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PROCEDIMENTOS DE IMPORTAÇÃO

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PROCEDIMENTOS DE IMPORTAÇÃO

SOBRE ESTE CONTEÚDO

Todos os direitos reservados a Abracomex - Associação Brasileira


de Consultoria e Assessoria em Comércio Exterior.

Material teórico didático para subsídio no processo de ensino e aprendizagem.

Coordenação: João Marcos Andrade.

Professor: João Marcos Andrade.

Direção por: Marcus Vinícius Franquine Tatagiba.

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PROCEDIMENTOS DE IMPORTAÇÃO

SUMÁRIO

ETAPAS DO DESPACHO ADUANEIRO DE IMPORTAÇÃO ..................... 4

Despacho Aduaneiro - Conceito Legal ..................................................... 4

Etapa Inicial do Despacho Aduaneiro de Importação ....................................... 5

Fluxo do Despacho Aduaneiro de Importação ................................................... 8

Declaração de Importação ................................................................................. 10

Seleção para Conferência Aduaneira (Parametrização da Declaração de

Importação) ..................................................................................................... 14

Distribuição .................................................................................................................... 16

Conferência Aduaneira ............................................................................................. 17

Interrupção e Formulação de Exigências ........................................................... 18

Desembaraço Aduaneiro ..................................................................................... 20

Entrega da Mercadoria ......................................................................................... 21

Pagamento da Armazenagem ................................................................................ 22

Entrega Fracionada .................................................................................................. 22

Entrega Antecipada .................................................................................................. 23

Retificação de Declaração .................................................................................... 24

Cancelamento de Declaração ............................................................................. 25

Procedimentos Especiais de Controle Aduaneiro .............................................. 27

Revisão Aduaneira .................................................................................................. 28

CONCLUSÃO ...................................................................................................... 29

REFERÊNCIAS .................................................................................................. 31

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ETAPAS DO DESPACHO ADUANEIRO DE IMPORTAÇÃO

Primeiramente é necessário compreender que o Despacho Aduaneiro é um procedimento


administrativo de total responsabilidade do importador, o qual de acordo com a legislação
aduaneira, inicia-se a partir do momento em que ocorre o registro no Sistema Integrado de
Comércio Exterior (SISCOMEX) da Receita Federal; ou do DTA (Documento de Trânsito
Aduaneiro); ou da Declaração de Importação; ou da Declaração Única de Importação, os
detalhes sobre esses documentos devem ser observados a seguir neste material.
Em relação aos conceitos relativos ao Despacho Aduaneiro de Importação, é conveniente
considerarmos que a Legislação Aduaneira é assim como qualquer outra natureza de
Legislação no Brasil, passível de mudança a qualquer momento, por isso a necessidade de
constates leituras da mesma pelos profissionais da área do Comércio Exterior,
especialmente aos envolvidos diretamente no Despacho Aduaneiro, exatamente para que
seja possível o acompanhamento sempre em tempo oportuno de questões que possam ser
alteradas durante um processo de Importação.
Vamos tratar inicialmente da concepção do Despacho Aduaneiro conforme a Legislação
Aduaneira vigente.

DESPACHO ADUANEIRO – CONCEITO LEGAL

O Decreto n.º 6759/2009 - Artigos 542 e 543 define Despacho Aduaneiro como sendo:
Art. 542. Despacho de importação é o procedimento mediante o qual é verificada a
exatidão dos dados declarados pelo importador em relação à mercadoria importada, aos
documentos apresentados e à legislação específica.
Art. 543. Toda mercadoria procedente do exterior, importada a título definitivo ou não,
sujeita ou não ao pagamento do imposto de importação, deverá ser submetida a despacho
de importação, que será realizado com base em declaração apresentada à unidade
aduaneira sob cujo controle estiver a mercadoria (Decreto-Lei nº 37, de 1966, art. 44, com
a redação dada pelo Decreto-Lei nº 2.472, de 1988, art. 2º).
Com essa definição compreendemos então que a necessidade da manifestação da
mercadoria importada à Receita Federal, para fins de fiscalização é de fato o procedimento
administrativo denominado pela Legislação acima descrita como Despacho Aduaneiro de
Importação.
O ato da apresentação da mercadoria importada para fins de fiscalização aduaneira
ocorre de maneira eletrônica, mediante o registro da Declaração de Importação ou
Declaração Única de Importação, bem como a adoção das práticas operacionais disponíveis

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por meio do Sistema Único de Comércio Exterior da Receita Federal, o SISCOMEX, o qual
deve ser acessado via internet pelo Importador ou por seu Representante Legal
(Despachante Aduaneiro).
Tendo compreendido então o conceito do procedimento administrativo do Despacho
Aduaneiro, entendamos logo na sequência, as etapas operacionais dessa atividade.

1. ETAPA INICIAL DO DESPACHO ADUANEIRO DE IMPORTAÇÃO:


Imagine sua carga de importação chegando ao Brasil e, simultaneamente seu e-mail ou
telefone celular recebendo mensagens cobrando a liberação da carga o mais rápido possível.
É dessa forma que ocorre na maior parte das cargas de importação, pois as demandas
relativas a prazos para disponibilidades das cargas em fábricas, ou lojas, são extremamente
curtas o que define a máxima organização possível na parte documental e logística, para
que o Processo de Despacho Aduaneiro demore o menor tempo possível.
Mas e como agir, o que fazer, a quem recorrer para que tudo ocorra da forma mais
prática e ágil possível? Essas perguntas somente serão respondidas de forma eficaz e
segura, se anteriormente ao embarque da mercadoria no exterior, a atuação do Analista de
Importação, Despachante Aduaneiro, ou outra atividade profissional que esteja atuando na
coordenação da referida importação, tenha abrangido todas as consultas devidas ao rito
administrativo documental de uma importação, a começar pela consulta à classificação
fiscal da(s) mercadoria(s) constante no embarque.
Essa consulta à classificação fiscal da(s) mercadoria(s) constante(s) na importação, diz
respeito ao Tratamento Administrativo do Siscomex, instrumento utilizado e disponibilizado
pela Receita Federal do Brasil, para que a importação esteja seguindo as determinações
legais aduaneiras, para adentrar ao território nacional de forma correta.

1.1Tratamento Administrativo do Siscomex.


De responsabilidade do Importador a consulta ao Tratamento Administrativo do Siscomex
corresponde ao cumprimento das disposições constantes nos Artigos 12º ao 15º da Portaria
da Secex n.º 23/2011 (Secex - Secretaria de Comércio Exterior, órgão vinculado ao Ministério
da Economia), para apuração quanto à necessidade ou não de Licença de Importação
previamente ao embarque no Exterior.
Link para consulta ao Tratamento Administrativo do Siscomex nas Importações:
https://www4.receita.fazenda.gov.br/tratamento/private/pages/consulta_tratamento.jsf
Obs.: Para consultar ao Tratamento Administrativo o Importador (ou seu representante
legal Despachante Aduaneiro), deverá estar com a NCM (Nomenclatura Comum do
Mercosul) à disposição.

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1.2Licenciamento de Importação.
A Portaria da Secex n.º 23/2011 define nos artigos citados no subitem acima, a questão
da exigência quanto à obtenção de anuência (autorização) de importação, sendo
imprescindível que o importador através dos profissionais responsáveis pela coordenação
da importação, certifiquem-se quanto aos procedimentos necessários para cumprimento
dos requisitos definidos no assunto Licenciamento de Importação.
O documento denominado Licenciamento de Importação, será elaborado
eletronicamente no Sistema Siscomex da Receita Federal (podendo ser também emitido
via outro Sistema Gerenciador que tenha interface com o Siscomex), e definirá as condições
administrativas para que a importação ocorra, sendo que o referido documento ao ser
elaborado, terá um número de identificação gerado pelo próprio sistema Siscomex, logo
após seu registro pelo usuário do sistema (importador ou representante legal).
Exemplo de número de Licenciamento de Importação: 21/9999999-9. (número fictício).
As condições administrativas estão ligadas às características da mercadoria a ser
importada, de forma que a definição quanto à necessidade ou não de autorização (anuência)
para que a importação ocorra, dependerá de análise da Classificação Fiscal da mercadoria
(NCM), previamente ao embarque, para que então o Sistema de Tratamento Administrativo
do Siscomex informe ao Importador, se esse deve ou não, requisitar anuência de importação
previamente ao embarque no exterior.
No Licenciamento de Importação deverão constar todas as informações de natureza
comercial, administrativa, tributária bem como logística da mercadoria como peso,
quantidade, identificação do Importador e Exportador e demais informações peculiares a
cada importação, para que o Órgão Federal Anuente possa realizar a análise técnica no
pedido do Licenciamento e conceder a autorização (anuência) de embarque.
Há variações nos tipos de Licenciamento a serem vistos no Artigo 12º da Portaria da
Secex n.º 23/2011, conforme a seguir:
Art. 12. O sistema administrativo das importações brasileiras compreende as seguintes
modalidades:
I Importações dispensadas de Licenciamento;
II Importações sujeitas a Licenciamento Automático; e
III Importações sujeitas a Licenciamento Não Automático.

I: As Importações dispensadas de Licenciamento são aquelas nas quais o importador


pode realizar o embarque no exterior, sem a necessidade de que nenhum Órgão Federal
Anuente efetue análise documental, para autorizar a importação.

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II: As Importações sujeitas a Licenciamento Automático, são aquelas em que a autorização


de embarque é automática, autorizada de ofício ao importador.

III: As Importações Sujeitas a Licenciamento Não Automático, serão aquelas em que o


Importador anteriormente ao embarque no exterior, deverá requisitar eletronicamente a
um Órgão Federal anuente, para que este conceda o Deferimento/anuência/autorização
para que a mercadoria embarque no exterior, como são os casos, por exemplo, de
medicamentos, insumos para fabricação de remédios, alimentos, e outros de natureza
característica a alguma determinação legal obrigatória para obtenção de anuência de
importação.

Essa anuência, irá variar de forma de acordo com as diretrizes e regras de cada órgão
anuente, podendo ser Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Exército, Polícia
Federal, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Inmetro, ou outros órgãos
conforme a natureza da mercadoria.
O Licenciamento de Importação consiste em que a mercadoria deve possuir as condições
necessárias para ingresso no Brasil, conforme as regras de fiscalização do Órgão Anuente,
conforme os principais citados acima.
Como é de se observar o Licenciamento de Importação é de extrema importância para
uma perfeita coordenação de importação, tendo em vista que a falta desse documento,
quando exigido nos casos de Licenciamentos não Automáticos, incorrerá em consequências
pecuniárias ao importador, mediante aplicação de multas e penalidades conforme tópico
específico relativo a esse tema (multas e penalidades aduaneiras).

1.3Autorização de Embarque no Exterior


Tendo efetuado a consulta ao Tratamento Administrativo do Siscomex e constatado que
a importação tem Licenciamento de Importação Automático ou está dispensado de
Licenciamento de Importação o Importador ou seu Representante Legal (Despachante
Aduaneiro) poderão autorizar a saída (embarque) da mercadoria do país exportador.
Nos casos em que houver a necessidade de obtenção da anuência ao Licenciamento
de Importação conforme apresentado na consulta ao Tratamento Administrativo do Siscomex,
o Importador e seu Representante Legal, requisitarão junto ao órgão anuente para que o
Licenciamento após ser submetido aos critérios de análise, (os quais variam conforme as
determinações de cada órgão), obtenha então a anuência, que consiste na autorização
para que a importação ocorra, bastando então ao importador ou seu representante legal,

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que autorizem ao responsável pela gestão da logística internacional, que inicie o transporte
internacional com destino ao Brasil.
Importante considerar que é válido para comprovação de data de embarque no exterior,
a data constante na emissão do Conhecimento de Transporte emitido pelo prestador de
serviço de transportes internacionais, sendo esse documento considerado como de Instrução
de Despacho Aduaneiro de Importação conforme previsto no Artigo 554 do Decreto n.º
6759/2009.

FLUXO DO DESPACHO ADUANEIRO DE IMPORTAÇÃO


De forma gráfica vejamos na sequência um fluxograma de importação para uma melhor
compreensão inicial, e logo após analisaremos detalhadamente cada etapa do fluxo.

Fonte: https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/assuntos/aduana-e-comercio-exterior/manuais/despacho-de-
importacao/topicos-1/despacho-de-importacao/etapas-do-despacho-aduaneiro-de-importacao/despacho-
de-importacao-di

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1) Licenciamento de Importação (quando exigível)


Conforme observamos no tema anterior, o Licenciamento de Importação é o documento
que dá de fato o início para que a importação ocorra conforme os critérios legais da Aduana
Brasileira, seguindo os procedimentos estabelecidos nos Artigos 12º da Portaria da Secex
n.º 23/2011, sempre observando a questão de Licenciamento automático, e não automático.
A Importação dependente de Licenciamento de Importação Não-Automático, com
anuência pré-embarque, isto é; que depende de anuência (autorização do órgão anuente),
anteriormente ao embarque no exterior, terá a partir da data do Deferimento/Anuência do
Licenciamento de Importação, a garantia ao importador, de que ao registrar a Declaração
de Importação ou Declaração Única de Importação na chegada da carga ao Brasil, terá
cumprido com as determinações legais previstas para Importações dependentes de
Licenciamento não automático.
O Licenciamento de Importação será elaborado no Sistema Siscomex e na chegada da
mercadoria ao Brasil ocorrerá a submissão dessa ao procedimento de fiscalização aduaneira
da Receita Federal para providências de liberação alfandegária.

2) Controle Informatizado de Carga (Siscomex Carga - Siscarga ou Manifesto de


Trânsito - Mantra)
A chegada da carga ao Brasil será manifestada eletronicamente, isto é informada
eletronicamente no Sistema Siscomex Carga (Siscarga) pelo Transportador Internacional
ou Agente de Cargas, para cargas do modal aquaviário marítimo; ou no Manifesto Eletrônico
de Carga Aérea (mantra), pela companhia aérea, enquanto no modal terrestre rodoviário,
bastará ao transportador estar munido dos documentos de instrução do embarque, para
apresentação da carga na Unidade da Receita Federal (URF) de despacho da Importação.
A tarefa operacional de manifestação da carga eletronicamente pelo transportador
internacional significa a inclusão de informações relativas à carga, bem como a todas as
informações de natureza logística do transporte, como identificação do veículo transportador
(navio, aeronave) no sistema eletrônico correspondente ao modal de transporte, para que a
Receita Federal, na condição de órgão fiscalizador, possa executar o procedimento de
fiscalização aduaneira de importação, o que ocorrerá a partir do momento em que o
Importador registrar a Declaração de Importação ou Declaração Única de Importação.
Há uma definição de prazo para que este procedimento de registro da Declaração ocorra,
o qual será de até 90 dias a partir da data de descarga do veículo transportador na alfândega
de chegada (Zona Alfandegária Primária) ou até 45 dias em caso de remoção de carga
para Porto Seco (Zona Alfandegária Secundária) considerando tais prazos previstos na
Legislação Aduaneira, a saber, Artigo 642 do Decreto n.º 6.759/2009.

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3) Disponibilidade da Carga
Ao chegar ao Brasil, a carga será recepcionada por uma empresa que realiza a gestão
logística da alfândega, a qual na condição de Fiel Depositário permitida pela Receita
Federal, irá cumprir os requisitos constantes na Instrução Normativa da Receita Federal n.º
680/2006, iniciando pela conferência da carga por parte do recebedor na alfândega, e em
se observando na carga as condições físicas compatíveis com as informações constantes
nos documentos de transporte, terá então a concessão da Presença de Carga no Sistema
Siscomex, para que a partir deste momento, o Importador passe a cumprir suas obrigações
quanto aos dispositivos constantes na Instrução Normativa da Receita Federal n.º 680/2006,
a iniciar-se pelo registro da Declaração de Importação, ou Declaração Única de Importação,
tema que veremos logo na sequência.
Tendo observado as regras para permissão de execução das operações de prestação
dos serviços de administração da área alfandegada (Zona Alfandegária Secundária – Porto
Seco), a empresa estará habilitada para realizar os serviços de armazenagem de cargas
internacionais, com a obrigatoriedade de cumprimento dos atos definidos na legislação
citada, os quais incluem a disponibilidade de espaço para armazenamento de cargas de
grande porte, movimentação de veículos, armazéns com estrutura para realização de
conferências aduaneiras, segurança monitorada, infraestrutura predial suficiente para
acomodar os órgãos da administração pública participantes dos processos aduaneiros,
como Receita Federal, Anvisa, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, dentre
outros conforme a característica regional.

DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO

O Importador ou seu Representante Legal, (Despachante Aduaneiro), deverá mediante


ao acesso junto ao Sistema Siscomex iniciar o procedimento de Despacho Aduaneiro
determinado na Instrução Normativa da Receita Federal n.º 680/2006.
A seguir, print de telas iniciais da Declaração de Importação e Declaração Única de
Importação, para breve compreensão quanto ao layout do Sistema Siscomex, sendo que o
acesso ao mesmo se dará via Internet mediante a utilização do Certificado Digital do CPF
do responsável legal ou representante legal.

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Primeiramente vejamos a tela inicial da Declaração de Importação no Sistema


Siscomex – Perfil Importador.

Fonte: https://www1c.siscomex.receita.fazenda.gov.br/importacaoweb-7/AtribuirDadosRascunhoDI.do
(Acesso com Certificado Digital)

Conforme previamente abordado, o acesso ao sistema Siscomex será mediante


utilização de Certificado Digital de Pessoa Física, devidamente habilitada para representar
o CNPJ ou CPF Importador, sendo tal acesso de habilitação concedida pelo CPF
Responsável Legal do CNPJ perante a Receita Federal, conforme requisitos determinados
pela Portaria da Coordenação Geral da Aduana Brasileira (Coana) n.º 72/2008 e Instrução
Normativa da Receita Federal n.º 1.984/2020, as quais tratam sobre procedimentos para
habilitação do CNPJ junto ao Sistema de Rastreio das Atividades de Intervenientes de
Comércio Exterior – RADAR, portanto, somente após habilitação do CNPJ junto ao Sistema
RADAR, será possível ao importador, registrar seus Licenciamentos de Importação e
Declarações de Importações.
Na Declaração de Importação deverão constar as informações de natureza cambial,
administrativa, tributária, logística, de identificação da mercadoria importada, para efeito
de fiscalização aduaneira por parte da Receita Federal.
Será através da Declaração de Importação, que ocorrerão os recolhimentos dos tributos
incidentes na Importação sendo eles: Imposto de Importação, Imposto sobre Produtos

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Industrializados, Pis-Pasep e Cofins os quais juntamente com a Taxa Administrativa de


Utilização do Sistema Siscomex serão debitados na Conta Corrente informada pelo
Importador, diretamente a favor da Receita Federal, no ato do Registro da Declaração de
Importação.
O registro da Declaração de Importação corresponderá então ao débito dos impostos
na conta corrente indicada pelo Importador e tal ato irá gerar um Número Identificador para
a Declaração de Importação composto por 10 dígitos numéricos, sendo os dois primeiros
relativos ao ano corrente, exemplo: 21/9999999-9 (número fictício).
Reforçando a temática da Declaração de Importação, é importante que se consolide
em sua compreensão, o fato de que este é o principal documento de caráter administrativo
relacionado à importação, pois as informações nele constantes revelam a cumplicidade do
CNPJ ou CPF importador, quanto à realidade da carga vinda do exterior, sendo que todas
essas informações são obtidas nos documentos de instrução de Despacho Aduaneiro,
conforme previsto nos Artigos 554 a 557 do Decreto n.º 6.759/2009, a saber: Fatura
Comercial, Romaneio de Carga e Conhecimento de Transportes Internacionais, além de
outros que podem variar de acordo com peculiaridades de cada importação.
A Fatura Comercial e o Romaneio de Carga serão emitidos pelo exportador no Exterior
e o Conhecimento de Transportes Internacionais será emitido pelo Transportador
Internacional, atendendo aos requisitos constantes nos artigos acima citados, sendo
recomendado que o Importador informe ao seu exportador, às informações que devem constar
nos documentos, de acordo com a legislação aduaneira supracitada.

DUIMP – Declaração Única de Importação

A importação também poderá ser apresentada à Receita Federal para fins de


fiscalização aduaneira, mediante o registro da Declaração Única de Importação (DUIMP),
disponível eletronicamente no Portal Único do Siscomex na internet, mediante o acesso
através de Certificado Digital de Responsável ou Representante Legal do Importador.

Obs.: Importadores habilitados no Programa OEA (Operador Econômico Autorizado da


Receita Federal) deverão utilizar a DUIMP em suas importações (e não a DI - Declaração
de Importação).

Exemplo: Carga de Importação chega ao Brasil, e neste momento então ocorre a


necessidade do cumprimento ao disposto no Artigo 1º da Instrução Normativa da Receita
Federal n.º 680/2006.

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PROCEDIMENTOS DE IMPORTAÇÃO

Tal procedimento se dá através da inclusão das informações da importação, no Sistema


Siscomex, no Perfil Importador e exatamente no campo específico destinado a elaboração
da Declaração Única de Importação, através do acesso pelo site
www.portalunicosiscomex.gov.br, onde a partir da chegada da carga, o importador irá
apresentar a importação à Receita Federal, mediante o recolhimento dos tributos incidentes
na importação, através de débito automático em conta corrente por ele indicada no próprio
sistema, para que então inicie-se o Despacho Aduaneiro de Importação.
No documento Declaração Única de Importação (DUIMP), serão inseridas todas as
informações de ordem tributária, comercial, cambial, logística e administrativa da importação,
para que a Receita Federal possa realizar a atividade de fiscalização aduaneira prevista na
Instrução Normativa n.º 680/2006.
Aos Importadores certificados no Programa OEA (Operador Econômico Autorizado da
Receita Federal) é concedida a oportunidade de registrar suas DUIMP´s anteriormente a
chegada da carga no Brasil, prática denominada como “Despacho sobre Águas”, conforme
a Instrução da Receita Federal n.º 1.985/2020 e Instrução nº 1.759/2017 para que quando a
mercadoria chegar ao porto brasileiro já esteja na condição de Desembaraçada para
Importação.
Na sequência observe as telas de acesso ao Portal Único do Siscomex, para confecção
da Declaração Única de Importação (DUIMP), disponível na internet, mediante o acesso via
Certificado Digital (e-cpf) do Responsável Legal ou do Representante Legal pelo CNPJ.

Tela de acesso ao Portal Único do Siscomex na internet

Fonte: https://portalunico.siscomex.gov.br/portal/#/

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PROCEDIMENTOS DE IMPORTAÇÃO

A Seguir, a tela de abertura da Declaração Única de Importação - DUIMP

Fonte: https://portalunico.siscomex.gov.br/duimp/#/elaborar-duimp

A tela acima apresenta os campos a serem preenchidos para que a Duimp possa ser
registrada no Sistema Siscomex, momento em que são recolhidos os Tributos incidentes
na Importação, através de débito automático na conta corrente indicada pelo importador.

SELEÇÃO PARA CONFERÊNCIA ADUANEIRA (PARAMETRIZAÇÃO DA


DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO)

A Instrução Normativa da Receita Federal n.º 680/2006 no Artigo 21 define a sistemática


de parametrização das Declarações de Importações, considerando alguns critérios relativos
à realidade do CNPJ importador, de forma que a condução do processo de fiscalização
seja feita conforme a constatação de dados da empresa.
Os critérios para motivação de enquadramento da parametrização das importações, de
acordo com o Artigo 21.º da Instrução Normativa da Receita Federal n.º 680/2006, são:
I - Regularidade fiscal do importador;
II - Habitualidade do importador;
III - Natureza, volume ou valor da importação;
IV - Valor dos impostos incidentes ou que incidiriam na importação;
V - Origem, procedência e destinação da mercadoria;
VI - Tratamento tributário;
VII - Características da mercadoria;

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Essas condições citadas acima são as que definem em qual Canal de Conferência
Aduaneira a Importação será submetida, sendo essa definição apresentada através de
divisão de Canais de Conferência Aduaneira, os quais são definidos por cores conforme o
direcionamento de fiscalização indicado pelo Sistema Siscomex.
A Declaração de Importação, ao ser registrada no Sistema Siscomex, entrará em fase
de Análise Fiscal pelo próprio Sistema da Receita Federal, o qual mediante critérios de
fiscalização, irá de forma eletrônica conduzir a importação ao procedimento de fiscalização
pertinente, podendo ser:

a) Canal Verde.
O Sistema Siscomex recebe os dados da Declaração de Importação, e de acordo com
o Artigo 21 da Instrução Normativa da Receita Federal n.º 680/2006, direciona a importação
para fiscalização eletrônica, de forma que o próprio Sistema Siscomex durante algumas
horas, executará o procedimento de verificação dos dados constantes na Declaração, e
mediante a comprovação dos critérios constantes no artigo citado, permitirá a liberação da
importação, que efetivamente será o Desembaraço Aduaneiro.
Após a definição do Desembaraço Aduaneiro pelo Sistema Siscomex, o Importador irá
então obter o Comprovante de Importação, sendo também um documento eletrônico a ser
extraído do mesmo Sistema Siscomex onde a Declaração de Importação foi registrada.

b) Canal Amarelo.
A exemplo do que ocorre na definição do Canal Verde visto acima, a importação poderá
ser direcionada para o Canal de Conferência Amarelo, sendo a parametrização neste canal
também prevista no mesmo Artigo 21 da Instrução Normativa da Receita Federal n.º 680/
2006.
Na ocorrência do Canal de Conferência Amarelo, o Importador (ou seu representante
legal – Despachante Aduaneiro) deverão apresentar de forma eletrônica os documentos de
instrução de despacho para a importação, sendo a Fatura Comercial, o Romaneio de Cargas,
o Conhecimento de Transporte e a própria Declaração de Importação, para que o setor de
fiscalização aduaneira da Receita Federal possa realizar os procedimentos de conferência
aduaneira, os quais veremos detalhadamente a seguir neste material.

c) Canal Vermelho.
Também via Sistema Gerenciador Siscomex, o importador ao registrar sua Declaração
de Importação, obterá o canal de conferência de forma automática pelo próprio sistema, e
ao ser dirigido para o Canal Vermelho, deverá executar os procedimentos constantes no

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PROCEDIMENTOS DE IMPORTAÇÃO

Canal Amarelo (acima), além de disponibilizar a carga para vistoria física a ser realizada
por Servidor Público da Receita Federal no Recinto Alfandegado onde a mercadoria se
encontra.

d) Canal Cinza.
Neste canal de conferência aduaneira, todas as providências tomadas no canal amarelo
e vermelho deverão ser providenciadas pelo importador ou por seu representante legal.
Além da necessidade de acompanhar via consulta eletrônica no Sistema Siscomex a
necessidade de Depósito Judicial relativo a valores de impostos que o Sistema tenha
calculado de forma superior aos constantes na Declaração de Importação, mediante a
conferência documental e física da carga por parte de Servidor Público da Receita Federal.
Nessa situação em que durante o procedimento de fiscalização aduaneira, caso fique
constatado que o valor de tributos recolhidos na Declaração de Importação foi menor que o
devido, aquele valor determinado a ser depositado em Depósito Judicial, ficará a favor da
Receita Federal, porém caso fique comprovado que o recolhimento dos tributos está correto
na Declaração de Importação, os valores depositados em conta judicial, serão devolvidos
pela Receita Federal ao Importador.
A ocorrência do Canal Cinza de parametrização é motivada conforme dito acima, pela
prática de preço de mercadoria abaixo do considerado devido pela Receita Federal do
Brasil, o que define o recolhimento menor de imposto em relação ao preço correto.
Por exemplo, se uma mercadoria tem um preço de mercado estabelecido em um patamar,
porém ao importar a empresa declara um valor bem abaixo deste praticado no mercado, é
muito provável que o canal cinza seja definido, para que o Exame de Valoração Aduaneira
possa ser exercido pela Receita Federal, até que se comprove a correta valoração da
mercadoria para fins de tributação.
Também é possível a ocorrência do Canal Cinza, em casos de detecção de falsificação
de mercadorias importadas, ou prática de irregularidades documentais que caracterizem
fraudes na importação.

DISTRIBUIÇÃO

Para qualquer um dos Canais de Parametrização acima descritos, o Sistema Siscomex


mediante a atuação do Servidor Público responsável pela Unidade da Receita Federal
onde a carga importada será conferida, definirá um Servidor Público Federal membro da
Receita Federal, para que execute então o procedimento de fiscalização aduaneira, com
exceção do Canal Verde, no qual o próprio Sistema Siscomex fará a conferência, podendo,

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entretanto, ocorrer a possibilidade de que a Receita Federal, mesmo nesse canal de


conferência (verde), determine a manifestação da carga importada, para realização de
Conferência Aduaneira.
O Servidor Público Federal, membro da Receita Federal, ao receber a Declaração de
Importação em seu perfil de Auditor Fiscal no Sistema Siscomex, procederá com a devida
fiscalização aduaneira, sendo que nos casos em que houver comprovação da condição
correta da importação em todos os aspectos, será determinada pela fiscalização, a liberação
da mercadoria ou em surgindo alguma discrepância, ou aos documentos apresentados
pelo Importador (ou seu representante legal), determinará via Sistema Siscomex, as devidas
correções a serem providenciadas pelo Importador, as quais serão realizadas diretamente
no Sistema Siscomex, conforme a necessidade de cada alteração.

CONFERÊNCIA ADUANEIRA

O ato fiscal de conferência aduaneira será então executado pelo Servidor Público
Federal, membro da Receita Federal, o qual irá aplicar à importação os critérios definidos
na Legislação Aduaneira, a saber, o Decreto n.º 6.759/2009, a Instrução Normativa da Receita
Federal n.º 680/2006, bem como outras bases legais que forem pertinentes a cada
importação; de forma que a conferência aduaneira seja realizada de acordo com os
fundamentos aplicáveis ao tipo de importação, com base nos fundamentos definidos pela
Coana (Coordenação Geral da Aduana Brasileira), órgão vinculado ao Ministério da
Economia.
Devido às várias possibilidades de enquadramento das importações, sugere-se a leitura
e estudo das legislações acima descritas, para que não ocorram exigências fiscais que
impliquem em aplicações de multas e penas aduaneiras, que muitas vezes causam prejuízos
de grande ordem ao Importador.
O Ato de Conferência Aduaneira, portanto, é a prática de Fiscalização Federal, onde um
Servidor Público será designado pela Receita Federal, para cumprir os requisitos legais
instituídos por meio do Decreto n.º 6759/2009, e da Instrução Normativa da Receita Federal
n.º 680/2006, nos quais constam os procedimentos a serem seguidos pelos Importadores,
para que suas importações estejam de acordo com as determinações aduaneiras em vigor
no País, pois a manutenção da boa ordem nessas práticas, garante ao Importador a condição
de empresa praticante de Comércio Exterior sob as ordenanças legais.
Durante o Ato de Conferência Aduaneira, a Receita Federal poderá requisitar a presença
do Importador ou de seu Representante Legal (Despachante Aduaneiro) conforme previsto
no Artigo 31 da Instrução Normativa da Receita Federal n.º 680/2006. A disponibilidade da

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PROCEDIMENTOS DE IMPORTAÇÃO

mercadoria para que a Receita Federal possa executar a conferência é de responsabilidade


do Importador de forma que esse através de seu Despachante Aduaneiro (Representante
Legal), deve requisitar ao Fiel Depositário (empresa responsável pela gestão da Alfândega
onde está a carga), que providencie as condições para que na data e horário determinados
para a conferência aduaneira, a mercadoria esteja à disposição da fiscalização.
Existem casos em que o Importador poderá requisitar à Receita Federal, que a
mercadoria objeto da importação, seja retirado da Alfândega antes do Desembaraço
Aduaneiro, para que a Conferência Aduaneira seja realizada nas dependências do Importador,
o que está previsto na Instrução Normativa da Receita Federal n.º 680/2006 em seu Artigo
35. Como exemplo, quando o local onde está ocorrendo o Despacho Aduaneiro, não ofereça
condições para montagem e exposição completa, como é o caso de grandes equipamentos
e maquinários, os quais exigem espaços especiais para sua montagem ou exibição para a
conferência aduaneira de forma detalhada.

INTERRUPÇÃO E FORMULAÇÃO DE EXIGÊNCIAS

Durante o Processo de Despacho Aduaneiro, que é o momento em que a Receita Federal


está realizando a conferência documental e física da mercadoria importada, caso seja
detectada alguma discrepância pela fiscalização, seja em relação aos documentos, ou em
relação à mercadoria, ocorrerá a interrupção do Despacho Aduaneiro e formulação de
exigências se for o caso.
Também a legislação que prevê a prática da Interrupção ao Despacho Aduaneiro, com
possível exigência de correção/retificação, será a Instrução Normativa da Receita Federal
n.º 680/2006 em seu Artigo 42; podendo ocorrer situação específica em determinados
Recintos Aduaneiros, caso os mesmos publiquem Portarias Locais com instruções para
cumprimentos dos mesmos.
O Servido Público responsável pela Conferência Aduaneira irá inserir mensagem no
Sistema Siscomex, informando qual é a alteração (retificação) que precisa ser aplicada à
Declaração de Importação ou à Declaração Única de Importação para que o Importador ou
seu Representante Legal (Despachante Aduaneiro) possam promover a devida correção
eletrônica na Declaração.
Nos casos em que ocorrer a situação exposta no parágrafo anterior, haverá por parte do
Importador, a condição de questionar a exigência fiscal, desde que se possa comprovar
sua contestação de forma eficaz, mediante apresentação de documentos que atestem sua
relutância em não concordar com a exigência fiscal e tal procedimento pode vir ser aceito
pela Fiscalização, desde que a prova para a contestação seja idônea, fiel e tecnicamente

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PROCEDIMENTOS DE IMPORTAÇÃO

suficiente para manter os dados informados na Declaração de Importação ou Declaração


Única de Importação.
Como exemplo de Interrupções de Despacho Aduaneiro, podemos citar pedidos da
fiscalização para que a mercadoria seja apresentada para conferência física, ou para retirada
de amostras para envio a laboratórios, onde deva ser realizado algum teste específico
conforme a característica da mercadoria, especialmente para comprovação da utilização
da Classificação Fiscal manifestada na Declaração de Importação ou Declaração Única
de Importação.
Como exemplo de Exigência Fiscal, podemos citar pedidos da Receita Federal para
correção da Classificação Fiscal da Mercadoria ou a descrição da mercadoria de forma
mais detalhada conforme prevê o Inciso III do Artigo 711 do Decreto n.º 6.759/2009, além de
outros ajustes que a fiscalização considerar necessário conforme a especificação da
importação.
Nos casos em que houver exigências fiscais, o Importador, através de seu Representante
legal, terá de acordo com o § 1º, Inciso III do Artigo 642, o prazo de até 60 dias para cumprir
ou contestar a exigência sob pena de Perdimento da Mercadoria, em caso de não
manifestação de resposta neste prazo. Nessa situação de pena de perdimento, a mercadoria
é retida pela Receita Federal, para posterior aplicação em procedimento especial, onde
inclusive pode ocorrer a perda do direito pela mercadoria por parte do importador, por não
cumprir a exigência fiscal, ou não apresentar argumento contraditório à exigência, desde
que plausível tecnicamente de acordo com a situação especificamente.
Abaixo um print de tela do Sistema Siscomex, com uma Declaração de Importação,
parametrizada em um dos canais de conferência, já com exigência fiscal.

Fonte: www.siscomexweb.gov.br (Acesso c/ Certificado Digital).

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PROCEDIMENTOS DE IMPORTAÇÃO

DESEMBARAÇO ADUANEIRO

Tendo cumprido todos os requisitos de manifestação da carga, elaboração correta da


Declaração de Importação ou Declaração Única de Importação mediante o recolhimento
dos tributos incidentes na Importação, a mesma terá então a concessão do Desembaraço
Aduaneiro, que vem a ser de fato a Liberação da Carga Importada a favor do CNPJ
Importador o que se define como Desembaraço Aduaneiro; sendo então possível por parte
do Importador ou de seu Representante Legal (Despachante Aduaneiro), a emissão do
Documento Comprovante de Importação, também pelo Sistema Siscomex, comprovando a
regularidade da referida Importação.
O procedimento do Desembaraço Aduaneiro permite ao Importador o prosseguimento
dos trâmites aduaneiros para retirada da importação do Recinto Alfandegado com destino
ao endereço do CNPJ importador ou a outro local por ele designado.
Nos casos em que a Importação for parametrizada em Canal Verde, conforme visto
anteriormente neste material, o Desembaraço Aduaneiro será automaticamente realizado
pelo próprio Sistema Siscomex, após o período de análise fiscal, o qual ocorre em algumas
horas, período este a variar conforme o Recinto Aduaneiro onde a fiscalização estiver
ocorrendo.
Nos casos em que a Importação for parametrizada nos Canais de Conferência Amarelo,
Vermelho ou Cinza, conforme vistos anteriormente neste material, o Desembaraço Aduaneiro
será processado pelo Auditor Fiscal da Receita Federal, após sua conclusão da vistoria
aduaneira (canais amarelo, vermelho e cinza), tendo ou não aplicação de exigência fiscal.
A ciência do Importador ou de seu Representante Legal quanto ao Desembaraço
Aduaneiro se dará por meio do acompanhamento eletrônico através do Sistema Siscomex,
em campo específico no perfil importador, no qual será possível observar a informação de
Declaração de Importação Desembaraçada, o que significa o final do Processo de
Fiscalização Aduaneira administrativamente.
A seguir, uma tela do Sistema Siscomex para uma Declaração de Importação
Desembaraçada no Canal Amarelo após procedimento de fiscalização Aduaneira.
Obs.: (os dados da Importação foram suprimidos da tela para preservar os dados do
Importador)

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PROCEDIMENTOS DE IMPORTAÇÃO

Fonte: www.siscomexweb.gov.br (Acesso c/ Certificado Digital).

ENTREGA DA MERCADORIA

Tendo concluído todo o processo de Despacho Aduaneiro acima mencionado, o


Importador poderá então providenciar a retirada da mercadoria importada da Alfândega e
para tal procederá com o recolhimento do tributo estadual o ICMS (Imposto sobre a Circulação
de Mercadoria e Serviço), o qual é recolhido no Estado de Domicílio do Importador conforme
a legislação local.
Por ser um tributo estadual, o ICMS possui particularidades conforme a legislação
específica de cada Estado, por isso a necessidade de observação ao RICMS (Regulamento
do ICMS do Estado Importador), para que possa ser aplicada a correta forma de contribuição
desse tributo, podendo também ocorrer situações em que estados concedem benefícios
fiscais mediante a suspensão do recolhimento, para posterior contribuição no ato da venda,
ou outra forma para incentivo da economia local. Por isso a importância da observação na
íntegra das regras do ICMS do Estado Importador, para que se pratique uma tributação da
forma plenamente correta.
Também é necessário compreender que em casos de importação no modal aquaviário
marítimo, haverá a necessidade do recolhimento do Adicional sobre o Valor do Frete para
a Renovação da Frota da Marinha Mercante Brasileira (AFRMM), valor que corresponde
ao percentual de 8% sobre este valor de frete, que deverá ser recolhida pelo Importador
Brasileiro a Receita Federal do Brasil. Legislação: Lei nº Lei n.º 14.301/2022.

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PROCEDIMENTOS DE IMPORTAÇÃO

PAGAMENTO DA ARMAZENAGEM

Ao finalizar os trâmites aduaneiros previstos na Instrução Normativa n.º 680/2006 da


Receita Federal, vistos no presente material, o Importador irá então proceder com a retirada
de sua importação do Recinto Alfandegado, sendo para tanto necessário cumprir com os
procedimentos comerciais relativos aos custeios das despesas de armazenamento
negociadas junto à empresa administradora do Recinto onde o Desembaraço ocorreu.
A negociação comercial para a execução dos serviços de armazenagem, movimentação
da importação, ocorre entre o importador e a empresa administradora do Recinto Aduaneiro,
sem interferência da Receita Federal, por isso a importância da pesquisa sobre valores de
armazenagem junto aos portos, aeroportos e portos secos, para que seja possível a melhor
decisão quanto ao local que se definirá para os desembaraços aduaneiros (Zona Primária
ou Zona Secundária), ou também sobre a possibilidade de variação desses locais conforme
as especificidades das importações, que podem variar conforme o planejamento de cada
uma.
O último procedimento a ser realizado para a saída da mercadoria do Recinto Aduaneiro
será a emissão da Nota Fiscal de Entrada, onde deve constar todas as informações relativas
a valores, quantidades, pesos, classificações fiscais da importação, sendo necessária a
sua apresentação ao Fiel Depositário no Recinto Aduaneiro. Tal prática é comum em quase
a totalidade dos Estados da Federação, porém há estados que permitem a saída da carga
importada do Recinto Aduaneiro sem a Nota Fiscal, desde que o destino seja endereço no
mesmo estado.

ENTREGA FRACIONADA

As particularidades de algumas importações lhes confere a possibilidade de condição


especial no ato do Despacho Aduaneiro, como é o caso das cargas especiais, as chamadas
importações atípicas (termo popular usado no Despacho Aduaneiro). É o caso, por exemplo,
de cargas que possuam volumes elevados em termos de dimensões ou outras características
que impeçam a entrega total da mercadoria de uma só vez no ato do Desembaraço
Aduaneiro, situação em que ocorre o pedido da Entrega Fracionada da Mercadoria
Importada, nesse caso sendo muito comum em situações em que a quantidade de volumes
impede a retirada da carga de forma única do Recinto Alfandegado, sendo então necessário
o fracionamento da carga.
A Instrução Normativa da Receita Federal n.º 680/2006 em seu Artigo 61 estabelece os
padrões procedimentais para a execução da Entrega Fraccionada de Carga Importada.

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PROCEDIMENTOS DE IMPORTAÇÃO

Vejamos o que menciona o referido Artigo:


Art. 61. Nas importações por via terrestre será permitida a entrega fracionada da
mercadoria que, em razão do seu volume ou peso, não possa ser transportada em apenas
um veículo ou partida e quando for efetuado o registro de uma única declaração para o
despacho aduaneiro, correspondente a uma só importação e a um único conhecimento de
carga.

ENTREGA ANTECIPADA

Também em casos de importações atípicas, isto é, importações de equipamentos,


maquinários, ou outras estruturas que ensejem a necessidade de um aparato de
infraestrutura adequado para sua montagem, o qual não esteja disponível no Recinto
Aduaneiro, o Importador poderá requerer a retirada (entrega) da importação, anteriormente
à conclusão do Despacho Aduaneiro, porém mediante a condição de que não poderá fazer
uso do bem importado, até que o Desembaraço Aduaneiro ocorra.
Esse procedimento é utilizado comumente em casos em que maquinários de grande
porte são importados, e em razão de sua estrutura física, ou mesmo de características
peculiares que exijam condições especiais para montagem, como por exemplo, unicamente
no local onde serão instalados, a tais situações é permitida então a retirada da importação
do Recinto Alfandegado antes da conclusão do Desembaraço Aduaneiro, para que a
montagem do mesmo ocorra em local próprio do importador, de forma que a Receita Federal
possa proceder com a verificação física da mercadoria se necessário, naquele local,
conforme prevê o Artigo 47 da Instrução Normativa n.º 680 da Receita Federal.
Observemos a seguir as exatas condições determinadas pelo referido artigo, para que
a Entrega Antecipada de carga importada, seja concedida.
Art. 47. O importador poderá ter, a seu requerimento, autorizada pelo responsável pelo
despacho, a entrega da mercadoria antes da conclusão da conferência aduaneira, nas
seguintes hipóteses: (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1.356, de 03 de
maio de 2013):
I - Indisponibilidade de estrutura física suficiente para a armazenagem ou inspeção da
mercadoria no recinto do despacho ou em outros recintos alfandegados próximos; (Incluído(a)
pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1.356, de 03 de maio de 2013)
II - Necessidade de montagem complexa da mercadoria para a realização de sua
conferência física; (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1.356, de 03 de maio de
2013)

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PROCEDIMENTOS DE IMPORTAÇÃO

III - Inexistência de meios práticos no recinto do despacho para executar processo de


marcação, etiquetagem ou qualquer outro exigido para a utilização ou comercialização da
mercadoria no País; (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1.356, de 03 de maio
de 2013)
IV - Mercadoria que está sujeita a confirmação, por exame técnico-laboratorial, de
atendimento a requisito de norma técnica para sua comercialização no País; (Incluído(a)
pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1.356, de 03 de maio de 2013)
V - Necessidade imediata de retirada da mercadoria do recinto, para preservar a
salubridade ou segurança do local, ou por motivo de defesa nacional, de acordo com
solicitação do responsável pelo recinto ou recomendação da autoridade competente;
VI - Em situação de calamidade pública ou para garantir o abastecimento da população,
atender a interesse da ordem ou saúde pública, defesa do meio ambiente ou outra urgência
pública notória;
VII - Na importação ou reimportação de bens da União, destinados ao emprego militar
ou ao apoio logístico, que tenham sido utilizados pelas Forças Armadas brasileiras em
missões de paz no exterior;
VIII - Em outras hipóteses estabelecidas em ato da Coana; e.
IX - Na importação por importador certificado como Operador Econômico Autorizado
(OEA), na modalidade OEA - Conformidade Nível 2. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa
RFB nº 1.927, de 17 de março de 2020).

Importante considerar que para cada uma das alternativas acima citadas há atualização
na Instrução Normativa da Receita Federal n.º 680/2006, para o que sugere-se a leitura do
Artigo 47 no ato da prática da Importação com entrega antecipada, para correto cumprimento
da determinação legal.

RETIFICAÇÃO DE DECLARAÇÃO

Por questões que podem ocorrer por equívoco operacional por parte do importador ou
de seu representante legal em uma importação, ou ainda por motivação causada por
situações em que uma importação ao chegar ao Brasil, apresenta condições diferentes
das citadas nos documentos de instrução de despacho, como Fatura Comercial, Romaneio
de Carga e Conhecimento de Transporte (entre outros conforme a importação), será possível
a correção da Declaração de Importação. A esse procedimento a Legislação Aduaneira
confere o nome de Retificação da Declaração de Importação ou também da Declaração

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PROCEDIMENTOS DE IMPORTAÇÃO

Única de Importação, no Sistema Siscomex, ato a ser realizado pelo importador ou seu
representante legal, se tal procedimento for executado no curso do Despacho Aduaneiro.
Ao registrar uma Declaração de Importação, ou Declaração Única de Importação, o
importador terá disponibilidade no próprio Sistema Siscomex para promover alterações de
informações conforme a necessidade por ele observada, ou por exigências fiscais, as quais
observamos no tópico “Interrupção e Formulação de Exigências” considerando que conforme
o tipo da alteração, poderá ocorrer aplicação de multa administrativa por parte da Receita
Federal, conforme previsto nos Artigos 706 a 749 do Decreto n.º 6.759/2009.
Também há possibilidades de retificações das Importações após o desembaraço
aduaneiro, por questões diversas, variando para cada situação, sendo que atualmente o
Sistema Siscomex da Receita Federal permite ao Importador realizar tal procedimento para
várias questões, porém em algumas específicas como, por exemplo, em importações
amparadas por Licenciamentos de Importação, a depender do tipo da retificação após o
desembaraço, como alteração na descrição da mercadoria, ou valores nesses casos será
necessário solicitar à Receita Federal através do Sistema Siscomex mediante apresentação
de pedido de Retificação de Declaração de Importação após o Desembaraço, com a
anexação de documentos no formato eletrônico, por meio do dispositivo permitido no Portal
Único do Siscomex. A Receita Federal nesses casos avaliará a necessidade de aplicação
ou não das penalidades previstas nos Artigos 706 a 749 do Decreto n.º 6.759/2009.

CANCELAMENTO DE DECLARAÇÃO

Por razões muito atípicas e peculiares algumas Declarações de Importação poderão


ser canceladas, vejamos as condições para tal aplicação a partir do conteúdo da Legislação
Aduaneira pertinente. A Instrução Normativa da Receita Federal n.º 680/2006 em seu Artigo
63, apresenta:
Art. 63. O cancelamento de DI poderá ser autorizado pelo chefe do setor responsável
pelo despacho aduaneiro com base em requerimento fundamentado do importador, por
meio de função própria, no Siscomex, quando: (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa
RFB nº 957, de 15 de julho de 2009)
I - Ficar comprovado que a mercadoria declarada não ingressou no País;
II - No caso de despacho antecipado, a mercadoria não ingressou no País ou tenha sido
descarregada em recinto alfandegado diverso daquele indicado na DI;
III - For determinada a devolução da mercadoria ao exterior ou a sua destruição, por não
atender à legislação de proteção ao meio ambiente, saúde ou segurança pública e controles
sanitários, fitossanitários e zoossanitários;

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PROCEDIMENTOS DE IMPORTAÇÃO

IV - A importação não atender aos requisitos para a utilização do tipo de declaração


registrada e não for possível a sua retificação;
V - Ficar comprovado erro de expedição;
VI - A declaração for registrada com erro relativamente:
a) ao número de inscrição do importador no CPF ou no CNPJ, exceto quando se tratar
de erro de identificação de estabelecimentos da mesma empresa, passível de retificação
no sistema; ou
b) à unidade da SRF responsável pelo despacho aduaneiro.
VII - For registrada, equivocadamente, mais de uma DI, para a mesma carga; ou (Redação
dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1.443, de 06 de fevereiro de 2014)
VIII - For indeferido o requerimento de concessão de regime aduaneiro especial.
(Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1.813, de 13 de julho de 2018).
§ 1º O cancelamento de DI poderá também ser procedido de ofício pelo chefe do setor
responsável pelo despacho aduaneiro ou pelo AFRFB que presidir o procedimento fiscal,
nas mesmas hipóteses previstas caput deste artigo. (Redação dada pelo(a) Instrução
Normativa RFB nº 957, de 15 de julho de 2009)
§ 2º O cancelamento de que trata este artigo fica condicionado à apresentação da
mercadoria para despacho ou devolução ao exterior, excetuadas as hipóteses dos incisos
I, II e VII do caput. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 957, de 15 de julho de
2009)
I - Houver indícios de infração aduaneira, enquanto não for concluída a respectiva
apuração; (Suprimido(a) - vide Instrução Normativa RFB nº 957, de 15 de julho de 2009)
II - Se tratar de mercadoria objeto de pena de perdimento. (Suprimido(a) - vide Instrução
Normativa RFB nº 957, de 15 de julho de 2009)
§ 3º Não será autorizado o cancelamento de declaração, quando: (Redação dada pelo(a)
Instrução Normativa RFB nº 957, de 15 de julho de 2009)
I - Houver indícios de infração aduaneira, enquanto não for concluída a respectiva
apuração; (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 957, de 15 de julho de 2009)
II - Se tratar de mercadoria objeto de pena de perdimento. (Incluído(a) pelo(a) Instrução
Normativa RFB nº 957, de 15 de julho de 2009)
§ 4º O cancelamento da declaração, nos termos deste artigo, não exime o importador
da responsabilidade por eventuais delitos ou infrações que venham a ser apurados pela
fiscalização, inclusive após a efetivação do cancelamento. (Redação dada pelo(a) Instrução
Normativa RFB nº 957, de 15 de julho de 2009)
§ 5º A competência para autorizar o cancelamento da DI, prevista no caput, será do
chefe da unidade da RFB quando se tratar de cancelamento a ser realizado depois do

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PROCEDIMENTOS DE IMPORTAÇÃO

desembaraço aduaneiro de mercadoria submetida a canal amarelo, vermelho ou cinza de


conferência aduaneira. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1.813, de 13 de
julho de 2018)
§ 6º O cancelamento da DI em hipótese não prevista nesta Instrução Normativa poderá
ser autorizado somente pelo chefe da unidade da RFB, vedada a delegação, com base em
proposta justificada que evidencie a necessidade e a conveniência do cancelamento.
(Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1.813, de 13 de julho de 2018)
§ 7º O cancelamento da DI caberá à unidade da RFB de despacho, salvo em caso de
redirecionamento, conforme disciplinado pela Coana, da DI para análise fiscal em outra
unidade, hipótese em que será desta a responsabilidade pelo procedimento. (Incluído(a)
pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1.813, de 13 de julho de 2018)
§ 8º Em caso de autorização de entrega antecipada informada no Siscomex, conforme
§ 3º do Art. 47, o cancelamento da DI caberá à unidade da RFB responsável por essa
informação.
Conforme observado ao longo da citação do Artigo 63 da Instrução Normativa da Receita
Federal, várias são as possibilidades para cancelamento da Declaração de Importação,
porém a cada possibilidade há de se considerar os possíveis impactos para o CNPJ
Importador, conforme o motivo do cancelamento.

PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DE CONTROLE ADUANEIRO

Conforme observamos até o presente instante, a prática do Despacho Aduaneiro requer


cumprimento a rigor em relação a todas as determinações presentes na Legislação
Aduaneira, porém há casos em que conforme o descumprimento dos atos definidos na
base legal, a Receita Federal como órgão responsável pelos procedimentos de fiscalização
aduaneira, poderá determinar a aplicação de Procedimentos Especiais de Controle
Aduaneiro, nos quais o rigor das manifestações fiscais serão mais evidentes, pois são
casos onde a fiscalização já detectou irregularidades e para tanto, irá determinar a aplicação
de sanções conforme previsto na própria legislação aduaneira.
No Decreto n.º 6.759/2009, a partir do Artigo 793 ao 800, constam algumas das situações
em que poderá se caracterizar a necessidade da aplicação do Procedimento Especial de
Controle Aduaneiro, vejamos a seguir detalhes dos Artigos 793 a 795 os quais mencionam
de forma direta a aplicação do referido Procedimento.
Art. 793. O Ministro de Estado da Fazenda poderá autorizar a adoção, em casos
determinados, de procedimentos especiais com relação a mercadoria introduzida no País
sob fundada suspeita de ilegalidade, com o fim específico de facilitar a identificação de

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PROCEDIMENTOS DE IMPORTAÇÃO

eventuais responsáveis (Decreto-Lei nº 37, de 1966, Art. 53, com a redação dada pelo
Decreto-Lei nº 2.472, de 1988, Art. 2º).
Art. 794. Quando houver indícios de infração punível com a pena de perdimento, a
mercadoria importada será retida pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, até que
seja concluído o correspondente procedimento de fiscalização (Medida Provisória nº 2.158-
35, de 2001, Art. 68, caput).
Parágrafo único. O disposto no caput será aplicado na forma disciplinada pela Secretaria
da Receita Federal do Brasil, que disporá sobre o prazo máximo de retenção, bem como
sobre as situações em que as mercadorias poderão ser entregues ao importador, antes da
conclusão do procedimento de fiscalização, mediante a adoção das adequadas medidas
de cautela fiscal (Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001, Art. 68, Parágrafo único).
Art. 795. No curso de procedimento de fiscalização aduaneira, o Auditor-Fiscal da Receita
Federal do Brasil poderá examinar informações relativas a terceiros, constantes de
documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas,
inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando o exame
for considerado indispensável à ação fiscal (Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de
2001, Art. 6º, caput).
Essas situações em que a prática do Procedimento Especial de Fiscalização é instituída
pela Receita Federal, são muito delicadas justamente pela natureza de suas ocorrências,
ou seja; somente ocorrerá tal procedimento quando de fato ficar detectada irregularidade
muito severa por parte da empresa importadora, o que denota, sobretudo questões de
incompatibilidade com as boas práticas de negócios, de forma que a continuidade da
empresa pode ser questionada pela Receita Federal, se constatado descumprimento à
legislação federal.
Importante destacar que a prática do Comércio Exterior no Brasil é uma atividade
econômica muito bem fiscalizada, e devidamente instituída pelas políticas fiscais de governo,
de forma que não há privilégios para praticantes de irregularidades empresariais, o que
torna-se uma forte e importante ferramenta para empresas que atuam correta e legalmente,
coibindo assim atos de corrupção em autarquias de governo, quer seja por parte de
empresas, quer seja por meio de ilicitudes que permeiem à administração empresarial.

REVISÃO ADUANEIRA

Além do procedimento de Retificação da Declaração de Importação ou da Declaração


Única de Importação conforme observado em tópico contido anteriormente, as importações
também estarão passíveis de revisões aduaneiras, procedimentos esses realizados de

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PROCEDIMENTOS DE IMPORTAÇÃO

ofício pela Receita Federal, isto é; por aplicação de ato de fiscalização que tenha detectado
irregularidades em processos de importação já finalizados, os quais nos prazos de até 5
(cinco) anos, a partir do momento do registro da Declaração de Importação.
No Regulamento Aduaneiro (Decreto n.º 6.759/2009), encontramos no Artigo 638 as
definições legais para a instauração do Procedimento Fiscal de Revisão Aduaneira, vejamos
então o referido Artigo na íntegra logo a seguir:
Art. 638. Revisão aduaneira é o ato pelo qual é apurada, após o desembaraço aduaneiro,
a regularidade do pagamento dos impostos e dos demais gravames devidos à Fazenda
Nacional, da aplicação de benefício fiscal e da exatidão das informações prestadas pelo
importador na declaração de importação, ou pelo exportador na declaração de exportação
(Decreto-Lei nº 37, de 1966, Art. 54, com a redação dada pelo Decreto-Lei nº 2.472, de
1988, Art. 2º; e Decreto-Lei nº 1.578, de 1977, Art. 8º).
§ 1º Para a constituição do crédito tributário, apurado na revisão, a autoridade aduaneira
deverá observar os prazos referidos nos Arts. 752 e 753.
§ 2º A revisão aduaneira deverá estar concluída no prazo de cinco anos, contados da
data:
I - do registro da declaração de importação correspondente (Decreto-Lei nº 37, de 1966,
Art. 54, com a redação dada pelo Decreto-Lei nº 2.472, de 1988, Art. 2º); e
II - do registro de exportação.
§ 3º Considera-se concluída a revisão aduaneira na data da ciência, ao interessado, da
exigência do crédito tributário apurado.
Observando essas disposições legais é possível compreender de forma mais eficaz
como é relevante à prática do Despacho Aduaneiro, da forma mais correta conforme as
disposições determinadas na Legislação Aduaneira, para evitar procedimentos futuros, que
culminem com prejuízos e inviabilidades de negócios, inclusive que determinem recolhimento
de tributos que deixaram de ser recolhidos de forma correta na Importação, e que ao serem
exigidos em Ato de Revisão Aduaneira, custarão dispêndio financeiro para custeio de multas
e juros a favor da Receita Federal do Brasil.

CONCLUSÃO

Observamos nesse estudo a importância da compreensão das questões legais


envolvidas no Despacho Aduaneiro de Importação, como também a necessidade de
cumprimento das normas aduaneiras da forma mais clara possível, sendo que para tal
eficácia há a disponibilidade de conteúdo no material capaz de munir-nos de ferramentas
para auxílio nas tomadas de decisão relativas a procedimentos aduaneiros na importação.

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PROCEDIMENTOS DE IMPORTAÇÃO

Importante salientarmos sobre o correto cumprimento das etapas do processo de


Despacho Aduaneiro, bem como seguir corretamente os procedimentos presentes no fluxo
do Despacho Aduaneiro, além de elaborar a Declaração e a Declaração Única de
Importação com todas as informações constantes nos documentos de instrução de despacho,
sendo indispensável à aplicação das formalidades presentes na legislação citada ao longo
do material, nos momentos de apresentação das importações para a fiscalização aduaneira,
bem como em cumprimento aos detalhes operacionais para retiradas de cargas dos Recintos
Aduaneiros, como também observando os critérios para execução de retificação de
Declarações quanto houver necessidade.

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PROCEDIMENTOS DE IMPORTAÇÃO

REFERÊNCIAS

Sites Consultados:

www.receita.economia.gov.br

https://www4.receita.fazenda.gov.br/tratamento/private/pages/consulta_tratamento.jsf

https://www1c.siscomex.receita.fazenda.gov.br/importacaoweb-7/Atribuir
DadosRascunhoDI.do

https://portalunico.siscomex.gov.br/portal/#/

https://portalunico.siscomex.gov.br/duimp/#/elaborar-duimp

http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&
idAto=15618

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D6759.htm

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PROCEDIMENTOS DE IMPORTAÇÃO

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