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Capitulo 3 – As formas de Governo

Conceitos

Formas de Governo: diz respeito às relações entre governantes e governados. Para apurar esta relação, temos de averiguar:

- Questão da legitimidade – até que ponto a estadia dos governantes no poder é aceite pelos governados e à base dos princípios?

- Questão da unidade ou divisão do poder – onde está a sede do poder e quem/quantos são os governantes?

- Questão da existência ou não de formulas democráticas – qual o grau de intervenção dos governados no processo de seleção dos
governantes?

- Questão do pluralismo ou monismo – qual o grau de liberdade de que os governados dispõem para se expressarem sobre o poder?

- Questão da participação politica – em que medida os governados têm possibilidade de intervir, participar, influenciar a decisão politica?

- Questão da ideologia – o que move os governantes e lhes faz conferir uma certa densidade material a cada ato seu?

Sistema politico: noção que procura colocar em equação tds as variáveis com significado/implicação na realidade politica, representando
a articulação que se forma entre os diferentes (sub)sistemas: de governo stricto sensu, partidário e eleitoral

Questão da Legitimidade

- Legitimidade: o assentimento dos governados baseado na ideia de que o poder dos governantes do momento é legitimo de raiz e é
legitimamente exercido, por estar conforme a certos pressupostos, princípios ou valores comumente aceites pela comunidade

- Como nos demonstra a História, para governar, não chega a lei e a força do lado dos governantes: é essencial a aceitação dos
governados de que os governantes estão a agir em conformidade com aquilo que é o comumente aceite pela comunidade. São casos
exemplificativos as monarquias absolutas europeias (que apesar de poderem invocar o dt constituído e usar a força, n conseguiram
resistir ao assédio da burguesia e povo), as potências coloniais (que nos séculos 19 e 20 tiveram de ceder perante as aspirações
acumuladas dos povos colonizados, de nada valendo a invocação de dt e a mobilização de exércitos) e as mudanças da década de 70, com
muitos países do Pacto de Varsóvia da Europa do Leste, América Latina e África a libertarem-se de ditaduras

- O triangulo sustentador do poder politico é, assim, composto pelos vértices do Direito, Força coerciva e a Legitimidade

- Dualismo entre Legitimidade quanto ao titulo e Legitimidade quanto ao exercício – o juízo positivo/negativo da comunidade pode incidir
sobre o titulo invocado pelo governante para exercer o poder e/ou sobre a forma de exercício de poder (é frequente que parte da
comunidade aceite que o governante é um titular legitimo do poder politico mas considere que o exerce de forma indesejável)

Questão da Unidade ou Divisão do poder (separação de poderes)

- Divisão do poder: o envolvimento de várias entidades no exercício das faculdades típicas do poder politico, em vez de uma só

- A divisão do poder começou por ser uma solução prática para a necessidade de distribuir tarefas, de modo a conseguir uma maior
eficácia no governo interno: foi essa a ratio que presidiu à busca de um governo misto como fórmula virtuosa de um bom governo da
polis, já central na politica de Aristóteles e partilhada por Políbio e Cícero (que entendiam que a divisão do poder servia também de
meio de limitação e equilíbrio do poder politico). No séc.2ac Políbio já sugeria a atribuição de cada poder do Estado a uma “parte
constitutiva da sociedade” diferente, mais tarde, Cícero ensaiou uma proposta que ficou descrita como uma “antecipação à teoria da
separação de poderes” que Locke e Montesquieu vieram a defender. Contudo, foi uma ideia esquecida nos seculos seguintes: antes do
triunfo das doutrinas liberais, a manifestação mais aproximada de uma distribuição de poderes foi no sistema estamental da Idade
Média

- Só a partir do século 17 com Montesquieu e Locke é que a doutrina da separação de poderes ganhou fundamento ideológico. A sua
linha de argumentação é idêntica: a concentração do poder politico numa só entidade é nociva para a garantia das liberdades
individuais. Apontavam, por isso, no sentido de uma divisão orgânico-funcional, com uma função adstrita a cada órgão (Rei com poder
executivo, Parlamento com poder legislativo e Tribunais com poder judicial)

- P/Liberalismo, a limitação de poderes através da sua divisão por entidades tem como objetivo ultimo a proteção da liberdade
individual

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