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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

PROGRAMA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL


CURSO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – MODALIDADE
DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Julia Ikeda Yamazaki

Resumo do livro de teorias das administração publica -DP

Assaí/Pr.
2020
Aluna: Julia Ikeda Yamazaki RA:108620

Em meados do século XX, dois engenheiros desenvolveram os primeiros objetos de estudo


à respeito da administração. Um era europeu, de nome Henri Fayol e desenvolveu a
chamada teoria clássica da administração. O outro era americano, atendia pelo nome de
Frederick Winslow Taylor, e foi o responsável por dar início à escola da administração
científica, que visava aumentar a eficiência da indústria por meio da racionalização do
trabalho. As ideias de ambos constituem as bases da abordagem clássica da administração,
cujos princípios dominaram as quatro primeiras décadas do século XX.
Ambos os autores acima citados nunca chegaram a se conhecer e mesmo que tenham
partido de pontos de vista diferentes, são considerados os percursores da abordagem
clássica da administração. Por esse motivo, a abordagem clássica é dividida em duas
orientações distintas, opostas, mas que se complementam entre si. Seu surgimento é tido
como um advento da Revolução Industrial, no qual as empresas da época passaram por um
processo de rápido e desorganizado crescimento, o que fez necessário, a criação de uma
atividade que abordasse as matérias corporativas de maneira mais científica e menos
improvisada
Para chegar na verdadeira origem da abordagem clássica da administração, é necessário
remontarmos as consequências geradas pela Revolução Industrial, que foi a transição dos
processos de manufatura de métodos artesanais para a produção por máquinas, as quais
faziam uso de mais energia, ferro e carvão. É considerada como um divisor de águas na
história da civilização e diversos aspectos da vida cotidiana foram influenciados de alguma
forma pelos seus efeitos, que podem ser resumidos em dois fatores principais:

> Crescimento acelerado e desorganizado das empresas: Um fator que ocasionou em


uma grande complexidade na administração dos negócios, exigindo assim uma abordagem
mais científica e racional, que substituísse o empirismo existente. O aumento do tamanho
das organizações levou à uma substituição das teorias tradicionais (ultrapassadas), pelas
teorias micro industriais que visavam o planejamento da produção e de outros aspectos
empresariais.

> Necessidade de aumentar a eficiência e competência das organizações: Esse fator


visava obter maior eficiência e eficácia nas organizações. Buscava-se o maior rendimento
possível, a fim de fazer frente à concorrência e à competição que não parava de crescer
entre as empresas. Com a substituição do capitalismo pelos monopólios e pela produção em
massa, virou necessário evitar o desperdício e economizar mão de obra. Dessa forma,
surgiu a divisão do trabalho, entre os que pensam (gerentes) e os que executam (operários).

1. Administração Científica: De um lado, tínhamos a escola clássica da administração


científica, onde a preocupação principal era a de aumentar a produtividade da empresa por
meio da melhora da eficiência e eficácia em seu nível operacional. Essa escola era formada
principalmente por engenheiros, tais como Frederick Taylor, Lawrence Gantt, Bunker
Gilbreth e Henry Ford. Ela possuía como ênfase a análise e a divisão do trabalho, com as
tarefas e os ocupantes constituindo a unidade fundamental do negócio.
Podemos dizer que a abordagem clássica da administração científica trouxe consigo um
conceito de baixo pra cima (partindo do operário para o supervisor e gerente) e das partes
(operários) para o todo (organização). Nesse modelo predominava o método de trabalho,
que calculava todos os movimentos e o tempo gasto pelo operário para executar uma tarefa.
Essa análise detalhista proporcionava à especialização do operário e o reagrupamento de
seus movimentos, que juntos constituem a chamada Organização Racional do Trabalho
(ORT).

2. Teoria Clássica: Do outro lado, existia a corrente dos anatomistas e fisiologistas, que
tinham como principal expoente Henri Fayol. Essa abordagem se desenvolveu na França,
com os trabalhos de autores famosos, tais como James Mooney, Lyndall Urwick e Fayol.
Mais conhecida como corrente da teoria clássica da administração, tinha como preocupação
básica aumentar a eficiência e eficácia por meio da disposição dos departamentos
organizacionais, e de suas inter-relações estruturais (mutualidades).
A partir disso, a corrente da teoria clássica, trouxe uma abordagem anatômica (estrutura) e
fisiologista (funcionamento), atuando de maneira inversa à administração científica. Pode-se
dizer que a teoria clássica traz um conceito de cima para baixo (da direção para a execução)
e de todo (organização) para suas partes (departamentos). Nela predominava o foco na
estrutura organizacional, nos princípios da administração e na departamentalização. Dessa
forma, era possível uma visão globalizada, porém centralizada em um chefe principal

Henri fayol

O famoso engenheiro francês Jules Henri Fayol, foi um dos principais personagens da teoria
clássica da administração. Aos 19 anos, Fayol entrou para uma companhia metalúrgica e
carbonífera que se encontrava a beira da falência, após assumir um cargo de direção,
conseguiu recuperar as finanças da empresa e levá-la a um novo patamar. Em 1918,
entregou seu cargo, aposentando-se aos 77 anos de idade. Nos últimos anos de sua vida,
dedicou-se a divulgar os princípios da administração, fundou o Centro de Estudos
Administrativos e lançou o livro Administração Geral e Industrial, no qual expunha que
administração era uma função distinta das demais funções, como finanças e produção, por
exemplo.
O conhecimento administrativo ainda era bastante precário na época, existindo uma grande
necessidade de informação em relação às questões corporativas. Para responder essa
necessidade, Henri Fayol criou e divulgou sua própria teoria, que dividia a empresa em seis
atividades, levando a análise dos processos para toda a organização. Essas atividades
eram as funções técnicas, comerciais, financeiras, administrativas, contábeis e de
segurança. Para Henri Fayol, a função administrativa era a mais importante de todas (pois
coordenava as demais), e tinha como componentes:

1. Planejamento: Trata-se de um processo consciente e sistemático de tomar decisões


sobre os objetivos que a empresa buscará no futuro. Basicamente, estabelecia os objetivos
e metas da organização e especificava o modo como eles seriam alcançados. Vale ressaltar
também, que o planejamento possui diferentes níveis organizacionais (estratégico, tático e
operacional);

2. Organização: De forma resumida, é considerado o instrumento de operacionalização do


planejamento. É a estrutura organizacional que possibilita a transformação dos planos em
objetivos concretos. Entende-se que é a maneira como a empresa coordena todos os seus
recursos (humanos, financeiros, materiais etc.) alocando-os de acordo com o planejamento.

3. Comando: É a condução da empresa no sentido de atingir os objetivos visados. A função


de comandar está diretamente ligada à autoridade e ao poder. Em seu sentido mais puro,
trata-se de fazer com que os subordinados (colaboradores) executem o que precisa ser
realizado, de forma clara e concisa e de acordo com os desejos da alta administração.

4. Coordenação: Podemos dizer, que significa reunir, unificar e harmonizar toda as


atividades e esforços visando o alcance dos objetivos previamente traçados durante o
planejamento da organização. A implantação de qualquer planejamento seria inviável sem a
coordenação das atitudes e esforços necessários por parte da empresa. Resume-se em
ligação e união.

5. Controle: Conceitualmente falando, é a necessidade de verificar se os procedimentos


estão de acordo com as regras e os princípios da empresa. Trata-se de estabelecer padrões
e indicadores de desempenho que permitem assegurar que as atitudes tomadas são as que
a empresa espera. Através do controle das atividades, é possível aumentar a probabilidade
de que tudo ocorra conforme as metas da organização.

Fayol sempre afirmou que seu êxito era resultado dos métodos que empregava e nada além
disso. Assim como Taylor, ele utilizou os últimos anos de sua vida para demonstrar que,
com planejamento e métodos adequados de gerência, os bons resultados seriam
alcançáveis. Henri Fayol ressaltou ainda, que nenhuma das cinco funções essenciais de
uma organização (finanças, produção, técnicas, contábeis e comerciais) possuem o encargo
de formular o plano geral da empresa, de constituir seu corpo social, ou de coordenar os
esforços e harmonizar o trabalho, essas atribuições pertencem unicamente à função
administrativa.
Por diversas vezes Fayol defendeu e enfatizou a qualidade dos bons administradores sobre
as questões técnicas do trabalho. Falando sobre jovens engenheiros, Fayol ressaltou que o
sucesso de uma empresa depende mais da habilidade administrativa de seus colaboradores
do que de suas habilidades técnicas. Para ele, um líder medíocre tecnicamente, mas que
em geral seja um bom administrador, é de certa forma mais útil para a organização do que
um líder brilhante apenas na forma técnica. Henri Fayol discorreu sobre várias teorias da
administração, sempre destacando a importância de alinhar o conceito com a prática.
Para Henri Fayol a administração era a forma de governar ou gerenciar um negócio público
ou privado, fazendo o melhor uso possível dos recursos disponíveis para atingir os objetivos
da empresa. De certa forma ele tinha a ciência administrativa como parte fundamental de
todos os componentes de uma organização. Fayol ainda instituiu que o departamento
administrativo era o responsável por garantir a unidade da ação, da disciplina e da ordem,
garantindo assim o bom relacionamento interno e externo da companhia. O renomado autor
ainda afirmou que, apesar de ser distinta, a administração se entrelaçava com outros
departamentos, agindo como um sistema nervoso dentro na empresa.

Max weber

A partir da década de 1940, as críticas feitas à escola clássica (pelo seu mecanicismo) e à
Teoria das Relações Humanas (por seu romantismo), revelaram a falta de uma teoria mais
sóbria, sólida e abrangente, e que orientasse o administrador através de outro ângulo.
Devido à sua importância na época, as organizações atraíram a atenção de diversos
estudiosos e pesquisadores que se interessavam pelos seus inúmeros processos e
métodos, havendo dentre eles, um economista alemão, chamado Max Weber (1864-1920).
Weber foi um importante sociólogo, jurista, historiador e economista alemão, sendo também
considerado um dos fundadores do estudo sociológico moderno.
Seu trabalho foi tão importante, que diversos outros autores retomaram suas pesquisas e
estudos ao longo dos anos. De acordo com Weber, as pessoas orientam as suas ações
para uma ordem semelhante, uma vez que seus desempenhos individuais são guiados por
normas coletivas e legitimadas. Para ele, uma ordem não é apenas uma forma de
codificação de normas convencionais, elas constituem (em termos amplos), um conjunto de
normas sociais dominantes. Ainda segundo Weber, as organizações formais se baseiam em
leis que as pessoas acreditam serem racionais e adequadas aos objetivos comuns, ou seja,
que agem de acordo com os seus interesses e não os desejos arbitrários de alguém.
Devido à fragilidade e a imparcialidade da teoria clássica da administração e da teoria das
relações humanas, muitos autores consideram a teoria das organizações a mais ampla e
completa. Na época existia a necessidade de um modelo que fosse capaz de caracterizar
todas as variáveis envolvidas, bem como o comportamento dos seus membros, e que não
fosse aplicável somente a fábrica, mas a todas as formas de organização. Juntando essa
necessidade com o crescimento das organizações, ficava claro que as teorias existentes
não eram suficientes para responder à situação, por isso, a partir das descobertas do
trabalho de Weber as empresas começaram a aplicar o sistema burocrático e seu novo
modelo proposto.
De acordo com Weber, qualquer sociedade, organização ou grupo que se baseie em leis
racionais é burocracia. Uma de suas frases mais conhecidas é a de que "a organização é
uma estrutura sistêmica, um grupo organizado e estável de meios adequados a
fins". Entretanto, ainda segundo ele, nem todos os grupos sociais são organizações, uma
vez que esses grupos se dividem em duas grandes categorias: os primários e secundários.

> Grupos Sociais Primários: São também chamados de informais, no qual predominam as
relações pessoais. Fazem parte desse grupo as famílias, amigos e certos grupos de
interesse social ou profissional. Podem ser caracterizados por contatos diretos e indiretos,
pois geralmente perduram por um longo tempo. É importante salientar, que neste tipo de
grupo as pessoas entram e saem voluntariamente.

> Grupos Sociais Secundários: Essa categoria abrange os grupos formais, já que neles as
pessoas possuem uma relação social regida por regulamentos explícitos e categóricos. Tais
regulamentos baseiam-se em normas de direito e obrigações para seus integrantes (regras
e normas). É o caso de todos os tipos de organizações. Vale ressaltar que neste tipo de
grupo existe a definição de objetivos, do uso de recursos e da divisão do trabalho.

Todos os grupos possuem os elementos que definem as organizações, alguns formais


regidas por regulamentos e outras informais regidas pelas relações pessoais. Entretanto,
apesar dos grupos primários eventualmente se comportarem como organizações, eles não
são considerados organizações formais permanentes (empresa ou instituição), visto que
podem se diluir com o passar do tempo. As organizações informais não são entidades
mecânicas, elas são relacionamentos e interações que se desenvolvem naturalmente entre
as pessoas. Por outro lado, as organizações formais são as relações profissionais entre as
pessoas, planejada no sentido de facilitar o alcance de um objetivo central para a
organização.

Para Max Weber, a burocracia é a organização eficiente por excelência, e para conseguir
esta eficiência, a burocracia precisava detalhar antecipadamente e nos mínimos detalhes
como as coisas deveriam acontecer. Segundo o autor, as organizações formais apresentam
três características principais, que as distinguem dos grupos informais ou primários, são
elas: a formalidade, a impessoalidade e o profissionalismo.

> Formalidade: São as normas e regulamentos explícitos que constituem as organizações.


São chamadas de leis, que estipulam os direitos e deveres dos participantes (controle). No
geral, a organização é ligada por normas e regulamentos previamente estabelecidos que
definem seu modo de funcionamento. Percebe-se também, que neste aspecto a
organização conta com um caráter formal em seu meio de comunicação e procedimentos.

> Impessoalidade: Essa característica são as relações entre as pessoas que integram as
organizações burocráticas. Geralmente são governadas de acordo com os cargos que
ocupam, e pelos direitos e deveres desses cargos. É importante ressaltarmos, que a
distribuição das atividades da organização também é feita de modo impessoal, ou seja, é
realizada de acordo com os termos dos cargos e funções, e não das pessoas envolvidas.

> Profissionalismo: Os cargos de uma burocracia oferecem aos seus ocupantes uma
carreira, formação e meios de vida. Sua escolha fica dependente das qualificações do
participante. Uma organização burocrática estabelece os cargos segundo os princípios de
hierarquia que a regem. Ela também fixa regras e normas para o desempenho do cargo e
escolhe seus integrantes de acordo com a competência técnica que possuem.

As organizações são definidas de acordo com seu tipo de poder, que consequentemente
caracteriza também o tipo de obediência (ou contrato psicológico) que exercem. De acordo
com Etzioni, famoso cientista social e estudioso das ideias de Max Weber, o tipo ideal do
autor aplicava-se somente às empresas e governos, não abrangendo todas as
organizações. Weber considerava as organizações como unidades sociais com objetivos
específicos e singulares. Por outro lado, para Etzioni, existem três tipos de organizações:

1 - Coercitivas: No primeiro tipo, enquadram-se as organizações nas quais o controle era


exercido por meio de força física e da coerção, e que possuía participantes de nível mais
baixo, que estavam impedidos de sair livremente (não existe livre arbítrio). Nessa categoria
estão: as prisões, os campos de concentração, etc. Sua principal característica era a
ameaça, a violência e o uso real de força.

2 - Utilitárias: Essas organizações controlam seus participantes por meio, principalmente,


da remuneração, da recompensa e do benefício. Considera-se como organizações utilitárias
as empresas de negócios, que possibilitam a satisfação intrínseca do cargo, além de
prestígio e da estima aos participantes (boa perspectiva de carreira). Neste tipo o poder
baseia-se no controle dos incentivos econômicos.

3 - Normativas: São as organizações religiosas, políticas ou de cunho ideológico (alto


envolvimento moral e motivacional). Ao contrário das organizações coercitivas e utilitárias,
as do tipo normativo dependem do comprometimento dos seus participantes, não havendo a
necessidade de coerção ou remuneração. Para elas o poder se baseia em um consenso
sobre os objetivos e métodos que praticam.

Etizioni ainda considerava a existência de organizações com dupla estrutura de obediência


(organizações híbridas), ou dual compliance. Também existiram pesquisas que permitiram a
identificação de modelos alternativos ao tipo ideal proposto por Weber. Na década de 60 por
exemplo, dois pesquisadores ingleses, Burns e Stalker complementaram as ideias de
Weber, sintetizando dois modelos de organização: a mecânica e a orgânica.

1 - Mecanicista: (organizações burocráticas) O tipo mecanicista é o modelo que ajusta-se à


condições ambientais estáveis. Suas tarefas são especializadas e precisas e sua hierarquia
é muito bem definida. No geral, se baseiam na hierarquia e no comando, e possuem um
ciclo de atividades rotineiras que se repetem de maneira indefinida. O tipo mecanicista
corresponde à burocracia legal-racional de Weber

2 - Orgânico: (organizações flexíveis) Esse tipo é adaptado à condições ambientais


instáveis, ou seja, que não são familiares à organização. Suas tarefas passam por
mudanças constantes e sua natureza é cooperativa e interativa, o que cria um alto nível de
comprometimento com as metas da organização. Esse tipo se baseia no conhecimento e na
consulta e possui uma hierarquia flexível, facilitando a amplitude de comando.

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