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As normas jurídicas

As normas jurídicas - não são concebidas abstratamente, mas são abstraídas da realidade social,
da experiência humana, em função dos fatos que se pretendem disciplinar e dos valores que se
quer consagrar. Não são, pois, construções fantásticas ou formas lógicas vazias.
Normas jurídicas - são, essencialmente, regras sociais, isso significa que a sua função é
disciplinar o comportamento social dos homens.
Existem diversas outras normas que também disciplinam a vida social.
A norma jurídica - é responsável por regular a conduta do indivíduo, e fixar enunciados sobre a
organização da sociedade e do Estado, impondo aos que a ela infringem, as penalidades
previstas, e isso em prol da busca do bem maior do Direito, que é a Justiça.
Como referimos, a ordem jurídica se expressa através de normas jurídicas que são regras de
conduta social gerais, abstractas e imperativas, adoptadas e impostas de forma coercitiva pelo
Estado, através de órgãos ou autoridades competentes.

Características das normas jurídicas

A partir da própria definição acabada de apresentar, podem extrair-se as características mais


marcantes da norma jurídica, que são:
 A Bilateralidade,
 Generalidade,
 Abstracção,
 Imperatividade e
 Coercibilidade.
a) Generalidade - significa que Todos os cidadãos são iguais perante a lei, razão por que a
norma jurídica se aplica a todas as pessoas em geral.
Portanto, as normas jurídicas são válidas para todos e a todos obrigam de igual forma. A
norma jurídica refere-se a todas as pessoas e não a destinatários singularmente.

b) A Bilateralidade - é uma característica relacionada com a própria estrutura da norma, pois,


normalmente, a norma é dirigida a duas partes. A uma, cabe o dever jurídico, ou seja, deverá
exercer determinada conduta em favor de outra; e essa outra, tem o direito subjetivo, sendo-lhe
atribuido por norma a possibilidade de agir diante da outra parte.
Em suma, uma parte teria um direito fixado pela norma e a outra uma obrigação,
decorrente do direito que foi concedida.

c) Abstracção - As normas jurídicas aplicam-se a um número abstracto de situações, a situações


hipotéticas em que poderão enquadrar-se as condutas sociais e não a um indivíduo ou facto
concreto da vida social.
Por outra, ela é aplicável a um número indeterminado de casos do mesmo tipo, e não a
situações concretas ou individualizadas.

d) Imperatividade - As normas jurídicas são de cumprimento obrigatório; a norma jurídica


contem um comando, porque impõe um certo comportamento e não se limita a dar conselhos.
Ela impõe aos destinatários a obrigação de obedecer. Não depende da vontade dos indivíduos,
pois a norma não é conselho, mas ordem a ser seguida.

e) Coercibilidade: As normas jurídicas podem impor-se mediante o emprego de meios coercivos


(ou seja com recurso ao uso da força) pelos órgãos estaduais competentes, em caso de não
cumprimento voluntário.

NOTA: A norma jurídica, ao revestir as características de imperatividade e


coercibilidade, limita a liberdade do indivíduo, impelindo-o a conter os impulsos pessoais e a
eleger as condutas a seguir de modo a não pôr em causa a liberdade dos outros e as bases de
convivência social. Assim, para que a norma jurídica possa ser observada efectivamente, a par da
sua justeza intrínseca, joga um papel importante a responsabilidade do indivíduo, que pode levá-
lo a ter uma conduta conforme ao direito. O acatamento voluntário ou natural dos deveres
jurídicos afasta a necessidade de coerção na aplicação da norma jurídica.

Estrutura da norma jurídica


A norma jurídica tem uma estrutura interna que na essencia corresponde aos seus
elementos, concretamente:
 Previsão - a norma jurídica regula situações ou casos hipotéticos da vida que se espera
venham a acontecer (previsíveis), isto é, contém, em si mesma, a representação da
situação futura;
A previsão da norma consiste na descrição da situação de facto que, a verificar-se efetivamente,
produz certas e determinadas consequências jurídicas.
 Estatuição - Será a conduta a adoptar quando se verifique no caso concreto, a previsão
da norma. Portanto, a estatuiçao será a consequência jurídica a verificar pela
ocorrência do facto previsto.
• Exemplo: “ aquele que com dolo ou mera culpa violar ilícitamente (1) o direito de
outrém ou qualquer disposição legal destinada a proteger interesses alheios, fica
obrigado (2) a indemnizar o lesado pelos danos resultantes da violação”. Na hipotese 1,
temos a figura da previsao, e na hipotese 2, a representação da etatuição, como medida a
seguir em consequencia da verificação do facto previsto.

 Sanção - a norma jurídica dispõe os meios de coacção que fazem parte do sistema
jurídico para impor o cumprimento dos seus comandos.
A sanção é a consequencia desfavorável que atinge quem viola a norma, é uma medida
punitiva que ocorre em função da violação da norma.
Exemplo:
“Aquele que, achando exposto em qualquer lugar um recém-nascido ou que, encontrando
em lugar ermo um menor de sete anos, abandonado, o não apresentar à autoridade administrativa
mais próxima, será condenado a prisão de……. anos”.

No exemplo apresentado, temos:


- Previsão: “Aquele que, achando exposto em qualquer lugar um recém-nascido ou que,
encontrando em lugar ermo um menor de sete anos, abandonado....”
- Estatuição: ...” o não apresentar à autoridade administrativa mais próxima”...
- Sanção: ...” será condenado a prisão de … anos”.

CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS JURÍDICAS

Normas jurídicas - são regras de conduta impostas pelo ordenamento jurídico. São comandos
gerais, abstratos e coercíveis, ditados pela autoridade competente.
Estas, podem ser classificadas tendo em conta critérios diversificados, de entre os quais:
 imperatividade
 sanções.
Quanto a Imperatividade podemos ter:
1. Normas imperativas
2. Normas dispositivas

1. As Normas imperativas ou cogentes - são as que estabelecem comportamentos


obrigatórios ou proibidos, não podendo ser afastadas pela vontade das partes.
Exemplo: o pagamento de um tributo é uma norma. Estas normas, quando impo~em uma
acção, denominam-se preceptivas e as que impõem uma omissão ou abstenção são
denominadas proibitivas.

2. Normas dispositivas - quando estabelecem comportamentos permitidos por lei, estas


normas podem ser afastadas pelas partes num negócio jurídico, isto é pela vontade dos
intervenientes interessados em estabelecer eles próprios a regulamentação das suas
relações.
As normas dispositivas podem ser:
2.1 facultativas (ou permissivas),
2.2 interpretativas
2.3 Suplitivas

Quanto as sanções podemos ter:

 Lei perfeita (leges perfectare) - É uma lei que tem eficácia social porque recebe uma
observação geral e tem conseqüências. Estas sanções implicam a aplicação de uma
sanção proporcional ao ilícito cometido pelo transgressor.

 Lei mais que perfeita (leges plus quam perfectare) - Preve uma sanção mais gravosa,
implicando a nulidade do acto ilícito ao transgressor.

 Lei menos que perfeita (leges minus quam perfectare) - Implica  uma sanção que não
se adequa ao fato transgressor.

 Lei imperfeita (leges imperfectare) - Não traz uma sanção (punição) e, por isso, não
tem eficácia social.

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