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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Licitação – Participação – Sistema informatizado –


Pagamento de taxas dos licitantes – Irregularidade – TCU

O TCU, em denúncia, julgou que a “utilização, em pregões


eletrônicos realizados com recursos federais, de sistema
informatizado que exige o pagamento de taxas dos
licitantes, sem que a plataforma preveja a possibilidade do
pagamento pela participação dos interessados em um único
certame, e não apenas por meio de planos de assinatura
(trimestral, semestral e anual), e sem comprovação, nos
respectivos processos licitatórios, de que o valor cobrado dos
licitantes destina-se ao ressarcimento dos custos incorridos
com o uso e a disponibilização do sistema e/ou esteja de
acordo com as condições de mercado, sob termos que não
se coadunam com o art. 5º, III, da Lei 10.520/2002 e não
encontram amparo nos requisitos taxativos de habilitação
(arts. 27 a 33 da Lei 8.666/1993; arts. 62 a 70 da Lei
14.133/2021)”. (Grifamos.) (TCU, Acórdãos nº 1.121/2023, do
Plenário, Rel. Min. Augusto Sherman, j. em 31.05.2023.)

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Contratação integrada – Elaboração do projeto básico – Sistema S – Credenciamento – Vale alimentação – Analogia
Responsabilidade do contratado – TCU as disposições do art. 79 da Lei 14.133/21 – TCU

O TCU julgou o regime de contratação integrada tem como O TCU, em representação, recomendou as entidades do
uma das principais características “a transferência da Sistema S para que “orientem as suas entidades regionais,
responsabilidade pela elaboração do projeto básico na contração de serviços de administração, intermediação
ao contratado para execução das obras”. Segundo o e fornecimento de benefício alimentação e refeição
julgador, o “anteprojeto serviria precipuamente apenas aos seus colaboradores, caso decidam contratar pela
como parâmetro referencial para a estimativa de técnica do credenciamento, que observem, por analogia,
custos e posterior avaliação das propostas ofertadas as disposições do art. 79, parágrafo único, da Lei
no certame”. Nesse sentido, a nova Lei de Licitações e 14.133/2021”. (Grifamos.) (TCU, Acórdão nº 459/2023, do
Contratos dispôs, em seu art. 46, § 3º, que “o risco inerente Plenário, Rel. Min. Marcos Bemquerer, j. em 15.03.2023.)
ao desenvolvimento dos projetos básicos no regime
de contratação integrada é inteiramente alocado ao
particular, não cabendo a assinatura de aditivos por conta Contrato – Garantia – Fiança fidejussória – Irregularidade
de eventuais imprecisões ou omissões do anteprojeto”. – TCU
(Grifamos.) (TCU, Acórdão nº 831/2023, do Plenário, Rel. Min.
O TCU, em representação, julgou irregular a aceitação de
Benjamin Zymler, j. em 03.05.2023.)
cartas de fiança fidejussória, de natureza não bancária,
como garantia de contrato administrativo. Nesse sentido, a

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aceitação de carta de fiança fidejussória, apresentada Estatais – Credenciamento – Serviços de gerenciamento
como garantia pela contratada, “afronta o disposto no e fornecimento de vales alimentação e refeição –
art. 56, § 1º, da Lei 8.666/1993 e no art. 96, § 1º, da Lei Possibilidade – TCU
14.133/2021, visto que tais ‘cartas de fiança fidejussória’
não correspondem ao instrumento de fiança bancária, O TCU julgou sobre a utilização de credenciamento pelas

alertando-a que a reincidência na irregularidade sujeita estatais, com base no art. 79, inc. II, da Lei nº 14.133/2021, para

os responsáveis à possibilidade de apenação pelo TCU”. a contratação de empresas especializadas na prestação de

(Grifamos.) (TCU, Acórdão nº 597/2023, do Plenário, Rel. Min. serviços de gerenciamento, implementação, administração

Vital do Rêgo, j. em 29.03.2023.) e disponibilização de créditos em cartões eletrônicos/


magnéticos, ou de tecnologia similar, nas modalidades refeição
e alimentação. Segundo o julgador, o “credenciamento tem
Publicidade – Estatais – Disponibilização de informações sido a alternativa encontrada pela Administração Pública
no PNCP – TCU para contratar serviços de gerenciamento e fornecimento
de vales alimentação e refeição após a proibição do
O TCU julgou a forma de publicidade das contratações
emprego da taxa de administração negativa, veiculada no
envolvendo as empresas estatais. Nesse sentido, o tribunal
Decreto nº 10.854/2021 e na Medida Provisória 1.108/2021”.
determinou as estatais que, além de observar a Lei nº
Assim, “embora não coincida com as hipóteses ordinárias
13.303/16 (Lei das Estatais) e a Lei nº 12.527/11 (Lei de Acesso à
de inexigibilidade previstas na Lei nº 13.303/2016, tratadas
Informação – LAI), “disponibilizem informações atualizadas
no Acórdão 651/2010-TCU-Plenário, cujos pressupostos
referentes a seus contratos no Portal Nacional de Compras
centrais são a impossibilidade de competição e a necessidade
Públicas (PNCP)”, de que trata o art. 174 da Lei nº 14.133/21.
da prestação de serviços por diversos prestadores
(Grifamos.) (TCU, Acórdão nº 585/2023, do Plenário, Rel. Min.
concomitantes, é necessário reconhecer a subsunção da
Augusto Nardes, j. em 29.03.2023.)
situação ao credenciamento previsto no art. 79, inciso II, da
Lei 14.133/2021”, que estabelece que: “o credenciamento

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poderá ser usado nas seguintes hipóteses de contratação: Licitação – Coleta de resíduos sólidos – Exigência de
II - com seleção a critério de terceiros: caso em que a seleção instalação de escritório administrativo – Irregularidade –
do contratado está a cargo do beneficiário direto da Exigência deve ser imprescindível à execução do objeto
prestação”. Nesse sentido, sustentou que “os requisitos do
edital devem, em princípio, objetivar o credenciamento O TCU, em sede de representação, julgou sobre irregularidade

das empresas que atendam as condições necessárias ao na contratação de empresa para coleta, transporte, tratamento

atendimento das necessidades mínimas dos beneficiários, e disposição final de resíduos sólidos de serviços de saúde. O

as quais devem ser levantadas na fase de planejamento Tribunal considerou irregular a “exigência de que o contratado

da contratação”. Entretanto, “após o credenciamento, instale no prazo de 90 dias um escritório administrativo,

cabe às empresas pensar em formas de captar clientes. vestiário, câmara fria e local para estacionamento de veículos,

Nesse sentido, o edital sugere que os benefícios podem sem a demonstração de que tal medida seja imprescindível

constar nos próprios sites das contratadas. Embora a falta à adequada execução do objeto licitado, devido ao potencial

de previsibilidade sobre o tamanho efetivo da carteira de de restringir o caráter competitivo da licitação, de afetar

clientes possa assustar e ser motivo de preocupação para as a economicidade do contrato e de ferir o princípio da

empresas neste momento, em que o modelo está se iniciando, isonomia, em ofensa ao art. 3º, caput e § 1º, inciso I, da Lei

pode, por outro lado, ser um fator importante de concorrência 8.666/1993 e aos art. 5º e 9º, I, alíneas “a”, “b” e “c”, da Lei

em benefício dos usuários”. Diante da competição entre 14.133/2021”. (Grifamos.) (TCU, Acórdão nº 1.757/2022, do

prestadores, “há tendência de as empresas fornecerem Plenário, Rel. Min. Bruno Dantas, j. em 03.08.2022.)

condições mais vantajosas para captar clientes”. (Grifamos.)


(TCU, Acórdão nº 5.495/2022, da 2ª Câmara, Rel. Min. Bruno
Dantas, j. em 13.09.2022.)

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Licitação – Compartilhada – Necessidade de publicidade – apontou que “a única solução legal e viável envolveria a
Vedações – TCU realização de uma licitação compartilhada em que cada
órgão realizaria o acompanhamento e gerenciamento
O TCU, em sede de consulta, julgou sobre o aproveitamento,
de seu próprio contrato, o que incluiria, naturalmente,
por órgão federal, de contrato firmado por órgão estadual
o pagamento direto, pelo órgão federal, à empresa
ou municipal. Segundo o tribunal, “o aproveitamento, por
contratada, sem a necessidade de intermediação do órgão
um órgão público federal, de contrato já firmado por um
estadual/municipal” (Grifamos.) (TCU, Acórdão nº 1.851/2022,
órgão público estadual/municipal, fora das hipóteses
do Plenário, Rel. Min. Bruno Dantas, j. em 10.08.2022.)
de planejamento e licitação compartilhada, não se
afigura possível juridicamente, tendo em vista que o único
instrumento legal que possibilitaria a um órgão se beneficiar Contrato – Restituição de lucros ilegítimos – TCU
de contrato oriundo de licitação empreendida por outro órgão
O TCU julgou sobre a natureza jurídica da restituição dos
público seria a adesão à ata de registro de preços, no âmbito
lucros ilegítimos. Segundo o tribunal, “a restituição de lucros
do Sistema de Registro de Preços, sendo vedada, porém,
ilegítimos está fundamentada no princípio da vedação do
pelo Decreto 7.892/2013 e pela Lei 14.133/2021, aos órgãos
enriquecimento sem causa, assim como no princípio de
e entidades da Administração Pública federal a adesão à
que ninguém pode se beneficiar da própria torpeza e ainda
ata de registro de preços gerenciada por órgão ou entidade
nos efeitos retroativos da declaração de nulidade, no sentido
estadual, distrital ou municipal”. Diante disso, “a possibilidade
de que se deve buscar a restauração do status quo ante”.
que se vislumbra seria a de uma licitação compartilhada,
O órgão julgador sustentou que “a restituição dos lucros
seja utilizando o Sistema de Registro de Preços ou não,
ilegítimos tem amparo legislativo amplo no art. 884 do
promovendo-se o mesmo nível de publicidade requerido
Código Civil brasileiro e, especificamente, no art. 59 da
para as licitações em âmbito federal e com cada órgão
Lei 8666/1993 e nos artigos 148 e 149 da Lei 14.133/2021”.
gerenciando, acompanhando e fiscalizando seu próprio
Ainda, “a teoria do deslocamento patrimonial unitário deve
contrato”. Nesse sentido, quanto ao pagamento do contrato,
ser superada em relação à restituição dos lucros ilegítimos,

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pois o enriquecimento sem causa de uma pessoa não
necessariamente decorre do empobrecimento de outra”.
Nesse sentido, “conforme observado pelo Ministério Público
junto ao TCU, em sua peça recursal, a restituição dos lucros
ilegítimos não importa qualquer redução do patrimônio das
empresas infratoras, mas apenas promove o seu retorno ao
estado em que se encontrava antes da prática do ilícito”.
Dessa forma, “a restituição de lucros ilegítimos não é, em
regra, uma sanção, mas sim uma consequência jurídica
de natureza predominantemente civil, ainda que possa
ser exigida também na esfera penal, quando o ilícito for
tipificado como crime, ou na esfera administrativa, quando
decorrente de ilícito dessa mesma natureza”. (Grifamos.)
(TCU, Acórdão nº 1.842/2022, do Plenário, Rel. Min. Antonio
Anastasia, j. em 10.08.2022.)

Tribunais de Contas – Lucros ilegítimos – Atuação de modo


indireto – Fixação de prazo ao administrador público – TCU

Sobre a competência do TCU para a exigência e condenação


de empresa para a restituição de lucros ilegítimos diante da
nulidade de contratos administrativos (como, por exemplo,
fraude à licitação), a Corte de Contas, com fundamento
no art. 71, inc. IX, da Constituição Federal, é “competente

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para ‘assinar prazo para que órgão ou entidade adote as nulos. E a declaração de nulidade opera efeitos retroativos, a
providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se fim de se reconstituir, na medida do possível, o status quo ante
verificada ilegalidade’, a fim de que a Administração Pública, que, no presente caso, significa a indenização da empresa
ao efetuar a indenização decorrente de contrato nulo para o pelos custos, expurgados os lucros ilegítimos, exatamente
qual concorreu a empresa contratada, o faça pelo custo do para evitar o enriquecimento sem causa e o benefício da
serviço prestado, excluída a parcela relativa ao lucro”. Nesse própria torpeza”. Assim, diante de uma despesa ilegítima,
sentido, caso a Administração Pública já tenha efetuado o o relator questiona se o TCU pode ou não agir diretamente.
pagamento da indenização, o julgador entende que o TCU, Nesse sentido, diante da “nulidade parcial ou total do contrato,
“tem competência para exigir da Administração Pública a jurisprudência do TCU tem consagrado o procedimento de o
que busque a restituição dos lucros ilegítimos, seja pela Tribunal, (...), fixar prazo para o administrador público adotar
via administrativa ou a judicial, nos termos do art. 59 da as devidas providências para o exato cumprimento da lei,
Lei 8.666/1993 e dos arts. 148 e 149 da Lei 14.133/2021”. consistente, nesse exemplo, na declaração de nulidade do
Ainda, para fins de débito, o relator entendeu que “o contrato, de algumas de suas cláusulas e de algum termo
pagamento de lucros ilegítimos não é, a rigor, um dano aditivo”. Diante disso, o julgador reconheceu a competência
ao erário, porquanto o Poder Público terá recebido, em do TCU para atuar nesses casos de contratos nulos decorrentes
contrapartida, o bem ou serviço que lhe foi prestado, não de fraude praticada pela empresa contratada no tocante ao
se podendo, a meu ver, falar em diminuição patrimonial não pagamento dos lucros ilegítimos ou à sua restituição,
a ser recomposta”. Entretanto, “embora o pagamento de quando já pagos, mas com atuação de modo indireto, fixando
lucros ilegítimos não configure dano ao erário é, a meu ver, prazo para “o administrador público adotar as devidas
uma despesa pública absolutamente ilegal e ilegítima como, providências ao exato cumprimento da lei incidente na
aliás, o próprio nome diz, pois decorrente de um ato ilícito espécie, seja um dispositivo expresso constante da Lei de
praticado pela própria empresa beneficiária do aludido Licitações (art. 59 da Lei 8.666/1993 ou arts. 148 e 149 da Lei
pagamento, o que ofende o princípio do não enriquecimento 14.133/2021) ou do Código Civil (art. 884), seja um princípio
sem causa e o de que a ninguém é dado se beneficiar da jurídico”. (Grifamos.) (TCU, Acórdão nº 1.842/2022, do Plenário,
própria torpeza. Ora, contratos decorrentes de fraude são Rel. Min. Antonio Anastasia, j. em 10.08.2022.)

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Qualificação técnica – Exigência de certificado de boas
práticas de fabricação e controle – Irregularidade – TCU

O TCU deu ciência ao contratante para considerar “indevida


a exigência do Certificado de Boas Práticas de Fabricação
e Controle como critério de qualificação técnica para
participação em certame licitatório, tendo em vista a
natureza exaustiva da lista de requisitos definidos no art.
30 da Lei 8.666/93 (sucedido, por equivalência, pelo art.
67 da Lei 14.133/2021, a partir de abril/2023)”. (Grifamos.)
(TCU, Acórdão nº 1.580/2022, do Plenário, Rel. Min. Antonio
Anastasia, j. em 06.07.2022.)

Publicidade – Licitações e contratos – Portal Nacional de


Contratações Públicas – PNCP – Divulgação oficial – TCU

O TCU abordou a implantação e utilização do Portal Nacional


de Contratações Públicas (PNCP), previsto na Nova Lei de
Licitações e Contratos (Lei 14.133/2021). No caso, o Acórdão
nº 2.458/2021, do Plenário, o tribunal “dispensou, de forma
excepcional e transitória, a publicação do PNCP dos atos
pertinentes às contratações amparadas nas hipóteses
previstas no art. 75 da Lei 14.133/2021. Tal orientação foi
necessária para possibilitar a contratação por dispensa de

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licitação conforme os critérios da nova Lei enquanto o Portal Nova Lei de Licitações – Estatais – Credenciamento
Nacional de Contratações Públicas ainda não se encontrava
Sobre a aplicação do art. 79 da nova Lei de Licitações para a
plenamente operacional para os órgãos que não integram
utilização do credenciamento pelas estatais para a contratação
o Sistema de Serviços Gerais – Sisg”. Segundo o julgador, a
de escritórios de advocacias, o TCU apontou que, “apesar de
transitoriedade mencionada no referido acórdão, “estava
a Lei 14.133/2021 não se aplicar às sociedades de economia
associada à ausência de funcionalidades previstas no
mista, regidas pela Lei 13.303/2006, é razoável admitir que
PNCP”. No entanto, “conforme noticiado pelo Ministério da
as novas regras de flexibilização e de busca de eficiência
Economia, novos recursos foram incorporados ao Portal,
dos processos seletivos para contratações públicas
entre os quais a funcionalidade denominada ‘Publicador de
possam ser adotadas pelas empresas estatais”, tendo em
Contratos’, implementada em 14/2/2022. Tal ferramenta
vista que tais entidades, “sujeitas ao regime de mercado
possibilita aos órgãos e entidades não integrantes do Sisg
concorrencial, exigem, com mais razão, instrumentos mais
divulgar seus contratos e eventuais aditivos no PNCP, em
flexíveis e eficientes de contratação”. (Grifamos.) (TCU,
atendimento à Lei 14.133/2021”. Assim, “superada a situação
Acórdão nº 533/2022, do Plenário, Rel. Min. Augusto Anastasia,
fática que ensejou a exceção instituída em caráter temporário
j. em 16.03.2022.)
por meio do Acórdão nº 2.458/2021, do Plenário, deve-se
afastar a aplicação daquele entendimento, visando a
assegurar, conforme intenção do legislador, que o PNCP
seja o repositório oficial de divulgação centralizada e
obrigatória dos atos produzidos em sede das licitações e
dos contratos administrativos”. (Grifamos.) (TCU, Acórdão
nº 1.731/2022, do Plenário, Rel. Min. Jorge Oliveira, j. em
27.07.2022.)

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Proposta – Diligência – Documentos comprobatórios – seja, a desclassificação do licitante, sem que lhe seja conferida
Possibilidade – TCU oportunidade para sanear os seus documentos de habilitação
e/ou proposta, resulta em objetivo dissociado do interesse
O TCU, em representação, julgou que “a vedação à inclusão
público, com a prevalência do processo (meio) sobre o
de novo documento, prevista no art. 43, § 3º, da Lei
resultado almejado (fim)”. Nesse sentido, o tribunal decidiu que
8.666/1993 e no art. 64 da Lei 14.133/2021 não alcança
“o pregoeiro, durante as fases de julgamento das propostas e/
documento ausente, comprobatório de condição atendida
ou habilitação, deve sanear eventuais erros ou falhas que
pelo licitante quando apresentou sua proposta, que não
não alterem a substância das propostas, dos documentos
foi juntado com os demais comprovantes de habilitação
e sua validade jurídica, mediante decisão fundamentada,
e da proposta, por equívoco ou falha, o qual deverá
registrada em ata e acessível aos licitantes, nos termos dos
ser solicitado e avaliado pelo pregoeiro”. (Grifamos e
arts. 8º, inciso XII, alínea “h”; 17, inciso VI; e 47 do Decreto
acrescentamos link à citação.) (TCU, Acórdão nº 2.673/2021, do
10.024/2019; sendo que a vedação à inclusão de novo
Plenário, Rel. Min. Jorge Oliveira, j. em 10.11.2021.)
documento, prevista no art. 43, § 3º, da Lei 8.666/1993 e
no art. 64 da Nova Lei de Licitações (Lei 14.133/2021), não
alcança documento ausente, comprobatório de condição
Propostas – Erros – Saneamento pelo pregoeiro –
atendida pelo licitante quando apresentou sua proposta,
Apresentação de nova documentação – Documentos
que não foi juntado com os demais comprovantes de
comprobatórios – Possibilidade – TCU
habilitação e/ou da proposta, por equívoco ou falha, o
O TCU, em sede de representação, julgou que a juntada de qual deverá ser solicitado e avaliado pelo pregoeiro”.
documentos que “venham a atestar condição pré-existente à (Grifamos e acrescentamos link à citação.) (TCU, Acórdão nº
abertura da sessão pública do certame não fere os princípios 1.211/2021, do Plenário, Rel. Min. Walton Alencar Rodrigues, j.
da isonomia e igualdade entre as licitantes e o oposto, ou em 26.05.2021.)

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Licitação – Documento ausente – Diligência – Possibilidade
– TCU

O TCU, em sede de representação, julgou sobre a possibilidade


de diligência para o saneamento de eventuais erros ou falhas
na apresentação de propostas. A equipe técnica, ao analisar o
caso, citou entendimento do Acórdão nº 1.121/2021, do Plenário,
no sentido de que “o pregoeiro, durante as fases de julgamento
das propostas e/ou habilitação, deve sanear eventuais erros
ou falhas que não alterem a substância das propostas, dos
documentos e sua validade jurídica, mediante decisão
fundamentada, registrada em ata e acessível aos licitantes,
nos termos dos arts. 8º, inciso XII, alínea ‘h’; 17, inciso VI; e 47 do
Decreto 10.024/2019”. O mesmo julgado decidiu ainda que “a
vedação à inclusão de novo documento, prevista no art. 43,
§ 3º, da Lei 8.666/1993 e no art. 64 da Nova Lei de Licitações
(Lei 14.133/2021), não alcança documento ausente,
comprobatório de condição atendida pelo licitante quando
apresentou sua proposta, que não foi juntado com os
demais comprovantes de habilitação e/ou da proposta, por
equívoco ou falha, o qual deverá ser solicitado e avaliado
pelo pregoeiro”. (Grifamos e acrescentamos link à citação.)
(TCU, Acórdão nº 2.443/2021, do Plenário, Rel. Min. Augusto
Sherman, j. em 06.10.2021.)

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Dispensa de licitação – Art. 75 da Lei nº 14.133/2021 – reforço à devida publicidade até a efetiva integração entre
Aplicação aos órgãos não vinculados ao SISG os sistemas internos e o PNCP”. (Grifamos.) (TCU, Acórdão
nº 2.458/2021, do Plenário, Rel. Min. Augusto Nardes, j. em
O TCU, em sede de consulta, julgou a aplicação do art. 75
13.10.2021.)
da Lei nº 14.133/2021 por órgão não vinculados ao Sistema
de Serviços Gerais (Sisg). Segundo o tribunal, “é possível
a utilização do art. 75 da Lei 14.133/2021 por órgãos Licitação – Suspensão – Inconstitucionalidade do § 1º do
não vinculados ao Sistema de Serviços Gerais (Sisg), do art. 171
grupo chamado órgãos ‘não-Sisg’, em caráter transitório
e excepcional, até que sejam concluídas as medidas Trata-se de proposição acerca de possível inconstitucionalidade
necessárias ao efetivo acesso às funcionalidades do Portal dos §§ 1º e 3º do art. 171 da Lei nº 14.133/2021 (Nova Lei de
Nacional de Contratações Públicas – PNCP”. (Grifamos.) Licitações). O relator analisou 3 ordens de inconstitucionalidade
(TCU, Acórdão nº 2.458/2021, do Plenário, Rel. Min. no § 1º do referido artigo: formal subjetiva, formal orgânica
Augusto Nardes, j. em 13.10.2021.) e material. A análise de inconstitucionalidade decorre da
expressão “no prazo de 25 (vinte e cinco) dias úteis, contado
da data do recebimento das informações a que se refere o
Contratação direta – Publicação no DOU até a integração § 2º deste artigo, prorrogável por igual período uma única
com o PNPC vez”, contida no referido dispositivo. Segundo o julgador, “a
inconstitucionalidade formal subjetiva decorre da fixação,
O TCU, em sede de consulta, apreciou a possibilidade de
pela Nova Lei de Licitações, de prazo para o exercício
a publicidade das contratações diretas do próprio tribunal
do controle externo, com a conseguinte usurpação da
serem feitas no DOU, até que seja viabilizada a completa
competência privativa dos tribunais de contas para
integração ao PNCP. Segundo o tribunal, “em reforço à
propositura de lei que discipline a sua forma de atuação,
transparência que deve ser dada às contratações diretas,
funcionamento e organização interna”. No caso, a fixação
que seja utilizado o Diário Oficial da União – DOU como
do prazo “viola a iniciativa privativa do TCU para propositura
mecanismo complementar ao portal digital do TCU, em

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de lei visando à alteração da sua organização e funcionamento, Licitação – Suspensão – Inconstitucionalidade dos § 1º, inc.
prevista no art. 73 c/c art. 96, inciso I, alínea “a”, e inciso II, alínea II e § 3º do art. 171
“d”, da Constituição Federal”. Quanto à inconstitucionalidade
Trata-se de proposição acerca de possível
formal orgânica, “a competência para dispor sobre a
inconstitucionalidade dos §§ 1º, inc. II e 3º do art. 171 da Lei
organização e o funcionamento dos tribunais de contas
nº 14.133/2021 (Nova Lei de Licitações). O julgador entendeu
estaduais e municipais é dos respectivos estados-membros,
pela ocorrência de inconstitucionalidade de natureza formal
conforme previsto no parágrafo único do art. 75 da Constituição
e material. Destacou a ocorrência de “inconstitucionalidade
Federal”. Assim, “a União, ao estabelecer indistintamente
formal subjetiva, tendo em vista que o projeto de lei proposto
para todos os tribunais de contas o mencionado prazo para
pelo parlamento, ao criar dever para o tribunal de contas,
o julgamento dos casos em que seja decretada suspensão
interfere em matérias de organização e funcionamento desse
cautelar de licitação, acabou por estabelecer norma de
órgão de controle externo, desrespeitando suas prerrogativas
processo que atinge a autonomia organizacional e funcional
de autonomia e autogoverno, notadamente a iniciativa
desses órgãos de controle externo, com a consequente
privativa para processo legislativo com essa finalidade. Violam,
usurpação da competência privativa reservada aos estados-
portanto, o art. 73, caput, c/c o art. 96 inciso I, alínea “a”, e
membros, incorrendo, assim, em inconstitucionalidade formal
inciso II, alínea “d”, da Constituição Federal”. Verificou também
orgânica, por violação aos arts. 18, 25, caput e § 1º, c/c arts.
“inconstitucionalidade formal orgânica, pois a União não
73, 75 e 96 da Constituição Federal. (...) Por fim, o mencionado
dispõe de competência legislativa para estabelecer deveres
dispositivo legal, ao fixar um prazo exíguo para o exercício do
aos tribunais de contas dos entes subnacionais, conforme já
controle externo, incorre em inconstitucionalidade material,
exposto no presente voto, em violação aos arts. 18, 25, caput
por obstar o pleno exercício de competências expressas
e § 1º, c/c os arts. 73, 75 e 96 da Constituição Federal”. Por
do TCU previstas no art. 71 da Constituição Federal,
fim, “inconstitucionalidade material, porque, ao atribuírem
notadamente a competência para fiscalizar, bem como o
aos tribunais de contas deveres que extrapolam os limites
próprio poder geral de cautela, fundado na teoria dos poderes
da competência constitucional de controle externo, violam
implícitos”. (Grifamos.) (TCU, Acórdão nº 2.463/2021, do
Plenário, Rel. Min. Bruno Dantas, j. em 13.10.2021.)

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o princípio da separação dos poderes, previsto no art. 2º da determinaria que as propostas de preços incluíssem todos os
Constituição Federal. Ademais, tendo em vista o princípio da tributos inerentes à venda do insumo”. O relator, ao analisar
segregação de funções, não se pode atribuir ao mesmo órgão o caso, sustentou que a entidade deve assegurar, “nas
a função de gestão e o papel de controle externo”. (Grifamos.) licitações futuras, a comparação justa das propostas das
(TCU, Acórdão nº 2.463/2021, do Plenário, Rel. Min. Bruno licitantes estrangeiras com as oferecidas por empresas
Dantas, j. em 13.10.2021.) nacionais”. Fundamentou que a estatal pode “guiar-se pelo
preceito do 52, § 4º, da Lei 14.133/2021, para corrigir a
falha”, em observância ao princípio da isonomia prevista
Estatais – Lei nº 13.303/2016 – Licitação internacional – no art. 37, inc. XXI, da CF e art. 31 da Lei nº 13.303/2016.
Equalização das propostas – Adoção de regra da nova Lei Assim, determinou que a estatal adote “providências para
de Licitações – Previsão em regulamento prever, em seu regulamento de licitações e contratos,
regra de equalização de propostas, a exemplo da contida
Trata-se de representação em razão de irregularidade na
no art. 52, § 4º, da Lei 14.133/2021, com vistas a assegurar a
aquisição de papéis especiais de segurança. Foi apontada
comparação justa das propostas de licitantes estrangeiras
violação ao princípio da isonomia, tendo em vista que o edital
com àquelas de licitantes nacionais”. (Grifamos e
não teria exigido que as cotações das empresas estrangeiras
acrescentamos link à citação.) (TCU, Acórdão nº 2.319/2021, do
incluíssem os tributos aplicáveis à operação de importação,
Plenário, Rel. Min. Bruno Dantas, j. em 29.09.2021.)
“ao passo que, para os licitantes sediados no país, o edital

15
TRIBUNAL DE CONTAS DE MINAS GERAIS um ano de sua assinatura, nos moldes autorizados pelo
art. 84 da Lei nº 14.133/21, é possível o reajuste ou a
repactuação dos preços, conforme seja a mão-de-obra
Licitação – Ata de registro de preços – Adesão – fator preponderante ou não, a fim de preservar a equação
Regulamentação – Necessidade – TCE/MG econômico-financeira da relação jurídica, em face da variação
ordinária de custos. Nesse sentido, “para o reajuste, é
O TCE/MG julgou que “o § 3º do art. 86 da Lei nº 14.133/21
aplicado o índice de variação de preços apropriado,
dispõe sobre norma específica, aplicável apenas à
automaticamente, após 12 (doze) meses contados da
Administração Pública federal, cabendo ao Estado de Minas
apresentação do orçamento ou da proposta, nos termos
Gerais, em âmbito regional, e aos municípios mineiros, no
do § 3º do art. 92 da Lei nº 14.133/21”. Por outro lado,
âmbito local, regulamentar, com fundamento no art. 78,
“para a repactuação, o interregno mínimo é de um ano,
§ 1 º, da mesma Lei, os procedimentos auxiliares, entre os
contado da apresentação da proposta (art. 92, § 3º), e a
quais se insere o sistema de registro de preços, oportunidade
variação nos custos deve ser analiticamente demonstrada,
em que poderá dispor acerca da possibilidade ou não de
com data vinculada à apresentação da proposta, para os
adesão a atas de registro de preços municipais, além das
custos do mercado, e ao acordo, convenção coletiva ou
distritais, estaduais e federais, inclusive dos consórcios
dissídio coletivo, para os custos de mão-de-obra (art. 135,
públicos criados nessas esferas”. (Grifamos.) (TCE/
I e II, e § 3º)”. Por fim, “não há prazo mínimo de vigência
MG, Processo nº 1120126, Rel. Cons. Cláudio Terrão, j. em
contratual ou da ARP para a incidência da revisão derivada
21.06.2023.)
da ocorrência de fato do príncipe. O que determinará a sua
incidência é a prática de ato estatal de caráter geral que afete

Licitação – Ata de registro de preços – Prorrogação – a equação econômico-financeira do contrato, em qualquer


momento após a oferta da proposta ou do orçamento, desde
TCE/MG
que a variação seja demonstrada analiticamente, para mais ou
O TCE/MG julgou a prorrogação do prazo de vigência de ata para menos”. (Grifamos.) (TCE/MG, Processo nº 1120126, Rel.
de registro de preços (ARP). Segundo o tribunal, “decorrido Cons. Cláudio Terrão, j. em 21.06.2023.)

16
Dispensa de licitação – Em razão do valor – Serviços de centavos), deve ser considerado por contratação. Ou seja,
manutenção de veículos e fornecimento de peças – TCE/MG independente de os serviços de manutenção de veículos
da frota do órgão ou entidade, incluído o fornecimento de
O TCE/MG, em consulta, fixou entendimento acerca de
peças, serem para um ou mais veículos”. (Grifamos.) (TCE/
contratações diretas por dispensa fundamentada no art. 75,
MG, Processo nº 1121074, Rel. Cons. Cláudio Couto Terrão, j.
inc. I e parágrafos, da Lei nº 14.133/21. Segundo o tribunal, “a
em 05.07.2023.)
Administração pode, com base no art. 75, I, da Lei nº 14.133/21,
firmar contrato de manutenção de veículos e de fornecimento
de peças, por dispensa de licitação até o limite de R$ Credenciamento – Contratação de bens comuns –
114.416,65 (cento e quatorze mil quatrocentos e dezesseis Possibilidade – TCE/MG
reais e sessenta e cinco centavos) e, com fulcro no § 7º do
art. 75, firmar dispensas, no mesmo exercício financeiro, O TCE/MG, em consulta, julgou que, “ressalvadas as
desde que cada uma, considerada individualmente, especificidades aplicáveis a cada espécie, ainda que
não ultrapasse o valor de R$ 9.153,34 (nove mil cento e pendente de regulamentação, é possível a utilização do
cinquenta e três reais e trinta e quatro centavos), sem que credenciamento fundado no inciso III do art. 79 da Lei
se incorra em fracionamento irregular da despesa”. Ainda, nº 14.133/21 para a contratação de bens comuns tais
“ressalvado o previsto no § 7º do art. 75, o fracionamento como medicamentos, material hospitalar, gêneros
irregular da despesa deverá ser apurado considerando-se alimentícios, material de construção, peças e acessórios
o somatório das despesas realizadas pela mesma unidade para veículos automotores e combustíveis, desde que as
gestora, em atendimento aos ditames dos incisos I e II circunstâncias de aquisição se amoldem às exigências
do § 1º do art. 75 da Lei nº 14.133/21”. Por fim, decidiu que legais e sejam devidamente justificadas, demonstrando-se
“o limite fixado no § 7º do art. 75 da Lei nº 14.133/21, que a vantajosidade do credenciamento para a Administração.
atualmente corresponde ao montante de R$ 9.153,34 Ressalva-se, porém, que a aquisição de medicamentos é
(nove mil cento e cinquenta e três reais e trinta e quatro regida por normas próprias, e que a manutenção de veículos

17
automotores, incluído o fornecimento de peças, pode ser a inexigibilidade de licitação, diante da imprevisibilidade
realizada por contratação direta por meio de dispensa em do resultado e dos aspectos subjetivos da contratação”.
razão do valor, nos termos do art. 75, I c/c § 7º, da citada (Grifamos.) (TCE/MG, Processo nº 1084321, Rel. Cons. Adonias
Lei”. (Grifamos.) (TCE/MG, Processo nº 1120202, Rel. Cons. Monteiro, j. em 13.06.2023.)
Hamilton Coelho, j. em 14.06.2023.)

Pesquisa de preços – Serviços de auditoria e consultoria


Inexigibilidade de licitação – Serviços de auditoria contábil – Subjetividade do objeto – Comparação dos
e consultoria contábil – Aspectos subjetivos e contratos com outros entes públicos – Possibilidade –
imprevisibilidade dos resultados – Possibilidade – TCE/MG TCE/MG

O TCE/MG, em representação, julgou a contratação por O TCE/MG, em representação, julgou a pesquisa de


inexigibilidade de licitação para prestação de serviço preços para a contratação de serviço técnico profissional
técnico profissional especializado em auditoria e consultoria especializado em auditoria e consultoria contábil, orçamentária
contábil, orçamentária e financeira. Segundo o tribunal, “em e financeira. Segundo o tribunal, “é legítima a justificativa dos
observância às mudanças legislativas operadas pela Lei preços quando, obstada pesquisa diante da subjetividade
nº 14.039/2020, que alterou o Estatuto da Advocacia e o da prestação contratada, esta se der alicerçada na
Decreto-Lei nº 9.295/1946, e nº 14.133/2021, nova Lei de comparação dos contratos da empresa com outros entes
Licitações, que passaram a dispor sobre a natureza técnica públicos, em avenças envolvendo objeto equivalente,
e singular dos serviços prestados por advogados e por observada a jurisprudência desta Corte e o art. 23, § 4º,
profissionais de contabilidade, e à recente jurisprudência da Lei n. 14.133/2021”. (Grifamos.) (TCE/MG, Processo nº
deste Tribunal no sentido de maior abrangência da 1084321, Rel. Cons. Adonias Monteiro, j. em 13.06.2023.)
singularidade dessas prestações, considera-se legítima

18
Licitação – Serviços de iluminação pública – Elaboração de Licitação – Manutenção e modernização de iluminação
planilha orçamentária – Obrigatoriedade – TCE/MG pública – Serviços licitados em conjunto – Possibilidade –
TCE/MG
O TCE/MG, em denúncia, julgou que na prestação de
serviços relativos à modernização, operação e manutenção O TCE/MG, em denúncia, julgou que “os serviços licitados
preventiva e corretiva de iluminação pública no município, em conjunto devem ser correlatos, de acordo com
“a Administração Pública deve elaborar orçamento com o art. 23, § 1º, da Lei n. 8.666/1993, art. 18, VII, da Lei
todos os custos unitários dos serviços a serem realizados, 14.133/21”. Segundo o tribunal, “os serviços de manutenção
conforme o disposto no art. 7º, § 2º, II, da Lei nº 8.666/1993 e modernização da iluminação pública são correlatos,
e no art. 6º, XXV, “f”, da Lei n. 14.133/2021”. (Grifamos.) podendo ser realizados pela mesma equipe de funcionários
(TCE/MG, Denúncia nº 1114705, Rel. Cons. Durval Ângelo, j. em e veículos, visto que utilizam essencialmente os mesmos
04.05.2023.) equipamentos, os mesmos profissionais e técnicas com
similaridade relevante, oferecendo economia de escala e
eficientização da prestação do objeto contratado”. (Grifamos.)
(TCE/MG, Denúncia nº 1114705, Rel. Cons. Durval Ângelo, j. em
04.05.2023.)

19
Contrato – Garantia – Ausência – Irregularidade – TCE/MG (TCE/MG, Processo nº 1098613, Rel. Cons. Hamilton Coelho, j.
em 14.02.2023.)
O TCE/MG, em representação, julgou o descumprimento
contratual atinente à ausência de demonstração da prestação
de garantia. No caso, “a ausência da prestação de garantias Habilitação – Capacidade técnica profissional e
pelos licitantes transgride os cânones da legalidade e da operacional – Irregularidades – TCE/MG
vinculação ao instrumento convocatório e os enunciados
capitulados nos arts. 56, caput, e 66 da Lei n. 8.666/93”. O O TCE/MG, em representação, julgou a ocorrência de
relator, ao analisar o caso, apontou que “a inconformidade, de exigências irregulares de habilitação concernentes às
fato, ocorreu, ou seja, não houve a prestação de garantias capacidades técnica-profissional e técnica-operacional.
por parte das vencedoras dos certames. Tal inexatidão, Foi apontado “impropriedades nas cláusulas dos editais
por sua vez, foi atenuada em desdobramento da efetiva referentes aos requisitos para a habilitação dos licitantes.
prestação de serviços pelas empresas contratadas, sem No que concerne à capacidade técnica-profissional, não
qualquer repercussão de lesividade ao erário municipal”. Nesse houve justificativa para a inclusão de quantitativos mínimos,
sentido, recomendou à Administração Municipal, incumbindo circunstância que infringiu o disposto no art. 30, § 1º, I, da
ao atual Chefe do Executivo conferir irrestrita publicidade Lei n. 8.666/93. Sobre a capacidade técnica-operacional,
aos gestores e servidores responsáveis pelas contratações houve imposição da apresentação de atestado fornecido por
públicas, de modo que, nas futuras contratações, o ente pessoa jurídica de direito público ou privado, devidamente
providencie a designação do gestor e do fiscal do contrato registrado na entidade profissional competente, conquanto
em conformidade com as disposições legais pertinentes, o CREA registre apenas atestados de qualificação técnica-
individualizando as tarefas e as responsabilidades cabíveis profissional”. Segundo o tribunal, “a previsão relativa a
a cada um dos agentes envolvidos, em consonância com os exigências irregulares de habilitação nos editais dos
dizeres do art. 117 da Lei nº 14.133/21”. (Grifamos.) certames, direcionada notadamente à capacidade técnica-
profissional e à capacidade técnica-operacional dos

20
licitantes, ofende os preceitos estampados no art. 30, § 1º, de licitação. Todavia, a adoção do critério temporal como
I, e § 3º da Lei de Licitações e Contratos”. Nesse sentido, o fator de pontuação nas licitações de melhor técnica ou
relator recomendou à administração para que “atente quanto técnica e preço deve ser, necessariamente, motivada e
às peculiaridades envolvendo as exigências de habilitação proporcional, bem como não pode acarretar restrição
das licitantes, especialmente relativamente às capacidades indevida a competitividade do certame”. (Grifamos.) (TCE/
técnicas profissional e operacional, em conformidade com MG, Processo nº 1102289, Rel. Cons. Hamilton Coelho, j. em
o enunciado do art. 67, incisos I, II e V da Lei nº 14.133/21, 15.03.2023.)
conferindo-se ampla e irrestrita publicidade da orientação
aos gestores e demais responsáveis pelas contratações
públicas”. (Grifamos.) (TCE/MG, Processo nº 1098613, Rel. Dispensa de licitação – Mesma natureza – Definição –
Cons. Hamilton Coelho, j. em 14.02.2023.) Referência de valores – TCE/MG

O TCE/MG, em consulta, julgou se a referência de “mesma


natureza” para aferição de valores é relativa ao objeto ou ao
Proposta – Julgamento – Melhor técnica e preço ou
CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas).
inexigibilidade – Critério temporal – Pontuação técnica –
Segundo o tribunal, “na Lei nº 14.133/2021 considera-se
Necessidade de justificativa – TCE/MG
que objetos da mesma natureza são os que pertencem ao
O TCE/MG, em consulta, julgou se em relação à notória ‘mesmo ramo de atividade’. Inexiste definição, todavia,
especialização e no julgamento da proposta melhor técnica acerca do alcance de tal locução, de modo que os entes
e preço é possível exigir tempo de atividade anterior como federados, no exercício de sua autonomia administrativa,
pontuação técnica para fins de julgamento da proposta materializado no princípio federativo, de guarida
técnica. Segundo o tribunal, “não há vedação legal para constitucional, podem estabelecer parâmetro próprio
adoção do critério temporal como fator de pontuação da para definição objetiva de ‘ramo de atividade’ para os fins
proposta técnica ou como elemento de aferição da notória do disposto no art. 75 da Lei nº 14.133/2021, observados
especialização na contratação direta por inexigibilidade os demais princípios aplicáveis e os respectivos limites

21
do poder regulamentar. Na ausência de regulamentação unidade orçamentária ou administrativa investida do poder
do conceito de ‘mesmo ramo de atividade’, para os de gerir recursos orçamentários e financeiros, próprios ou
fins preceituados no art. 75 da Lei nº 14.133/2021, os sob descentralização, conforme a estrutura utilizada no
entes poderão reproduzir a normatização federal, que ente federativo”. (Grifamos.) (TCE/MG, Processo nº 1102289,
estabelece o nível de subclasse da Classificação Nacional Rel. Cons. Hamilton Coelho, j. em 15.03.2023.)
de Atividades Econômicas – CNAE como parâmetro, nos
termos da Instrução Normativa SEGES/ME nº 67/2021,
sendo obrigatória a adoção de tal critério apenas caso Registro de preços – Procedimentos auxiliares – Adesão a
se trate da execução de recursos federais decorrentes ata – Regulamentação – TCE/MG
de transferências voluntárias, conforme art. 2º de tal
O TCE/MG, em consulta, fixou entendimento referente a
normativo”. (Grifamos.) (TCE/MG, Processo nº 1102289, Rel.
adesão à ata de registro de preços (carona) de um município
Cons. Hamilton Coelho, j. em 15.03.2023.)
em licitação para registro de preços gerenciada por outro
município. Segundo o tribunal, “compete ao Estado de
Minas Gerais, em âmbito regional, e aos municípios
Dispensa de licitação – Unidade gestora – Órgão ou
mineiros, no âmbito local, regulamentar, com fundamento
entidade contratante – TCE/MG
no art. 78, § 1º, da Lei nº 14.133/21, os procedimentos
O TCE/MG, em consulta, fixou entendimento acerca da auxiliares, entre os quais se insere o sistema de registro
indagação de que para fins de aplicação de dispensa de de preços, oportunidade em que poderá dispor acerca
licitação dos municípios a referência de unidade gestora é da possibilidade ou não de adesão a atas de registro de
relativa a cada secretaria municipal ou ao município como um preços municipais, além das distritais, estaduais e federais,
todo. Segundo o tribunal, “para fins de aplicação dos limites na medida em que a previsão do § 3º do art. 86 veicula
de valor para dispensa de licitação, referenciados no art. norma específica aplicável apenas à Administração Pública
75, I, II e § 1º, I, ‘unidade gestora’ corresponde ao órgão ou federal”. (Grifamos.) (TCE/MG, Processo nº 1102289, Rel.
entidade que promove a contratação, assim entendida a Cons. Hamilton Coelho, j. em 15.03.2023.)

22
14133/2021, observadas, em relação aos municípios com
até 20 mil habitantes, as disposições insertas no art. 176 do
citado diploma”. (Grifamos.) (TCE/MG, Processo nº 1102289,
Rel. Cons. Hamilton Coelho, j. em 15.03.2023.)

Planejamento – Estudo técnico preliminar –


Obrigatoriedade – TCE/MG

O TCE/MG, em consulta, fixou entendimento sobre o estudo


técnico preliminar ser obrigatório em todas as modalidades
de licitação. Segundo o tribunal, “o estudo técnico
preliminar ETP é, em regra, obrigatório nas modalidades
de licitação previstas na Lei 14.133/2021, porquanto
constitui importante instrumento de planejamento das
contratações públicas nos termos do inciso XX, do art.
Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP) – TCE/
6º desse mesmo diploma legal. Contudo, dependendo
MG
das particularidades do objeto licitado, das condições
O TCE/MG, em consulta, fixou entendimento acerca do Portal da contratação e da modalidade licitatória, a elaboração
Nacional de Contratações Públicas (PNCP) constante na do ETP poderá ser facultada ou dispensada, devendo o
Lei nº 14.133/21. Segundo o tribunal, “o Portal Nacional de agente público responsável justificar expressamente em
Contratações Públicas – PNCP já se encontra em atividade, cada caso nos autos do Processo Administrativo as razões
estando, pois, os órgãos e entidades da Administração e os fundamentos da decisão de não elaboração do ETP”.
Pública obrigados a conferir publicidade a seus atos (Grifamos.) (TCE/MG, Processo nº 1102289, Rel. Cons. Hamilton
no mencionado sistema nos distritos termos da Lei Coelho, j. em 15.03.2023.)

23
Licitação – Relação de parentesco entre licitante e Dispensa de licitação – Definição da expressão “mesma
contratante – Inexistência de conluio – Contratação mais natureza” –Considerações – TCE/MG
vantajosa – TCE/MG
O TCE/MG julgou sobre o alcance da expressão “mesma
Trata-se de denúncia em que foi apontada a existência de natureza” contido no inc. II do § 1º do art. 75 da Lei nº
conluio entre participantes da licitação, diante da relação de 14.133/2021. Segundo o tribunal, “na Lei nº 14.133/2021
parentesco entre integrantes do quadro societário da empresa considera-se que objetos da mesma natureza são os que
vencedora com o prefeito do município contratante. O tribunal, pertencem ao ‘mesmo ramo de atividade’. Inexiste definição,
ao analisar o caso, julgou que “a ocorrência de conluio entre todavia, acerca do alcance de tal locução, de modo que
os participantes do certame requer prova cabal, não se os entes federados, no exercício de sua autonomia
podendo alegar, somente, o parentesco entre sócios de administrativa, materializado no princípio federativo, de
empresas com o gestor, desconsiderando a proposta guarida constitucional, podem estabelecer parâmetro
de preço mais vantajosa para a Administração”. Assim, próprio para definição objetiva de ‘ramo de atividade’
deixou de aplicar multa aos responsáveis diante da ausência para os fins do disposto no art. 75 do mencionado
de comprovação de prejuízo ao erário, à competitividade ou diploma legal, observados os demais princípios aplicáveis
à isonomia, em consonância com o disposto no art. 22, § 2º, e os respectivos limites do poder regulamentar. Nesse
da LINDB. No entanto, recomendou ao atual gestor no sentido sentido, na ausência de regulamentação do conceito de
de que a Lei nº 14.133/21, quanto à contratação de parentes, ‘mesmo ramo de atividade’, para os fins preceituados no
“previu expressamente impedimentos destes para atuarem art. 75 da Lei n. 14.133/2021, os entes poderão reproduzir a
em licitação (art. 7º, III), assim como de terceiros, não normatização federal, que estabelece o nível de subclasse
integrantes da Administração (art. 14, IV)”. (Grifamos.) da Classificação Nacional de Atividades Econômicas
(TCE/MG, Denúncia nº 1024655, Rel. Cons. Licurgo Mourão, j. – CNAE como parâmetro, nos termos da Instrução
em 15.09.2022.) Normativa SEGES/ME n. 67/2021”. Sustentou também

24
que “na Lei nº 14.133/2021, para fins de avaliação acerca Publicidade – PNCP – Obrigatoriedade – TCE/MG
da possibilidade de contratação direta por dispensa em
O TCE/MG julgou irregularidade na publicação intempestiva
virtude do valor, foram fixados pressupostos de natureza
do termo de ratificação e extrato do edital. Segundo analisado,
temporal e organizacional, quais sejam, o valor total a ser
a publicação ocorreu fora do prazo legal. O relator, contudo,
gasto pela respectiva unidade gestora, com objetos de
deixou de aplicar multa aos responsáveis, “considerando que
idêntica natureza, no período de um exercício financeiro,
além de não ter havido a possibilidade de correção da falha
não havendo menção, portanto, aos atuais requisitos
pela Administração à época, tal irregularidade não ocasionou
de execução conjunta e concomitante e no ‘mesmo
prejuízo à municipalidade, uma vez que os serviços
local’”. Assim, “para a adequada utilização do instituto da
contratados foram efetivamente prestados”. Nesse
dispensa de licitação, as unidades gestoras da Administração
sentido, o tribunal recomendou ao gestor que, “nas futuras
deverão providenciar o planejamento de suas atividades e
contratações, observe a previsão contida no art. 94 da Lei nº
necessidades, dimensionando as respectivas contratações
14.133/2021, que dispõe que a divulgação no Portal Nacional
a serem realizadas no exercício financeiro subsequente,
de Contratações Públicas – PNCP é condição indispensável
o que compreende, entre outras medidas, a elaboração
para a eficácia do contrato e de seus aditamentos”. Além
de estimativas de quantitativos e custos de produtos,
disso, ressaltou que o “art. 174 da referida lei, dispõe sobre
serviços e outros suprimentos necessários à manutenção
a criação do Portal Nacional de Contratações Públicas –
da unidade e à execução de suas atribuições”. (Grifamos.)
PNCP, que é o sítio eletrônico oficial destinado à divulgação
(TCE/MG, Consulta nº 1104833, Rel. Cons. Hamilton Coelho, j.
centralizada e obrigatória dos atos exigidos pela nova Lei
em 19.10.2022.)
de Licitações e Contratos Administrativos, bem como à
realização facultativa das contratações pelos órgãos e
entidades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário
de todos os entes federativos. Logo, no PNCP serão
divulgadas informações como sistema de registro cadastral

25
unificado, painel para consulta de preços, banco de preços em Dispensa de licitação – Por valor – Manutenção de veículos
saúde e acesso à base nacional de notas fiscais eletrônicas, automotores – Valor acima do limite legal – Possibilidade –
bem como a disponibilização do: sistema de planejamento e TCE/MG
gerenciamento de contratações, sistema eletrônico para a
realização de sessões públicas, acesso ao Cadastro Nacional O TCE/MG fixou entendimento sobre as peculiaridades

de Empresas Inidôneas e Suspensas e ao Cadastro Nacional de trazidas pela Lei nº 14.133/2021 quanto a contratação direta,

Empresas Punidas – Cnep e sistema de gestão compartilhada em razão do valor, dos serviços de manutenção de veículos

com a sociedade de informações referentes à execução do automotores, nos termos do art. 75, I e II. Segundo o tribunal,

contrato. Com isso, o PNCP previsto na Lei n. 14.133/2021, “nas contratações realizadas sob a égide da Lei nº 14.133/21,

busca incrementar a transparência e a publicidade dos “é possível a contratação direta, em razão do valor, dos

atos relacionados aos procedimentos licitatórios e aos serviços de manutenção de veículos automotores de

contratos administrativos, facilitando o exercício do propriedade do órgão ou entidade contratante, incluído

controle social”. (Grifamos.) (TCE/MG, Processo nº 1071535, o fornecimento de peças, cujo valor individual não

Rel. Cons. Licurgo Mourão, j. em 20.10.2022.) exceda a R$ 8.643,27, mesmo que o somatório dos valores
das contratações realizadas no exercício ultrapasse o
montante previsto no inciso I do art. 75, por força do
disposto no § 7º”. Ainda, “como decorrência da previsão
do § 7º do art. 75 da Lei nº 14.133/21, são computadas no
somatório para aferição do enquadramento na dispensa
de licitação em razão do valor (art. 75, I) somente as
contratações de serviços de manutenção de veículos
automotores que excedam a R$ 8.643,27”. (Grifamos.) (TCE/
MG, Consulta nº 1119728, Rel. Cons. Cláudio Couto Terrão, j. em
21.09.2022.)

26
Dispensa de licitação – Associações de municípios – Sanção administrativa – Suspensão temporária –
Entidades não integrantes da Administração Pública – Impedimento de licitar e contratar – Lei nº 14.133/2021 e
Impossibilidade – TCE/MG Lei nº 8.666/1993 – Interpretação sistemática – TCE/MG

O TCE/MG respondeu consulta sobre a possibilidade de O TCE/MG, em consulta, julgou que “durante a vigência
contratação de associações de municípios por dispensa concomitante da Lei Federal nº 14.133/21 e da Lei Federal nº
de licitação. Segundo o tribunal, “as associações de 8.666/93 não é razoável que coexistam interpretações diversas
municípios não são órgãos ou entidades que compõem sobre um mesmo instituto a depender da lei adotada, devendo
a Administração Pública, o que afasta a possibilidade de prevalecer o entendimento acerca da disposição legal
serem contratadas pelos municípios que a constituem” expressa em detrimento de dispositivo sob o qual exista
por dispensa de licitação pela Lei nº 8.666/93 e Lei nº relevante dúvida interpretativa”. Nesse sentido, “a sanção
14.133/21. “Tal conclusão ressai da interpretação dos preceitos prevista no art. 87, inciso III, da Lei Federal nº 8.666/93
legais analisados que não contemplaram tal entidade como de ‘suspensão temporária de participação em licitação e
integrante da Administração Pública, conforme exigem a Lei impedimento de contratar com a Administração’ abrange a
nº 8.666/1993 e a Lei nº 14.133/2021. Assim, entendeu pela Administração Pública direta e indireta do ente federativo
impossibilidade de dispensa de licitação para contratações que tiver aplicado a sanção, em consonância com o art.
de associações de municípios que a constituem, com 156, III, e § 4º da Lei Federal nº 14.133/21”. (Grifamos.)
fundamento no art. 24, VIII, da Lei nº 8.666/1993 e no art. (TCE/MG, Processo nº 1088941, Rel. Cons. Duval Angelo, j. em
75, IX, da Lei nº 14.133/2021, “uma vez que tais entidades 25.08.2021.)
não integram a Administração Pública”. (Grifamos.) (TCE/
MG, Processo nº 1102139, Rel. Cons. Adonias Monteiro, j. em
01.09.2021.)

27
Contratação direta – Inexigibilidade ou dispensa –
Aquisição de material didático – Impossibilidade –
Necessidade de análise do caso concreto – TCE/MG

O TCE/MG respondeu consulta sobre a possibilidade de


aquisição de material didático por contratação direta.
Segundo o tribunal, “não é possível afirmar abstratamente
se a aquisição de material didático pode ser contratada
mediante procedimento de inexigibilidade, uma vez
que tal objeto não denota, por si só, a inviabilidade de
competição e, sendo esta factível, a regra é a realização
de licitação”. Sustentou também que a “dispensa de licitação
nos regimes da Lei nº 8.666/93 (art. 24) e da Lei nº 14.133/21
(art. 75) não contempla o fornecimento de material didático
de forma específica, razão pela qual essa circunstância,
isoladamente considerada, não autoriza a contratação
direta, embora outras circunstâncias possam determinar
o seu enquadramento no rol legal”. Nesse sentido, apontou da Lei nº 14.133/21, com o destaque para o fato de que, na
que cabe ao gestor analisar o contexto fático que recomenda novel legislação, os montantes que autorizam a contratação
o afastamento da licitação e aludiu, a título exemplificativo, direta pelo valor reduzido foram sensivelmente aumentados”.
pela “dispensa de licitação em razão de pequeno valor, (Grifamos.) (TCE/MG, Processo nº 1112571, Rel. Cons. Cláudio
prevista nos incisos I e II dos arts. 24 da Lei nº 8.666/93 e 75 Terrão, j. em 02.02.2022.)

28
Sanções administrativas – Suspensão temporária de Dispensa de licitação – Associações de municípios –
participação e impedimento de licitar – Abrangência Entidades não integrantes da Administração Pública –
Impossibilidade
O TCE/MG, em consulta, julgou que “durante a vigência
concomitante da Lei Federal nº 14.133/21 e da Lei Federal nº O TCE/MG respondeu consulta sobre a possibilidade de
8.666/93 não é razoável que coexistam interpretações diversas contratação de associações de municípios por dispensa
sobre um mesmo instituto a depender da lei adotada, devendo de licitação. Segundo o tribunal, “as associações de
prevalecer o entendimento acerca da disposição legal municípios não são órgãos ou entidades que compõem
expressa em detrimento de dispositivo sob o qual exista a Administração Pública, o que afasta a possibilidade de
relevante dúvida interpretativa”. Nesse sentido, “a sanção serem contratadas pelos municípios que a constituem”,
prevista no art. 87, inciso III, da Lei Federal nº 8.666/93 por dispensa de licitação pela Lei nº 8.666/1993 e Lei nº
de ‘suspensão temporária de participação em licitação e 14.133/2021. “Tal conclusão ressai da interpretação dos
impedimento de contratar com a Administração’ abrange a preceitos legais analisados que não contemplaram tal entidade
Administração Pública direta e indireta do ente federativo como integrante da Administração Pública, conforme exigem a
que tiver aplicado a sanção, em consonância com o art. Lei nº 8.666/1993 e a Lei nº 14.133/2021. Assim, entendeu pela
156, III, e § 4º da Lei Federal nº 14.133/21”. (Grifamos.) impossibilidade de dispensa de licitação para contratações
(TCE/MG, Processo nº 1088941, Rel. Cons. Duval Angelo, j. em de associações de municípios que a constituem, com
25.08.2021.) fundamento no art. 24, VIII, da Lei nº 8.666/1993 e no art.
75, IX, da Lei nº 14.133/2021, “uma vez que tais entidades
não integram a Administração Pública”. (Grifamos.) (TCE/
MG, Processo nº 1102139, Rel. Cons. Adonias Monteiro, j. em
01.09.2021.)

29
Contratação direta – Inexigibilidade ou dispensa –
Aquisição de material didático – Impossibilidade –
Necessidade de análise do caso concreto – TCE/MG

O TCE/MG respondeu consulta sobre a possibilidade de


aquisição de material didático por contratação direta.
Segundo o tribunal, “não é possível afirmar abstratamente
se a aquisição de material didático pode ser contratada
mediante procedimento de inexigibilidade, uma vez
que tal objeto não denota, por si só, a inviabilidade de
competição e, sendo esta factível, a regra é a realização
de licitação”. Sustentou também que a “dispensa de licitação
nos regimes da Lei nº 8.666/93 (art. 24) e da Lei nº 14.133/21
(art. 75) não contempla o fornecimento de material didático
de forma específica, razão pela qual essa circunstância,
isoladamente considerada, não autoriza a contratação
direta, embora outras circunstâncias possam determinar
o seu enquadramento no rol legal”. Nesse sentido, apontou
que cabe ao gestor analisar o contexto fático que recomenda
o afastamento da licitação e aludiu, a título exemplificativo,
pela “dispensa de licitação em razão de pequeno valor, prevista
nos incisos I e II dos arts. 24 da Lei nº 8.666/93 e 75 da Lei nº
14.133/21”. (Grifamos.) (TCE/MG, Processo nº 1112571, Rel.
Cons. Cláudio Terrão, j. em 02.02.2022.)

30
Licitação – Comissão de licitação – Equipe de apoio sido implementado”. Ainda, “os Municípios com mais de
– Servidores ocupantes exclusivamente de cargo em 20.000 (vinte mil) habitantes que dispõem de sítio eletrônico
comissão – Possibilidade – TCE/MG oficial, que a Lei nº 14.133/2021 em seu art. 6º, inciso LII,
conceitua como sítio da internet, certificado digitalmente por
O TCE/MG, em sede de consulta, entendeu “possível a autoridade certificadora, no qual o ente federativo divulga de
participação, em comissão de licitação ou em equipe de forma centralizada as informações e os serviços de governo
apoio, de servidores ocupantes exclusivamente de cargo digital dos seus órgãos e entidades, poderiam, antes da
em comissão, seja pela perspectiva da Lei nº 8.666/1993, da implementação do PNCP, divulgar e realizar as respectivas
Lei nº 10.520/2002 ou da Lei nº 14.133/2021, desde que na contratações em tal local”. Por fim, “os Municípios com mais
composição sejam atendidos os requisitos especificados de 20.000 (vinte mil) habitantes que não dispõem do referido
em cada diploma legal”. (Grifamos.) (TCE/MG, Processo nº sítio eletrônico oficial, poderiam, antes da implementação
1102275, Rel. Cons. Adonias Monteiro, j. em 30.03.2022.) do PNCP, divulgar as informações que a Lei nº 14.133/2021
exige (...) em sítio eletrônico oficial mediante publicação
em diário oficial, admitida a publicação de extrato, e, ainda,
Licitação – Municípios com mais de 20 mil habitantes –
deveriam disponibilizar a versão física dos documentos
Publicidade – TCE/MG
em suas repartições, vedada a cobrança de qualquer
O TCE/MG julgou que “a Lei nº 14.133/2021 tem aplicação valor, salvo referente ao fornecimento de edital ou de
imediata para os Municípios com mais de 20.000 (vinte cópia de documento, que não será superior ao custo de
mil) habitantes, mesmo durante o período em que o Portal sua reprodução gráfica”. (Grifamos.) (TCE/MG, Processo nº
Nacional de Contratações Públicas – PNCP ainda não havia 1104835, Rel. Cons. Adonias Monteiro, j. em 06.10.2021.)

31
TRIBUNAL DE CONTAS DO PARANÁ

Dispensa por valor – Cabimento – Pesquisa de preços e


publicidade

O TCE/PR julgou a possibilidade de realização de contratação


por dispensa de licitação com base no inc. I do art. 75, da Lei nº
14.133/2021. No caso, o relator entendeu pelo cabimento da
dispensa de licitação, tendo em vista que a cotação apurou
o preço estimado de R$ 82.000,00 (oitenta e dois mil reais)
e objeto se refere a serviços de engenharia (“elaboração
Licitação – Serviços notariais e de registro – de projetos executivos de arquitetura; de interiores;
Inaplicabilidade da Lei nº 14.133/2021 e Lei nº 8.666/1993 elétrico, de cabeamento estruturado e luminotécnico;
– TCE/MG hidrossanitários; de climatização; com seus respectivos
memoriais descritivos e orçamentos”). A Diretoria Jurídica
O TCE/MG julgou que “a prestação de serviços notariais
apontou a necessidade de regulamentação de diversos
e de registro por Cartório de Registro de Imóveis não se
artigos da Nova Lei de Licitações. Ponderou, entretanto, não
submete ao regime jurídico das licitações e contratos
vislumbrar óbices à utilização da normatização contida
administrativos previsto na Lei nº 8.666/1993 e na Lei nº
na Instrução de Serviço nº 125/2018 deste Tribunal de
14.133/2021, motivo pelo qual não é aplicável à espécie
Contas quanto à pesquisa de preços, tampouco prejuízo
a exigência de requisitos para habilitação, tal como a
na utilização da regulamentação atual acerca das regras
exigência de regularidade fiscal, em especial aqueles
de fiscalização e gestão do contrato, juntamente com as
previstos no art. 29, incisos III e IV, da Lei nº 8.666/1993”.
disposições trazidas pelo próprio Termo de Referência
(Grifamos.) (TCE/MG, Processo nº 1104768, Rel. Cons. Adonias
Monteiro, j. em 06.10.2021.)

32
e pelo instrumento contratual, em conformidade com TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA
o disposto no artigo 6º, inciso XXIII, e 92, XVIII, da Lei
14.133/21”. Por fim, com base na fundamentação da Diretoria
Jurídica, e tendo em vista o art. 191 da Lei nº 14.133/2021, o Contrato – Irregularidade – Impossibilidade de saneamento
julgador entendeu “cabível a utilização das disposições – Continuidade dos serviços – Interesse público – TCE/SC
da Lei nº 14.133/21 para amparar a contratação por
O TCE/SC, diante da irregularidade na previsão de
dispensa de licitação em exame, incumbindo à Diretoria
pagamento por hora trabalhada na contratação de empresa
Administrativa – Supervisão de Licitações e Contratos
para fornecimento de insumos e prestação de serviços de
atentar para a regra de obrigatoriedade de publicação do
manutenção predial, julgou pela ilegalidade do edital com
contrato a ser firmado no Portal Nacional de Contratações
aplicação do art. 147 da Lei nº 14.133/2021. No caso, a
Públicas – PNCP, nos moldes determinados no artigo 94 da
impossibilidade de saneamento da irregularidade decorreu da
Lei 14.133/21”. (Grifamos e acrescentamos links à citação.)
homologação do certame após decisão de sustação cautelar.
(TCE/PR, Acórdão nº 2.984/2021, Processo nº 617210/21, Rel.
Nesse sentido, o dispositivo estabelece que, “caso não seja
Cons. Fábio de Souza Camargo, j. em 17.11.2021.)
possível o saneamento, a decisão sobre a suspensão da
execução ou sobre a declaração de nulidade do contrato
somente será adotada na hipótese em que se revelar
medida de interesse público”. Desse modo, o relator
apontou que a unidade gestora não prorrogue a vigência
da ata de preços decorrente do edital, com a ressalva de
que “a ilegalidade do edital deve ser postergada para o
final da vigência da ata, com base no art. 148 da Nova Lei
de Licitações, que mesmo não se aplicando ao presente
edital, no caso concreto e, conforme fundamentado

33
pela Instrução, pode ser adotado para viabilizar a não TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO
interrupção dos serviços”. O tribunal, por fim, determinou
a prefeitura que, durante a vigência da ata, (a) considere
“todas as despesas provenientes da contratação de mão Processo administrativo – Recurso – Autoridade
de obra no limite de gasto com pessoal, por se tratar de incompetente – Ilegalidade – TRF1
terceirização de mão de obra que a Prefeitura possui em
O TRF1 julgou sobre a ocorrência de ilegalidade em processo
seu quadro”; (b) atente “quanto à fiscalização de mão de
administrativo em razão de julgamento do recurso por
obra, que deve contemplar o cumprimento da carga horária,
autoridade incompetente. O tribunal constatou a ocorrência
qualidade do serviço prestado e obrigações trabalhistas”; (c)
de afronta ao procedimento administrativo recursal
que a prefeitura “não prorrogue a vigência da ata de registro
previsto no art. 109, § 4º, da Lei nº 8.666/93, “cuja previsão
de preços decorrente do edital”; (d) que “nos procedimento
idêntica encontra-se inserida na nova Lei de Licitações nº
licitatório futuros observe as irregularidades apontadas nos
14.133/2021, em seu art. 166, parágrafo único”. No caso,
itens 4.2.1 e 4.2.2 objetivando afastar a prática das mesmas e a
o responsável, ao receber o recurso administrativo “não
sua reincidência”. (Grifamos.) (TCE/SC, Decisão nº 1023/2022,
reconsiderou a sua decisão e submeteu o recurso ao Colegiado
Processo nº 22/00235300, Rel. Cons. Wilson Rogério Wan-Dall,
Executivo, quando, em verdade, deveria ter encaminhado
j. em 10.08.2022.)
à autoridade hierarquicamente superior, o Presidente
da instituição”. Segundo o julgador, houve “ilegalidade no
procedimento adotado pela autoridade coatora, em razão da
incompetência do Conselho Executivo (...) para o julgamento
do recurso administrativo, ficando prejudicada a apreciação
da desproporcionalidade da penalidade aplicada à
impetrante”. Assim, entendeu correto “o entendimento do
juízo a quo em determinar o cancelamento da penalidade de
impedimento de licitar e contratar com a União, imposta

34
à impetrante no processo administrativo, bem como a TRIBUNAL DE CONTAS DO MARANHÃO
reabertura de novo prazo para a apresentação de defesa
recursal, com a observância da correta competência
recursal e o contraditório prévio”. (Grifamos.) (TRF1, Remessa Publicidade – Sítio eletrônico oficial – Diário Oficial do
Necessária Cível nº 0011273-77.2016.4.01.4000, Rel. Des. Jamil Estado – Dispensabilidade do PNCP – TCE/MA
Rosa de Jesus Oliveira, j. em 05.09.2022.)
O TCE/MA, em consulta sobre a aplicação da nova Lei
de Licitações, decidiu que “para fins de cumprimento do
Pagamento – Ordem cronológica – Observância – TRF1 princípio da publicidade, à luz da Lei nº 14.133/2021 (nova Lei
de Licitações e Contratos Administrativos), enquanto não
O TRF1 determinou que a Administração se abstenha de criado e regulamentado o Portal Nacional de Contratações
adimplir as notas fiscais fora da ordem cronológica de Públicas (PNCP), considera-se atingida a finalidade da lei,
apresentação, sob pena de prejuízos financeiros. No caso, a divulgação dos avisos e editais de licitações em sítio
algumas “notas fiscais foram pagas, enquanto outras, de eletrônico oficial, bem como no Diário Oficial do Estado,
meses anteriores ou intervalados, aguardavam pagamento, sem prejuízo do cumprimento das normas específicas de
consubstanciando-se, com isso, na desordem cronológica controle externo, com fundamento no art. 169 e seguintes
dos pagamentos efetuados pela autoridade coatora”. Segundo do mesmo diploma”. (Grifamos.) (TCE/MA, Processo nº
o tribunal, “a não observância da ordem cronológica de 5.826/2020, Rel. Cons. João Jorge Jinkings Pavão, j. em
pagamento ofende, frontalmente, o tratamento isonômico 14.04.2021.)
que deve haver entre fornecedores e prestadores de
serviços, previsto expressamente no art. 5º da Lei nº
8.666/1993, regra que se encontra prevista, com o mesmo
teor, no art. 141 da nova Lei de Licitações e Contratos
Administrativos”. (Grifamos.) (TRF1, Remessa Necessária
Cível nº 1005064-65.2021.4.01.3300, Rel. Des. Jamil Rosa de
Jesus Oliveira, j. em 05.09.2022.)

35
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Contratação direta – Fora da hipóteses legais – Art. 337-E do


CP – Art. 89 da Lei nº 8.666/1993 – Ausência de singularidade
– Necessidade de dolo para a consumação – STJ

O STJ julgou o crime previsto no art. 89, da Lei nº 8.666/1993,


agora disposto no art. 337-E do CP, alterado pela Lei nº
14.133/2021. Segundo o tribunal, para a consumação do crime
de contratação direta fora das hipóteses legais, exige-se “a
demonstração do dolo específico de causar dano ao erário,
bem como efetivo prejuízo aos cofres públicos”. O órgão
julgador analisou que “com o advento da Lei nº 14.133/2021,
nos termos do art. 74, III, o requisito da singularidade do
serviço advocatício deixou de ser previsto em lei, passando
a ser exigida a demonstração da notória especialização e
a natureza intelectual do trabalho”. Ainda, nesse sentido,
apontou que para a configuração do referido crime faz-
se necessária a “integração das normas que preveem as
hipóteses de dispensa e inexigibilidade de licitações,
conforme o princípio da retroatividade da lei penal mais
benéfica, insculpido no art. 5º, XL, da Constituição Federal e

36
no art. 2º do CP”. (Grifamos e acrescentamos links na citação.) TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO
(STJ, AgRG no Habeas Corpus nº 669.347, Rel. Min. João
Otávio de Noronha, j. em 13.12.2021.)
Contrato – Sócio majoritário da empresa – Vinculação ao
órgão contratante – Vedação – TRF3
Inexigibilidade de licitação – Serviços advocatícios –
Desnecessidade de singularidade – STJ Trata-se de agravo de instrumento em que se discute a
contratação de empresa cujo sócio majoritário seria servidor
O STJ, em agravo regimental, julgou sobre a contratação do órgão contratante. Foi constatado que o sócio com 99,9%
direta de serviços advocatícios de acordo com a Nova Lei de de participação da empresa contratada mantém vínculo
Licitações (Lei nº 14.133/2021). Segundo o tribunal, “com o junto à Administração Pública federal, sendo vedada a sua
advento da Lei nº 14.133/2021, nos termos do art. 74, III, o participação no certame e na execução do contrato. Nesse
requisito da singularidade do serviço advocatício deixou de sentido, o julgador entendeu que a contratação da empresa é
ser previsto em lei, passando a ser exigida a demonstração irregular e causa lesão ao patrimônio da União. Além disso,
da notória especialização e a natureza intelectual do julgou que “o art. 9º, III, da Lei nº 8.666/93, bem como o
trabalho. Essa interpretação, aliás, é reforçada pela inclusão art. 9º, § 1º da Lei nº 14.133/21, vedam a participação, na
do art. 3º-A do Estatuto da Advocacia pela Lei nº 14.039/2020, licitação ou na execução do contrato, do agente público
segundo o qual ‘os serviços profissionais de advogado são, por de órgão ou entidade licitante ou contratante”. (Grifamos.)
sua natureza, técnicos e singulares, quando comprovada (TRF3, Agravo de Instrumento nº 5016447-84.2022.4.03.0000,
sua notória especialização, nos termos da lei’. Desse modo, Rel. Des. Monique Nobre, j. em 19.10.2022.)
considerando que o serviço de advocacia é por natureza
intelectual e singular, uma vez demonstrada a notória
especialização e a necessidade do ente público, será
possível a contratação direta”. (Grifamos e acrescentamos
links na citação.) (STJ, AgRG no Habeas Corpus nº 669.347, Rel.
Min. João Otávio de Noronha, j. em 13.12.2021.)

37
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS Contrato – Encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e
comerciais – Responsabilidade do contratado – TJ/MG

Contrato – Rescisão unilateral – Ausência de motivação e O TJ/MG, em apelação cível, julgou com base no art. 121 da Lei
nº 14.133/2021 que “somente o contratado será responsável
contraditório e ampla defesa – Ilegalidade – TJ/MG
pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e
O TJ/MG julgou a irregularidade no ato de rescisão unilateral comerciais resultantes da execução do contrato”. Sendo
do contrato pela Administração diante da ausência de assim, o “ente público é parte ilegítima para figurar no polo
motivação ao contratado. No caso, “caracteriza abuso de passivo de ação de cobrança fundada no inadimplemento
poder da Administração Pública a sonegação de documentos de verbas decorrentes de contrato firmado com a empresa
e informações referentes a processo administrativo que vencedora em processo de licitação promovido pela
culmina no exercício da prerrogativa de rescisão unilateral Administração Pública”. (Grifamos.) (TJ/MG, Apelação Cível
de contrato administrativo por motivo de conveniência nº 1.0024.14.235355-6/001, Des. Wilson Benevides, j. em
e oportunidade, violando direito líquido e certo do 03.05.2022.)
contratado às garantias constitucionais ao contraditório
e à ampla defesa”. Da mesma forma, entendeu ilegal a
“não explicitação textual suficiente das razões fáticas Dispensa de licitação – Licitação deserta – Possibilidade
e jurídicas que nortearam a resilição do pacto, que, a
O TJ/MG, em agravo de instrumento, entendeu pela
despeito de discricionária, imprescinde de ser motivada,
possibilidade de dispensa de licitação em razão de licitação
nos termos dos artigos 137 e 138, § 1º da Lei nº 14.133/21
deserta. No caso, a administração buscou a aquisição de
(correspondentes aos artigos 78 e 79 da Lei nº 8.666/93)”.
medicamentos e a licitação restou deserta. Em razão disso, o
(Grifamos.) (TJ/MG, Remessa Necessária nº 1.0191.18.002380-
julgador sustentou que, “nos termos do art. 24, V, da Lei nº
3/001, Rel. Des. Márcio Idalmo Santos Miranda, j. em
8.666/93 e art. 75, III, da Lei nº 14.133/21, tratando-se de
01.03.2023.)

38
anterior licitação deserta, possível a contratação direta por
parte da Administração (dispensa de licitação)”. (Grifamos.)
(TJ/MG, Agravo de Instrumento nº 1.0148.14.005500-2/002,
Rel. Des. Jair Varão, j. em 13.05.2022.)

Crime de contratação direta ilegal – Lei nº 14.133/2021 –


Revogação parcial – Abolitio criminis – TJ/MG

O TJ/MG julgou que “com o advento da Lei nº 14.133/21 (nova


Lei de Licitações), houve a revogação parcial da redação
do art. 89, caput, da Lei nº 8.666/93, vez que a conduta de
‘deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa’
não foi reproduzida no novel art. 337-E, do Código Penal.
Com isso, uma vez imputados aos agentes a prática da
ação descrita na parte final do mencionado art. 89, da Lei
8.666/93, necessário o reconhecimento da abolitio criminis
e a consequente declaração da extinção da punibilidade”.
(Grifamos.) (TJ/MG, Apelação Criminal nº 1.0287.13.005230-
4/001, Rel. Des. Sálvio Chaves, j. em 16.02.2022.)

39
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO Obras públicas – Lei municipal reduzindo o prazo do § 6º do
art. 115 da Lei nº 14.133/21 – Inconstitucionalidade – TJ/RJ

Habilitação – Ausência de registro comercial – Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade contra lei

Comprovação durante fase recursal – Impossibilidade – municipal que determinou a obrigatoriedade de inserção
de espaço ou afixação de placa informativa contendo o
TJ/RJ
andamento das obras públicas realizadas no município.
O TJ/RJ julgou a inabilitação de licitante pela ausência de Em seus dispositivos, a lei considerou paralisada a obra
registro do empresário ou sociedade empresária na junta cujas atividades foram interrompidas por mais de 15
comercial. No caso, a empresa alegou que, dentro do prazo (quinze) dias consecutivos. O relator, sustentando pela
recursal, cumpriu a exigência referente ao registro da licitante inconstitucionalidade da lei, apontou que “a competência
na junta comercial, não havendo nada que impedisse a sua legislativa dos Municípios é restrita aos assuntos
inabilitação do certame. No entanto, o relator apontou pela de interesse local e à suplementação da legislação
“impossibilidade de se registrar e juntar prova do registro federal e estadual no que couber, ou seja, para atender
no procedimento da licitação no prazo recursal”. Nesse a peculiaridades locais que, pela sua singularidade,
sentido, apontou o art. 43, § 3º, da Lei nº 8.666/93 que prevê escapariam à normatização pelo legislador federal ou
expressamente não ser admitida a inclusão posterior de estadual”. Apontou, ademais, que “o Diploma Municipal, além
documentos que deveriam constar originariamente da de não atender a qualquer peculiaridade local, ainda reduz o
proposta, o que foi reproduzido na Nova Lei de Licitações, prazo fixado no § 6º, do art. 115, da Lei nº 14.133/2021 (Lei
Lei nº 14.133/2021, em seu artigo 64”. (Grifamos.) (TJ/RJ, de Licitações e Contratos Administrativos), para que os
Mandado de Segurança nº 0078869-06.2022.8.19.0000, Rel. cidadãos devam ser informados sobre a paralisação de
Des. Lucia Helena do Passo, j. em 04.04.2023.) uma obra pública, afrontando duplamente o art. 358, II, da

40
Constituição do Estado”. (Grifamos.) (TJ/RJ, Ação Direta de TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO
Inconstitucionalidade nº 0072823-35.2021.8.19.0000, Rel. Des.
Luiz Felipe Francisco, j. em 13.03.2023.)
Sanções administrativas – Declaração de inidoneidade –
Abrangência a todos os entes federativos – Impedimento
Cadastro unificado de licitantes – Inexistência de cadastro
de licitar e contratar – Limitação ao ente aplicador – TJ/SP
licitante – Exclusão da licitação – Possibilidade – TJ/RJ
O TJ/SP, em agravo de instrumento, julgou que o
O TJ/RJ, em sede de agravo de instrumento, julgou que “o art. “entendimento adotado pela nova Lei de Licitações e
87 da Lei 14.133/2021 pontua o dever de a Administração Contratos Administrativos (Lei nº 14.133/2022), a qual passou
observar o cadastro unificado de licitantes, além de a prever expressamente que apenas no caso de declaração
viabilizar a realização de licitação restrita a fornecedores de inidoneidade é que a sanção abrange o âmbito da
cadastrados, consoante parágrafo 3º do referido Administração de todos os entes federativos (art. 156,
dispositivo. Nessa linha de perspectiva, a exclusão da IV e § 5º), ao passo que a sanção de impedimento de
agravante por falta de regular cadastro no sistema, por licitar e contratar no âmbito da Administração Pública
si só, não representa ilegalidade, haja vista a autorização direta e indireta, como no caso dos autos, se limita ao
contida no ordenamento jurídico”. (Grifamos.) (TJ/RJ, ente federativo que a tiver aplicado (art. 156, III e § 4º)”.
Agravo de Instrumento nº 0075433-73.2021.8.19.0000, Rel. (Grifamos.) (TJ/SP, Agravo de Instrumento nº 2300228-
Des. Sérgio Seabra Varella, j. em 10.02.2022.) 96.2022.8.26.0000, Rel. Des. Osvaldo de Oliveira, j. em
29.03.2023.)

41
Proposta – Inferior a 75% do valor orçado pela no sentido de que “a licitação visa a selecionar a proposta
Administração – Inexequibilidade relativa – TJ/SP mais vantajosa à Administração Pública, de maneira que a
inexequibilidade prevista no mencionado art. 48 da Lei
O TJ/SP, em agravo de instrumento, julgou a desclassificação
de Licitações e Contratos Administrativos não pode ser
de proposta por ser inexequível. Segundo apontado,
avaliada de forma absoluta e rígida. Ao contrário, deve
“a doutrina vem entendendo que a presunção de
ser examinada em cada caso, averiguando-se se a proposta
inexequibilidade da proposta inferior a 75% do valor
apresentada, embora enquadrada em alguma das hipóteses
orçado pela Administração, prevista no art. 59, § 4º
de inexequibilidade, pode ser, concretamente, executada
da nova Lei de Licitações (Lei Federal nº 14.133/21), é
pelo proponente. Destarte, a presunção de inexequibilidade
relativa e não absoluta. Nesse sentido, o entendimento de
deve ser considerada relativa, podendo ser afastada, por
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, mencionado na referida peça
meio da demonstração, pelo licitante que apresenta a
opinativa: ‘presunção relativa de inexequibilidade, quando
proposta, de que esta é de valor reduzido, mas exequível”
os valores ofertados ‘forem inferiores a 75% (setenta e
(REsp nº 965.839). (Grifamos.) (TJ/SP, Agravo de Instrumento
cinco por cento) do valor orçado pela Administração’ (§
nº 2042642-51.2023.8.26.0000, Rel. Antonio Carlos Villen, j. em
4º): o agente de contratação, nos termos do inciso IV
21.03.2023.)
e do § 2º do art. 59, deverá necessariamente conceder
ao licitante a oportunidade de afastar tal presunção
mediante a comprovação da exequibilidade dos preços
praticados, sendo-lhe vedado desclassificar, de pronto,
a proposta’”. A decisão citou ainda o precedente do STJ

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Licitação – Documentos – Diligência – Possibilidade – TJ/SP Habilitação – Capacidade técnico-operacional – Exigência
de comprovação de 50% do quantitativo total do objeto –
O TJ/SP julgou a possibilidade de a Administração promover
Possibilidade
diligência para a complementação da instrução do processo
licitatório. O julgador apontou que “a Lei nº 8.666/1993 prevê Discute-se a inabilitação de empresa por deixar de cumprir
expressamente a possibilidade de a Administração promover a exigência prevista no edital, referente à comprovação de
diligência destinada a complementar a instrução do processo, 50% quantitativo total do objeto, que envolve o preparo
não se vislumbrando, neste ponto, violação ao princípio da de alimentação escolar. Segundo o tribunal, “a parcela de
isonomia”. Da mesma forma, apontou que a Lei nº 14.133/21, maior relevância ou valor significativo do objeto da licitação
em seu art. 64, prevê a possibilidade de complementação de é o fornecimento de merenda escolar para a rede municipal
informações acerca de documentos já apresentados. Segundo de ensino, e, portanto, a exigência de comprovação, por
o julgador, “tais diligências não constituem privilégio da meio de Atestado de Capacidade Técnico Operacional
licitante, e sim um mecanismo idôneo voltado a aproveitar devidamente registrado no Conselho Regional de Nutrição
as melhores propostas para a Administração Pública, cujo – CRN, de 50% (cinquenta por cento) da quantidade total
descarte precipitado, isto sim, poderia acarretar prejuízo de refeições estimadas no referido edital no prazo de 12
econômico para o órgão contratante”. (Grifamos.) (TJ/SP, (doze) meses, não afronta o disposto no art. 67 da nova
Agravo de Instrumento nº 2151992-08.2022.8.26.0000, Rel. Lei de Licitações e Contratos Administrativos”. Desse
Des. Heloísa Martins Mimessi, j. em 07.11.2022.) modo, julgou pela inexistência de ilegalidade na inabilitação
da licitante. (Grifamos) (TJ/SP, Apelação Cível nº 1000394-
50.2022.8.26.0347, Rel. Des. Carlos Von Adamek, j. em
23.08.2022.)

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Sanções administrativas – Impedimento de licitar e Licitação – Mercadoria falsa ou deteriorada, inservível ou
contratar – Inidoneidade – Extensão dos efeitos – TJ/SP com prazo de validade vencido – Fraude em licitação – TJ/SP

Trata-se de agravo de instrumento em que se discute a O TJ/SP, em sede de apelação criminal, julgou sobre o crime
extensão dos efeitos das sanções de impedimento de licitar e de fraude em licitação. Segundo o tribunal, a Lei nº 14.133/2021
contratar e a declaração de inidoneidade. O relator sustentou que, revogando expressamente o art. 96, inc. II, Lei nº
que, nos termos da Lei nº 14.133/2021, em seu art. 156, inc. III e 8.666/93, não implicou novatio legis in mellius. No caso, a
§ 4º, a “sanção de impedimento de licitar e contratar tem Lei nº 14.133/21 “revogou expressamente o artigo 96 e seus
seus efeitos restritos ao âmbito da Administração Pública incisos, da Lei nº 8.666/93, cujos tipos penais foram doravante
do ente federativo que tiver aplicado a sanção”, ao passo descritos no novel artigo 337-L, para, no que interessa à
que “a sanção de declaração e inidoneidade abrange o solução do feito em exame, agravar a pena dos originais 3
âmbito da Administração de todos os entes federativos (três) anos de detenção para 4 (quatro) anos de reclusão,
(art. 156, IV, § 5º), sendo, portanto, mais gravosa”. abrangendo, outrossim, não apenas a mercadoria falsa ou
Segundo o julgador, “o tratamento expresso da matéria pelo deteriorada, mas também aquela inservível para o consumo
art. 156 da Lei nº 14.133/2021 sinaliza o amadurecimento ou que esteja com o prazo de validade vencido”. (Grifamos.)
legislativo acerca dos âmbitos de eficácia das sanções (TJ/SP, Apelação Criminal nº 0010383-65.2013.8.26.0007, Rel.
administrativas, de modo que, se este não é vinculante no Des. Camargo Aranha Filho, j. em 06.05.2022.)
presente feito, serve de vetor interpretativo para análise da
possibilidade ou não de a empresa sancionada participar
de licitação em Município diverso do que lhe aplicou a
penalidade”. (Grifamos.) (TJ/SP, Agravo de Instrumento nº
2170745-13.2022.8.26.0000, Rel. Des. Heloísa Martins Mimessi,
j. em 23.09.2022.)

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Inexigibilidade de licitação – Serviços técnicos
especializados – Art. 25, da Lei nº 8.666/1993 – Art. 74, da
Lei nº 14.133/21 – Comparação – TJ/SP

O TJ/SP analisou a previsão de inexigibilidade para a


contratação de serviços técnicos especializados, de acordo
com o art. 25, inc. II, da Lei nº 8.666/1993 e art. 74, inc. III,
da Lei nº 14.133/2021. O tribunal comparou as 2 previsões e
afirmou que “o binômio de inexigibilidade da licitação, para
contratação direta, está alterado: nas duas leis perdura a
‘notória especialização’ do sujeito contratado, mas a lei
nova, quanto à natureza do objeto do contrato (serviço)
não mais se reporta à singularidade e sim à ‘natureza
preponderantemente intelectual’. Isso confere ampliação
à contratação direta, mas não dispensa o exame do objeto
contratual (atento à natureza do serviço) para a declaração
de inexigibilidade tão somente porque determinadas
profissões de serviços, a princípio, são mais intelectuais
que outras”. (Grifamos.) (TJ/SP, Apelação/Remessa
Necessária nº 1005362-02.2017.8.26.0347, Rel. Des. Aliende
Ribeiro, j. em 11.05.2021.)

45
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO 24/04/2013). Nesse sentido, “a extensão dos efeitos da
indigitada penalidade para todos os órgãos e entidades da
RIO GRANDE DO SUL
Administração Pública, em todas as suas esferas, contraria
não só a própria sanção aplicada na espécie, como também
Sanções administrativas – Suspensão do direito de licitar o entendimento do TCU, como bem destacou a sentença
e impedimento de contratar – Penalidade restrita ao órgão hostilizada. Ademais, trata-se de posição jurisprudencial
aplicador da sanção – TJ/RS prevalente no âmbito das Câmaras que compõem o Colendo
11ª Grupo Cível deste Tribunal, como se colhe do aresto
O TJ/RS julgou a extensão dos efeitos de suspensão proferido no AI nº 5058788-14.2020.8.21.7000/RS, cuja
temporária de licitar e impedimento de contratar. Segundo conclusão foi justamente no sentido de que os efeitos das
o tribunal, “conquanto haja jurisprudência sedimentada no sanções acima referidas devem ficar restritos ao órgão que
egrégio Superior Tribunal de Justiça no sentido de que o as aplicar”. Além disso, “estando-se diante de regra própria do
alcance da penalidade de suspensão temporária do direito direito administrativo sancionador, viável a pronta aplicação,
de licitar e impedimento de contratar com o Poder Público se aqui, do disposto no art. 156, III, § 4º, da Lei nº 14.133/2021,
estende a todos os órgãos da Administração Pública” (RMS por se tratar de legislação superveniente mais favorável ao
32.628/SP, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda administrado, ao prever que a penalidade de impedimento
Turma, julgado em 06/09/2011), “o Tribunal de Contas da de licitar e/ou contratar fica adstrita ao âmbito da
União possui entendimento pacificado no sentido de que a Administração Pública direta e indireta do ente federativo
sanção prevista no art. 87, inciso III, da Lei 8.666/1993 tem que a tiver imputado”. (Grifamos.) (TJ/RS, Apelação Cível nº
aplicação restrita ao órgão ou entidade que a cominou” 5002529-05.2020.8.21.0014/RS, Rel. Des. Miguel Angelo da
(Acórdão nº 1.017/2013-Plenário, Rel. Min. Aroldo Cedraz, Silva, j. em 07.12.2022.)

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Habilitação técnica – Comprovação de experiência – Sanção – Impedimento de licitar e contratar – Extensão dos
Exigência de períodos concomitantes – Possibilidade efeitos – Impossibilidade – Aplicação do art. 156, § 4º, da
Lei 14.133/2021 – Norma mais benéfica – TJ/RS
O TJ/RS julgou a exigência de experiência mínima de 3 (três) anos
para a comprovação de aptidão para a prestação dos serviços Trata-se de apelação cível em que se discute a extensão dos
em características, quantidades e prazos compatíveis com o efeitos da infração administrativa de impedimento de licitar
objeto da licitação, podendo se dar com o somatório de períodos e contratar. Segundo o tribunal, “a extensão dos efeitos da
diversos, “desde que não concomitantes”. Segundo o julgador, penalidade prevista no art. 87, III, da Lei nº 8.666/93 (suspensão
a Lei nº 14.133/2021, em seu art. 67, § 5º, admite a comprovação temporária de participação em licitação e impedimento
em tempos simultâneos, ou seja, “o edital poderá de contratar com o Poder Público) para todos os órgãos e
exigir certidão de execução de serviços, em períodos entidades da Administração Pública, em todas as suas esferas,
sucessivos ou não”. Nesse sentido, “tem-se descabida contraria não só a própria sanção aplicada na espécie,
a restrição imposta no edital de que estes não podem mas também o entendimento do TCU, segundo o qual dita
ser concomitantes”. Assim, o tribunal julgou que a “Lei nº pena ‘tem aplicação restrita ao órgão ou entidade que a
14.133/21, admite, em seu art. 67, 5º, a concomitância dos culminou’”. O tribunal apontou ainda que, diante de regra
períodos de tempo de serviços equivalentes aos licitados, própria do direito administrativo sancionador, viável a pronta
objeto de demonstração no certame, configurando, a partir aplicação do “disposto no art. 156, III, § 4º, da Lei nº 14.133,
de sua vigência, a ilegalidade de cláusula editalícia em por se tratar de legislação superveniente mais favorável ao
sentido diverso”. (Grifamos.) (TJ/RS, Agravo de Instrumento administrado, ao prever que a penalidade de impedimento
nº 5128053-35.2022.8.21.7000/RS, Rel. Des. Arminio José de licitação e/ou contratar fica adstrita ao âmbito da
Abreu Lima da Rosa, j. em 15.09.2022.) Administração Pública direta e indireta do ente federativo
que a tiver imputado”. (Grifamos.) (TJ/RS, Apelação Cível nº
5154583-58.2021.8.21.0001/RS, Rel. Des. Marco Aurelio Heinz, j.
em 27.07.2022.)

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO Administração, aumentando-se, dessa forma, o número de
participantes em prol do interesse público, de modo que
DISTRITO FEDERAL
a fixação de prazo para o interessado se credenciar já era
considerada ilegal”. (Grifamos.) (TJ/DF, Apelação/Remessa
Credenciamento – Fixação de prazo – Impossibilidade – Necessária nº 0708831-38.2021.8.07.0018, Rel. Des. Soníria
Cadastro permanente de interessados – TJ/DF Rocha Campos D’Assunção, j. em 10.11.2022.)

O TJ/DF julgou a utilização do instituto do credenciamento e


o cadastro permanente de interessados. Segundo o tribunal, Credenciamento – Regime da Lei nº 8.666/1993 – Fixação
o credenciamento, ainda sob a vigência da Lei nº 8.666/93, de prazo por norma estadual – Possibilidade – TJ/DF
“já era admitido pela doutrina e pela jurisprudência como
O TJ/DF julgou sobre a previsão, por instrução normativa
hipótese de inexigibilidade, com fundamento no art. 25 da
estadual, que fixou prazo para o cadastramento das empresas
Lei nº 8.666/1993, porquanto a inviabilidade de competição
interessadas em contrariedade com a previsão do art. 79,
configura-se pelo fato de a Administração dispor-se a contratar
parágrafo único, inc. I, da Lei nº 14.133/2021. Segundo o tribunal,
todos os que tiverem interesse e que satisfaçam as condições
o credenciamento disciplinado na nova Lei de Licitações
por ela estabelecidas, não havendo, portanto, relação de
como um dos procedimentos auxiliares das licitações e
exclusão”. Nesse sentido, a nova Lei de Licitações (Lei nº
contratações, “é um instrumento que, embora não constasse
14.133/21) sistematizou “no texto legal o que a jurisprudência
expressamente da Lei nº 8.666/93, já vinha sendo amplamente
do Tribunal de Contas da União e a doutrina já entendiam sobre
admitido pela doutrina e jurisprudência pátrias como hipótese
o credenciamento, inclusive sobre a possibilidade de cadastro
de inexigibilidade de licitação, inserida no rol exemplificativo
permanente dos interessados”. Dessa forma, “mesmo à luz
do art. 25 da referida norma, diante da inviabilidade de
da Lei nº 8.666/1993, o credenciamento devia permanecer
sempre aberto a futuros interessados, viabilizando o seu
ingresso aos que atendiam os requisitos especificados pela

48
competição”. No entanto, conforme a previsão do art. 191
da Lei nº 14.133/21 estabelece a opção para a Administração
de contratar pelo regime da Lei nº 8.666/93 ou a Lei nº
14.133/21, vedada a aplicação combinadas das leis. No caso,
a Administração optou pelo regime da Lei nº 8.666/93,
portanto, inexiste ilegalidade na norma estadual, que fixou
o prazo para o credenciamento, pois, embora o art. 79,
parágrafo único, I, da Lei nº 14.133/21 estabeleça que a
Administração deve ‘permitir o cadastramento permanente
de novos interessados’, a Instrução Normativa nº 5/2017,
que regulamenta o procedimento de credenciamento
no regime da Lei 8.666/93, dispõe que ‘O Sistema de
Credenciamento ficará aberto pelo prazo estipulado o
ato convocatório’ (IN nº 5/2017, Anexo VII-B, item 3.2)”.
Assim, constata-se que “no regime legal escolhido pela
Administração, “não há vedação legal à fixação de prazo
para o cadastramento das empresas interessadas na
prestação do serviço de vistoria veicular”. (Grifamos.) (TJ/
DF, Apelação Cível nº 0709796-16.2021.8.07.0018, Rel. Des.
Robson Teixeira de Freitas, j. em 09.08.2022.)

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SERGIPE a ser combatida no writ, haja vista que a Administração
Pública exigiu documento discriminado no edital, o qual
não se mostra desproporcional, rejeitando proposta em
Habilitação – Exigência de inscrição no INPI – Possibilidade desconformidade com os requisitos editalícios cumprindo,
– Princípio da vinculação do edital outrossim, expressa determinação do instrumento
convocatório”. Diante disso, o tribunal concluiu que se
Trata-se de mandado de segurança em que se discute a
mostra legítimo “o ato de desclassificação, em atenção
desclassificação de licitante por não apresentar certificado de
aos princípios que regem o procedimento licitatório, em
software emitido pelo INPI, descumprindo a exigência do edital.
especial a legalidade e vinculação ao edital previstos nos
Segundo o julgador, “a exigência de inscrição no INPI não se
arts. 3º, 41 e art. 55, XI, todos da Lei Federal 8.666/93 (Lei
mostra desarrazoada, tendo em vista que tem por objetivo
de Licitações), assim como nos arts. 5º e 92, inc. II, da Lei
a garantia de que o software utilizado não é de propriedade
14.133/2021”. (Grifamos.) (TJ/SE, Mandado de Segurança
de terceiro. Aliás, criador do software, a princípio, é aquele
Cível nº 202200100021, Rel. Des. Ruy Pinheiro da Silva, j. em
que detém maior conhecimento do sistema, de modo a
25.05.2022.)
prestar assistência técnica especializada de forma mais
eficaz. Neste particular, verifica-se que não há ilegalidade

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Agradecemos o seu interesse nesse conteúdo.

Equipe Zênite

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