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III FÓRUM ESTADUAL DE AUDITORIA E

I SEMINÁRIO REGIONAL DE
AUDITORIA E CONTROLADORIA

Fortaleza, 03 e 04 de julho de 2003


I Seminário Regional de Auditoria e Controladoria

Área Temática: Contabilidade Gerencial e


Estratégia de Custos

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I Seminário Regional de Auditoria e Controladoria

FLUXO DE CAIXA
FUNDAMENTOS CONCEITUAIS E VANTAGENS E
DESVANTAGENS DOS MÉTODOS DIRETO E INDIRETO

Paula Roberta M. Alves


Economista, Especialista em Administração Financeira
Mestranda em Controladoria pela UFC
robertam@cagece.com.br

Maria Goret A. Sousa de Azevedo


Contadora, Especialista
Mestranda em Controladoria pela UFC
goret@sefaz.ce.gov.br

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Resumo

Diante do advento da globalização resultando na necessidade de empresas serem mais competitivas, a


contabilidade assume o papel de ser uma ferramenta de grande utilidade no processo de tomada de
decisão. Dessa forma, além de ser especialista na elaboração e análise de relatórios contábeis baseados
em regime de competência, também tem se tornado divulgadora de informações financeiras de grande
valia aos seus usuários.
A DFC é um instrumento que nos permite evidenciar, de forma mais segura, clara e a curto prazo, a
situação financeira de uma entidade. Diante dessa afirmação, pode-se então concluir que ela é
indispensável, tanto para os profissionais da área contábil, quanto para os investidores, os
administradores, como para os demais interessados em informações mais confiáveis sobre a solvência e
liquidez das organizações.
O objetivo deste artigo é, portanto, demonstrar, a partir de conceitos e exemplos, o caráter
imprescindível da DFC para as Instituições. Ancorados em informações sobre os métodos de
elaboração do fluxo de caixa e nas classificações dos movimentos de caixa por atividade, pode-se
perceber a importância deste instrumento.
Este estudo pretende, também, mostrar a complementariedade da DFC em relação à Demonstração do
Resultado, visto que a primeira fornece informações de caráter financeiro e a segunda de caráter
econômico.

Palavras-chave: Fluxo de Caixa, Métodos de Elaboração do Fluxo de Caixa, Situação Financeira da


Entidade, Demonstração do Resultado, Movimentos de Caixa por Atividade

Introdução

A contabilidade é um instrumento gerencial altamente poderoso, se usado corretamente e à luz


dos seus princípios fundamentais.
O presente artigo tem como finalidade precípua fornecer informações a cerca dos objetivos da
Contabilidade, com enfoque nas operações de caixa, tratando, de modo especial, das Demonstrações de
Fluxo de Caixa, sua importância e o seu relacionamento com a Demonstração do Resultado do
Exercício.
A DFC foi instituída no Brasil através da Lei 6.404/76, sem, no entanto, ser de cunho obrigatório.
Algumas alterações a esta lei estão previstas conforme ante projeto da Comissão de Valores
Mobiliários. Uma das mudanças deverá ser a obrigatoriedade desta demonstração.
Essa Demonstração está intimamente ligada às informações de caráter financeiro da empresa, as
quais são necessárias aos administradores, contadores, investidores e demais interessados quando da
tomada de decisões.

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Objetivos da Contabilidade

Através da contabilidade gerencial, a empresa pode trabalhar a sua base de dados histórica
contábil com a finalidade de suprir seus usuários internos e externos de informações relevantes para
que os mesmos possam fazer previsões de quanto do caixa possa ser distribuídos na forma de
dividendos, juros e amortizações e para avaliação do risco provável.
Figueiredo e Caggiano (1997, p.38) definem a contabilidade como um sistema de informação e
mensuração de eventos que afetam a tomada de decisões.
Iudícibus, Martins e Gelbcke(2000, p. 42) ratificam e complementam que “a Contabilidade é,
objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com
demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à
entidade objeto da contabilização.”
Portanto, é de grande significância que a empresa disponibilize informações aos usuários quanto
a expectativa de pagamentos. A distribuição dos fluxos de caixa ao longo do tempo revela a capacidade
de a empresa gerar fluxos de caixa.
Os fluxos de receitas e despesas possuem, assim como também todo o balanço patrimonial,
dimensões econômicas da contabilidade, enquanto os fluxos de caixa caracterizam dimensão
financeira.
Segundo Frezatti (1997, p. 28), a contabilidade gerencial veio resgatar a adequação das
informações para o acionista e os administradores, afirmando que a contabilidade fiscal ou tradicional
não dá o apoio necessário ao tomador de decisão.
Nesse sentido, existe a importância da contabilidade gerencial, que visa conciliar informações
econômicas com informações financeiras, abordando-se através da mesma, a visão lucro e visão caixa.
Ambas de extrema importância aos usuários da companhia, visto que é possível clarificar em relatórios
a reconciliação da demonstração do resultado com a demonstração do fluxo de caixa.

Demonstração de Resultado e Fluxo de Caixa

Na demonstração de resultado estão expressas as receitas e as despesas que foram ou serão pagas,
e aquelas despesas não monetizáveis tais como despesas com depreciação e amortização, variações
monetárias, receitas reconhecidas e não recebidas, provisões de quaisquer tipos, o que tornaria
impossível a geração de caixa e de lucro serem iguais em longo prazo.
Martins(1999, pág. 1) afirma: “a demonstração do resultado possui receitas que foram ou serão
recebidas na forma de dinheiro, e despesas que foram ou serão pagas da mesma forma. Assim, o lucro
obrigatoriamente transita pelo caixa da empresa”.

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Frezatti (1997, p. 17) critica Martins (1999) ao afirmar:“ A geração de caixa e a de lucro, a longo
prazo, serão iguais.” , esclarecendo que quase sempre caixa e lucro não serão iguais. Ele cita que
existem fatores que contribuem para que o resultado econômico de uma empresas seja diferente do seu
resultado financeiro, conforme quadro a seguir:

Figura 1: Possíveis diferenças entre o lucro e o fluxo de caixa


FLUXO DE CAIXA
LUCRO

CAPITAL DE GIRO OPERACIONAL


CAPITAL DE GIRO FINANCEIRO
NÃO PONTUALIDADE NOS RECEBIMENTOS
NÃO-PONTUALIDADE NOS PAGAMENTOS
VALORES ATIVADOS
APROPRIAÇÕES/AMORTIZAÇÕES/DEPRECIAÇÕES
PROVISÕES
IMPOSTOS INCLUÍDOS NA NOTA FISCAL(ICMS/IPI)
ALGUNS TIPOS DE ATUALIZAÇÕES MONETÁRIAS
DIFERIMENTO DE IMPOSTOS

Fonte:

Frezatti(1997, p. 19)

Capital de giro: refere-se a diferença entre os pagamentos e recebimentos em um determinado


período, resultando em variações entre o fluxo de caixa e o lucro.
Não-pontualidade de recebimento e não reconhecimento como perda: correspondem a
diferenças que podem ser geradas temporária ou permanentemente. Mesmo a empresa cobrando taxa de
juros nos seus recebimentos em atraso, as diferenças continuarão existindo, pois a taxa de juros
aplicada aos títulos normalmente é diferente do custo de oportunidade.
Valores ativados (permanentes ou não): refere-se a valores que são reconhecidos na
demonstração de resultados através de apropriações periódicas, todavia não afetam o caixa, tais como
despesas com depreciação e amortização.
Provisões de quaisquer tipos: influenciam a demonstração de resultado mas não influenciam o
fluxo de caixa no período em que foi reconhecida no resultado. A provisão pode impactar a longo ou a
curto prazo ou pode deixar de acontecer, e nesse último caso há reversão da provisão.
Receitas reconhecidas e não recebidas: um exemplo evidente dessa situação são as aplicações
financeiras, cujos rendimentos são reconhecidos no momento em que os mesmos são merecidos,
contudo, só são recebidos no vencimento da aplicação.

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Imposto sobre a nota fiscal emitida: refere-se ao imposto que impacta no fluxo de caixa em um
período mas só é reconhecido na demonstração resultado quando a receita correspondente se inicia.
Os fluxos de receitas e despesas possuem, assim como também todo o balanço patrimonial,
dimensões econômicas da contabilidade, enquanto os fluxos de caixa caracterizam dimensão
financeira.
De acordo com Martins(1999, p. 14), a diferença existente entre o regime de competência e o
regime de caixa consiste na correta alocação, dos fluxos de receitas e despesas, caso contrário, a
empresa estará divulgando informações patrimoniais falsas.
A demonstração de resultado deve respeitar o principio da realização da receita e o princípio do
confronto das despesas, pois dessa forma a empresa estará preservando sua real situação patrimonial.
A demonstração de resultado e o balanço patrimonial são de grande importância para que o
usuário possa acompanhar a evolução patrimonial da empresa e sua rentabilidade.
Segundo o Manual de Contabilidade da FIPECAFI, o FASB entende que a DRE é mais indicada
para medir a performance da empresa, portanto a informação lucro por ação mais adequada ao usuário,
nesse sentido. Enquanto, os fluxos de caixa passados permitem melhores previsões quanto a previsão
dos fluxos de caixa futuros.
Conclui-se que ambos são importantes aos usuários das informações contábeis, pois fornecem
informações de predição de rentabilidade e caixa.
A DFC é responsável em prover os usuários de informações acerca dos pagamentos e
recebimentos, assim como permite aos investidores e credores e outros usuários avaliar a capacidade de
a empresa gerar futuros fluxos líquido, a capacidade de empresas honrar seus compromissos, pagar
dividendos, a avaliação da liquidez, solvência e flexibilidade financeira.
Liquidez é a capacidade que a empresa tem de converter seus ativos em caixa, é um termo que
significa a capacidade, refere-se também a relação entre os passivos e seus saldos de caixa e aplicações
financeiras.
Solvência refere-se à capacidade de obtenção de caixa de uma empresa ou obtenção de caixa para
qualquer necessidade.
Flexibilidade financeira é a capacidade de obtenção de caixa de uma empresa de forma ágil, em
função do acontecimento de fatos eventuais.
Além de o fluxo de caixa possuir a função de contribuir para a previsão de distribuição na forma
de dividendos, juros e amortizações e para avaliação do risco provável, o mesmo fornece informação
referente à solvência e flexibilidade financeira.

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Na prática, as demonstrações de fluxo de caixa subsistem para suprir tais necessidades dos
usuários da companhia por informações, cuja estrutura compõe-se de quatro grandes grupos, segundo o
modelo americano FASB, que são:
Disponibilidades;
Atividades Operacionais;
Atividades de Investimentos;
Atividades de Financiamentos.
O modelo do FASB de fluxo de caixa tem como objetivo a avaliação da empresa por fluxos de
caixa descontados por aqueles interessados em investir ou que emprestam dinheiro à empresa. Sejam
eles acionistas ou credores, que o fazem na expectativa de receberem uma remuneração sobre o capital
investido. Essa remuneração eqüivale a uma taxa de juros ou custo de oportunidade que não deve ser
inferior a que o mercado oferece.

Classificação dos Movimentos de Caixa por Atividade (Modelo FASB)

A utilização do Fluxo de Caixa pode ser feita por qualquer empresa, independente de seu porte ou
de sua área de atuação, o que evidencia a sua diferenciação são as características peculiares existente
tais como: prazos de recebimento e pagamentos, sazonalidade de vendas, operações e outras.
Para se reconhecer a capacidade que uma empresa possui de gerar caixa é necessário uma
demonstração que evidencia os recebimentos e pagamentos de um determinado período. Daí a
importância das Demonstrações de Fluxos de Caixa, que têm como propósito maior facilitar o
entendimento da performance financeira da empresa, sua capacidade de gerar fluxos líquidos positivos
de caixa, de honra seus compromissos, sua estabilidade e perspectiva de liquidez. Em termos
específicos a DFC explica as razões pelas quais o saldo de caixa se alterou entre dois balanços
consecutivos, classifica as razões da alteração do saldo de caixa em atividades operacionais de
investimento e de financiamentos e permite a conciliação entre o lucro líquido e o fluxo de caixa
operacional, em razão disto esta demonstração é um forte instrumento de avaliação da real situação
financeira da empresa.
Através da DFC se pode calcular o impacto das operações sobre a liquidez da empresa e as
relações entre os fluxos de caixa associados às três principais categorias de atividades da empresa.

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O formato de DFC que é encorajado para empresas brasileiras é o mesmo adotado pelos norte-
americanos e é o que classifica as transações que envolvem o caixa em atividades, que contempla as
atividades operacionais, de financiamento e de investimento. Esta demonstração retrata a posição
financeira da empresa num período muito curto de tempo e demonstra as causas da variação do
disponível, ou seja, a conta caixa , a conta bancos e as aplicações financeiras de liquidez imediata
(equivalentes caixa).
Atividades Operacionais – de acordo com Stickney & Weil (2001, p. 173) a forma mais
importante para geração de caixa numa empresa financeiramente saudável é a venda de bens e serviços,
se analisado ao longo de vários anos o fluxo de caixa operacional indica se as atividades geraram ou
consumiram mais caixa. Os fluxos de caixa das atividades operacionais são normalmente os impactos
no caixa, causados por transações e demais eventos que entram na definição do resultado líquido. O
resultado positivo entre saídas e entradas de caixa operacionais pode ser usado para dar suporte às
atividades de investimento e financiamento.
Atividades de financiamento - as atividades de financiamento envolvem os recursos colocados
na empresa através de terceiros e dos próprios sócios.
Atividades de investimento – conforme Braga e Marques (2001, p. 10) as atividades de
investimento estão intimamente ligadas ás mudanças da estrutura de investimentos da instituição que
influenciarão o caixa, com exceção àquelas de cunho operacional.

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Figura 2: classificação das transações que envolvem caixa por atividades

Fluxo de caixa das atividades operacionais


Recebimento de clientes por vendas à vista ou cobranças;
Pagamento a fornecedores por compras à vista ou a prazo;
Pgtos. de salários, encargos sociais, comissões, férias, etc.;
Pagamento de aluguéis e fretes;
Pagamento de juros e encargos de dívidas;
Recebimento de juros e rendimentos;
Recebimento de dividendos e juros s/capital próprio;
Pagamentos e antecipações de impostos e contribuições;
Outros recebimentos e pagamentos operacionais

Fluxo de caixa das atividades de Fluxo de caixa das atividades de


investimentos Passivo financiamento
Ativo
Aplicações em títulos de curto Circulante Contratação de empréstimos e
Circulante
ou longo prazos; financiamentos;
Resgate e liquidação do Liquidação e pagamentos do
principal de aplicações; Exigível a longo principal de dívidas;
Realizável a
Pgtos. pela aquisição de Prazo Produto recebido na emissão de
Longo Prazo
participantes societários; debêntures, assemelhados;
Recebimentos. Pela alienação Pagamentos do principal de
de participações societárias; debêntures e assemelhados;
Pagamentos por compras de Ativo Patrimônio Pagamentos de dividendos e
ativos de longo prazo; Permanen-te Líquido juros s/capital próprio;
Recebimentos de vendas de Aumentos de capital em dinheiro;
ativos de longo prazo; Contribuições recebidas para
Outros recebimentos e reservas de capital;
pagamentos de investimento. Compra, reembolso e resgate de
ações próprias;
Outros recebimentos e
pagamentos de financiamento

Fonte: Braga e Marques (2001, p. 09)

Elaboração do Demonstrativo dos Fluxos de Caixa pelo Método Direto

Conforme Campos Filho (1999, p. 29), o Método Direto consiste em classificar os recebimentos
e pagamentos de uma empresa utilizando as partidas dobradas e uma de suas vantagens consiste
em permitir que informações sejam geradas com base em critérios técnicos, excluindo as
interferências da legislação fiscal. O método direto é também conhecido como a abordagem de
contas T (T Account Approach), correspondendo às informações relativas ao fluxo de entradas e
saídas no Disponível durante o exercício e o saldo final das operações expressa o volume líquido de
caixa provido ou consumido pelas operações durante um período.

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Figura 3 – Fluxo do Disponível

ENTRADA DE DISPONÍVEL SAIDA DE


RECURSOS
RECURSOS

RECEBIMENTOS PAGAMENTOS
 Créditos operacionais  Compra de mercadorias e insumos
 Resgate de aplicações financeiras  Despesas antecipadas
 Obtenção de empréstimos e  Depósitos judiciais
financiamentos  Empréstimos a sócios
 Receitas recebidas antecipadamente  Compra de imobilizado
 Integralização e/ou aumento de capital  Aplicação em investimentos ou diferidos
social  Pagamento de obrigações
 Receitas de vendas, serviços e outras  Devolução de capital
 Dividendos de investimentos avaliados pelo  Custos e despesas
custo  Dividendos
 Outros  Outros

Fonte: Neves e Viceconti (1998, p. 241)

Estrutura Básica do Método Direto (baseado no FASB 95)

1. Fluxo de caixa das atividades operacionais

Recebimento de clientes

Dividendos recebidos

Juros recebidos

Recebimentos por reembolso de seguros

Recebimento de lucros de subsidiárias

Pagamentos a fornecedores

Pagamentos de salários e encargos

Imposto de renda pago

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Juros pagos

Outros recebimentos ou pagamentos líquidos

Caixa Líquido das Atividades Operacionais

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2. Fluxo de caixa das atividades de investimento

Alienação de imobilizado

Alienação de investimentos

Aquisição de imobilizado

Aquisição de investimentos

Caixa Líquido das Atividades de Investimentos

3. Fluxo de caixa das atividades de financiamentos

Integralização do capital

Juros recebidos de empréstimos

Empréstimos tomados

Aumento de capital social

Pagamento de leasing (principal)

Pagamento de lucros e dividendos

Juros pagos por empréstimos

Pagamento de empréstimos e debêntures

Caixa Líquido das Atividades de Financiamentos

Aumento ou redução de Caixa Líquido

Saldo de Caixa – Inicial

Saldo de Caixa – Final

Conciliação do resultado líquido com o caixa líquido das atividades operacionais

Resultado Líquido

(+) Ajustes que não representam entrada ou saída de caixa

(+) Depreciação e amortização

(+) Provisão para devedores duvidosos

(+) Resultado na venda do imobilizado

(+) Aumento ou diminuição das contas a receber

(+) Aumento ou diminuição dos estoques

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(+) Aumento ou diminuição de despesas antecipadas

(+) Aumento ou diminuição de passivos

(+) Aumento ou diminuição de outros ajustes

(=) Caixa Líquido das Atividades Operacionais

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2 – Elaboração dos demonstrativos de Fluxo de Caixa pelo Método Indireto

Ao elaborarmos um fluxo de caixa pelo método indireto estaremos convertendo os dados do


Balanço Patrimonial e da DRE, apresentados pelo regime de competência para o regime de caixa,
que é a essência da Demonstração de Fluxo de Caixa.

De acordo com Lustosa (1997, p.14), o método indireto faz a ligação entre o lucro líquido e o
caixa, ou seja, através dele este lucro é ajustado de forma a expurgarem-se os efeitos das operações
que não sensibilizaram o caixa, acréscimos ou deferimentos relacionados com os recebimentos ou
pagamentos passados ou futuros, consumo de ativos de longo prazo ou custos relacionados às
atividades de investimento e financiamento.

Iudícibus, Martins e Gelbcke (2000, p.355) afirmam que esse método é também conhecido por
método da reconciliação, pois concilia o lucro líquido e o caixa desenvolvido pelas operações.

Estrutura Básica da DFC pelo Método Indireto (baseado no FASB 95)

1. Fluxo de caixa das atividades operacionais

Resultado Líquido

(+) Ajustes que não representam entrada ou saído de caixa

(+) Depreciação e amortização

(+) Provisão para devedores duvidosos

(+) Resultado na venda do imobilizado

(+) Aumento ou diminuição de contas a receber

(+) Aumento ou diminuição de estoques

(+) Aumento ou diminuição de despesas antecipadas

(+) Aumento ou diminuição de passivos

(+) Aumento ou diminuição de outros ajustes

(=) Caixa Líquido das Atividades Operacionais

2. Fluxo de caixa das atividades de investimentos

(+) Alienação do imobilizado

(+) Alienação de investimentos

(-) Aquisição de imobilizado

(-) Aquisição de investimentos

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(=) Caixa Líquido das Atividades de Investimentos

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3. Fluxo de caixa das atividades de financiamentos

(+) Integralização de capital

(+) Juros recebidos de empréstimos

(+) Empréstimos tomados

(+) Aumento de capital social

(-) Pagamento de leasing (principal)

(-) Pagamento de lucros e dividendos

(-) Juros pagos por empréstimos

(-) Pagamentos de empréstimos debêntures

(=) Caixa Líquido das Atividades de Financiamentos

(=) Aumento ou Redução de Caixa Líquido

NOTA: De acordo com Iudícibus, Martins e Gelbcke (2000, p.355), no caso de optarmos em elaborar
a DFC pelo método direto é exigido que se evidencie, através de Notas Explicativas, a conciliação do
lucro líquido do período, se, no entanto, decidirmos pelo método indireto, essa evidenciação deverá
ser feita dos juros (com exceção das parcelas capitalizadas) e do Imposto de Renda pagos durante o
período.

Fundamentos do Método Indireto:

Aplicação (+)
Ativo Circulante Origem(+)

Origem(-) Passivo Circulante

Aplicação(-)

Vantagens e Desvantagens dos Métodos

Com relação ao assunto existe uma quantidade razoável de autores que se preocupam em
discuti-lo. Auxiliando-se de alguns deles podem então elencar diversos itens que poderão servir de
base para uma decisão de qual método se adequai ao negócio.

Método Direto – Vantagens

Favorece a sobrepujança da essência sobre a forma relativamente à classificação dos


recebimentos e pagamentos;

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Incentiva a criação da cultura da administração pelo caixa;


È de fácil entendimento por parte do usuário;
Suas informações podem auxiliar na estimativa de fluxos de caixa futuros;

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Possibilita a comparação entre entradas e saídas de caixa operacional com as atividades de


receita e despesa que as geraram;
Como sua fonte é o caixa, as informações para sua elaboração podem ser disponibilizadas a
qualquer tempo.

Método Direto – Desvantagens

A sua aplicação é restrita ao ambiente interno da empresa, já que os eventos não são de
domínio público;
Por necessitar de classificação de recebimentos e pagamentos culmina na criação de um custo
adicional para a empresa;
Dificuldade de se encontrar um profissional com um conhecimento mais acurado sobre as
operações que compõem o conceito de “Caixa” e da linguagem de classificação contábil que
as registram.

Método Indireto – Vantagens

Baixo custo, visto que ele é elaborado tomando-se por base balanços, a DRE e informações
adicionais da própria contabilidade;
Facilidade de automatização e informação;
Concilia o lucro contábil com fluxo de caixa operacional líquido e mostra a composição da
diferença encontrada;
Suas informações são baseadas em conceitos de domínio público, não de restringindo apenas
aos interesses internos do negócio.

Método Indireto – Desvantagens

Como o balanço é, em tese, elaborado anualmente e a DFC toma por base, dados desta
demonstração, se elaborada também com esta periodicidade, as distorções, se encontradas,
podem não ser mais passíveis das correções necessárias, já que foram detectadas
tardiamente;
Alguns usuários se queixam que as suas informações dificultam o entendimento;
Não possibilita eliminar todas as distorções provenientes da interferência da legislação fiscal
sobre a contabilidade oficial, quando estas ocorrem;
Não mostra as origens dos recebimentos do caixa ou para onde foi pago;
Não permite um comparativo das entradas e saídas de caixa operacional com as atividades de
receita e despesa que lhe deram origem;

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As informações de Origens e Aplicações ficam sem uma transparência notória.


Exemplo:

Quadro 1: Balanço Patrimonial – Empresa Alfa

BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO dez-02 dez-01

CIRCULANTE 76.449 44.400


Disponível e aplicações financeiras 26.199 8.400
Duplicatas a receber 30.000 15.000
(-)Desconto de duplicatas 7.500 -
(-)Devedores duvidosos 2.250 1.500
(=)Duplicatas a receber - liquido 20.250 13.500
Estoques 22.500 18.000
Outras contas de curto prazo 7.500 4.500
Despesas Antecipadas 7.500 4.500
REALIZÁVEL A LONGO PRAZO - -
Outras contas de longo prazo - -
PERMANENTE 45.750 36.000
Controladas e coligadas - -
Outros investimentos - -
Imobilizado bruto 52.500 45.000
(-) Baixas do período 22.500
(-)Depreciações acumuladas 6.750 9.000
(=)Imobilizado líquido 23.250 36.000
Diferido - -
(-)Amortização acumulada - -
(=)Diferido liquido - -
TOTAL DO ATIVO 122.199 80.400

PASSIVO dez-02 dez-01

CIRCULANTE 93.699 70.500


Fornecedores 34.500 15.000
Impostos a pagar 249
Salários e encargos a pagar 12.000 22.500
Imposto de renda e C. Social a pagar 1.950 3.000
Participações, dividendos a pagar -
Empréstimos 45.000 30.000

EXIGÍVEL DE LONGO PRAZO - -


Empréstimos - -

PATRIMÔNIO LÍQUIDO 28.500 9.900


Capital e Reservas 22.500 7.500
Reservas de Lucros e Lucros Acumulados 6.000 2.400
TOTAL DO PASSIVO 122.199 80.400

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Quadro 2: Demonstração do Resultado

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO
dez-02
Vendas brutas 62.273,00
(-)Impostos 2.273,00
(=)Vendas líquidas 60.000,00
(-)Custo das mercadorias vendidas 30.000,00
(=)Lucro bruto 30.000,00
(-)Despesas comerciais 12.000,00
. Depreciações 1.500,00
. Provisão para devedores duvidosos 1.500,00
. Salários e Comissões 9.000,00
(-)Despesas administrativas 12.750,00
. Salários 12.000,00
. Depreciações 750,00
(+/-)Outras receitas/despesas operacionais 900,00
(=)Lucro da atividade 4.350,00
(+)Receitas financeiras 450,00
(-)Despesas financeiras 1.500,00
(=)Lucro operacional 3.300,00
(+/-)Equivalência patrimonial -
(+/-)Resultados não operacionais 4.500,00
(=)Lucro líquido antes da CS e IR 7.800,00
(-)Provisão para contribuição social 702,00
(-)Provisão para imposto de renda 1.248,00
(=)Lucro líquido do período 5.850,00
(-)Participação dos acionistas minoritários -
(-)Participações estatutárias -
(=)Lucro dos acionistas controladores 5.850,00
(-)Provisão para dividendos -

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Quadro 3: Demonstração do Fluxo de Caixa – Método Indireto

31/12/02
I - DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS
Lucro Líquido....................................................................................... 5.850
(+) Depreciações e amortizações............................................................. 2.250
(-) Lucro na venda do ativo permanente................................................... (4.500)
Lucro Ajustado....................................................................................... 3.600
Aumento de Duplicatas a Receber (15.000)
Aumento de PDD 750
Aumento de Duplicatas a Descontadas 7.500
Aumento de Estoques (4.500)

Aumento de Despesas Pagas Antecipadas (3.000)


Aumento de Fornecedores 19.500
Aumento Impostos s/ Vendas a Pagar 249
Diminuição de Tributos a Pagar (1.050)
Diminuição de Salários a Pagar (10.500)
(=) Fluxo de caixa da atividade (2.451)
II - DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS
(+) Pela venda de Ativo Permanente 22.500
( -) Aplicações em Ativo Permanente (30.000)
(=) Fluxo de caixa operacional (9.951)
III - DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOS
Empréstimos e Financiamentos obtidos 15.000
(-) Distribuição de Dividendos (2.250)
(=) Fluxo de caixa para o acionista 2.799
Aumento de Capital em dinheiro 15.000
Fluxo de Caixa Final 17.799
(+) Caixa inicial 8.400
(=) Caixa final 26.199

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Quadro 4: Demonstração do Fluxo de Caixa – Método Direto

31/dez/02
I - DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS
Recebimento de vendas 46.523
Recebimento de juros de clientes 450
Recebimento de duplicatas descontadas 7.500
(-) Pagamento de impostos s/ vendas 2.024
(-) Pagamento a fornecedores 15.000
(-) Pagamento a empregados 31.500
(-) Pagamento despesas antecipadas 3.900
(-) Pagamento de juros 1.500
(-) Pagamento de impostos s/ lucro 3.000
(=) Fluxo de caixa da atividade (2.451)
II - DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS
Recebimento venda imobilizado 22.500
(-) Investimenos operacionais 30.000
(=) Fluxo de caixa operacional (9.951)
III - DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOS
(-) Pagamento de juros e amortizações
(-) Pagamento de dividendos 2.250
(+) Contratação de novos financiamentos 15.000
(=) Fluxo de caixa para o acionista 2.799
(+) Recebimento de dividendos de participações -
(+) Integralização de capital 15.000
(+/-) Outras receitas/despesas não operacionais -
(=) Fluxo de caixa final 17.799
(+) Caixa inicial 8.400
(=) Caixa final 26.199

Dados Complementares

O custo do imobilizado vendido na contabilidade é igual a R$ 22.500,00.


A depreciação acumulada referente ao imobilizado vendido é igual a R$ 4.500,00.
As despesas financeiras incorridas no exercício de 2002 foram pagas no próprio período.
As receitas financeiras auferidas no exercício de 2002 foram recebidas no próprio período.
Houve uma perda referente a título incobrável que gerou a baixa da provisão para devedores
duvidosos e a respectiva duplicata a recebe, no valor de R$ 750,00.
Para elaboração da DFC pelo método direto, não precisamos das movimentações das contas
dos balanços, pois foram usados recursos do Excel.

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Análise

Os procedimentos aqui apresentados não mostram o fluxo de caixa com todos os seus detalhes,
todavia não distorce a sua direção geral. Na essência, o fluxo de caixa nada mais é do que a
Demonstração do Resultado “articulada” com as variações dos saldos das contas do Balanço
Patrimonial. Na área de Atividades Operacionais, apresenta a ligação estreita com os elementos do
ativo e passivo circulante, que nos mostra o comprometimento das necessidades líquidas do capital de
giro da empresa. No segmento das Atividades de Investimentos, os fluxos de caixa apresentam o
quanto de recursos foi destinado para itens cuja função patrimonial é a geração de fluxos de caixas
futuros a longo prazo. Com a contratação de novos empréstimos a Atividade Financeira evidencia o
comprometimento da geração de caixa com os financiadores da empresa.
Se olharmos para a DFC pelo método indireto concluímos que o lucro obtido na DRE ainda não
gerou reflexos positivos no caixa. O resultado das Atividades Operacionais é negativo em R$
2.451,00. O saldo de caixa no final do período praticamente eqüivale ao caixa gerado nas Atividades de
Financiamento. Isso também significa que o dinheiro tomado de terceiros e a integralização de capital
feita pelos sócios em dez/02 permaneceram na empresa no final do período. Observa-se que os R$
30.000,00 de entradas de caixa nas Operações de Financiamento foram, na sua totalidade, aplicados no
ativo permanente. Todavia, a venda do ativo imobilizado gerou uma entrada de R$ 22.500,00. Observa-
se, também, que o aumento dos estoques e de duplicatas a receber coincide com o montante de
aumento de fornecedores, No cumprimento normal do ciclo operacional, provavelmente haverá um
equilíbrio de caixa.

Considerações Finais

Muito se tem estudado sobre a relevância da Demonstração de Fluxo de Caixa, seja por conta da
influência internacional, seja pela necessidade de se ter, à mão, uma maior quantidade de informações
contábeis com enfoque no fluxo financeiro e que nos permita tomar decisões mais adequadas e
corretas, o que não obtém-se através das nossas demonstrações contábeis atuais, que visam,
basicamente, a natureza econômica da organização.
Informações sobre a liquidez das empresas, sua capacidade de gerar caixa e a necessidade de se
confirmar o pagamento de suas dívidas e a remuneração de seus acionistas são de fundamental
importância para a preservação do Princípio da Continuidade das Empresas. Isto torna a DFC uma
Demonstração imprescindível, partindo-se do princípio que ela tem como propósito básico demonstrar
todas as formas de ingressos e desembolsos dos recursos financeiros da empresa, resultantes de suas
atividades.

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É grande o número de autores brasileiros favoráveis a esta Demonstração, em substituição à


DOAR. O que eles alegam é a facilidade de entendimento do fluxo de caixa encontrada na DFC,
enquanto que na DOAR não acontece o mesmo. Outro ponto considerado é a questão da adequação
das nossas demonstrações às Normas Internacionais de Contabilidade, visto que diversos países já
adotaram essa prática.

Referências Bibliográficas

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