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A Abordagem

Clássica da
Administração
Erica Sarraf Fernandes Biondo
A Abordagem Clássica da
Administração

Introdução
Para Maximiano (2015), objetivos e recurso são conceitos centrais na definição de
organização. Administrar consiste em tomar decisões sobre o uso do recurso para
realizar objetivos. As decisões são agrupadas em quatro processos principais:
planejar, organizar, liderar e controlar. Um quinto processo (executar) seria o efeito
prático dos anteriores. Essa é uma adaptação da definição feita por Henri Fayol,
divulgada em 1911. Fayol é um dos teóricos que estudaremos neste conteúdo.
Também aprenderemos sobre o fordismo e sua linha de montagem, sobre Fayol e a
administração científica e sobre a burocracia de Max Weber.

Tenha ótimos estudos e bom aprendizado!

Objetivos da Aprendizagem
• compreender os preceitos que balizaram a administração científica de Frede-
rick Winslow Taylor: estudo dos tempos e movimentos; padronização das fer-
ramentas e dos movimentos; cartões de instrução do sistema de pagamento
conforme desempenho; cálculo dos custos;
• compreender os preceitos que balizaram o modelo de produção fordista: li-
nha de montagem; inovação; economia de escala; dentre outros;
• compreender os preceitos que balizaram a administração clássica de Henri
Fayol: processos administrativos; princípios e funções da administração; es-
trutura das organizações; princípios da administração; papel dos gerentes;
dentre outros;
• compreender os preceitos que balizaram a teoria da burocracia de Max
Weber: processos burocráticos; formalidade; impessoalidade; profissiona-
lismo; poder nas organizações; hierarquias; unidade de comando; normas
para as organizações.

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Primeiras teorias da administração do século XX
No início do século XX, dois importantes engenheiros desenvolveram os primeiros
trabalhos a respeito da administração: o americano Frederick Winslow Taylor,
considerado pai da administração e criador da escola da administração científica,
com ênfase no estudo dos tempos e movimentos; e o francês Henri Fayol, que
desenvolveu a chamada teoria clássica, com a aplicação de princípios gerais da
administração em bases científicas.

Figura 1: Base da administração


Fonte: Plataforma Deduca (2018).

Taylor foi responsável pela proposição dos chamados princípios da administração


científica e pelo estudo dos tempos e movimentos para a melhoria do processo
produtivo, a redução de custos e o aumento de produtividade. Por sua vez, Fayol
preocupou-se em melhorar o processo administrativo, por meio da formulação de
seus famosos princípios: planejar, organizar, comandar e controlar.

Segundo Maximiano (2015), Taylor defendeu que sempre haverá um método mais fácil
e rápido de executar uma tarefa. Para tanto, esse engenheiro empreendeu o estudo
dos tempos e movimentos na produção. Tal fato evidenciou que, com observação e
análise de dados, a organização poderia produzir mais para o “patrão”, bem como
melhorar, ao máximo, a prosperidade do empregado. Essa abordagem de Taylor ficou
conhecida como organização racional do trabalho, transformando os métodos de
trabalhos empíricos em métodos científicos.

De acordo com Chiavenato (2014), essa tentativa de substituir métodos empíricos e


rudimentares por métodos científicos recebeu o nome de Organização Racional do
Trabalho (ORT), que se fundamenta nos seguintes aspectos:

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a. Estudo dos tempos e movimentos: o trabalho é metodicamente analisado, em
sua totalidade, visando à eliminação de movimentos desnecessários. Nesse
estudo, os movimentos úteis são simplificados, a fim de diminuir o tempo mé-
dio que o operário leva para desenvolver uma tarefa. Nesse tempo médio, são
acrescentados os tempos considerados mortos, como, por exemplo, o tempo
de espera pela matéria-prima (com finalidade de padronizar o método de traba-
lho) e, também, o tempo destinado à execução desse trabalho.

Conforme Chiavenato (2014), Taylor observou as seguintes vantagens no


desenvolvimento de um método padrão de produção:

‚ elimina desperdício de esforço humano e movimentos inúteis;


‚ facilita e racionaliza a seleção e o treinamento de operários e melhora a eficiên-
cia e o rendimento da produção pela especialização das atividades;
‚ distribui uniformemente o trabalho e evita períodos de falta ou de excesso de
trabalho;
‚ define métodos e estabelece normas para execução do trabalho;
‚ estabelece base uniforme para salários equitativos e prêmios de produção.

b. Estudo da fadiga humana com base na anatomia e na fisiologia humana: pos-


sui dupla finalidade:
‚ evita movimentos inúteis na execução de tarefas, do ponto de vista fisiológico;
‚ reduz a fadiga para aumentar a eficiência.

c. Divisão do trabalho e especialização do operário: há eliminação de movimen-


tos desnecessários, economizando, assim, energia e tempo, consequente-
mente, elevando a produtividade do operário.
d. Desenho de cargos e de tarefas: tem como finalidade criar, projetar e combi-
nar cargos para que uma tarefa seja executada com os demais cargos exis-
tentes dentro da organização. A simplificação no desenho de cargos permite
algumas vantagens, tais como:
‚ admissão de empregados com qualificações mínimas, o que reduz os custos de
produção;
‚ minimização de custos de treinamentos;
‚ redução de erros na execução do trabalho.

e. Incentivos salariais e prêmios de produção: o operário é estimulado a produ-


zir mais e também a ganhar mais pelos seus serviços, uma vez que a remu-
neração é baseada na produção.

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f. Condições ambientais de trabalho: a eficiência depende não somente do mé-
todo de trabalho e do incentivo salarial, mas de um conjunto de condições
que garantam o bem-estar do trabalhador, o que inclui:
‚ a adequação de instrumentos e ferramentas de trabalho e equipamentos de pro-
dução para minimizar o esforço do operador;
‚ o arranjo físico das máquinas e equipamentos para racionalizar o fluxo de produção.

g. Padronização: o objetivo é minimizar a variabilidade no processo produtivo e,


consequentemente, eliminar desperdícios, aumentando, assim, a eficiência.

Cabe observar, conforme Chiavenato (2014), que a Organização Racional do Trabalho,


maior contribuição de Taylor à teoria administrativa, é, sobretudo, uma forma de
executar melhor as tarefas, tendo como referência a observação no chão de fábrica.
Ao desenvolver esses princípios, Taylor, de acordo com Chiavenato (2014), tinha
como objetivo tornar a empresa mais eficiente e mais produtiva, algo que, para a
época, era impensável.

Foi também uma preocupação de Taylor desenvolver uma forma de aplicar esses
princípios na prática administrativa das fábricas, porque, para ele, a ferramenta
administrativa era uma prática estruturada que ajudaria a desenvolver não só o
processo de administração, mas também a qualidade decisória das organizações.

Chiavenato (2014) define que a preocupação de racionalizar, padronizar e prescrever


normas de conduta ao administrador levou os engenheiros da administração científica
a pensar que tais princípios pudessem ser aplicados em todas as situações possíveis.
Dentre a profusão de princípios defendidos pelos autores, os mais importantes são:

1. Princípios de planejamento: substituir a improvisação por métodos basea-


dos em procedimentos científicos, por meio de planejamento.
2. Princípio de preparo: os trabalhadores são selecionados de acordo com suas
aptidões e, então, é necessário prepará-los e treiná-los para produzir mais e
segundo o método planejado.
3. Princípio do controle: controlar o trabalho para certificar que esteja sendo exe-
cutado de acordo com os métodos estabelecidos e segundo o plano previsto.
4. Princípios da execução: distribuir atribuições e responsabilidades para que a
execução do trabalho seja disciplinada.

Posteriormente, o século XX foi marcado por grandes mudanças no ambiente


econômico e social das organizações. Um exemplo disso foi o grande desenvolvimento
econômico dos Estados Unidos, no início do século, em virtude do sucesso do modo

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de produção fordista, idealizado por Henry Ford. Também, em meados desse século,
Max Weber, nos seus estudos sobre a ação social, descreveu as formas de autoridade
e de legitimidade que lhe permitiram refletir sobre as características da burocracia
que se encaixariam em um tipo de autoridade racional-legal e que contemplariam
alguns princípios centrais, como a impessoalidade, o profissionalismo, a hierarquia,
o formalismo etc.

Atenção
O século XX foi marcado por grandes mudanças no ambiente
econômico e social das organizações, tendo como grande exemplo
o desenvolvimento econômico dos Estados Unidos, decorrente da
mudança no modo de produção.

Observe no quadro a seguir as principais ideias da administração no século XX.

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Ideias/Enfo-
1900-1925 1925-1950 1950-1975 1975-2000
ques/Teorias

Modelo
Produção em massa, japonês,
preocupação com empresa
Administração
eficiência (ênfase Popularização Sistema toyota de classe
científica, linha
na eficiência do fordismo. de produção. mundial,
de montagem.
dos processos “Seis Sigma”,
produtivos). redesenho de
processos.

Humanismo, enfoque
Relações Gestão de
comportamental,
humanas, pessoas,
escola das relações Características Administração
dinâmicas qualidade
humanas (ênfase individuais. participativa.
de grupo, de vida no
nas pessoas e na
liderança. trabalho, ética.
condição humana).

Escola da qualidade Sistemas da


Qualidade
(ênfase na Controle qualidade,
Administração total,
uniformidade, na estatístico da qualidade
da qualidade. qualidade no
conformidade e na qualidade. garantida,
Japão.
adequação ao uso). normas ISO.

Processo Administração
Enfoque no processo decisório, de projetos,
administrativo Enfoque estruturação administração
(ênfase no papel funcional da das grandes por processos,
Planejamento
dos gerentes administração, empresas, cadeia de
estratégico.
e no processo políticas de política de suprimentos,
de administrar negócios. negócios, papéis e
organizações). administração competências
por objetivos. gerenciais.

Teorias das
Imagens das
organizações (ênfase
Tipo ideal de Teoria das Modelos de organizações,
no entendimento
burocracia. organizações. organização. aprendizagem
da natureza das
organizacional.
organizações).

Aplicação do
pensamento
Pensamento Pensamento
sistêmico na
sistêmico (ênfase sistêmico
concepção
na compreensão de Teoria geral influenciando
de processos
totalidades e nas dos sistemas. todas as
produtivos,
relações entre as ideias da
especialmente
partes). administração.
na linha de
montagem.

Quadro 1: Principais ideias da administração no século XX


Fonte: Maximiano (2015).

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A linha de montagem e o fordismo
Segundo Chiavenato (2014), Henry Ford nasceu em 30 de julho de 1863, na cidade
norte-americana Springwells. Em 1903, superando inúmeras adversidades, fundou a
“Ford Motors Company”, com mais 11 acionistas, ficando com 25% das ações. Com o
passar dos anos, comprou as ações dos demais investidores e, em 1919, passou a ser
o controlador da companhia. Sua grande ambição sempre foi construir um carro para
o povo e, então, em 1913, inaugurou a primeira fábrica com linha de produção em série.

Figura 2: Linha de produção


Fonte: Plataforma Deduca (2018).

Ford foi pioneiro no que ficou conhecido como linha de montagem e produção em
série. Produzir em série significa fabricar produtos iguais, em grande quantidade,
fato que reduz os custos de produção e aumenta sua velocidade. Pensando nisso,
Ford entendeu que seria vantajosa a fabricação de automóveis padronizados.

O fordismo
O processo produtivo inventado por Henry Ford ficou conhecido como fordismo e
funcionava da seguinte maneira: o automóvel passava por uma esteira de montagem
em movimento, e os operários colocavam as peças. Isso era possível em função da
especialização dos funcionários, ou seja, cada um executava uma função específica
(ou única) no processo. Por exemplo: alguns operários trabalhavam com a pintura;
outros colocavam os pneus; alguns retificavam os motores, e assim por diante. Em
apenas 98 minutos, o automóvel ficava pronto.

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O modelo de automóvel “T” foi o mais famoso produzido por Henry Ford. Também
conhecido como “Ford Bigode”, esse veículo foi o mais vendido no fim do século XIX.
Desse tempo, é famosa a frase de Ford a seus clientes, de que poderiam pedir a cor
que quisessem para seus automóveis, desde que fosse preta. (MAXIMIANO, 2015).

Figura 3: Modelo Ford “T”


Fonte: Plataforma Deduca (2018).

Segundo Chiavenato (2014), foi utilizando as abordagens da administração científica


que Henry Ford aplicou de forma intensiva o novo conceito de linha de montagem
na sua indústria “Ford Motors Company”. Esse sistema revolucionou o mercado, em
virtude da produção em massa, tornando os automóveis mais baratos.

Cabe destacar que as inovações de Ford permitiram eliminar quase todos os


movimentos desnecessários às atividades dos trabalhadores. Para Ford, era
importante organizar o trabalho de forma a requerer o mínimo possível de força e de
esforço físico dos trabalhadores.

O sucesso do invento de Ford foi tão grande que, na década de 1920, chegou a
produzir dois milhões de automóveis por ano. O sistema de produção de Ford foi
muito importante para a sociedade, uma vez que democratizou o acesso à aquisição
de automóveis. A estratégia de negócio no fordismo era produzir o automóvel o mais
rápido possível e vendê-lo no mercado no menor prazo.

A rapidez nesse processo é um fator importante, pois, quando a linha de montagem


está parada, não gera lucros, o que deve ser evitado. Isso também requer um estoque
de peças de reposição indispensáveis para que a linha de montagem não pare. Com
essa forma de produção, Ford desenvolveu um sistema de pagamento com base em
bônus, que crescia à medida que a produtividade aumentava.

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O taylorismo e o fordismo são sistemas de trabalho que visavam à racionalização
extrema da produção e, consequentemente, à maximização da produção e do lucro.
O sucesso desses dois modelos fez com que várias empresas adotassem as técnicas
desenvolvidas por Taylor e Ford, sendo utilizadas até hoje por algumas indústrias. O
fordismo se baseou nas propostas do taylorismo e desenvolveu alguns avanços. Assim,
enquanto Taylor focava a divisão eficiente e racional das tarefas dentro da fábrica, Ford
buscava colocar seus trabalhadores em posições fixas no sistema produtivo.

Conforme Maximiano (2015), cabe destacar, ainda, que o fordismo era visto como um
modelo de gestão da produção; mas, a partir de 1930, passou a ser concebido como
um modelo técnico-econômico, irradiando-se pelo mundo no pós-guerra. Antes do
fordismo, a produção de veículos era artesanal, dependente da habilidade técnica da
mão de obra disponível e sem padronização.

Outro fator importante que contribuiu para as ferramentas de gestão diz respeito à
aplicação dos princípios da administração científica no sistema fordista de produção,
que levou à redução da complexidade das tarefas e à padronização e ao controle
do processo produtivo: o processo saiu das mãos dos trabalhadores e passou para
a gerência, levando até às últimas consequências a ideia de separação entre o
planejamento (engenheiros) e a execução (operário).

A administração clássica de Taylor e o fordismo recuperaram o ideário do homem


“economicus”, ou seja, o homem é um ser racional que toma suas decisões com
base no conhecimento de todas as possibilidades de ações viáveis, bem como de
suas consequências.

Segundo Maximiano (2015), esse modelo de homem, reduzido e simplificado, serviu


de fundamento para a construção de uma teoria da administração que tinha como
base a concepção de um homem racional e previsível, que se satisfazia com incentivos
financeiros, vigilância e treinamento. Investir nesses quesitos, portanto, auxiliaria a
aumentar a produtividade esperada.

Como consequência dessa visão de homem, os pensadores clássicos – Taylor, Fayol


e Ford – compartilhavam da ideia de que o comportamento humano não era um
problema em si. Isso quer dizer que, quando os gerentes percebiam nos trabalhadores
um comportamento inadequado, deduziam que o problema decorria de defeitos na
estrutura da organização ou no processo produtivo.

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Aportes de Fayol à Administração científica
Henri Fayol nasceu em 1841, em Istambul, e faleceu em 1925, em Paris. Ele foi
um importante pesquisador da chamada escola clássica da administração. Fayol
dedicou-se a disseminar os princípios da administração, com base em seus anos de
aprendizado prático na indústria. Para esse engenheiro, a administração compreende,
basicamente, cinco funções:

• planejamento;
• organização;
• comando;
• coordenação;
• controle.

De acordo com Maximiano (2015), para Fayol, a administração é uma atividade que
pode ser encontrada em todos os empreendimentos humanos, como a família, os
negócios, as religiões e os governos, exigindo, mesmo que não nos demos conta, o
uso de, pelo menos, alguma das cinco funções supracitadas.

Fayol propôs a divisão das organizações em seis estruturas de operações específicas,


mas que se relacionam mutuamente:

• Técnica: produção, manufatura.


• Comercial: compra, venda, troca.
• Financeira: empréstimos, capital de giro.
• Segurança: proteção da propriedade privada e das pessoas.
• Contabilidade: registro de estoques, custos, estatísticas.
• Administração: planejamento, organização, comando, coordenação e controle,

Observe, na figura a seguir, as funções da empresa.

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Função comercial Planejamento

Função financeira Organização

EMPRESA
Função de administração Comando

Função de segurança Coordenação

Função de contabilidade Controle

Função técnica

Figura 4: Funções da empresa


Fonte: Maximiano (2015, p. 68).

Atenção
Lembre-se de que cada área empresarial tem, sob sua
responsabilidade, diferentes funções. A área administrativa
demanda planejamento, organização, comando, coordenação e
controle.

Perceba que, para Fayol, o conceito de administração está ligado ao ato de administrar,
englobando as funções de administrador, as quais estão descritas a seguir, de acordo
com Maximiano (2015):

• prever o futuro e traçar o programa de ação;


• organizar, isto é, constituir o duplo organismo material e social da empresa;
• comandar, o que significa dirigir e orientar o pessoal;
• coordenar: ligar, unir e harmonizar todos os atos e esforços coletivos;
• controlar compreende garantir que tudo ocorra de acordo com as regras es-
tabelecidas e as ordens dadas.

Chiavenato (2014) acha importante informar que nenhuma organização pode fazer
mais do que permitem seus principais administradores, afinal de contas, o gargalo
está sempre na parte superior da garrafa. De todas as tarefas de uma organização,
a mais difícil, mas também a mais importante, é estruturar sua alta administração.

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O nível gerencial
As atividades para o nível gerencial são a essência da administração. Sua característica
principal é conseguir resultados por meio de terceiros.

Chiavenato (2014) afirma que as atividades gerenciais são divididas em três níveis,
cada um com responsabilidades específicas, conforme apresentamos a seguir.

Gerência geral

Comando geral do processo produtivo e acionamento dos recursos disponíveis


para a realização dos objetivos fixados pelo nível de direção. Gerencia unidades
complexas, englobando mais de uma função. Às vezes, esses gerentes são
responsáveis por empresas subsidiárias.

Gerência média (ou funcional)

Comando das atividades de operações especializadas, como: finanças,


marketing, recursos humanos, manutenção etc.

Supervisão imediata

Comando da realização propriamente dita e das tarefas, implicando contato


direto com os executores. São os supervisores de primeira linha.

Ainda de acordo com Chiavenato (2014, p. 34-35):

O papel dos gerentes é fundamental para obter a cooperação dos


subordinados, para os quais ele representa a empresa e deve ser capaz de
motivá-los e fazê-los “vestir a camisa”. Por outro lado, deve ser capaz de
levar aos níveis superiores as aspirações, os desejos e as necessidades
do seu pessoal. Um gerente que não prestigia os subordinados não
consegue mantê-los dedicados.

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A burocracia de Weber
Max Weber nasceu no dia 21 de abril de 1864, na Alemanha. Foi um sociólogo que se
preocupou com o estudo da organização burocrática e, por isso, propôs a teoria da
burocracia. (CHIAVENATO, 2014).

Conforme Maximiano (2015), o ponto central dos estudos de Weber é a investigação


sobre a ação social. Para esse sociólogo, as normas que compartilhamos na sociedade
só se tornam concretas quando se manifestam em cada um de nós, sob forma de
motivação. Cada sujeito age levado por um motivo, orientando-se pela tradição, por
interesses racionais ou pela afetividade.

Figura 5: A ação social


Fonte: Plataforma Deduca (2018).

Para Weber, a ação social consiste na conduta humana, dotada de sentido e orientada
pela ação de outros, apresentando quatro formas distintas:

1. Ação racional com relação a fins: determinada pela expectativa de alcançar


os objetivos racionalmente avaliados e perseguidos.
2. Ação racional com relação a um valor: definida pela crença consciente no
valor (moral, religioso e estético) de uma determinada conduta.
3. Ação afetiva: ditada por afetos ou por estados sentimentais e emocionais.
4. Ação tradicional: ditada pelos hábitos, pelos costumes e pelas crenças.

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Chiavenato (2014) afirma que a aplicação da burocracia de Weber levou, em muitos
casos, a um excesso de normas e de regulamentos impessoais, não condizentes
com a agilidade e a flexibilidade das organizações modernas. No entanto, ainda é
empregada em grandes administrações públicas, por falta de substitutos eficazes
para alguns casos.

Para Weber, a burocracia deveria ter as seguintes características:

1. organização contínua de cargos, limitados por normas escritas, às quais estão


subordinados os detentores de poder, o sistema administrativo e os dominados;
2. divisão de trabalho definida e sistemática, com áreas específicas de com-
petência;
3. cargos organizados segundo o princípio hierárquico;
4. regras e normas técnicas claramente definidas por escrito;
5. separação entre propriedade e administração, ou seja, as atividades adminis-
trativas deverão ser exercidas por profissionais contratados em virtude de
suas qualificações técnicas.

Ainda na visão de Weber, as ênfases da burocracia serão as seguintes:

1. formalização (obediência a normas, rotinas, regras, regulamentos etc.);


2. divisão do trabalho;
3. hierarquia;
4. impessoalidade;
5. profissionalização e competência técnica dos empregados.

De acordo com Chiavenato (2014), a descrição de Weber sobre a burocracia não


levou em conta a chamada organização informal nem o excesso de formalismo, que
é fonte das denominadas disfunções da burocracia. Vamos verificar quais são as
características das disfunções da burocracia.

Disfunções da burocracia
Quando as características da burocracia são levadas ao extremo, o excesso de
rigidez e a falta de flexibilidade fazem surgir as disfunções da burocracia: no lugar de
propiciar segurança e qualidade, acaba por emperrar o andamento dos serviços e a
produção de bens, ou seja, é como se o sistema criasse vida própria. É a burocracia

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pela burocracia, que perde sentido e finalidade, beirando o absurdo, ao exigir carimbos
e comprovantes desnecessários.

Confira a seguir as principais características e disfunções da burocracia, conforme


colocado por Chiavenato (2014).

No modelo ideal de burocracia de Weber, as regras e os


regulamentos têm objetivo de normatizar os procedimentos,
ajudando, assim, a aumentar a produtividade e a melhorar a
Engessamento
qualidade do que é produzido e realizado. No entanto, a falta
de regras e de flexibilidade na aplicação de regras e regulamentos faz com
que estes deixem de ser um meio para se atingir um dado fim,
regulamentos
transformando-se em um objetivo em si mesmo: é o momento
em que as pessoas cumprem regras e regulamentos sem saber o
motivo pelo qual estão cumprindo.

Para formalizar tudo e controlar a qualidade e a produtividade, é


Excesso de produzida uma quantidade excessiva de documentos, que geram
documentação perda de tempo – tanto no preenchimento de formulários e papéis
quanto no resgate de informações.

Despersonalização Como nos sistemas burocráticos o poder está no cargo, e não


nas pessoas, as relações interpessoais ficam em segundo plano.
de
No entanto, o ser humano necessita de interações sociais. A
relacionamentos despersonalização pode provocar estresse excessivo.

Autoridade Como a autoridade é exercida pelo cargo, busca-se exibir sinais


exteriores que reforcem tal posição, como uniformes, crachás de
aparente identificação com o cargo em destaque, placas na porta etc.

Autoridade Como a pessoa está em um cargo de autoridade, passa a utilizar


descontrolada esse poder de maneira agressiva.

Quadro 2: Características e disfunções da burocracia

Fonte: Adaptado de Chiavenato (2014).

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Conclusão
Neste conteúdo, estudamos a abordagem clássica da administração, com ênfase
nos seguintes tópicos:

• As primeiras teorias da administração do século XX.


• A administração científica de Frederick Winslow Taylor, com destaque para
os conceitos relacionados à padronização das ferramentas e ao estudo dos
tempos e movimentos.
• O modelo de produção fordista, entendido e aplicado por Henry Ford, com
sua linha de montagem e de inovação.
• Os processos administrativos liderados por Henri Fayol, por meio da abor-
dagem da estrutura das organizações, dos princípios da administração e do
papel dos gerentes nas organizações.
• A teoria da burocracia de Max Weber e suas disfunções.

Saiba mais
Conheça mais sobre as divergências e convergências entre os
princípios da administração pública brasileira e os princípios
de Henri Fayol. Acesse: http://periodicos.uesc.br/index.php/
reflexoeseconomicas/article/view/1324/1493.

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Referências
CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. 9. ed. São Paulo:
Manole, 2014.

MAXIMIANO, A. A. Fundamentos de administração: introdução à teoria geral e aos


processos da administração. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015.

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