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DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA

CURSOS DE ENGENHARIA ELECTRÓNICA E INFORMÁTICA

ANO LECTIVO 2020

Cadeira: Seminário I e II
Ano: 5º
Aula: 13, 14 e 15 DATA: 06/04/2020
Tema: Breves considerações sobre o Direito na Sociedade

O Direito surge como “O sistema de regras de conduta social, obrigatórias para todos
os membros de uma certa comunidade, a fim de garantir no seu seio a Justiça, a
segurança, os direitos humanos, sob ameaça de sanções estabelecidas para quem
violar tais regras”.

Apresenta como características:

→ Constitui um sistema normativo (só aparece no séc. XIX)


→ Visa a direcção superior das condutas humanas na vida em sociedade (Superior =
Estado/constituição)
→ Necessário
→ Tem por fim a resolução de conflitos de interesses
→ Obrigatório
→ Tem uma natureza violável (margem para a liberdade individual do Homem)
→ É aplicada por órgãos independentes e imparciais
→ É influenciável por factores extra jurídicos
→ Apresenta um carácter histórico
→ Pode apresentar-se consuetudinário (costume) ou legislado

ISPB: (Seminário I e II. 5º Ano. )


Contudo, a palavra Direito pode aparecer-nos em diversos sentidos:

Direito em sentido objectivo – conjunto de normas de disciplina social (num


determinado momento e local)

Direito em sentido subjectivo – é o poder legalmente reconhecido e protegido de


actuar de forma determinada.

Direito positivo – Conjunto de princípios de conduta social que estão ou estiveram


alguma vez em vigor em qualquer comunidade (Direito escrito que se aplicou
concretamente)

Direito Vigente – Direito que está em vigor, que se aplica nesta ou naquela época

Direito Natural – Conjunto de princípios superiores dotados de validade eterna e


universal que deveriam vigorar em qualquer sociedade humana.

Os direitos subjectivos nascem na aplicação aos casos concretos.

O Direito subjectivo é o poder jurídico reconhecido de livremente exigir de outrem


um comportamento positivo ou negativo (facere ou non facere) ou de, por um acto
livre de vontade produzir determinados efeitos jurídicos que inelutavelmente se
impõem na esfera jurídica da contraparte.
Dentro dos direitos subjectivos e a par dos direitos subjectivos propriamente ditos
(acção ou omissão) surgem os direitos potestativos quando resultam de um acto
unilateral de vontade, produzindo efeitos necessários à outra parte.

ISPB: (Seminário I e II. 5º Ano. )


A Norma jurídica
Noção
A norma jurídica é o elemento básico do Direito. São normas de conduta social mas
que exprimem a ligação da situação da vida á necessidade de uma conduta,
concluindo com uma consequência para a sua violação.

A norma jurídica perfeita teria:


→ Previsão
→ Estatuição
→ Sanção

Previsão – Faz a representação de uma situação típica da vida. De forma geral e


abstracta vai adequar-se a situações concretas futuras
Estatuição – É a necessidade da conduta prevista na norma (comportamento possível)
Sanção – surge quando a norma jurídica não é observada ou é violada mas, nem
sempre vem prevista esta consequência na própria norma porque a sanção é um
elemento do sistema jurídico e não necessariamente uma norma jurídica.

Classificação das normas jurídicas:


-Imperativas – impõem um comportamento, quer as pessoas queiram quer não
-Dispositivas – Estão na disposição dos destinatários, dão-nos uma margem de
escolha
-Universais – são aquelas que se aplicam num universo de um determinado Estado
onde elas se estabelecem (Constituição)
- Regionais – aplicam-se a uma determinada região estabelecida na divisão do estado
(político-administrativa). Portugal – Madeira e Açores – Art.6º da Constituição
-Locais – não são legislativas e têm um âmbito local, provêm da divisão do Estado.
-Autónomas – “vive sozinha”, basta-se a si própria
- Não autónomas – precisam de outras normas para se completarem (precisam de
remissões, mandam-nos para outros artigos)
-Gerais – Para um determinado assunto estabelece a norma geral
-Especiais – modifica aquilo que está na norma geral (afasta a norma geral)

ISPB: (Seminário I e II. 5º Ano. )


-Excepcional – contraria a regra geral. Só podem ser aplicadas às situações que ali
estão previstas – Art.11º do código civil.
- Inovadoras – Cria um regime jurídico que não existia até aí
- Interpretativas – Apenas se dedicam a definir o sentido de uma aplicação de uma
outra norma cujo entendimento suscitou dúvidas ou não
Facultativas – Regula situações que não se impõem obrigatoriamente – Art.802º nº1
Ordenadoras – Tem Estatuição, ordenam um comportamento. Põe e ordena
determinados comportamentos
Sancionatória – contem apenas sanção

Características da norma jurídica


Tradicionalmente, a norma jurídica é apontada como um comando, traduzindo uma
regra de conduta ditada por uma autoridade competente, gozando das características
de generalidade, abstracção e coercibilidade.

Imperatividade – Traduz-se numa ordem ou comanda


Generalidade e abstracção – aplica-se a uma generalidade, isto é, a um número
indeterminado de pessoas e a uma pluralidade de casos indeterminados que
apresentam ou poderão apresentar no futuro certas características comuns.
Violabilidade – capacidade de ser violada sem prejudicar a sua própria essência. As
regras jurídicas têm como destinatários seres inteligentes e livres que podem quebrar
a norma no plano dos factos mas a sua validade não sofre com a sua violação.
Coercibilidade – Traduz a possibilidade de recurso à força física para a aplicação de
uma norma jurídica.
Sanção jurídica

A protecção coactiva é um elemento do sistema jurídico, uma reacção da sociedade


contra a violação das regras de convivência e organiza-se através de sanções,
traduzindo o emprego da força.
Também as sanções se podem classificar, de acordo com as suas características.
Vamos atender, em especial á norma jurídica e as suas caracterizações:

Espécies de sanções jurídicas:

ISPB: (Seminário I e II. 5º Ano. )


1- Reconstitutivas – estabelecem que se a norma for desobedecida, o violador
deve remediar as consequências danosas da violação, repondo o lesado
Sanções na situação em que este se encontraria sem a ocorrência da ofensa.
Aqui incluímos a reconstituição Natural do art.562º do CC, quando diz
respeito a um estado de coisas; Execução específica - se disser respeito a
factos - art.827ºCC
2- Sanções compensatórias ou ressarcitórias (art.564º) – encontramos a
reintegração por mérito equivalente (art.564º e 566º). Existem casos em que
isto não se pode fazer, é o exemplo da vida. São compensatórias quando são
violados os valores de natureza patrimonial.
3- Sanções punitivas – traduz uma reprovação á conduta do infractor em atenção
à sua culpa e podem ser: penais (violações previstas no Código Penal); civis
(ordenamento civil) e disciplinares (como o exercício das profissões)
4- Sanções preventivas – não servem apenas para punir, servem também para
prevenir
5- Sanções compulsórias ou compulsivas – destinam-se a compelir o infractor a
parar, são graves.
6- Sanções de ineficácia jurídica – acontecem quando a ordem jurídica reage
impedindo que um negócio jurídico, porque desconforme com a lei, produza
efeitos jurídicos pretendidos pelas partes.
São sanções que se destinam a produzir efeitos práticos no plano jurídico:
Inexistência jurídica – é a sanção jurídica mais grave, o vício é de tal forma
contrário à lei que esta não reconhece o negócio jurídico, só acontece quando
expressamente o disser.
Invalidade – o negócio existe mas não é válido e, pode dar origem a:

Nulidade – resulta de motivos de interesse público, é invocável a todo o tempo por


qualquer pessoa interessada e pode ser declarada oficiosamente pelo tribunal
(art.286º)

Nulabilidade (art.287º), os motivos são agora de interesse particular e o negócio é


tratado como válido a não ser que o Juiz declare a anulabilidade pedida por um

ISPB: (Seminário I e II. 5º Ano. )


interessado no prazo previsto e desde que não seja confirmado. Podem ser
confirmados (art.288º).
Ineficácia jurídica em sentido restrito – faltam alguns requisitos não essenciais ao seu
negócio e o negócio apenas produz parte dos seus efeitos (art.287º)

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