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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL

DA COMARCA DE

Processo: 0004619-24.2020.8.17.3590

ALPHA FITNESS, devidamente qualificados nos autos em epigrafe, da Ação,


que lhe move FABIO NASCIMENTO, já qualificado, por seu procurador infra-
assinado, devidamente constituído, “in fine”, vem perante Vossa Excelência, com o
devido acato e respeito de estilo, nos termos do art. 219; art. 364 § 2o do Có digo
Processo Civil, oferecer, apresentar, tempestivamente, as suas alegações finais,
conforme elementos das razõ es finais de mérito, de fato e de direito que a seguir
expõ e:

I. ALEGAÇÕES FINAIS, nos seguintes termos:


Em apertada síntese, trata-se de açã o civil, indenizató ria por danos morais,
proposta em. A causa de pedir reside na culpabilidade dos Réus, que, nas pessoas
de seus prepostos teriam os agentes pú blicos perpetrados negligência imperícia e
impudência no ofício, qual seja morte prematura intrauterina, conforme
delineados e fundamentados na inicial.
Foi deferido a justiça gratuita à s (fls. 131).
Os Réus foram citados para apresentar contestaçã o; e em sua defesa
alegaram em preliminar a incompetência territorial, que a relaçã o em questã o nã o
é de consume e sim de contrato privado regido pelo Direito Civil (fls. 138-150).
Foi apresentado réplica à s (fls.209-218).
Foi realizada audiência de instruçã o e julgamento, autor compareceu,
ouvida testemunha do autor, o réu nã o se fez presente.
Em síntese processual, esses sã o os fatos, em que há de se aplicar o direito.

II. DOS ELEMENTOS DAS RAZÔES FINAIS DE MÉRITO:

Cumpre ressaltar, uma vez mais, embora isso tenha sido deduzido na inicial, que os
II.1. DO NÃO COMPARECIMENTO A AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO

Os requeridos por motivos financeiros e devido a problemas enfrentados


pelo seu patrono que se encontra com mais de 60 anos, nã o tiveram condiçõ es de
participar da audiência presencial.

II.2. DA PROVA TESTEMUNHAL

III. DO DIREITO

Por analogia roga a aplicaçã o da recomendaçã o Aprovada pelo Conselho


Nacional de Justiça para orientar os juízes e uniformizar o tratamento dos
processos de recuperaçã o judicial durante a epidemia do coronavírus. Com
objetivo de conservar as atividades e funcioná rios da empresa, que hoje conta com
mais de 8 colaboradores que dependem de seus trabalhos.
A empresa está fazendo o possível para manter suas atividades e seus
funcioná rios, assim requer a flexibilizaçã o, para que a mesma cumpra a sua funçã o
social, adimplindo as dívidas com seus credores, a empresa passa por problemas
financeiros decorrentes da pandemia, primeiramente foi decretado o estado de
emergência fechando todos os serviços nã o essências na cidade onde se encontra a
empresa conforme notícias:

“O prefeito de Rio Preto, Edinho Araú jo, decretou estado de


emergência em saú de pú blica na cidade. O decreto 18.559 será
publicado neste sá bado, dia 21, no Diá rio Oficial do Município.
Entre as medidas tomadas está recomendar o fechamento de
todos os estabelecimentos considerados nã o essenciais no
município, a partir de 21 de março, sá bado. E a obrigatoriedade a
partir de segunda-feira, dia 23. Disponível
em:https://www.diariodaregiao.com.br/politica/riopretoeregiao
/prefeitura-de-rio-preto-detalha-regras-para-funcionamento-de-
servicos-essenciais-1.79352 notícias março de2020.

“Rio Preto terá lockdown, medida que proíbe circulaçã o de


pessoas nas ruas e suspende até serviços essenciais, dividido em
duas etapas. As normas classificadas como "extremamente
rígidas" pela gestã o de Edinho Araú jo (MDB) começaram nesta
quarta e vã o até domingo, 21. Uma nova etapa, de maior
flexibilizaçã o, mas ainda com o município em lockdown, entrará
em vigor a partir da pró xima segunda-feira, 22, e termina no dia
31 de março. Nesse período, o comércio varejista e shoppings nã o
podem atender presencialmente, só através de entregas em
domicílio, e apenas as atividades descritas no decreto, como
supermercados, restaurante ou mesmo serviço de perfumaria e
higiene pessoal. Disponível em
https://www.diariodaregiao.com.br/politica/lockdown-em-rio-
preto-tera-duas-fases-veja-as-regras-1.10215 2021

Quando retornaram as suas atividades sobreveio a contaminaçã o dos


funcioná rios por covid, o que ocasionou atraso na produçã o e entrega de
equipamentos, bem como ocorreu atrasos na entrega de matérias primas
necessá rias a confecçã o dos equipamentos nesse período, desencadeando em
muito trabalho acumulado, poia a empresa ficou mais de três meses sem produzir
equipamentos, tendo que arcar com salá rios de seus funcioná rios.
Que seja concedida carência à Reclamada, pois as consequências deletérias
à economia como um todo decorrentes das medidas de prevençã o e contençã o da
pandemia do corona vírus causador Covid-19, que, conforme medidas adotadas
por vá rios Estado, envolvem distanciamento social e quarentena, restriçã o de
circulaçã o de pessoas, além de fechamento do comércio e de atividades
econô micas nã o essenciais acarretou muitos problemas financeiros, de modo a
auxiliá -la a se manter sustentá vel e viá vel, mantendo seu quadro de colaboradores,
e fortalecendo a confiança novamente com seus clientes.
A empresa está trabalhando na renegociaçã o das dívidas com seus clientes
solicitando ampliaçã o dos prazos de carências e parcelamento de valores em caso
de restituiçã o, além de disponibilizar a confecçã o de equipamentos para abater nos
valores devidos.
Assim, em detrimento da conservaçã o da empresa, bem como a funçã o
social da empresa o parcelamento dos valores devidos ao mesmo.

III.2 O DANO MORAL

Roga-se descaracterizaçã o de danos morais em vista de que a Requerida


nã o teve escolha quanto ao atraso de entregas dos equipamentos, a mesma nã o
deu causa a tal fenô meno, tratando-se de caso fortuito.
O caso fortuito, previsto no artigo 393 do Có digo Civil, é um evento
proveniente de ato humano, imprevisível ou inevitá vel, que impede o
cumprimento de uma obrigaçã o.
O saudoso Doutrinador Cló vis de Bevilá qua destaca que força maior é
proveniente de “fato de terceiro, que criou, para a inexecuçã o da obrigaçã o, um
obstá culo, que a boa vontade do devedor nã o pode vencer. Nã o é, porém, a
imprevisibilidade que deve, principalmente, caracterizar o caso fortuito, e, sim, a
inevitabilidade. E, porque a força maior também é inevitá vel, juridicamente se
assimilam estas duas causas de irresponsabilidade”.
Importante destacar que para que as excludentes sejam aplicadas,
necessá rio se faz que três requisitos sejam preenchidos, que o fato necessá rio seja
o causador do dano, que o fato seja inevitá vel e que haja a imprevisibilidade para o
agente. Requisitos esses claramente preenchidos pelo Covid-19.
Podemos citar também a teoria da imprevisã o estabelecida nos artigos 478
a 480 do Có digo Civil, que justifica a resoluçã o ou a revisã o de um contrato caso
ocorra um acontecimento superveniente e imprevisível que desequilibre a sua
base econô mica, impondo a uma das partes obrigaçã o excessivamente onerosa.
Considerando o disposto na Lei n.º 13.979/2020 (que dispõ e sobre as
medidas para enfrentamento da emergência de saú de pú blica de importâ ncia
internacional decorrente do coronavírus responsá vel pelo surto de 2019), bem
como nas Medidas Provisó rias n.º 927/2020 e 928/2020, estabelecendo medidas
extraordiná rias de enfrentamento à pandemia do COVID-19. E o disposto no art.
1º, da Medida Provisó ria n.º 927/2020, que reconhece o cená rio atual como
hipó tese de força maior.
Entretanto, diante do impacto sofrido no caixa das incorporaçõ es, surge a
oportunidade da aplicaçã o da referida teoria para defesa do agente devedor, no
caso o fornecedor de produtos, tendo em vista o impacto financeiro que sofreram
em razã o de fato que foge de seu controle de planejamento, podendo ser
vislumbrada a hipó tese de obrigaçõ es excessivamente onerosas para serem
adimplidas diante dos novos fatos.
Assim requer o indeferimento dos danos morais, nã o sendo culpa exclusiva
da Requerida.

III.3 DA RELAÇÃO DE COSUMO E INCOMPETÊNCIA TERRITORIAL

Nã o cabe Có digo do Consumidor no caso em questã o, haja vista, que os


contratantes se dispuseram sob a tutela da legislaçã o Civil, pois trata-se de relaçã o
Contratual Civil, contrato de compra e venda.
Este contrato é regido pelo CÓ DIGO CIVIL BRASILEIRO, HAJA VISTA O
CARÁ TER CONTRATUAL, RENUNCIANDO AO DIREITO AO CÓ DIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR, POIS É CERTO QUE O CONSUMIDOR FINAL É O ALUNO, NÃ O A
ACADEMIA OU O INDIVÍDUO QUE ADQUIRI O(S) EQUIPAMENTO(S) PARA SUA
ACADEMIA OU FISIOTERAPIA, OU COISA QUE SE ASSEMELHE.
Assim tem entendido alguns tribunais:
Oportuno mencionar que, consoante a jurisprudência do STJ
adota-se a teoria finalista ou subjetiva para fins de caracterizaçã o
da pessoa jurídica como consumidora em eventual relaçã o de
consumo, devendo, portanto, ser destinatá ria final econô mica do
bem ou serviço adquirido (REsp 541.867/BA). Neste sentido, para
que o consumidor seja considerado destinatá rio econô mico final,
o produto ou serviço adquirido ou utilizado nã o pode guardar
qualquer conexã o, direta ou indireta, com a atividade econô mica
por ele desenvolvida; o produto ou serviço deve ser utilizado para
o atendimento de uma necessidade pró pria, pessoal do
consumidor. Contudo, no presente litígio, nã o se verifica tal
circunstâ ncia, porquanto o equipamento adquirido pela pessoa
jurídica junto à demandada tem por finalidade o fomento de sua
atividade empresarial, no desenvolvimento de sua atividade
lucrativa, motivo pelo qual nã o resta caracterizada, in casu,
relaçã o de consumo entre as partes. Assim, reconheço a legalidade
e validade da clá usula de eleiçã o de foro, posto que nã o haver
qualquer circunstâ ncia que evidencie situaçã o de hipossuficiência
da autora da demanda que possa dificultar a propositura da açã o
no foro eleito. Processo n° 0001230-43.2019.8.17.3080. Comarca
de Pernambuco.
Nesse sentido outra decisã o em favor da empresa reclamada:
Vistos. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou
utiliza, como destinatá rio final, produto ou serviço oriundo de um
fornecedor. Por sua vez, destinatá rio final, segundo a teoria
subjetiva ou finalista, adotada pela Segunda Seçã o do STJ, é aquele
que ú ltima a atividade econô mica, ou seja, que retira de circulaçã o
do mercado o bem ou o serviço para consumi-lo, suprindo uma
necessidade ou satisfaçã o pró pria, nã o havendo, portanto, a
reutilizaçã o ou o reingresso dele no processo produtivo. Logo, a
relaçã o de consumo (consumidor final) nã o pode ser confundida
com relaçã o de insumo (consumidor intermediá rio).
Inaplicabilidade das regras protetivas do Có digo de Defesa do
Consumidor. (3ª Turma, REsp 1.321.614/SP, Rel. p/ acó rdã o
Ricardo Vilas Bô as Cuevas, j. 16/12/2014, DJe 03/03/2015).
Conforme contrato juntado aos autos, as partes escolheram foro
diverso da presente comarca, devendo tal escolha ser respeitada.
Nesse sentido, o STF já sumulou que “é vá lida a clá usula de eleiçã o
de foro para os processos oriundos do contrato” (Sú mula 335).
Assim, é legítima e nã o abusiva a clá usula de eleiçã o (livre) de
foro, em se tratando de contratantes consideradas com condiçõ es
de exercer a defesa de seus interesses no local que livremente
elegeram no contrato, pois a questã o debatida é de competência
relativa, disponível pela vontade dos contratantes. A
transmudaçã o da incompetência relativa em absoluta por
vulneraçã o à ordem constitucional, só tem lugar quando a eleiçã o
de foro em contrato de adesã o inibir de forma insuperá vel a
defesa do contratante hipossuficiente, o que nã o ocorre no caso
concreto. Por essas razõ es, declino competência em favor de uma
das Varas da Comarca de Sã o José do Rio Preto – SP. Processo n°
0002228-47.2021.8.17.3110. Comarca de Pernambuco.
Observa-se que há entendimento que a relaçã o entre as partes é contratual,
regida pelo Có digo Civil, pois o consumidor final será o aluno da academia, o que se
verifica no presente caso, devendo ser reconhecia a contratualidade da relaçã o
bem como a validade das clausulas contratuais de eleiçã o do foro.

IV. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS FINAIS

Em face do sucintamente exposto, e mais pelas razõ es, em memoriais ora


apresentados, que este douto Juízo certamente saberá lançar sobre o tema, requer-
se a improcedência de todos os pedidos da presente ação, ou se nã o for
entendimento desse douto juízo, requer que seja concedida carência à
Reclamada, e concedido o parcelamento dos pagamentos devidos em 6 vezes,
de modo a auxiliá-la a se manter sustentável e viável, mantendo seu quadro
de colaboradores, e fortalecendo a confiança novamente de seus clientes.

Nestes termos,
Pede acolhimento, processamento e deferimento.

Sã o José do Rio Preto, 18 de julho de 2022

JOSÉ REINALDO TEIXEIRA DE CARVALHO


OAB/SP 148501

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