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Ilícito tributário:
conceito, espécies e
outros fins
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Ortigara, Janes Sandra Dinon


SST Ilícito tributário: conceito, espécies e outros fins / Janes
Sandra Dinon Ortigara
Ano: 2020
nº de p.: 10

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Ilícito tributário: conceito,


espécies e outros fins

Apresentação
O sistema jurídico contém duas diretrizes principais: aquilo que é lícito e aquilo que
é ilícito, e o Direito Tributário se utiliza delas. Podemos encontrar, neste ramo do
Direito, a existência de normas que são dispositivas que consideram que, quando
ocorre no mundo real um fato que a lei considere como gerador, nascerá, em
consequência, o dever de tributar esta ação. Ao mesmo tempo nascerá o dever de
sancionar o não cumprimento da norma dispositiva.

Não cumprir a norma dispositiva e não cumprir a sanção imposta faz nascer o
que se chama de ilícito tributário. É disso que trata esta unidade. Sua importância
encontra-se no fato que ao operador jurídico cabe orientar seus clientes quanto as
obrigações existentes quando da realização de negócios jurídicos. Esperamos que
aproveite este conteúdo.

Conceito de ilícito tributário


O sistema jurídico pode ser separado em dois subconjuntos: o da licitude e o
da ilicitude. Licitude corresponde ao que está de acordo com a lei – lícito. Já o
procedimento ilícito é o que viola o ordenamento jurídico.

Assim, o ilícito tributário pode ser definido como aquilo que descumpre a legislação
tributária. O descumprimento ou a violação da obrigação principal ou acessória,
assim como todos os atos realizados em exercício ilegal, é classificado como ilícito.

O ilícito em discordância com a ordem tributária obteve relevância e passou a ter


peso maior a partir da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990. Essa lei destaca as
características normativas e as regras de conduta da ordem tributária, de forma que
evidencia o sistema de combate com o intuito de reduzir e inibir os malefícios que
tais práticas acarretam.

O ilícito tributário pode compreender três tipos de infração: tributária; tributária e


penal; e penal.

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1. Infração tributária:

Infração caracterizada somente na lei fiscal. Por exemplo: o uso incorreto


de uma alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
(ICMS). Nesse caso, aplica-se meramente uma sanção administrativo-
fiscal, calculada somente sobre a diferença não recolhida aos cofres
públicos estaduais. Trata-se da infração que ocorreu em decorrência do
descumprimento da legislação tributária, do pagamento incorreto do tributo.

2. Infração tributária e penal:

Ocorre quando o contribuinte decide fraudar a legislação e não quitar o


tributo. O Fisco irá averiguar o tributo e aplicar a penalidade cabível. Além
disso, haverá crime, como o de sonegação fiscal.

3. Infração penal:

Corresponde à violação da lei penal. Acontece quando uma pessoa realiza


qualquer procedimento proibido por lei e fica sujeita a cumprir uma pena.
Os ilícitos tributários caracterizados como sonegação estão sujeitos a pena
de dois a cinco anos de reclusão, além da multa, que pode atingir até 225%,
conforme art. 1º da Lei nº 8.137/1990 e art. 44 da Lei nº 9.430/1996.

Vamos aprofundar, a seguir, o estudo das espécies de ilícitos tributários.

Espécies de ilícito tributário


Entre as infrações cometidas contra a obrigação tributária e aquelas que
descumprem o simples dever formal, vamos explorar: apropriação indébita,
sonegação fiscal ou evasão fiscal, supressão de escrituração e livros e crimes
tributários eletrônicos.

Apropriação indébita
É o ato cometido por um indivíduo que toma posse de dinheiro ou bens que
pertencem a outro e obtém vantagem com isto. Para que seja considerada a
apropriação indébita em relação aos tributos, é necessário considerar uma série de
requisitos.

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Apropriação indébita
• Art. 11 da Lei nº 4.357 de 1964
Precedentes • Art. 168 do Código Penal

• Art. 2º, II da Lei nº 8.137 de 1990


Não recolhimento de tributo • Art. 168 do Código Penal

Tipo novo e prisão por • Art 2º, II da Lei nº 8.137 de 1990


• Art. 95 da Lei 8.212 de 1991
dívida

• Arts. 168-A, 313-A, 313-B, 337-A da Lei nº 9.983 de 2000


Contribuição previdenciária
• Lei 8.212 de 1990
e sistema de informações • Lei 8.137 de 1990

Inexigibilidade de outra • Art. 95 da Lei nº 8.212 de 1991


conduta

Fonte: Elaborada pela autora (2014).

Sonegação fiscal ou evasão fiscal


Surgiu junto com a instituição de impostos: é um problema antigo e que traz
fortes impactos no sistema tributário e na economia do país. Os impostos já eram
cobrados no Egito antigo (3.000 a.C.), na Babilônia, na Pérsia e na Índia, para citar
somente alguns dos impérios mais conhecidos. Os fiscais percorriam os reinos
para registrar os bens, além da produção agrícola e pecuária, e, a partir daí, recolher
os valores devidos.

O excesso de recolhimentos, para custear não só a infraestrutura dos reinos, mas


também a segurança, a fim de manter os exércitos e as despesas das casas reais,
levou tanto a revoltas quanto a tentativas de sonegação.

Cassone (2005, p. 45) alega que:

A sonegação fiscal, também denominada de evasão fiscal, consiste em


toda ação consciente, espontânea, dolosa ou intencional do contribuinte
através de meios ilícitos para evitar, eliminar, reduzir ou retardar o
pagamento do tributo devido, não se configurando em hipótese alguma
com planejamento tributário lícito.

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Curiosidade
Sonegação fiscal: É uma fraude realizada depois da tributação.

Evasão fiscal: Consiste no uso de estratégias para evitar ou


retardar a tributação antes que esta ocorra.

Tipos de sonegação e evasão fiscal


A sonegação e a evasão fiscal não são caracterizadas apenas pelo não pagamento
de um tributo devido. Existem várias formas em que esse pagamento pode ser
omitido. Para Gomes (2006, p. 79), algumas tipificações da sonegação e da evasão
fiscal são:

1. Venda sem nota; com “meia” nota; com “calçamento” de nota;


duplicidade de numeração de nota fiscal;

2. Compra de notas fiscais;

3. Passivo fictício ou saldo negativo de caixa;

4. Acréscimo patrimonial a descoberto (do sócio);

5. Deixar de recolher tributos descontados de terceiros;

6. Saldo de caixa elevado;

7. Distribuição disfarçada de lucros;

8. Alienação de bens ou direito ao sócio ou pessoa ligada por valor inferior


ou superior ao de mercado, entre outros.

Atenção
A falta de registros nos livros fiscais e a falta de pagamento de
tributos são erros simples na escrituração contábil que podem ser
considerados sonegação fiscal. Fique atento às normas.

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Causas
Além do excesso de taxações, Gomes (2006, p. 77-78, grifo nosso) elenca outros
fatores que se encontram na raiz da sonegação e da evasão fiscal:

Reflita
a) causas legais - constantes elevações de alíquotas, falhas na
aplicação de penalidades, interpretação restrita da legislação
sobre o sigilo de dados;

b) causas administrativas nos Poderes Executivo e Judiciário


- deficiência nas três esferas de poder; descontinuidade
administrativa; falta, desvio ou inadequação de recursos humanos,
materiais e tecnológicos; deficiência no setor de processamento
de dados; inconsistência dos cadastros de pessoas físicas e
jurídicas; entraves à fiscalização; insegurança dos agentes do
fisco; ineficácia da fiscalização, da cobrança e da aplicação de
penalidades; falta de defesa dos agentes do fisco pelo governo;
morosidade na solução dos processos administrativo fiscal e, por
último, o mais discutido do momento, a corrupção;

c) causas econômicas - economia informal; concorrência entre as


empresas e recessão;

d) causas socioculturais - falta de educação e consciência


tributária dos contribuintes; falta de vontade política para combater
a sonegação e, falta de consenso na imposição tributária, de
credibilidade do governo e de transparência na aplicação do
produto da arrecadação.

e) causas ilícitas - prevaricação e corrupção administrativa e de


agentes do fisco;

f) concorrência desleal - como o sonegador não recolhe aos


cofres públicos os tributos devidos, consequentemente, oferece as
mercadorias com o preço muito inferior ao de seus concorrentes,
causando assim a insolvência destes, caso não sejam tomadas
as providências por parte do poder tributante.

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Consequências
A evasão provoca grandes prejuízos, não somente ao mundo dos negócios e
ao governo, mas também à sociedade. Gomes (2006, p. 78) destaca que “[...] os
tributos sonegados deixam de ser aplicados em obras de importância para a
sociedade (hospitais, escolas)”.

Por conta de tal repercussão, a sonegação é duramente combatida em vários


países, e existem casos famosos, entre artistas, políticos e personalidades das mais
diversas áreas que, além de devolver aos cofres públicos somas vultuosas, também
foram presos.

Saiba mais
A história de Al Capone foi contada em livros e filmes. Um deles
ganhou vários óscares: Os Intocáveis, que relata como o trabalho
de um contador levou à prisão do mafioso. Assista ao trailer aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=XiFguTlYprA.

Gomes (2006, p. 68-69) relata as perdas financeiras provocadas pela sonegação


fiscal para a sociedade:

Um estudo acerca da sonegação fiscal realizado atualmente pelo IBPT,


Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, relata que o quantitativo
de dinheiro acumulado pelo caixa 2 nas empresas brasileiras chega a
aproximadamente R$ 1trilhão no ano de 2004, volume financeiro este
formado pelo não pagamento de tributos que, segundo o instituto, já
atinge 29% das companhias instaladas no Brasil. Do total do faturamento
das empresas declarado, estimado em R$ 2,6 trilhões, 39,2%, ou R$ 1,028
trilhão, estão na chamada conta “por fora”.

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Conclusão
O sistema tributário brasileiro é complexo e também um dos mais modernos do
mundo, prova disso é o constante investimento em informatização dos sistemas
da Receita Federal, que a cada dia apresenta novidades. Com a informatização a
fiscalização aumentou e tem dificultado a vida dos sonegadores de impostos.

A prática de sonegação fiscal, ou seja, aquele que burla o pagamento dos impostos,
tem ficado a cada dia mais difícil, e as sanções vem sendo aplicadas aos novos
casos. Eis a importância deste conteúdo como comentado na apresentação.
Preparar o estudante para que possa saber orientar seus clientes diante de um
mundo cada vez mais informatizado no qual as transações comerciais ocorrem
instantaneamente gerando obrigações tributárias que devem ser cumpridas para se
evitar o sancionamento de penalidades. Continue avançando.

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Referências
BRASIL. Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990. Define crimes contra a ordem
tributária, econômica e contra as relações de consumo, e dá outras providências.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8137.htm. Acesso em: 14
out 2020.

BRASIL. Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Dispõe sobre a legislação


tributária federal, as contribuições para a seguridade social, o processo
administrativo de consulta e dá outras providências.

CASSONE, V. Direito Tributário. São Paulo: Atlas, 2005.

GOMES, A. H. T. Tributação e sonegação fiscal: um estudo do comportamento do


Estado ante a sonegação fiscal. [mestrado]. Direito Constitucional, Universidade
de Fortaleza, Fortaleza, 2006. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/
download/teste/arqs/cp041431.pdf. Acesso em: 14 out 2020.

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