtos Piofleira abertga por Aifredo Becker e
(tae houverem adciuirido no mesmo Souto Major Borges.
pe riodo." Para este ditirno. isencão é: "Não
Finainiente. ainda em 1069. sobreveio incjdência juridicamente qualificada, nor
a decreto -lei n. 644, de 23 de junho, quo. deterrninação da lei" ("IsencSes Tribu-
em sen art. 0.°. acrcscentou urn part -
tarias", pãgs. 190 e 208).
grafo ilnico ao art. 19 do decreto -lei n. Para A. Becier. a norma do isencão
400. nos seguintes termos: "Art. 9.. é "a foimulação negativa da regra juri-
Fica acrescentado aa art. 19 do decrelii -
diea que estabelece a tributação" ("Too -

Id a. 400. de 30.12.1968, urn parãgrafo cia Geral do Direito Tributãrio", pãg.


)nico corn a seguinte redação: Parágrafo 277).
iuico. Excluem -se do disposto neste 0 Código Tributário Nacional, por sua
artigo a Centrals Elétricas Brasileiras
S/A -
ELETROBRAS C OS concesslo- vez. reflete 0 pensarnento de SCUS prin-.
nários do servicos pãblicos do energia
cipais fatores. dispondo acerca da
slétrica" (grifos nossos).
isenção c da anistia (art. 175. a. I),
como formas do: (parãgrafo inico) "...
II -
CONSULTA cxclusão do crédito tributário..."
Qualqucr que seja o conceito do isen-
A Cia. Paulista de Força e Luz, a ção, supôe a existéncia do urn tributo
vista dessa situação, formula consulta ou em tese (Souto Major Borges e
(IUC pode ser sintetizada nos seguintes Aifredo Becker) on em concreto (Rubons
quesitos: Gomes do Sousa. Gilberto de UlhOa
a) o direito a rcccbor certa quantia. Canto c o Código Tributãrio Nacioiial).
na ljnião, criado pela disposicão do art. Na verdade. a iseneão tributária d
19 do decreto-lei n. 400. de 30.12.1968. questSo do direito tributário. Supöe as
eon figura isencAo tributária? figuras da pesson trihutante c do con -

b) Esse direito sofro as restricôes


tribuinfe. Supöe o relacionamento, polo
menos hipotél ico. entre urn e outro.
cstabelecidas polo art. 4. do decreto-lel Supôe cornpetência tributária e situação
ii. 33, do 18.11.1966?
do sujeicão tributária.
c) 0 art. 9.° do decreto-Ici a. 644,
On exclui o débito do contribuinte.
de 23.6.1969, quo fez extinguir para a apôs nascida a obrigação (Rubens Gomes
consulente esse direito. pode ter efeito do Sousa), ou exclui a própria mci-
retroativo? Ofende direito aclquirido? déncia da loi e conseqüente obrigaQão
(Becker. Souto Major Borges).
HI -
PARECER
Do qualquer forma, não se pode cogi -

1. NATUREZA DO DIREITO EM CAUSA tar do instituto da iscnçSo, scm consi-


dcrai'-
pelo meflos hipoteticarnente -

a) Conceito de isenão nina rclacão tributária: urn sujeito


Lavra grande divergência cloutrinária ativo, pessoa pblica; urn sujeito pas -

entre nOs. acerca do conceito de isdncão sivo. contribuinte: urn vinculo legal e
Entende a inaloria dos autores que esso urn objeto: a prestacão indevida ou
instituto so conceitua. no direito tribu- d ispensada.
iái'io. como "a dispensa de pagarnento ¯Nisto convérn gregos e troianos, cilia
do tributo devido" (art. 141 do projeto discussão se circunscreve a determinar
do Código Trthutãrio Nacionafl. se he, ou uão. "incidéncia da Ici tn-
São prógonos dcssa corrente Ruhens hutCria" e se he "obrigacão tributCria"
Comes do Sousa e Gilberto de UlhOa on se é exeluido 0 "crédito tributCrin
Canto. responsâveis, alias, polo exce- Em todas as hipóteses, 6 inconcusso
lente anteprojeto do Código Tributário que o terna iscnçCo trihutCria so cir-
Nacional. cunscrove, so cinge, ao campo do direito
Srl3VFNcoES 87

tributário e sose define em função do contrario: contempla situação abrangida


instituto juridico do tributo. tal corno pela obrigação tributária (embora dan -

definido polo art. 3.' do COdigo Tribu- Los isenLa). 0 art. 19 volta-se exata-
tário Nacional. monte sobre quern arcou corn a reper-
cussOo do urn tributo devido e já pago:
Confronto dos conceitos de isencâo corn supOc. cntão, a existncia e a persis
a figura prevista no art. 19 do decret.o- téncia da obrigacflo tributária, idéia
-lei a. 400 antitética a do isencâo.
Rigorosarnente falando, o benefIcio
o art. 19 do decreto-Ici n. 400, do contido no art. 19 tern corno pressuposto
30.12.1968. dispôs quo: "Duraute o a inexisténcia de isencão. Antcs, recla -

excrcicio de 1969, as entidades.., terão ma racionalmente sua inexis tncia par -

dircito a rcceher quantia igual no valor


do IPI incidente sobre os produtos que
que presume aigném quo scm contri-
buinte do fato. contribuinte econôrnico.
bouverern adquiriclo no mesmo periodo." do tributo não excluido, não dispen-
E isso urna isencão? Esse direito con -
sado, mas devido e jé pago.
fei'ido pela Ici a consulente -
entre
outras einpresas -
configura o instituto Nern poderia ser isencOo o objeto do
juridico tributArio da isencão? preCeito do art. 19 do dccreto-lei n. 400
Simples leit.ura dessa disposicão já
l.i que a art. 18 do mesmo diploma revo-
gou a isençOo. ate a data existente.
evidencia quo nao. Seria dospautCria inaceitável, contra-
Não se trata, absolutarnente, do isen- -senso cxccpcional, o legislador revogar
çiio. 0 direito conferido a consulente urna isençäo numa disposição do id e.
j>clo decreto -lei citado nao corresponde an seguinte, restabelecC-la.
a nenhum conceito doutrinário de isen -

co, nern ao conceito legal adotado pelo Dal por quo pretender sustentar essa
COdigo Tributário Nacional. Lose seria atribuir insensatez e incoc-
Efet ivamente: rCncia no legislador. o quo no exegeta
C vedado.
a) não emprega a ici o termo isen-
çao; b) Natureza do beneficio
b) não "dispensa" ninguém do o que esté estabeiccido no art. 19 do
neiihuin tributo: decreto-lei n. 400 C urn beneficlo. dada
c) não cxclui a incidéncia do nenhuin pela lei a certas empresas conccssioná-
tributo; rias da União.
d) não poe ninguérn fora do alcance outorgou-lhes a direito irrcstrito a
de tributo devido. perceberem nina certa irnportância em
Muito polo contrário, o preceito "sub dinheiro, durante a exercicio financeiro
examine" supOe a existéncia de uma do 1969. Dispôs a Ici quo teria a consu -

rclio tributária nOo absolvida. Pam bate -


juntamente coin as demais coxi-
bayer subvenao, é preciso quo o IN. cessionCrias -
a direita do receber
tenha sido pago pelas empresas forne- dinlieiro da União. importOncia csta
cedoras da consulente. apenas dimensionada polo valor do IPI
So adquirindo produtos sujeitos ao incidente sobre os produtos quo aiaquele
IPI pode a consulente fazer jus no exercicio hauvcsse adquirido.
direito ai estabelecido. A medida desse Criou, destarte, a lei, urna relacâo
direito é precisamente o montante do juridica obrigacional cujo sujeito ativo
IPI ineorporado no preço dos produtos sâo as concessionárias do energia dC-
quo adquiriu.
trica e cujo sujeito passivo é a UniCo.
Essa disposição legal (art. 19), cogita, Assim. "ox vi legis", esté a União -,

pois. de hipOtese em quo não houve desde a expedicão desse diploma legal
libei'ação do mu tributo ou exclusão do -
constituida na posicão de devedoi'a
incidincia da Id tributária. Muito polo da consulente e esta na do credora.
88 PARECERES 11DP -2f

8ubveniio transportado o instituto pam o dire ito


püblico, necessariamente deve submeter-
o que, na verdade, fez a deereto-Ici -so ao regime prOprio deste direito, cujas
ii. 400 não foj outra coisa senão esta- exigêneias fundamentais configuram os
bclecer uma subvencão federal em favor tineamentos globais que informain Os
da consu1ente. priucipios basilares da acSo estatal.
Nada tern de extraordinário a outorga "Nestes se funda Ruy Cirne Lirna para
dc suhvençöes pelo Poder Páblico. E. elaborar a scu magistral principio da
pelo contrário, prática costumeira. cor- relacão de adrninistracão. Quais sejam
reule, cornum. esics principios, como se estruturam e
Os l'oderes Ptiblicos. no Brash e em se inter -relacionam, Celso AntOnio
todo mundo. usarn da subvenção - l3arideira de Mello o oxpOs corn clareza
dentre muitos outros mcios como
-
a corn sua habitual segurança ("Natu-
instrurnento de estirnulo e incentivo a reza e Regime Juridico das Autarquias".
atividades. ou ainda p5g. 281).
determi nadas
como neste caso), corno formula de "Na verdade a legalidado, a igualdade.
compensar encargos ou a supressão de a suprernacia do interesse pdblico, a
direitos ou favores legais. publicidade, a responsabilidade do Es -

Sabre as subveiicöes. tivenios oportu- tado. são principios que informarn direta
nidade (IC escrever. em artigo de cunho ou indiretamente todos os institutos de
doutrinãrio publicado na "Revista do direito pühlico, se erigem em critérios
Ministéi'io Ptiblico de Säo PauIo" da avaliação técnica dos normas juri-
"Outra coisa nào fazern os Estados e dicas c em fOrmulas do intempretacão a
aplicaçSo do Direito.
11 Uniiio, por mu e urna formas. diretas
e in(lirctas. no (rca da SUDENE. "As exigéncias do regime pulilicistico
SUD%I etc.. bern corno no setor da impoern, portanto. alteracão no carãter
pesca, do construção naval. do jndds- nib contraprestacional das subvençSes.
tria aeronutica ctc. Variain Os crité- Par isso, so estas persistem inarcadas
rios. silo diversificadas as formas, mas. poe esta indelével pecuharidade, a gra-
no fundo. as finalidades e as lustru- tuidade quo as matiza, crnhora mantflla
nientos säo sempre os mesinos. E não no estrutura do instituto, não exclui
consta quc jamais se baja impugnado. urna compensacio inserida em posicão
poe inconstitucional. este modo de agir. nuclear a decisiva, entre seus pressu-
"Pois as mesmas razOes quo auto - postos.
rizam a subt'encão direta c a erecão "Assim, 1)0 direito püblico, sempre se
dos inais variados critérios para efeti- reconliecerS, entre os pi'essupostos do
va-las, admitern a accitaão desta forma subvencilo, urn interesse püblico rele-
tic cstiinulo. Subvençào 6 palavra dujo vante.
Iiino se eacontra eni "subvcntio"
("subvcnire") c significa socorrer nu "A prcsenca deste 6 bastante e sufi-
ajudar. Modernarncntc, sempre significa ciente para validar a subvcncão. Assim.
iijuda pecUfliária. so é por motivo de interesse püblieo
quo so concede qualquer subvencão,
"Em dircito civil configura unia "tollitur quacstio" (Geraldo Ataliba.
forma do doacâo. [sto accntua son coca -
"Subvencão municipal a empresas, como
ter 1150 compdnsatOrio. Incentivo a industrializacSo", in "Justi -

"J)c forma geral, no dircito pOblico tin", vol. 72/153).


-
e especialniente no financeiro a
subveucSo 6 urn instituto consagi'ado, Definicão de subvencão
estudado pela doutrina. regulado por
farta lcgislacão e do ampla ap1icação A subvencão so pode definir corno
prtica, universalinente.
"auxilio ou ajuda pecuniária que se dâ
"Eiiibora sen caráter seja não remu- a alguérn on a alguma instituicão, no
neratOrio e nSo compensatOrio, quando sentido de as proteger, ou para quo
S EJBVENcOES 89

real izern ou cumprain seus objetivos" i verdade quo não so deixou ao arbi -

(Dc Plãcido e Siiva, "Vocabulário Juri- trio da Adrninistração a decisão quanto


dico", vol. IV/1.492). aos "produtos ou rnateriais" cujo moon -

tivo pode ser promovido, pelas subvcn-


"concorrer corn diniteiro on outros Qöes. Nem Se poderia fazC-1o. No nosso
bens da entidade estatal, para que se sistema, so a id pode dispor sobre a
cxerca atividade .." (Pontes de Miran- destinaçSo dos dinheiros püblicos.
da, "Coinentários a ConstituiçSo de
1967 corn a Emcnda n. 1, de 1969". tomo No caso, porém, do "ajuda financeira"
H, pág. 185). Subvcncionar é, juridica-
- subvenção -
a empresa de fins lucra-
monte, o mesmo quo estipendiar, na tivos. foi perernptória a lei n. 4.320 no
autorizada licão do most so da liermenthi-. vcdâ-la. corn a ressalva do expressa
disposiçSo do Ic! especial. Efetivarnente.
tica, Carlos Maxirniliano ("Comcntários
S ConstituiSo 13ras11eira do 1946", assim dispCs: "Art, 19. A ici do orca-
mento não consignará ajuda financeira.
vol. 1/380).
a qualquer titulo, a empresa do fins
A subvençSo é expediente ordinárto, lucrativos, salvo quando so tratar do
Nada torn do invulgar ou inusitado. subvcncao cuja conccssSo tenha sido
Tanto é assim quo a Ic! n. 4.320, ao oxpressarnente autorizada em lei espe-
cuidar das despesas correntes, nelas cia!."
thclui as subvençöes, entre as "trans.. Pois, a caso da consulta preenche
feréncias correntes" (art. 13). plenainente assim as
exigCncias da 1dm
As subvençöes são desdobradas em "b" do parágrafo dflCO (10 art. 18. coma
duas categorias, as sociais e as ecouô - as do art. 19.
miens (arts. 16 c 18). Efetivaniente, a consulente produz o
E ititeressante a este estudo o exarne distribui onergia elétrica, "produto" do
das disposicôes do parãgrafo daico, "b". vital importAncia puma a economia na-
dos arts. 18 e 19, porque rigorosamente cional.
pertinentes: 0 sorviço que desempenha C serviço
"Pariigrafo nico. Cons ideram -se, pdblico federal exciusivo, quo a União
igualmente, corno subvcncöes cconô -
"expiora dirotamcntc ou mediante auto -

miens: rizacSo ou concessão" (art. 8.°, n. XV.


"b", da Carla Constitucional).
"b) as dotacöes destinadas ao paga- Esses serviços, a UniSo -
sun titular
mento do bonificaôcs a produtores do privativa -
rogula, dá cm concessão.
detorminados géneros on rnatcriais." encampa, fixa tarifas (art. 167), disc! -

plina a opcracão e fixa Os IUCI'OS.


A leitura desta disposicão enseja von -
fica r: Em entciidendo necessário, pode fixa r -

ilie tarifas anuais altas, on, polo con -

a) quo tanto são consentidas e admi-


trSi'io, por razOes econOinieas ou socinis.
tidas as subvençöes. no nosso sistema podo reduzi-las, compensando a conces-
,juridico, quo rem clisciplinadas e pre -

sionhiria-
(1UC tern dircito no equilibria
vistas por norma gerat do dirito finan- ceonCrnieo financeiro (art. 167) -
corn
ceiro (ici u. 4.320, expedida corn funda- suhvençöes.
menlo no art. 8.°, n. XVII "c", da Carta
Constitucional)
Fundameuto da subvencão em exarn'
b) quo podein favorecer empresas
part iculares: Na verdade, o exanio das quostCcs
c) quo o ünico roquisito pam sun propostas na consulta, cm confrouta
validade C UC os bonoficiários produ- corn o sisterna constitucional e legis-
zain "determinados gCneros ou mate -
Iacão aplicSvcis, deixa bern claro quo a
riais" naturalmente do interesse ptThlico. fundamento da subvenção do quo cuida
o (JUC acontece, inequivocamente corn a a art. 19 do decreto-ici n. 400 estft no
energia elCtrica. prcceito do art. 167, ii. II. da Carta Cons-
90 PARECERES RDP-20

titucional, quo ihe robustece a legiti- quando razOes superiores oponham -se a
midade. elevação de tarifas.
Efetivarnente, a subvenção de quo nqui
so cuida velo substituir a isencão ante - c) Vinculaçâo do produto da arreca-
riormento existente. No piano pré-juri- dação?
dico. a realidade dos fatos persiste a
incsma, embora da perspectiva juridica A Carta Constitucional vigente esta-
tudo so teitha modificado radicalmente. boleco 0 principio da proibicão da via -

culação do produto da arrecadacão do


A União, mediante lei, estabeleccu
iscncão trthutária em favor da consu- tributos a determinados Orgãos, fundos
IonIc. Ao suprimi-la par razöes irre-
-
on despesas ( 2.' do art. 62), si adnil -

levanles as finalidades deste estudo -


undo exceçOes a do quando abertas par
altornu a situacão econômica da conces- id complemontar, alérn (las já constan-
sionaria. Dai ser razoável minirnizar-ihe. los do prOpl'io texto constitucional.
através da subvençäo, as perdas. A subvencão do quo cuida o art. 19
0 equiijhrio econômico-financeiro (Ia do dccreto-iei ii. 400 configura vincula -

concessão não é so ideal administrativo ão parcial do produto da arrecadacão


on postulado inforniador do nosso sis - do IPI? Incide na proibição constitu-
Irma econOmico. E imperativo constilu - cional?
clonal. Nossa resposta é categOrica: esta sub -

A operacão de servko concedido ht vcnção não corresponde 0 hipOtcse con -

do permutir no eoncessionário: a) justa tonipiada polo 2.' do art. 62 da Carta


Magna. Não configura vinculação do
remunerncão do capital; b) expansão dos produto da arrecadação de tributo
serviços; e c) equiiibrio econôrnico-
-financeiro do contrato. nenhuni.
Quer dizer quo a concedente dove As subvencöes podem ser flxas on
assegurar -
especialmcnte mediante a variAveis. A loi pode estabelecer urna
rcvisão periOdica do tarifas (art. 167. subvenção estabelecendo desde logo sen
n. III) -
que os ganhos do concessio- rnontante, on pode proporcionA -la a urn
nario sejarn tais que as trés finalidados gabarito qualqucr.
retro apontadas possam ser atendidas. Sc for fixa (Cr8 1.000,00; Cr8 20.000,00:
Se, por razOes econOrnico-sociais. 0 Cr 100.000,00) nAo ha problenia. Se for
governo não quer atualizar as tarifas. varhivol -
a quo oslO intoirameute na
numa dctcrniinada conjuntura, dove. dascricno do legislador -
devcrá osta-
enhlo, providenciar oportunas medidas belecer urn critério, urn parâmetro. urn
conipensatórjas. gal)arito. Este podo ser o faturarnonto
repita-se da heneficiAria; o vulto do sua foiha do
Não são - -
sO a horn pagamonto; seu lucro; seu "deficit"; a
senso. as recoinendacOcs de uma sadia volume de sua producOo; son nilmero do
politica e as postulados do uina orien-
emprcgados etc. 0 legislador estabele-
taiio administrativa csclarccida quo a
requcrern. Trata -se de dispositivo cons -
cerO o critério da subvonão variOvel.
tiiucional quo requer a rnantona do como meihor Ihe parecer.
cquilibrio financeiro, a justica da rernu- No caso "sub examine". recorreu ao
neraão do capital e a salvaguarda do ParOmetlo que mais idonearnente sorvia
condicOcs quo proporcionem unia boa 0 finalidade irnediata da própria sub-
prestaçfio do servico. não desfalcar as beiieficiárias
Dontre as medidas cornpensatOrias da corn a revogacOo da isencOo, pam nOo
estabilidade taiifária compatIvel corn as alterar o equilibrio contratual constitu-
objetivos constitucionais. salientani-se a cionalmente exigido.
isencão do tributos o a subvenéo. Esses Ao assim decidir. nOo vinculou o PI'O -

dais thstruinentos podern sor empregados dub da arrecadação do nenhurn tribuo.


pela União, alternativa on sucessiva- NOo ficou estabelecido quo urna porcen-
monte. do rnodo licito e adequado. tagein do produto da arrecadacão do
SUBVEN OES 91

IPI seria destinada a urn rgâo, fundo razão de quase todas as receitas jã
on despesa. estarem vinculadas a determinadas des -

Simplesmente, o montante do IPI foi pesas -


jO não havia nenhurna dispo-
tornado como critério de fixaão do vulto nibilidade, nenhum recurso livre.
da snbvenção. Apenas dimensionou -a em o Prof. José Afonso da Silva retrata
funcão deste valor. bern a situacão pretérita e seus maui-
Sc isto fosse reputado irregular, cai- festos inconvenientes: ". o princIpio
..

riam por terra cjuase todas as subvcn- da nAo afetação da receita, quer dizer.
çöes variáveis estabelecidas em Iei ordi- nib deveria haver receita viuculada:
nâria. princIpio esse que a Constituicão de 1946
não agasalbava, porque, ucla, estavam
Contcuido e significado do princIpio previstas 'ãrias vinculaçOes de recoitas.
constitucional corno, por exemplo, percentagens do
receita vinculada a fins educacionais.
o principio estabelecido pela disposi- percentagens das rendas tnibutánias des -

ção do 2.° do art. 62 da Carla Cons -


tinadas a vaiorização da Amazônia. no
titucional vigente tern 0 seguinte con - poligono dos secas. a valonização (l(;
teiido: a Ici ordinária não pode dispor Vale do São Francisco. de tal sorte quc.
(JUC Os dinheiros arrecadados mediante nurn cOmputo geral, segundo a Coast 1 -

a cobrança de urn tributo sejam total tukão de 1946. as rendas vinculadas a


ou parcialmente destinados a nina deter - fundos especiais atingiani a percentagem
minada finalidade, determinado órgão on de 66% das receitas tributãrias (Ia
determinado fundo. So a Id compic- União. Como esta despendia 60% corn a
nientar pode assirn dispor (alérn -
e pessoal em cada excrcicio fiuancciro.
ól)vio -
do prOprio texto constitucional). previamente, isto é. antes mesmo
A técnica de vinculação -
vedada a iniciar 0 exercicio, jé estavam compro-
Id or(iinâria e corisentida aIci comple metidos 126% do oncarnento. Dai a ne-
cessidade de Iancar mao dos emissOes
-

mentor -
é a seguinte: a id dispöe
que: "0 produto do arrccadacão do tn- de papel-moeda, para cobnir o "deficiJ"
l)UIO serã destinado a finalidade Y, on .ia comprometido, e pouca possibilidadi'
no Orgão Z ou ao fundo V." havia pam os investirnentos pib1icos.
que viniarn a concomrer para o desen-
Se o designio for estabelecer vincula -
volvirnento do Pais" ("0 orcaincnto c
cão parcial. a id disporã: "Do produto a fiscalizacão financeina na Constitui-
do tributo X, 10% serão destinados ..." câo", in RDP, vol. 8/169-170).
Quis o constituinte limitar e restrin- E, em seguida, rcaIca a moderna con -

gir a liberdade legislativa, nessa maté- cepcOo de orçarnento -


adotada cons -

rio, reservanclo sO a Iei complernentar ciente e delihenadamente entrc nOs, pcl:i


competéncia para estabelecer tais yin -
Carta de 1967 -
como instrurnento di'
culaçOes. E as razOes por que assiin adrninistrnção planificada, de prograina-
deliberou são conhecidas. Era vezo fre- ção do ação governamental.
üentc do legislador ordinánio assegura r Essa a "ratio" do pnindpio da nan
recursos para certos órgãos, fundos cm afetacão da receita como o designn
-

finalidades, estabelecendo tais vincula -


O mesmo mestre.
çOcs. Destarte, medidas isoladas. funda-
das em razOes especificas, ditadas nor Dc acordo corn a nova sistemãtica.
interesses setoniais on conveniéncias dispöe o govcrno de ampla liberdade no
episódieas, jam comprornetendo a des - cia boração orcaincntária, já que foram
pesa pübliea, de modo a criar a seguinte aholidas as peias e iimitaçôes reprcson¯
situação: Ao elaborar o projeto cI tadas pelas vinculacOes de receitas
ürçamcnlo, nOo dispunha a Administra - :intcs abundantes.
can liberdade nenhurna para fixar prio- [sb não quer dizer, entretanto, qus
nidades de despesa, iiern traçar qual -
a Ici ondinAnia seja vedado criar des
toner programaçâo, dado que -
em pesas. Pelo contrOrio, persiste inteira -
92 PARECERES RDP-2

monte vigdnte o principio pelo qual so No caso da consu1ta. o montante do


a Ici pode designar as finalidades on IPI C inero criténio, medida, gabarito,
objetos das despesas. Todas as despesas molde das proporçôes ou vu1to da sub -

venç'ao.
tern amparo legal. Não ha despesa quo
não scm determinada Por ici, quer gene -
Assirn como -
para sen fbi a sua
rica, (jiler especifica. rnotivaco e meio equilibrado de obten-
Portanto, C forçoso concluir quo; cCo de determinado tim a ici fixou
-

a) o quo se proibe é a vinculaçâo por


corno critCrio da subvencão o inontanto
do IPI, podenia estabelecer qualquer
id ordintiria do produto da arrceadaco outro gabarito: a renda, a reccita bruta,
de IriI)UtOS; o imposto de renda I)agO ou ate mesmo
h) toda despesa C determinada ou o rnontante do 1CM recoihido. Pergun-
autorizada por urna let. ta -se: seria inconstitucional por isso? S
Disso decorre que: o crjtCnio fosse o montante do 1CM
repercutido (quo é imposto estadual) a
c1 toda let ordinária quo delerinina
ama despesa. scm incidir na proibicão União cstaria vinculando produto dn
"a" C vilida C const.itucional. arreeadacão do tributo quo não ihe per -

tencc e jamais ingressa em seus cofresi


Resin verificar se o art. 19 do decroto- Se fosse a receita do beneficiário. essa
-let ii. 400 incide an proibiçào constitu- receita estaria ingressando nos cot re
cional "a". püblicos?
Parece manifesto quo não. Essa argumentação "ad absurdurn"
Nern ole dispöe quo todo o produto da deixa clara quo a circunstância do cr1-
arrccadacio do IPI seth vinculado i tCnio on gabarito ser esse ou aqnebe no
subvenao do quo cuida. nern que ama altera a natureza subvencional do pro -

pane (urna porcentagem) o scm. ceito. fern 0 estigmatiza corn o cunho


de incoustitucional, por violacão dc urn
Sinipiesrnentc institui urna 5u1)vencao.
prmeipio Inteirarnente inaplicável no
a sernelhanca de tantas outras, previstas caso. corno 0 C o da não afctaiio do
em outros diplomas legais. despesas.
E não se alegue que o dinheiro da em sustentar o contrárib
Insistir
subvenio C oriundo do IPT. Não. 0 WI iinponlará afirmat' a inconstitucionali-
-
cujo valor está incluido no custo dos
dade de todas as lois ordinánias quo,
produtos consurnidos pelas concessionâ-
fixaudo despesas, tornain por critCrio o
rias do eucrgia elCtnica -
fol recoihido
pelos contribuintes do direito, cm fasos montante dos tributos pagos por certos
anteriores no consumo e já Se incor- setores on categorias do contribuintes.
porou i receita püblica, confundindo -so,
nos comes pdblicos. corn os demais 2. CARATER IRRESTRITO DO DIRE! -

dinheiros, das flints diversas origens. TO A SUBVENCAO


As subvencoes, assim corno as despe.
sas. tern origem abs cofres ptThlieos, dos Indaga a consulente so o direito a
ciuais so sacrn dinheiros autorizados por haven da ttnião a subvcncão estabelecida
lei. Esses dinheiros, por sun vez, cstào polo art. 19 do decreto-ici n. 400 C amplo
confundidos, neles niio so distinguindo ou so pnevalecein as restricöes quo
as procedCncias. Ingressados os dinheiros cavactenizavarn a anterior isençâo. Em
nos comes piThlicos, não cabe discernir outras palavras: quer -se saber se 0 gaba-
donde vieram. Encerra -se 0 capitulo nito dii indenizacão se determina pelo
"receita pul)lica". Iiiicia -se nova fase no IPI, incorporado em todos Os bens e
"iter" dos dinheiros püblicos, fase esta produtos adquinidos, no periodo, pelmi
que so vat esgotar na despesa, regida concessionária. ou sO aqueles represen-
por outros pnincipios e normas, scm tados pot' rnCquiiias, equiparnentos e
quniquer conexão juridica corn as fases apareihos destinados a producão indus-
precedentes. trial dos bcneficiCrios.
SUB VEN OES 93

j que -
como se ye do histórico qu NAo se confundem, no verdade. a
antecede este parecer -
a isencão, ml - isençAo c a subvençAo, embora
come -

cialmente ampla, foi restringida ao IPI visto -


possam ser usadas
para a
relativo sé a estes produtos. Dai a razão niesma finalidade.
(le argurnentar a Fazenda federal que a A isenção é instituto de direito tribu-
subvenc'ão que veio substituir a isencão tArio e a subvencAo de direito finan-
ha de sofrer as mesmas limitacôes. ceiro.
Jã foi dito e repetido aqul -
corn
amparo nos methores e ma is sôlido
Se dogmaticaniente ambos são sub-
prineipios ciejitificos -
que a subven -
-ramos do direito adininistrativo; se,
cientificarnente, hA quern sustente a
çãø é instituto juridico de direito finan- integraçAo de urn no outro, a 'verdade
ceiro, dotado de autonornia, corn came -

C que, perante o direito constitucional


teres próprios e inforinado poi' regime brasileiro. hA diferença radical entre
juridico peculiar. Nada tern a ver, no ambos, do que se etrai a conclusão de
piano juridico, corn isencão, instituto que, pelo inenos no gue concerxae it
tr11,utãrio, Cnti(lade "a se stante", do -
aplicacAo do sistcma juridico brasileiro.
tado -
por scu lado -
de peculiari-

ainbos são reciprocarnente autOnornos.


(lades e ca racteristicas próprias.
Efetivamente, ye -se quc a CarLa Cons -

Urn instituto nada tein a ver corn titucional vigente previu a existCncia
outro. Nño guardam qualquer relação -

separada e distinta dos norrnas gerais


em termos juridicos -
reciproca.
Situam -se, inclusive, cm setores distintos
de direito financeiro (art. 8.0, ii. XVII.
"c") e das norinas gemais de direito tn-
do vasto campo do Direito.
butArio (art. 18, § 1.°), atribuindo-Ihes
Isto não impede, entretauto, que pos- regimes diversos ate mesmo na sua cia
sam servir dc instrumentos altemnativos bomaeAo: Id ordinAria no prirneiro case
das mesmas finalidades. No piano pré- e Ici complernentar no segundo.
-juridico da ciôncia das finanças on da
poiitica. E, ao tratar dos decretos-icis, estab"-
Urn exemplo sugestivo tornara fãcil a leceit que podern versar sobre "finan-
coniprecnsão do fenôineno e consequente ças ptil)licas, inclusive normas tribu1i-
acoliiida desta assertiva. rias" (art. 55, ii. H), o cjue deixa so -

A compra e venda e a desapropriacão liente a concepcAo do constituinte


são dois institutes juridicos distiutos. quo sc 1.raduziu no sistema ciuc criglu
quanto a qUC são matérias distintas.
autônomos. dotados de identidade pro
-
-

pria, pot isso que informados por prin- Se nSo fossern, nAo havemia necessidade
cipios próprios e caracterizados pot do complemento, "inclusive normas tn-
pcculiaridades que Os tornarn absoluta- butArias", dado que o que estA per
mente inconfundiveis. Isto não obstante. natumeza incluido nAo requer inclusitn.
podern servir alternativarnente de instru- Ainda que. entretanto, "ad argumen-
niento de urna sO finalidade: de proper -

tandurn". nib houvesse distincao doe -

cionar ao Estado a aguisião de urn mAlica entre dircito financeiro e tribu-


inióvel. tArio, os institutos do isencão e subven-
Para realizar este designio, o Estado çAo sc diferenciarn radicaimente, o que
pode macar mAo de urn ou outro instmu-
meiito, conforme ihe convenha. 0 fate
flea flagrante e saliente de sirnples con
fronto de suas caracteristicas.
do poderein ambos servir it niesina
finalidade não os confunde, nAo enseja Efetivainente, a isençAo C urn direite
in istura dos respeetivos regimes jurid -
de nAo pagar que o particular tern. A
cos. Preserva coda qual a prOpria idea -
subvençAo gera urn direito a receber.
tidade, sejam quills forem as circunstan- para o particular.
cias, não sendo, por isso licito aplicar Na relacão tributAria- que a isencão
principios próprios de urn ao outro. on vein excepcionar sujeito ativo é o Estada
dar solucOes decorrentes do regime e sujeito passivo C o particular. Na
deste aquele. subvençAo, sujeito ativo C o patti-
94 PARECERES Ri)P -20

cular, eflqUaflto sujeito passivo é 0 quc seu desaparecimento imporia amplia-


Estado, Na isencão, a prestacão é exelul- câo da area antes restrita. Pois. coin
da; tern sentido negativo: não se dcvi' major razão assiin se deve entender.
pagar; não se pode exigir. Na subveu- quando o preccito novo jâ surge apOs a
ção, pelo contrArio, o devedor (Estado rcvogacão das restricOes; surge, ilirni-
deve pagar e o credor (particular) tern tado, amplo.
o dircito de exigir. o preceito que estabelece a subveneiin
dcve ser interpretado em funcäo do si-
Incornunicabilidade das restriçöes prâ tema existente e jarnais do revogado. Scm
prias da isencão a subveno restrição ou ampiiaciio, corno cOnvém a
urn processo exegético correto.
Diante de todo o exposto, como pro -
o contrário seria a subversão do sis-
tender aplicar a uina subvcnção resIn- terna e o solapaniento dos postuladou
çöes que a lei atribuiu a urna isenção? quc o informam.
Conio invocar ici isencional revogada. Sc levarmos as devidas conseqüéucias
para amesquinliar direito de outra natu-
reza emergente de lei nova? a proposta de solucão acjui veerncntn-
mente repelida. patente ficarã sen
Sc não se podem aplicar pnincipios de absurdo.
urn instituto a outro, coino aplicar pre -

Figuremos que o preccito isencional


ceitos estritos-
aiin de peremptos -

revogado fosse amplo, ao contrário di'


deste àqucle? restnitivo e abrangesse além de todo n
Sc no piano juridico não ha relação IPI, tambérn outros tributos federa is:
nenhuma entre a subvencao e a isençAo. pergunta-se: seria aceitável afirmar que
se esta 101 revogada para dan lugar a subvcncão que the tornou o lugar, xião
àquela, Sc SO corn o desaparecirnento de obstante se refira sO no IPI rccolhido,
uina surgiu a outra, corno pretendor tambérn se estende aos demais tributos.
a
atribuir forca restrita disposicão legal sO porque o preceito revogado, perempto.
-
já revogada -
que cuidou da ante- exciuldo da ordcnação juridica, tinha
rior, aplicando suns restriçöes a nova In! amplitude?
sitaacão? Evidentemente, nao. 0 argurnento quo
Ta! inteipretacão d ilOgica e, por isso. irnediatarnente acudiria no exegeta inais
inaceitavel; viola os cânones herinenén- modesto scria:
ticos mais coinezinhos. a) preceito revogado néo inllui na
Na verdade, uão se pode accitar em exegese do preceito posterior;
boa herrnenêutica que urn preceito legal b) trata -se de dois insUtutos distiii-
seja interpretado pela metade, em funão
tos que, por se não confundirem, tern
d preceito restnitivo que alérn de revo- regimes prOpnios e reciprocainente mdc-
gado dizia respeito a instituto junidico pendentes.
divei'so!
Tal exegese postula rcducão substan-
E. as
alegaçOes de que a sul)vdncAo.
no piano econômico, veio substituir a
cml do alcance de urn mandarnento legal. isencão, argumentar-se -ia sen iri'elevante
"cx vi" de outro mandamento jâ inexis- juridicarnente tal circunstncia.
tente,
0 raciocinio "a fortiori" reforça a 3. I11RETR0ATIVIDADE DA LEI £
evidéncin do asserto: se vigessem ao DIREITO ADQUIRIDO
mesmo tempo -
por hipOtese -
o pre -

ceito rcstritivo da isencão e o conces- a) Irretroatividade


sivo da subvencão, ainda assirn não seria
aquele apiicdvel a este pela visceral A matéria cujo exaine lbs foi proposlo
daversidade de regimes dos institutos: envoive ainda urn problema dii dineito
se, entretanto, apOs essa convivéncia intertemporal, gue pode ser ecjuacionado
duratite certo tempo, os preceitos restni- nos seguintes termos: Norma superve-
tivos fossern revogados, é manifesto niciate pode suprirnir benefieio legal
SU13VENCOES 95

relativo a periodo anterior ao advento scus efeitos aquérn do dia de sua pto-
da disposicão supressiva? inulgaçâo, invade o dorninio natural da
Não so trata do questionar a extinção lei aritiga. E o que so chama de rctroati-
ou persisténcia de urn beneficio a partir vidade, pois a iei retorna sobre o pus -

da lei nova que contradita a anterior. sado ("retro agere") ("Los Conflits des
Poe -sc cm causa tão -só a alteracão oil Lois dans lo Temps", tomo I. 1929
pág. 7).
imutabil idade do beneflcio dimensionado
pela dilacäo temporal que precedeu a Realmente, cumpre distinguir a mci-
expedicâo da leE nova. déncia da Id nova sobre as situaçOes
A situacão "in concreto" decorre do
em curso ("facta pendeutia") e sobre as
situaçfles futuras ("facta futura") da
co at rastc do duas d isposicOes normati-

retroaçäo, em quo a norma regride pam


vas: o passado atingindo Os "facta pmaete-
A do art. 19 do decreto-lel n. 400, do rita ".
30.12.1968, que estatuiu: "Durante o Esquernaticarnente. o tempo podc see
exereicio de 1969, as entidades incluidas dividido em três mornentos: passado.
nas disposicOes do artigo anterior terão presente e futuro. A Iei que sure cm
direito a receber quantia igual no valor dado instante. o presente, pode, cia
do II'I incidente sobre os produtos que principio, regular desde cste moniento.
houveremn adquirido no mesmo periodo"; ist,o é, do agora para o futuro. Segue
o a do mrt. 9.° do decreto-lei n. 644, de dai que nada tern a fazer corn o momento
23.6.1969, que acresccntou urn parágrafo quo a precedeu, 0 qual é, pam cIa. o
ñnico no art. 19 supratranscrito, vazado passado. Scu dominio é o do presento
nos seguintes termos: "Excluern-sc do o o do futuro.
disposto neste artigo a Centrals Elétri-
cas Brasilciras S/A -
ELETROBRAS e 0 ocorrido no passado nob so exaure
Os coimcessionários do servigos pdblicos
o no sen dorninio pertenco. Assirn. o
do energia clétrica," fatos que nascerarn no passado 0 OS
efeitos deste fato enquanto já passados.
Tern -se, pois, a investigar, so esto sibo evidentemente inatingiveis por urna
parágrafo dnico, incluido em junho do ici que Os suceda. Sc algo era liso, legi-
1969, podia, on nib, elidir o direito dos tirno ou protegido em dada época nOo
COflCCSSiOI1iLriOS do energia elétrica a podo, logicamente, por força de regna
perCopcãO da importância -
ainda uão ulterior ser desconstituido da lisura '

recebida -
correspondento no valor do legitirnidade fIUC a época i)ossuua. B
IPI concernente aos produtos quo hou- certo que, no surgir a nova lei. idênticas
vessem adquirido entre 1.° de janeiro 0 situacOes podcrâo deixar do ser legitimas
22. 6. 1969. ou protegidas. £ certo quo as mesmas
Em surna: trata-se de saber so uma aituacOes poderão. a partir do urn dado
regra nova afeta, ou não, direito tran- instante, o da incidéncia da lei nova,
sacto, quando este ainda não hala sido deixar de persistEr coino lisas, legitimnas
materialmente satisfeito. o protegidas. Contudo, aquchas sobre as
Corno diria o eminento Orosinmbo quais jâ desceu a cortina do tempo a"
Nonato, o mesmo é propor a questão mornento da incidência da nova lei, per -

quo ihe oferecor resposta negativa. Corn tencern a nina unidado cronolégica ven
efeito, é concorde a todas as luzes, quc' cida e. inacessivel ao diploma novo, so!'
id nova não pode utingir situação pro -
penn de ilogismo do Diroito e do sua
térita. Mesmo Roubier. doutor da malor convcrsão na mnais rdptil e quebradica
suposicão na matéria, conquanLo adver- das garantias.
sário ferrenho da teoria do direito Eis, pois, quo urn crédito constituido
adquirido e partidário dii teoria da no passado, urn direito a percebor corta
aplicação imediata dii lei, prima por irnportâucia, firmado em dada époea.
distinguir efeito imediato do reLroacão oxiste e persiste integra o lisarnente.
a qual, segundo suas prôprias palavras, como urn todo porfeito c acabado. abso-
ocorre ciuando a loi nova "remonta em iutarncnte inalterãvel por lei ulterior
96 PAIIECERES RDP-20

ate o montante de valor compreendido a negacão do próprio direito. comno c


no periodo que ant.ecede o advento da óbvio. Realmente, reconhecer que Un'
nova norma. dado crCdito Se iormou e produziu
A cireunstância de haver, ou não, sido efeito juridico (previsto e querido pela
lcj do tempo) de investir aiguCm no
pereebida a importância atrihuida pela
id do tempo C inteiramente irrelevante titulo juridico, isto é, no direito de
para a caracLerizacäo do direito. Corn reechC-lo, mas negar-ihe a implernenta-
efeito, C rneridianarnente claro cjue o çiio material (recebimento) é o mesmo
que negar o direito.
recebirnento de urn crCdito. para ser
juridico, supöe o direito a ele. Logo, se A menos que se pudesse contestar a
alguCni podia ou pôde. licitamue.nte. própria lisura e integracão do crCdito.
reecher no passado urn valor "x" C seria impossivel negar seu recebimento.
porque já dispuuha de tal dircilo. l. Mas, consoante foi visto. não é o rece-
em sunia, porque já 0 POSSU1fl, porque 0 bimento de nina importância a que se
direito (uäo a importância) já se havia faz ¯jus que torna luridico seu recebi-
adquirido. Segue dai que nao é o rece- mento. Logo, este fato material (recebi-
bimento do valor correspondente ao mento) aão integra acm aperfekoa o
crédito aue faz nascer o direito, mas. crédito, cuja formação é lógica e crone -

pelo cont.rário, é o direito que autoriza logicamente anterior. Sc a .iuridicidnde


a perceber o valor em causa. Então. do recebunento pressupe a existCncia
pouco importa quc o recebimento se.ia do crédito, ou seja, do dircito no rece-
anterior ou posterior a id 110V8, pois birnento, o diploma superveniente imão
cjue nada mais significarâ senão a pode aicancar o que ja se apcrfeicoou
iinplementacao material de urn direito antes de seu advcnto. Então. é junta -

já totaiizado, compicto, perfeito. cm'tvei o direito dos concessionários de


Alias, o dircito de receber iião
se cuergia elCtrica relativo no periodo one
sobrevivesse a nova Ici, por coerCncia. pvecedeu o decreto-iei a. 644.
ter-se -ia que admitir a necessidade de
Por certo. o dorninio da nova ici se
dcvolucão (las importâncias eventual -

instaura sobre fatos que surjarn a par -


inc ate percebidas antes do surgimento
da nova ici. Isto porque se a id nova tir dc sun edicão e vigCncia. Segue did
cjue o montante do crédito em causu --

liouvesse desconstituido o clireito ante-


rior, o próprio recebimento efetuado porque incrementado dia a dia. ao lonmo
term perdido scu ealço juridico. Deveras: do tempo se delimita pelo periodo
-

suprimuida rctroativamente a causa do em que esteve vigente o dccreto-lei


recebimento, supresso estaria seu efeito anterior (decreto-iei n. 400).
correlato. Por isso, o diploma novo -
decreto-
i suficiente, pois. a simples noção da -lei n. 644 so atinge as valores que
-

eficãcja imediata (In lei -


SCU efeito "se formariam" Sc nao houvessern sido
natural para inhirmar a possibilidade
- obstados por sun incidCucia. Os prece-
de se eliminar urn crédito constit.uido e dcntes já estavam formados. e são inn -

apcrfciçoado em Cpoca pretCrita, pois tal ti ngiveis.


efeito seria reversão da lei sobre ci No caso cm foco, acresce notar. con -

passado. forme a exposicão dos fatos, (inc o


No caso "sub examine". o crédito. prOprio recebimento se fizera impossi -

isto C, o direito em causa, já se havia ye! por omissão da Adniinistraão, a


legalmente aperfeicoado. 0 recebirnento qua! bloqueava a satisfacão do direito
dii importância que ihe correspondia & outorgado pela ici, poiS OS coflCeSSio-
questão material cain rcsoiuçäo so poth' nmirios, a
mingua de regulamentaeão
ser equacionada a partir do tratamentu sobre o modo de perceber as importán -

(jUC rnercça 0 próprio direito invesU-


gado. Se este Se sustCm ou Se infirmna
ems. não tinham melos de have -las. Corn
efeito, somcnte cm 29.7.1969. data
igual sorte correrá 0 etcito material qw' posterior ao decreto-lei a. 644, a Secri-
Ihe cstâ associado. Negá-lo, cquivaleli8 taria d -r Receita Federal baixou a por-
suB\'ENcOEs 97

turin n. 829, discipliuando o recebtmcnto dico-positivo. venios ser, por todos os


ciestas importiincias. titulos. inconcebivel. intolcrltvci, land -

0 fato em causa é por Si suficiente inissivel c insustentável a possibilidade


para deinonstrar que a consuiente alto do decreto-Ici n. 644 ferir o direito des
pode, agora, ver frustrado urn direito couccssionánios de energia elétrica a
percepcao tin subvcncão cm causa. ate o
cuja fruiclto a Administração se encar-
limile de valor constituido antes de seu
regou, a época, de ohstacular.
ad cnto, porquc tal direito d adquinido
A vista do exposto, bastaria a nocäo o par isso salvaguardado contra (iual
dc iirctroatividade da id. isto é, a qucr acilo corrosiva denivada do norma
iticra accitaclto, mesmo scm reservas, sUpu rvciiicnte.
(In pri ncipio da api icaclto irned iata da
Ici, para so perceber quc 0 decreto-iei Antes mesmo tic examinar a noção do
a. 631, de 23.61969, não teve, não tern,
*
diroito adquinido" -
protegido cm
não poderia, nem pode ter 0 condão de nosso regime juridico positivo -
é ñtil
elidir dos concessionarios do energia relembrar. conquanto de passagem e "a
elétrica 0 direito a percepção das impor- o1 d'oiseau", que a proteçlto aos fato
constjtudos no passado encontra apoim.
tãncias relativas no periodo compreen -

(11(10 ontre 1.°.1.1969 (data em qUO nu mais vetusta tradição do Dircito.


surgiu o beneticio concedido pelo decre -
Pondo tie parte a ornlto de Cicero
to -Id 11. 400. de 30.12.1968) e 23.6.1969. contra Verres (Verrinas), em que o
quando a subvencao foi suprimida. tnibuno ilustre profligava a adocão tie
C(>flIO se sabe, PriflciPio tranqüilo leis netroativas e intciramentc advers
e aceito em todas as lcgis1aöes clviii- ii tradiçlto do "jus civile". bern corno
zadas que a ici nib retroage, salvo escassas consideraöes de Paulo e Ulpia -

quando expressainente d isponha neste no, 1Uc nos säo referidas pelo erninente
sentido e inexista óbice constitucional. Rubens Limongi Franca, cm scu pr-
cioso "Direito Intertemporal em l\latéria
b) Direito adiuirido Civil ", pode -se apontar a pnimeira c a
segunda regras Theodosianas, especial -

monte esta ilitima, como dois grandes


Alifs. a consagraçao dii tese (Ia apli- mnarcos do dircito intertemporal do
cabilidacle da id apenas para 0 presente passado.
e futuro ainda nlto é a protecão maxima
a situaçöes constituidas no passado. Dc acordo corn a primeira. as normas
Amparo major e mais amplo encontra-se dispöexn npdnas 1ara os casos do tuturu,
no priflcipio constitucional de protccão nao podendo agravar os fatos anterlo-
aos "dircitos adqu I ridos", os quats, res: "Omnia constituta non practeritis
juslamente por Sc qualificarem como calurn main iaciunL sod futuri rcgulani
tal. acham -se resguardados inclusive portant."
(lualito its normas futuras, prol iciando A segunda regra Theodosiana, mnais
o que, Cm boa teen ica. se denomina cxplicita e fain igerada, dispunha: "Leges
sobrevivéncia dos efeitos da id antiga. et constitutiones futuris certurn esta
Isto é. certos dircitos. urna vez quail -
dare formam negotiis, non ad fata
ficibveis comb adquiridos. invademn o praetcrita revocari, nisi nominatirn at. do
dominlo da id nova, subtraindo-se a practerito tempo et do ad hue penden-
SUfl api icaclto e eontinuamn a gozar do tibus ncgotiis cautum sit."
aniparo da norman anterior.
Gabba. indicando scu alcanec. anna-
() texto constitucional brasilciro vigen-
ciou discm'iminadamente as situacöes por
seguindo veiha tradicão constitu-
cia protegidas: "Fatti 'consumnat.i', 0
-

Cional ptria assegura -limes plena pir


-

totaimnente 'praetcnita', e I fatt.i non


teçlto. oterecendo destarte a garantia compitmti, 'negotia 1)Cfld.1011t1i1', doe fatti
s uprenma. cominciati sotto una legge anteriore. 0
Entilo. se examinamos a matéria, jã in altni tcrmini Ic ulteriore consegUenzc
:mgura no lutrie de nossO sistema jun. dl fatti post.i in essere sotto 1'impei'o

7 -
RDP/t)
98 PARECERES RDP -20

di Una legge anteriore" ("Teoi'ia della no mesmo perlodo. Logo, o dineito


lictroativita delle Leggi". 3a ed.. 'vol. surgiu dumante o tempo dii ici antiga.
I. 1891, pág. 47). bascado em fato coinpreendido no
Após a nitida discrirninacào dos "facth periodo de sua vigCucia e, por iSso. Sc
praetcrita" -
ja totalmente vencidos no
integnou desde logo, scm restnição
algurna da lei. no patnirnônio dos con
"facta pendentia". que
-

passado -

iniciados no pretérito se alongam em cessioflárioS.


seus efeitos pelo futuro e "facta futura". Mas, Gabba C ainda mais claro no
corn a explicita protecâo dos dois pri- delimitar o âmbito do direito adquinido.
meiros, o grande marco histórieo pos - no esclarcccr que: "Adquinido urn
tenor radica -se na idade media, corn a direito qualquer, todas as faculdades
irrupção do conceito, conquanto ainda que nasceni dde são. tambCm elas.
iinpreeiSO, de "jus quaesituin". isto C, direitos adquiridos, porque e enquanto
dincito adquinido. se possam absorver no conceito geral
daqucie direito, c perfazern corn ele uma
Seu grande tcórico abs tempos rnodcr -

nos e Gabba. Determinado o significado inica coisa" (op. e vol. cits., págs.
259-260).
c alcance da nocão de direito adquinido.
ter-se -á o perfil da protecão constitu- Observou cornetamente, quc: "As con -

cional brasileira aos direitos que assirn seqüCncias de urn direito adquinido
Se qualifiquem. devcm ser havidas tarnbéin como dineb-
tos adquiridos junto coin dc c cm yin -

Segundo Gabba. C athiuirido todo tude dde. quando Sc possain conside -

direito que: a) C conseqüCneia de urn rá-las como dcseiivolvimento do conceito


fato idSneo a produzi -lo. em virtude da do direito em causa ou como sua tratis-
lei do tempo em que foi eumpnido. foninação" (op. e vol. cits., pág. 279).
ainda quc a ocasião de faze-b valer n5o
Sc apreSente antcs da atuacäo de utna EntSo. o direito de perceber as impor-
id nova referente ao mesmo: C que b) tâncias rc]ativas it subvenção, ainda nan
no terino da ici sob cujo recebida quando sobrevejo o decreto-lei
ocorreu o Into do qual sc oniginou, a. 644. nSo pode sen atingido ou desco-
entrou iinediatainente a fazer pai'tc do iihecido POF(IUC faz parte integraute do
patniinônio de quem o adquiriu (op. e direito adquinido.
vol. cits., pCg. 191). Dc urn lado. o mestre italiano já ass! -

Poi'lanto, 0 reputado doutrinador con -


nalara a irrelevAncia, para efeito de
cnracterizaçAo do dircito adquirido, do
siclena necessário e suficicntc pam que
niomento de fazC-bo va!er (no caso. a
urn direito scmliavido corno adquirido.
recebimento das impontAncias) e, (IC
seu nascimento no tempo da ici e a
outno lado. acentuou. ainda, que as
iinediata integracão dele iio patrimônio
de quem o adquiriu, sendo irrelei'ante faculdades que nascerani do direito. as
consequCncias dde. integrarn-iio C
que a ocasião de faze -b valer se apre-
igualmente direitos adquiridos. Eis, l)0i.
sente depois da lei nova. que a percepçAo dns iinportAncias pro -

Ona, qua! o momento do nascirnento vistas no art. 19 do decreto-Iei a. 4011.


do (lireito confenido pelo decreto-Ici n. fate conseqüente a aquisicao do direito,
400? Qua! o fato idCneo a produzin-lhc por Sen forina 1e cxpressAo dclii, nan
a imrupcao? Quando o dii'eito se inte- podc sen subtraida aes beneficii'irios scm
grou no patmimônio dos beneficiários? ofensa no "jus quaesitum"
o art. 19 do decreto -lei a. 400 confcriu Finalinente. consideremos quc exnboma
o bcneficio durante o exercIcio de 1969, seja repugnante A consciCudia junidica
em momentos que se reproduziram ao dos povos tanto a rctroacAo da lei
tempo do citado diploma, antes do quanto a ofensa a direitos adquimidos. o
advento do decreto -lei ii. 644 e ate o legisbador poderia alcancar tais resul-¯
surgimento deste. 0 Into tornado como tados desde que: a) a tanto se houvesse
base foi a obrigaão fiscal relaliva ao proposto expressamente; e b) inexistisse
IPI que os concessionãnios adquirissem disposiçAo constitucional proibitiva.
SUI3VENCOES 99

No caso em paula, contudo, nenhurn A relacão obrigacional dal emergcnte


dos dois rcquisitos existe. teiii como credor o particular benefi-
Corn efeito. o decreto-Iei ii. 644 não ciário e. corno devedor, o Poder Páblico.
Sc propOs expressamente a ter iuão Niio pode, por isso. confundir -se, nem
retroativa nern a ferir direitos adqui- teórica, 11cm praticainente, corn a isen-
ridos, C, fliesiflO qUC Sc prOpUSeSSe, flão cao, que configura exclusão de direito
poderia ofcndê-los cm face da clareza obrigacional cujo credor é o Estado
incisiva e indisputável cia regra do art. cujo dcv edor é urn contribuinte.
153, § 3.°, cia Carta Constitucional bra -
Ainda que se pretenda colocar de modo
sileira de 1967, a qua! estatui (corn a diverso a qucstão, as situacöes persistent
redacão de 1969): "A ici não pre.judi- se:olo diversas -
porque diversos Os
cará o direito adquirido, o ato juridico institutos juridicos de que se cuida --

l)cricito e a coisa julgada." dado quc a pretensão do contribuinte


Dc reslo, é longa a tradicSo const Un- ê positiva, no CS() do subvencao, e
cional brasilcira a respeito. Recuando no negativa, no caso de iseucão.
tempo, verifica -se que 0 texto em causa Em outras palavras, no l)rimeiro casu.
é reproducao do art. 150, § 3.°, cia Carta o Estado é dcredor de urn "dare" e, no
(Ic 1967 (rcdacão original), o qual, por segundo, dcvcdor de mu "non facere".
sua 'ez repete o art. 141, § 3.", cia Cons -

2. 0 direito a subvencao "sub exo-.


tituico de 1946, que, a scu turno, retoma mine" é irrestrito. Não pode sofrer as
idéntica disposição do art. 113, a. HI.
cia Constituicão de 1934. Alias, j! a liniitacôes de id revogada e aplicávc'i it
instituto radicalmente diverso ( iscnção 1.
Constituicflo de 1891, cm sell art. 11, As restriçöes clue circunscreviam *1
3.", estatuia: "i vedado aos Estados.
aleance dii isençiio desaparecerain corn
como a União: cia, revogadas cjue forani "ipso facto"
"
3.° Prescrever leis retroativas," Niio podern, por isso, Set' aplicadas a
Inst iluto diverso. ernergente apôs a
Verifica -se, pois, que apenas a Carta rcvogacao da doS
iSencaO ii ClUe
de 1937 dcixou de prestigiar 0 principio rcferiain.
cia intangibilidade do passado on do
dire i Los adquiridos. 3. Nem se irnde sustentar quc a forms
adotada para se calcular a subvcnção s
Em conclu sf0: constitui CIII infraçao do prineipio da
o principio da irretroatividade cia Ici nao afetacão de receitas ( 2.° do art. 62
C a garantia constitucional do direito da Carla Constitucional vigente .

adquirido. ambos de larga tradiço no ique 0 preceito legal eni Causa nao
Direito e no sistema juridico positivo dispôs que a produto cia arrecadação do
do Brash. vedam terminantemente a IPI seria parcialmente dcstinado SUb- a
possibilidade de se extrair do decreto -
venciio. Apenas fixou que o seu gabai'ito
Id n. 644 clisão do dircito dos conces- fosse caiculado corn base no IPI incluido
sionários dc enei'gia elitrica a perce -
em produtos dc tercciros adquiridos
herein a subvcnção deferida pelo art. 19 pelos bcneficiários.
do decreto-Iei :n. 400, cuja supressao, em
IncensurAvel, portanto, o decreto-ici
23.6.1969, afeta apenas as valores quc n. 400. em seu art. 19, sob a aspecto dii
se implernentariam após esta data. constitucionalidade.
4. RESUMO SINTETICO E CONCLU- 4. Lci nova iiao pode rctroccdcr sobrs'
SIVO 0 passa(io. nicancando fatos realizados
efeitos juridicos compreendidos em
1. 0 dircito. cstabelecido por tel. a periodo transacto.
perceber. do Poder Pñblico, ccrtas 0 próprio cia Ici é sua eficácia line -

iinportãncias cia dinheiro configura diata ou seja, incidéncia sobre as situa.-


subvencao, que se conceitua corno ajuda cöcs que Ihe sejant conternporâneas c
ou auxilio pecuniãrio. sobre as futuras.
100 PAIIECERES RDP-20

Em consoqudncia, a retroacão é efeit.' "ex vi" do disposto no art. 19 (10


inorina1 cia lCL decreto-ici a. 400, configura subvenção.
Por isso, sO pode ocorrer so a 1) Esse direito niio sofro nenhunia
for expressa a este propósito e inexistir
ofensa a dircito adquirido, ato juridion restriciio em scu conteüdo, decorrent'
perfeito e coisa julgada, Os quais sac' do pi'eccitos legais revogados e aplicti-
co nstitucioualuiente protegidos. veis so a instiluto diverso, como a
Coiisidcra -se adquirido o direito for
-
isençio já inexistente quando do ma
mado idoneamente ao Lempo cia Ici qui vigOncia.
o gcrou e integrado no patrimOnio juri- c1 0 deereto-Ici a. 644 não pode
dieo do adquirentc. elidir o direito a percepcão do benoficin
A incoi'poracão do diieito 6 imediata
concodido polo art. 19 do deereto-ici a.
tiuando ocorrido 0 lab, cii'cunsl.âucja 401) -
o qual so estendc desdo o inieio
ou ato previsto pola Ici do tempo coma
do 1069 ate 23.6.1969 -.
sob pena dn
citributivo dole. ret roaçiio injunction c agressão moons -

5. IlESPOSTA AOS QUESITOS titucional a dircito aduiricIo dos con -

ccssionfinios do energia elétrica.


a) 0 direito i percepcão do clinheiros
cia Uniiio quo bencficiou a consulente. Este 6 o nosso parecer. "Sub censurn"

DO MANDADO DE SEGU RANçA


J. M. OTIION SIDOTI
567 págs. brochura
-

edição revista e ampliada


Obra de urn dos mais acatados comentaristas
da Lei do Mandado de Seguranca, atualizada
após a Constituicão de 1967 e a Emenda
Constitucional n. 1 de 1969.
Comentários a Lei n. 1.533, dc 1951, acorn -

panhados de jurispruclncia e precedidos de


completo estudo do instituto no direito corn -

paraclo e no direito constitucional e proces-


sual brasileiro.
EDITORA REVISTA DOS TRIBUNAlS LT1)A,
Rua Conde do Pinhal, 78
01501 São Paulo, SP
-

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