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Teoria Geral do Estado

Disciplina de síntese, procura compreender e aperfeiçoar a figura do Estado.


Sintetiza conhecimento nas áreas: jurídica, filosófica, sociológica, histórica e
econômica.

Ciência Política

Estuda a realidade política e seus fenômenos na esfera pública. Leva em conta as


relações de poder presentes na sociedade e busca racionalizar a realidade política.

História da Teoria Geral do Estado e Ciência Política

Maquiavel (séc. XVI): ruptura com os fundamentos teológicos, observando a


realidade da atuação e organização do Estado a partir de conhecimentos históricos.
Maquiavel cria a base para a ciência política. Apesar de seu pessimismo
antropológico, Maquiavel não ignorou a moral e a religião.

Hobbes, Rousseau e Locke: têm influências do direito natural, buscam


fundamentar e explicar a organização social e poder político a partir da observação
da vida social e da natureza humana.

Séc XIX- Alemanha - TGE como disciplina autônoma - George Jellinek - criador da TGE -
“fundamentos de um sistema de Direito político Alemão” - sistematização dos fenômenos
políticos.
No Brasil - década de 1940- Estudos sobre o Estado - Introdução ao Direito público e
constitucional.

Relação entre TGE e CP (ciência política):


Até 1994- TGE associada com o D. Constitucional I (presente na maioria das grades - Dallari
acredita ser uma associação imprópria, mesmo com os vários pontos comuns entre as
disciplinas).
1994- legislação federal associou TGE X CP (hoje o estudo é associado, é difícil estudar CP
sem a ideia de Estado).

Foco do TGE = Estado Moderno

Classificação dos Estados

Clássica:
Monarquia: Estado governado por um homem só.
Aristocracia: Estado governado por um grupo de homens/alguns.
Democracia: Estado governado por todo o povo.
Formas degeneradas dos tipos de Estado (conforme Platão):
Monarquia: Tirania, o governante é voltado somente aos seus interesses
pessoais/egoísticos.
Aristocracia: Oligarquia, um grupo que governa voltado ao seu próprio benefício.
Democracia: Democracia degenerada ou “ditadura da maioria”, onde a maioria do
povo não se guia pelo bem comum. Os processos democráticos, ao invés de
beneficiar todos, excluem grupos e beneficiam apenas alguns.

Classificação de Maquiavel:
República: governo com a participação do povo. Ele acredita que esse tipo de
governo é mais propício ao caos, pois as pessoas são egoístas e escolhem seus
líderes visando somente seus próprios interesses.
Principado: governado por um grande líder. Seu foco é se desenvolver
economicamente.

Classificações importantes que surgiram na modernidade

Com a ocorrência das revoluções burguesas, a classificação do Estado como


bipartido foi substituída pelo Estado tripartido. Este modelo surgiu para tirar o poder
de uma mão só, possibilitando a tomada de decisões mais descentralizadas.

Tripartição do poder = Executivo X Legislativo X Judiciário

Funções típicas: Executivo = administrar;


● Legislativo = legislar;
● Judiciário = julgar.

Funções atípicas:
● Executivo: em certos casos, o executivo pode criar projetos de lei para serem
aprovados pelo legislativo. Isso possibilita a realização de decisões
puramente políticas, ainda não previstas em lei. Ex: local, tamanho e
especificações de uma escola que será construída. Ele também pode julgar e
punir seus próprios funcionários (corregedoria, processo administrativo).
● Legislativo: nos crimes de responsabilidade ele pode julgar o presidente.
Além de também ter natureza executiva quando dispões sobre cargos,
licenças, férias etc, de seus funcionários.
● Judiciário: ele tem natureza legislativa ao editar os regimes internos de seus
tribunais, além de também administrar cargos, licenças, férias etc, de seus
funcionários.
Nomenclaturas dos Estados modernos

● Estado Liberal: Estado de intervenção mínima, foco na garantia da


propriedade, sua Constituição é meramente para a organização do governo.
● Estado Social: Estado torna-se responsável pelo bem estar social.
● Estado autoritário: seria um Estado totalitário fraco, dispõe apenas sobre a
concentração de poder de uma minoria contra a maioria.
● Estado totalitário: é um conceito mais complexo. Parte de dogmas onde não
se pode questionar o líder, há uma visão messiânica dele. O Estado totalitário
apresenta uma organização de meios de perseguição e visão partidária ou de
grupo, posta como visão dominante na sociedade.

Burocracia

É uma tentativa de melhorar o funcionamento do sistema de governo, e é


necessária diante da complexidade do Estado Moderno. Apesar das
inconveniências da burocracia na atualidade, devemos reconhecer sua
necessidade, por isso, ela não pode ser considerada como algo ruim. A
complexidade da sociedade atual torna impossível qualquer espécie de organização
sem a burocracia.
A burocracia se originou da necessidade de especializar funções no governo
e na sociedade civil. Ela é um instrumento neutro e voltado a decisões técnicas.
Entretanto, ela também pode ser usada como meio de decisões políticas, apesar de
ser contra-indicado.

Funções principais:
● Especialização de tarefas: gera um grande domínio das tarefas específicas e
permite que um servidor com conhecimento mediano possa realizar a tarefa.
● Previsibilidade: tem-se um roteiro para tudo, o que facilita o relacionamento
das pessoas com o Estado e o funcionamento interno de cada órgão.
Legalidade ampla: aplicável a qualquer particular, pode-se fazer tudo o que a lei não proíbe.
Legalidade restrita: o servidor público pode fazer somente o que a lei determina.
● Imparcialidade: a burocracia é técnica e deve se afastar de interesses
pessoais, humores dos servidores e afastar-se de influxos políticos, além de
não ter brechas e tratamentos privilegiados. Muitas vezes a burocracia
executa decisões de agentes políticos, porém de forma imparcial.

Problemas da burocracia:
Interferência política: se origina dos grupos de pressão sobre o aparato burocrático.
Tecnoburocracia: resolver grandes problemas da sociedade por meios de decisões
somente técnicas, causando a tecnicização da política.
A dimensão política e a burocracia estatal não podem se anular.
Teoria da Burocracia:
● Modelo de Max Weber: modelo de administração pública burocrática. Esse
tipo de burocracia prima pela total eficiência da organização. Possui
autoridade, hierarquia e divisão de trabalho. Há formalidade nos atos e
comunicações, a especialização de funcionários, impessoalidade nas
relações e preocupação com a maneira de fazer o processo, possui interesse
apenas no próprio Estado.

● Modelo de Administração Pública Gerencial: diferente da de Weber,


orienta-se pelo resultado/ foco no cidadão(cliente dos serviços públicos). Há
a flexibilização do processo, buscando combater o nepotismo e a corrupção.
Tem foco em indicadores de gestão/ avaliações periódicas. É o modelo usado
no Brasil.

Democracia

Corresponde ao estado que o próprio povo governa.

OBS: Cláusulas contramajoritárias: cláusulas pétreas, são impossíveis de modificar


mesmo que toda a sociedade queira. Existem para proteger os direitos básicos.

Democracia dos antigos: direta. Os cidadãos exercem as funções públicas


diretamente.
Democracia moderna: indireta, representativa, onde se escolhem os
representantes por meio do voto da população.

Democracia participativa/semidireta: é uma democracia indireta com a presença


de mecanismos participativos que se aproximam da democracia direta.
Mecanismos participativos:
● Plebiscito: uma consulta popular realizada antes da formulação de um ato
legislativo.
● Referendo: consulta popular posterior ao ato legislativo ou administrativo.
Tendo por condão aprovar um texto já aprovado pelas instâncias
representativas.
● Iniciativa popular: direito do cidadão de deflagrar o processo de elaboração
legislativa por meio de um ato coletivo. Pode ser exercida pela apresentação
à câmara dos deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, 1% do
eleitorado nacional, distribuído pelo menos por 5 Estados, com não menos de
3 décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
● Recall: direito de revogação/destituição popular, votação realizada pelos
cidadãos sobre a cessação ou manutenção de mandato eletivo, de
funcionário ou até mesmo de todo um parlamento. Não é usado no Brasil.
Análise da democracia atual: os fatores que fragilizam a democracia são:
● Fatores internos:
★ Excesso de mudanças;
★ Vulnerabilidade do sistema (domínio do Estado por pequenos grupos);
★ Paradoxo tecnocrático (especialistas decidem pela população, mas o
povo não compreende nem é representado por essas decisões).
● Fatores externos:
★ Internalização da política externa (não democrática).
● Solução? Promover a ampliação dos Estados democráticos e democratizar o
sistema internacional.

Estados

Estado Antigo (oriental ou teocrático):


● Civilizações mediterrâneas;
● Poder unitário com vínculo religioso. Governo unipessoal: o líder é um
representante divino;
● Classe sacerdotal: poder humano + divino;
● Não há distinção entre política, religião, moral, filosofia e economia. A lei se
resume a costumes e premissas religiosas.

Estado Grego:
● Organizado em Cidades-Estados/Polis auto suficientes;
● Indivíduos com posições específicas. A elite é a classe política;
● Limitações de poder mais sólidas, com regras estabelecidas;
● Democracia exercida pelos cidadãos, mas esse conceito de “cidadão” era
restrito a somente homens livres atenienses.

Estado Romano:
● Organização familiar, domínio das famílias patrícias;
● Pessoas com poder (=terras) que possuíam o poder político;
● Povo = conceito restrito, havia uma ideia de superioridade romana;
● Ampliação de direitos/liberdade religiosa para mais camadas da população.
● Grandes variações das estruturas de poder;
● Os romanos criam a palavra “constituição”, porém com um sentido muito
diferente do de hoje;
● Com a expansão, Roma perdeu o conceito de cidadão romano, já que todos
os povos dominados passaram a ser considerados romanos também, isso
enfraqueceu muito o império.

Estado Medieval:
● Domínio forte do cristianismo.
● Invasões bárbaras causaram a fragmentação do território em feudos;
● Feudalismo: proteção - terra. Vassalagem = uma relação jurídica de caráter
pessoal;
● Presença de poliarquias, ausência de poder centralizado, sistema de feudos,
multiplicidade de ordens jurídicas e uma sociedade estamental.

Fim do medievo - advento do Estado absolutista (moderno) que provoca o


surgimento da burguesia e intensificação do comércio.
Os burgueses eram os comerciantes que iam de feudo em feudo para vender
suas mercadorias, mas seu trabalho era muito difícil devido às diferenças de regras
entre os feudos, além do perigo que rondava fora deles.
Os senhores feudais queriam contratar exércitos para conquistar outros
feudos, para isso se juntaram com os burgueses, que não tinham poder político,
mas possuíam abundante poder econômico, essa aliança entre classes permitiu a
criação da monarquia.

Estado Moderno:
● Elementos materiais: povo e território;
● Elementos formais: soberania;
● 4º elemento: finalidade.

Estado absolutista:
● Soberania do rei, com povo, território e regras definidas;
● Poder centralizado em um território, unidade de poder e política;
● Exercício do poder: monarca e aparato burocrático;
● Ainda há a presença de uma sociedade estamental, os burgueses ainda não
tinham poder político, entretanto, eles tinham mais estabilidade nesse modelo
por só precisarem se submeter a um rei.
● Política mercantilista - âmbito interno - fim das barreiras comerciais no
território e criação de um mercado interno. Já no âmbito externo - comércio,
guerra e diplomacia (grandes navegações).

Tensão entre rei e burguesia:


● A burguesia começou a se descontentar com as intervenções excessivas do
monarca, com a ausência de segurança jurídica, com os resquícios feudais e
com a centralização do poder na mão do rei.

Estado Liberal:
● Surge através das revoluções burguesas:
★ Revolução francesa (1798 - liberdade, igualdade e fraternidade): atuou
a favor do Estado liberal com poderes tripartidos, causando a queda
do absolutismo.
● Direitos fundamentais negativos (garantem a intervenção mínima do Estado);
● Poderes tripartidos, democracia representativa, criação da constituição;
● Estado de Direito, foco na segurança jurídica e autonomia privada, limitando
o poder do Estado. Proteção absoluta ao direito de propriedade;
● Surgiu a ideia que se o Estado não interferisse, todos teriam a possibilidade
de alcançar seus objetivos.

Consequências socioeconômicas do Estado Liberal:


Houve um grande desenvolvimento econômico, um mercado concorrencial, a
revolução industrial e a criação e crença na teoria da “mão invisível”.
Consequências negativas: grande concentração de riqueza, marginalização da
classe operária e a força de trabalho transformou-se em produto.

O Estado Liberal funcionava a favor da burguesia, dificultava o direito de


associação e deixava o mercado ser dominado pelos ricos. A igualdade e liberdade
eram meramente formais.

Embates ideológicos:
● Reformistas: manter e adaptar o capitalismo - Estado Social;
● Revolucionários: abolir o capitalismo e implementar um modelo
completamente novo - URSS.

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