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23/05/2022 12:37 Detalhes do processo 98060/2022 :: Tribunal de Contas - MT

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Protocolo nº 98060/2022

Processo Nº
98060/2022

Decisão Nº
570/2022

Tipo
DECISÃO SINGULAR

Tipo de Multa

Multa
NÃO

Tipo de Glosa

https://www.tce.mt.gov.br/processo/decisao/98060/2022/570/2022 1/7
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Glosa
NÃO

Julgamento
17/05/2022

Publicação
18/05/2022

Divulgação
17/05/2022

Notificação 01

Notificação 02

Status da Conclusão
INDEFERIR

Ementa

Decisão

JULGAMENTO SINGULAR Nº 570/DN/2022


PROCESSO Nº:9.806-0/2022
PRINCIPAL:PREFEITURA MUNICIPAL DE NOVA CANAÃ DO NORTE
REPRESENTANTE:DATACENTER TECNOLOGIA E INFORMÁTICA EIRELI –
REPRESENTANTE LEGAL: TIAGO
JURACI TEIXEIRA DA SILVA
ADVOGADAS:PRISCILA CONSANI DAS MERCÊS OLIVEIRA – OAB/MT 18.569-B
MAYARA HELENA DE ARRUDA CADIDÉ – OAB/MT Nº 21.541
REPRESENTADO:RUBENS ROBERTO ROSA – PREFEITO DE NOVA CANAÃ DO NORTE
ASSUNTO:REPRESENTAÇÃO DE NATUREZA EXTERNA COM PEDIDO DE MEDIDA
CAUTELAR
RELATOR:CONSELHEIRO GONÇALO DOMINGOS DE CAMPOS NETO
Trata-se de Representação de Natureza Externa, com pedido de cautelar, proposta pela
empresa
DATACENTER TECNOLOGIA E INFORMÁTICA EIRELI, por intermédio de sua
procuradora, em face da Prefeitura Municipal de Nova Canaã do Norte, sob a gestão do
Sr. Rubens Roberto Rosa, em razão de supostas irregularidades cometidas no Pregão
Presencial nº 003/2022, cujo objeto é a futura e eventual contratação de empresa para

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prestar serviços de manutenção em equipamentos de informática (microcomputadores,


servidores, notebooks, impressoras e correlatos) de diversas Secretarias do referido ente.
Em suma, a representante indicou que a sua desclassificação do certame foi ilegal. Para
tanto, relatou que, após a abertura da sessão, foi desclassificada em razão da sua
proposta impressa repetir itens e, por consequência, não cotar todos os itens do lote
editalício, sendo que, na sua visão, de acordo com o item 11.3.1 do edital, deveria o
condutor do certame, perante essa situação, ter analisado o conteúdo da proposta
apresentada em arquivo digital, a qual afirmou que estava correta.
Ademais, destacou que o mesmo rigor não foi adotado em face da empresa Rodrigo de
Lima, licitante vencedora, pois afirmou que ela violou o edital ao deixar de apresentar
proposta impressa extraída do sistema e por meio de arquivo digital, e mesmo assim foi
classificada.
Por fim, registrou que interpôs recurso administrativo acerca dos fatos narrados, porém,
não foi provido.
Frente a esses argumentos, postulou, em sede de cautelar, a imediata suspensão do
Pregão Presencial nº 003/2022 e, no mérito, a procedência da representação, a fim de
retomar a sessão e classificar a representante no certame; e, subsidiariamente, a
desclassificação da empresa Rodrigo de Lima e o cancelamento do procedimento
licitatório.
Com o intuito de obter subsídios à análise do pedido acautelatório, foi postergado o
exame da medida cautelar para depois da oitiva prévia do gestor (doc. digital nº
118457/2022).
Por conseguinte, o Prefeito, Sr. Rubens Roberto Rosa, foi regularmente citado e, em sua
manifestação preliminar (doc. digital nº 122328/2022), informou que a desclassificação
da representante ocorreu em virtude da sua proposta não ter acompanhado o modelo
disponibilizado a ser seguido, visto que não cotou todos os itens licitados, fato esse que
revelou o descumprimento do edital. Além disso, realçou que não há previsão legal para a
desclassificação da empresa Rodrigo de Lima, uma vez que o edital permitia o envio
exclusivo da proposta impressa para a participação da licitação. À vista disso, pleiteou a
improcedência da representação.
É o relatório.
Passo a decidir.
Inicialmente, evidencio que a presente representação foi proposta por parte legítima (art.
224, inciso I, 'c', da Resolução 14/2007-RITCE/MT) e versa sobre matéria de competência
deste Tribunal, sendo que as supostas irregularidades, os responsáveis e a data dos fatos
foram trazidos com clareza pela representante.
Também saliento que, a princípio, o objeto cuida de matéria ainda não submetida à
deliberação plenária por ocasião do julgamento de outro processo, razão pela qual não se
aplica o pressuposto negativo previsto no artigo 219, § 3º, do RITCE-MT. Assim, em sede
de juízo de admissibilidade, extrai-se que a representação deve ser conhecida.
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Fixados os fundamentos acerca das condições de procedibilidade, torna-se pertinente


frisar que a Lei
Complementar 269/2007 (Lei Orgânica do TCE/MT) estabelece, logo no art. 1º, inciso XV e
§ 2º, a competência do Tribunal de Contas em decidir as representações afetas à sua
competência, conferindo-lhe a possibilidade de adotar medidas cautelares com a
finalidade de assegurar a eficácia de suas decisões.
A concessão de medidas cautelares também é prevista no art. 82 do diploma
supramencionado, bem assim encontra um maior detalhamento nas disposições do
Regimento Interno do Tribunal de Contas (Resolução nº 14/2007), nos termos dos seus
arts. 297 e 298, que permitem a determinação de medidas inominadas de caráter urgente
no curso de qualquer apuração.
Não difere, pois, do entendimento do Supremo Tribunal Federal, como se pode constatar
no julgamento do Mandado de Segurança 24.510-DF, de relatoria da Ministra Ellen Gracie,
em que se reconheceu a competência dos Tribunais de Contas para expedir medidas
cautelares, inclusive no âmbito dos procedimentos licitatórios, com o intuito de prevenir
lesão ao erário e garantir a efetividade de suas decisões. A propósito:
O Tribunal de Contas da União tem competência para fiscalizar procedimentos de licitação,
determinar suspensão
cautelar (artigos 4º e 113, § 1º e 2º da Lei nº 8.666/93), examinar editais de licitação
publicados e, nos termos do art. 276 do seu Regimento Interno, possui legitimidade para
a expedição de medidas cautelares para prevenir lesão ao erário e garantir a
efetividade de suas decisões. 3- A decisão encontra-se fundamentada nos documentos
acostados aos autos da Representação e na legislação aplicável.” (DJU de 19/03/2004, p.
18, Tribunal Pleno).
(grifado)
Vale elucidar que para a concessão da referida medida, é essencial verificar a presença de
seus pressupostos, cuja previsão está inserida no art. 3001 do Código de Processo Civil, de
aplicação subsidiária nesta Corte de Contas, nos termos do art. 86 da LOTCE/MT, sendo
eles, o fumus boni iuris, que pode ser entendido como a probabilidade do direito
invocado, e o periculum in mora, que se traduz no perigo de dano ou risco ao resultado
útil do processo.
Além disso, consoante modificação no Decreto-Lei nº 4.657/1942 (Lei de Introdução às
Normas do Direito Brasileiro – LINDB) realizada por meio da Lei nº 13.655/2018, mesmo
presente o periculum in mora, também é necessário verificar se está ausente o periculum
in mora reverso. Isso porque, a concessão da medida não pode proporcionar mais dano
do que seu indeferimento, de modo que deve o julgador considerar as consequências
práticas de suas decisões.
Nesse âmbito, é elementar enfatizar que todos os requisitos mencionados acima devem
ser levados em consideração. Se algum deles restar prejudicado, no caso do fumus

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boni iuris e do periculum in mora, ou se estiver presente o periculum in mora


reverso, a medida não deve ser concedida.
Feitas essas ponderações, nos limites do que foi descrito pela representante, passo a
analisar estritamente se estão presentes, de forma simultânea, os requisitos que
ensejam a adoção da medida cautelar requerida, de sorte que o exame do mérito da
representação, na profundidade que lhe é característica, ocorrerá no momento adequado,
após a instrução do feito, conforme procedimento previsto no RITCE/MT.
Pois bem, no que tange à probabilidade do direito, a representante apontou suposta
irregularidade na classificação da empresa Rodrigo de Lima, pois, de acordo com o seu
relato, não foi apresentada proposta impressa extraída do sistema e nem a digital,
circunstância essa que desatenderia as exigências do edital.
Contudo, após análise do edital, a princípio, é próprio visualizar que a ausência da
proposta nos mencionados formatos não é fator que enseja a desclassificação das
licitantes, sendo suficiente a presença da proposta impressa, conforme depreende-se dos
itens 11.2 e 11.3.1 do edital, a seguir transcritos:
11.2. A Proposta de Preços deverá ser apresentada em 01 (uma) via impressa em papel
timbrado da empresa,
conforme Formulário Padrão de Proposta (…)
(…)
11.3.1. A não apresentação do arquivo digital (pen drive/cd), ou se não for possível
efetuar a leitura do mesmo,
ou estiver com valores diferente da proposta impressa apresentada no interior do
envelope, será considerada a proposta impressa. (grifado)
Nesse sentido, em consulta ao Portal Transparência da Prefeitura, observa-se que a
licitante vencedora, empresa Rodrigo de Lima, apresentou proposta impressa, conforme a
seguir:

Posto isso, neste momento processual, vinculando-me a redação do item 11.3.1 do edital,
compreendo que a proposta impressa apresentada pela empresa Rodrigo de Lima é
suficiente para manter a sua classificação.
No tocante à desclassificação da representante, é preciso acentuar que ela própria
reconheceu que a proposta impressa não cotou todos os itens e diverge da contida na
digital, sendo, portanto, esse fato pacífico nos autos. Sucede que, no seu entendimento,
perante essa situação, o condutor do certame deveria considerar o arquivo digital.
Com todo o respeito à interpretação da representante, à prima facie, entendo que a
previsão editalícia contida no item 11.3.1 retro transcrito deixa claro que, havendo
qualquer divergência entre as as propostas, deve permanecer a descrita na impressa. Além
do que, não se pode menosprezar, conforme realçado pelo gestor, que o próprio edital

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disponibilizou Formulário Padrão de Proposta (Anexo II) de modo a evitar a ocorrência do


fato narrado.
Outro ponto que deve ficar consignado é que o item 11.9 do edital2 estabeleceu a
desclassificação da proposta que não cotasse todos os itens.
A par do arrazoado, em sede de cognição sumária e não exauriente, é possível concluir
que a desclassificação da representante, bem como a classificação da licitante vencedora,
estão em sintonia com os dispositivos do edital do Pregão Presencial nº 003/2022. Desse
modo, compreendo que não se verifica na hipótese dos autos o requisito indispensável do
fumus boni iuris, o qual se traduz na probabilidade da ocorrência das irregularidades
narradas, circunstância essa suficiente para indeferir a cautelar, pois, conforme explicado
anteriormente, essa medida excepcional só se justifica quando houver a presença
simultânea de todos os requisitos obrigatórios.
Em que pesem as explanações anteriores serem suficientes para o indeferimento do pleito
acautelatório, não é demais sublinhar que a presente representação foi proposta neste
Tribunal em 27/4/2022, ou seja, aproximadamente 45 (quarenta e cinco) dias após a
homologação do procedimento licitatório.
Por fim, é salutar fixar que o posicionamento ora externado não obsta este Tribunal de,
posteriormente à análise técnica preliminar e à concessão do direito ao contraditório e à
ampla defesa, ou identificando fatos novos, determinar providências subsequentes e
diferentes da decisão proferida neste momento.
Ante o exposto, com fundamento nos artigos arts. 89, IV, 90, IV, 219, 224, inciso I, “c”, da
Resolução nº 14/2007 deste Tribunal, DECIDO no sentido de:
I) conhecer a Representação de Natureza Externa, em razão do preenchimento dos
requisitos de admissibilidade; e,
II) indeferir o pedido de medida cautelar.
Publique-se.
¹Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo
de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
²11.9 Serão desclassificadas as propostas que não cotarem TODOS OS ITENS e não
atenderem as exigências do presente Edital e seus Anexos seja omissas ou apresentarem
irregularidades ou defeitos capazes de dificultar o julgamento e, ainda, propostas que
apresentem valores simbólicos ou irrisórios, de valor zero, excessivos ou manifestamente
inexequíveis.

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