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Regimes Políticos

Fazemos uma revolução e cria-se um Estado de raiz.


E o que tem de ficar definido? Regime político (forma/regras do relacionamento
entre governantes e governados – forma como se exerce o poder político)
Regime político é a forma como é exercido o poder político e como está
organizada a relação entre governantes e governados (se governantes escutam
os governados quanto à sua governação ou se são ignorados quanto a
organização do sistema + grau de participação dos cidadãos)

Existem 3 tipos de caracterizações de regimes políticos:

1. Aristóteles (proposta dele para os regimes)


Estudou as Constituições sobre as Cidades-Estado gregas e fez uma comparação entre
elas, agrupando-as em duas categorias:
o Constituições sãs: respeito pelo interesse da comunidade (democracia)
- Monarquia: o poder é exercido por uma única pessoa, que governa
segundo os interesses e bem-estar da população
- Aristocracia: o poder é exercido por uma classe, conjuntos de
indivíduos ou elites que exercem o poder de acordo com os interesses
da comunidade
- República: o poder é exercido por todos em benéfico de todos
o Constituições perversas: refletem regimes políticos não respeitadores
da vontade soberana popular (absoluta)
- Tirania: poder exercido por um indivíduo, segundo os seus próprios
interesses e não havendo consideração dos interesses da coletividade
- Oligarquia: poder exercido por uma elite ou classe, mas exercem o
poder tendo em conta os seus próprios interesses e não os da
comunidade
- Demagogia: equivalente ao exercício do poder da República, onde
todos governam e exercem o poder, em nome dos interesses dos mais
desfavorecidos e menos privilegiados

2. Maquiavel
Fez uma divisão mais simples. É preciso ter atenção que isto foi escrito no séc. XVI,
ainda não havia conceito de monarquia constitucional, daí o seu significado ser
semelhante à ditadura. Chamamos republicanos aos regimes que hoje chamaríamos
monarquias e monarquias aos regimes que chamaríamos de ditaduras.
o República: exercício do poder com consideração da vontade popular, o
presidente da República é eleito
o Monarquia: a sociedade não tem direito a escolher aquele que os
governa, empurrando este regime para regime ditatorial – não há
respeito pela vontade popular
3. Versão atual

Democracia vs. Ditadura


Já sabemos que o regime político traduz a lógica de um relacionamento político
tendo em conta a forma como os governantes e os governados se relacionavam,
a forma como os cidadãos teriam direito a participar na vida política- o seu grau
de participação. Quando chegamos a esta divisão, o sistema político adota um
destes regimes:
- Regime político ditatorial: Se a escolha e a oposição do regime/sistema
político for uma de limitar a participação dos cidadão num processo político e
não permitir que escolham quem exerce poder
- Regime político democrático: Se for permitido aos cidadãos e estes tiverem
direito à participação política, podendo influenciar o exercício político através
da sua livre escolha e de gozarem de direitos ativos e passivos (de serem eleitos
e elegerem)
Sistemas de governo:

Ditatorial Democrático

Monocrático Autocrático Direto Semi-direto

Cesarista
Representativo
Monárquico

Separação de Concentração
poderes de poderes

Parlamentarista Presidencialista Semipresidencialista

Puro Mitigado Clássico Racionalizado


Sistemas de Governo
Na criação dos regimes políticos surgem dúvidas:
“Vamos ou não permitir que os cidadãos participem no exercício político?”
“Qual o grande elemento que distingue o ditatorial do democrático?”
As eleições são o elemento 0, pois é a partir das eleições que um regime
passa para o democrático, não havendo eleições estamos perante uma
ditadura. Em termos de regimes, a ocorrência de eleições é que distingue um
regime do outro: ditatorial e democrático.

A partir do momento em que se escolhe o regime político, temos de escolher a


forma de organização:
Os Sistemas de Governo são a concretização/implementação na prática de um
respetivo regime e implica as funções dos órgãos de soberania, quais os órgãos
de soberania, quais as suas competências, como é feita a separação de poderes,
como participam os cidadãos na política. Portanto, estes sistemas são
concretizações mais práticas de um regime político que é mais abstrato.
Uma coisa é escolhermos o regime político no geral, outra é escolhermos regras
mais concretas de como funcionará esse sistema.

Ditatorial
Pode ser dividido em dois subsistemas
 Sistema monocrático (“kratos” = poder)
Poder exercido por um indivíduo e pode ser em dois sistemas
Cesarista: exercício do poder é arbitrário – “sou eu porque sou
mais forte do que todos” - exerce-se quando tentam tirar o poder
Monárquico: tem uma fonte que apresenta de legitimação do
poder político, o monarca expõe porque motivo exerce ele o poder e
não outro, explica a legitimidade (explicações: ser sucessor, por
questões de origem divina, etc.)
A diferença entre os dois é a tentativa de justificação do exercício do
poder político
 Sistema autocrático
Governado por um conjunto de pessoas, por uma classe, uma elite
Democrático

 Direto
Poder pertence ao povo que exerce de maneira direta, ou seja,
não se dão as eleições.
É democrático, porque o povo toma decisões na mesma (exercício
do poder político feito de maneira imediata e permanente por parte
dos cidadãos)
Tem uma grande vantagem, pois exercem diretamente o poder
sem ter de delegar outros. Sou eu que voto diretamente se sou a
favor ou não daquela proposta.
Contudo, isto traz um problema: atendendo à dimensão de Estados
e à universalização do conceito de cidadão torna-se impossível
implementar (na Grécia resultava, pois eram cidades pequenas e não
incluíam toda a gente como mulheres e escravos)
Atualmente, é impossível concretizar uma Assembleia com voto
individual, porque teríamos todos de votar em todos os assuntos –
dá-se, assim, uma crise da democracia

 Semi direto
Resultado de algumas características do sistema direto e algumas
características do sistema representativo
Algumas matérias eram decididas de forma direta pelos
representantes democraticamente eleitos (assuntos mais gerais) e
outros exigiam a participação dos cidadãos (assuntos mais locais)
ex.: temos que legalizar a interrupção voluntária da gravidez, como o
legislador acha que é um assunto sensível devolve o poder aos cidadãos de
decidir sobre este assunto – maioria ganha, então legisla-se num sentido ou
noutro sentido

 Representativo
Existe em Portugal: ocorrem eleições periódicas para se
escolherem aqueles que, de forma representada, irão exercer o poder
político.
O poder continua a pertencer ao povo, mas sob determinados
critérios - exercem os poderes dentro dos limites constitucionalmente
previstos para as matérias que estão previstas, e dentro de um tempo
que também está previsto
(ex.: Presidente da República só pode exercer 5 mandatos – CRP)
*Democrático Representativo*

Com concentração de poderes


Uma instituição (escolhida pelos cidadãos) assume todas as funções - o
poder legislativo, executivo e judicial – então, o Estado só teria uma
Assembleia onde iria exercer todos os poderes.
Não passa de teoria, pois nunca existiu na prática. Pode ser democrático na
teoria, mas é difícil, pois não ia haver ninguém que impedisse que houvesse
normas contra as regras anteriormente definidas

Com separação de poderes


Com uma divisão de poderes, quem é que os exerce?
Temos 3 opções:

 Parlamentarista (mais poder para o Parlamento):


Caracterizado por uma elevada concentração de poder/competências no
Parlamento.

o Em primeiro lugar, temos uma responsabilidade do Governo perante o


Parlamento (Governo responde/tem de prestar contas/tem de se explicar
ao Parlamento).
o Sendo assim, a Constituição do Governo decorre da Constituição do
próprio Parlamento: “o governo sai do parlamento”, ou seja, atendendo
aos resultados das eleições legislativas (para o Parlamento) é que se forma
um Governo, daí a sua ligação. Desta maneira, o Governo tem de estar
permanente presente no Parlamento para justificar as suas opções.
Governo
o O Governo depende exclusivamente da confiança do Parlamento e
responde politicamente apenas perante ele.
o O órgão de soberania é o Governo e não o primeiro-ministro, mas este
possui um papel coordenador primus inter pares (maior importância) entre
ministros.

o O Governo é nomeado por um Chefe de Estado, porém o poder está


concentrado no Parlamento, logo essa nomeação é feita de acordo com as
indicações que receber do Parlamento.

o Há uma ausência de poder político significativo por parte do Chefe de


Estado, pois não é eleito, no entanto não responde perante o Parlamento.
o O Parlamento não pode destituir o chefe de Estado, já o Chefe de Estado
pode, em alguns casos, dissolver o Parlamento (limitação do poder)
Chefe de o A sua irresponsabilidade política perante o Parlamento (não pode ser por
Estado ele censurado ou demitido) leva a que não possa praticar qualquer ato
político sem referenda ministerial (sem assinatura de um ministro
responsável, seria esse que prestaria contas ao Parlamento)
o O Chefe de Estado nomeia e exonera os ministros, mas tem de o fazer de
acordo com as indicações do Parlamento.
o Chefe de Estado ≠ Chefe de Governo, pois o 2º, normalmente, é o líder da
maioria parlamentar, não podendo ser a mesma pessoa.
o Os sistemas parlamentaristas foram criados por sistemas monárquicos,
pois o Chefe de Estado (rei/rainha), não podia ter competências muito
significativas num sistema político democrático, porque a existência de um
órgão de soberania não letivo é contrária à lógica democrática (exercício do
poder por parte do povo). Para que seja compatível a existência de um
monarca que não é eleito e um sistema democrático temos que esvaziar as
competências se o monarca tiver competências políticas:
Como é que alguém que eu não escolho pode tomar decisões políticas
fundamentais se estamos num sistema democrático? O poder fica
concentrado no Parlamento, o chefe do Estado tem um poder simbólico.

Puro ou de Assembleia
Inicialmente o sistema parlamentar era puro, mas deixou de existir.
A concentração de poderes no Parlamento é ainda mais significativa,
portanto o Parlamento controla ainda mais o Governo.
O centro da vida política é o Parlamento.
E a centralidade do Parlamento é de tal ordem que o Governo não
podia ter apoio numa maioria absoluta do Parlamento. Logo, no
Parlamento não pode haver uma maioria absoluta do apoio ao
Governo, então ou é formado por um partido minoritário ou é
formado com base numa coligação interpartidária
Posto isto, o Governo é instável, pois é carecido de um apoio
parlamentar sólido. Então, é facilmente destituído pelo Parlamento
visto que as suas propostas correm permanentemente o risco de
serem reprovadas.
 O Parlamento elege o Chefe de Estado, mas também pode destituí-lo
No entanto, o Chefe de Estado não tem poder de dissolução do
Parlamento.
Então quem tem controlo sobre o Parlamento? Nenhum órgão de
soberania, ninguém: o Governo sai do Parlamento, responde sobre o
Parlamento, não pode ter maioria e o Chefe de Estado pode ser afastado
pelo Parlamento
*Se o Governo passa a controlar o Parlamento porque tem poder
absoluto, o centro político é o Governo, daí o sistema puro proibir um
Governo com maioria absoluta no Parlamento*

Como este sistema estava demasiado concentrado num único órgão de


soberania e levantava vários problemas, adotou-se outra realidade:

Mitigado ou de Gabinete
É mais equilibrado e estável.
Já podia haver uma maioria absoluta no Parlamento de apoio ao
Governo e já era possível que o Governo ocupasse uma posição de
maior destaque no sistema político, sendo agora o centro (mesmo
que tenha de responder perante o Parlamento).
 O Governo saiu com poderes reforçados e agora o Chefe de Estado
passa a acumular a competência de dissolução no Parlamento sem
poder ser destituído por este e, ainda, de escolher o Governo.
 O Governo tem o poder de fazer prevalecer os assuntos que
entende na reunião do Parlamento.
Há na mesma responsabilidade política do Governo perante Parlamento:
voto sobre o programa; e voto sobre moção de confiança e censura
apresentadas pelo Parlamento com o intuito de causar a demissão
Outra distinção possível, de acordo com a estruturação jurídica dos poderes:

Clássico
O legislador constituinte limita-se a estabelecer regras gerais
típicas do sistema parlamentar.
 Chefe de Estado sem poderes efetivos
 Governo responsável politicamente perante o Parlamento
 Governo formado a partir das eleições parlamentares
 Parlamento com poder de destituição do Governo e Governo
com possibilidade de dissolver o Parlamento

Racionalizado
O legislador constituinte preocupa-se em criar mecanismos
jurídicos com a função de condicionar e orientar o
funcionamento das instituições do sistema parlamentar, obtendo
uma racionalização do sistema.
 Há um número mínimo de votos para obter representação
parlamentar, dificultando a representatividade parlamentar de
partidos pequenos e diminuindo a dispersão de votos
 Impossibilidade de dissolução do Parlamento em
determinadas circunstâncias
 Possibilidade do Governo poder legislar e governar sem a
confiança do Parlamento
 Existência de uma moção de censura “construtiva”, segundo a
qual um Governo só é destituído pelo Parlamento quando este,
para além de votar a desconfiança ao Governo, vota também em
um Primeiro-ministro alternativo para substituir o demitido. Isto
obriga, para além da formação de uma maioria parlamentar
contra o Governo em funções, a formação de uma maioria unida
no apoio a um novo Governo (garante estabilidade)
 Presidencialista (mais poder para o Presidente):
Caracteriza-se pelo exercício de poderes importantes exercidos pelo
Chefe de Estado e ausência de responsabilidade política do executivo
perante o Parlamento.
Este sistema não é compatível com o regime que não seja republicano,
tem de haver um presidente. Ao contrário do sistema parlamentar em
que o Chefe de Estado pode ser monarca, no sistema presidencialista
não pode ser.

o O Chefe de Estado tem de ser o presidente.


Transfere-se o centro da vida política do Estado do Parlamento para o
chefe de Estado – o presidente.
o Se o Chefe de Estado passa a ter muitos poderes ele tem de ser eleito
para ser uma democracia e, normalmente, essa eleição decorre de forma
direta
Exceção: EUA sufrágio universal é indireto em 2 graus, pois efetuam-se
eleições primárias em junho para escolher o candidato de cada partido e,
mais tarde, em novembro para eleger o colégio eleitoral que designa o
Presidente
o O Chefe de Estado pode formar livremente o seu Governo, não
Chefe de respondendo nenhum deles perante o Parlamente, só ao país
Estado o O Chefe de Estado é o mesmo que o Chefe de Governo, o que faz com
que esta figura assuma o poder executivo, poder não controlado pelo
Parlamento (não há dualidade entre Presidente da República e Primeiro-
Ministro)
o O Chefe de Estado dispõe de veto suspensivo em relação às leis do
Parlamento, ou seja, pode sujeitar a nova apreciação do Parlamento as
leis que recursa promulgar
o O Chefe de Estado não tem poder de dissolução do Parlamento.
o O Presidente pode vetar as leis do Congresso, o que só poder ser
superado por 2/3 em cada uma das Câmaras.
o O Chefe de Estado tem uma competência legislativa (pode produzir
normas), conseguindo regulamentar as leis do Congresso.

o O Parlamento pode votar o orçamento, criar comissões de inquérito à


Administração Pública e ratificar tratados internacionais celebrados pelo
Presidente da República.
o O Parlamento pode destituir o Chefe de Estado caso pratique um crime
Parlamento grave contra o Estado – impeachment – e o Congresso funciona como um
tribunal, assumindo poder judicial.
o O Parlamento pode, ainda, recursar nomeações para altos cargos
federais da Administração e dos juízes do Supremo Tribunal, indicadas
pelo Presidente.

Este sistema não é de concentração de poderes, há uma interdependência de poderes


ex.: o Parlamento poder votar o orçamento do Estado (uma matéria da competência
do executivo), é o Governo que executa, mas tem de ser aprovado pelo Parlamento.
Além disto, o Parlamento pode retificar as convenções internacionais (tratados ou
acórdãos internacionais) - são negociados pelo Governo, mas tem de ser retificado pelo
Estado e no sistema presidencialista é feito pelo Parlamento. Tem de ser aprovado pelo
Parlamento e só entra em vigor quando for aprovado.
 Semi-presidencialista (poder mais distribuído)
Sistema que temos em Portugal
Conseguimos reconhecê-lo, porque é o resultado da combinação de
características parlamentaristas e presidencialistas.
o Caracterizado por um papel mais interventivo do Chefe de Estado
(comparado com o Parlamentarismo), mas por outro lado, o Chefe
de Estado tem mais competências
o O Governo está mais limitado do que no sistema presidencialista,
sendo politicamente responsável perante o Parlamento tendo de
lhe responder e, ainda, responder ao Chefe de Estado
o O Executivo depende simultaneamente do Presidente da
República e do Parlamento, necessita da confiança de ambos os
órgãos (sendo estes órgãos eleitos por sufrágio universal, pode
chegar-se a uma situação em que o Parlamento disponha de uma
maioria contrária à do Presidente)

o Características do parlamentarismo presentes no


semipresidencialismo:
O Governo é formado de acordo com os resultados das eleições
parlamentares, “sai do Parlamento”
A consituição e sobrevivência do Governo dependem da
confiança do Parlamento, traduzida na aprovação do programa do
Governo e na aprovação de moções de confiança e rejeição de
moções de censura
Existe distinção de funções do Chefe de Estado e do Chefe do
Governo – têm de ser pessoas diferentes
(no sistema presidencialista, o Chefe de Estado é frequentemente
Chefe de Governo)

o Características do presidencialismo presentes no


semipresidencialismo:
O Chefe de Estado é eleito por sufrágio universal e direto
Se ganha competências e poder, tem de responder perante os
cidadãos/soberania popular e a forma mais direta de assegurarmos
que o presidente o faz é através de eleições - o Chefe de Estado é
eleito diretamente pela população, logo está autorizado a executar
mais atos, porque o povo decidiu, autorizou-o.
Acumulação de responsabilidade do Governo perante o
Chefe de Estado (não só é responsável perante o Parlamento, como
também é pelo Chefe de Estado).
O Chefe de Estado ganha poderes efetivos, tais como:
dissolução do Parlamento, demissão do Governo e o veto, além de
não ser responsável perante o Parlamento na tomada de decisões
Ainda, em situação de emergência o Chefe de Estado assume
reforçados poderes políticos

O Sistema semipresidencialista é uma mistura de características,


sendo mais completo, mais complexo, muito sólido e mais
equilibrado em relação a poderes
Regime político português na Constituição
O Estado Português assume-se como um Estado cujo regime político é
democrático.
Podemos confirmar na Constituição as seguintes características:

1. Democrático – soberania popular


 Artigo 1.º - “Portugal é uma República soberana, baseada na
dignidade da pessoa humana e na vontade popular”
 Artigo 2.º - “A República Portuguesa é um Estado de Direito
Democrático, baseado na soberania popular”
 Artigo 3.º - “A soberania, una e indivisível, reside no povo
 Artigo 108.º - “O poder político pertence ao povo”

2. Respeitar os direitos e liberdades fundamentais


O Estado português reconhece os direitos positivos e negativos
 Artigo 2.º
 Artigo 24.º e seguintes

3. Pluralismo político
Haver uma pluralidade de opiniões e visões em relação à gestão política
do Estado e estas serem respeitadas
 Artigo 2.º - é muito claro relativamente ao carácter democrático
(várias remissões: Artigos 24.º, 48.º, 55.º, 80.º e seguintes, 111.º, 115.º)

4. Se a Constituição consagra o direito de participarmos na política,


também consagra o direito de voto, sufrágio universal
 Artigo 10.º, n.º 1
 Artigo 113.º

5. Direito de oposição
 Artigo 2.º - “A República Portuguesa é um Estado de Direito
Democrático, baseado na soberania popular, no pluralismo de
expressão e organização política”
 Artigo 10.º, n. º2
 Artigo 51.º, n. º1 - “A liberdade de associação compreende o
direito de constituir ou participar em associações e partidos
políticos”
 Artigo 114.º

6. Separação e interdependências de poderes


 Artigo 111.º (princípio da separação e interdependência)
 Artigo 110.º (apresenta os órgãos de soberania)

7. Estado de Direito
Independência dos tribunais, só se concede assim
 Artigo 203.º - “Os tribunais são independentes e apenas estão
sujeitos à lei.” – princípio subjacente: império da lei (até os
tribunais tem de se sujeitar à lei)
 Artigo 266.º, n.º 2 – Temos o princípio da legalidade da
administração (artigo exclusivamente da Administração Pública)

8. Não existe influências de fora


 Artigo 41.º, n.º 4 – Princípio da separação do Estado e Igreja
Sistema de Governo na Constituição
Portugal é um Estado Democrático representativo com separação de
poderes de caráter semipresidencialista (parlamentarismo e
presidencialismo)
Posto isto, não iremos encontrar na constituição de forma explícita que
Portugal adotou o semipresidencialismo, então teremos de encontrar as
características do sistema parlamentarista e do sistema presidencialista.

Características parlamentaristas na CRP:

 Formação do Governo
O Governo é formado de acordo com a composição do Parlamento,
refletindo os resultados eleitorais. A escolha do Governo não é uma
realidade separada das eleições parlamentares
 Artigo 187.º, n.º 1

 Impossibilidade do Chefe de Estado e Governo serem a mesma


pessoa
Não está expressamente na Constituição, mas há 2 artigos que
mostram que não é possível
 Artigo 183.º, n.º 1 - “O Governo é constituído pelo Primeiro-
Ministro (...)” – ou seja, o Primeiro-Ministro é Chefe de Governo
 Artigo 120.º + Artigo 121.º - “O Presidente da República é eleito
por sufrágio universal, direto e secreto dos cidadãos portugueses”
– Presidente da República é Chefe de Estado
 Primeiro-Ministro é Chefe de Governo e a composição do Governo
depende da nomeação do Presidente da Pepública:
 Chefe de Estado/PR: Eleito diretamente
 Chefe de Governo/PM: Nomeado pelo Chefe de Estado,
logo não pode ser o mesmo, tem de existir uma dualidade

 Conselho de ministros é presidido pelo Chefe de Governo com


competências próprias
 Artigo 184.º - Este conselho tem uma composição própria e
competências próprias
 Artigo 200.º - Competências próprias
 Responsabilidade política do Governo perante o Parlamento e o
Presidente da República
 Artigo 190.º - “O Governo é responsável perante o Presidente da
República e a Assembleia da República.”
 Artigo 191.º e 192.º - Há uma responsabilidade política do
Governo perante a Assembleia da República, pois é a Assembleia
que vai discutir e que pode apresentar uma moção de rejeição a
esse programa. Caso haja uma rejeição do programa do Governo,
este é abolido.

Resumindo:
O Governo apresenta o seu programa, se ele for rejeitado
(se se der a aprovação da moção de rejeição), isso implica
a demissão do governo. Se se rejeitar a moção de
rejeição o Governo continua em funções.
(Só durante os 3 dias que são discutidos é que pode ser
requerido a moção de rejeição - esta é exclusiva para o
programa do Governo)

Caso prático:
É preciso a aprovação do programa do Governo pela Assembleia da
República? Não, ela não tem de aprovar, porém pode rejeitar.
(Só há uma discussão do programa, não a sua aprovação, se algum grupo
parlamentar assim o entender pode propor uma moção de rejeição
sobre o programa)

Condições de aprovação à moção da rejeição do programa do Governo:


Maioria absoluta dos deputados (deputados esses que estejam presentes)

ex1.: Se 50% + 1 (maioria absoluta) dos deputados faltam (estão ausentes) à


moção da rejeição e todos os que estão no Parlamento votam favoravelmente,
a moção de rejeição é aprovada ou rejeitada?
resposta: Depende.
Havendo 300 deputados inscritos, mas não estando todos presentes para a
moção de rejeição do programa ser aprovada, a aprovação implica 50% + 1 dos
deputados. Ao calcularmos percebemos que 300:2= 150, então a aprovação
implica 151 votos (150+1 = 50%+1).
Se faltam 151 e restam 149 presentes e todos votam a favor, é na mesma
rejeitada, o que implica que o Governo mantém funções.

ex2.: E se não faltarem e tivermos 300 deputados em que 100 votam a favor,
130 contra e há 70 abstenções. A moção é aprovada ou rejeitada?
resposta: Rejeitada, porque são necessários 151 votos. Temos 130 votos contra
(menor que a maioria absoluta, mas maior que os votos a favor, abstenção -> 0)
ex3.: E se tivermos 0 votos a favor, 150 contra e 0 abstenção, qual é o
resultado?
resposta: É rejeitada, porque precisamos de 151 votos.
Sendo assim, o Governo não é demitido.

Sintetizando
 Artigo 195.º, d) – Consequência da aprovação da rejeição do
Governo
 Artigo 180.º, n.º 2, h) - A quem compete requerer uma moção de
rejeição? A um grupo parlamentar.

Sendo assim,
 O Governo apresenta o seu programa à Assembleia da
República: artigos 192.º, 163.º d)
 A Assembleia pode apresentar uma moção de rejeição: Pode
ser proposta durante os 3 dias em que programa é apresentado, e
depois desses dias não pode ser rejeitado. A partir desse momento
só pode invocar:
 uma moção de censura (censura sobre a forma como o
Governo está a atuar – não têm confiança no Governo):
 Artigo 194.º
 Artigo 163.º e)
 Artigo 195.º f) - Quanto às regras para a moção de
censura aplicam-se os mesmos princípios da moção
de rejeição, isto é, a maioria absoluta dos deputados
presentes
 uma moção de confiança:
 Artigo 193.º
 Artigo 163.º e)
 Artigo 195.º e)
Como é aprovada uma moção de confiança?
Artigo 116.º, n.º 3 - São tomadas à pluralidade de votos
(maioria simples, relativa), maioria calculada sob os
deputados presentes.
ex.: Há 300 deputados, estão a faltar 100, temos 200 presentes.
100 deputados votam a favor, 50 contra e 50 abstêm-se.
Neste caso em concreto, fica aprovado porque a maioria dos
deputados presentes, votou a favor.

 Atos do Presidente da República que exigem referenda ministerial


 Artigo 140.º
 Artigo 197.º, n.º 1, a)
 Artigo 133.º, l) – Exemplo do Presidente da República precisar de
referenda (tem de ser autorizado pelo Governo)
Características presidencialistas na CRP:

 Presidente da República eleito por sufrágio universal e direto


 Artigo 121.º

 Presidente com poder de veto político e por inconstitucionalidade


 Artigo 134.º, alíneas b), g) e h)
 Artigo 136.º, n.º 1 e 5

 Presidente com poder para dissolver a Assembleia da República


 Artigo 133.º, e)
 Artigo 172.º

 Presidente da República pode demitir o Governo


 Artigo 133.º g)
 E como?
Artigo 195.º, nº2 + Artigo 186.º nº4)

O que existe no sistema semipresidencialista?

 Interdependência de poderes:
 Presidente da República e Governo (Governo precisa de
referenda ministerial do PR para executar atos e o Presidente
pode nomear e demitir o Governo)
 Presidente da República e Assembleia da República (PR pode
dissolver a Assembleia e tem sempre o poder de veto das
propostas legislativas quanto à Assembleia e Governo)
 Assembleia da República e Governo (Assembleia pode demitir o
Governo através de moções de censura/confiança/rejeição, sendo
o Governo responsável perante ela)
Partidos Políticos
(faz parte de uma conceção mais ampla dos fenómenos políticos)

O que são? O que fazem?


 Os partidos políticos são organizações/instituições organizadas (tem
uma estrutura formal, uma hierarquia e regras de funcionamento)
 Têm uma característica que os distingue das outras organizações:
representam a vontade popular (pretendem através da sua atuação
exprimir aquelas que são as opiniões dos cidadãos)
 Se esta é uma característica fundamental, ainda têm outra
característica que os distingue: intenção de participação na vida
política, ou seja, há um objetivo que tem de existir evidências da
vontade de participação na vida política – uma entidade que não
concorra a qualquer tipo de eleições, não pode ser considerada um
partido político (a única forma de comprovarmos esta intenção é
através da sua candidatura a eleições, devem garantir a vontade
popular através das eleições)

Segundo Marcelo Rebelo Sousa


Os partidos políticos tem características fundamentais
 Duradouros: têm de se prolongar/evoluir no tempo e ter apoio popular
(ex.: CHEGA teria de sobreviver com a saída do André Ventura) – resistir às
mudanças de liderança, pois alguns partidos vivem muito da imagem
carismática de líder dos seus fundadores, e isto põe em causa a
durabilidade do partido. A conquista do poder não se faz rapidamente,
então é necessário influenciar a opinião pública
(ex.: campanhas organizadas)
 Participação no funcionamento das instituições políticas: devem
participar nas eleições e mostrar intenção de acesso e exercício do poder.
Não podem ficar-se pela consciencialização coletiva, publicar comunicações
e comunicar com os cidadãos, tem de participar nas eleições para que se
possa testar a sua vontade de participar no poder político
 Formação e expressão de vontade popular: cabe aos partidos políticos
exprimir a vontade popular - cada um deles representará um conjunto de
pessoas e das suas respetivas opiniões
 Acesso e exercício do poder: deve, um dia exercer o poder. Porém, se
não fizer, deve, pelo menos, ter influenciado
Segundo Jean Charlot
Os partidos políticos tem características fundamentais
 Duráveis: devem existir para além da vida dos dirigentes
 Completos: devem fazer propostas de governação tanto para o nível
local como para o nível nacional
 Vontade deliberada de ocupar e exercer diretamente o poder
 Manifestar a vontade de procurar um suporte popular: através de
eleições ou de outros meios

Definições:
Partidos políticos podem ser definidos através de 3 tipologias:

 Orgânica: forma como o partido político está organizado e a forma


como interage com os seus membros
(ex.: uma definição que diga que os partidos políticos são organizações formais
dirigidas por uma Assembleia geral com um secretário-geral e etc.)

 Ideológica: foca-se na dimensão das propostas que o partido faz e


nas ideias que o partido defende e propõe e, acima de tudo,
representa
(ex.: uma definição de partido político segundo a qual nós podemos dizer que
o partido é uma organização que defende os mesmos princípios ou tem ideias
semelhantes ou um conjunto de pessoas que partilha dos mesmos valores e
crenças)

 Funcional: relacionada com as funções que o partido deve exercer


(ex.: uma definição que diga que o partido político é uma organização que
representa a expressão da vontade popular, que participa em funções e
defende os interesses dos cidadãos – funções)
vs. Partido Político Associação Política
Representa a sociedade no geral
- representante de todos os São criadas para defender
cidadãos (mais próximo algumas causas e podem querer
daqueles que votam nele e que representar apenas algumas
Representação o apoiam, no entanto quando secções da sociedade (ex.:
assume funções na Assembleia associações políticas contra a
ou em outros órgãos políticos corrupção – defende o interesse
está a representar a totalidade de uma classe restrita e não do
da população, não só os seus total)
simpatizantes)
Só podem, através da sua
aproximação com a sociedade,
exercer a sua influência e tentar
consciencializar a opinião
Pretende exercer o poder ou pública para as causas que
Objetivo influenciar diretamente o poder defende (tentativa de influência
(ex.: partido de oposição) indireta do poder através de
meios de comunicação,
manifestações: ações que fazem
chegar a sua mensagem à
sociedade)
Podem existir durante um
Duradouros e tem de período de tempo delimitado
Duração ultrapassar a existência dos seus (ex.: se a causa for a abolição
fundadores das touradas – quando a
finalidade for alcançada, pode
acabar a associação)
Exclusividade relativamente à
filiação, portanto há uma Se pertencer a uma associação
Adesão incompatibilidade com a filiação política, posso pertencer
em outros partidos (não posso também a outras
fazer parte de mais que um
partido)
Evolução histórica dos partidos
Decorrem do sistema de governo democrático representativo.
Isto porque, a partir do momento em que deixou de existir a democracia
direta e deixou de fazer sentido muitas circunstâncias, nomeadamente a
dimensão dos Estado e a dimensão geográfica dos Estados, a existência de
uma democracia representativa obrigou à criação de obrigações que, de
facto, representassem a vontade e soberania popular – essas organizações
foram os partidos políticos.

A esse propósito:
Há diferentes “timings” para o aparecimento dos partidos políticos
(exceção do Reino Unido e Suécia):
 A maior parte dos partidos surgiram em meados do séc. XIX e a grande
origem desses partidos foram os partidos de interior (partidos que surgiram
dentro dos próprios parlamentos) - os deputados eram eleitos para os
Parlamentos, mas eram eleitos pela sua pessoa, ou seja, votava-se no
indivíduo e não no Partido. O que começou a acontecer? Começou a haver
uma maior identificação de alguns deputados com um grupo de outros
deputados, começando a mobilizar-se mais dentro dos Parlamentos.
Isto é, os deputados começaram a perceber que para negociarem propostas
legislativas e de Governo, podiam contar mais com outros deputados grupo
– e a partir daí, organizando-se com essas ideias, criaram grupos que se
transformaram-se em partidos políticos: por isso é que dizemos que tem
origem interior, pois têm uma criação “top down” (do topo às bases - não
foram as bases que chegaram ao exercício de poder, mas sim os deputados
já eleitos - as elites), deram prioridade aos interesses burgueses por causa
do voto censitário, por causa do voto censitário eram burgueses a votar em
burgueses e, portanto, os partidos inicialmente eram partidos burgueses.
 Só no final do século XIX é que surgem partidos socialistas em reação à
falta de representação dos trabalhadores nos Parlamentos, por causa da
questão do voto censitário.
Os trabalhadores, ao aperceberem-se que não tem representatividade
nenhuma, começam a organizar fora dos Parlamentos estruturas – partidos
políticos exteriores, dando origem à existência de partidos socialistas em
vez de não burgueses
Depois este exemplo foi seguido por muitas áreas, tais como os partidos
religiosos (ex.: Cristãos), partidos do patronato, ...
- Abordagem inversa ao “top down”, das bases ao topo, pois os partidos
foram criados pelos próprios cidadãos e depois propuseram-se a eleições
(procuraram exercer o poder político)
 Quando acaba a 1ª Guerra Mundial, surgem novos partidos:
- Partidos Fascistas
- Partidos Comunistas
Ambos têm a intenção de destruir o Estado de Direito Liberal e sem
preocupações de caráter verdadeiramente democrático
Através dos partidos, nascem na União Soviética os bolcheviques que
querem acabar com o Liberalismo e com o Sistema Capitalista com o
objetivo de ter uma sociedade socialista
O mesmo é válido para a Alemanha e para a Itália que queriam destruir não
só a democracia, mas também o sistema socialista comunista e pretendiam
implementar o partido único

 Com o fim da 2ª Guerra Mundial, surgem novos partidos:


- Democratas cristãos
- Sociais cristãos
Resultado da reorganização de partidos que já existiam, não só o caso dos
comunistas, mas também os vários partidos socialistas europeus e a social
democracia (em parte) – resultado de um visionismo
Há uma criação de partidos com preocupações humanistas, pois depois da
Guerra havia uma grande preocupação

 Nos anos 60, dá-se a independência de novos Estados africanos e asiáticos


onde se implantam sistemas de partido único com novas conceções
partidárias em muitos dos casos. Ainda, verifica-se uma transformação
progressiva dos partidos em organizações de eleitores, subvalorizando a sua
base programática e a sua primitiva estrutura de quadros ou de massas – o
que leva os partidos a revestirem-se de uma natureza interclassista.

 Nos anos 70, começou a existir um processo que tem continuidade nos dias
de hoje: flexibilização de mobilidade eleitoral, ou seja, com a maior
disseminação da informação e dos meios de comunicação começou a
ocorrer uma maior imprevisibilidade do eleitoral, porque, até ao momento
de uma maior massificação dos meios de comunicação, as pessoas
identificavam-se com um partido até por causa da sua origem (se sou
trabalhador identifico-me com partidos trabalhadores). A partir do
momento em que começam a comunicar mais com os eleitores, começa a
haver uma maior mobilidade dos eleitores, ou seja, “neste momento
identifico-me mais com um partido, mas em certo momento posso
flexibilizar e posso identificar-me mais com outro” (por causa do discurso,
do líder, das minhas ideologias,...)
Dá-se, portanto, o início de um processo de uma maior imprevisibilidade do
próprio eleitorado por causa dos meios de comunicação
TIPOS DE PARTIDOS POLÍTICOS

 Partidos de quadros
São partidos de elites e que, normalmente, são relacionados com
partidos de origem interior (aristocratas, burgueses capitalistas, partidos
de direita e de centro), sendo partidos que procuram ter apoio de uma
determinada elite: não tem intenção de ser apoiado por uma quantidade
imensa de eleitores, mas sim ser apoiado/reconhecido e suportado (não
só financeiramente, mas também em termos eleitorais) por elites de
prestígio – interessa-lhes mais a qualidade do que a quantidade
Têm uma grande flexibilidade ideológica e respeitam imenso as opiniões
dos seus membros, o que origina a ausência da disciplina de voto
Sendo assim, têm uma grande descentralização da sua estrutura
 Partidos de massas
Partidos que tem como preocupação não só dirigirem-se a uma pequena
elite que os apoia e financia, mas sim alcançar um maior número
possível de eleitores/apoiantes
Para esse efeito, têm uma grande rigidez que implementa com
frequência uma disciplina de voto, uma vez que são partidos muito
amplos não estão dependentes, mas tem como objetivo ampliar o seu
apoio eleitoral (sendo dependentes das quotas dos militantes)
Partidos mais centralizados: como já tem uma quantidade imensa de
simpatizantes, para garantirem alguma coerência do ponto de vista
ideológico, é necessário terem algum rigor na definição das suas políticas
e na sua implementação. Caso contrário, um partido com muitos
aderentes originaria uma grande diversidade
Subdividem-se em:
 Partidos de massas socialistas: Têm uma forte disciplina interna,
são relativamente descentralizados, pouco dogmáticos do ponto
de vista ideológico, permitem algum grau de combate interno e
afastaram-se desta invenção revolucionária de luta de classes por
causa do revisionismo de Bernstein (não são revolucionários, são
uma espécie de massa popular emburguesada)
 Partidos de massas comunistas: Organizavam-se por segmentos
locais e profissionais, são partidos com menor dimensão (em
termos de apoio), elevada solidariedade (ex.: Festa do Avante),
disciplina muito forte, tem uma grande rigidez do ponto de vista
ideológico não permitindo grandes debates, há uma lógica de
submissão das minorias às maiorias
 Partidos de massas fascistas: Tem como elemento base a milícia
(braço armado do partido), estrutura altamente centralizada, o
predomínio das elites, e são de caráter antiparlamentar, grande
centralismo autocrático e inexistência de discussão para decisões
 Partidos indiretos e dos países subdesenvolvidos
Partidos indiretos: São partidos cuja filiação (para estarmos
estipulados no partido) não fazemos diretamente no partido, mas
através de organizações socioprofissionais, culturais e intelectuais
que, por sua vez, se filiam no partido
Partidos dos países subdesenvolvidos: Tem características
semelhantes aos partidos de massas e apresentam uma elevada
separação entre a liderança e os militantes
(são os partidos típicos do continente africano)

Fins e funções dos partidos políticos

Finalidades: Pretendem participar no funcionamento e


aperfeiçoamento das estruturas políticas, isto é, representar a
expressão da vontade popular.
Pretendem exercer ou influenciar diretamente o poder político e
demonstram-no através da sua participação nas eleições

Funções
 Políticas: Representação através da candidatura às eleições
Para os partidos políticos poderem exercer o poder político, tem de
preparar os seus quadros/militantes (os partidos fazem um grande
investimento na formação dos seus quadros para terem uma maior
coerência e para quando um partido for chamado a eleições terem
representantes seus)
Os partidos definem também a sua própria organização interna (se
são mais ou menos centralizados, se são mais ou menos abertos ou
flexíveis) e ainda tem uma função pedagógica de ensinar e informar
os apoiantes dos partidos quanto à sua posição
Apoiam, ainda a criação de estruturas paralelas (sindicatos,
cooperativas,...) e mantem-se relações externas com partidos
estrangeiros
 Administrativas:
- Funções de “stricto sensu” com a organização das suas
infraestruturas e da organização administrativa do partido
- Financeiras: financiamento do partido e a gestão dos seus recursos
Estrutura do poder e participação partidária

Graus de participação partidária:

Há vários níveis de ligação aos partidos políticos, isto porque dependendo da ligação
que se tem com o partido, as obrigações também serão necessariamente diferentes.

 Eleitores: Os eleitores são as pessoas que num determinado momento, num


tempo específico, como as eleições, votam naquele partido. A taxa de eleitores,
o número de eleitores dos partidos políticos é bastante variável, porque difere
ao longo das várias eleições, o número nunca é o mesmo, portanto é uma taxa
imprevisível. Um eleitor de um determinado partido pode, nas próximas
eleições, votar em outro partido diferente. Ex: Um eleitor que votou no CDS,
nas próximas eleições pode votar no PSD. Ninguém o obriga a votar no mesmo
partido, daí ser imprevisível a sua orientação.
Resumindo: São pessoas que votam no partido, mas não mostram
qualquer tendência de voto antes do ato eleitoral;

 Simpatizantes: Os simpatizantes têm com os partidos políticos um vínculo


ligeiramente mais previsível, pois aqueles que se consideram simpatizantes de
um determinado partido, por norma irão votar (nas autárquicas, nas
legislativas, nas europeias) sempre nesse partido, fazendo destas pessoas
simpatizantes desse partido. Não são somente eleitores pontuais que podem
mudar ou manter o seu voto, mas serão, à partida, pessoas que se identificam
com os valores, com os princípios, com as ideias de um determinado partido e
que, portanto, tendencialmente irão votar nesse partido e nos vários ciclos
eleitorais.
Resumindo: Mostram tendência ou simpatia por determinado partido.
Embora não seja uma noção muito precisam são eleitores que confessam a
sua preferência política e, com isso, trazem um elemento de propaganda
 Aderentes ou Afiliados: Os aderentes já têm um vínculo mais forte com os
partidos, isto porque os aderentes ou afiliados estão inscritos num partido
político e, portanto, já fazem parte da própria estrutura dos próprios partidos,
ajudando-os a ter uma maior visibilidade, a conquistar mais eleitorado e a
cumprir os seus objetivos de apoio eleitoral, etc.

 Militantes ativos: Os militantes ativos são aqueles que estão dentro das
estruturas do próprio partido, envolvidos nas campanhas, fazem propaganda,
que estão associados aos órgãos diretivos, consultivos, de acompanhamento
dos próprios partidos, que são candidatos que contribuem para o
desenvolvimento e crescimento do partido, do sucesso do mesmo.
Resumindo: Dentro dos aderentes têm uma categoria especial, os membros
do partido, que fazem propaganda eleitoral.

Quanto mais avançamos nestas categorias, ou seja, quanto mais nos


aproximamo-nos do centro, maior é a previsibilidade da orientação do voto
dos indivíduos.
- Os eleitores são muito imprevisíveis (enquanto eleitor posso votar no partido
A e depois no C, tenho um voto imprevisível)
- Quanto maior for a taxa/percentagem de militantes sob o número de
eleitores, mais previsível é o resultado (se souber que um partido tem 50 mil
militantes eu sei que conto com esses votos nas eleições), portanto quanto
maior for o grupo destes centros, mais favorável será esta posição do partido.

As relações entre estes círculos, entre os vários graus de participação partidária


e as formas de apoio aos partidos, podem estabelecer-se recorrendo a alguns
indicadores:
 Taxa eleitoral: TE=E/F
Relação entre o nr. de eleitores e nr. de membros
 Taxa de simpatizantes: TS=S/A
Relação entre nr. de simpatizantes e nr. de aderentes de um partido
 Taxa de militância: TM=M/A
Relação entre o nr. de militantes ativos e nr. de aderentes
Sistemas partidários
Existem vários sistemas partidários possíveis:

 Monopartidismo/Monopartidarismo
É o sistema de partido único e pode existir apenas, um único partido
político. Ou seja, é um sistema de partido único.

 Bipartidarismo
Este sistema é um sistema em que podem coexistir dois partidos.
o Perfeito: Existem dois partidos que vão dividir entre si, mais ou
menos de igual forma, os votos validamente expressos, ou seja,
estamos a falar de uma paridade muito significativa entre os dois,
daí ser bipartidarismo perfeito, porque são partidos que estão em
pé de igualdade.
Em síntese: É um sistema em que os dois primeiros partidos
dividem mais ou menos de igual modo os votos validamente
expressos
o Imperfeito: Existem, de facto, dois partidos dominantes - são dois
grandes partidos, sendo que estes dois partidos conseguem
congregar entre 75% e 80% dos votos e, portanto, dependem
muito frequentemente de um terceiro partido, daí um
bipartidarismo imperfeito, pois dependem de um terceiro partido
para a consagração. Isto acontece porque se ambos os partidos
têm 80%, isto significa que terão 40% cada um. Nenhum vai poder
governar sem os restantes 20%, logo é necessário um terceiro
partido, sendo que este vai acabar por ter uma grande influência
no sistema político, porque quer se agregue a um ou a outro
partido, vai permitir a governação desse partido.
Em síntese: É um sistema de dois partidos e meio, no qual um
terceiro partido disfruta de representatividade suficiente para
perturbar o jogo dos dois grandes partidos, que só obtêm um total
de votos entre 75% e 80%.

 Multipartidarismo
o Integral – É um sistema mais frequente atualmente. São vários
partidos que vão disputando entre si várias taxas eleitorais, vários
graus de apoio eleitoral distintos, dependendo de várias
dinâmicas internas
o Partido dominante – É um sistema pluripartidário, isto significa
que temos um grande partido e depois vários outros partidos
mais pequenos que se vão subdividindo ao longo dos vários
momentos eleitorais
Sistemas eleitorais e sistemas de partidos
Cruzamento entre sistemas eleitorais e de sistemas de partido.
Iremos abordar as normas que delimitam as circunstâncias eleitorais, os
tipos de sufrágio, os sistemas de escrutínio, etc

1. Normas que delimitam as circunscrições eleitorais


As circunscrições eleitorais são áreas do território pelas quais são
eleitos os representantes, ou seja, zonas de território nas quais nós
estamos inscritos e pelas quais votamos
ex.: em janeiro de 2022 teremos eleições legislativas e cada um de nós votará na
lista do partido que escolher do sítio eleitoral em que tivermos registados.
Portanto, o sítio eleitoral do Porto elege x deputados e o cálculo é feito para esses
20/30 deputados com base nos votos apurados só para este sítio eleitoral - o que
significa que se nós votarmos no partido a, b ou c, estamos a votar na lista que o
partido representa para aquela circunscrição eleitoral. Se uma pessoa que tiver,
em Bragança e votar no mesmo partido que eu, não estará a votar nas mesmas
pessoas que eu estou. Tudo isto significa que, quem votar no PS não está a votar
no António Costa e quem votar no PSD, não está a votar no Rui Rio, se não
tivermos nos círculos eleitorais onde estes são cabeça de lista.
Posteriormente, são apurados os resultados através do método de
Hondt, o que significa que, apurando o número de mandatos disponíveis e o
número de votos que cada partido teve naquele círculo, depois despeja-se
esse resultado e envia-se esses resultados correspondentes ao círculo
eleitoral.
Depois de eleitos, os deputados não representam o círculo eleitoral pelo
qual foram eleitos, mas sim toda a população portuguesa.
Os deputados eleitos pelo círculo eleitoral do Porto, Bragança, Viseu, etc.,
não apresentam os habitantes desses distritos, mas sim de todo o território
português continental e ilhas - verificamos aqui uma obrigatoriedade, esta
característica constitucional.
Os sistemas eleitorais têm duas modalidades:
o 1 círculo eleitoral: Não há o apuramento de vários círculos e a
contagem dos respetivos mandatos por círculo – acontece nas
presidenciais em Portugal (estamos num círculo eleitoral único a
votar nos candidatos a Presidente da República)
o Vários círculos: Nas legislativas há vários círculos eleitorais
múltiplos e, portanto, cada círculo elege um conjunto de
representantes. Nas legislativas é publicado no Diário da República
quantos deputados elege cada círculo eleitoral para a Assembleia,
ou seja, nós nunca votamos em todos os deputados da Assembleia
da República.
Porquê que existem estes círculos eleitorais? Porque para haver uma representatividade
da diferença geográfica, para proteger as áreas menos povoadas e para que exista uma
relação numérica entre o número de eleitos e eleitores mais equilibrada, mais estável.

Tipos de sufrágio

O sufrágio é um voto direto, secreto, periódico, igual e


universal.

 Individual: Voto num cidadão individual;  Uninominal: Cada círculo elege um representante;
 Por lista: Voto num conjunto de cidadãos com  Plurinominal: Cada círculo elege vários
uma orientação partidária. representantes.

Existem três grandes formas de apuramento de


resultados:

 Maioria relativa ou simples: Pluralidade de votos;


 Maioria absoluta: 50% dos votos + 1;
 Maioria qualificada: 2/3, ¾ ou 4/5.
2. Tipos de sufrágio

Numa 1ª instância podemos chamar às eleições, eleições individuais ou por lista.

o Individual: Em Portugal, temos o caso das eleições presidenciais, em que


votamos num individuo, num cidadão. Quem é que escolhemos para
presidente da República? O cidadão A, B ou C
Resumindo: Voto num cidadão individual;

o Por lista: No sufrágio por lista votamos num conjunto de cidadãos que
sejam representados pelo partido para essa lista.
ex.: o partido socialista apresenta a lista dos candidatos do partido ao
círculo eleitoral do porto, o PSD igual, o Bloco de Esquerda também e assim
sucessivamente. Todos apresentam a lista.
Quando nós votamos no partido A, B ou C, estamos a votar naquela lista.
Isto é então o sufrágio por lista.
Resumindo: Voto num conjunto de cidadãos com uma orientação
partidária.

Numa 2ª instância temos as eleições que são uninominais e/ou plurinominais.

o Uninominais: Cada círculo elege um representante.


Este tipo de sufrágio não acontece em Portugal, mas no Brasil já acontece.
Se existisse este tipo de sufrágio, nós no círculo eleitoral do Porto
elegíamos um representante, outro para Braga, outro para Bragança

o Plurinominal: O que realmente acontece em Portugal, nas legislativas


Cada círculo eleitoral elege vários representantes, 35 para o Porto, são 20
para Braga, 15 para Bragança, 40 para Lisboa, etc.

Outras características do sufrágio é que o voto é direto, secreto, periódico,


igual e universal, como está previsto na Constituição.

Quanto ao apuramento de resultados:

o Maioria relativa/simples: Quando são apurados a pluralidade de votos,


não é necessária uma maioria absoluta, basta que algum candidato ou
alguma lista ter mais votos relativos do que cada uma das outras.
o Maioria absoluta: É necessário que o candidato ou a lista tenha
50% + 1 dos votos
o Maioria qualificada: Depende do que ficara definido, há medidas
qualificadas de dois terços (2/3), três quartos (3/4) de quartos quintos
(4/5), depende mesmo da forma como esta qualificada essa maioria.
3. Sistemas de escrutínio
Formas de apurar os eleitos, ou seja, converter o número de votos numa decisão:

 Sistema maioritário
O candidato/lista com a maioria dos votos vence
Utiliza-se quando se quer apurar um vencedor individual, mas também é
válido para uma lista (se a Assembleia tem 5 mandatos por atribuir e
temos a lista A, B, C, a lista vencedora, a que tiver mais votos, ganha
todos os mandatos)
Sistemas presidenciais (eleição individual, pessoa para ocupar um cargo)
ex.: Candidato/lista A com 40% dos votos
Candidato/lista B com 25% dos votos
Candidato/lista C com 35% dos votos
o A uma volta
Vantagem destes Contam-se todos os votos e o candidato ou a lista de candidatos que
subsistemas: ocupa todos os mandatos será aquela que tiver a maioria relativa
- Simplicidade ex.: vence A com maioria relativa e os restantes 60% são inúteis
(não há cálculos) (60% dos eleitores não reconhecem aquele candidato como vencedor)
- Menor o A duas voltas - usado em Portugal
intervenção das Na 1ª volta se não for apurado um candidato com maioria absoluta
forças partidárias (50% + 1) dos votos, ocorre uma 2ª volta.
- Maior
A essa 2ª volta concorrem os 2 candidatos mais votados da 1ª e ganhará
conhecimento dos
aquele dos dois que tiver a maioria dos votos.
candidatos
ex.: a 1ª volta, não tendo nenhum candidato com maioria absoluta, ocorre uma
*No entanto,
2ª volta entre A e C, pois foram os mais votados. E irá ganhar quem tiver mais
quando é o
votos entre os 2, ou seja, a maioria dos eleitores entre os 2 prefere um e fica
sistema por lista
mais satisfeita (vantagem)
conhecemos as
*Neste caso, o B pode apoiar o C e remete os seus votos para o C*
propostas do
partido, mas não  Se na 1ª volta for apurado algum candidato com maioria absoluta
olhamos com não ocorre a 2ª, no entanto o sistema em funcionamento é na
tanta atenção mesma o de duas voltas (quando uma Constituição determina que as
para os eleições presidenciais se organizam em sistema maioritário de duas
candidatos* voltas, significa que o sistema que está em funcionamento continua a
Desvantagem: ser este, independentemente se houve 2 voltas ou não)
Não existe o Preferencial
proporcionalidade Os eleitores votam, mas não votam normalmente (com uma cruz), ordenam
(ou é um
por ordem de preferência os candidatos (1º Marcelo, 2º Ana Gomes, ...)
candidato ou não
é nenhum)
Quem é eleito? O candidato que tem maioria absoluta na 1ª opção.
- Há uma sub- E se não houver? Procura-se uma maioria absoluta nas 2ªs
representação dos preferências. Caso não seja apurado uma maioria absoluta na 2ª
eleitores avança-se para a 3.ª e assim em diante (...)
Quando for apurado uma maioria absoluta é encontra-se o eleito, seja
em qual preferência for.
Vantagem: Este sistema garante maior consenso porque é eleito o
candidato mais consensual
Desvantagem: Podemos ver como vencedor o 4º/5º eleito escolhido pelos
eleitores que consensualmente consideravam aquele a 4.º/5.º opção
 Sistema proporcional
Não é aplicável em eleições individuais ou uninominais, é essencialmente
aplicável a uma eleição por lista.
Havendo várias listas, os eleitores escolhem a lista que mais preferem, e
este sistema transforma o número de votos em número de mandatos
Vamos tentar, matematicamente, utilizar modelos quantitativos que
transmitam as proporções das vontades dos eleitores para aqueles que
são eleitos (se metade gosta de um partido e outra metade gosta de
outro, significa que à partida metade dos mandatos vai para um e a outra
metade vai para o outro)

o Método de Hondt/Método da média


(utilizado pelo sistema legislativo)

- Partido A: 60 000
- Partido B: 40 000
- Partido C: 35 000
- Partido D: 15 000
- 5 mandatos por entregar

(A divisão é sempre feita em relação ao número total de votos)

Partidos A B C D
Votos 60 000 40 000 35 000 15 000
/2 30 000 20 000 17 500 7500
/3 20 000 13 000 11 666 50 000
/4 15 000 10 000 8750 3750

Para escolher os mandatos é sempre o valor mais alto da tabela


1º mandato: A (60 000)
2º mandato: B (40 000)
3º mandato: C (35 000)
4º mandato: A (30 000)
5º mandato: B (20 000) – poderia ser o A, no entanto:
Em caso de empate no último mandato, recebe o mandato o
partido menos votado entre os 2
A – 2 mandatos
B – 2 mandatos
C – 1 mandato
D – 0 mandatos

Como saber que fizemos corretamente?


Sobra uma linha sem mandatos atribuídos
o Método Saint-Lagué modificado
(Protege mais os partidos pequenos)

- Partido A: 86 000
- Partido B: 56 000
- Partido C: 38 000
- Partido D: 20 000
- 6 mandatos por entregar

(A divisão é sempre feita em relação ao número total de votos)

Partidos A B C D
Votos 86 000 56 000 38 000 20 000
/1,4 61 428 40 000 27 142 14 285
/3 28 666 18 666 12 666 6666
/5 17 200 11 200 7600 4 000
/7
/9

Resolve-se de igual maneira, no entanto,


Não se tem em conta a primeira linha dos votos

- Seleciona-se, portanto, o valor mais alto da tabela


1º mandato: A (61 428)
2º mandato: B (40 000)
3º mandato: A (28 666)
4º mandato: C (27 142)
5º mandato: B (18 666)
6º mandato: A (17 200)

Número de mandatos:
A – 3 mandatos
B - 2 mandatos
C – 1 mandato
D – 0 mandatos

o Método de maior resto


- Partido A: 60 000
- Partido B: 40 000
- Partido C: 35 000
- Partido D: 15 000
Distribuir por 7 mandatos

1. Somamos os resultados de votos dos partidos = 150 000

2. Apurar o QE (resultado da divisão do número total de votos pelo


número de mandatos por distribuir) = 150 000 / 7 = 21 000

3. Pegar em cada um do número de votos de cada partido e dividir


pelo QE (quociente temporal)
- A: 60 000/21 000 = 2,8
- B: 40 000/21 000 = 1,9
- C: 35 000/21 000 = 1,6
- D: 15 000/21 000 = 0,7

4. Olha-se para o valor e regista-se apenas o número inteiro e assim se vê


o número de mandatos que cada partido já ficou:
A: 2 mandatos
B: 1 mandato
C: 1 mandato Ficam a faltar 3 mandatos, então:
D: 0 mandatos

5. Multiplica-se o número de mandatos que cada partido teve pelo QE


A: 2 x 21 000 = 42 000
B: 1 x 21 000 = 21 000
C: 1 x 21 000 = 21 000
D: 0 x 21 000 = 15 000 (mantem-se número de votos)

6. Pega-se no número total de votos de cada partido e subtrai-se o


número de votos do resultado anterior (da multiplicação)
A: 60 000 – 42 000 = 18 000
B: 40 000 – 21 000 = 19 000
C: 35 000 - 21 000 = 14 000
D: 15 000 –> 15 000 -> 15 000

7. Selecionar os valores maiores e entregam-se os restantes mandatos


A fica com 2 + 1 = 3 mandatos
B fica com 1 + 1 = 2 mandatos
C fica com 1 + 0 = 1 mandato
D fica com 0 + 1 = 1 mandato
Relação entre sistemas eleitorais e partidos

 Sistema maioritário a uma volta


Ganha o partido/a lista que tiver mais votos
 Sendo de apenas uma volta, o partido tem apenas 1 oportunidade
para exercer o poder (ganhar tudo ou perder tudo), pois o vencedor
fica com todos os mandatos
 Este tipo de sistema favorece coligações pré-eleitorais, pois os partidos só
tem aquela oportunidade, ou seja, só um partido ocupará todos os
mandatos, então convém fazer uma proposta mais forte que consiga
garantir mais apoio para aumentar a probabilidade de ganhar os mandatos

Favorece o sistema bipartidário, visto que aposta tudo numas


eleições naquela única volta

 Sistema maioritário a duas voltas


Ganha o partido/a lista com maioria absoluta
 O partido que não tem maioria absoluta na 1ª volta, tem uma
segunda oportunidade
 Como há segunda oportunidade (2ª volta), os partidos tentam a sua
sorte sozinhos na 1º volta
 Caso não obtenham maioria absoluta, os 2 partidos mais votados vão à
2ª volta e fazem coligações antes da 2ª volta para aumentarem a sua
probabilidade de a ganhar

Favorece o sistema multipartidário com partidos que


criam dependências entre a 1ª e 2ª volta

 Sistema proporcional
Preferências
 Como permite a cada partido ter a representação proporcional dos
seus eleitores, mesmo que seja mais pequena, pode eleger um
deputado/2 deputados ou uma força maior
 Sendo assim,

Favorece o multipartidarismo com partidos independentes


(partidos que à partida vão ter menos probabilidade de coligar,
porque vão tentar a sua sorte dentro daquilo que conseguem – para
eles mais vale ficar com 5 mandatos sozinhos do que coligar com
outro partido e ficar com 7 mandatos – partidos que concorrem e
assumem a representação proporcional dos seus eleitores)
Regime jurídico dos partidos políticos na Constituição
Até à 2ª Guerra Mundial, as Constituições não abordavam a regulamentação dos
partidos políticos.
Após a 2ª Guerra Mundial, os partidos políticos encontram consagração nas
Constituições de Estados de regime político democrático

De forma geral, os partidos políticos só mereceram tratamento destacado em


Constituições da década de 40 e posteriores. Nas quais regulamentaram:
 Partido como associação política, onde se incluem os requisitos de constituição,
objetivos e funções, controlo das suas finanças e condições de suspensão e dissolução
 Partido como elemento essencial do processo eleitoral, prevendo a apresentação
de candidaturas à eleição dos titulares dos órgãos do poder político, direito de antena
com acesso privilegiado aos meios de comunicação, uso dos meios de propaganda em
período de campanha eleitoral, financiamento garantido da campanha
 Partido como realidade dotada de expressão parlamentar, em que detém o
exclusivo, constitucional ou legal, da apresentação de candidaturas às eleições dos
titulares das Câmaras Parlamentares em certos países

No caso Português, a primeira vez que a Constituição fez referência aos partidos
políticos foi em 1919, na época do Estado novo.
No entanto, surge na medida de proibição de partidos (Constituição de 1993).
Na Constituição de 1976, uma Constituição verdadeiramente democrática, o legislador
preocupou-se com a inclusão da referência aos partidos políticos.

Não há nenhum artigo concreto e relacionado aos partidos políticos, mas os


que mais se assemelham são:

 Qual a finalidade dos partidos políticos?


Artigo 10.º, n.º 2 – os partidos políticos concorrem para a organização e
para expressão da vontade popular
Remissão: Artigo 51.º, n.º 1

 Corolário da vocação globalizante dos partidos é filiação única


Artigo 51.º, n.º 2 – ninguém pode estar inscrito simultaneamente em
mais de um partido político (ligado ao Art. 160.º, n.º 1)

Permissões da Constituição
Artigo 38.º, n.º 6 (comunicação social salvaguarda a sua independência e
permitem expressão das diversas correntes de opinião nomeadamente
aquelas que são emitidas pelos partidos políticos)
Artigo 40.º, n.º 1 e n.º 2, n.º 3 (para completar)
 Funções dos partidos
 Funções:
Artigo 114.º, n.º 1 – participam nos órgãos baseados no sufrágio
universal e direito de acordo com a sua representatividade de Portugal
 Função representativa:
 Embora não seja exclusiva dos partidos políticos, pois
apenas se verifica nas eleições para a Assembleia da
República - Artigo 151.º, nº 1 e Artigo 231.º, nº 2 (as únicas
entidades que podem concorrer às Assembleias legislativas
nas regiões autónomas são os partidos políticos)
 Inerentes a esta função estão os direitos à livre orientação
ideológica dos órgãos de informação privativos e o direito
de antena - Artigo 38.º, nº 2 e 4 e Artigo 40.º
 Função titularidade e exercício do poder político
 Tanto o PR como os cidadãos eleitores, podem exercer o
poder sem estarem inscritos em qualquer partido político e
mesmo nas eleições para a Assembleia da República podem
concorrer cidadãos não inscritos em partidos políticos, desde
que concorram a listas partidárias (Artigo 151.º, n.º1).
 Por outro lado, qualquer eleito pode deixar de pertencer ao
partido pelo qual foi apresentado a sufrágio, sem perder o
mandato, desde que não se inscreva noutro partido
- Artigo 160.º, nº 1, c).

 Limitações aos partidos


Os partidos não podem ser racistas, fascistas e não podem ter ideologias
opostas ao regime democrático, não podem ter símbolos associados a
religião e não podem ser regionais
 Artigo 3.º, n.º 3 – qualquer partido que exista ou venha a existir tem
de estar conforme a Constituição
 Artigo 10.º, n.º 2 – é proibido constitucionalmente um partido que seja
contrário à independência nacional
 Artigo 46.º - os cidadãos têm o direito a constituir associações desde
que não promovam a violência
 Artigo 51.º, n.º 3 – não podem usar denominação que contenha
expressões diretamente relacionadas com a igreja
 Artigo 51.º, n.º 4 – não podem constituir-se partidos que tenham
âmbito regional (não pode haver um partido do Norte, porque coloca
em causa o princípio da unidade de Estado)
 Artigo 223.º, n.º 2, alínea e) - compete ao tribunal constitucional
verificar a legalidade da constituição dos partidos políticos
Grupos de pressão / lobbies
Organizações que existem para criar pressão sob o poder político de
acordo com os seus interesses ou interesses que representam, a fim de
obter decisões favoráveis
Este grupo não tem qualquer interesse de participar diretamente no poder
(grande diferença entre partidos políticos e grupos de pressão)
ex.: farmacêutica como pressão – pedir aprovação de uma vacina obrigatória contra
doença x

 Diferentes de:
 Grupos de interesse (atuam na esfera privada, sem atuação ao nível político)
 Partidos Políticos (intencionalidade do exercício do poder político)
 Empresas públicas
 Associações políticas

 Tipos de grupos de pressão


 Exclusivos
Fazem pressão como sua atividade
Estas são contratadas por empresas que tem determinados objetivos e,
quando contratadas, fazem pressão por elas
 Parciais
Organizações que têm a sua atividade e recorrem a grupos de pressão
para fazerem pressão por elas (ou então fazem elas dentro dos seus
meios, mas não é a sua atividade principal)
ex.: eu tenho uma empresa de têxtil e calçado
Junto um conjunto de empresas de têxtil e nós mobilizamos os meios para
fazer pressão perante os decisores
 Podem ser grupos:
Capitalistas/económicas (empresas, multinacionais como uma grande
cadeira de restaurantes/mobiliários – conjunto de empresas)
Trabalhadores, sociais, religiosos, humanitários, etc

 Forma de intervenção
 Direta
Um dos meios utilizados é o de levarem às autoridades os seus pontos
de vista/partilharem a sua perspetiva através de conversas,
correspondência ou outra forma de troca de informação (contactos e
negociações)
Estes meios nem sempre produzem os efeitos pretendidos, então
recorre-se a ameaças, corrupção e intimidação
 Indireta
Tentam influenciar através dos partidos políticos, tendo uma relação
mais próxima ou tentam influenciar o poder com a influência
sobre a opinião pública através de propaganda
Formas de Estado
Enquanto que definimos o regime político como a forma em como se relacionam
os governantes e governados.
No caso das formas de Estado olhamos para a interação entre os ordenamentos
jurídicos, isto é, se existe apenas um ordenamento jurídico no Estado e apenas
uma Constituição ou se pelo contrário, se esse mesmo Estado tem mais que uma
Constituição e mais que um ordenamento jurídico
Sendo assim, este procura traduzir a estruturação interna do poder estadual e do
ordenamento jurídico-constitucional que rege determinada coletividade
Critérios para distinguir as formas de estado: num estado há apenas um poder
político ou várias instituições; há apenas uma constituição ou vários ordenamentos
jurídicos; há um único centro de decisão política ou uma multiplicidade de centros

 Estado unitário
Quando um Estado tem apenas uma Constituição, um ordenamento
jurídico, um centro de decisão política e apenas um estado penal
(matar alguém no Porto é o mesmo que matar no Algarve)

o Centralizado
As entidades do Governo daquele Estado centralizadas são
responsáveis pela gestão de todo o território
ex.: é o mesmo que dizermos que o Governo toma decisões políticas de
saúde até ao orçamento de centros de saúde
Todos os níveis decisórios passam por estes órgãos centrais
ex.: ministério do ensino superior toma decisões em tudo que se
relaciona com o ensino superior em todo o território

o Descentralizado
Tem entidades nas quais descentraliza algumas competências
Por exemplo, para se eu tiver um buraco na minha rua não fazer
queixa ao ministério de obras públicas central, mas sim às
autarquias locais como Câmara Municipal e Junta da Freguesia
Ou seja, são criadas estruturas que exercem essas
finalidades/tarefas do Estado
A descentralização descentraliza funções administrativas, também
chamada de devolução de poderes
(a quem pertence o poder? Ao povo, então quando participamos nas
eleições, enviamos o nosso poder político aos órgãos do Estado para os
gerir dentro dos limites. Quando estes descentralizam as funções
administrativas, devolvem os poderes às entidades que vão estar mais
próximas do poder soberano)
Esta descentralização pode ser:

 Funcional
O Estado vai transferir funções que tem a entidades que
não dependam dele diretamente
(caso das fundações e institutos públicos)
ex.: Fundação Serralves que promove a cultura.
De quem é a função de promover a cultura? Do Estado que nos
dá a todos acesso à da cultura.
Quando o Estado diz à fundação para fazer a promoção da
cultura com preços mais baixos (acesso a exposições), a
fundação está a cumprir uma função de quem? Estado, que
descentraliza a sua função nela

 Institucional
São grupos de pessoas que criam entidades/organizações
Só lhes compete que o Estado reconhece como úteis para a sua concretização
o poder (caso das ordens)
administrativo, ex.: O que os advogados podem fazer? Estado responde
pois não há No entanto, os advogados criaram uma organização que está
competência mais dentro da advocacia e que pode dar contributos sobre a
política de criação regulamentação, pois conhecem melhor a prática profissional.
de órgãos Sendo assim, o Estado reconhece como parceiro de diálogo essas
executivos e ordens profissionais: se os outros sabem melhor no âmbito do
legislativos exercício da profissão advocacia então podem dar contributos
sobre ela, tal como a proposta de exigência mestrado para
pertencer a Ordem
A quem compete a última palavra? Legislador
Mas quem reflete sobre a sua necessidade e a proposta são as
respetivas ordens

 Territorial
Reconhecimento da autonomia administrativa a entidades locais
(ex.: pavimentação, iluminação pública, escolas, ...)
É muito mais eficaz ser uma entidade local a lidar com
esses problemas que são também locais.
Então, o Estado faz uma descentralização do território: o
que acontece nesses territórios é da competência de
gestão administrativa da respetiva administração
Por fim, uma diferente porque vai dar a essas entidades
competências legislativas e executivas

 Política
Quando acontece a descentralização política e quando se
dá a determinados órgãos poderes legislativos e a outros
órgãos poderes executivos, criamos entidades diferentes
que são as regiões autónomas
ex.: os Açores e a Madeira são mais que uma junta da freguesia,
porque para além da descentralização administrativa, ganharam
descentralização política
O que distingue uma região autónoma de uma autarquia
local? Descentralização política
Por força da criação de regiões autónomas, passamos a ter
o Estado unitário regional

Regiões autónomas podem ser:

 Integrais
Todo o território do Estado está a funcionar com
base em regiões autónomas (ex.: Espanha)
 Parciais
Existem regiões com autonomia política (regiões
autónomas) e outras parcelas do território não são
regiões autónomas
 Periféricas
Existem regiões autónomas por questões geográficas
– arquipélagos e ilhas distantes do Estado, então este
concede-lhes descentralização política
(ex.: Portugal)

Os 3 podem ser:

- Homogéneo
Se o grau de descentralização e se as regras de descentralização
forem iguais em todas as regiões autónomas
- Heterogéneo
Se cada região autónoma tiver graus de descentralização diferentes
entre si
(ex.: Espanha – as regiões autónomas não tem o mesmo grau de
autonomia, umas podem deixar impostos outras não)

A sua distinção vai depender da igualdade ou da falta dela na


distribuição de direitos, de competências e de poderes entre
todas as regiões autónomas.
O que acontece às vezes é que quando um estado é unitário regional, ele
continua o processo de descentralização e entra numa forma de estado
composto:

 Estado Composto
O Estado Composto é o resultado da interação de dois tipos de
ordenamentos jurídico-constitucionais, várias autoridades e centros de
decisão diversos.
Quando temos um Estado composto, temos dois tipos de níveis: o Estado
Federal e o nível dos Estados Federados. Neste tipo de estado
verificamos a integração de vários ordenamentos jurídicos
constitucionais, vários centros de decisões.
Apesar de parecer uma confusão haver mais que uma constituição, o que
acontece é que temos uma Constituição principal – a do Estado Federal –
que depois os seus estados federados autónomos criam o seu
ordenamento jurídico com base também na constituição geral.
(Ex: EUA há pena de morte em alguns estados e não há em outros –
Estado composto)
Os Estados Compostos podem ser federais, união real ou união pessoal.

o Estado Federal:
O Estado Federal é uma reunião permanente de vários Estados
Federados.
Basicamente, existem vários estados federados que de forma
congregada representam um estado federal, ou seja, um estado
autónomo próprio.
Portanto, o território de um estado federal é o somatório dos
territórios dos estados federados. O mesmo se aplica à
população.
O Estado federal tem um elevado grau de autonomia, de poder
decisório, tendo competências legislativas, políticas e executivas,
daí a entidade soberana ser o Estado Federal e, por isso, os
Estados federados são dependentes, devem-lhe obediência
cumprindo assim a constituição do Estado federal.
A constituição do Estado Federal aplica-se a todos os estados
federados, sendo que cada um deles tem a sua própria
Constituição, porém essa Constituição tem de respeitar e cumprir
a constituição geral – do Estado Federal.
Há então um Supremo Tribunal Federal, assim como outros
tribunais e forças de segurança próprios, para verificarem a
compatibilidade entre as constituições e os ordenamentos
jurídicos dos estados federados.
 Competências dos Estados Federados:
 Não têm personalidade jurídica internacional, o que
significa que não podem celebrar tratados, não podem
entrar nem sair das organizações internacionais, não
podem declarar guerra, nem fazer a paz, etc.;
 Têm uma Constituição, que obviamente tem de respeitar
da Constituição do Estado federal.
 Os seus habitantes têm de respeitar as leis do Estado
federado e do Estado federal, havendo uma necessidade
de compatibilização dos ordenamentos;
 Podem participar na elaboração e na revisão da
constituição federal, sendo que cada estado federado tem
um representante na câmara parlamentar do Estado
federal.
 Como verificamos no tópico anterior, há um elevado grau
de representatividade e, portanto, os Estados federados
têm poderes legislativos próprios sobre matérias do seu
interesse, não da federação. Portanto, legislam e podem
legislar várias áreas crendo os seus próprios sistemas
penais, ou seus próprios sistemas de ensino, sistema de
saúde, etc.
 Podem ainda ter sistemas judiciais, como tribunais e forças
de segurança própria, mas nunca um exército. Podem ter
forças de segurança civis, mas nunca forças armadas.

 Limites dos Estados Federados:


 Não se podem vincular do Estado federal;
 Os tribunais federais controlam a conformidade entre as
Constituições e a lei dos Federados, podendo sempre
haver a possibilidade de recurso para o Supremo Tribunal
Federal;
 Tudo o que se reportar a relações internacionais é da
competência exclusiva do estado federal, assim como a
política de defesa, visto que cabe ao estado federal e não
aos estados federados.
 Existem dois tipos de Estados Federais:

 Estado Federal perfeito: Resulta da junção de várias


comunidades num dado momento histórico, isto é, há
várias comunidades e, a partir de uma certa altura, elas
entendem que poderiam começar a integrar-se numa
unidade estadual única.

 Estado Federal imperfeito: Era originalmente um


estado unitário que se descentraliza e que
progressivamente vai-se transformando num estado
federal.

 Designação dos Estados Federados:

Estados Unidos e Brasil: Estados;


URSS: Repúblicas;
Alemanha: Laender;
Suíça: Cantões;
Canadá e Argentina: Províncias

Como podemos verificar, temos vários países que


atribuem dominações diferentes a esta ligação entre estado
federal com estados federados.
 Diferenças existentes entre Estado Federal e Regional:
FEDERADO REGIONAL
Têm a competência/ capacidade de A constituição permite que as
Constituição/ elaborar e participar na alteração nossas regiões autónomas
Estatuto da Constituição que é controlado elaborem o seu estatuto, mas este
pelo Tribunal Federal. tem de ser aprovado pelos órgãos
centrais do estado (no caso
português: Assembleia da
República).
Participam na revisão da Não está prevista a sua
Revisão constituição federal. participação na revisão
Constitucional constitucional. Não são chamadas
as regiões autónomas a
participarem diretamente na
revisão constitucional.
O Estado Federal tem uma câmara Não têm nenhuma representação
com representantes dos numa câmara específica. Não existe
Representaçã Federados, mostrando uma maior nenhum órgão de soberania em
o vinculação e uma maior Portugal onde possamos encontrar
representatividade dos estados representantes oficias das regiões
federados nessa câmara decisório autónomas nesses órgãos.
do estado federal.
No Estado Federal, cada estado Os Estados unitários as regiões
Tribunais e federado pode ter o direito de ter autónomas têm o mesmo sistema
forças de o seu sistema judicial próprio e as judicial, têm os mesmos tribunais,
segurança suas forças de segurança. têm a mesma força de segurança
(PSP, GNR e Polícia Judiciária).
o União Real:
A união real é quando dois ou mais Estados adotam uma
Constituição comum e partilham órgãos de soberania como o
Chefe de Estado ou outros órgãos previstos, como o Parlamento.
Cada um desses estados não vai perder a sua autonomia, vai
perder sim a personalidade jurídica internacional (não podem
celebrar tratados, não podem vincular-se em organizações internacionais, etc)
formando então um novo sujeito do direito internacional público.
Por outras palavras, vão formar uma união real que é um estado
soberano autónomo e é constituído por esses dois ou mais
estados que adotam a constituição comum, mas vão perder a
personalidade jurídica internacional individualmente.
Isto aconteceu em Portugal entre 1815 e 1822 com a união real
entre Portugal e Brasil. Também existe a união real entre a
Escócia e a Inglaterra que ainda hoje se mantém.

o União Pessoal:
A união pessoal já não é a partilha da mesma Constituição por
mais de um Estado.
Estamos sim, a falar de um invento histórico muito específico
quando as sucessões ao trono implicam o mesmo titular em
diferentes estados e isso obriga a que esses estados, que terão
de ser necessariamente monárquicos, tenham que se associar.
Isto aconteceu em Portugal no final do séc. 16 (1580 – 1640)
quando Portugal e Espanha, durante o domínio dos Filipes eram
uma união pessoal, visto que o monarca de um era o monarca do
outro país.
Os estados mantêm-se, a sua personalidade jurídica internacional
e soberania mantém-se e o monarca representa em cada
momento ou um estado ou o outro, nunca os dois como uma
união e essa é uma grande diferença da união real.
É um estado soberano autónomo só que pela força das
circunstâncias o monarca de um estado é exatamente o mesmo
do outro estado.

Na união real nasce uma personalidade jurídica própria, já na


união pessoal cada estado mantém a sua personalidade jurídica
internacional.
A forma do Estado Português na Constituição:

O Estado português é um estado unitário regional periférico e, podemos


verificar isto na nossa Constituição.
Portugal, de acordo com o Artigo 6.º, reconhece a existência de dois
arquipélagos aos quais atribui o carácter de regiões autónomas.

Artigo 6.º
(Estado unitário)

1. O Estado é unitário e respeita na sua organização e funcionamento o regime


autonómico insular e os princípios da subsidiariedade, da autonomia das
autarquias locais e da descentralização democrática da administração pública.

2. Os arquipélagos dos Açores e da Madeira constituem regiões autónomas


dotadas de estatutos político-administrativos e de órgãos de governo próprio.

É através do presente artigo que podemos verificar o reconhecimento da nossa


constituição por essa característica, que é sermos um estado unitário regional
periférico, devido à insolidariedade destes dois arquipélagos.

As regiões administrativas do continente têm uma descentralização


administrativa (municípios, freguesias, etc) e esta situação é diferente da
descentralização política e administrativa que existe nas regiões autónomas.
Estas descentralizações políticas das regiões autónomas têm, por sua vez,
funções legislativas com uma maior autonomia quanto à sua própria gestão,
mas que não é uma autonomia comparável à dos estados federados num
estado federal. O estado português só tem uma constituição e é, portanto, um
estado unitário.

São as regiões autónomas, mais concretamente as assembleias legislativas das


regiões autónomas que elaboram o seu estatuto político-administrativo, aquilo
que chamamos de estatuto autonómico/ próprio.
A Assembleia Legislativa da região autónoma elabora aquele que é o estatuto
da sua autonomia e depois remete-o para a Assembleia da República, visto que
é necessário a sua apreciação e aprovação.
Resumindo, os estatutos políticos administrativos da regiões autónomas são leis da
Assembleia da República com tramitação especial (tramitação no sentido de
procedimento da sua elaboração), que têm valor supra-legal porque os órgãos de
soberania também têm de os cumprir como podemos ver no Artigo 280.º, n.º 2, b)
e c) e no Artigo 281.º, n.º 1 c) e d). Estes estatutos político-administrativos
próprios têm as suas matérias previstas nos Artigos 227.º a 234.º da CRP.
Quanto ao processo de revisão da Constituição, tal como já referimos no caso dos
estados unitários, não está prevista a representação das regiões autónomas aquando
da revisão constitucional, sendo só da competência da Assembleia da República.
Não participam representantes específicos das regiões autónomas, apenas participam,
nessa discussão, os deputados dos círculos dos Açores e Madeira que representam a
totalidade dos cidadãos portugueses – Artigo 150.º, n.º 2.

Também sabemos que as regiões autónomas não têm representação em câmaras


parlamentares dos órgãos centrais. Esta característica existe, porém não a
encontramos na Constituição, daí a ausência de artigos.

As Regiões autónomas coletivas de direito público têm algumas funções como:

 Política: Elaboram a sua execução política, negociam tratados internacionais e


elaboram um plano económico – Artigo 227.º p) + 91.º
 Legislativa: Legislam e tem iniciativa legislativa das regiões autónomas,
nomeadamente das Assembleias legislativas das regiões autónomas – Artigo
227.º a), b), c) e Artigo 167.º;
 Administrativa: Têm regularmente poder executivo próprio –
Artigo 227.º d), g), h).

A Assembleia Legislativa da região autónoma é uma assembleia que é eleita de forma


universal direta pelos cidadãos das próprias regiões. A sua organização está prevista no
Artigo 231.º, n.º 2
Têm função legislativa que é acrescida do poder tributário (ex: cobrar impostos),
também têm a aprovação do plano e do orçamento e ainda a iniciativa dos estatutos e
das leis perante a Assembleia da República – Artigo 231.º, Artigo 232.º e Artigo 227.º.

Por outro lado, temos o governo regional que responde perante a Assembleia da
região autónoma. O presidente é nomeado pelo Representante da República
(Presidente da República), tendo em conta os resultados eleitorais – Artigo 231.º, nº 3.
Não responde perante o Representante da República, porque é um sistema
parlamentar.

Relativamente ao Representante da República é aquele que representa o Estado e a


soberania da república – Artigo 230.º, n.º 1. Na verdade ele é uma espécie de
substituto do Presidente da República, só que nas regiões autónomas que estão
associadas ao continente, à República.
Este Representante da República é nomeado pelo Presidente da República como está
previsto no Artigo 133º, l).
Tem funções políticas (Artigo 230.º, n.º 3 e 4), legislativas (Artigo 233.º, n.º 1, 2 e 5) e
administrativas.
Os órgãos das regiões autónomas podem ser dissolvidos pelo Presidente da República
(Artigo 234.º, n.º 1 + Artigo 133.º j) + Artigo 145.º a)) e tal como consta no Artigo
113.º, n.º 6 qualquer dissolução de órgãos colegiais eleitos pelo sufrágio universal e
direto implica novas eleições no prazo de 60 dias sob pena de inexistência jurídicas
do decreto de dissolução – Artigo 113.º, n.º 6.

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