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Tribunal

PJe - Processo Judicial Eletrônico

27/07/2022

Número: 0000144-39.2022.2.00.0515
Classe: PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS
Órgão julgador colegiado: Corregedoria Regional de Justiça do Trabalho da 15ª Região
Órgão julgador: Corregedoria Regional de Justiça do Trabalho da 15ª Região
Última distribuição : 01/04/2022
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Ato Normativo
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
BANCO SISTEMA S.A (REQUERENTE) GUSTAVO POSSAMAI (ADVOGADO)
TRT15 - Corregedoria Regional (REQUERIDO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
15781 08/07/2022 16:55 Decisão Decisão
94
0000144-39.2022.2.00.0515
Corregedoria Regional de Justiça do Trabalho da 15ª Região
REQUERENTE: BANCO SISTEMA S.A
REQUERIDO: TRT15 - Corregedoria Regional

DECISÃO

Trata-se de Pedido de Providências apresentado pelo Banco Sistema S.A, antigo Banco Bamerindus do Brasil
S.A., por meio do qual solicita a expedição de alvará para levantamento de depósitos judiciais, mormente de
natureza recursal, em diversos processos arquivados, a grande maioria deles sem identificação de numeração
padrão CNJ e com notícia por parte do requerente de que os autos teriam sido eliminados.
Conforme petição inicial, o pedido envolve a liberação de valores depositados em 5 (cinco) contas judiciais,
totalizando R$ 3.826,37 à época dos extratos, e 50 (cinquenta) contas recursais vinculadas ao FGTS, somando
R$ 55.471,33 na data dos extratos. O rol de contas abarcadas pelos pedidos foi anexado ao processo (ID
1334269 e 1334270).
Argumenta que os dados disponíveis ao Requerente em seus arquivos consistem, basicamente, nas fichas
funcionais dos empregados, e nos extratos bancários. Os referidos documentos foram anexados à petição
inicial.
Aduz que a competência do TRT da 15ª Região para movimentar as referidas contas pode ser comprovada
pelos registros funcionais, demonstrando que o local da prestação dos servidores coincide com municípios
atualmente sob jurisdição deste Tribunal. A informação também teria sido registrada no extrato das contas
recursais, onde se lê a sigla CP, indicando “Campinas”, município-sede do Tribunal.
Sustenta também que é solvente e não possui débitos trabalhistas, exceto duas inscrições que se encontram
atualmente no BNDT. Contudo, o débito inscrito no TRT da 4ª Região estaria garantido por penhora, e a
inscrição oriunda do TRT da 2ª Região deve-se a débito relacionado ao FGTS dos empregados.
No que concerne à titularidade dos valores, argumenta que os valores que constam nos depósitos judiciais (ID
1334269) deveriam ser devolvidos ao Requerente, tendo em vista a ausência de reclamação por parte dos
credores, atraindo a hipótese da prescrição intercorrente.
Quanto aos depósitos recursais (ID 1334270), adiciona que somente a partir da Instrução Normativa nº 03/1993
do TST passaram a ser utilizados como garantia da execução, e que somente a partir da Resolução nº
180/2012 do TST passou a ser prevista a subtração dos valores do depósito recursal do montante da dívida, no
ato da expedição do mandado de citação e penhora.
Por fim, acrescenta que em outros Regionais foram proferidas decisões no sentido de liberar os valores ao
Requerente, com fundamento no Ato Conjunto CSJT.GP.CGJT nº 02/2019.
Inicialmente, o Pedido de Providências foi indeferido (ID 1354822), tendo em vista que a execução do Projeto
Garimpo no contexto do TRT da 15ª Região é descentralizada, na forma da Ordem de Serviço nº 01/2020-CR,
cabendo ao Requerente peticionar diretamente às Varas do Trabalho responsáveis pelos processos em
questão.
Entretanto, o Requerente apresentou pedido de reconsideração (ID 1397726), alegando que não é possível
encaminhar petições às Varas do Trabalho, tendo em vista que os processos são antigos, muitos dos quais
possivelmente tiveram seus autos eliminados, não sendo possível identificá-los em sua totalidade.
Em face dos argumentos apresentados, por meio do despacho ID 1472773, determinou-se a consulta aos
sistemas processuais do Tribunal pelo Núcleo de Pesquisa Patrimonial, para tentativa de localização dos
processos relacionados aos depósitos em questão, conforme rol apresentado pelo Requerente.
Para tanto, foi aberto o chamado R78858, para que a Secretaria de Tecnologia da Informação e Comunicações
elaborasse um relatório contendo informações acerca dos processos em que o Requerente figure como parte,
segundo as mesmas regras da Certidão Eletrônica de Ações Trabalhistas - CEAT (Provimento GP-CR nº
07/2014), contendo também o nome dos reclamantes (ID 1552160).
Também foram realizadas diligências junto ao Centro de Memória do Tribunal, a fim de analisar os processos
que lá foram localizados (ID 1552160, 1552181/1552184).
É o relatório.
Em face dos resultados obtidos durante os levantamentos, passo às deliberações que seguem.
1. Contas judiciais (ID 1552168)

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Foram localizados todos os processos relacionados às contas judiciais abertas perante o Banco do Brasil
apontadas pelo Requerente. Para fins de localização desses processos, foram utilizadas as informações
obtidas na CEAT, por número, ano e Vara do Trabalho.
Constatou-se, por meio de análise dos processos, que o de nº 0099300-44.1995.5.15.0073, em curso perante a
Vara do Trabalho de Birigui, aguarda a apreciação de petição do Banco Bamerindus desde 2017. Os demais
processos, ao menos segundo as informações que constam no Sistema de Acompanhamento Processual - 1º
Grau, não contam com petição pendente de apreciação.
Nesse sentido, em relação aos processos indicados, deverá o Requerente peticionar diretamente perante as
Varas do Trabalho em questão, conforme decisão anterior (ID 1354822).
No que concerne ao processo de Birigui, intime-se o Juiz Titular da Unidade, para que delibere sobre o pedido
já formulado, no prazo de 15 (quinze) dias.
2. Contas recursais (ID 1552175)
2.1. Limitações do Projeto Garimpo
O Projeto Garimpo tem por principal objetivo promover, com o uso de ferramentas tecnológicas e análise de
dados, a destinação dos valores esquecidos em contas judiciais e recursais, na forma do Ato Conjunto
CSJT.GP.CGJT nº 01/2019, independentemente do titular ou da razão pela qual os valores permaneceram sob
depósito.
Nesse sentido, a identificação e liberação dos valores deve seguir as diretrizes de um projeto, desenvolvido
pela Corregedoria Regional na forma do referido Ato, e consubstanciado na Ordem de Serviço nº 01/2020-CR,
que estabeleceu o tratamento programado dos depósitos em questão, sem necessidade de intervenção ou
pedido dos interessados.
Por óbvio, nada obsta o peticionamento, direito constitucional garantido ao Requerente, que pode inclusive
fornecer informações valiosas para a localização e identificação da titularidade dos valores depositados, que se
enquadrem no escopo do Projeto Garimpo.
No entanto, foi necessário estabelecer um procedimento para que os casos envolvendo a liberação de valores
possam ser tratados com a maior isonomia e celeridade possível, tendo em vista as limitações envolvendo a
força de trabalho da Corregedoria Regional para fazer frente às inúmeras demandas de natureza semelhante.
Salienta-se, de igual modo, que por força do art. 6º do Ato Conjunto CSJT.GP.CGJT nº 01/2019 é obrigatória a
utilização de sistema informatizado fornecido pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho, intitulado de
Sistema Garimpo, para apuração, identificação e registro de todas as informações envolvendo as contas
abrangidas pelo projeto.
Contudo, até o presente momento, ainda não foi disponibilizada pelo CSJT a versão do Sistema Garimpo que
permite a identificação dos processos arquivados com contas recursais vinculadas ao FGTS. Com efeito, a
versão atual do sistema apenas abrange contas judiciais regulares, de forma que, ao menos por ora, não
existem meios que permitam às Unidades de 1º Grau a identificação dos depósitos recursais que se enquadram
nas condições do Projeto Garimpo.
Salienta-se que, por força do Ofício Circular TST.CGJT. n. 83/2022 (PROAD n. 8391/2022), foi noticiada a
futura instalação da versão 2.2.7 do Sistema Garimpo, que contará com funcionalidade específica para
identificação dos valores relativos a depósitos recursais. Assim sendo, há perspectiva para que a análise
dessas contas seja feita de forma sistematizada, conforme já está sendo feito o tratamento das contas judiciais.
Naturalmente, a ausência de sistema para o tratamento das contas recursais não impede a sua liberação,
embora dificulte a atuação das partes envolvidas no Projeto Garimpo na recuperação das informações
necessárias para o regular andamento das atividades.
2.2. Identificação e análise de processos
Expostas as atuais limitações do projeto em relação às contas recursais, cumpre examinar o caso específico
apresentado pelo Requerente.
De fato, constata-se que na relação apresentada pelo Requerente existem referências a processos muito
antigos, sendo que alguns datam das décadas de 70 e 80. Para tentativa de localização desses processos,
foram efetuadas de forma manual buscas variadas a partir da combinação dos dados disponíveis, tais como
número e ano do processo, nome do reclamante e Vara do Trabalho de origem (inclusive, por meio da análise
da jurisdição da época, nos casos em que a indicação envolvia município que não fosse sede de Vara).
Dos 50 casos apresentados pelo Requerente, apenas 16 foram relacionados a algum processo, com maior ou
menor grau de certeza, tendo em vista a existência de divergências parciais entre as informações apresentadas

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(ID 1334270) e o cadastro dos processos localizados.
Em particular, os processos apresentados sob nº 3166/92, 1019/87, 297/87, e 6/87 foram localizados no Centro
de Memória deste Tribunal, e puderam ser facilmente consultados pela equipe do Projeto Garimpo.
Examinando-se os referidos processos, constatou-se o seguinte:
A) Processo 3166/92 (ID 1552184) - O processo recebeu a numeração CNJ 0316600-62.1992.5.15.0001.
Verificou-se, pela análise dos autos, que o processo foi apresentado pelo Sindicato dos Empregados de
Estabelecimentos Bancários de Campinas e Região e foi distribuído à 1ª Vara do Trabalho de Campinas,
onde foi julgado procedente.
Interposto recurso ordinário pelo Banco Bamerindus, o processo foi remetido à 4ª Turma, que por unanimidade
de votos decidiu dar provimento ao recurso da ré e julgar improcedente a ação. O recurso de revista interposto
pelo Sindicato teve seu seguimento denegado.
Baixado o processo ao 1º Grau, foi expedido alvará à ré para levantamento dos valores depositados quando da
interposição do recurso ordinário, em 25/07/1996. Conclui-se, portanto, que a permanência do saldo de
depósito recursal se deve à inércia do Requerente, à época, no levantamento dos valores em questão.
B) Processo 1019/87 (ID 1552183) - Apresentado pelo reclamante Sandoval Benedito Hessel e distribuído
à 2ª Vara do Trabalho de Sorocaba, que julgou procedente a reclamação. A reclamada interpôs recurso
ordinário, ao qual foi negado provimento pela 2ª Turma do Tribunal. Posteriormente, foi interposto
recurso de revista, cujo seguimento foi denegado.
Em seguida, constata-se que foi solicitada a devolução do processo por parte da Vara de origem, em razão de
acordo entre as partes. Foi emitido o alvará judicial competente para o levantamento dos valores depositados
pela reclamada em preparo aos recursos.
C) Processo 297/87 (ID 1552182) - Apresentado pela reclamante Mara Débora Barbosa, distribuído à 1ª
Vara do Trabalho de Ribeirão Preto, que julgou a reclamação procedente em parte. Interposto recurso
ordinário pela reclamada, o processo não chegou a ser remetido ao Tribunal, em razão de acordo
formulado entre as partes. Foram emitidos alvarás autorizando a reclamada a proceder ao levantamento
do depósito recursal.
D) Processo 6/87 (ID 1552181) - Reclamação apresentada por Maísa Messias da Silva, distribuída à 2ª
Vara do Trabalho de Sorocaba. Após a sentença, que julgou procedente em parte os pedidos, a
reclamada interpôs recurso ordinário. Este, por sua vez, foi parcialmente provido pela 3ª Turma. Quanto
às demais matérias, o Banco Bamerindus interpôs recurso de revista, que não chegou a ser
processado, em razão de conciliação entre as partes. Ao final, foi expedido alvará para soerguimento
pela reclamada dos depósitos recursais.
Por meio da análise dos processos acima, deduz-se, a partir dos exemplos, que os valores foram liberados no
momento oportuno, mas que, por motivo desconhecido desta Corregedoria, o réu, Banco Bamerindus S.A., não
efetuou o levantamento no momento oportuno.
Registre-se que foi localizado também o processo nº 0090800-64.1998.5.15.0111, em curso perante a Vara do
Trabalho de Tietê, em que consta reclamante de nome Osmar Consorte. Este nome é indicado nos presentes
autos, associado a um número de processo 011/1964, para o qual há extrato de conta vinculada (ID 1334387).
Este extrato é o mesmo juntado aos autos 0090800-64.1998.5.15.0111 e ali o depósito vem sendo objeto de
deliberações pelo Juízo originário, no escopo do Projeto Garimpo, indicando que se trata do mesmo processo,
possivelmente em razão de equívoco nos registros pessoais do Requerente.
Com efeito, examinando-se o extrato (ID 1334387) e a ficha do empregado (ID 1334617), constata-se que o
número “11647” é efetivamente o número de sua carteira de trabalho, e não o número do processo, como
sugeriu o Requerente.
Assim sendo, a busca pelo nome das partes mostrou-se mais frutífera, embora nem sempre tenha sido possível
identificar o número dos processos em questão.
2.3. Do mérito
2.3.1. Competência
Constata-se que os depósitos recursais relacionados às contas nº 7077800 (reclamante Alice Pires Zapoli,
processo nº 105-1977), 7130710 (reclamante Takami Takeuti, processo nº 397-1982), relativos ao município de
Ibiúna/SP, e a conta nº 7125554 (reclamante Ricardo José Fonseca, processo nº 361/1989), relativo ao
município de Ribeirão Pires/SP, possivelmente se referem a processos do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª
Região.

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Com efeito, à data dos depósitos, efetuados em junho/1992, constata-se que os municípios de Ibiúna/SP e
Ribeirão Pires/SP pertenciam, respectivamente, à jurisdição das Varas do Trabalho de Cotia e Mauá, ambas
pertencentes ao TRT da 2ª Região (Lei nº 7.729, de 1989).
2.3.2. Natureza recursal dos depósitos
Isto posto, passo ao exame dos pedidos formulados pelo Requerente, o qual sustenta que os valores
depositados, em virtude de sua natureza recursal, deveriam ser liberados independentemente da análise dos
processos, tendo em vista que à época tais valores eram utilizados somente para fins de interposição do
recurso, a fim de desincentivar o abuso do direito para protelar a duração do processo, e não serviam de
garantia de eventual execução.
Conforme aludido acima, constatou-se mediante o exame dos processos armazenados no Centro de Memória
que, ao menos nos casos analisados, os depósitos recursais foram oportunamente disponibilizados novamente
ao Requerente que, contudo, não efetuou o levantamento dos valores no tempo apropriado.
Foram analisados, por amostragem, outros processos nos quais, após requerimento recente e minuciosa
análise pelo Juízo de origem, foi determinada a liberação dos valores ao requerente, todos no contexto do
Projeto Garimpo: 0049000-85.1996.5.15.0027, 0049100-40.1996.5.15.0027, 0048100-45.1993.5.15.0080,
0048900-33.1996.5.15.0027.
Embora se trate de uma amostragem abreviada em relação aos processos arrolados pelo Requerente, os
processos acima examinados fornecem um exemplo razoável do que se passava com os depósitos recursais à
época, dando maior verossimilhança ao quanto alegado pelo Requerente neste ponto.
2.3.3. Dificuldade de localizar os processos
Conforme relatado, todos os termos referentes aos números de processos e nomes indicados pela requerente
foram pesquisados em diversas bases de dados deste Egrégio. Para a maioria dos termos pesquisados não foi
localizada nenhuma referência. Em alguns casos foram localizados os autos físicos, por exemplo, em guarda
permanente no Centro de Memória: processos números 3166/92, 1019/87, 297/87 e 6/87.
As pesquisas realizadas em busca dos processos foram bem sucedidas apenas em parte, e demandaram a
extração de dados diretamente das bases de dados do Tribunal, corroborando os relatos do Requerente no que
concerne à dificuldade de localizar os processos em questão.
Entretanto, trata-se de consulta que poderia ter sido solicitada aos serviços de distribuição das Varas do
Trabalho ou, em caso de Fórum, da Vara do Juiz Diretor, não havendo obstáculo absoluto que impeça em regra
a busca pelos processos, salvo determinadas exceções.
2.3.4. Da titularidade dos valores
As pesquisas e análises realizadas pelo Núcleo de Pesquisa Patrimonial demonstram que os depósitos
relativos aos processos examinados (nº 3166/92, 1019/87, 297/87, e 6/87) devem ser de fato liberados à
requerente, pois são resíduos de feitos que se encontram arquivados ou até mesmo eliminados e que sequer
constam em sistemas informatizados.
Em relação aos demais processos, constata-se que o longo transcurso de tempo é outro forte indicativo de que
os haveres não sejam devidos às partes ativas e/ou terceiros, uma vez que estes nunca reclamaram para si a
liberação dos valores. Essa é a mesma conclusão a que chegaram outros Tribunais, conforme documentação
acostada pelo Requerente.
Considerando a data dos depósitos e a impossibilidade de correta identificação dos processos, não resta dúvida
que os processos relacionados pela requerente estão albergados no escopo do Projeto Garimpo, com
arquivamento até 14/2/2019.
Não há que se olvidar, por outro lado, que este Regional adotou com êxito uma estratégia descentralizada para
tratar os depósitos do Projeto Garimpo, atribuindo às Varas do Trabalho o tratamento dos depósitos dos
processos sob sua responsabilidade, nos termos da Ordem de Serviço CR Nº 01/2020. Todavia, a situação aqui
exposta inviabiliza o tratamento descentralizado de ofício, pela dificuldade de identificar com absoluta certeza o
juízo originário, demandando um tratamento procedimental específico.
Os documentos trazidos a este processo (extratos, fichas cadastrais dos reclamantes) permitem com clareza
identificar o depositante e a vinculação a processos que tramitaram sob a jurisdição deste Regional, embora
não permitam entrever com clareza qual a Vara do Trabalho que originalmente tramitou todos os processos.
Assim sendo, esta Corregedoria Regional reconhece a existência da probabilidade do direito do Requerente,
uma vez que existem casos em que a alegação confirmou-se, bem como há verossimilhança em relação aos
demais processos que não puderam ser localizados.

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2.4. Deliberações
Quanto aos processos que foram identificados pelo Núcleo de Pesquisa Patrimonial e que possuem numeração
no formato CNJ, conclui-se que estão superadas as limitações enfrentadas pelo Requerente, que poderá,
portanto, apresentar seus pedidos diretamente aos juízos competentes para a liberação dos valores.
Em relação aos processos que não puderam ser localizados e que podem, até mesmo, ter sido eliminados,
conclui-se que há necessidade de adaptação dos procedimentos previstos na Ordem de Serviço nº 01/2020-
CR, de forma a atender a essa particularidade.
Com efeito, os documentos trazidos a estes autos pelo Requerente, tais como extratos bancários e fichas
cadastrais dos reclamantes, permitem identificar com grau razoável de clareza o depositante e a vinculação a
processos que tramitaram sob a jurisdição deste Regional.
Contudo, não é possível a localização dos processos em exame por meio de mera consulta aos sistemas
informatizados de tramitação processual. Em virtude da idade desses processos, conclui-se que são
possivelmente anteriores à própria implantação dos sistemas em questão, de modo que as informações
necessárias para sua identificação provavelmente encontravam-se registradas em suportes físicos, tais como
fichas ou livros. Assim, não apenas os autos desses processos podem ter sido destruídos, como também os
demais registros que davam conta da existência desses processos e das partes envolvidas.
Conclui-se que, após as buscas efetuadas pelo Núcleo de Pesquisa Patrimonial, sem sucesso, eventual
nova tentativa de localização de cada um dos processos atenta contra o princípio da eficiência (art. 5º, LXXVIII
e 37 da CF) no serviço público, além de eventualmente ser inútil ao deslinde do presente processo, pois sequer
há número no padrão CNJ na grande maioria dos depósitos indicados e é grande a probabilidade de que muitos
dos autos relacionados já tenham sido eliminados, como sustenta o Requerente.
Assim, à exceção dos depósitos cujos processos tenham sido claramente identificados e ainda sob
responsabilidade dos juízos originários, os demais serão tratados e liberados em lote por esta Corregedoria,
decisão que se encontra amparada no exemplo de diversos outros Tribunais Regionais do Trabalho (ID
1334274 a 1334285).
Importante registrar que o Requerente é empresa solvente e plenamente capaz de suportar eventual devolução,
acaso isso venha a ser necessário futuramente, na remota hipótese de que os valores venham a ser
reclamados pelas partes adversas nos processos envolvidos.
Por todo o exposto, julgo parcialmente procedente o presente Pedido de Providências, a fim de determinar a
liberação dos valores depositados nas contas vinculadas a processos não identificados ou não localizados (ID
1552175), bem como a sua transferência integral à conta bancária indicada pelo Requerente em sua petição
inicial (ID 1334259).
Expeça-se ofício à Caixa Econômica Federal (Ag. 4056 - Fórum Trabalhista de Campinas -
ag4056@caixa.gov.br), preferencialmente por mensagem eletrônica, para que dê cumprimento ao quanto
determinado.
Intime-se o Requerente, para ciência.

Campinas, 4 de julho de 2022.

ANA PAULA PELLEGRINA LOCKMANN


DESEMBARGADORA CORREGEDORA REGIONAL

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