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Direito objetivo – conjunto de comandos, normas ou regras ordenadoras que

formam a ordem jurídica e que se impõe aos outros como um dever ser, organizando a
vida social.
Direito subjetivo – poder de exigir a outra pessoa um comportamento; aplicação
aos casos concretos e às situações individuais dos preceitos normativos (que são
direito objetivo).
O homem é um ser social e por isso tem uma tendência natural para se associar ao
seu semelhante. Desde sempre o homem revelou-se incapaz de, por si só, alcançar a
satisfação integral do conjunto das suas necessidades. É na associação com outros
homens (“vida social”) que ele busca suprir essas necessidades. Vida social exige um
conjunto de regras que orientem comportamento dos indivíduos e que estabeleçam
regras de organização dessa sociedade e as instituições que lhes servem de estrutura. A
vida social estabelece entre os homens estreitos vínculos de solidariedade:
 Solidariedade por semelhança – quando os homens se unem e cooperam
para a satisfação de necessidades comuns a todos (ex. necessidade de defesa)
 Solidariedade orgânica – quando em ordem a um melhor aproveitamento
das aptidões individuais, a divisão do trabalho coloca o homem em dependência
mais estreita do seu próximo.
Não pode existir uma sociedade sem organização e regras que disciplinem a
atividade dos seus membros. As necessidades humanas pressupõem a existência de
bens que as satisfaçam e estes não existem ilimitadamente ao contrário das
necessidades. Bastará que dois homens tenham interesses (interesse – tendência que o
homem manifesta pelos bens) pelo mesmo bem para que entre eles surja um conflito
de interesses. Por isso mesmo existe o Direito, para solucionar esses conflitos,
indicando o interesse que deve prevalecer e o modo de o tutelar. O direito representa
uma ordem justa, um sistema de normas em cuja criação participe os seus
destinatários.
Normas de conduta social – podem ser jurídicas, morais, religiosas e de cortesia.
Normas jurídicas – visam evitar ou, não sendo possível evitar, solucionar os
principais conflitos de interesses, que pela sua gravidade possam afetar a estabilidade,
a coesão e o normal desenvolvimento da comunidade. Visam também disciplinar a
criação e o funcionamento dos chamados poderes públicos.
→ Características das normas jurídicas
Imperatividade – a norma jurídica exprime um comando, seja para ordenar seja para
permitir e impõe aos seus destinatários determinados comportamentos;
Violabilidade – capacidade de ser violada/desrespeitada sem que deixe de existir
(ao contrário das ciências da natureza);

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Generalidade e abstração – A norma jurídica destina-se sempre a uma generalidade,
mais ou menos ampla, de destinatários e não apenas a uma pessoa determinada. Por
outro lado, a norma jurídica abstrai-se das particularidades do caso concreto a que vai
aplicar-se, reportando-se sempre a um tipo, mais ou menos amplo, de situações;
Coercibilidade – consiste na suscetibilidade de uma norma jurídica se impor pela
força no caso de não ser voluntariamente cumprida pelos seus destinatários. Como
regra geral, o monopólio exclusivo do uso da força encontra-se nas mãos do Estado,
não sendo legítimo o uso da força por parte dos particulares para defesa dos seus
interesses, ainda que legítimos. Todavia, a título excecional é admitida a possibilidade
de os particulares recorrerem à sua própria força (tutela privada), como por exemplo a
legítima defesa. Esta é a única característica que se distingue das normas religiosas,
morais e de cortesia, sendo que não é legítimo a ninguém o uso da força para aplicar a
coercibilidade.
→ Sanções jurídicas/ meios de tutela de direito – por sanção entende-se aqui uma
consequência desfavorável, um “mal”, que atinge aquele que violou a regra jurídica.
Sanções compulsórias – destinam-se a atuar sobre o infrator de uma norma jurídica
por forma a constrangê-lo a adotar o comportamento devido que ele até aí omitiu (não
são frequentes). Com as sanções compulsórias pretende-se chegar à situação que
resultaria da observância da norma jurídica, através do comportamento do infrator.
Nos termos desta norma, a requerimento do credor, o tribunal deve condenar o
devedor ao pagamento de uma quantia pecuniária por cada dia de atraso no
cumprimento ou por cada infração.
Sanções reconstitutivas – são as que visam reconstituir a situação a que se teria
chegado com a observância da norma violada. Reconstituição em espécie – visa
reconstituir na prática a situação que existiria se a norma jurídica tivesse sido
voluntariamente cumprida (realização de uma prestação igual à que estava vinculado o
devedor). Reintegração por mero equivalente – não sendo possível a reconstituição em
espécie, o direito reage forçando aquele que violou uma norma jurídica a entregar ao
lesado uma quantia em dinheiro equivalente ao valor do dano causado. Consiste na
entrega da soma pecuniária, cuja finalidade é constituir uma situação que, embora
diferente da que existiria se não houvesse a violação da norma, seja, todavia,
valorativamente equivalente à primeira.
Sanções punitivas – o direito pretende reagir contra as violações mais graves da
ordem jurídica, recorrendo à aplicação de pensas, as quais implicam, simultaneamente,
um sofrimento consistente na privação de um bem. Já não interessa reconstituir a
situação que existiria se o facto se não tivesse verificado, mas aplicar um castigo ao
infrator. (sanções criminais).
Sanções preventivas – constituem uma reação à violação da norma jurídica e têm
como finalidade prevenir violações futuras, de que a prática do ilícito anterior justifica

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o receio. Constituem sanções preventivas as medidas de segurança aplicáveis a
inimputáveis, ou seja, a pessoas que atendendo à idade ou a anomalia psíquica, não
podem ser sujeitos de um juízo de censura jurídico-penal pela prática do ato ilícito
cometido.
Ineficácia e invalidade dos atos praticados – por exemplo: vender uma casa sem que
haja uma escritura pública do ato torna o contrato praticado entre o vendedor e o
comprador inválido e nulo.
→ Estrutura da norma jurídica – uma norma jurídica podemos distinguir um
antecedente e um consequente, a hipótese/previsão e uma estatuição respetivamente.
 Hipótese – descrição em termos gerais do assunto da norma jurídica.
 Estatuição (consequência) – consiste na imposição de um dever jurídico
ou na atribuição de um direito, de uma qualidade, de uma consequência ou de
uma faculdade jurídica.
→ Classificação das normas jurídicas – normas injuntivas/imperativas e normas
facultativas; normas gerais, excecionais e especiais e normas universais, gerais e locais
(se duas normas (N.U e N.L.) estiverem no mesmo grau hierárquico e entrarem em
conflito prevalece a que melhor responde aos interesses, ou seja, a norma local):
Normas injuntivas/imperativas – aquelas que impõem uma determinada conduta aos
seus destinatários. Podem ser precetivas se impuserem uma conduta ou
comportamento positivo, como a que manda pagar o imposto municipal sobre imoveis
aos seus titulares, ou podem ser proibitivas se impuserem um comportamento
negativo, uma abstenção como acontece com as normas que proíbem as práticas de
crimes.
Normas facultativas – são aquelas que não se impõem obrigatoriamente, limitando-
se a conceder certas faculdades ou contendo um comando que os particulares podem
livremente afastar. Podem ser dispositivas se se limitarem a conceder certos poderes
ou faculdades, deixando ao arbítrio do individuo praticar ou não certos atos. Podem
ser interpretativas se se destinarem a fixar o sentido de certas expressões pouco claras
usadas pelo legislador ou pelos particulares nos seus atos jurídicos, ou ainda podem
ser supletivas se tiverem por função suprir a falta ou a insuficiência de manifestação
da vontade dos indivíduos sobre matérias que necessitam de estar disciplinadas, trata-
se de normas que só se aplicam se os particulares não adotarem solução diversa.
Normas gerais – são aquelas que constituem o regime-regra (regra geral) aplicável à
generalidade de situações ou relações jurídicas de um determinado tipo.
Normas excecionais – disciplinam um setor restrito de situações e consagram uma
regulamentação oposta à contida nas normas gerais.

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Normas especiais – regulam um setor mais ou menos restrito de casos, consagrando
uma disciplina que representa um simples desvio ou complemento das normas gerais,
sem, contudo, as contrariarem diretamente.
Normas universais – são aquelas que se aplicam a todo o território de um país.
Normas gerais – são aquelas que constituem o regime-regra (regra geral) aplicável à
generalidade de situações ou relações jurídicas de um determinado tipo.
Normas locais – são aquelas que se aplicam apenas a certa fração do território do
Estado.
Direito positivo, vigente e natural
 Direito positivo – é aquele que vigora ou alguma vez foi posto em vigor
numa comunidade, pelos órgãos criadores do direito.
 Direito vigente – é o conjunto de regras ou princípios que regem uma
coletividade em dado momento (é também direito positivo, mas tem uma
dimensão mais restrita, visto compreender apenas o conjunto de regras que num
momento determinado efetivamente se encontram em vigor).
 Direito natural – é aquele que é válido independentemente do tempo e do
espaço, “direito supra-positivo”, contém as normas impostas pela “natureza
humana”, independentemente da vontade dos órgãos criadores do direito
positivo.
Ramos do direito
 Direito Público – é constituído pelas normas que regulam as relações
entre os diversos Estados, entre os diversos órgãos do mesmo estado ou entre o
Estado e os particulares.
 Direito privado – é o conjunto de normas que disciplinam as relações
entre os particulares ou entre os particulares e o Estado desde que este
intervenha em pé de igualdade despido do seu “jus imperium”.
Direito público
 Direito constitucional – define as grandes linhas de orientação económica,
política, social do Estado; indica os chamados direitos intocáveis e de liberdade
e garantias fundamentais dos cidadãos; indica os principais órgãos de soberania
do Estado (presidente e assembleia da república, governo e tribunais).
 Direito administrativo – é constituído por um conjunto de normas que
visam regular a estrutura e a atividade da administração pública quer do
governo no desempenho da sua atividade administrativa quer das autarquias
locais e outras entidades públicas administrativas no desempenho das suas
funções.

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 Direito fiscal – conjunto de normas que regulam a atividade fiscal do
Estado e as relações jurídicas provenientes dessa atividade; estuda as várias
fases do imposto (incidência, lançamento, liquidação, cobrança).
 Direito criminal – constituído por um conjunto de normas que definem
que comportamentos são considerados crime e atribui as sanções
correspondentes.
 Direito processual – conjunto de normas que disciplinam a propositura e o
desenvolvimento de uma ação em tribunal.
 Direito internacional público – conjunto de normas que disciplinam as
relações entre os vários estados.
 Direito comunitário – conjunto de normas que provêm da UE e fixa metas
para que os países criem a sua própria legislação.
O imposto é uma prestação coativa, pecuniária, unilateral, definitiva, estabelecida
por lei a favor do Estado ou de outro ente público, sem carácter de sanção.
 Prestação coativa – o Estado exige a respetiva prestação de todos os
cidadãos.
 Prestação pecuniária – o imposto é uma prestação concretizada em
dinheiro.
 Prestação unilateral – à prestação feita pelo cidadão não corresponde uma
contrapartida individualizada por parte do Estado. É esta característica que
distingue os impostos das Taxas que são igualmente prestações coativas e
pecuniárias, mas bilaterais - destinam-se a retribuir um serviço prestado por
determinados serviços públicos.
 Prestação definitiva – o prestador do imposto não tem direito à restituição
ou reembolso do imposto devido.
 Prestação sem carácter de sanção – o imposto não representa uma reação
da ordem jurídica à prática de um ato ilícito. É esta característica que distingue
os impostos das multas e coimas.
 Prestação estabelecida pela lei – a obrigação tributária decorre da
verificação de um facto a que a lei).
Direito privado
Direito civil
 Direito das obrigações – regula em particular a circulação de bens e
serviços, as prestações e a reparação dos danos; conjunto de normas que
definem um vínculo em que uma pessoa fique obrigada a praticar um
comportamento para com a outra.
 Direitos reais ou das coisas – conjunto de normas que disciplinam as
relações sociais em que uma pessoa é titular de um poder direto e imediato
sobre uma coisa concreta e determinada ficando todos os demais obrigados à

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obrigação passiva universal, dever geral de abstenção, de não perturbação do
exercício de tal poder.
 Direito da família – regula as relações jurídicas familiares, isto é, as
decorrentes do casamento, parentesco, afinidade e adoção.
 Direito das sucessões – regula o ingresso dos bens do falecido no
património de outrem através de diversos títulos de vocação sucessória:
testamentária, legítima, legitimária. Os títulos de vocação sucessória são a lei, o
testamento e o contrato.
Sucessão legal legítima – pode ser afastada pela vontade do autor por via
testamento, ocorre sucessão legal legítima quando o autor não dispôs, total ou
parcialmente, por forma regular dos seus bens, ou seja, as normas são supletivas,
porque, em conflito com a vontade, prevalece à vontade. Artigo 2135º – dentro de
cada classe os parentes de grau mais próximo preferem aos de grau mais afastado e
Artigo 2136º – Os parentes de cada classe sucedem por cabeça ou em partes iguais,
salvo as exceções previstas no código.
Hipóteses de herdeiros da sucessão legítima
 Cônjuge e filhos – Sucedem por cabeça e em partes iguais com um min
de ¼ da herança para o cônjuge (art.º 2139.1).
 Só filhos – sucedem por cabeça em partes iguais (art 2139.2), havendo
lugar ao direito de representação sucessória (art.º 2042º).
 Cônjuge e ascendentes (sem filhos) – 2/3 Para o cônjuge e 1/3 da herança
para os ascendentes (art.º 2142.1).
 Só ascendentes – sucede na totalidade da herança em partes iguais
preferindo os parentes de grau mais próximo (art 2142.2).
 Só cônjuges (sem filhos nem pais) – sucede na totalidade da herança (art
2144).
Sucessão legal legitimária – mesmo tendo o falecido disposto validamente dos seus
bens, este tem uma quota dos seus bens sempre reservada aos herdeiros legitimários
(cônjuge, descendentes e ascendentes), quota indisponível (legítima), ou seja, são
normas imperativas, porque, mesmo que a vontade não seja a mesma, prevalecem as
normas sobre a vontade do autor.
Hipóteses de herdeiros da sucessão legitimária
 Legítima do cônjuge (sem filhos nem ascendentes) – a quota legítima é de
½ da herança (art.º 2158º).
 Cônjuge e filhos – A quota legítima é de 2/3 da herança (art 2159.1) com
um mínimo de ¼ da quota legítima para o cônjuge (art 2139.1) por remissão do
art.º 2157º.

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 Só filhos – existindo mais do que uma quota legítima é de 2/3; existindo
apenas um, é ½ da herança (art 2159.2).
 Descendentes do 2ºgrau e seguinte – têm direito à quota legítima que
caberia ao seu ascendente (art.º 2060º).
 Cônjuge e ascendentes – A quota legítima é de 2/3 da herança com
mínimo de 2/3 da legítima para o cônjuge (art 2161.1 e 2142.1).
 Só ascendentes (sem filhos) – a quota legítima é de ½ da herança se forem
pais e 1/3 se forem parentes de 2º grau e seguintes (art 1161.2) (herdeiro –
sucede na totalidade ou numa quota; legatário – sucedem bens já absolutamente
identificados art.º 2030º).
As fontes do direito – processo de formação e revelação das normas jurídicas.
A lei – consiste numa declaração solene e direta, atualmente escrita, de uma norma
jurídica provinda de um órgão do estado com competência para o efeito – fonte de
direito imediata.
 Lei em sentido material – todas as normas jurídicas emanadas de um
órgão do estado.
 Lei em sentido formal – abrange apenas todos os atos emanados pela
Assembleia da República.
O costume consiste na prática social enraizada no espírito da comunidade e seguida
de um modo constante e uniforme acompanhado da convicção por parte da
comunidade de que aquela prática é juridicamente obrigatória. Uso refere-se ao facto
das pessoas não têm a convicção de que essa prática é juridicamente obrigatória; em
Portugal podem criar regras jurídicas apenas quando a lei o permite – fonte de direito
mediata. Costume ≠ uso (Artº3.1)
Jurisprudência – conjunto de decisões proferidas pelos tribunais sobre as causas
submetidas à sua apreciação – não é fonte de direito
Doutrina – conjunto de opiniões dos juristas sobre a melhor resolução das diversas
relações sociais – não é fonte de direito.
Equidade – traduz-se em o juiz tomar na devida consideração as circunstâncias
especiais de cada caso concreto, e não aplicar a norma geral na sua rigidez e
inflexibilidade; jogar com base nas especificidades do caso. O nosso ordenamento
jurídico estabelece, como princípio geral, o dever de obediência à lei por parte dos
juízes, o qual não pode ser afastado sob pretexto de ser injusto ou imoral o conteúdo
do preceito legislativo (artº8). O juiz deve aplicar a lei tal como ela é, ainda mesmo
quando lhe pareça que esta não convém ao caso específico. Este princípio é
excecionalmente afastado relativamente a um nr restrito de casos pelo artigo 4º, o qual
estabelece que os tribunais só podem resolver segundo a equidade quando haja

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disposição legal que o permita ou, verificadas certas circunstâncias, mediante acordo
das partes nesse sentido – fonte de direito mediata.
Hierarquia das leis – uma norma que contrarie a Constituição torna-se
inconstitucional pelo que não deve ser aplicada pelos tribunais.
1 – Constituição
2 – Normas de direito internacional público / Direito comunitário
3 – Leis (A.R.) / Decretos-Lei (Governo)
4 – Decretos legislativos regionais
5 – Regulamentos do Governo – Decretos regulamentares; Portarias; Despachos
Normativos
6 – Regulamentos das Autarquias locais
Fases da feitura das leis
 Elaboração/texto da lei – são os ministros, seus secretários e
subsecretários de estado que as elaboram.
 Aprovação da lei/Promulgação da lei – ato exclusivo do Presidente da
República; ato que confere existência à lei. Promulgação é o ato pelo qual o
Presidente da República atesta/confirma solenemente a existência da lei e
intima/cínvida os seus destinatários a observarem-na.
 Publicação da lei – no Diário da República.
 Entrada em vigor da lei – o intervalo de tempo entre a publicação da lei e
a sua entrada em vigor denomina-se “vacatio legis” que serve para dar tempo
aos destinatários para conhecerem a lei, se não for indicada na lei a data da sua
entrada em vigor, a mesma entra em vigor 5 dias após a data da sua publicação.
Cessação da lei – a lei pode cessar pela caducidade ou pela revogação.
Caducidade – a lei caduca quando deixa de vigorar por causa intrínsecas, isto é, por
força de quaisquer circunstâncias inerentes à própria lei que determinam o termo da
sua vigência, independentemente de nova manifestação de vontade do legislador. A
caducidade pode resultar de várias causas, designadamente:
 Do facto de a lei estabelecer expressamente no seu texto o prazo durante o
qual se manterá em vigor, caducando logo que esse período decorra – leis
temporárias
 Do facto da lei expressamente se destinar à realização de certe finalidade,
caducando logo que essa finalidade é atingida ou se revela inviável – leis afetas
à realização de certo fim
 Da lei se destinar a vigorar somente enquanto durar uma situação
determinada, caducando logo que essa situação se modifique – leis transitórias

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Revogação – constitui o processo norma da cessação da vigência da lei e resulta de
uma nova manifestação da vontade do legislador (por meio de uma nova lei) expressa
ou implicitamente oposta à contida numa lei anterior. Quanto à sua extensão pode ser
(Artigos 7.3 e 7.4):
 Total – se forem revogadas todas as disposições da lei.
 Parcial – se forem revogadas apenas parte das disposições da lei.
Quanto à sua forma pode ser:
 Expressa – quando a nova lei concretamente declara que fica revogada,
no todo ou em parte, determinada lei anterior.
 Tácita – quando há uma incompatibilidade entre as disposições de uma lei
nova e as de outra lei anterior ou da circunstância de a nova lei regular toda a
matéria da lei anterior.
Interpretação da lei – consiste em fixar, esclarecer o sentido e alcance decisivos.
Espécies
Quanto à fonte:
 Interpretação autêntica – diz-se autêntica a interpretação feita pelo
legislador, através de uma nova lei (lei interpretativa) cuja função consiste em
fixar/esclarecer decisivamente o sentido de outra anterior, na qual se integra (lei
interpretada); é vinculativa.
 Interpretação doutrinal – é a interpretação efetuada pelos juristas ou pelos
tribunais, na sua tarefa de aplicação das leis; encontramos nos livros as suas
opiniões sobre determinada matéria que nos ajudam a perceber melhor a lei; não
é vinculativa visto que é apenas uma opinião.
Quanto à finalidade:
 Interpretação subjetivista – a lei deve valer com o sentido que foi querido
pelo legislador, isto é, por aquele que a criou. Ao intérprete (nós) cabe procurar,
de entre os vários sentidos que a lei comporta, o que corresponde à vontade real
da entidade que a elaborou.
 Interpretação objetivista – prescindindo da vontade real do legislador, a
lei deve valer com o sentido mais razoável que o seu texto sugira no espírito do
intérprete, não estando este vinculado ao pensamento do legislador que criou a
lei; permite que a lei se ajuste à mudança dos tempos. Artigo 9º
A interpretação da lei não deve cingir-se apenas à letra da lei, mas reconstituir o
pensamento legislativo, atendendo às circunstâncias em que a lei foi elaborada.
Elementos de interpretação

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 Elemento gramatical – é a letra da lei; a forma como o legislador
exprimiu o seu pensamento.
 O elemento gramatical não é só por si suficiente para desvendar o sentido
e alcance da lei havendo necessidade de recorrer ao elemento logico que se
desdobra no elemento racional, sistemático e histórico.
 Elemento lógico – é o espírito da lei, o pensamento que a determinou;
meios que o intérprete quando procura reconstituir o “pensamento legislativo”.
 Elemento racional – procura descobrir a razão de ser da lei, qual a sua
finalidade ou objetivo e ainda as circunstâncias históricas em que foi elaborada
e que determinaram o seu aparecimento: o “para quê” e porquê” da lei.
 Elemento sistemático – parte da constatação que compreendido o objetivo
da lei é necessário não perder de vista que esta se integra numa ordem jurídica,
da qual é mero elemento, fazendo parte de um sistema dominado por certos
princípios fundamentais. Torna-se indispensável enquadrar a lei a interpretar no
sistema de que faz parte. Esta atividade consiste em o recurso ao elemento
sistemático, que é constituído pelo conjunto de disposições imediatamente
próximas da norma a interpretar e que regulam a mesma matéria e ainda pelas
disposições que, embora distanciadas do preceito a interpretar, com ele se
relacionam, regulando matérias afins.
 Elemento histórico – compreende as disposições anteriores à norma a
interpretar, às fontes da lei e aos trabalhos preparatórios que acompanharam a
elaboração da lei e antecederam a sua posição.
 História do direito – compreende o recurso à lei que no passado
disciplinam a mesma matéria que agora estamos a interpretar.
 Fontes da lei – compreende o recurso aos textos (legais ou doutrinários,
nacionais ou estrangeiros) em que o legislador se inspirou para elaborar a lei
que se pretende interpretar.
 Trabalhos preparatórios – compreendem todos os estudos que
acompanharam o processo de feitura de uma lei – bom para os subjetivistas.
Quanto aos resultados:
 A interpretação diz-se declarativa – quando se verifica que existe uma
coincidência entre a letra e o espírito da lei. O texto legal comporta claramente
o sentido determinado pelo intérprete, sendo as palavras inteiramente adequadas
para exprimir o pensamento legislativo; o legislador disse aquilo que
efetivamente quis dizer.
 A interpretação diz-se extensiva – quando o intérprete, através dos
elementos utilizados, chega à conclusão de que o legislador disse menos do que
queria dizer. A letra fica aquém do espírito a lei, tendo atraiçoado o pensamento
legislativo. Em tal caso, deverá o intérprete ampliar o texto legal, dando-lhe um
alcance mais extenso do que o diretamente contido nas suas palavras, de modo a
fazê-lo abranger todos aqueles casos que o legislador pretendeu contemplar,

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sem, contudo, claramente o conseguir. Exemplo artigo 877.1 – também se inclui
por extensão os bisavós.
 A interpretação diz-se restritiva – quando o intérprete chega à conclusão
de que a letra vai além do seu espírito, que o legislador disse mais do que
queria. Deve neste caso reduzir-se a disposição legal à sua verdadeira dimensão,
limitando o alcance da norma àquilo que através dela se pretendeu regular de
acordo com o pensamento legislativo que o intérprete reconstituiu – reduzimos
a letra da lei para que esta corresponda à vontade.
 A interpretação diz-se enunciativa – quando o intérprete extrai de uma
determinada norma uma regra ou princípio que ela diretamente não revela, mas
que implícita ou virtualmente contém. Ex. 875 – Norma especial, extrai-se que
todos os contratos de compra e venda de bens não imóveis não necessitam de
escritura pública.
Integração das lacunas da lei
Colocando o intérprete, designadamente o julgador, perante uma situação real não
regulada por qualquer norma jurídica, isto é, em face de uma lacuna da lei, deve
integrar a lacuna da lei atendendo ao artigo 10º do CC, que estabelece: “1. Os casos
que a lei não preveja são regulados segundo a norma aplicável aos casos análogos
(semelhantes). 2. Há analogia sempre que no caso omisso procedam as razões
justificativas da regulamentação do caso previsto na lei. 3. Na falta de caso análogo, a
situação é resolvida, segundo a norma que o próprio intérprete criaria, se houvesse de
legislar dentro do espírito do sistema.”
“As normas excecionais não comportam aplicação analógica, mas admitem
interpretação extensiva” (artigo 11º), o que significa que não podem ser aplicadas a
outros casos além dos diretamente nela previstos.
No caso de o intérprete não encontrar caso análogo ao omisso regulado por lei, deve
criar a norma que, sem violar os princípios fundamentais do ordenamento jurídico
estabelecido, julgue melhor e mais razoável para o tipo de casos em que a situação
omissa se integra, aplicando-a seguidamente ao caso concreto. Isto não significa que
seja legítimo ao julgador o recurso à equidade, à justiça do caso concreto, tendo em
vista as particularidades da situação omissa e disciplinando-a atendendo
predominantemente a essas mesmas particularidades. Deve antes elaborar (idealmente)
a norma mais adequada para o caso omisso em si mesmo, mas para o género de casos
em que ele se integra, completando assim o sistema legal onde se mostra que o
legislador o deixou por acabar.
Capítulo III – RELAÇÃO JURIDICA
Conceito de relação jurídica – relação jurídica é toda a relação da vida social
disciplinada pelo direito. Nem todas as relações jurídicas são disciplinadas pelo
direito.

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Relação Jurídica (noção técnica) – consiste numa relação da vida social
disciplinada pelo direito mediante a atribuição a uma pessoa de um direito subjetivo e
a imposição á outra parte de um dever jurídico ou de um estado de sujeição.
Elemento da relação jurídica
Sujeito: são pessoas entre as quais a relação se desenvolve. Uma pessoa só pode ser
sujeita da relação jurídica se tiver personalidade jurídica, ou seja, pessoas singulares
e/ou coletivas.
 Sujeito Ativo – tem um poder de exigir ao sujeito passivo uma ação.
 Sujeito Passivo – tem o dever de obedecer ao sujeito ativo.
Objetos: é o bem sobre que incide o poder do sujeito passivo. Podem incidir poder
sobre:
 Pessoas – como acontece nos direitos de personalidade e nos direitos
pessoais de família, especialmente o poder paternal (é um poder diferente dos
outros porque para além de poder é um dever)
 Coisas – como acontece nos direitos reais, cujo tipo mais completo é a
propriedade.
 Prestações – como acontece nos direitos de crédito em que o objeto é uma
conduta ou ato humano – a prestação. (ex.: de entrega de coisa e de facto –
positivo ou negativo).
Facto jurídico – é todo o acontecimento que origina uma relação jurídica.
Garantia – é todo o conjunto de medidas coercivas que o direito põe à disposição do
sujeito ativo com vista a garantir a satisfação do seu direito.
Estrutura da Relação Jurídica
Direito Subjetivo:
 Direito subjetivo propriamente dito/Dever jurídico – consiste no poder
atribuído pela ordem jurídica a uma pessoa de exigir de outra um determinado
comportamento positivo (ação) ou negativo (não fazer); Ex.: O credor tem o
poder de exigir do devedor a entrega da quantia em divida e este tem o dever de
lha entregar.
 Direito Potestativo /Estado de sujeição – poder atribuído pela ordem
jurídica a uma pessoa de pôr mera satisfação da sua vontade produzir
determinadas consequências que se impõem na contraparte de um modo
inelutável. Ex.: O direito que qualquer dos cônjuges tem, em certas condições,
de pedir o divórcio pondo termo ao casamento.
Capítulo IV – OS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURIDICA

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Capacidade Jurídica - segundo o artigo 67º as pessoas podem ser sujeitas de
quaisquer relações jurídica. A capacidade jurídica tal como a capacidade de gozo é
inerente à personalidade jurídica, pois quem tem personalidade tem também,
necessariamente, capacidade, só que esta pode ser mais ou menos limitada.
Capacidade de Gozo (conceito quantitativo) – consiste na quantidade maior ou
menor de direitos e deveres que cada um está apto em cada momento a ser titular.
Varia de pessoa para pessoa. A incapacidade de gozo é a proibição absoluta, ou seja, é
a impossibilidade de ser apta a possuir direitos/deveres. (Ex.: Art. 1601º e o Art. 2189º
a). Uma pessoa com 10 anos possuiu menos direitos e deveres que uma pessoa com 16
anos, assim como, uma pessoa com 16 anos possui menos direitos e deveres do que
uma pessoa com 19 anos.
Capacidade de exercício de direitos – consiste na aptidão para uma pessoa exercer
os seus direitos e cumprir as suas obrigações de uma forma pessoal e livre. Formas de
ultrapassar a incapacidade de exercício de direito:
 Representação legal – os atos de interesse para o incapaz serão praticados
por outra pessoa, designada por lei (representante legal do incapaz);
 Assistência – o incapaz poderá agir pessoalmente, mas os atos por ele
praticados só serão válidos se autorizados por outra pessoa, que a lei indica.
Assim, enquanto na figura da representação o incapaz não pode agir, nem pessoal
nem livremente, na figura assistência aquele age pessoalmente, mas não livremente. A
determinação da incapacidade, seja de gozo ou de exercício, é feita por lei.
Esfera jurídica – é o conjunto de direitos e vinculações de que uma pessoa é titular
num determinado momento. A esfera jurídica envolve direitos e vinculações de valor
patrimonial (por definição são possíveis de traduzir em dinheiro). Envolve ainda
direitos e vinculações que não são possíveis de traduzir posteriormente.
Principais pessoas incapazes de exercer de direitos:
Menoridade – fora as exceções mencionadas no artigo 127º, o menor não tem
qualquer capacidade para o exercício de direitos. Segundo o artigo 122º é menor quem
não tiver ainda completo 18 anos de idade. Assim, ao atingir a maioridade o individuo
adquire plena capacidade de exercício de direitos, ficando habilitado a reger a sua
pessoa e a dispor livremente dos seus bens (art.º. 130º). Todavia, a incapacidade dos
menores pode terminar antes dos 18 anos, por via de emancipação (art.133º), a
emancipação resulta do casamento e pode ter lugar aos 16 anos (art.º. 1601º, a)).
Suprimento da incapacidade dos menores – representação legal – em primeiro lugar
pelo poder paternal (art.º. 1877º) e subsidiariamente pela tutela (art.1921º).
Interdição – só os maiores de idade podem ser interditos (art.º. 138/2º). Podem ser
interditos também os indivíduos que sofram de grave anomalia psíquica, surdez-

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mudez ou cegueira, a tal ponto que sejam incapazes de governar convenientemente a
sua pessoa e administrar os seus bens (art.º. 138/1º).
Suprimento da incapacidade dos interditos – representação legal – (estabelece-se
uma tutela semelhante à prevista para os menores, devendo o tutor cuidar
especificamente da saúde do interdito (art.º. 145º). O tutor será designado nos termos
do art.º. 143º). Como é evidente a capacidade de exercício é suprível, mas a
incapacidade de gozo é insuprível.
Inabilitação – quando as deficiências físico-psíquicas ou da vontade não afetam
totalmente a aptidão do incapaz, mas apenas a limitam. De acordo com o artigo 152º
podem ser inabilitados os indivíduos cuja anomalia psíquica, surdez-mudez ou
cegueira, embora de caráter permanente, não seja de tal modo grave que justifique a
sua interdição, assim como aqueles que, pela sua habitual prodigalidade ou pelo abuso
de bebidas alcoólicas ou de estupefacientes, se mostrem incapazes de reger
convenientemente o seu património.
Suprimento da incapacidade dos inabilitados - assistência (são assistidos por um
curador, pessoa encarregada de suprir a incapacidade dos inabilitados – artigo 153º)
Incapacidade conjugal – trata-se de proibições que a lei estabelece não porque
considere necessário defender os cônjuges contra uma falta de capacidade natural,
aliás inexistente, mas antes visando defender os interesses do outro cônjuge e da
família.
Suprimento das ilegitimidades conjugais – assistência (mediante o consentimento
do outro cônjuge, o qual deve ser especial para cada ato, podendo ser judicialmente
suprido quando se verifica recusa injusta ou impossibilidade de o prestar)
Incapacidade acidental
Capítulo VI – PESSOAS COLETIVAS
Pessoas Coletivas – são organizações constituídas por uma coletividade de pessoas
ou por uma massa de bens (património) dirigidos á realização de determinados
interesses comuns ou coletivos, às quais a ordem jurídica atribui personalidade
jurídica, tem em vista um interesso comum. Ex.: Sociedades, fundações, associações,
estado (maior pessoa coletiva) ...
Classificação das pessoas coletivas
 Corporações – pessoas coletivas que nascem de um conjunto de pessoas
com o objetivo de desenvolver um fim com interesse para estas pessoas (o fim
pode ser alterado se todas as pessoas estiverem de acordo). Ex.: sociedades e
associações.
 Fundações – não são constituídas por um conjunto de pessoas. Uma
pessoa destaca uma parte/todo o seu património destinado a um determinado

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fim. O fundador pode ser uma única pessoa e pode até já estar morto. (o fim
nunca poderá ser alterado).
Elementos constitutivos das pessoas coletivas
Substrato – é aquela realidade não jurídica sobre a qual o direito vai atuar.
 Pessoal – formado pelos indivíduos associados através da pessoa coletiva
ou que nesta prestam a sua atividade, para a realização de um fim comum ou
coletivo. Assume especial relevância nas associações, sociedades ou
corporações.
 Patrimonial – conjunto de bens de que é titulas a pessoa coletiva e que se
destina a tornar possível a realização dos seus fins. É um elemento dominante
nas pessoas coletivas do tipo fundacional (fundações).
 Teleológico – consiste na finalidade prosseguida pela pessoa coletiva. O
fim a alcançar pela pessoa coletiva tem de satisfazer determinados requisitos.
 Comum/Coletivo (art.º. 280º; por remissão do art.158º A)

Reconhecimento – é uma realidade estritamente jurídica e que traduz o processo de


atribuição de personalidade jurídica.
 Normativo (art.º. 158º nº1) – basta a pessoa coletiva preencher os
requisitos que adquire personalidade jurídica automaticamente.
 Individual (art.º. 158º nº2) – não bastam os requisitos, é preciso uma
entidade pública da especialidade para aprovar a fundação.
Nota: Sociedade – tem um fim lucrativo; Associação – tem um não lucrativo
Capítulo VII – OBJETO DA RELAÇÃO JURIDICA
O sujeito ativo é titular de um ou mais poderes. Todos esses poderes incidem sobre
algo que é o objeto da relação jurídica.
Podem incidir poder sobre:
 Pessoas (ex.: poder paternal);
 Prestações (ex.: entrega de coisa e de facto);
 Coisas (Artigo 202º nº1) – entende-se por coisa todo o bem desprovido de
personalidade jurídica de natureza estática que pode ser objeto de relação
jurídica.
Classificação das coisas (artigo 203º) – as coisas podem ser:

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Moveis ou imoveis (as coisas imoveis para serem vendidas o contrato tem de ser
por escritura pública, já as coisas móveis apenas exigem um mero acordo verbal).
Segundo o artigo 204º, as coisas imoveis são:
 Os prédios rústicos (terreno) e urbanos (qualquer edifício incorporado no
solo);
 As águas;
 As arvores, os arbustos e os frutos naturais, enquanto estiverem ligados ao
solo;
 Os direitos inerentes aos imoveis mencionados nas alíneas anteriores;
 As partes integrantes dos prédios rústicos e urbanos (todas as coisas
moveis ligadas ao prédio com carater de permanência).
Coisas fungíveis (Substituível por outro bem do mesmo género quantidade e
qualidade, ex.: simples nota de 10€) e coisas não fungíveis (não é substituível, ex.:
nota de 10€ autografada) - Artigo 207º
Capítulo VIII – FACTO JURIDICO
Todo o acontecimento controlável pela vontade ou proveniente de causas naturais
que provoquem consequências que o direito disciplina.
Factos Jurídicos:
Voluntários (ex.: contrato)
Lícito – estão de acordo com a norma jurídica e por isso é permitido.
 Negócio Jurídico – é um ato jurídico constituído por uma ou mais
declarações de vontade dirigidas à realização de certos efeitos práticos, com
intenção de os alcançar, determinando o ordenamento jurídico, a produção de
efeitos jurídicos conforme a intenção manifestada pelo declarante/s – unilateral
(1 vontade) e bilateral (2 vontade, ex.: todos os contratos).
 Simples atos jurídicos.
Ilícito: viola a ordem (normas) jurídica e é proibido pela mesma arrecadando uma
sanção.
 Civil – viola interesses individuais e coletivos punindo com uma sanção
castigadora/punitiva sobre quem a pratica;
 Criminal.
Involuntários (ex.: morte)
O contrato – é um negócio jurídico bilateral, um acordo entre duas partes (parte é
titular de um interesse), no entanto, um titular não implica ser apenas uma pessoa, por
exemplo, no caso de dois casais envolvidos num contrato de compra e venda de uma

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casa, existem 4 pessoas e apenas dois titulares. Geralmente, a celebração de um
contrato dá-se pelo ajustamento recíproco dos interesses de ambas as partes, dando-
lhes uma regulamentação que a lei traduz em termos de efeitos jurídicos. O contrato
deve ser cumprido pontualmente, isto é, depois de celebrado tem de ser cumprido
ponto por ponto. Este só pode ser desvinculado por outro acordo bilateral ou salvo os
casos que a lei permite – Artigo 406º.
Princípio da liberdade contratual – de acordo com este princípio ninguém é
obrigado, como regra geral, a realizar ou não realizar contratos, podendo as partes,
dentro dos limites da lei, fixar livremente o conteúdo dos contratos que celebram. As
partes devem ser livres de celebrar um contrato que satisfaça os seus interesses (se
quiser e como quiser). Contudo a liberdade contratual é limitada através do das
normas imperativas (Artigo 405º).
Elementos essenciais do contrato
Qualquer contrato para ser valido tem de seguir os seguintes requisitos:
 Capacidade das partes – as partes têm de ter capacidade de gozo e de
exercício de direito;
 Mútuo consenso – todo o contrato implica duas declarações de vontade
(declaração negocial), esta declaração destina-se a transmitir o pensamento ou a
vontade; serve para dar a conhecer uma certa atitude de espírito e é um meio de
manifestação do pensamento.
O contrato tem como elemento essencial o acordo resultante das declarações de
vontade das partes. As declarações de vontade num contrato são:
 A proposta – dada pelo proponente (autor da proposta);
 A aceitação – a outra parte aceita a proposta.
Com a junção destas duas declarações de vontade, chega-se a um acordo e
consequentemente a um contrato.
Objetivo possível – tem de registar certos requisitos presentes no artigo 280º.
Inobservância da forma legal – Artigo 220º.
Espécies de contratos
Os contratos formais devem revestir uma certa forma requerida pela legislação, os
não formais são todos os outros contratos a regra geral nesta área é o princípio da
liberdade de forma (artigo 129º do código civil).
Documentos escritos (artigo 363º)
Documentos autênticos (art.º. 363º) – são documentos que são escritos, lidos,
explicados e reconhecidos pelo notário. Ex: escritura publica feita.

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Documentos particulares:
 Simples – o particular escreve o documento, ambas as partes assinam e
não há reconhecimento das assinaturas pelo notário.
 Reconhecimento notarial – o particular escreve o documento e depois a
assinatura de ambas as partes é reconhecida pelo notário.
 Autenticados (conteúdo confirmado no notário)
Nos contratos reais, para além dos requisitos de validade jurídica gerais, é
necessária a transferência (entrega) da posse do bem, sem esta ocorrer o contrato não é
válido. Ex: o mútuo – Art. 1142º e o depósito (1185º).
Típicos, atípicos ou mistos
 Típicos – os que a lei expressamente prevê e regula diretamente.
 Atípicos – os não previstos expressamente na legislação.
 Mistos – combinam os dois tipos anteriores.
Sinalagmáticos e não sinalagmáticos
 Sinalagmáticos: existem obrigações recíprocas para ambas as partes do
contrato. Ex: compra e venda, arrendamento;
 Não sinalagmáticos: resultam obrigações só para uma das partes.
Contrato-promessa – está definido no C.C. como sendo “a convenção pela
qual alguém se obriga a celebrar certo contrato” (art.º. 410º nº 1). Por um lado,
no contrato de promessa bilateral ambas as partes se vinculam, à celebração do
contrato prometido. No entanto, se estivermos a falar de um contrato de
promessa unilateral, apenas uma das partes se vincula à celebração do contrato
prometido, ficando a contraparte livre de celebrar ou não este ultimo contrato
(art.º 411º do CC) – por exemplo, imaginemos que A (prominente) promete
vender a B (promissório) uma moradia, pelo o preço de 200000 € e pelo período
de um ano, sem que B se vincule a comprá-la, ou seja, deste contrato-promessa
apenas emerge a obrigação de vender para A, não constituindo a mesma
obrigação para B, o qual mantém a plena liberdade de comprar, ou não, a
moradia.
Garantias especiais das obrigações (contratos) – os casos da fiança e da hipoteca.
Fiança (art.º. 627º) – OBS: A fiança é uma garantia pessoal. B (devedor) deve uma
dívida a (credor) e caso B não consiga pagar entra C (fiador) de B. Assim ter uma
fiança é bom para o credor, mas uma obrigação para o fiador.
 Art. 637º – meios de despesa do fiador.
 Art. 638º – benefício da execução – o fiador fica numa posição jurídica
mais gravosa se renunciar ao benefício da execução.

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Hipoteca (art.º. 686º) – é uma garantia real das obrigações (contratos). OBS: A
hipoteca é um encargo (legal ou contratual) sobre o proprietário. A pede um
financiamento mútuo bancário a B (banco) de 100000€para a compra de um prédio
urbano (escritório). B (banco) vai exigir a hipoteca como uma garantia do mútuo
bancário.

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