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CURSOS ONLINE – LEGISLAÇÃO ADUANEIRA - PROF.

RODRIGO LUZ

CURSO DE LEGISLAÇÃO ADUANEIRA - APRESENTAÇÃO


Com a proximidade da publicação dos editais para os concursos de
Auditor e Técnico da Receita Federal, estou iniciando no Ponto um
curso on-line dividido em duas etapas: a primeira é exclusivamente
sobre Legislação Aduaneira para AFRF e TRF.
Como a matéria de Legislação Aduaneira é certa nesses concursos,
como a própria administração já se manifestou em diversas reuniões,
o primeiro módulo começará já e será comum aos cargos de AFRF e
TRF.
O segundo módulo somente será lançado quando sair o edital, com a
parte eventualmente faltante para os dois cargos, de AFRF e TRF. Eu,
particularmente, acho (é puro "achismo") que para AFRF irá cair
também controle administrativo, classificação fiscal e INCOTERMS,
que são matérias de Comércio Internacional.
Acho isso porque, se um AFRF for analisar uma Declaração de
Importação, ele tem que conhecer as várias formas de licenciamento
das importações. Tem que saber classificação fiscal, para ver se a
alíquota do imposto de importação foi corretamente utilizada. Tem
que saber INCOTERM para ver se a base de cálculo do imposto de
importação (e conseqüentemente dos demais tributos) foi calculada
corretamente. É o mínimo necessário.
Mas isto é só o que eu acho.
Começaremos com o que é certo, Legislação Aduaneira, e depois da
publicação do edital, se necessário, haverá um curso on-line
complementar para AFRF e outro curso complementar para TRF.
Vamos à aula demonstrativa do primeiro módulo, comum aos dois
cargos, sobre Legislação Aduaneira.

AULA 0: IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO

Nesta aula demonstrativa trataremos do imposto de importação, seu


sujeito passivo e o fato gerador.

IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO
Em primeiro lugar, cabe lembrar que o imposto de importação não
obedece ao princípio da anterioridade nem ao princípio da legalidade,
visto que tem função extrafiscal ou econômica. Sua função não é
arrecadatória como o imposto de renda ou o IPTU.
É justamente por ter uma função regulatória que o Poder Executivo
pode alterar suas alíquotas, sendo dispensado o processo legislativo.
E a majoração do imposto, seja pelo Poder Executivo, seja pelo Poder

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Legislativo, pode ser aplicada nas importações efetuadas no mesmo


exercício financeiro.
O artigo 150 da Constituição Federal (CF), de 1988, dispõe, nos
incisos I e III que é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal
e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça
[Princípio da Legalidade] e cobrar tributos no mesmo exercício
financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou [Princípio da Anterioridade].
O parágrafo 1o do artigo 150 da CF/88 afasta a aplicação do Princípio
da Anterioridade em relação a, entre outros, o imposto de importação
(II) e o imposto de exportação (IE). Portanto, o tributo majorado por
alteração na base de cálculo ou na alíquota pode ser cobrado no
mesmo exercício financeiro desta alteração.
E o parágrafo 1o do artigo 153 da CF/88 afasta a aplicação do
Princípio da Legalidade a, entre outros, o imposto de importação e o
imposto de exportação, mas apenas no que tange às alíquotas. O
Poder Executivo pode alterar tão-somente as alíquotas dos impostos
relacionados: II, IE, IPI e IOF.
Por favor, não confundam: o Imposto de Importação não é limitado
pelo Princípio da Anterioridade nem ao da Legalidade, mas este
somente em relação às alíquotas.
Recentemente, caiu uma questão em concurso em que se perguntava
se uma majoração por lei da base de cálculo do II teria validade no
mesmo exercício financeiro em que publicada a lei. Foi uma questão
muito comentada, em que alguns candidatos muito bem preparados
erraram. A resposta é positiva, pois o II não se sujeita ao princípio da
anterioridade, seja alterado pelo Poder Executivo, seja por lei.

Sujeitos Passivos: Contribuintes e Responsáveis


Os sujeitos passivos do imposto de importação são de dois gêneros:
contribuintes e responsáveis.

Contribuintes
O artigo 103 do Regulamento Aduaneiro elenca três pessoas como
contribuintes do imposto:
1) o importador, assim considerada qualquer pessoa que promova a
entrada de mercadoria estrangeira no território nacional,
2) o destinatário de remessa postal internacional, indicado pelo
respectivo remetente, e
3) o adquirente de mercadoria entrepostada.
O conceito de importador dado no Regulamento Aduaneiro é aquele
que promove a entrada da mercadoria no território nacional.

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Obviamente, o verbo promover nesta situação não tem o sentido de


embarcar a mercadoria, mas de encomendá-la. Não fosse esse o
sentido, raros seriam aqueles considerados importadores, visto que o
embarque da mercadoria no exterior quase sempre é promovido pelo
exportador estrangeiro. Esta análise do verbo promover, na verdade,
é importante para analisar o segundo caso de contribuinte do imposto
de importação: o destinatário de remessa postal internacional.
Quantas vezes recebemos em casa mercadorias que nem
esperávamos como, por exemplo, brindes ou amostras grátis de
algum produto? Se esta amostra estivesse vindo do exterior, eu
poderia tentar me safar do pagamento do imposto de importação (II)
se simplesmente alegasse que não era o importador pois não havia
sido eu a promover a entrada da mercadoria no território nacional.
Esta “fuga” do pagamento do II seria mais comum ainda para os
agentes de venda dos exportadores estrangeiros que sempre estão
recebendo mercadorias para apresentar para os potenciais
compradores no Brasil.
Se somente fosse cobrado o imposto daquele que tivesse de fato
promovido a entrada, já no sentido de encomendado a mercadoria ao
exterior, a “fuga” da tributação seria a tônica das importações via
correio. Todos alegariam que não haviam promovido a importação de
nada. Aquela mercadoria estaria chegando sem que eles estivessem
esperando.
Para evitar isso, o inciso II dispõe que o destinatário de remessa
postal internacional sempre é contribuinte do imposto de importação,
mesmo que não promova a entrada da mercadoria no território
nacional.
E o terceiro caso é o adquirente de mercadoria entrepostada. Para
falar dele é necessário inicialmente falar do regime de entreposto
aduaneiro que é um dos dez regimes aduaneiros especiais que nós
vamos analisar neste curso.
O edital do Auditor-Fiscal da Receita Federal de 2003 e de anos
anteriores lista apenas cinco, mas veremos os dez elencados nos
editais de Técnico da Receita Federal.
Por quê?
Como o edital de 2003 do Auditor englobava muitos outros assuntos
além do Regulamento Aduaneiro, eles pediam um pouco de cada
coisa. Já o edital de 2003 do TRF, como o assunto foi um só, o
Regulamento Aduaneiro, eles pediram muito de pouca coisa e, por
isso, pediram dez regimes aduaneiros.
Considerando que, a princípio, somente cairá Legislação Aduaneira,
talvez o edital de AFRF traga os dez do edital antigo de TRF.
Vejamos então o regime de entreposto aduaneiro. Os regimes
aduaneiros especiais, dentre eles o regime de entreposto aduaneiro,

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são regimes suspensivos, onde os tributos ficam suspensos, não


sendo cobrados por algum motivo. No caso do regime de entreposto
aduaneiro, isto ocorre porque as mercadorias estão entrando no país
em consignação. Elas são importadas, mas não são ainda compradas.
O Governo retarda a cobrança dos tributos incidentes sobre a
importação para o momento da aquisição no mercado interno. Assim,
se para as mercadorias que entraram em consignação for encontrado
um comprador no Brasil, elas poderão sair do local onde estão
armazenadas, mas somente depois do pagamento dos tributos. Já se
ninguém se interessar em comprá-las, a mercadoria deve voltar ao
exterior, ou seja, ser reexportada.
As mercadorias são trazidas, normalmente, por agentes de venda do
exportador estrangeiro, para que estejam disponíveis no país na hora
em que apareça algum interessado aqui no Brasil. Sendo assim, já se
economiza o tempo da viagem da Europa para Brasil, sendo muito
usado para as mercadorias que precisam de rápida reposição. Eu
sempre dou o exemplo, por ser a coisa que considero mais urgente
no mundo, das máquinas que funcionam nos centros de tratamento
intensivo ou unidades de tratamento intensivo dos hospitais. Se uma
dessas máquinas quebrar, não se pode somente neste momento
encomendar uma nova ao exterior. É necessário que outras
sobressalentes já estejam no Brasil para a rápida reposição. É
questão de vida ou morte.
Imagine então a situação em que a empresa estrangeira produtora
das máquinas mande algumas unidades para o Brasil. Estas
mercadorias ficam em alguma unidade aduaneira (porto, aeroporto
ou outros locais que veremos quando estudarmos especificamente o
regime), sob controle da Receita Federal, para que esta tenha certeza
de que o bem não será usado enquanto os tributos não forem pagos.
Esta máquina pode ser enviada em consignação para um hospital
mantê-la na unidade aduaneira ou, o que é mais comum, para um
agente de venda que passa a concentrar as máquinas para todos os
potenciais clientes no Estado do Rio de Janeiro, de São Paulo ou, por
exemplo, da Região Sul do país.
Neste segundo caso, quando houver interesse de alguma empresa
brasileira em adquirir a mercadoria, ela se acerta com o exportador
estrangeiro ou com o agente de venda do exportador estrangeiro e
celebram o contrato de compra e venda. Feito isto, quem irá retirar a
mercadoria do recinto alfandegado, pagando os tributos?
São duas as possibilidades: o próprio consignatário, isto é, aquele
que trouxe em consignação, ou o adquirente da mercadoria
entrepostada. O Regulamento Aduaneiro define que os dois podem
ser o contribuinte do imposto: O primeiro, o consignatário, é o
importador visto que foi ele que promoveu a entrada da mercadoria
estrangeira no território nacional. O segundo está previsto no inciso
III: o adquirente de mercadoria entrepostada é contribuinte do

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imposto de importação. Qualquer um dos dois poderá preencher a


declaração de importação para apresentar a mercadoria à Receita,
pagando os tributos incidentes sobre a importação. E, obviamente, o
consignatário somente será o contribuinte se promover o despacho
aduaneiro.
Sobre este assunto, caiu a seguinte questão na prova de TRF-2000:
42- O consignatário de mercadoria submetida ao regime de
entreposto aduaneiro na importação, na modalidade “não-
vinculado”:
a) é contribuinte do imposto de importação porque reveste a
qualidade de importador ao promover a entrada da mercadoria
estrangeira no território aduaneiro
b) é contribuinte do imposto de importação ao nacionalizar a
mercadoria e promover o despacho aduaneiro para consumo em seu
nome
c) é contribuinte do imposto de importação porque tem relação
pessoal e direta com o procedimento de admissão de mercadoria no
regime
d) é contribuinte do IPI no momento do desembaraço aduaneiro para
admissão no regime
e) é responsável pelo pagamento do imposto de importação apenas
nas hipóteses de extravio ou falta de mercadoria admitida no regime
e declarada abandonada pela ultrapassagem do prazo de
entrepostamento
Muitos tendem a marcar a letra (a) como resposta, mas a correta é a
letra (b), pois o consignatário somente será o contribuinte do imposto
se registrar a Declaração de Importação e promover o despacho
aduaneiro. Não é porque o consignatário importa as mercadorias em
consignação que ele será sempre o contribuinte, pois esta poderá ser
nacionalizada (ao transformar a entrada não-definitiva em definitiva,
a mercadoria é nacionalizada, analogamente à naturalização de
pessoas) pelo adquirente. Em suma, o consignatário somente será o
contribuinte do imposto caso nacionalize e registre a DI para
consumo. Caso seja o adquirente de mercadoria entrepostada a fazer
isso, este será o contribuinte do imposto.
Um último detalhe nesta questão é sobre a modalidade "não-
vinculado". Ao estudarmos o regime de entreposto aduaneiro,
veremos que as mercadorias colocadas neste regime podem se
destinar ao mercado brasileiro ou mercado estrangeiro. Se o destino
for o mercado estrangeiro, o regime de entreposto é chamado
vinculado, pois será uma importação “vinculada” a uma posterior
exportação. Se eles colocaram “não-vinculado” no enunciado da
questão, foi somente para dar a certeza de que os tributos seriam

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pagos e haveria um contribuinte, pois a mercadoria seria colocada no


mercado interno.

Responsáveis
O artigo 104 do Regulamento Aduaneiro nomeia dois responsáveis
pelo pagamento do imposto. Devemos inicialmente lembrar o
conceito de responsável no Código Tributário Nacional: é aquele que,
apesar de não ter uma relação pessoal e direta com o respectivo fato
gerador, a lei lhe atribui de forma expressa a responsabilidade pelo
pagamento do tributo.
Os responsáveis pelo imposto são:
I) o transportador, quando transportar mercadoria procedente do
exterior ou sob controle aduaneiro, inclusive em percurso interno, e
II) o depositário, assim considerada qualquer pessoa incumbida da
custódia da mercadoria sob controle aduaneiro.
Porque eles são nomeados responsáveis?
Por causa de bobagens que eles façam. Por exemplo, se a mercadoria
for avariada pelo transportador, ele deve pagar o imposto sobre a
parte avariada, devolvendo-se o que foi pago pelo importador. E se
houver extravio da mercadoria enquanto depositada no aeroporto do
Galeão? O depositário irá pagar pelo imposto relativo a esta
mercadoria e serão restituídos os tributos pagos pelo importador.
Como ocorre esta cobrança?
Toda vez que a mercadoria chega ao Brasil, o importador deve
registrar uma DI (declaração de importação), descrevendo a
mercadoria detalhadamente para que a Aduana proceda à conferência
aduaneira. Este registro é pela Internet. O importador, do seu
escritório, envia a declaração de importação com uma série de
informações, tais como o valor da mercadoria, o valor do frete, valor
do seguro, o país de origem, o país de procedência, o peso líquido, a
moeda negociada, o nome do exportador, a classificação fiscal, o
regime aduaneiro, a quantidade etc. O SISCOMEX, que é o sistema
utilizado no comércio exterior, faz algumas verificações sobre esta DI.
Resumidamente, podemos dizer que o SISCOMEX verifica: 1) se o
CNPJ do importador está ativo, 2) se a mercadoria já chegou ao país,
3) se a importação foi licenciada pelos órgãos anuentes (por
exemplo, se for importação de um animal vivo, é obrigatória a
autorização prévia do Ministério da Agricultura; se for importação de
remédio, o Ministério da Saúde tem que dar a autorização. Ambas as
autorizações devem ser concedidas antes mesmo do embarque da
mercadoria no exterior com destino ao Brasil) e 4) se há dinheiro na
conta do importador para o pagamento dos tributos devidos pela
importação.

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O pagamento dos tributos se dá da seguinte forma: o número da


conta corrente do importador, o número da agência e do banco são
alguns campos a serem informados pelo importador na DI. O
SISCOMEX envia uma ordem de débito para o banco para que este
retire da conta indicada um determinado valor a título de imposto de
importação, IPI, PIS/Pasep e Cofins. Talvez também o valor do ICMS
seja debitado, dependendo da escolha do importador, como veremos
na aula sobre este tributo.
Se todos os quatro testes citados derem resultado positivo, a DI é
registrada e se inicia o despacho aduaneiro.
Note que a modalidade de lançamento do imposto de importação é
por homologação, em que o importador paga primeiro os tributos e
só depois a Receita Federal confere se o pagamento foi correto.
Cabe lembrar que, além do lançamento por homologação, também
existem no Direito Tributário, as modalidades de lançamento de ofício
e por declaração. No lançamento de ofício, a Receita faz o
lançamento sem ouvir o sujeito passivo. No lançamento por
declaração, a Receita ouve o sujeito passivo e, com base nas
informações deste, faz o lançamento.
Voltando à DI: Para que a Receita confira se os dados foram
perfeitamente informados, o importador deve apresentar alguns
documentos, como a fatura comercial, o conhecimento de carga (que
é o documento que representa o contrato do transporte, sendo
emitido pelo transportador), entre outros, que veremos em detalhes
na aula de “despacho aduaneiro”. Durante a conferência,
normalmente se descobrem as faltas ou avarias de mercadoria. Caso
a mercadoria, ao ser conferida pela Aduana, se mostre avariada ou
extraviada, a Receita abre o processo de vistoria aduaneira para
descobrir quem foi o responsável por este problema. No final do
processo de vistoria, que nada mais é que um processo de
investigação, a Receita terá descoberto que o responsável foi o
transportador durante a viagem ou o depositário durante a
armazenagem. Normalmente estes são os dois responsáveis pela
falta ou avaria. Descoberto o responsável, a Receita lança o tributo
com penalidades sobre esta pessoa e restitui o imposto pago pelo
importador via débito automático. Quando olharmos a seguir os
responsáveis solidários pelo pagamento do imposto, veremos que
também o exportador pode ser responsabilizado por uma falta ou
avaria.
Mais duas observações sobre os responsáveis pelo imposto: a
primeira é sobre a redação do inciso I que diz que o transportador
será responsável inclusive em percurso interno. O que se quer dizer
com isso?
Muitas vezes, é solicitado pelo importador o regime de trânsito
aduaneiro. Este regime aduaneiro especial é o que permite o

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transporte de mercadoria de um ponto a outro do território nacional


com suspensão dos tributos para que somente no destino a
mercadoria seja verificada. Isto é muito comum quando, por
exemplo, uma empresa do estado de Goiás importa mercadorias por
navio. A mercadoria entra pelo porto do Rio de Janeiro ou pelo porto
de Santos, mas, como a presença do importador ou de um
representante é obrigatória na hora da sua verificação, o importador
prefere que a mercadoria seja transferida para uma unidade
aduaneira mais perto de sua sede, para não precisar viajar para o Rio
de Janeiro nem contratar um despachante aduaneiro. A mercadoria
então será transferida para um porto seco, que é um recinto
alfandegado que veremos na próxima aula, que é utilizado para
armazenagem e despacho aduaneiro das mercadorias.
O porto seco tem as mesmas funções que os portos, ou seja, nele
ocorre a armazenagem para posterior conferência pela Receita
Federal. É, por isso, chamado “porto seco”, visto que se localiza no
interior do país e não na orla marítima.
Caso uma mercadoria transportada do porto do Rio de Janeiro para
um porto seco em Goiás não chegue ao destino ou chegue avariada,
o responsável, isto é, o transportador, irá pagar os tributos relativos
a ela. Por isso, ele é considerado responsável também em percursos
internos.
A segunda observação é que o artigo 104 traz o inciso III que diz
que também é responsável pelo imposto qualquer outra pessoa que a
lei assim designar. Não há nenhuma outra lei designando ninguém.
Por isso atualmente só existem dois responsáveis pelo imposto.

Responsáveis Solidários
O artigo 105 do Regulamento Aduaneiro define que são responsáveis
solidários:
1) o adquirente ou cessionário de mercadoria beneficiada com
isenção ou redução do imposto,
2) o representante no país do transportador estrangeiro,
3) o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso
de importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de
pessoa jurídica importadora,
4) o expedidor com o operador de transporte multimodal ou qualquer
subcontratado para a realização do transporte multimodal e
5) qualquer outra pessoa que a lei assim designar.
Analisemos o primeiro caso: o adquirente ou cessionário de
mercadoria beneficiada com isenção ou redução do imposto.

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Vejamos um benefício existente atualmente: a isenção dada para as


instituições científicas para as importações de bens destinados à
pesquisa científica. Foi criada pela Lei 8.010/90.
O CNPq, por exemplo, pode importar bens para pesquisa e fará jus a
esta isenção. Imaginemos que uma importação desta ocorra e o
CNPq desenvolva suas pesquisas. Passado algum tempo, o CNPq
pode não ter mais interesse em ficar com a mercadoria já que fez
todos os testes desejados. Ele não tem mais interesse na mercadoria,
mas pode ser que alguém no Brasil o tenha e, portanto, o CNPq
teoricamente tem a oportunidade de lhe vender. O Regulamento
Aduaneiro impõe apenas uma condição para que esta transferência se
realize: que os impostos sejam pagos previamente. Se não houvesse
esta cobrança, todos as pessoas jurídicas iriam usar o CNPq e as
demais instituições científicas para intermediarem as compras dos
bens que quisessem. Como a isenção é para instituições científicas e
não é extensiva aos demais, o CNPq deve pagar previamente os
impostos, sendo que há uma escala de depreciação em que, passados
cinco anos, não há necessidade de pagar mais nada.
Passado um ano, há depreciação de 25%. Passados dois anos, a
depreciação é de 50%. Após 3 anos, 75%. Quatro anos, 90%. Após 5
anos, 100% de depreciação.
Além de esta situação de transferência após cinco anos não ser
tributada, também quando a mercadoria é transferida para outra
pessoa que possua a mesma qualidade do importador não é
tributada. Por exemplo, se o CNPq quiser transferir a mercadoria para
outra instituição cientifica, não haverá necessidade de pagar nada,
visto que as duas pessoas têm a mesma qualidade e os mesmos
direitos.
Mas se quiser transferir antes dos cinco anos e para alguém que não
seja uma instituição científica, os tributos devem ser pagos. O que
acontece se o CNPq não fizer o pagamento prévio à transferência da
mercadoria? Transforma o adquirente ou cessionário da mercadoria
que foi beneficiada com isenção ou redução do imposto em
responsável solidário. É isso o que dispõe o primeiro inciso do artigo
105. Ser responsável solidário significa dizer que a Receita vai poder
cobrar tais tributos tanto do CNPq quanto do adquirente ou
cessionário.
O segundo caso é o do representante no país do transportador
estrangeiro. Os transportadores estrangeiros somente podem operar
no território nacional se nomearem um representante brasileiro. Isto
porque, muitas vezes, a falta ou a avaria causada por ele,
transportador, somente é descoberta após sua saída do território. Se
o avião da United Airlines descarrega a mercadoria e depois segue
viagem, e se só mais tarde a Receita descobrir uma falta ou avaria,
não teria como cobrar da United os tributos relativos à falta ou
avaria. É por este motivo que o representante é nomeado pelo

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transportador estrangeiro: ele será cobrado toda vez que o


transportador não estiver mais aqui. Mas, como o transportador pode
voltar um dia, a responsabilidade do representante é solidária com o
próprio transportador, que poderá, segundo o Regulamento
Aduaneiro, ter o veículo apreendido como garantia dos seus débitos
fiscais.
O terceiro caso trata da operação por conta e ordem. É muito
comum que uma pessoa jurídica, principalmente as micro e pequenas
empresas, não tenham o conhecimento, a estrutura ou interesse de
fazer as importações diretamente. É muito comum que elas usem
uma empresa especializada em importações e exportações, para
agirem em seu nome. As empresas trading são especialistas em
compra e venda de mercadorias por conta e ordem de terceiros.
Imaginando que uma empresa trading faça uma importação para
uma microempresa, pague os tributos e entregue a mercadoria ao
encomendante, pode acontecer de a Receita Federal descobrir,
posteriormente ao despacho aduaneiro, que há uma insuficiência de
tributos ou outra falha no despacho, ensejando a cobrança de multa.
Isso é possível porque o despacho aduaneiro pode ser revisto até
cinco anos depois do fato gerador, já que a modalidade de
lançamento do imposto de importação é por homologação (CTN, art.
150, § 4º). Existe a chamada revisão aduaneira, que é um
procedimento de auditoria sobre o despacho, para se tentar encontrar
qualquer irregularidade que passou despercebida no dia da entrada
da mercadoria. A revisão aduaneira pode ocorrer em até cinco anos
após o fato gerador, como veremos na aula sobre “despacho
aduaneiro”. Se a Receita Federal descobrir insuficiência no
recolhimento dos tributos, iria normalmente em cima da pessoa do
importador. Mas, neste caso, como a importação é para um terceiro,
há a previsão legal da solidariedade: o real adquirente responde
solidariamente com o importador neste caso.
O quarto caso trata do expedidor, o operador de transporte
multimodal ou qualquer subcontratado para a realização do
transporte multimodal. Inicialmente vejamos o que é o transporte
multimodal.
O transporte multimodal se caracteriza por ser uma operação de
transporte que usa mais de uma modalidade, por exemplo, o
terrestre e o marítimo. Se a mercadoria vem do interior da Espanha
para um porto no Brasil, será usada a modalidade terrestre do
interior da Espanha até o porto espanhol e a modalidade marítima do
porto espanhol até o porto do Rio de Janeiro. Se esse transporte do
interior da Espanha até o porto brasileiro for contratado com uma
única pessoa transportadora, o transporte é chamado multimodal.
Caso o transporte terrestre seja contratado com uma pessoa, e o
transporte marítimo com outra pessoa, o transporte não é
multimodal. O operador de transporte multimodal é o transportador

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que opera nesta modalidade. É emitido apenas um conhecimento de


carga para cobrir toda a viagem.
O operador de transporte multimodal - OTM pode prestar os serviços
diretamente ou subcontratando. Imagine então que a mercadoria
tenha chegado avariada ou faltando ao porto brasileiro, será que a
Receita Federal tem condições de saber se a mercadoria foi avariada
ou extraviada pelo operador de transporte multimodal ou pelo
subcontratado dele?
Provavelmente não. E, por este motivo, ambos são responsáveis
solidários no pagamento do imposto. A lei 9.611/1998 define que o
operador de transporte multimodal é responsável solidário
preferencial. Portanto, a Receita Federal cobra do OTM e este, se for
o caso, age regressivamente contra o subcontratado dele.
No inciso IV vemos também que o expedidor é considerado
responsável solidário. O que é o expedidor?
É o exportador. Muitas vezes a falta ou avaria da mercadoria foi
causada pelo exportador que colocou uma embalagem inadequada ao
transporte. Se a mercadoria é perecível ou frágil, o expedidor deveria
ter providenciado uma embalagem forte, resistente. Se a embalagem
foi inadequada e a mercadoria se perdeu por conta disso, a Receita
Federal irá cobrar do exportador os tributos e devolver ao importador
o que ele eventualmente tenha pago. Mas novamente temos um
problema: o exportador é estrangeiro.
Como já disse anteriormente, o OTM é responsável solidário
preferencial. Portanto, ele será cobrado e, neste caso, age
regressivamente contra o exportador.
O quinto inciso do artigo 105 define que também é responsável
solidário qualquer outra pessoa que a lei assim designar. Neste caso
houve a criação de um novo responsável solidário pela lei
10.833/2003. O artigo 59 da lei definiu que o beneficiário de regime
aduaneiro suspensivo destinado à industrialização para exportação
responde solidariamente pelo tributo decorrente da admissão da
mercadoria no regime por outro beneficiário mediante sua anuência
para execução de etapa da cadeia industrial do produto a ser
exportado. O que significa isso?
Vejamos um exemplo prático: vamos estudar os regimes aduaneiros
especiais em aulas futuras. No entanto já falei de dois: o trânsito
aduaneiro e o entreposto aduaneiro. Vou falar agora de um terceiro:
o RECOF, que tem o nome de entreposto industrial sob controle
informatizado (Eu não sei como eles chegaram a esta sigla RECOF).
Este regime prevê a importação de matérias-primas com suspensão
dos tributos para desonerar as exportações. O governo avaliou que,
deixando de cobrar imposto sobre a matéria-prima, torna o produto
brasileiro mais competitivo no exterior e, por isso, desonera tais
importações. Os tributos incidentes sobre as matérias-primas não são

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cobrados, ficam suspensos. Esta suspensão fica condicionada à


posterior exportação. Caso esta ocorra, beleza! Caso não ocorra, os
tributos sobre as matérias-primas, que não foram cobrados
inicialmente, agora o serão com juros e multas.
Neste regime, a empresa habilitada ao RECOF pode importar as
matérias-primas diretamente, mas pode também autorizar uma
segunda empresa a importar tais bens para promover a primeira ou
as primeiras etapas da cadeia industrial do produto. Posteriormente,
a mercadoria é repassada para o habilitado no RECOF, que continua
com a industrialização e finalmente a exporta. Caso, no futuro, a
Receita verifique que a exportação não ocorreu, ela poderá cobrar o
imposto das matérias-primas tanto do importador, quanto daquela
indústria habilitada no RECOF que autorizou a importação pelo
primeiro.

Em resumo:
Contribuintes:
1) Importador
2) Destinatário de RPI
3) Adquirente de mercadoria entrepostada

Responsáveis [Pessoais]:
1) Transportador
2) Depositário

Responsáveis Solidários:
1) adquirente ou cessionário de mercadorias beneficiadas com
isenção/redução do II
2) representante do transportador estrangeiro
3) o adquirente de mercadoria estrangeira quando importado por
outro, por conta e ordem daquele
4) o expedidor, o OTM e seus subcontratados
5) qualquer outra pessoa que a lei assim designar:
a. Até hoje, somente uma lei posterior ao Regulamento Aduaneiro
criou um novo caso: Lei 10.833/03 – Os beneficiários do regime
aduaneiro especial na importação de matérias-primas para a cadeia
industrial vinculada a exportação (tirando o importador, que é
contribuinte)

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Para fechar o assunto “Sujeito Passivo”, vejamos duas questões que


caíram em provas anteriores:
1. (AFRF/2002-1) O expedidor, o operador de transporte
multimodal ou qualquer subcontratado para a realização do
transporte multimodal:
a) são responsáveis solidários, perante a Fazenda Nacional, pelo
crédito tributário exigível.
b) são responsáveis, por designação expressa, perante a Fazenda
Nacional, pelo crédito tributário exigível.
c) na qualidade de sujeitos passivos por sujeição direta, respondem
perante a Fazenda Nacional proporcionalmente ao crédito tributário
exigível.
d) são contribuintes substitutos perante a Fazenda Nacional,
respondendo proporcionalmente pelo crédito tributário exigível.
e) são responsáveis solidários perante a Fazenda Nacional e nessa
qualidade respondem proporcional e eqüitativamente pelo crédito
tributário exigível.
Gabarito: Letra A
A Letra B está errada porque trata apenas da responsabilidade sem
tratar da solidariedade. E na legislação aduaneira há uma clara
distinção entre os responsáveis e os responsáveis solidários.
A Letra C trata de sujeição direta. Os responsáveis não têm relação
direta com o fato gerador do imposto.
Não são contribuintes substitutos e não há proporcionalidade na
solidariedade. Todos os solidários respondem pelo crédito integral,
como aprendemos em Direito Tributário. Por isso, as letras D e E são
falsas.

2. (AFTN/março de 1994) É contribuinte do imposto de


importação
a) qualquer pessoa que promova a entrada de mercadoria estrangeira
no território nacional, bem como o destinatário de remessa postal
internacional indicado pelo respectivo remetente, conforme
estabeleçam os atos internacionais pertinentes
b) o permissionário de entreposto aduaneiro relativamente às
mercadorias estrangeiras depositadas
c) qualquer pessoa que tenha relação com a entrada de mercadoria
estrangeira no território nacional, inclusive o transportador e o
depositário, mesmo que a mercadoria se destine a permanecer no
País apenas por um tempo determinado
d) qualquer pessoa que promova a entrada de mercadoria estrangeira
para consumo no território nacional, bem como o transportador de

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mercadoria procedente do exterior em percurso interno, sob controle


aduaneiro
e) o importador e o adquirente ou cessionário de mercadoria
estrangeira beneficiada com isenção ou redução do imposto vinculada
à qualidade do importador

Gabarito: Letra A

Letra B: Permissionário de entreposto aduaneiro não existe. O que


existe são permissionários de porto seco, que ganharam, mediante
licitação, o direito de explorar o serviço de armazenagem e
movimentação de mercadorias destinadas à conferência aduaneira.
São os depositários, os quais são responsáveis pelo imposto e não
contribuintes.
Letra C: Transportador e Depositário são responsáveis e não
contribuintes.
Letra D: Idem.
Letra E: O adquirente ou cessionário ... é responsável solidário.

Fato Gerador
O imposto de importação incide sobre mercadoria estrangeira e o fato
gerador é a entrada desta no território aduaneiro. No entanto,
quando a mercadoria entra no território aduaneiro?
No Direito Administrativo, aprendemos que as águas territoriais e o
espaço aéreo também pertencem ao território nacional. Portanto, a
entrada da mercadoria no território aduaneiro se dá quando o avião
entra no espaço aéreo ou quando o navio entra nas águas territoriais.
Por ser muito difícil a apuração do exato momento desta entrada, a
lei quis definir de modo mais preciso o fato gerador, eliminando a
dúvida acerca do momento de sua ocorrência. E criou o elemento
temporal do fato gerador, diferenciando-o do elemento espacial do
fato gerador, que é a entrada da mercadoria.
O artigo 103 do Regulamento Aduaneiro define que o fato gerador
(ou seja, o elemento temporal do fato gerador) se considera ocorrido
em uma de três situações:
1) na data do registro da declaração de importação de
mercadoria submetida a despacho para consumo,
2) no dia do lançamento do correspondente crédito tributário em
três situações que veremos à frente e
3) na data do vencimento do prazo de permanência da mercadoria
em recinto alfandegado, como também veremos à frente.

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O primeiro elemento temporal do fato gerador é o registro da


declaração de importação. Perceba que somente as declarações de
importação registradas para consumo, isto é, as importações
definitivas, caracterizam o fato gerador do imposto de importação.
Caso a mercadoria entre um regime aduaneiro especial, por exemplo,
o entreposto aduaneiro, o despacho é para admissão e não para
consumo. Além das modalidades de despacho para consumo e para
admissão, ainda há uma terceira e última que é o despacho para
internação. Este acontece relativamente às mercadorias que estão
saindo da Zona Franca de Manaus - ZFM, da Amazônia Ocidental ou
das áreas de livre comércio com destino ao restante do território
nacional. Essas mercadorias sofrem um despacho na saída para evitar
que empresas do Brasil inteiro usem indevidamente os benefícios da
Zona Franca. Por que isso?
Por exemplo, as importações promovidas para a ZFM são isentas de
impostos. Isso acontece desde 1967 quando o Decreto-Lei 288, para
incentivar o povoamento e desenvolvimento daquela região, criou
vários benefícios fiscais. Então, para evitar que as empresas do Rio
de Janeiro e São Paulo ou de qualquer outro estado usem a ZFM
como “escala” para suas importações, há controle tanto na entrada
quanto na saída de lá. Quando lá a mercadoria entra, sofre despacho
de consumo. Quando a mercadoria sai de lá com destino ao restante
do território, sofre despacho para internação.
Aqui há um detalhe interessante: a saída para o restante do território
da mercadoria estrangeira que foi importada para a ZFM é tributada
integralmente como se tivesse vindo do exterior. Com isso elimina-se
a eventual vantagem que as empresas teriam nesta “escala” na ZFM.
Mas o Regulamento Aduaneiro não trata deste fato gerador, visto
que, como lemos, somente as DI submetidas a despacho para
consumo são considerados fato gerador do imposto de importação.
Como pode então haver a cobrança do imposto de importação?
Devemos sempre lembrar que o Regulamento Aduaneiro é só um
decreto presidencial que consolida a legislação aduaneira, mas não a
cria. Foi só um “esquecimento” na redação do artigo que definiu o
fato gerador, mas este está previsto no artigo 6o do DL 288/67.
O segundo elemento temporal do fato gerador previsto na lei
ocorre no dia do lançamento do crédito tributário. Isto ocorre
naquelas situações em que não há uma declaração de importação e,
portanto, não há registro da DI para ser considerado ocorrido o fato
gerador. Por exemplo, quando o turista traz mercadorias acima da
quota de isenção de bagagem (veremos na aula de bagagem que a
quota de isenção é de US$ 500,00 ou US$ 300,00, dependendo do
meio de transporte), serão pagos os tributos à alíquota de 50% sobre
o que exceder a quota. Também quando alguém faz uma importação
pelo correio, ou seja, por remessa postal internacional, a tributação
ocorrerá. Nem em um nem em outro caso, são feitas declarações de

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importação, mas há a cobrança de imposto. Por este motivo, foi


necessária a definição de um segundo elemento temporal do fato
gerador. E definiu-se que este seria considerado ocorrido no dia do
próprio lançamento deste crédito tributário.
Na verdade, no total são três as situações em que se considera
ocorrido o fato gerador no dia do lançamento:
1) no caso de remessa postal internacional submetida ao regime de
tributação simplificada;
2) no caso de bagagem submetida ao regime de tributação
especial; e
3) no caso de falta ou avaria de mercadoria, ou seja, no caso de Fato
Gerador Presumido.
Vejamos cada um destes três casos.
As remessas postais internacionais podem ser submetidas a um de
dois regimes:
1) caso a mercadoria importada pelo correio não seja
produto de tabacaria, nem bebida alcoólica e se custar até US$
3.000,00, pode ser reconhecido o regime de tributação
simplificada (RTS), em que somente são cobrados o imposto
de importação e o ICMS. O imposto de importação é cobrado
com alíquota de 60% sobre o valor aduaneiro, que
resumidamente é o valor da mercadoria, acrescido do frete e
seguro. Também a descarga faz parte do valor aduaneiro, mas,
no caso das remessas postais, ela já está embutida no valor do
frete, como veremos na aula de Valor Aduaneiro. Em relação
aos demais tributos incidentes nas importações (IPI, PIS/PASEP
e COFINS) há isenção. Sendo um tratamento simplificado, não
se exige o registro de uma DI e, por isso, o fato gerador se
considera ocorrido no dia do lançamento. Dentro do RTS pode
haver também isenção se a mercadoria custar até US$ 50,00 e
se o destinatário e o remetente forem pessoas físicas; e
2) regime de importação comum (RIC): se alguma das
condições acima colocadas não for satisfeita, a mercadoria não
será tratada simplificadamente. Terá o tratamento que as
importações normais têm. E, portanto, terá que ser registrada
uma DI. O fato gerador nesta situação será o registro desta
DI, como já vimos.
A bagagem terá uma aula específica, mas, resumidamente, podemos
saber que pode ser submetida a um de quatro tratamentos.
1) isenção: se vier por via marítima ou aérea, o viajante
terá o direito de trazer mercadorias até o valor de US$500,00.
Se vier por via fluvial, terrestre ou lacustre, a isenção será de
US$300,00. Mas a isenção somente será reconhecida para
mercadorias que sejam conceituadas como bagagem pela

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Receita Federal. Este conceito será visto na aula específica da


bagagem, mas pode ser resumidamente entendido como “bens
de uso ou consumo pessoal ou profissional do viajante”. No
caso de isenção, não houve necessidade de definir o elemento
temporal do fato gerador, pois não haverá pagamento de
imposto.
2) Regime de Tributação Especial (RTE): se a bagagem
do viajante passa do limite de isenção, será cobrado tão-
somente o imposto de importação à alíquota de 50% sobre o
excedente. Nenhum outro tributo federal ou estadual será
cobrado. Neste caso, será cobrado o imposto de importação,
mas como não há registro de uma DI, o fato gerador se
considera ocorrido no dia do lançamento do crédito tributário,
igual ao caso do RTS, aplicado às remessas postais
internacionais.
3) Regime de Importação Comum (RIC): se na mala do
viajante houver mercadorias destinadas à revenda como, por
exemplo, quarenta pares de tênis, estas mercadorias não
poderão ser tratadas como bagagem. Terão o tratamento
comum dado às importações. Por isso, serão retidas e enviadas
para o depósito da INFRAERO dentro dos aeroportos
alfandegados, como todas as mercadorias importadas por lojas
e empresas, e o viajante somente poderá levá-las embora se
for registrada uma DI. Neste caso, o fato gerador será o
registro desta DI.
4) Perdimento: Por exemplo, se um menor de dezoito anos
trouxer cigarros ou bebidas, eles serão apreendidos. Não houve
definição do elemento temporal do fato gerador para este caso,
já que não haverá pagamento do imposto, pois mercadoria
sujeita à pena de perdimento é situação de não-incidência,
como já veremos.
A terceira situação em que o elemento temporal do fato gerador foi
definido para o dia do lançamento é o caso de falta ou avaria de
mercadoria. Vimos no início desta aula que o transportador e
depositário são responsáveis pelo pagamento do imposto quando
avariarem ou extraviarem a mercadoria do importador.
Tendo, portanto, havido uma falta ou avaria, a Receita procede à
investigação para descobrir quem foi o responsável. Em outras
palavras, a Receita procede à vistoria aduaneira. Descoberto o
responsável, a Receita irá cobrar dele os tributos que serão
restituídos ao importador. Se o importador pagou R$ 1.000,00 de
imposto de importação, ele tem direito à restituição deste valor. Por
quê?
Perceba o seguinte: o fato gerador do imposto de importação se
divide em duas “metades”: o elemento material e o elemento

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temporal. O elemento material é a entrada, e o elemento temporal é


um dos três que estamos analisando: registro da DI, dia do
lançamento ou dia do vencimento. O fato gerador somente se
considera completo se as duas metades acontecerem. Não adianta a
mercadoria entrar no país, pois somente se considerará ocorrido o
fato gerador no dia do registro da DI, no dia do lançamento ou no dia
do vencimento. Não adianta também registrar uma DI se não houver
a entrada. A restituição, no caso de extravio, ocorre porque, apesar
de ter havido o registro da DI, a mercadoria não entrou ou, pelo
menos, não podemos garantir que entrou. Como o elemento espacial
não ocorreu (ou não se prova que ocorreu), o imposto deve ser
restituído ao importador.
Peraí, se a entrada não ocorreu, por que então cobrar do
responsável? Aí há uma grande “sacada” da legislação. O imposto só
pode ser cobrado se ocorrer o fato gerador. Como não posso afirmar
que a entrada ocorreu, a legislação, para não deixar tudo por isso
mesmo, criou uma presunção de entrada da mercadoria. É o que
dispõe o parágrafo 1o do artigo 72 do Regulamento Aduaneiro: “§ 1o
– Para efeito de ocorrência do fato gerador [do II], considera-se
entrada no território aduaneiro a mercadoria que conste como tendo
sido importada e cujo extravio venha a ser apurado pela
administração aduaneira.”
Portanto, a entrada não pode ser provada e, por isso, restituem-se os
tributos pagos pelo importador (II, IPI, PIS/PASEP e COFINS). Mas
presume-se a entrada apenas para cobrar do responsável pelo
extravio os tributos incidentes sobre a importação.
Aqui há um detalhe interessante: a redação do parágrafo 1o refere-se
exclusivamente ao extravio de mercadoria, mas em relação à avaria
ocorre o mesmo, tendo em vista a redação do artigo 591 do
Regulamento: “A responsabilidade pelo extravio ou pela avaria de
mercadoria será de quem lhe deu causa, cabendo ao responsável,
assim reconhecido pela autoridade aduaneira, indenizar a Fazenda
Nacional do valor do imposto de importação que, em conseqüência,
deixar de ser recolhido, ressalvado o disposto no artigo 586.”
No caso de avaria, o imposto será restituído ao importador
proporcionalmente à parte avariada.
Só um detalhe acerca do FG Presumido: no caso de mercadorias
transportadas a granel, ou seja, grãos, petróleo e outros bens
vendidos a peso transportados nos porões dos navios, há uma perda
natural decorrente do tipo de mercadoria. Se for comprada uma
tonelada de soja, será um milagre se chegar ao porto exatamente
uma tonelada. Chegarão 999 kg ou 997,6 kg ou qualquer número
aproximado. Este extravio natural é tolerado até 1% conforme dispõe
o § 2o do artigo 72 do RA. E finge-se que não aconteceu nada. Mas se
o extravio passar de 1%, este excedente será considerado extraviado

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como vimos antes. Será restituído o imposto ao importador e cobrado


do transportador o imposto relativo ao que excede o 1%.
Sobre a questão das “metades” do fato gerador do imposto de
importação, veja a questão que caiu na prova de TTN/97, quando os
Técnicos da Receita Federal ainda eram chamados Técnico do
Tesouro Nacional.

1. (TTN/1997-Área Aduana) Para se configurar o fato gerador


do imposto de importação e o momento de sua ocorrência,
para fins de cálculo do imposto, são condições cumulativas
a) a entrada da mercadoria estrangeira no território
aduaneiro e o seu licenciamento pelo órgão competente
b) a entrada da mercadoria estrangeira nos recintos
alfandegados de zona primária e o seu registro no manifesto de
carga do veículo transportador
c) a chegada do veículo transportador ao porto, aeroporto
ou ponto de fronteira alfandegado e a entrega dos documentos
relativos à importação na repartição aduaneira jurisdicionante
d) a entrada da mercadoria estrangeira no território
aduaneiro e o registro no SISCOMEX da declaração de
importação para consumo
e) a entrada de mercadoria estrangeira na zona primária dos
portos, aeroportos e pontos de fronteira alfandegados e o
registro da mercadoria para qualquer regime aduaneiro
especial.
Dá para ver que a resposta é a letra (d). A questão é interessante
porque aborda esta idéia das duas metades, ao dizer que são
condições cumulativas o elemento espacial e o elemento temporal do
fato gerador.
Considerando que o importador tenha pago R$ 1.000,00 de imposto
de importação e tenha este valor sido restituído, será que o
responsável irá pagar também R$ 1.000,00 de imposto?
Talvez sim, talvez não.
A legislação aplicável ao lançamento sobre o responsável não é a
legislação do dia do registro da DI. É o que diz o terceiro caso que
estamos analisando: considera-se ocorrido o fato gerador no dia do
lançamento nas situações de RTS (já vimos), RTE (já vimos) e Fato
Gerador Presumido (estamos vendo), ou seja, a legislação a ser
usada no cálculo dos tributos é a do dia do lançamento contra o
responsável, a qual pode ser distinta da do dia do registro da DI, que
foi a legislação usada no pagamento pelo importador.
Se, entre o registro da DI e o lançamento dos tributos sobre o
responsável pelo extravio da mercadoria, tiver havido, por exemplo,

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alteração na alíquota do II, o responsável irá pagar um valor


diferente do originalmente pago pelo importador.
O terceiro elemento temporal do fato gerador do II é a data do
vencimento do prazo de permanência da mercadoria em recinto
alfandegado, se iniciado o respectivo despacho aduaneiro antes de
aplicada a pena de perdimento da mercadoria.
O que vem a ser isso?
Na legislação aduaneira, estão definidos vários prazos para que o
importador inicie o despacho aduaneiro. Por exemplo, estando a
mercadoria armazenada no aeroporto ou porto alfandegado de
chegada, o importador tem um prazo de 90 dias para registrar a DI.
Caso não o faça, a mercadoria será considerada abandonada e será
aberto o processo de perdimento.
Neste processo, será dada ampla defesa ao importador para que ele,
inclusive, possa se “redimir” e registrar a DI, ainda que fora de prazo.
A Receita até irá permitir este registro da DI, mas, para puni-lo pela
sua inércia, considerará ocorrido o fato gerador no dia do vencimento
do prazo de permanência. Se não tivesse sido criado este terceiro
caso, o fato gerador para este “atrasildo” seria o registro da DI. Então
para desestimular a inércia dos importadores e se ressarcir de
processos de perdimento abertos e não-encerrados, a lei definiu que
o fato gerador não será o registro da DI, mas o dia do vencimento do
prazo de permanência, ou seja, o fato gerador se considerará
ocorrido no 90o dia da descarga, pois este foi o último dia para que
ele registrasse a DI. O efeito prático disto é que, além do imposto, o
importador terá que pagar juros e multa por estar atrasado no
pagamento, ou seja, em mora.

Em resumo:

FG do II (Elemento Material ou Espacial do FG):


entrada da mercadoria no território aduaneiro.

Para efeito de cálculo, considera-se ocorrido o FG (Elementos


Temporais do FG):
1) no dia do Registro da DI se despachada para consumo
2) no dia do lançamento:
a. no RTS aplicado às remessas postais internacionais
b. no RTE aplicado às bagagens
c. no FG Presumido
3) no dia do vencimento do prazo de permanência

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4) [no dia do registro da DI se despachada para internação] DL


288/67, artigo 6o

Eu nunca vi repetir tanta questão como a ESAF faz em relação ao fato


gerador do II. Veja as questões abaixo:

1. (AFTN/1996) O momento de incidência do imposto de


importação sobre uma mercadoria estrangeira associa-se à
(ao):
a) Entrada da mercadoria no território nacional por via aérea,
terrestre ou marítima
b) Registro da declaração de importação
c) Emissão do conhecimento de embarque
d) Liquidação do contrato de câmbio
e) Expedição da licença de importação

Gabarito: Letra (B).


A questão não está perfeita porque deveria dizer registro da DI PARA
CONSUMO. Como escrevi antes, uma DI pode ser registrada para
consumo, para admissão ou para internação (Isto será detalhado
melhor na aula de despacho aduaneiro). Note que “momento de
incidência” é sinônimo de “elemento temporal do fato gerador”.
A letra (a) está falando do fato gerador. Não se pode confundir:
quando se pergunta pelo momento de incidência ou “quando se
considera ocorrido o fato gerador”, está se perguntando sobre o
elemento temporal, ou seja, registro da DI para consumo, dia do
lançamento ... ou dia do vencimento...

2. (AFTN/1991) Para efeito de cálculo do imposto de


importação, considera-se ocorrido o fato gerador na data
a) da entrada da mercadoria estrangeira ou desnacionalizada no
território aduaneiro
b) da numeração, pela repartição da Secretaria da Receita Federal,
da Declaração de Importação de mercadoria despachada para
consumo
c) da apuração da falta da mercadoria constante do Manifesto de
Carga, ou documento equivalente, apurada pela autoridade
aduaneira
d) do lançamento do imposto, quando se tratar de mercadoria
contida em remessa postal internacional ou conduzida por
viajante, se aplicado ao caso o regime de importação comum

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e) da vistoria aduaneira que verificar ocorrência de falta de


mercadoria, mediante o confronto do manifesto com os registros
de descarga

Gabarito: Letra (b). Veremos, na aula de despacho aduaneiro, que o


registro da DI ocorre quando, após fazer alguns testes, o SiSCOMEX
dá um número àquela DI.
A letra (a) trata do fato gerador. A questão não pergunta qual é o
fato gerador, mas em que momento se considera ocorrido. Se
perguntar qual é o fato gerador, a resposta é a entrada. Se perguntar
em que momento se considera ocorrido o fato gerador, a resposta é
registro da DI, dia do lançamento ou dia do vencimento.
As letras (c) e (e) tratam da vistoria aduaneira, que é o procedimento
destinado a descobrir quem foi o responsável pela falta ou avaria.
Mas trata de forma errada: na vistoria se compara o que consta na
fatura apresentada pelo importador e o que efetivamente existe
dentro das caixas no aeroporto. Não se compara o manifesto com os
registros de descarga: isto é a Conferência Final de Manifesto que
somente iremos estudar na aula do “controle aduaneiro de veículos”.
Só mais uma observação nestas opções: mesmo que estivessem
tratando corretamente do conceito de vistoria aduaneira, ainda assim
as letras (c) e (e) estariam erradas, pois o fato gerador, em se
tratando de falta ou avaria, é considerado ocorrido no dia do
lançamento e não no dia da descoberta da falta ou avaria e nem no
dia da vistoria. A Receita pode descobrir o extravio num dia,
descobrir o responsável no dia seguinte e fazer o lançamento no
terceiro dia depois que encerrar todo o procedimento. Para efeito de
cálculo dos impostos, considera-se ocorrido o fato gerador no dia do
lançamento.
A letra (d) está errada, pois, se for aplicado o regime de importação
comum nas remessas postais internacionais ou nas mercadorias
trazidas por viajante, haverá uma DI e o fato gerador se considerará
ocorrido no dia do registro desta DI e não no dia do lançamento,
como está escrito.

3. (AFTN/89) No caso de falta de mercadoria constante de


documento de carga ou equivalente, apurada pela autoridade
aduaneira, considera-se ocorrido o fato gerador
a) ficando a mercadoria sujeita aos tributos vigorantes na data do
lançamento do crédito tributário correspondente
b) ficando a mercadoria sujeita aos tributos vigorantes na data da
entrada do veículo transportador no território aduaneiro
c) ficando a mercadoria sujeita aos tributos vigorantes na data em
que o fato foi comunicado à repartição fiscal

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d) na data em que a autoridade aduaneira tenha iniciado a


apuração do fato, ficando a mercadoria sujeita aos tributos então
vigentes
e) ficando a mercadoria sujeita aos tributos vigorantes na data em
que tenha ocorrido o primeiro registro de declaração de
importação de mercadoria desembarcada do mesmo veículo
transportador

Gabarito: Letra (a).


A explicação se encontra na resposta à questão anterior.

4. (TRF/2002-1) Caso se trate de mercadoria constante de


manifesto ou documento equivalente, cuja falta for apurada
pela autoridade aduaneira, reputar-se-á como ocorrido o fato
gerador:
a) no dia do registro do manifesto.
b) no dia do lançamento do crédito tributário.
c) no dia do registro da declaração de importação.
d) no primeiro dia útil do mês subseqüente à apuração da
falta.
e) no dia da atracação do veículo transportador.

Gabarito: Letra (b).


Parece brincadeira, mas a questão é idêntica à anterior, só mudando
a forma de apresentação.

5. (TTN/1998) Para efeito de cálculo do imposto de


importação, considera-se ocorrido o fato gerador
a) na data do registro da declaração de importação para
admissão nos regimes aduaneiros especiais, exceto o de
drawback
b) na data da entrada da mercadoria no território nacional,
assim considerada a da descarga dos volumes para os recintos
alfandegados de zona primária
c) no dia do lançamento respectivo, quando se tratar de
mercadoria constante de manifesto ou documento equivalente,
cuja falta ou avaria for apurada pela autoridade aduaneira
d) no dia do lançamento respectivo, quando se tratar da
entrada regular no território aduaneiro de mercadoria contida
em remessa postal à qual tenha sido aplicado o regime de
exportação temporária

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e) na data do registro da declaração de importação de


mercadoria constante de manifesto ou documento equivalente
cuja falta for apurada pela autoridade aduaneira em ato de
revisão

Gabarito: Letra (c).


Ninguém tem o direito de errar esta questão depois de ter feito as
duas questões idênticas anteriores.

6. (TTN/1998) É contribuinte do imposto de importação


a) o adquirente, em licitação, de mercadoria estrangeira
b) o estabelecimento que exerce o comércio de produtos importados
em relação ao fato gerador decorrente da saída desses produtos para
qualquer fim
c) o importador, em relação ao fato gerador decorrente do
desembaraço aduaneiro de produto, de procedência estrangeira
d) o importador, assim considerada qualquer pessoa que promova a
entrada de mercadoria estrangeira no território nacional
e) qualquer pessoa jurídica de direito público ou privado em relação
ao fato gerador da entrada de mercadoria importada do exterior no
estabelecimento, ainda que se trate de bem destinado a consumo ou
a ativo fixo do mesmo
Gabarito: Letra D
Letra A: arrematação em leilão não é FG do II.
Letra B: o fato gerador do II não é a saída da mercadoria.
Letra C: o fato gerador do II não é o desembaraço da mercadoria.
Letra E: o fato gerador do II não é a entrada da mercadoria no
estabelecimento, mas a entrada no país.

Não-ocorrência do Fato Gerador, Não-incidência e Não-


estrangeira
O imposto de importação incide sobre a entrada de mercadorias
ESTRANGEIRAS. No entanto, o conceito de estrangeira, na legislação,
engloba até mesmo mercadoria produzida no Brasil. Vejamos.
Se uma mercadoria produzida no Brasil é exportada a título definitivo,
ela é considerada DESNACIONALIZADA, ou seja, perde o vínculo com
o Brasil. Se algum dia, esta mercadoria for comprada por uma
empresa brasileira, ela será tratada e tributada como estrangeira.
Vejamos quatro conceitos:
1) Desnacionalização é a exportação a título definitivo.

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2) Nacionalização é a importação a título definitivo.


3) Reimportação é a entrada no Brasil de algo que saíra a título
temporário.
4) Reexportação é a saída de algo que fora importado a título
temporário.
Pelo amor de Deus, “reimportar” não é “importar duas vezes”, nem
“reexportar” é “exportar duas vezes”. E acabamos de ver também
que mercadoria brasileira pode ser considerada “estrangeira”.

Mercadoria não-estrangeira
Quando a mercadoria sai a título definitivo, ela é desnacionalizada, ou
seja, passa a ser considerada estrangeira. Mas, caso esta mercadoria
retorne ao Brasil por fatores alheios à vontade do exportador, o
Regulamento Aduaneiro considera-a nacional. O artigo 70 lista cinco
incisos em que a mercadoria, apesar de ter saído do país, será
tratada como nacional se voltar:
1) enviada em consignação e não vendida no prazo autorizado;
2) devolvida por motivo de defeito técnico para reparo ou
substituição;
3) por motivo de modificações na sistemática de importação por
parte do país importador;
4) por motivo de guerra ou calamidade pública; e
5) por outros fatores alheios à vontade do exportador.
O primeiro caso é ridículo: a mercadoria saiu para tentar ser vendida,
ou seja, não saiu, a princípio, a título definitivo. Portanto, é lógico
que é mercadoria nacional se voltar por não ter sido vendida.
Somente se tivesse sido vendida, passaria a ser considerada
estrangeira.
Os casos 2, 3 e 4 podem ser resumidos no quinto caso, ou seja,
"Mercadorias que voltarem ao país por fatores alheios à vontade do
exportador não são consideradas mercadorias estrangeiras."
O parágrafo único do artigo 70 define que se os equipamentos, as
máquinas, os veículos, os aparelhos e os instrumentos de fabricação
nacional, adquiridos no mercado interno, pelas empresas nacionais
de engenharia, e exportados para execução de obras contratadas
no exterior, voltarem ao país, serão considerados estrangeiros. Por
que isso ocorre?
A legislação brasileira, para incentivar as exportações de serviços
brasileiros, criou um conjunto de benefícios às empresas nacionais de
engenharia. Por exemplo, o Decreto-Lei 1.418/1975 definiu que estas
empresas poderiam comprar no mercado interno tudo aquilo de que
precisassem e nada disso seria tributado internamente. As vendas

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internas para estas empresas foram equiparadas a exportações e,


portanto, sujeitas às imunidades previstas na Constituição Federal.
Assim, a planilha de custos destas empresas de engenharia poderia
levar em conta esta desoneração e competir com melhores condições
no exterior.
Considerando que uma empresa nacional de engenharia tenha
usufruído este benefício, a mercadoria foi considerada “exportada”
quando transacionada internamente. Se foi “exportada”, foi
desnacionalizada e, portanto, há de ser cobrado o imposto se
retornar para o Brasil. Só mais um detalhe: os impostos serão
cobrados, mas será considerada a escala de depreciação.
Apesar de o efeito ser o mesmo, ou seja, não haver tributação na
entrada, a legislação lista alguns casos de não-ocorrência do fato
gerador e outros casos de não-incidência do imposto.

Não-ocorrência do FG
Vejamos os casos de não-ocorrência primeiro. O artigo 74 do
Regulamento Aduaneiro define duas situações de não-ocorrência do
FG:
1) mercadoria que retorna de uma exportação temporária; e
2) pescado capturado fora das águas territoriais, por empresa
brasileira, caso seja cumprida a legislação pesqueira.
Os dois casos são ridículos.
O primeiro trata de uma mercadoria que saiu do país
temporariamente como os sapatos e roupas constantes da bagagem
de um turista brasileiro que vai passear na Disneylândia. Como estes
bens saíram temporariamente do país, eles não perderam o vínculo
com o Brasil, ou seja, não foram desnacionalizados e continuaram
sendo bens brasileiros. Precisava desta previsão de não-ocorrência do
FG? É lógico que não, já que o imposto de importação somente incide
sobre mercadorias estrangeiras e sobre as nacionais que se tornaram
estrangeiras por saírem a título definitivo.
O segundo caso é hilário: a não-ocorrência do FG na entrada do
pescado capturado em águas internacionais está condicionada ao
cumprimento da legislação pesqueira. Ora, imagine que o barco que
chega trazendo peixes esteja totalmente irregular. A Aduana,
considerando que a legislação pesqueira não foi observada, deve
saber se o pescado foi capturado dentro ou fora das águas
territoriais. Se tiver sido pescado em águas territoriais, é peixe
brasileiro e não se cobra imposto. Se tiver sido pescado em águas
internacionais, é peixe internacional e cobra-se o imposto. Como
saber onde o peixe foi capturado? Pergunta para quem? Para o peixe?
O pescador nunca irá assumir que pescou fora das águas territoriais.

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Não-incidência do Imposto de Importação


Os casos de não-incidência estão listados no artigo 71 do
Regulamento Aduaneiro e no artigo 77 da Lei 10.833/03:
1) mercadoria estrangeira que chegar por engano ao país, que for
redestinada ou devolvida para o exterior;
2) mercadoria estrangeira idêntica para substituir outra importada
que apresentou defeito dentro do prazo de garantia;
3) mercadoria estrangeira que tenha sido objeto da pena de
perdimento, exceto na hipótese em que não seja localizada, tenha
sido consumida ou revendida;
4) mercadoria estrangeira devolvida ao exterior antes do registro da
DI;
5) embarcações construídas no Brasil e transferidas por matriz de
empresa brasileira de navegação para subsidiária integral no exterior,
que retornem como propriedade da mesma empresa nacional de
origem;
6) avariada ou imprestável para os fins a que se destinava, desde
que seja destruída e sob controle aduaneiro antes de despachada
para consumo;
7) em trânsito aduaneiro de passagem, acidentalmente destruída.
Todos estes sete casos se referem a mercadorias estrangeiras.
O primeiro caso é o de mercadoria, por exemplo, que estava indo da
Europa para a Argentina, mas acabou sendo descarregada no Brasil
por erro. Não será cobrado o imposto se a mercadoria sair do país,
seja para o destino correto (redestinada) ou para outro destino
(devolvida ao exterior).
O segundo caso é bastante lógico. Uma mercadoria foi importada e
todos os impostos foram pagos. Chegando ao estabelecimento do
comprador, a mercadoria apresentou defeito dentro do prazo de
garantia e o vendedor irá substituí-la. Ora, se é uma troca, não há
porque cobrar imposto de novo, já que este já foi pago na primeira
entrada. A entrada de mercadoria que vem para substituir outra é
situação de não-incidência.
O terceiro caso também é bastante lógico. Se o importador perdeu
sua mercadoria em favor da União, não há porque cobrar dele o
imposto sobre a mercadoria. Também não tem lógica a cobrança do
imposto daquele que hoje possui a mercadoria: o Governo. Mas há
exceções: algumas vezes, a Receita aplica a pena de perdimento à
mercadoria, mas antes que ela seja apreendida, o possuidor “some”
com ela, seja consumindo, vendendo ou fazendo qualquer outra
coisa. Se a punição fosse apenas uma multa no valor da mercadoria,
talvez este “sumiço” fosse vantajoso para o fraudador. Por isso, para
desestimular estas fraudes, serão cobrados, além da multa de 100%

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do valor da mercadoria, os impostos incidentes, já que a mercadoria


foi efetivamente utilizada no país. Se for apreendida e dado o
perdimento, não precisa pagar imposto algum.
O quarto caso se refere a uma devolução de mercadoria antes que se
considere ocorrido o fato gerador do II. Ora, se o registro da DI é
considerado o fato gerador para efeito de cálculo, e se a mercadoria é
devolvida antes deste momento, então o imposto não será cobrado
por falta do elemento temporal do fato gerador.
O quinto caso é só para decorar. Embarcações produzidas no Brasil,
transferidas por empresa brasileira de navegação para subsidiária
integral no exterior e depois transferidas de volta para a primeira
empresa.
O sexto caso é uma situação que afasta a ocorrência do FG
Presumido. Como vimos antes, sobre as mercadorias extraviadas e
avariadas, a Receita cobra o imposto do responsável e restitui o que
tiver sido pago pelo importador. Mas, existe um caso de mercadoria
avariada sobre a qual não serão cobrados tributos: é o previsto neste
caso, ou seja, caso a mercadoria avariada seja destruída antes de
despachada para consumo, cai na não-incidência, ou seja, não serão
cobrados os tributos do responsável, apesar de serem restituídos os
tributos ao importador.
O sétimo caso trata do trânsito aduaneiro, que é um dos seis regimes
aduaneiros especiais que vamos estudar neste curso. O trânsito
aduaneiro é aquele regime em que se transfere a mercadoria de um
ponto a outro para que neste outro ela seja conferida. Por exemplo,
empresas de Minas Gerais que importem mercadorias por navio têm
duas opções para as mercadorias que chegam pelo Porto do Rio de
Janeiro: contratam um despachante ou mandam um funcionário ou
sócio para apresentar os documentos para a Receita no porto OU, em
vez de ir ao porto, pedem que a mercadoria seja transferida para um
porto seco (veremos o que é o porto seco na próxima aula) situado
próximo ao seu estabelecimento. Este último caso usa o regime de
trânsito aduaneiro, em que as mercadorias são normalmente lacradas
no porto do Rio para assegurar que não serão violadas durante a
viagem. Ao chegar ao porto seco em Minas Gerais, os lacres são
conferidos pelos funcionários da Receita que lá trabalham. Esta
modalidade de trânsito aduaneiro é o trânsito de importação.
Este sétimo caso trata do trânsito aduaneiro de passagem, ou seja, a
mercadoria só está passando pelo Brasil. Está entrando pela fronteira
com a Venezuela para sair depois para a Bolívia, usando o nosso
território. Quando entra no Brasil pela Venezuela, são lacradas as
cargas e/ou os veículos. O beneficiário assina um compromisso de
sair do país. Caso não o faça, os tributos serão cobrados com base no
termo de responsabilidade assinado pelo beneficiário. Quando chega
à fronteira Brasil-Bolívia, verifica-se se tudo foi cumprido conforme
havia sido assumido pelo transportador. Qualquer inadimplemento do

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regime gera a execução do termo de responsabilidade como veremos


na aula de regimes aduaneiros especiais.
O sétimo caso, que estamos tratando, diz que se, no trânsito
aduaneiro de passagem, houver um acidente envolvendo as
mercadorias, os tributos serão dispensados. Interessante a conclusão
a contrário senso, ou seja, se for um trânsito do porto do Rio de
Janeiro para a empresa em Minas Gerais, não sendo, portanto, um
trânsito de passagem, e houver um acidente, os tributos serão
exigidos, não sendo dispensados.
A ESAF adora misturar os conceitos de não-estrangeira, não-
ocorrência do FG e não-incidência. O efeito de todos é o mesmo, ou
seja, não se cobra o imposto de importação.
Veja só: se uma mercadoria não é estrangeira, incide o II? Não. E
ocorre o FG do II na sua entrada no Brasil? Não.
Pois bem, mercadorias não-estrangeiras são também situações de
não-incidência e de não-ocorrência do FG. Mas, para efeito de prova,
devemos guardar os três grupos separadamente.

Em resumo:

Mercadorias não-estrangeiras: são aquelas que voltam ao país


por fatores alheios à vontade do exportador.

Não-ocorrência do FG do II:
1) retorno de exportação temporária e
2) pescado capturado fora das águas territoriais do país, se
observada a legislação pesqueira

Não-incidência do II:
DREPS
D de devolvida ao exterior antes do registro da DI
R de redestinada ou devolvida ao exterior por erro de expedição
E de embarcações
P de perdimento
S de substituta
E os dois casos da Lei 10.833/03:
Destruída antes de despachada para consumo
Destruída acidentalmente no trânsito de passagem
Veja as questões abaixo:

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1. (AFRF/2002-2) A importação de mercadoria estrangeira


idêntica, em igual quantidade e valor, e que se destine à
reposição de outra anteriormente importada que se tenha
revelado, após o despacho aduaneiro, defeituosa ou
imprestável para o fim a que se destinava, desde que
satisfeitas as condições estabelecidas pelo Ministro da
Fazenda, configura relativamente ao imposto de importação
uma hipótese de
a) isenção condicionada.
b) regime suspensivo até o implemento das condições.
c) não-incidência.
d) reimportação com não ocorrência do fato gerador.
e) isenção de natureza objetiva.

Gabarito: Letra (c). Sem comentários. É literal da legislação.

2. (AFTN/março de 1994) O imposto de importação não incide


sobre
a) I – mercadoria estrangeira que, corretamente declarada, chegar ao
País com erro no manifesto e que, sendo comprovado, seja
redestinada ao exterior,
II – mercadoria estrangeira idêntica, em igual quantidade e valor, e
que se destine a substituir outra anteriormente importada que se
tenha revelado, após o despacho aduaneiro, defeituosa ou
imprestável para o fim a que se destinava, a critério do Ministério da
Fazenda;
III – mercadoria estrangeira que tenha sido objeto de apreensão na
zona secundária aduaneira.
b) I – mercadoria nacional ou nacionalizada, reimportada, quando
descumpridas as condições do regime de exportação temporária;
II – mercadoria estrangeira similar, em igual quantidade e valor, e
que se destine à reposição de outra anteriormente importada que se
tenha revelado, após o despacho aduaneiro, defeituosa ou
imprestável para o fim a que se destinava, desde que satisfeitas as
condições estabelecidas pelo Ministro da Fazenda;
III – mercadoria desnacionalizada que retorne ao País desde que
tenha sido exportada a título definitivo.
c) I – mercadoria estrangeira que, corretamente manifestada, chegar
ao País por erro evidente ou comprovado de expedição e que for
reexportada para outro país;

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II – mercadoria estrangeira idêntica ou similar, em igual quantidade e


valor, e que se destine à reposição de outra anteriormente importada
que se tenha revelado, após a descarga, defeituosa ou imprestável
para o fim a que se destinava, desde que satisfeitas as condições
estabelecidas pelo Ministro da Fazenda;
III – mercadoria estrangeira, apreendida ou abandonada, que tenha
sido objeto de alienação ou qualquer outra destinação pelo poder
público.
d) I – mercadoria estrangeira que, corretamente declarada, chegar
ao País por erro manifesto ou comprovado de expedição e que for
redestinada para o exterior,
II – mercadoria estrangeira idêntica, em igual quantidade e valor, e
que se destine a reposição de outra anteriormente importada que se
tenha revelado, após o despacho aduaneiro, defeituosa ou
imprestável para o fim a que se destinava, desde que satisfeitas as
condições estabelecidas pelo Ministro da Fazenda;
III – mercadoria estrangeira que tenha sido objeto de pena de
perdimento.
e) I – mercadoria desnacionalizada, que corretamente declarada
chegar ao País com defeito técnico que exija sua devolução para
reparo ou substituição;
II – mercadoria estrangeira idêntica ou similar, em igual quantidade
ou valor. e que se destine a reposição de outra anteriormente
importada, que se tenha revelado, após a conferência aduaneira,
defeituosa, imprestável ou obsoleta para o fim a que se destinava,
desde que o importador assine termo de responsabilidade se
comprometendo a reembarcá-la para o exterior;
III – mercadoria estrangeira ingressada no País em regime
exonerativo de tributação.
Gabarito: Letra (d). É questão literal. Portanto, faço apenas alguns
comentários, pois basta ver que somente a letra (d) traz a redação
fiel do Regulamento Aduaneiro.
A letra (a) está errada porque fala que apreensão é caso de não-
incidência.
Isto é falso: perdimento não é sinônimo de apreensão ou abandono.
O perdimento só é declarado após um processo em que se assegure
ampla defesa e contraditório ao importador. Já o abandono ou a
apreensão ocorrem quando o prazo para se iniciar o despacho vence
sem que o importador tenha tomado qualquer providência neste
sentido. Vimos inclusive que a mercadoria pode ser até liberada pela
Receita se o importador pedir a não-aplicação da pena de
perdimento.

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Outro problema: “erro manifesto” da legislação foi mudado para “erro


no manifesto [de carga]”. Na próxima aula, estudaremos o manifesto
de carga.
Letra (b): mercadoria desnacionalizada é mercadoria estrangeira e,
portanto, cobra-se o imposto.
Uma observação: descumprir o regime de exportação temporária leva
apenas ao pagamento de uma multa, pois a mercadoria não deixa de
ser mercadoria nacional só porque, em vez de voltar em 30 dias,
voltou em 40. Imposto não pode ser cobrado como punição, não é
sanção de ato ilícito, como definido no artigo 3o do CTN.

3. (TRF/2003) Não haverá incidência do imposto de


importação nas seguintes situações, exceto:
a) devolução de dois aparelhos de ultra-sonografia nacionalizados,
por motivo de defeito técnico e que retornaram ao País para
substituição.
b) retorno ao País de veículo de fabricação nacional, adquirido no
mercado interno, por empresa nacional de engenharia e exportado
para execução de obra contratada no exterior.
c) retorno ao Brasil de peças de artesanato, sob a alegação de que
não correspondia à amostra apresentada ao importador estrangeiro
pelo representante da cooperativa de artesãos.
d) retorno ao País de produtos nacionais, enviados em consignação e
não vendidos, imediatamente após o término do prazo autorizado.
e) redestinação ou devolução para o exterior de mercadoria
estrangeira, corretamente descrita e cujo erro de expedição foi
comprovado.
Gabarito: Letra (b). Como vimos, os bens adquiridos pelas empresas
nacionais de engenharia, se trazidos de volta, são tratados como
estrangeiros.
Esta questão é capciosa. Em primeiro lugar, pelo duplo não no
enunciado. Segundo, porque a única opção onde há literalmente uma
situação de não-incidência é a letra (e). Vejamos.
As letras (a), (c) e (d) tratam de situações de não-estrangeira. São
mercadorias nacionais que voltam para o país por fatores alheios à
vontade do exportador. Se fosse pela vontade do exportador, estas
mercadorias não voltariam. São não-estrangeiras e, portanto, não há
incidência do imposto.
Note que a letra (d) trata de mercadorias voltando para o Brasil após
o prazo autorizado. Por exemplo, foi dado um prazo de 90 dias e a
mercadoria volta depois deste prazo. Haverá, por conta deste
descumprimento, incidência do imposto de importação? Não, já vimos
na questão anterior que um descumprimento de norma ou um ato

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ilícito nunca podem ser motivo para se cobrar tributo, pois tributo não
é sanção de ato ilícito.
A letra (e) é situação literal de não-incidência.
Se perguntasse assim: “É situação de não-incidência, exceto”,
teríamos quatro respostas, pois somente a letra (e) é literalmente
situação de não-incidência.

GLOSSÁRIO
1 – DESNACIONALIZAÇÃO - é a exportação a título definitivo.
2 – NACIONALIZAÇÃO - é a importação a título definitivo.
3 – REIMPORTAÇÃO - é a entrada no Brasil de algo que saíra a título
temporário.
4 – REEXPORTAÇÃO - é a saída de algo que fora importado a título
temporário.
5 – ENTREPOSTO ADUANEIRO - é um regime aduaneiro especial em
que os tributos ficam suspensos, porque a mercadoria está vindo em
consignação para ser vendida posteriormente no Brasil (“entreposto
não-vinculado”) ou está vindo, comprada ou não, para ser vendida
para o exterior (“entreposto vinculado”).
6 – TRÂNSITO ADUANEIRO NA IMPORTAÇÃO - é um regime
aduaneiro especial que permite o transporte da mercadoria dentro do
território para um outro local em que sofrerá a conferência pela
Receita.
7 – RECOF (Entreposto Industrial sob Controle Informatizado) - é um
regime aduaneiro especial em que não são cobrados os tributos
incidentes nas importações de matérias-primas para baratear o
produto a ser exportado.
8 – REMESSA POSTAL INTERNACIONAL - são as importações via
correio.
9 – SISCOMEX – Sistema Integrado de Comércio Exterior, usado para
o importador descrever a mercadoria importada e para os órgãos
públicos analisarem a importação e, no caso da Receita Federal,
desembaraçá-la.
10 – DESEMBARAÇO ADUANEIRO – Último ato do despacho
aduaneiro. É a confirmação pela Receita de que a mercadoria está
corretamente descrita e os tributos foram corretamente recolhidos.
11 – REVISÃO ADUANEIRA – É uma espécie de auditoria do despacho
aduaneiro, em busca de eventuais falhas.
12 – DESPACHO ADUANEIRO – Procedimento de apuração da
regularidade da importação ou da exportação. Na importação, se
encerra com o desembaraço aduaneiro.

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13 – MULTIMODAL – Transporte em que há mais de uma modalidade


e apenas um transportador.
14 - VISTORIA ADUANEIRA – Procedimento promovido pela Receita
Federal para apurar falta ou avaria de mercadoria
15 – CONHECIMENTO DE CARGA – Documento emitido pelo
transportador representando o contrato de frete.
16 – REGIME DE TRIBUTAÇÃO ESPECIAL – utilizado na bagagem.
Cobra-se 50% de imposto de importação sobre o que exceder o limite
de isenção.
17 – REGIME DE TRIBUTAÇÃO SIMPLIFICADA – utilizado nas
importações pelo correio. Cobra-se 60% de imposto de importação.
18 – PERDIMENTO – Perda da mercadoria pelo importador, que passa
à propriedade da União.
19 – EXPORTAÇÃO TEMPORÁRIA – Regime Aduaneiro Especial em
que o imposto de exportação fica suspenso, visto que a mercadoria
vai voltar.
20 – MODALIDADES DE DESPACHO: Consumo (importações
definitivas), Admissão (para Regime Aduaneiro Especial) e Internação
(relativo à Zona Franca de Manaus, Áreas de Livre Comércio e
Amazônia Ocidental).

Um abraço,
Rodrigo Luz

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