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INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE E À

ESTRUTURA DE DEMONSTRAÇÕES
FINANCEIRAS
Prof. Ms. Carlos Eduardo Furlanetti
Atualizada conforme as Leis Nº 11.638/07 e Nº 11.941/09 e
os pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos
Contábeis (CPC) ou as IFRS.
INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE

1 - RELAÇÃO ENTRE FINANÇAS E OBJETIVO DA


EMPRESA

C o n sen so entre diverso s auto res, o administrado r financeiro


t em po r o bjetivo maximizar a riqueza da empresa e, po r
co n seguin te, a maximização da riqueza do acio nista. Para
t an t o , deverá to mar decisõ es so bre quais pro jeto s esco lher e
quais pro jeto s rejeitar, no âmbito empresarial, visando à
geração de valo r para a empresa e co nsequente reto rno do
capit al in vestido pelo acio nista.

N esse sen t ido , a área de Finanças, co nhecida co mo a arte e a


ciên cia da gestão do dinheiro , desenvo lve a análise de
em presas, caracterizada pelo exame minucio so de seus dado s
fin an ceiro s e eco nômicos, além de variáveis internas e externas
que afet am sua perfo rmance.

A an álise financeira da empresa não se restringe à avaliação de


in dicado res financeiro s e eco nômicos, mas co nsidera aspecto s
co m o o m ercado de atuação , quem são seus pro prietário s e
n íveis de po der, padrão tecno lógico , tipo de clientes e
concorrentes, etc .

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INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE

E specificam ente, a análise financeira avalia as decisõ es de


in vest im en t o s e respectivas fo ntes de financiamentos da
em presa; grau de endividamento e qualidade da dívida, aspecto s
est es que serão tratado s neste mó dulo , co ntudo , sem a
pret en são de esgo tá - lo s .

2 - FINANÇAS E CONTABILIDADE

A an álise financeira de empresas po ssui estreita relação co m a


co n t abilidade, uma vez que esta fo rnece info rmaçõ es àquela,
para auxiliar o que co nhecemos co mo pro cesso de to mada de
decisão .

Assim , para entendermo s co mo a administração financeira


in t erpret a e avalia o ro l de info rmaçõ es co ntidas no s relató rio s
financeiros das empresas, faz - se necessário conhecermos alguns
co n ceit o s básico s acerca de co ntabilidade .

Os relat ó rio s financeiro s, chamado s de demo nstraçõ es


finan ceiras o u demo nstraçõ es co ntábeis, po r sua vez, permitem
ao adm in ist rado r financeiro , dentre o utro s aspecto s, mensurar o s
im pact o s das decisõ es empresariais so bre o patrimô nio e o s
result ado s do s negó cio s, além de fo rmular inferências futuras a
part ir de po siçõ es patrimo niais, financeiras e eco nômicas das
em presas.

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INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE

3 - CONTABILIDADE

A co n t abilidade é uma ciência so cial¹ aplicada que estuda a


fo rm ação e a variação do patrimô nio das empresas, co m o u sem
fin alidades lucrativas. A co ntabilidade é um sistema de info rmaçõ es
que capt ura o s evento s eco nôm icos², mensurando - os
m o n et ariam ente, registrando - o s e sumarizando - o s em fo rma de
relat ó rio s. Os relató rio s co ntábeis gerado s pela co ntabilidade,
ch am ado s de demo nstraçõ es co ntábeis o u financeiras, visam à
avaliação da situação eco nômica e financeira da empresa, de fo rma
estática, bem como inferências sobre situações futuras .

A co n t abilidade é co nsiderada a linguagem do s negó cio s e, po r


co n seguin t e, está fo rtemente relacio nada à análise financeira de
em presas .

As dem o n st raçõ es financeiras são elabo radas e apresentadas para


usuário s in t erno s e externo s à empresa, haja vista suas finalidades
dist in t as e n ecessidades diversas. As demo nstraçõ es financeiras
t êm po r o bjetivo fo rnecer info rmaçõ es úteis ao pro cesso de to mada
de decisõ es eco nômicas e avaliaçõ es po r parte do s usuário s em
geral. Diversas são as decisõ es to madas pelo s usuário s da
contabilidade, dentre as quais destacamos :
¹Estuda o comportamento das riquezas que se integram ao patrimônio, decorrentes da ação humana.
²Representam todos os eventos ocorridos em uma empresa, tais como: compras, vendas, pagamentos,
recebimentos, etc.

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INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE

a ) In vestido res: decidir quando co mprar, manter o u vender


in st rumento s patrimo niais;
b ) P ro prietário s: avaliar a administração da empresa
quanto à respo nsabilidade que lhe tenha sido co nferida
e quanto à qualidade de seu desempenho e de sua
prestação de co ntas;
c) C o labo rado res: avaliar a capacidade de a empresa pagar
seus empregado s;
d ) C redo res: avaliar a segurança quanto à recuperação do s
recurso s financeiro s emprestado s à empresa;
e ) Administrado res: determinar a distribu i ção de lucro s e
dividendo s a acio nistas .

Os usuário s interno s e externo s que de alguma fo rma se


relacio n am co m a empresa são deno minado s stakeholders e ,
n o rm alment e, requerem níveis diferenciado s de info rmaçõ es,
uma vez que seus interesses são distintos .

A co n t abilidade é flexível o suficiente para se mo ldar às


n ecessidades distintas do s stakeholders , to davia, seu o bjeto
será sem pre o patrimô nio , independentemente do tipo de
n ecessidade de avaliação po r parte do s usuário s .

A co n t abilidade so cietária o u co ntabilidade financeira, co nforme


det erm in ação da Lei N º 6 .4 0 4/ 7 6 e alteraçõ es, é a co ntabilidade

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geral o brigató ria para to das as empresas; é a co ntabilidade


t eó rica que supo rta o desenvo lvimento das demais
co n t abilidades práticas específicas, tais co mo co ntabilidade
geren cial e co ntabilidade tributária. A co ntabilidade so cietária é
padro n iz ada e visa prepo nderantemente fo rnecer info rmaçõ es
ao s usuário s externo s à empresa, sendo a base para a apuração
e cálculo do s divid endo s (remuneração paga ao s acio nistas e
in vest ido res pelo capital investido ).

A co n t abilidade gerencial, vo ltada ao s usuário s interno s


(presiden t e, direto r, gerente, co nselho de administração , etc.),
part e da co ntabilidade so cietária e custo miza seus número s, de
fo rm a a at ender necessidades específicas para o pro cesso de
t o m ada de decisão . As técnicas e pro cedimento s co ntábeis
ado t ado s pela co ntabilidade so cietária o u financeira são
apresen t ado s, na co ntabilidade gerencial, em uma perspectiva
diferente, com maior nível de detalhes e apresentação
diferen ciada de seus relató rio s.

A co n t abilidade tributária, a partir do s número s pro duzido s pela


co n t abilidade so cietária, tem po r o bjetivo a aplicação do s
co n ceit o s o riundo s da legislação tributária, visando à apuração
de im po st o s nas esferas federal, estadual o u municipal, no
cum prim en t o das o brigaçõ es fiscais e acessó rias das empresas.

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INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE

P ara a pro po sta deste curso , fo caremos no s co nceito s e


prin cípio s da co ntabilidade so cietária, também chamada de
co n t abilidade financeira.

4 - CONVERGÊNCIA AOS PADRÕES INTERNACIONAIS


DE CONTABILIDADE

N o B rasil a co ntabilidade está no rmatizada pela Lei N º


6 .4 0 4/ 7 6, co nhecida co mo a lei das S.A .

Referida lei so freu impo rtantes alteraçõ es co m a pro mulgação


da Lei N º 1 1 .6 38/ 07 e da Lei N º 1 1 .9 4 1/ 09, co m vistas à
co n vergên cia do padrão co ntábil brasileiro ao s padrõ es
in t ern acio n ais de co ntabilidade - Internatio nal Financial
Repo rt in g Standards (IFRS ).

As normas contábeis brasileiras convergidas aos IFRS são


edit adas pelo C o mitê de Pro nunciamentos C o ntábeis (C PC ),
deven do ser o bservadas, desde 2 0 1 0, po r co mpanhias abertas,
co m pan hias de grande po rte, instituiçõ es financeiras (B AC E N -
B an co C en t ral do B rasil), empresas de seguro s, previdência e
capit aliz ação (SU SE P - Superin tendência de Seguro s Privado s ).

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Adicio n alm ente, o pro cesso brasileiro de ado ção das no rmas
co n t ábeis fundamentadas no padrão IFRS já tem alcance no seto r
público e n as deno minadas pequenas e médias empresas (PME ),
que já po ssuem no rmatização simplificada para efeito s de ado ção
da referida norma.
O desen vo lvimento deste trabalho está co mpletamente pautado
n a n o va n o rmativa co ntábil .

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DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
OBRIGATÓRIAS

N o B rasil h á do is tipo s principais de so ciedades, sendo as


so ciedades limitadas, cujo capital está divid i do em co tas, e as
so ciedades anô nimas, co m o capital representado po r açõ es. As
sociedades anônimas podem ser de capital aberto ou de capital
fech ado .

As so ciedades de capital aberto transacionam suas açõ es em


bo lsa de valo res e po ssuem uma série de o brigaçõ es so bre
divulgaçõ es de info rmaçõ es ao mercado de capitais.
E specificam ente, as so ciedades abertas devem o bservar as
n o rm as expedi das pela C o missão de Valo res Mo biliário s - C VM,
deven do divulgar suas demo nstraçõ es financeiras co nforme
previsão da Lei N º 6 .4 0 4/ 76, alterada pelas leis N º 1 1 .6 38/ 0 7 e
N º 1 1 .9 41/ 09 .

As demonstrações financeiras obrigatórias por força de lei, para


as em presas de capital aberto ³, são cinco , a saber:
i. B alanço Patrimo nial (B P);
i i. Demo nstração do Resultado do E xercício (DRE );
i i i. Demo nstração do s Fluxo s de C aixa (DFC );
iv. Demo nstração do s Lucro s o u Prejuízo s Acumulado s
(DLPA), que po de ser substituí da pela Demo nstração das
Mut açõ es do Patrimô nio Líquido (DMPL); e
v . Demo nstração do Valo r Adicio nado (DVA).

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DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
OBRIGATÓRIAS

Referidas demo nstraçõ es devem ser apresentadas ao final de


cada exercício so cial (ano ), de fo rma co mparativa co m o s valo res
co rrespo n dentes do exercício anterio r .

Adicio n alm ente às demo nstraçõ es financeiras, ainda co nforme


det erm in ação da Lei 6 .4 0 4/ 76, as empresas devem divulgar as
n o t as explicativas, que são parte integrante daquelas
dem o n st raçõ es, co mplementando -as e explicando - as. Referidas
n o t as desempenham o papel de detalhar a po sição patrimo nial e
o s result ado s da empresa; as demo nstraçõ es financeiras fo rnecem
in fo rm açõ es quantitativas, enquanto as no tas explicativas
fo rn ecem in fo rmaçõ es qualitativas .

V isan do im primir maio r transparência e fidedigni dad e às


dem o n st raçõ es financeiras e às no tas explicativas, a legislação
so ciet ária prevê sua audito ria, po r meio de audito r independente
(auditor externo), e respectiva divulgação do relatório de
audit o ria. O relató rio de audito ria co ntém uma o pinião acerca da
adequação das demo nstraçõ es financeiras e das no tas
explicat ivas, quanto ao s seus aspecto s relevantes.

A o pin ião do audito r independente po de ser:

³ Exceções se aplicam.

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DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
OBRIGATÓRIAS

a. Sem ressalva: quando as demo nstraçõ es financeiras da


em presa representam adequadamente a po sição patrimo nial
e fin anceira e o resultado das o peraçõ es de aco rdo co m o s
prin cípio s fundamentais de co ntabilidade. O audito r está
co n vencido de que as demo nstraçõ es financeiras fo ram
elabo radas co nsoante as N o rmas B rasileiras de C o ntabilidade
e a legislação específica em to do s o s seus aspecto s
relevantes;
b. Com ressalva : quando um o u mais de um valo r nas
demonstrações financeiras não refletem adequadamente a
po sição co rreta, de aco rdo co m o s princípio s fundamentais
de co ntabilidade, o u quando o audito r não co nsegue o bter
evidências adequadas que permitam a co mpro vação desses
valo res ;
c. Com opinião adversa : quando o audito r verificar efeito s e
co n diçõ es que co mpro metem substancialmente as
dem o nstraçõ es financeiras examinadas, a po nto de não ser
suficiente a simples ressalva no parecer. As demo nstraçõ es
fin an ceiras não representam adequadamente a po sição
pat rimo nial e financeira e/ o u o resultado das o peraçõ es e/ o u
as m utaçõ es patrimo niais, e/ o u as o rigens e aplicação do s
recurso s de aco rdo co m o s princípio s fundamentais de
contabilidade.

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DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
OBRIGATÓRIAS

d. Com abstenção de opinião : quando o audito r deixa de


em itir o pinião so bre as demo nstraçõ es financeiras, po r
n ão ter o btido co mpro vação suficiente para
fun damentá - la. A abstenção de o pinião em relação às
demo nstraçõ es financeiras não elimina a
respo nsabilidade do audito r de mencio nar qualquer
desvio relevante que po ssa influenciar a decisão do
usuário dessas demo nstraçõ es .

P o r fim , ao co njunto das demo nstraçõ es financeiras, no tas


explicat ivas e ao relató rio do audito r independente, so ma -se o
relat ó rio da administração , cujo o bjetivo é fo rnecer info rmaçõ es
relacio n adas ao desempenho o peracio nal do s negó cio s,
expect at ivas futuras, co ntexto so cio eco nômico, co ncorrência,
et c .

O relatório da administração, de fundamental importância para


o co n hecim ento da empresa e do negó cio , é elabo rado de fo rma
livre e n ão o bserva requisito s legais, assim, não é o bjeto de
audit o ria e, po r co nseguinte, deve ser avaliado co m a cautela
requeri da para o mo mento, po r o casião da avaliação da
em presa.

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BALANÇO PATRIMONIAL -
ESTRUTURA

O pat rim ô n io , enquanto o bjeto da co ntabilidade, é representado


pelo co n jun to de bens, direito s e o brigaçõ es, cujas definiçõ es
s ão :
a . B en s: itens que a empresa po ssui para satisfazer suas
n ecessidades de tro ca, co nsumo o u aplicação , passíveis
de avaliação eco nômica, po dendo ser tangíveis (bens
co rpó reo s, materiais) o u intangíveis (bens inco rpó reo s,
sem fo rma física);
b. Direito s: valo res a receber de terceiro s, po r co nta de suas
o peraçõ es; e
c. Obrigaçõ es: o brigação exigível co m terceiro s, co m
ven cimento certo em determinada data .

O B alan ço P atrimo nial retrata a po sição patrimo nial e financeira


da em presa, em determinada data (po sição estática), co mpo sta
por bens, direitos e obrigações .

Ao co njun t o de bens e direito s, chamamos Ativo ; ao co njunto de


o brigaçõ es exigíve is, chamamos Passivo ; ao s valo res investido s
n a em presa pelo s só cio s, cham amos Patrimô nio Líquido .

O B alan ço equipara o s ativo s da empresa (bens e direito s) ao seu


passivo (o brigaçõ es co m terceiro s) mais o seu patrimô nio líquido
(recurso s fo rnecido s pelo s pro prietário s), co m a seguinte
represen t ação gráfica:

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BALANÇO PATRIMONIAL -
ESTRUTURA

Balanço Patrimonial
ATIVO PASSIVO
Obrigações
Bens Obrigações com terceiros
+
Direitos Patrimônio Líquido
Recursos dos sócios
Obs.: o ativo e o passivo figuram, respectivamente, do lado esquerdo e
do lado direito do balanço patrimonial, por mera convenção; não há
nenhum fundamento racional.

O at ivo evidencia o nde a empresa aplico u seus recurso s (bens e


direit o s); o passivo e o patrimô nio líquido evidenciam de o nde
vieram o s recurso s, sendo o s recurso s de terceiro s e o s recurso s
pró prio s, respectivamente. Os recurso s pró prio s são o riundo s do
capit al in vestido pelo s só cio s e do lucro gerado pela empresa
em suas o peraçõ es.

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BALANÇO PATRIMONIAL -
ESTRUTURA

1 - ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS

O lado do passivo , sendo o capital de terceiro s (exigível) e o


capit al pró prio (patrimô nio líquido ), representa a fo nte de
recurso s, a o rigem do capital à dispo sição da empresa. To do
recurso in gressa na empresa via passivo o u patrimô nio líquido .
O lado do ativo representa a aplicação do s recurso s o riginado s no
passivo e n o patrimô nio líquido .

Quan do a empresa efetua um empréstimo bancário , terá uma


origem de recursos (passivo), que será aplicada no ativo, na
co m pra de uma máquina, po r exemplo .

Assim , as o rigens de recurso s serão sempre iguais às aplicaçõ es


de recurso s, mo tivo pelo qual o ativo sempre “baterá” co m o
passivo . O t ermo balanço patrimo nial deco rre da igualdade entre
o rigen s e aplicaçõ es de recurso s (está balanceado ).

E m fin an ças falamos que as o rigens de recurso s são as decisõ es


de fin an ciamento da empresa, o u seja, co mo ela financia suas
o peraçõ es, po dendo ser co m capital de terceiro s o u capital
pró prio (do s só cio s); quanto às aplicaçõ es de recurso s, falamos
que são suas decisões de investimento, a forma como ela aplica
o s seus recurso s.

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BALANÇO PATRIMONIAL -
ESTRUTURA

A seguir verificamo s a representação gráfica do s co nceito s acima:

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CONCEITOS ADICIONAIS

RECONHECIMENTO DE ATIVOS E PASSIVOS

Algun s it en s que co rrespo ndem à definição de ativo o u passivo


po dem n ão ser reco nhecido s co mo ativo s o u passivo s no balanço
patrimonial porque não satisfazem todos os critérios necessários
para seu reco nhecimento. E m especial, o reco nhecimento da
expect at iva que benefício s eco nô micos futuro s fluam para a
em presa. N essa hipó tese, o “benefício futuro ” deve ser
suficien t em ente certo para co rrespo nder ao s critério s de
pro babilidade antes que um ativo o u um passivo sejam
reco n hecido s .

ATIVO

At ivo é um a aplicação de recurso s em bens o u direito s co m


po t en cial de geração de benefício futuro .

At ivo é um recurso co ntrolado pela empresa co mo resultado de


even t o s passado s e do qual se espera que benefício s eco nômicos
fut uro s fluam para a empresa .

O ben efício eco nômico futuro do ativo é o seu po tencial de


co n t ribuir, direta o u indiretamente, co m o fluxo de caixa e
equivalen t es de caixa para a empresa. E sses fluxo s de caixa po dem
vir do uso de ativo o u da sua liquidação .

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CONCEITOS ADICIONAIS

Ao det erm inar a existência do ativo , o direito de pro priedade


n ão é essen cial. Assim, po r exemplo , bens imó veis mantido s em
regim e de arrendamento mercantil são um ativo se a empresa
co n t rola os benefício s que se espera que fluam do bem imó vel .

A em presa deve reco nhecer um ativo no balanço patrimo nial


quando for provável que benefícios econômicos futuros dele
pro ven ien t es fluirão para a empresa e seu custo o u valo r puder
ser det erm inado em bases co nfiáveis .

PASSIVO

P assivo é uma o brigação co m terceiro s, também chamada de


exigível, po is será reclamada a partir da data do seu
ven cim en t o .
P assivo é uma o brigação atual da empresa co mo resultado de
even t o s já o co rrido s, cuja liquidação se espera resulte na saída
de recurso s eco nô micos .

U m a caract erística essencial do passivo é que a empresa tem a


o brigação presente de agir o u se desempenhar de certa
m an eira. A o brigação po de ser uma o brigação legal o u uma
o brigação n ão fo rmalizada (também chamada de o brigação
co n st rut iva).

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CONCEITOS ADICIONAIS

A liquidação de o brigação presente geralmente envo lve


pagam en t o em caixa, transferência de o utro s ativo s, prestação de
serviço s, a substitui ção daquela o brigação po r o utra o brigação ,
o u co n versão da o brigação em patrimô nio líquido . A o brigação
pode ser extinta, também, por outros meios, como o credor que
ren un cia o u perde seus direito s .

A em presa deve reco nhecer um passivo no balanço patrimo nial


quan do :
a ) A empresa tem uma o brigação no final do perío do
co n tábil co rrente co mo resultado de evento passado ;
b ) Seja pro vável que a empresa transfira recurso s que
representem benefício s eco nômicos para a liquidação
dessa o brigação ; e
c) O valo r de liquidação po ssa ser mensurado co m
co n fiabilidade.

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

P at rim ô n io líquido é o to tal de aplicaçõ es do s só cio s na empresa,


que fo rnecem meio s para a co nstituição do negó cio , acrescido
do s result ado s das o peraçõ es da empresa.

P at rim ô n io Líquido (PL) é o valo r residual do s ativo s da empresa


apó s a dedução de to do s o s seus passivo s.

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CONCEITOS ADICIONAIS

P at rim ô n io Líquido é o resíduo do s ativo s reco nhecido s meno s o s


passivo s reco nhecido s. E le po de ter subclassificaçõ es no balanço
pat rim o n ial que po dem incluir capital integralizado po r acio nistas
o u só cio s, lucro s retido s e ganho s o u perdas reco nhecido s
diret am en t e no patrimô nio líquido .

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BALANÇO PATRIMONIAL -
ESTRUTURA

2 - REPRESENTAÇÃO DE ATIVOS E PASSIVOS NO


BALANÇO PATRIMONIAL

C o n t a é o n o me técnico que identifica um co mpo nente patrimo nial


(bem, direito, obrigação ou patrimônio líquido ).

As co nt as representam a aglutinação de itens da mesma natureza


o u espécie, identificadas po r no mes (título s) que qualificam o s
elem en t o s patrimo niais, tais co mo:
a . C o n ta bancos: representa a so matória do s saldo s de to das
as co ntas co rrentes da empresa;
b. C o n ta clientes : representa a so matória do s valo res a
receber de vendas a prazo da empresa;
c. C o n ta fornecedores : representa a so matória de to do s o s
valo res ainda não pago s ao s fo rnecedo res de materiais e
m at éria - prima .

Os ben s, direito s e o brigaçõ es são o rganizado s em co ntas para


facilit ar a interpretação e análise do balanço patrimo nial .

Ao co njun t o de co ntas utilizadas pela empresa chamamos de Plano


de C o n t as, que representa o elenco de co ntas que serão
m o vim en t adas pela co ntabilidade, representadas no B alanço
P at rim o n ial e na Demo nstração do Resultado do E xercício ,
deco rren t es das o peraçõ es realizadas pela empresa.

CONTABILIDADE E ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 20


BALANÇO PATRIMONIAL -
ESTRUTURA

Duas regras o rientam a distrib u i ção das co ntas no balanço


pat rim o n ial, a saber:
a ) P razo : em co ntabilidade curto prazo representa o perío do
de até um ano a partir da data de elabo ração do balanço ,
t am bém chamado de ciclo o peracio nal (quando o ciclo
o peracio nal no rmal da empresa não fo r claramente
4
identificável, presume - se que sua duração seja de 1 2
m eses); e
b ) Liquidez : o s ativo s são apresentado s desde o s mais
líquido s (caixa) até o s meno s líquido s; ado ta - se o co nceito
de liquidez decrescente .

3 - CLASSIFICAÇÃO DO ATIVO E PASSIVO EM CIRCULANTE E NÃO


CIRCULANTE

N o B alan ço Patrimo nial, a empresa deve classificar o s ativo s co mo


At ivo C irculante e N ão C irculante e o s passivo s co mo Passivo
C irculan t e e N ão C irculante .

At ivo Circulante
O At ivo deve ser classificado co mo Ativo C irculante quando se
espera que este seja realizado (co nvertido em dinheiro ) em até 1 2
m eses da data de elabo ração do balanço patrimo nial.

4
Liquidez representa a capacidade de conversão em dinheiro, capacidade de honrar compromissos.

CONTABILIDADE E ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 21


BALANÇO PATRIMONIAL -
ESTRUTURA

Quan do o ciclo o peracio nal da empresa fo r superio r a 1 2 meses,


prevalece o ciclo o peracio nal .

A em presa deve classificar um ativo co mo circulante quando :


a) Espera realizar o ativo, ou pretende vendê - lo ou consumi -
lo durante o ciclo o peracio nal no rmal;
b ) O ativo fo r mantido essencialmente co m a finalidade de
n ego ciação ; o u
c) E spera realizar o ativo no perío do de até do ze meses apó s
a data das demo nstraçõ es financeiras .

To do s o s o utro s ativo s deverão ser classificado s co mo não


circulan t es.

ATIVO NÃO CIRCULANTE

O Ativo não Circulante, representado por valores que se espera


sejam realiz ado s apó s 1 2 meses da data de elabo ração do balanço ,
bem co m o po r bens e direito s que não serão co nvertido s em
din h eiro , po is não se espera que sejam vendido s, deve ser
subdivi d i do em:
a . Realizável a Lo ngo Prazo ;
b. In vestimento s;
c. Im o bilizado ; e
d. In t angível.

CONTABILIDADE E ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 22


BALANÇO PATRIMONIAL -
ESTRUTURA

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO

C o n form e determinação da Lei 6 .4 0 4/ 7 6, o Ativo Realizável a


Lo n go P raz o será co mpo sto pelo s direito s realizáveis um ano
após o término da data do balanço, além daqueles provenientes
de ven das, adiantamento s o u empréstimo s a so ciedades
co ligadas o u co ntroladas (so ciedades pertencentes ao mesmo
grupo eco n ômico), direto res, acio nistas, que não sejam negó cio s
usuais da empresa.

INVESTIMENTOS

N o grupo In vestimento s são registrado s o s valo res em


part icipaçõ es permanentes em o utras so ciedades e o s direito s
de qualquer natureza não classificado s no Ativo C irculante, e
que n ão se destinem à manutenção da atividade fim da empresa,
tais como edifício para aluguel, obras de arte, participações
so ciet árias, etc .

IMOBILIZADO

O Im o biliz ado co mpreende o s bens co rpó reo s destinado s à


m an ut en ção das atividades da empresa, inclusive o s deco rrentes
da t ran sferência do s benefício s, risco s e co ntrole, ainda que a
em presa n ão po ssua sua pro priedade jurídica.

CONTABILIDADE E ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 23


BALANÇO PATRIMONIAL -
ESTRUTURA

C o m o exem plo s po demo s citar: imó veis para uso pró prio , veículo s,
m áquin as, leasing financeiro , etc .

INTANGÍVEL

O In t angível co rrespo nde ao s bens inco rpó reo s da empresa,


dest in ado s à manutenção de suas atividades, tais co mo fundo de
co m ércio , so ftware adquirido o u desenvo lvido internamente e
m arcas co m pradas.

PASSIVO CIRCULANTE

O P assivo deve ser classificado co mo Passivo C irculante quando se


espera que seja exigi do até 1 2 meses apó s a data de elabo ração do
balan ço pat rimo nial. Quando o ciclo o peracio nal fo r superio r a 1 2
m eses, prevalece o ciclo o peracio nal .

A em presa deve classificar um passivo co mo circulante quando :

a . E spera liquidar o passivo durante o ciclo o peracio nal


n o rmal;
b. O passivo fo r mantido essencialmente para a finalidade de
n ego ciação ;
c. O passivo for exigível no período de até doze meses após a
dat a das demo nstraçõ es co ntábeis.

CONTABILIDADE E ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 24


BALANÇO PATRIMONIAL -
ESTRUTURA

To do s o s o utro s passivo s (aqueles que vencerão apó s um ano a


part ir da data de elabo ração do balanço ) deverão ser
classificado s co mo não circulantes .

A em presa deve apresentar ativo s circulantes e não circulantes


(do m ais líquido para o meno s líquido ), e passivo s circulantes e
n ão circulantes (do mais exigível para o meno s exigível), co mo
grupo s de co ntas separado s no balanço patrimo nial, co m a
seguin t e representação gráfica:

CONTABILIDADE E ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 25


BALANÇO PATRIMONIAL -
ESTRUTURA

O balan ço patrimo nial evidencia, ainda, aspecto s relacio nado s


ao bin ô m io risco versus reto rno , so b a ó tica da empresa e do
credo r do s recurso s que financiam o negó cio .

C o m relação ao s capitais de terceiro s que financiam o negó cio ,


o risco m aio r está nas o peraçõ es de lo ngo prazo , po is a
in cert ez a quanto ao recebimen to do s recurso s emprestado s
aum en t a co m o passar do tempo . Po r o utro lado , o risco da
em presa é maio r no curto prazo , haja vista uma maio r incerteza
quan t o à suficiência de recurso s para ho nrar dívidas que
vencerão rapidamente; para a empresa é melhor ter dívidas com
praz o s m aio res para pagamento .
Quan t o ao risco pro po rcio nado pelas decisõ es de investimento
da em presa, este será tanto maio r quanto meno s líquido fo r o
in vest im en t o realizado ; a incerteza so bre o destino do s
in vest im en t o s aumenta de fo rma pro po rcio nal ao s prazo s de
ret o rn o s en vo lvido s .

P aralelam ente ao risco , a expectativa de reto rno pelo s


in vest im en t o s será tanto maio r quanto maio r fo r o risco
en vo lvido , co mo co nsequência ló gica.

CONTABILIDADE E ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 26


BALANÇO PATRIMONIAL -
ESTRUTURA

N a sequên cia sintetizamo s graficamente o s co nceito s risco


versus ret o rno :

B aseado em Málaga (2 0 0 9 )

CONTABILIDADE E ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 27


CONCEITOS ADICIONAIS

ATIVO INTANGÍVEL

O reconhecimento de um item como ativo intangível exige que a


empresa comprove que o item atenda à definição de ativo
intangível, bem como os critérios para o seu reconhecimento .

Por definição, um ativo intangível é considerado como tal quando :

a. For separável, isto é, capaz de ser separado ou dividido da


e m p r e s a e v e n d i d o , t r a n s f e r i d o , l i c e n c i a d o, a l u g a d o o u
trocado, seja individualmente ou em conjunto com um
c o n t r a t o, a t i v o o u p a s s i v o r el a c i o n a d o; o u
b . R e s u l t ar d e d i r e i t o s c o n t r a tu ai s o u d e o u t r o s d i r e i t o s
legais, quer esses direitos sejam transferíveis quer sejam
separáveis da empresa ou de outros direitos e obrigações .

N e s t e s e n t i d o , u m a t i v o i n t a n g í v e l d e v e s e r r e c o n h e ci d o s o m e n t e
quando:

c. For provável que os benefícios econômicos futuros esperados


atribuíveis ao ativo serão gerados em favor da empresa; e
d. O custo do ativo possa ser mensurado com segurança .

Do exposto, compreendemos o motivo pelo qual muitas empresas,


n ã o o b s t a n te p o s s u í r em ma r c a s ex t r ema men t e v a l i o s a s , n ã o a s
p o s s u í r e m r e g i s t r a d a s c o n t ab i l m e n te; d e v e - s e a o f a t o d e a m a r c a

CONTABILIDADE E ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 28


CONCEITOS ADICIONAIS

n ão po der ser mensurada de fo rma o bjetiva, haja vista ter sido


desen vo lvida internamente. Apenas a marca co mprada é registrada
co n t abilm ente, po is é po ssível determinar, co m o bjetivi dad e, o seu
valo r .

ATIVO DIFERIDO

Segundo a redação anterior da Lei 6.404/76, o Diferido era um


subgrupo do Ativo destinado a registrar valores referentes a
d e s p e s a s p r é - o p e r a c i o n a i s e g a s t o s d e r e e s t r u t u r a ç ão d a e m p r e s a ,
t a i s c o m o : g a s t o s c o m p e s q u i s a e d e s e n v o lv i m e n t o d e n o v o s
p r o d u t o s ; g a s t o s c o m r eo r g a n i z a ç ã o s o c i et á r i a ; g a s t o s c o m
r e e s t r u t u r a ç ão ; g a s t o s p r é - o p e r a c i o n a i s .

C o m a s a l t e r a çõ es i n t r o d u z i d a s p e l a L e i 1 1 . 9 4 1 / 0 9 , o D i f e r i d o d e i x o u
d e e x i s t i r e o s s a l d o s e v e n t u alm e n te e x i s t e n t es n e s t e g r u p o
p a t r i m o n i a l d e v e r i a m s e r a l o c ad os a o u t r o g r u p o d o b a l a n ço
p a t r i m o n i a l , t a i s c o m o I m o b i l i z a d o o u I n t a ng í v e l .

Os saldos do Ativo Diferido que, pela sua natureza, não podem ser
a l o c a d o s a o u t r o g r u p o d e c o n t as , p o d e m p e r m a n e c e r n o a t i v o s o b
e s s a c l a s s i f i c a ção a t é q u e h a j a s u a c o m p l e t a a m o r t i z a ç ã o .

D o e x p o s t o , h á a p o s s i b i l i d a d e d e a i n d a e n c o n tr a r m o s e m p r e s a s c o m
u m g r u p o d en o mi n a d o D i f er i d o , d en t r o d o g r u p o A t i v o n ã o
C i r c u l a n t e.

CONTABILIDADE E ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 29


DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO
DO EXERCÍCIO - ESTRUTURA

Duran t e as o peraçõ es pro dutivas de uma empresa, diverso s


even t o s o co rrem, tais co mo: co mpra de materiais, pagamento de
salário s, recebimento de client es, etc. Referido s evento s pro vo cam
variaçõ es n o patrimô nio da empresa, representado po r seus bens,
direit o s e o brigaçõ es.

Além das variaçõ es patrimo niais o co rridas po r meio do co njunto


que co m põ e o patrimô nio da empresa, há o utro s efeito s
pro vo cado s pelas o peraçõ es de vendas de pro duto s e mercado rias
o u prest ação de serviço s, ao lo ngo de um determinado perío do .
Tais efeitos recebem o nome de resultado das operações .

A ven da de um pro duto gera uma receita e, dessa receita, são


deduz i do s o s custo s e as despesas que fo ram necessário s para sua
o bt en ção , chegando ao resultado da o peração . C o nsidere o
exem plo abaixo :

Evento Valor

Receita pela venda de cobertores (10 cobertores x R$ 80 800


cada)
Custo dos cobertores comprados para revenda (10 (3 0 0 )
cobertores x R$ 30 cada)
Resultado pela venda dos cobertores (lucro) 500

CONTABILIDADE E ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 30


DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO
DO EXERCÍCIO - ESTRUTURA

O result ado de um perío do é apurado po r meio do co nfronto


en t re as receitas e as despesas, gerando lucro quando as
receit as fo rem superio res, o u prejuízo quando as despesas
fo rem superio res .

A em presa apura seu resultado para um perío do de 1 2 meses, de


fo rm a acum ulada, zerando suas po siçõ es a cada início de
exercício . O resultado , lucro o u prejuízo , é apresentado no
relat ó rio deno minado Demo nstração do Resultado do E xercício -
DRE .

A DRE é um resumo o rdenado das receitas e despesas da


em presa, apresentado em fo rma dedutiva, o u seja, das receitas
são deduz i do s o s custo s e as despesas, para então chegarmo s
ao result ado do perío do (lucro o u prejuízo ).

A DRE é apresentada de fo rma estruturada, co m riqueza de


det alh es que auxiliam o pro cesso de to mada de decisão do s
usuário s da co ntabilidade, evidenciando o desempenho das
o peraçõ es da empresa .

N est e sen t ido , as receitas e as despesas são apresentadas na


DRE de diferentes maneiras; o s itens de receitas e despesas que
surgem n o curso das atividades usuais da empresa são
separado s daqueles que não surgem.

CONTABILIDADE E ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 31


DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO
DO EXERCÍCIO - ESTRUTURA

Referida distinção é feita co nsiderando que a o rigem de um


it em é relevante para a avaliação da capacidade que a empresa
t em de gerar caixa o u equivalentes de caixa no futuro .

A DRE apresenta o resultado econômico


5
da empresa, cuja
est rut ura é a seguinte :

5
Resultado econômico: altera a posição patrimonial da empresa, mas não necessariamente
o caixa.

CONTABILIDADE E ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 32


DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO
DO EXERCÍCIO - ESTRUTURA

C o n form e determinação da legislação so cietária, a DRE deve


apresen t ar o s grupo s de receitas, despesas, lucro s e impo sto s,
sen do cada grupo co mpo sto da seguinte fo rma :

Receita Bruta de vendas : corresponde às receitas das vendas dos


pro dut o s o u do s serviço s prest ado s (equivale ao valo r da no ta
fiscal), sem as deduçõ es de impo sto s o u devo luçõ es .

Deduçõ es da Receita B ruta de vendas : valo res do s impo sto s


in ciden t es so bre as vendas e reco lhido s ao go verno (IC MS, IPI,
et c.), e das devo luçõ es de vendas feitas pelo s clientes .

Receit a Líquida de Vendas : co rrespo nde às receitas relacio nadas


às ven das do s pro duto s o u serviço s prestado s pela empresa co m
as devidas deduçõ es, que po dem ser: impo sto s e co ntribuiçõ es
in ciden t es so bre as vendas, devo luçõ es de vendas e abatimento s.
É o valo r líquido que realmente “pertence” à empresa .

6
C PV o u C MV o u C SP : custo inco rrido na venda do pro duto o u do
serviço prestado pela empresa, o u seja, quanto custo u para
fabricar o pro duto , para co mprar a mercado ria vendida o u para a
prest ação do serviço . São co mputado s apenas o s custo s do s
pro dut o s e mercado rias já vendido s .

6
CPV = Custo do produto vendido, em empresas industriais; CMV = Custo das mercadorias vendidas, em empresas comerciais; CSP = Custo dos serviços
prestados, em empresas prestadoras de serviços.

CONTABILIDADE E ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 33


DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO
DO EXERCÍCIO - ESTRUTURA

Result ado B ruto : diferença ent re a venda das mercado rias e seu
cust o , sem co nsiderar as o utras despesas inco rridas na empresa.
É o valo r dispo nível para a empresa remunerar suas despesas
adm in ist rat ivas, impo sto s e pro prietário s. E specificamente,
falamos que esta linha da DRE apresenta a performance
o peracio n al da empresa, po rque evidencia sua eficiência para
co m prar (m atéria - prima), pro duzir (estrutura de custo s) e vender
(preço s prat icado s).

Despesas co m Vendas : são o s gasto s co m a co mercialização e


dist ribu i ç ão do s pro duto s. São as despesas co m vendedo res,
co m issõ es so bre vendas, marketing, pro visão para devedo res
duvido so s, entre o utro s .

Despesas G erais e Administrativas : são o s gasto s gerais co m a


adm in ist ração da empresa, co mo salário s e encargo s so ciais do
pesso al administrativo , aluguéis de escritó rio , materiais de
escrit ó rio , depreciação de mó veis e utensílio s, etc .

Result ado Operacio nal : é o lucro o peracio nal apó s a dedução do s


cust o s e despesas o peracio nais, independentemente da fo rma
co m o o n egó cio é financiado , se co m capital pró prio o u capital de
t erceiro s, po is não co ntempla o valo r de despesas financeiras
(rem un eração pelo capital de terceiro s).

CONTABILIDADE E ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 34


DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO
DO EXERCÍCIO - ESTRUTURA

O lucro o peracio nal é a medida de viabilidade do negó cio ,


represen t an do a “so bra” para ho nrar co mpro missos co m credo res
finan ceiro s, pro prietário s e go verno .

Receitas Financeiras : correspondem às receitas provenientes de


aplicaçõ es financeiras, juro s de mo ra recebido s no perío do ,
desco n t o s o btido s, etc .

Despesas Financeiras : co nsideram a remuneração pelo capital de


t erceiro s, co mo juro s pago s o u inco rrido s, co missão bancárias,
desco n t o s co ncedido s, juro s de mo ra pago s, etc .

Out ras Receitas/ Despesas Operacio nais : co rrespo nde ao s evento s


eco n ôm icos aditivo s ao patrimô nio líquido , não asso ciado s co m a
at ividade principal da empresa (o bjeto so cial),
in depen den temente da sua frequência; são valo res não co rrentes,
co m o o gan ho o u perda na venda de um imo bilizado .

Im po st o de Renda : valo r reco lhido ao go verno , incidente so bre o


lucro real. O lucro real é apurado co m base na co ntabilidade
fiscal .

P art icipaçõ es : valo res referent es às participaçõ es do s


co labo rado res, administrado res, previdência do s co labo rado res,
et c.

CONTABILIDADE E ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 35


DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO
DO EXERCÍCIO - ESTRUTURA

Lucro Líquido : valo r à dispo sição do s só cio s, para o pagamento de


dividen do s o u reinvestimento na empresa, na fo rma de
co n st it uição de reservas de lucro s. Trata - se de um resultado
eco n ôm ico e não financeiro .

CONTABILIDADE E ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 36


CONCEITOS ADICIONAIS

RECEITA

Receit a po de ser interpretada, de fo rma geral, co mo o pro duto


da ven da de mercado rias o u a prestação de serviço s .

A defin ição de receita abrange as receitas pro venientes das


o peraçõ es habituais da empresa e o s ganho s. Receita de
o peraçõ es é um aumento de patrimô nio líquido que se o rigina
n o curso das atividades no rmais da empresa, sendo o riginada
po r: ven das, ho norário s, juro s, dividendo s, lucro s distribu í d o s,
ro y alt ies e aluguéis.

G an ho é o ut ro item que se enquadra co mo aumento de


pat rim ô n io líquido , po rém, é pro veniente das o peraçõ es não
co rren t es da empresa (po r exemplo : a venda de um imó vel co m
lucro ), o u seja, é pro veniente das o peraçõ es extrao rdinárias e,
po rt an t o , é demo nstrado separadamente na DRE po rque o seu
co n hecim ento é útil ao pro cesso de to mada de decisõ es
eco n ôm icas .

DESPESA

Despesa é t o do sacrifício (co nsumo de bem o u serviço ) realizado


pela em presa para a o btenção de receita .

CONTABILIDADE E ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 37


CONCEITOS ADICIONAIS

A defin ição de despesa abrange perdas, assim co mo as despesas


que se o riginam no curso das atividades o rdinárias da empresa.
Despesa é uma redução do patrimô nio líquido que surge no
curso das atividades no rmais da empresa e inclui, po r exemplo ,
o custo das vendas, salários e depreciação. Ela geralmente toma
a fo rm a de desembo lso o u redução de ativo s co mo caixa e
equivalen t es de caixa, esto ques, o u bens do ativo imo bilizado .

P erda é o ut ro item que se enquadra co mo redução do


pat rim ô n io líquido e que po de se o riginar no curso das
at ividades o rdinárias da empresa, co ntudo , é eventual e não
desejada (exemplo : incêndio de esto que de materiais). Quando
perdas são reco nhecidas na demo nstração do resultado , são
dem o n st radas separadamente po rque o seu co nhecimento é útil
ao pro cesso de to mada de decisõ es eco nômicas .

CUSTOS

C ust o é o preço pelo qual se o btém um bem, direito o u serviço ;


é o m o n t ant e do preço da matéria - prima, mão de o bra e o utro s
en cargo s in co rrido s para a pro dução de bens o u serviço s; é o
preço in co rrido no pro cesso interno da empresa para prestação
de serviço s o u o btenção de bens, para venda o u uso interno .

CONTABILIDADE E ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 38


CONCEITOS ADICIONAIS

C ust o s são gasto s diretamente utilizado s no pro cesso pro dutivo


de ben s o u serviço s, o u seja, são to do s o s gasto s relativo s à
at ividade de pro dução , co mo o salário do s empregado s da
fábrica, a m atéria - prima utilizada no pro cesso de pro dução , o
combustível utilizado nas máquinas da produção, o aluguel, o
seguro e a energia elétrica da fábrica, etc .

C ust o s t am bém são despesas, co ntudo , a diferença entre ambo s


est á n o fat o de que o s custo s estão vinculado s à pro dução e as
despesas estão relacio nadas à administração da empresa, não
faz en do parte do pro cesso pro dutivo .

CONTABILIDADE E ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 39


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSAF N ., Alexandre. Estrutura e análise de balanços : um


en fo que eco nômico -financeiro . 1 0 . ed. São Paulo : Atlas, 2 0 1 2 .

FIP E C AFI. Manual de contabilidade societária : aplicável a to das


as sociedades de acordo com as normas internacionais e do
C PC . São P aulo : Atlas, 2 0 1 0 .

MÁLAG A, F. K. Análise de demonstrativos financeiros e da


performance empresarial - para empresas não financeiras. São
P aulo : Sain t Paul, 2 0 0 9 .

MARION , Jo sé C arlo s. Análise das demonstrações contábeis :


co n t abilidade empresarial. 7 ed. São Paulo : Atlas, 2 0 1 2.

MARION , Jo sé C arlo s. Contabilidade empresarial . 9 . ed. São


P aulo : At las, 2 0 1 0 .

MATARAZ Z O, Dante C . Análise financeira de balanços :


abo rdagem básica e gerencial. 7 . ed. São Paulo : Atlas, 2 0 1 0.

CONTABILIDADE E ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 40


BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

G ITMAN , Lawrence J. Princípios de administração financeira . 1 2 .


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MARION , Jo sé C arlo s. Contabilidade básica . 7 . ed. São Paulo :


Atlas, 2010 .

SILV A, Jo sé Pereira da. Análise financeira das empresas. 1 2 . ed.


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CONTABILIDADE E ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 41


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