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Fato é que a causa que deu origem a essa multiplicidade de governos se resume a
inevitabilidade de que toda cidade é composta por várias partes – ao passo que, de início, há
um certo número de famílias; que, eventualmente, formarão uma multidão de habitantes; de
modo que, fatalmente, alguns serão ricos, outros pobres e os demais constituirão a classe
média. Não obstante, além das diferenças decorrente da fortuna dos indivíduos, haverá,
também, aquelas trazidas por circunstâncias de nascimento ou de virtude – culminado,
destarte, em uma diversificada sociedade política.
Ao discorrer acerca da melhor forma de governo, reclama-se observar qual forma produz um
modo de viver que possa ser da maioria; uma vida que seja feliz, e que possa ser recebida
pela maioria dos indivíduos do Estado.
Se a vida feliz fosse compreendida como aquela vida virtuosa – e a virtude, por sua vez, fosse
entendida como uma situação média entre dois extremos -, segue-se, necessariamente, que a
melhor vida está nessa condição média.
O mesmo se aplica, também, ao Estado e as classes que o compõem; já que, sendo composto
por três classes – os ricos, os pobres e aqueles que estão em posição intermediária -, os
indivíduos pertencentes a ambas extremidades não se submetem facilmente à razão - pois, por
um lado, os indivíduos são dominados por desprezo pelos seus cocidadãos; e, por outro, não
há nada além de inveja.
Depreende-se, assim, que a comunidade civil mais perfeita é a que existe entre os cidadãos de
uma condição média – de igualdade e semelhança -, uma vez que são os únicos isentes de
desordens e sedições; e, também, os únicos capazes de garantir uma estabilidade aos
governos.
À luz dessas pontuações, é possível de inferir que a melhor forma de governo – tanto em
termos de estabilidade; como na sua capacidade de gerar a maior felicidade aos seus cidadãos
– é a república; uma verdadeira república, configurada como uma forma média de governo.