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As normas jurídicas são padrões de

conduta ou de organização social impostos


para o seu cumprimento. É a prerrogativa
pelo Estado, para que seja possível a
do Estado em fazer valer a sua função que é
convivência dos homens em sociedade.
administrar e gerir o bem comum.
A norma jurídica é a célula do
ordenamento jurídico (corpo
sistematizado de regras de conduta, Características da Norma Jurídica
caracterizadas pela coercitividade e
 Imperatividade: para garantir a ordem
imperatividade). É um imperativo de
social, o Direito deve representar o mínimo
conduta, que coage os sujeitos a se
de exigências, de determinações;
comportarem da forma por ela esperada
e desejada.
 Coercibilidade: é a possibilidade do uso
da coação. Através de dois elementos:
As normas jurídicas podem ser definidas Psicológico (exerce a intimidação, através
como um conjunto de normas que integram das penalidades previstas) e a Material (é a
o ordenamento jurídico brasileiro, cuja força propriamente, acionada quando o
função é regulamentar a conduta das destinatário da regra não cumpre
pessoas, ou seja, é a imposição normativa espontaneamente)
incorporada em uma fórmula jurídica.
Podem ter uma conotação de preceito e  Generalidade: principio da isonomia da
sanção, cujo objetivo principal é resguardar lei, segundo o qual todos são iguais perante
a ordem e a paz social, porém não devem a lei.
ser entendidas como instrumento ou ideia
relacionada à segurança, á justiça, etc.  Abstratividade: visa estabelecer uma
Dessa maneira, norma constitucional é toda fórmulam padrão de conduta aplicável a
aquela que possui valor jurídico supremo, qualquer membro da sociedade.
hierarquicamente superior, ou seja, é toda
norma que contenha cunho constitucional.  Atributividade: o que lhe compete é
autorizar ou não o uso das faculdades
A norma geral se aplica nas diversas
humanas. Assim, a norma jurídica é
relações jurídicas, sendo especificamente
atributiva por atribuir às partes de uma
destinadas a todos os cidadãos sem
relação jurídica, direito e deveres
nenhuma distinção. Sua destinação pode ter
recíprocos.
um alcance de grande amplitude. Já em
relação a norma abstrata definem-se aquelas
que induz uma análise mais específica de
Classificação das Normas Jurídicas:
um indivíduo.
Os critérios de classificação são os
A norma se apresenta num formato
seguintes:
imperativo num sentido de conter um
comando que imponha um determinado tipo a) Quanto ao sistema a que pertencem;
de conduta a ser observado, ou seja, sua nacionais, estrangeiras e de Direito
imperatividade significa uma obrigação de uniforme.
vontade.
Chamam-se nacionais, as normas que,
Também pode se apresentar de forma
obrigatórias no âmbito de um Estado, fazem
coercitiva, uma vez que utiliza a força física
parte do ordenamento jurídico deste. Em
face do Direito Internacional Privado, é municipais. Esta divisão corresponde ao
possível que uma norma jurídica tenha Direito geral e ao particular.
aplicação além do território do Estado que a Âmbito temporal de validez: de vigência
criou. por prazo indeterminado e de vigência por
Quando, em uma relação jurídica existente prazo determinado.
em um Estado, for aplicável a norma Quando o tempo de vigência da norma
jurídica própria de outro Estado, ter-se-á jurídica não é prefixado, esta é de vigência
configurada a norma jurídica estrangeira. por prazo indeterminado. Ocorre, com
Finalmente, quando dois ou mais Estados menos frequência, o surgimento de regras
resolvem, mediante um tratado, adotar que vêm com o seu tempo de duração
internamente uma legislação padrão, tais previamente fixado, hipótese em que são
normas recebem a denominação de Direito denominadas de vigência por prazo
uniforme. determinado.

b) Quanto à fonte; Âmbito material de validez: normas de


Direito Público e de Direito Privado.
De acordo com o sistema jurídico a que Nas primeiras a relação jurídica é de
pertencem, as normas podem ser subordinação, com o Estado impondo o seu
legislativas, consuetudinárias e imperium, enquanto que nas segundas é de
jurisprudenciais. coordenação.

As normas jurídicas escritas, corporificadas Âmbito pessoal de validez: genéricas e


nas leis, medidas provisórias, decretos, individualizadas.
denominam-se legislativas. Enquanto que A generalidade é uma característica das
as leis emanam do Poder Legislativo, as normas jurídicas e significa que os
duas outras espécies são ditadas pelo Poder preceitos se dirigem a todos que se acham
Executivo. na mesma situação jurídica. As normas
Consuetudinárias: são as normas não individualizadas, segundo Eduardo García
escritas, elaboradas espontaneamente pela Máynez, “designam ou facultam a um ou a
sociedade. Para que uma prática social se vários membros da mesma classe,
caracterize costumeira, necessita ser individualmente determinados”.
reiterada, constante e uniforme, além de
achar-se enraizada na consciência popular d) Quanto à hierarquia;
como regra obrigatória. Reunindo tais Sob este aspecto dividem-se em:
elementos, a prática é costume com valor constitucionais, complementares,
jurídico. A importância do costume varia de ordinárias, regulamentares e
acordo com cada sistema jurídico. individualizadas.
Chamam-se jurisprudenciais as normas
criadas pelos tribunais. As normas guardam entre si uma
hierarquia, uma ordem de subordinação
c) Quanto aos diversos âmbitos de entre as diversas categorias.
validez;
No primeiro plano alinham-se as normas
Âmbito espacial de validez: gerais e constitucionais, provenientes da
locais. Gerais são as que se aplicam em Constituição e as emendas constitucionais,
todo o território nacional. Locais, ás que se que condicionam a validade de todas as
destinam apenas à parte do território do outras normas e têm o poder de revogá-las.
Estado. Na primeira hipótese, as normas Assim, qualquer norma jurídica de
serão sempre federais, enquanto que na categoria diversa, anterior ou posterior à
segunda poderão ser federais, estaduais ou constitucional, não terá validade caso
contrarie as disposições desta.
Em segundo plano estão as – normas vigência; b) declarativas ou explicativas; c)
complementares: na ordem jurídica permissivas; d) interpretativas; e)
brasileira há normas que se localizam em sancionadoras.
leis complementares à Constituição e se
h) Quanto às relações com a vontade dos
situam hierarquicamente entre as
particulares.
constitucionais e as ordinárias. A aprovação
de normas complementares se dá de acordo - taxativas: resguardam interesses
com o art. 69 da CF, por maioria absoluta. fundamentais da sociedade e por isso
Em terceiro plano: as normas ordinárias, obrigam independente da vontade das
que se localizam nas leis, medidas partes.
provisórias, leis delegadas.
Seguem-se as normas regulamentares, - dispositivas: dizem respeito apenas aos
contidas nos decretos. interesses dos particulares, admitem a não-
Normas individualizadas, denominação e adoção de seus preceitos, desde que por
espécie sugeridas por Merkel para a grande vontade expressa das partes interessadas.
variedade dos atos jurídicos: testamentos, Validade, Vigência, Efetividade e
sentenças judiciais; contratos etc. Eficácia da Norma Jurídica:
e) Quanto à sanção; 1 - Validade formal da norma
- mais do que perfeitas: nulidade do ato jurídica: consiste na adequação da norma
transgressor + pena, ou seja, quando prevê jurídica aos requisitos formais
além da nulidade, uma pena para os casos (conformidade e obediência aos
de violação. Ex.: bigamia, obrigação de procedimentos de elaboração da norma
assinar carteira no trabalhador. jurídica) e materiais (conteúdo) exigidos
pelo ordenamento jurídico.
- perfeitas: apenas a nulidade do
ato transgressor ou ilegal - quando prevê 2 - Vigência da norma jurídica: consiste
apenas a nulidade do ato, na hipótese de sua no período de existência em que a norma
violação. jurídica existe e é obrigatória.

- menos do que perfeita: apenas pena - 3 - Vigor da norma jurídica: consiste na


determina apenas penalidade quando força vinculante da norma jurídica, aquela
descumprida. que gera direitos e deveres.

- imperfeita: quando não considera nulo 4 - Eficácia: As normas jurídicas não são
ou anulável o ato que a contraria, nem geradas por acaso, mas visando a alcançar
comina castigo aos infratores. certos resultados jurídicos e sociais.

f) Quanto à qualidade; a) Eficácia jurídica da norma


jurídica: consiste na capacidade de
- positivas: permitem a ação ou omissão. produção de efeitos jurídicos.
- negativas: as que proíbem a ação ou b) Eficácia social da norma
omissão. jurídica: consiste no alcance dos objetivos
sociais almejados pela norma jurídica.
g) Quanto às relações de
complementação; 5 – Aplicação ou exequibilidade da
norma jurídica: consiste na existência das
- primárias: são as normas cujo sentido é
condições materiais de aplicação da norma
complementado por outras, que recebem o
jurídica.
nome de secundárias.
a) Normas autoaplicáveis: bastantes em si,
- secundárias: são das seguintes espécies:
autoexecutáveis, de aplicação imediata e
a) de iniciação, duração e extinção da
não dependem de complementação. Ex: As
normas constitucionais de eficácia plena. 6 - Efetividade da norma
São aquelas que produzem a plenitude dos jurídica: consiste no cumprimento da
seus efeitos, independentemente de norma pelos seus aplicadores e
complementação por norma destinatários. O Direito se apresenta como
infraconstitucional. São revestidas de todos fórmula capaz de resolver problemas de
os elementos necessários à sua convivência e de organização da sociedade
executoriedade, tornando possível sua e para ter efetividade indispensável que seja
aplicação de maneira direta, imediata e observado socialmente.
integral. Art 5º - Direitos e garantias
REVOGAÇÃO E CONFLITO DE
fundamentais.
NORMAS
b) Normas dependentes de
Prazo de vigência: a lei em vigor, em regra
complementação: dependem de
não tem prazo de vigência, salvo as Leis
regulamentação de outro instrumento
temporárias (que terá vigência até que outra
jurídico, lei, decreto, resolução, etc.
a modifique ou a revogue).
Ex: o aviso prévio
Conceito de Revogação: é tornar sem
Normas constitucionais de eficácia efeito algo até então existente.
limitada (relativa complementável): São
Criterios fundamentais para a Revogação:
aquelas que não produzem a plenitude de
Cronológico (lei posterior derroga lei
seus efeitos, dependendo da integração da
anterior, sendo ambas do mesmo nível
lei (lei integradora). Não contêm os
hierárquico) e Hierárquico (novas normas
elementos necessários para sua
constitucionais tornam ineficazes todas as
executoriedade, assim enquanto não forem
normas do ordenamento que conflitem com
complementadas pelo legislador a sua
ela).
aplicabilidade é mediata, mas depois de
complementadas tornam-se de eficácia Vacatio legis: prazo entre a publicação da
plena. - Alguns autores dizem que a norma lei e a sua efetiva vivencia (regra = 45
limitada é de aplicabilidade mediata e dias).
reduzida (aplicabilidade diferida).
Conceito de derrogação: a lei nova apenas
Ex: “O direito de greve será exercido nos revoga parcialmente a lei anterior
termos e nos limites definidos em lei (ordenamento ficará com ambas as leis em
específica” (art. 37, VII da CF). O direito vigor).
de greve dos servidores públicos foi
considerado pelo STF como norma Conceito de Ab-rogação: a revogação
limitada. atinge completamente a lei anterior.

Normas constitucionais de eficácia Do conflito de Normas: haverá conflito de


contida (relativa restringível): São normas sempre que duas ou mais leis se
aquelas que produzem a plenitude dos seus contraponham. Em cada caso o interprete
efeitos, mas pode ter o seu alcance examinará a abrangência da lei nova, com
restringido. Também têm aplicabilidade relação à lei existente.
direta, imediata e integral, mas o seu Teoria da norma jurídica: princípios e
alcance poderá ser reduzido em razão da regras
existência na própria norma de uma
cláusula expressa de redutibilidade ou em Devido a experiência constitucional em que
razão dos princípios da proporcionalidade e a Europa continental passou após a
razoabilidade. Enquanto não materializado Segunda Guerra Mundial, a doutrina passou
o fator de restrição, a norma tem eficácia a considerar de forma bastante diferente os
plena. princípios jurídicos, agregando-lhes
verdadeiro conteúdo normativo.
Ocorre que grande parte dos direitos à saúde, à razoável duração do processo, ao
fundamentais, consagrados na Constituição, devido processo legal, etc.
assumem a roupagem de princípios.
Princípios na Constituição Federal
Diálogo entre valores morais e de justiça
Os princípios são tão importantes no
substancial.
ordenamento jurídico, que o documento
Com a nova fase do Constitucionalismo, faz legal de maior importância para o mundo
com que não considerem normas e regras jurídico, a Constituição, por muitas vezes,
jurídicas como simples sinônimos. As traz vários deles em seu âmbito.
normas jurídicas são entendidas como
gêneros e os princípios e regras como Antes os chamados “princípios gerais
espécies. do Direito” tinham uma função
secundaria no sistema positivista
PRINCÍPIOS clássico, sendo utilizadas apenas de
São fontes de comunicação entre o sistema forma subsidiária (na falta de lei que
de valores e o sistema jurídico. regulamentassem de forma direta o caso
concreto).
Em razão de sua natureza mais genérica e
vaga servem como início do processo Vamos então conhecer alguns princípios de
interpretativo do ordenamento jurídico, suma importância e que estão presentes na
cumprindo a função de trazer concretude às Constituição Brasileira:
verdadeiras vontades constitucionais. Por Os princípios constitucionais fundamentais
outro lado, é também o cerco final do estão elencados nos artigos 1º a 4º da
processo interpretativo. Qualquer decisão Constituição Federal de 1988. Esses
que viole princípios constitucionais, seja princípios positivam e defendem então, o
por extrapolar o desejo constitucional em estado federativo e democrático de direito,
sua interpretação violando-se os postulados a separação dos poderes, o regime
da proporcionalidade e da razoabilidade, presidencialista, a soberania, a dignidade da
seja por não observá-lo, estará eivada de pessoa humana, a livre iniciativa e os
vícios em razão de sua valores sociais do trabalho, o pluralismo
inconstitucionalidade. político, a forma de organização do Estado
 Principal característica: são dotados de Brasileiro, etc.
menor densidade normativa. Indicam um Outros princípios constitucionais de suma
caminho a ser seguido. importância são os chamados princípios
 Trata-se, segundo Robert Alexy, de constitucionais sensíveis. Eles estão
mandados de otimização – o Estado deve taxativamente elencados nas alíneas do
fazer o máximo que puder, de acordo com inciso VII do art. 34 e visam assegurar
as possiblidades fácas e jurídicas, para a princípios considerados indispensáveis para
implementação de um Direito. a identidade jurídica da República
 Determinam que se adotem todas as Federativa do Brasil, e a autonomia dos
medidas possíveis para a sua aplicação. Estados para sua própria organização. Por
 Lógica da Ponderação: a isso, a intervenção federal nos Estados será
preponderância de um princípio sobre proibida, a não ser que estes princípios
outro, num caso concreto, não indica a sensíveis sejam desrespeitados:
anulação do princípio que sucumbiu.
Ambos são e permanecem válidos, mas um • Forma republicana, sistema representativo
prevaleceu sobre o outro. (Peso). e regime democrático de direito;
 Ex. de princípios jurídicos são
• Direitos da pessoa humana; • Autonomia
encontrados no direito fundamental à vida,
municipal;
• Prestação de contas da administração
pública direta e indireta;
• Aplicação do mínimo exigido da receita
IDEOLOGIA DINÂMICA DA
resultante de impostos estaduais,
INTERPRETAÇÃO
compreendida a proveniente de
transferências, na manutenção e Como consequência do Positivismo
desenvolvimento do ensino e nas ações e Jurídico e da ideia de que se a segurança
nos serviços públicos de saúde. jurídica (previsibilidade do Direito) seria
encontrada no texto da lei, desenvolveu-se
aquilo que é chamado de ideologia estática
REGRAS JURÍDICAS da interpretação.
As regras jurídicas são um conjunto de Sustenta que o interprete (no caso do
normas que integram o ordenamento processo, o juiz) não cria o direito – já que
jurídico brasileiro. Ela possui a função de o direito é criado pela própria lei (Estado
regulamentar a conduta das pessoas, cujo Legislativo) e apenas por ela.
objetivo principal é resguardar a ordem e a
Assim, ao interpretar a lei, o juiz está
paz social.
apenas revelando o conteúdo do Direito que
Regras são normas jurídicas que obrigam, está subjacente ao texto da lei.
permitem ou proíbem algo, sendo que sua
*Não podia ter uma interpretação subjetiva do
aplicação depende da subsunção do fato ao
interprete sobre a lei.
que nela está descrito. Assim, ou o fato
corresponde à conduta descrita na regra e A ideologia estática da interpretação está
ela será aplicada e sua consequência aceita, em desuso há pelo menos meio século,
portanto válida, ou a regra não tem tendo cedido lugar à ideologia dinâmica
validade. da interpretação.
 São dotadas de maior densidade Esta compreende que o interprete
normativa. reconstrói sim o Direito. Ou seja, o Direito
é o que resulta do trabalho conjunto do
São especificas, tem situações determinadas
Poder Legislativo com o Poder Judiciário.
e não é aplicado a lógica de ponderação.
 Subsunção: quando um fato se adequa O direito é uma forma de expressão da
com facilidade à norma. linguagem humana; é uma forma de
comunicação. A comunicação, nesse
Ex.: Art. 121 do Código Penal (proibição enredo, depende de interpretação e,
de homicídio): aquele que matar alguém então, admite-se que o Poder Judiciário
está sujeito à pena de 06 a 20 anos. possa, sim, criar o direito a partir de
Esta regra concretiza um princípio: uma diferenciação entre texto
direito fundamental à vida. legislativo e norma jurídica.

 Regras operam, como ensina Ronald *Compreende que o juiz reconstrói o


Dworkin, na lógica de tudo ou nada. Direito a partir da consideração entre texto
legislativo e norma jurídica.
Cometeu tudo que está no artigo, vai se Texto legislativo é aquilo que
aplicar a norma. imediatamente encontra-se na
Constituição e nas Leis. De maneira
Não cometeu tudo o que está no artigo,
simplista, são as palavras. A norma
então não se aplica.
jurídica, entretanto, é extraída da
interpretação que o Judiciário faz a
partir do texto legislativo.
 Tem caráter de normatividade.

Dessa forma, o interprete reconstrói tanto


os princípios quanto as regras a partir do
texto legislativo, encontrando a norma
como resultado final da interpretação.
O texto legislativo é a partida, enquanto a
norma jurídica é o resultado final, que é
extraído da interpretação jurisdicional. O REGRAS JURÍDICAS
juiz, então, não age sozinho. São regras impostas pelo Estado. Elas são
produzidas para a coletividade, e nunca a
um certo indivíduo.
REGRA DESCRITIVA
 Presença da coercibilidade, da sanção
Quando a regra é obtida pelas simples imposta pelo Estado.
verificação descritiva de determinados
padrões. Ex.: todas as leis da natureza. Características básicas da regra jurídica

Trata-se de enunciados linguísticos ou de  Sanção: é um termo com dois


fórmulas matemáticas que são deduzidos a significados diferentes, podendo significar
partir da observação repetitiva de tanto a punição pela violação de uma lei
determinadas situações. (pena), como também o ato de aprovação
de algo por vias formais.
Um tipo especifico de regras descritivas são
as chamadas Regras de Experiência. A palavra sanção se originou a partir do
latim sanctio, que etimologicamente
significa “estabelecido por lei”.
 Indicam um padrão a ser observado se O termo “sanção” está intrinsecamente
você deseja alcançar um determinado fim. relacionado com o Direito e a Justiça,
(Não tem caráter de imposição). seja no sentido de “ação punitiva”,
 São normas técnicas, normas para que como no de “aprovação”.
você aprende para realizar/ adquirir uma
habilidade.
No âmbito jurídico, a sanção pode ser tanto
REGRAS MORAIS considerada um prêmio como uma pena.
Quando determinada decisão é desfavorável
Indicam como determinada pessoa, dentro para alguém, é chamada de pena; quando
de um determinado círculo social, deve se passa a ser favorável, chama-se de sanção
comportar. premial.
 Regras para que se possa ter a melhor  Sanções preceptivas (ou impositiva): é
convivência social baseado nos preceitos aquela por meio da qual determinada
morais e éticos de cada indivíduo. consequência jurídica é aplicada a uma
 Não são dotadas de sanção. A situação de fato, sem qualquer juízo de
desobediência da regra moral pode gerar valor. Ex.: se você tem a propriedade sobre
um arrependimento, peso na consciência, determinado imóvel urbano (situação de
etc. fato), deverá pagar IPTU.
Ex.: o marido não deve trair sua esposa  Sanção punitiva: estabelece uma
(vice-versa) – Valor conjugal. Caso traia, consequência negativa para a inobservância
não houverá sanção. de determinada regra jurídica.
Trata-se de uma sanção punitiva a punição *Não se identifica com nenhum tipo de
pelo descumprimento da norma. sanção.
Ex.: Imposta a obrigação de pegar IP´TU, o *Há inúmeras normas jurídicas permissivas
não pagamento no prazo previsto pela em nossa tradição. Ex.: aborto de gravidez
legislação tributária implica a imposição de resultante de estupro (art. 128, inciso II,
uma multa e a possibilidade de execução Código Penal) – aborto sentimental.
forçada de patrimônio do devedor.
 Sanção premial: estabelece uma Princípio geral da legalidade
consequência positiva para determinados
O princípio da legalidade é um conceito
atos, como forma de estimular sua prática.
jurídico parte dos direitos e garantias
O prêmio é um estimulo para o
fundamentais do indivíduo, e estabelece
cumprimento de prestação ou de um dever
que não existe crime se não estiver previsto
jurídico.
em lei.
A premiação contida na norma, como
A palavra princípio significa algo que vem
assume parte da doutrina, não é
logo no começo, a causa, o que dá a base. É
propriamente uma sanção, mas apenas uma
portanto uma definição pela qual a teoria se
prestação integrante da estrutura do
desenvolve. No universo jurídico, os
comando legal, ou algo completado por
princípios são postulados criados para
outra norma. Assim se coloca o desconto ao
estruturar o Estado de Direito.
contribuinte, ou cláusula contratual que
concede desconto ao devedor que pagar Legalidade vem de legal, que significa a
antecipadamente. Como se vê, essa característica daquilo que está dentro da lei.
denominada sanção premial também pode Toda ação criada em conformidade com a
ser objeto de contrato. legislação integra a legalidade.
Ações positivas benéficas para a O princípio da legalidade é, portanto, uma
sociedade. das bases do ordenamento jurídico
brasileiro, e todas as normas devem
Ex.: A legislação pode prever que o
respeitar esta noção da nulidade de punição
pagamento à vista do IPTU, até
no caso de inexistência de regra prévia. O
determinada data, pode implicar desconto
postulado aparece desde a Constituição
no valor do imposto.
Federal de 1988, assim como também faz
As sanções premiais foram identificadas parte do Código Penal Brasileiro.
pelo italiano Noberto Bobbio.
A síntese do princípio da legalidade seria a
Tipos de regras jurídicas frase latim nullum crimen nulla poena
sine lege, que na tradução do latim quer
 Ordem: correspondem às regras
dizer que nenhum crime será punido sem
jurídicas em que se identificam sanções
que haja uma lei.
impositivas. Ex.: se você é proprietário de
um imóvel urbano, você deve (ordem) Também de acordo com o Princípio da
pagar (sanção impositiva). Legalidade ninguém está obrigado a fazer
 Proibições: constituem condutas não ou deixar de fazer algo, a menos que seja
desejadas pelo Direito, sendo que a pratica previsto em lei. É o que consta no Artigo
destas condutas é punitiva (sanção Quinto, Inciso II, da Constituição Brasileira
punitiva). de 1988.
 Permissões: é ausente de qualquer
 Tudo aquilo que não é proibido é
conteúdo jurídico (ou seja, para que você
permitido. Então:
tenha permissão, basta que você não tenha
a) O que é expressamente ordenado é,
uma proibição).
também, permitido;
b) A ação contraria à ordem é premissas. Há uma premissa maior, na qual
proibida; se afirma que todo Termo Médio é um
c) O que é expressamente permitido, é Termo Maior. Há uma premissa menor, na
permitido; e qual se afirma que o Termo Menor é um
d) O que não é expressamente Termo Médio. Em conclusão, se o Termo
proibido, é permitido. Menor é um Termo Médio e se todo Termo
Médio é um Termo Maior, pode-se dizer
Da perspectiva do Direito Penal, o Princípio
que o Termo Menor é um Termo Maior.
da Legalidade pode ser entendido como a
garantia individual de que o legislador não Um exemplo clássico de silogismo:
vai atuar na criação de leis e penalizações
Premissa maior – Todo homem é mortal;
sobre fatos acontecidos anteriormente.
Premissa menor – Sócrates é homem;
Por exemplo, não estava previsto em lei que
fazer grafite no muro de particulares é Conclusão – Sócrates é mortal.
crime, e nem possui punição para tal. Um
indivíduo pratica tal ato em um dia. No O silogismo jurídico, que corresponde à
outro, uma lei é instaurada estabelecendo aplicação da lei, constrói-se do seguinte
pena de até 05 anos para quem vandalize o modo:
muro alheio. O indivíduo não pode ser *A norma legal é a premissa maior;
condenado pelo que fez no dia anterior,
apenas pelo que possa vir a fazer depois de *A descrição dos fatos corresponde à
publicada a lei. premissa menor;

O princípio da legalidade é parte importante A aplicação da norma legal corresponde à


do Direito Administrativo, e limita a conclusão.
Administração Pública a fazer apenas
Vejamos um exemplo de norma jurídica
aquilo que é previsto em lei. De acordo com
dotada de sanção: O aluno que conversar
o Artigo 37 da Constituição federal, que
em sala de aula deve ser advertido.
diz:
Devemos fazer dois silogismos. Primeiro
"Art. 37. A administração pública direta e silogismo:
indireta de qualquer dos Poderes da União,
Premissa maior: O aluno que assistir à
dos Estados, do Distrito Federal e dos
aula (Termo Médio) deve permanecer em
Municípios obedecerá aos princípios de
silêncio (Termo Maior);
legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência(...)" Premissa menor: Neto (Termo Menor) é
aluno e assiste a uma aula (Termo Médio);
Conclusão: Neto (Termo Menor) deve
Aplicação da regra jurídica
permanecer em silêncio (Termo Maior).
As regras jurídicas são aplicadas por meio
Vejamos o segundo silogismo, decorrente
de um esquema da logica formal chamado
da violação da norma acima:
silogismo.
Premissa maior: O aluno que conversar
Raciocínio dedutivo formal, que consta de
em aula (Termo Médio) deve ser advertido
três proposições: premissa maior, que é o
(Termo Maior);
enunciado de uma verdade, ou um juízo;
premissa menor, que compreende a Premissa menor: Neto (Termo Menor) é
afirmação de um caso particular, contido na aluno e conversou em aula (Termo Médio);
premissa maior; e a conclusão.
Conclusão: Neto (Termo Menor) deve ser
O silogismo é um mecanismo lógico pelo advertido (Termo Maior).
qual se deduz uma conclusão a partir de
Durante um processo judicial, conforme C) “lei” vem de eligere, eleger ou escolher,
dito, são delimitados os pontos porque a lei é a norma escolhida pelo
controvertidos, que decorrem de falhas legislador, como o melhor preceito para
comunicacionais. O juiz deve resolver dirigir a atividade humana.
todos esses pontos.
Classificação das leis
Primeiro, deve decidir quais foram os fatos,
delimitando a premissa menor do silogismo 1. Quanto à origem:
e identificando seu Termo Menor (a pessoa) 1.1. Federais.
e seu Termo Médio (o fato). Depois, precisa
encontrar uma norma legal que possua o 1.2. Estaduais.
Termo Médio (o fato) previsto
1.3. Municipais.
hipoteticamente, para descobrir o Termo
Maior (a consequência, aquilo que deve ser 2. Quanto à duração:
permitido, proibido ou obrigatório). Então,
basta concluir e decidir, estabelecendo que 2.1. Temporárias.
o Termo Menor (a pessoa) deve seguir o 2.2. Permanentes.
Termo Maior (a consequência).
3. Quanto ao alcance:
3.1. Gerais: aquelas que atingem um
Voltando ao exemplo inicial, suponhamos número indeterminado de pessoas e uma
que o juiz identifique que um dos gama de situações genéricas (exemplo:
motoristas desrespeitou o sinal vermelho e Código Civil).
causou o acidente. O motorista é o Termo
Menor e a conduta de desrespeitar o sinal 3.2. Especiais: aquelas que regulam
vermelho e causar um acidente é o Termo matérias com critérios particulares, diversos
Médio. Bastará encontrar uma norma legal das leis gerais (exemplo: Código Brasileiro
que contenha o Termo Médio enquanto de Aeronáutica).
hipótese e concluir. 3.3. Excepcionais: regulam por modo
O juiz pode encontrar uma norma legal cuja contrário ao estabelecido na lei geral, fatos
sanção estabeleça: Quem desrespeitar o ou relações jurídicas que por sua natureza,
sinal vermelho e causar um acidente estariam compreendidos nela (exemplo:
(Termo Médio) deve ser responsabilizado e atos institucionais)
pagar por todos os prejuízos (Termo 3.4. Singulares: destinadas a apenas uma
Maior). Para aplicá-la, basta concluir: O pessoa.
motorista (Termo Menor) deve ser
responsabilizado e pagar por todos os 4. Antinomia: ocorre quando a lei especial
prejuízos. entra em conflito com a lei geral
(normalmente a lei geral prevalece).
5. Quanto à força da norma:
LEI
5.1. Cogente: se impõe por si mesma,
Três etimologias do vocábulo “lei”: ficando livre qualquer arbítrio individual.
A)” lei” vem do verbo legere, que significa 5.2. Dispositiva: impõe-se supletivamente
oposição às normas costumeiras, que não à vontade das partes. Assim, cabe aos
são escritas; interessados se utilizarem dela ou não.
B)” lei” vem do verbo ligare, que significa 6. Quanto ao tipo de sanção:
“ligar”, “obrigar”, “vincular”. A lei obriga a
pessoa a uma certa maneira de agir.
6.1. Leis mais-que-perfeitas: normas cujas criticam o uso da palavra lei em sentido
sanções preveem nulidade do ato e pena ao amplo, dizendo que lei só é e deve ser
transgressor. empregada em seu sentido estrito que é o
seu sentido próprio.
6.2. Leis perfeitas: aquelas cuja
infringência importa em sanção de nulidade
*Leis éticas, humanas ou morais, são
ou anulabilidade.
normas destinadas a regular o agir do
6.3. Leis menos-que-perfeitas: são aquelas homem e a orientá-lo para determinadas
que possuem sanção incompleta ou finalidades.
inadequada. *São normas que regulam o uso e o abuso
da liberdade.
6.4. Leis imperfeitas: determinam uma
conduta sem prever sanção.  Sentido Estrito: “lei” é apenas a norma
jurídica aprovada regularmente pelo Poder
Legislativo.
Sentidos da palavra Lei
Em sentido estrito, lei é o ato emanado do
 Sentido Latíssimo: Se aplica a lei de Poder Legislativo, é a norma geral e
todos os setores da natureza, inclusive leis obrigatória emanada do Poder Legislativo.
humanas. Neste sentido falamos em Leis ordinárias e
*incluindo quaisquer regras escritas ou leis constitucionais, ou, apenas as leis
costumeiras ordinárias, eis que a Constituição é
*Leis físicas x Leis humanas – leis físicas elaborada pelo legislativo com poderes
são realizadas pelos seres humanos de especiais.
forma inconsciente e automática; já as leis
humanas estão no plano da consciência e da *Dentre as normas que regem o
liberdade. comportamento social dos homens devemos
*Sentido de Montesquieu: “leis são relações distinguir as leis jurídicas em sentido
necessárias que decorrem da natureza das estrito.
coisas”.
*A expressão “lei jurídica” pode ser
 Sentido Lato: a palavra lei ou legislação empregada em dois sentidos diferentes:
é empregada para indicar quaisquer normas
a) Restrito: é equivalente à lei escrita,
jurídicas escritas, sejam as leis
nesse sentido, “lei” (direito escrito)
propriamente ditas, oriundas do Poder
opõe-se ao “costume jurídico” (direito
Legislativo, sejam elas decretos, medidas
não escrito).
provisórias, regulamentos, resoluções,
portarias, ou outras normas baixadas pelo b) Amplo: “lei” abrange todas as
Poder Executivo. normas jurídicas: lei escrita, costume
jurídico, jurisprudência, etc.
*Em sentido amplo lei é toda norma geral e
obrigatória, emanada de qualquer órgão que
tenha o poder de legislar, é toda a Lei Jurídica
manifestação escrita da norma jurídica, É a forma escrita obrigatória, geral e
mesmo que não emane do Poder necessária, elaborada por um órgão
Legislativo. Ex.: A constituição, os competente e pela qual se manifesta uma
Decretos e os Regulamentos. Assim, lei em norma jurídica.
sentido amplo é todo o direito escrito. É
uma referência genérica que atinge a lei A lei é necessária para regular
propriamente dita, o Decreto-Lei e o comportamento de modo a evitar conflitos.
Decreto e o Regulamento. Há autores que A lei é a marca, o sinal da existência da
norma jurídica que é o pensamento sobre a impostos, salario, propriedade,
conduta. família, etc. São obrigatórias não
Regra de conduta social. apenas no foro da consciência, mas
por uma imposição que pode ir até
A lei é o sinal pelo qual reconhecemos a o emprego da força para sua
existência da norma, é a materialização execução. COERÇÃO
escrita da norma. As normas são condutas POTENCIAL.
pensadas, são esquemas lógicos de b) O direito não encontra seu
comportamento, são preceitos a serem conteúdo próprio e especifico senão
seguidos, são proposições a serem na noção de “justo”, noção
atingidas. Lei é a manifestação escrita da primaria, que implica não
norma. Direito é um sistema de normas prejudicar a outrem, dar a cada um
jurídicas. o que é seu e o equilíbrio entre os
interesses em conflito. VISANDO
A tendência da lei é ser À JUSTIÇA.
permanente, mas é modificável
de acordo com a mudança de - É a justiça que dá sentido à norma
valores e necessidades sociais. jurídica.
Não será uma norma de direito, se não
estiver orientada no sentido da realização da
-Normas Jurídicas são diferentes das justiça.
normas da vida social (normas éticas). - Todos são iguais perante a lei. Logo, a
norma é geral.
-Normas que dirigem o comportamento
humano na vida coletiva:
O propósito da lei deve ser realizar a
a) As normas morais, em sentido estrito, igualdade nas relações entre as pessoas.
fundadas na consciência;
Elementos da lei jurídica
b) As normas religiosas, fundadas na fé; a) Norma de conduta do ser humano
c) Os usos e costumes sociais, como com seus semelhantes;
hábitos de convivência, moda, etc. b) Garantida pela eventual aplicação
da força social. – Coerção social.
d) As normas jurídicas que constituem o c) Tendo em vista a realização da
campo do Direito. justiça.

A lei jurídica é a marca, o sinal da


Não se pode afirmar que existência da norma jurídica que é o
toda norma jurídica realize pensamento sobre a conduta.
efetivamente justiça. Mas A lei é a manifestação escrita da
ela é sempre uma tentativa norma, é a materialização da norma
no sentido de sua jurídica.
realização.
Juridicamente, a lei é relativa ao dever-se,
pois estabelece normas que devem ser
seguidas.
Duas características fundamentais que
A lei jurídica é a forma escrita, obrigatória,
distingue as normas jurídicas das demais:
necessária e geral, emanada de um órgão
a) São protegidas pela eventual competente e pela qual se manifesta uma
aplicação de força coercitiva do norma jurídica.
poder social. As normas sobre
Obriga genericamente a
todos.
Ela obriga, coage, pois se não for
cumprida, resultará uma sanção.
A lei é necessária, pois visa regular as
relações dos homens em sociedade,
mantendo, assim, a ordem social.

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