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Clássica da
Administração
Erica Sarraf Fernandes Biondo
A Abordagem Clássica da
Administração
Introdução
Para Maximiano (2015), objetivos e recurso são conceitos centrais na definição de
organização. Administrar consiste em tomar decisões sobre o uso do recurso para
realizar objetivos. As decisões são agrupadas em quatro processos principais:
planejar, organizar, liderar e controlar. Um quinto processo (executar) seria o efeito
prático dos anteriores. Essa é uma adaptação da definição feita por Henri Fayol,
divulgada em 1911. Fayol é um dos teóricos que estudaremos neste conteúdo.
Também aprenderemos sobre o fordismo e sua linha de montagem, sobre Fayol e a
administração científica e sobre a burocracia de Max Weber.
Objetivos da Aprendizagem
• compreender os preceitos que balizaram a administração científica de Frede-
rick Winslow Taylor: estudo dos tempos e movimentos; padronização das fer-
ramentas e dos movimentos; cartões de instrução do sistema de pagamento
conforme desempenho; cálculo dos custos;
• compreender os preceitos que balizaram o modelo de produção fordista: li-
nha de montagem; inovação; economia de escala; dentre outros;
• compreender os preceitos que balizaram a administração clássica de Henri
Fayol: processos administrativos; princípios e funções da administração; es-
trutura das organizações; princípios da administração; papel dos gerentes;
dentre outros;
• compreender os preceitos que balizaram a teoria da burocracia de Max
Weber: processos burocráticos; formalidade; impessoalidade; profissiona-
lismo; poder nas organizações; hierarquias; unidade de comando; normas
para as organizações.
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Primeiras teorias da administração do século XX
No início do século XX, dois importantes engenheiros desenvolveram os primeiros
trabalhos a respeito da administração: o americano Frederick Winslow Taylor,
considerado pai da administração e criador da escola da administração científica,
com ênfase no estudo dos tempos e movimentos; e o francês Henri Fayol, que
desenvolveu a chamada teoria clássica, com a aplicação de princípios gerais da
administração em bases científicas.
Segundo Maximiano (2015), Taylor defendeu que sempre haverá um método mais fácil
e rápido de executar uma tarefa. Para tanto, esse engenheiro empreendeu o estudo
dos tempos e movimentos na produção. Tal fato evidenciou que, com observação e
análise de dados, a organização poderia produzir mais para o “patrão”, bem como
melhorar, ao máximo, a prosperidade do empregado. Essa abordagem de Taylor ficou
conhecida como organização racional do trabalho, transformando os métodos de
trabalhos empíricos em métodos científicos.
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a. Estudo dos tempos e movimentos: o trabalho é metodicamente analisado, em
sua totalidade, visando à eliminação de movimentos desnecessários. Nesse
estudo, os movimentos úteis são simplificados, a fim de diminuir o tempo mé-
dio que o operário leva para desenvolver uma tarefa. Nesse tempo médio, são
acrescentados os tempos considerados mortos, como, por exemplo, o tempo
de espera pela matéria-prima (com finalidade de padronizar o método de traba-
lho) e, também, o tempo destinado à execução desse trabalho.
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f. Condições ambientais de trabalho: a eficiência depende não somente do mé-
todo de trabalho e do incentivo salarial, mas de um conjunto de condições
que garantam o bem-estar do trabalhador, o que inclui:
a adequação de instrumentos e ferramentas de trabalho e equipamentos de pro-
dução para minimizar o esforço do operador;
o arranjo físico das máquinas e equipamentos para racionalizar o fluxo de produção.
Foi também uma preocupação de Taylor desenvolver uma forma de aplicar esses
princípios na prática administrativa das fábricas, porque, para ele, a ferramenta
administrativa era uma prática estruturada que ajudaria a desenvolver não só o
processo de administração, mas também a qualidade decisória das organizações.
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de produção fordista, idealizado por Henry Ford. Também, em meados desse século,
Max Weber, nos seus estudos sobre a ação social, descreveu as formas de autoridade
e de legitimidade que lhe permitiram refletir sobre as características da burocracia
que se encaixariam em um tipo de autoridade racional-legal e que contemplariam
alguns princípios centrais, como a impessoalidade, o profissionalismo, a hierarquia,
o formalismo etc.
Atenção
O século XX foi marcado por grandes mudanças no ambiente
econômico e social das organizações, tendo como grande exemplo
o desenvolvimento econômico dos Estados Unidos, decorrente da
mudança no modo de produção.
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Ideias/Enfo-
1900-1925 1925-1950 1950-1975 1975-2000
ques/Teorias
Modelo
Produção em massa, japonês,
preocupação com empresa
Administração
eficiência (ênfase Popularização Sistema toyota de classe
científica, linha
na eficiência do fordismo. de produção. mundial,
de montagem.
dos processos “Seis Sigma”,
produtivos). redesenho de
processos.
Humanismo, enfoque
Relações Gestão de
comportamental,
humanas, pessoas,
escola das relações Características Administração
dinâmicas qualidade
humanas (ênfase individuais. participativa.
de grupo, de vida no
nas pessoas e na
liderança. trabalho, ética.
condição humana).
Processo Administração
Enfoque no processo decisório, de projetos,
administrativo Enfoque estruturação administração
(ênfase no papel funcional da das grandes por processos,
Planejamento
dos gerentes administração, empresas, cadeia de
estratégico.
e no processo políticas de política de suprimentos,
de administrar negócios. negócios, papéis e
organizações). administração competências
por objetivos. gerenciais.
Teorias das
Imagens das
organizações (ênfase
Tipo ideal de Teoria das Modelos de organizações,
no entendimento
burocracia. organizações. organização. aprendizagem
da natureza das
organizacional.
organizações).
Aplicação do
pensamento
Pensamento Pensamento
sistêmico na
sistêmico (ênfase sistêmico
concepção
na compreensão de Teoria geral influenciando
de processos
totalidades e nas dos sistemas. todas as
produtivos,
relações entre as ideias da
especialmente
partes). administração.
na linha de
montagem.
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A linha de montagem e o fordismo
Segundo Chiavenato (2014), Henry Ford nasceu em 30 de julho de 1863, na cidade
norte-americana Springwells. Em 1903, superando inúmeras adversidades, fundou a
“Ford Motors Company”, com mais 11 acionistas, ficando com 25% das ações. Com o
passar dos anos, comprou as ações dos demais investidores e, em 1919, passou a ser
o controlador da companhia. Sua grande ambição sempre foi construir um carro para
o povo e, então, em 1913, inaugurou a primeira fábrica com linha de produção em série.
Ford foi pioneiro no que ficou conhecido como linha de montagem e produção em
série. Produzir em série significa fabricar produtos iguais, em grande quantidade,
fato que reduz os custos de produção e aumenta sua velocidade. Pensando nisso,
Ford entendeu que seria vantajosa a fabricação de automóveis padronizados.
O fordismo
O processo produtivo inventado por Henry Ford ficou conhecido como fordismo e
funcionava da seguinte maneira: o automóvel passava por uma esteira de montagem
em movimento, e os operários colocavam as peças. Isso era possível em função da
especialização dos funcionários, ou seja, cada um executava uma função específica
(ou única) no processo. Por exemplo: alguns operários trabalhavam com a pintura;
outros colocavam os pneus; alguns retificavam os motores, e assim por diante. Em
apenas 98 minutos, o automóvel ficava pronto.
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O modelo de automóvel “T” foi o mais famoso produzido por Henry Ford. Também
conhecido como “Ford Bigode”, esse veículo foi o mais vendido no fim do século XIX.
Desse tempo, é famosa a frase de Ford a seus clientes, de que poderiam pedir a cor
que quisessem para seus automóveis, desde que fosse preta. (MAXIMIANO, 2015).
O sucesso do invento de Ford foi tão grande que, na década de 1920, chegou a
produzir dois milhões de automóveis por ano. O sistema de produção de Ford foi
muito importante para a sociedade, uma vez que democratizou o acesso à aquisição
de automóveis. A estratégia de negócio no fordismo era produzir o automóvel o mais
rápido possível e vendê-lo no mercado no menor prazo.
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O taylorismo e o fordismo são sistemas de trabalho que visavam à racionalização
extrema da produção e, consequentemente, à maximização da produção e do lucro.
O sucesso desses dois modelos fez com que várias empresas adotassem as técnicas
desenvolvidas por Taylor e Ford, sendo utilizadas até hoje por algumas indústrias. O
fordismo se baseou nas propostas do taylorismo e desenvolveu alguns avanços. Assim,
enquanto Taylor focava a divisão eficiente e racional das tarefas dentro da fábrica, Ford
buscava colocar seus trabalhadores em posições fixas no sistema produtivo.
Conforme Maximiano (2015), cabe destacar, ainda, que o fordismo era visto como um
modelo de gestão da produção; mas, a partir de 1930, passou a ser concebido como
um modelo técnico-econômico, irradiando-se pelo mundo no pós-guerra. Antes do
fordismo, a produção de veículos era artesanal, dependente da habilidade técnica da
mão de obra disponível e sem padronização.
Outro fator importante que contribuiu para as ferramentas de gestão diz respeito à
aplicação dos princípios da administração científica no sistema fordista de produção,
que levou à redução da complexidade das tarefas e à padronização e ao controle
do processo produtivo: o processo saiu das mãos dos trabalhadores e passou para
a gerência, levando até às últimas consequências a ideia de separação entre o
planejamento (engenheiros) e a execução (operário).
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Aportes de Fayol à Administração científica
Henri Fayol nasceu em 1841, em Istambul, e faleceu em 1925, em Paris. Ele foi
um importante pesquisador da chamada escola clássica da administração. Fayol
dedicou-se a disseminar os princípios da administração, com base em seus anos de
aprendizado prático na indústria. Para esse engenheiro, a administração compreende,
basicamente, cinco funções:
• planejamento;
• organização;
• comando;
• coordenação;
• controle.
De acordo com Maximiano (2015), para Fayol, a administração é uma atividade que
pode ser encontrada em todos os empreendimentos humanos, como a família, os
negócios, as religiões e os governos, exigindo, mesmo que não nos demos conta, o
uso de, pelo menos, alguma das cinco funções supracitadas.
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Função comercial Planejamento
EMPRESA
Função de administração Comando
Função técnica
Atenção
Lembre-se de que cada área empresarial tem, sob sua
responsabilidade, diferentes funções. A área administrativa
demanda planejamento, organização, comando, coordenação e
controle.
Perceba que, para Fayol, o conceito de administração está ligado ao ato de administrar,
englobando as funções de administrador, as quais estão descritas a seguir, de acordo
com Maximiano (2015):
Chiavenato (2014) acha importante informar que nenhuma organização pode fazer
mais do que permitem seus principais administradores, afinal de contas, o gargalo
está sempre na parte superior da garrafa. De todas as tarefas de uma organização,
a mais difícil, mas também a mais importante, é estruturar sua alta administração.
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O nível gerencial
As atividades para o nível gerencial são a essência da administração. Sua característica
principal é conseguir resultados por meio de terceiros.
Chiavenato (2014) afirma que as atividades gerenciais são divididas em três níveis,
cada um com responsabilidades específicas, conforme apresentamos a seguir.
Gerência geral
Supervisão imediata
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A burocracia de Weber
Max Weber nasceu no dia 21 de abril de 1864, na Alemanha. Foi um sociólogo que se
preocupou com o estudo da organização burocrática e, por isso, propôs a teoria da
burocracia. (CHIAVENATO, 2014).
Para Weber, a ação social consiste na conduta humana, dotada de sentido e orientada
pela ação de outros, apresentando quatro formas distintas:
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Chiavenato (2014) afirma que a aplicação da burocracia de Weber levou, em muitos
casos, a um excesso de normas e de regulamentos impessoais, não condizentes
com a agilidade e a flexibilidade das organizações modernas. No entanto, ainda é
empregada em grandes administrações públicas, por falta de substitutos eficazes
para alguns casos.
Disfunções da burocracia
Quando as características da burocracia são levadas ao extremo, o excesso de
rigidez e a falta de flexibilidade fazem surgir as disfunções da burocracia: no lugar de
propiciar segurança e qualidade, acaba por emperrar o andamento dos serviços e a
produção de bens, ou seja, é como se o sistema criasse vida própria. É a burocracia
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pela burocracia, que perde sentido e finalidade, beirando o absurdo, ao exigir carimbos
e comprovantes desnecessários.
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Conclusão
Neste conteúdo, estudamos a abordagem clássica da administração, com ênfase
nos seguintes tópicos:
Saiba mais
Conheça mais sobre as divergências e convergências entre os
princípios da administração pública brasileira e os princípios
de Henri Fayol. Acesse: http://periodicos.uesc.br/index.php/
reflexoeseconomicas/article/view/1324/1493.
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Referências
CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. 9. ed. São Paulo:
Manole, 2014.
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