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3470 Diário da República, 1.ª série — N.

º 106 — 2 de junho de 2015

Resolução do Conselho de Ministros n.º 35/2015 2 — Autorizar a cedência de utilização, a título precário e
oneroso, do imóvel referido no número anterior, à Associação
Considerando que o PM 45/Porto — Instalações do dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA), para instalação
Carvalhido é, atualmente, constituído pelo prédio sito na de um Centro Social e Ocupacional, pelo prazo de 40 anos,
Rua de Francos n.º 304, no Porto, inscrito na matriz pre- mediante a contrapartida de € 487 000,00 (quatrocentos e
dial urbana da freguesia de Ramalde sob o artigo 94 e oitenta e sete mil euros), correspondente ao investimento
descrito na Conservatória do Registo Predial do Porto sob para recuperação do imóvel a realizar pela ADFA, ao abrigo
o n.º 3861 da freguesia de Ramalde; do artigo 53.º do Decreto-Lei n.º 280/2007, de 7 de agosto.
Considerando que, através da Portaria n.º 736/97, de 11 3 — Determinar que a formalização do procedimento
de setembro, publicada no Diário da República, 2.ª série, relativo à cedência de utilização referida no número an-
n.º 222, de 25 de setembro, o referido prédio foi indevida- terior, seja efetuada pela Direção-Geral do Tesouro e Fi-
mente cedido a título definitivo e oneroso à Associação dos nanças, nos termos do n.º 4 do artigo 55.º do Decreto-Lei
Deficientes das Forças Armadas (ADFA), quando apenas se n.º 280/2007, de 7 de agosto.
pretendia ceder as instalações contíguas ao PM 45/Porto,
e que correspondem ao prédio sito na Rua Pedro Hispano Presidência do Conselho de Ministros, 14 de maio de
n.º 1105, inscrito sob o artigo rústico 635 da freguesia de 2015. — O Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho.
Ramalde, descrito na Conservatória do Registo Predial do
Porto sob o n.º 3862 da freguesia de Ramalde;
Considerando que, através da Portaria n.º 899/2014, de
17 de outubro, publicada no Diário da República, 2.ª série, MINISTÉRIO DAS FINANÇAS
n.º 208, de 28 de outubro, foi alterado o n.º 1 da aludida
Portaria n.º 736/97, de 11 de setembro, de modo a que a Decreto-Lei n.º 98/2015
cessão a título definitivo e oneroso tenha apenas por objeto de 2 de junho
as instalações que a ADFA ocupa na Rua Pedro Hispano
n.º 1105; O presente decreto-lei transpõe para a ordem jurídica
Considerando que a ADFA tem vindo a manifestar interna a Diretiva n.º 2013/34/UE, do Parlamento Europeu
interesse na cedência do PM 45/Porto, o qual se encon- e do Conselho, de 26 de junho de 2013, relativa às demons-
tra disponibilizado, para aí instalar um Centro Social e trações financeiras anuais, às demonstrações financeiras
Ocupacional; consolidadas e aos relatórios conexos de certas formas de
Considerando que o PM 45/Porto é constituído por empresas, que altera a Diretiva n.º 2006/43/CE do Par-
uma moradia identificada como de interesse patrimonial lamento Europeu e do Conselho, e revoga as Diretivas
pelo seu valor arquitetónico, paisagístico e ecológico, cujo n.os 78/660/CEE e 83/349/CEE do Conselho.
estado de degradação importa travar; A Diretiva que agora se transpõe foi adotada no âmbito
Considerando que o imóvel em causa foi objeto de de um conjunto de iniciativas europeias que, reconhecendo
avaliação pela Direção-Geral do Tesouro e Finanças, que o papel significativo das pequenas e médias empresas na
homologou o valor de € 487 000,00 (quatrocentos e oitenta economia da União Europeia, têm apelado à adoção de
e sete mil euros) como custo de reposição do edificado a medidas com vista à redução do peso global da regulamen-
que corresponde um período de cedência de 40 anos; tação, nomeadamente a redução da carga burocrática, tendo
Considerando que, não obstante se encontrar disponibi- em vista o aumento da produtividade destas empresas.
lizado, o PM 45/Porto integra o domínio público militar e Com efeito, em 18 de dezembro de 2008, o Parlamento
que outra utilização fora daquele âmbito torna necessária Europeu adotou uma resolução não legislativa sobre o
a sua desafetação; reexame das diretivas contabilísticas no que respeita às
Considerando que conforme disposto no n.º 1 do ar- pequenas e médias empresas, em particular às microenti-
tigo 4.º do Decreto-Lei n.º 32/99, de 5 de fevereiro, alte- dades, onde se declara que as Diretivas Contabilísticas são
rado pela Lei n.º 131/99, de 28 de agosto, a desafetação do muitas vezes excessivamente onerosas para estas empresas
domínio público militar é feita por Resolução do Conselho e convida a Comissão Europeia a prosseguir os seus es-
de Ministros mediante proposta dos membros do Governo forços para a revisão desta regulação.
responsáveis pelas áreas das finanças e da defesa nacio- Em abril de 2011, foi adotada pela Comissão Europeia
nal, efetuada nos termos do n.º 1 do artigo 5.º daquele a Comunicação intitulada «Ato para o Mercado Único»,
decreto-lei; na qual se propõe simplificar a Quarta Diretiva n.º 78/660/
Considerando a proposta dos aludidos membros do CEE, do Conselho, de 25 de julho de 1978, e a Sétima
Governo, constante do Despacho n.º 4905-A/2015, de Diretiva n.º 83/349/CEE, do Conselho, de 13 de junho de
7 de maio, publicado no Diário da República, 2.ª série, 1983, no que respeita às obrigações de informação finan-
n.º 90, de 11 de maio. ceira, e reduzir os encargos administrativos, em especial
Assim: para as pequenas e médias empresas.
Nos termos do n.º 1 do artigo 4.º do Decreto-Lei Também a «Estratégia Europa 2020» para um cresci-
n.º 32/99, de 5 de fevereiro, alterado pela Lei n.º 131/99, mento inteligente, sustentável e agregador adota como
de 28 de agosto, e da alínea g) do artigo 199.º da Consti- prioridades a redução dos encargos administrativos e a
tuição, o Conselho de Ministros resolve: melhoria do ambiente empresarial, em especial para as
1 — Desafetar do domínio público militar o pequenas e médias empresas, e a promoção da sua inter-
PM 45/Porto — Instalações do Carvalhido, correspondente nacionalização.
ao prédio sito na Rua de Francos n.º 304, sito no concelho A diretiva que agora se transpõe tem como principais ob-
e distrito do Porto, inscrito na matriz predial urbana da jetivos a redução de encargos administrativos das pequenas
freguesia de Ramalde sob o artigo 94 e descrito na Con- e médias empresas e a simplificação de procedimentos de
servatória do Registo Predial do Porto sob o n.º 3861 da relato financeiro, a redução da informação nas notas anexas
freguesia de Ramalde. às demonstrações financeiras e a dispensa da preparação
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de demonstrações financeiras consolidadas para grupos 2 — No âmbito do processo de transposição da dire-


de pequenas empresas. tiva referida no número anterior, o presente decreto-lei
O presente decreto-lei, procedendo à transposição da altera:
Diretiva n.º 2013/34/UE, do Parlamento Europeu e do
Conselho, de 26 de junho de 2013, tem em consideração a) O Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, alterado
a evolução atrás descrita e, nomeadamente por questões pela Lei n.º 20/2010, de 23 de agosto, pelo Decreto-Lei
de segurança jurídica, de estabilidade para os preparadores n.º 36-A/2011, de 9 de março, e pelas Leis n.os 66-B/2012,
e utilizadores das demonstrações financeiras, de simpli- de 31 de dezembro, e 83-C/2013, de 31 de dezembro;
ficação e redução de custos para as empresas, introduz b) O Código das Sociedades Comerciais;
no Sistema de Normalização Contabilística (SNC) as al- c) O Decreto-Lei n.º 36-A/2011, de 9 de março, alterado
terações consideradas indispensáveis para garantir a sua pela Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro, e pelo Decreto-
conformidade com aquela diretiva, dentro das opções aí -Lei n.º 64/2013, de 13 de maio.
permitidas aos Estados membros.
Atento aos objetivos de simplificação presentes na di- CAPÍTULO II
retiva procede-se assim a uma redução das divulgações
exigidas pelas normas contabilísticas e de relato finan- Sistema de Normalização Contabilística
ceiro, especialmente no que respeita às microentidades. São
acolhidas algumas das definições constantes da diretiva, Artigo 2.º
procedendo-se ainda à alteração dos limites que definem Alteração ao Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho
as diferentes categorias de entidades.
Com vista à unidade e clareza do sistema contabilís- Os artigos 2.º a 12.º e 14.º do Decreto-Lei n.º 158/2009,
tico, o Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, alterado de 13 de julho, alterado pela Lei n.º 20/2010, de 23 de
pela Lei n.º 20/2010, de 23 de agosto, pelo Decreto-Lei agosto, pelo Decreto-Lei n.º 36-A/2011, de 9 de março, e
n.º 36-A/2011, de 9 de março, e pelas Leis n.os 66-B/2012, pelas Leis n.os 66-B/2012, de 31 de dezembro, e 83-C/2013,
de 31 de dezembro, e 83-C/2013, de 31 de dezembro, é ainda de 31 de dezembro, passam a ter a seguinte redação:
alterado no sentido de passar a incorporar as disposições
relativas às entidades do setor não lucrativo e às microen- «Artigo 2.º
tidades, até hoje constantes do Decreto-Lei n.º 36-A/2011, [...]
de 9 de março, alterado pela Lei n.º 66-B/2012, de 31 de
dezembro, e pelo Decreto-Lei n.º 64/2013, de 13 de maio, 1 — (Anterior proémio do artigo.)
e da Lei n.º 35/2010, de 2 de setembro. a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Por fim, de modo a permitir uma maior transparência b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
dos pagamentos feitos por grandes empresas e entidades c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
de interesse público ativas na indústria extrativa ou na ex-
d) ‘Subsidiária’, uma entidade, ainda que não cons-
ploração de floresta primária a administrações públicas, o
tituída sob a forma de sociedade, que é controlada por
presente decreto-lei cria, para estas entidades, a obrigação
uma outra entidade, designada por empresa-mãe, in-
de divulgação dos pagamentos relevantes feitos a adminis-
cluindo qualquer subsidiária da empresa-mãe de que
trações públicas, num relato separado de cariz anual.
essa empresa depende em última instância;
Na sequência da publicação do presente decreto-lei
e) ‘Empresas coligadas’, duas ou mais empresas em
serão alteradas as portarias e os avisos relativos aos ins-
relação de grupo;
trumentos contabilísticos que compõem o SNC.
f) ‘Empresa associada’, uma empresa na qual ou-
Foi ouvida a Comissão de Normalização Contabilística,
tra empresa tem uma participação e sobre cuja gestão
o Instituto Nacional de Estatística, I. P., o Banco de Por-
tugal, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, a política e financeira essa outra empresa exerce uma
Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões, influência significativa, a qual se presume sempre que
a Ordem dos Revisores Oficiais de Contas e a Ordem dos essa outra empresa detenha 20 % ou mais dos direitos
Técnicos Oficiais de Contas. de voto dos acionistas ou sócios da primeira;
Assim: g) ‘Grupo’, uma empresa-mãe e todas as suas em-
Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 198.º da Cons- presas subsidiárias;
tituição, o Governo decreta o seguinte: h) ‘Entidades de interesse público’, as entida-
des como tal definidas no artigo 2.º do Decreto-Lei
n.º 225/2008, de 20 de novembro, alterado pelo Decreto-
CAPÍTULO I -Lei n.º 71/2010, de 18 de junho;
Disposição geral i) ‘Volume de negócios líquido’, o montante que re-
sulta da venda dos produtos e da prestação de serviços,
Artigo 1.º após dedução dos descontos e abatimentos sobre ven-
das, do imposto sobre o valor acrescentado e de outros
Objeto
impostos diretamente ligados ao volume de negócios.
1 — O presente decreto-lei transpõe para o ordenamento
jurídico interno a Diretiva n.º 2013/34/UE, do Parlamento 2 — Para efeitos do disposto no presente decreto-lei,
Europeu e do Conselho, de 26 de junho de 2013, relativa tratando-se de entidade para a qual o volume de negócios
às demonstrações financeiras anuais, às demonstrações líquido, tal como definido na alínea i) do número ante-
financeiras consolidadas e aos relatórios conexos de certas rior, não seja por si só significativo da atividade desen-
formas de empresas, que altera a Diretiva n.º 2006/43/CE volvida, o que se presume quando o volume de negócios
do Parlamento Europeu e do Conselho, e revoga as Dire- líquido for inferior a 75 % do total dos rendimentos da
tivas n.os 78/660/CEE e 83/349/CEE do Conselho. entidade, devem-lhe ser adicionados ainda os rendi-
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mentos da entidade provenientes de outras fontes, desde de entidades abrangidas pelo disposto no n.º 1 podem
que os mesmos resultem de transações realizadas com elaborar as respetivas demonstrações financeiras indi-
terceiros no âmbito da atividade operacional da entidade. viduais em conformidade com as normas internacionais
de contabilidade adotadas nos termos do artigo 3.º do
Artigo 3.º Regulamento (CE) n.º 1606/2002, do Parlamento Euro-
peu e do Conselho, de 19 de julho de 2002, ficando as
[...]
suas demonstrações financeiras sujeitas a certificação
1 — Sem prejuízo do disposto nos artigos 4.º e 5.º, o legal das demonstrações financeiras.
SNC é obrigatoriamente aplicável às seguintes entidades: 4 — As entidades, de entre as referidas no artigo
anterior, mas que estejam incluídas no âmbito da conso-
a) Entidades abrangidas pelo Código das Sociedades
lidação de entidades abrangidas pelo n.º 2, podem optar
Comerciais;
por elaborar as respetivas demonstrações financeiras
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
individuais em conformidade com as normas internacio-
c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
nais de contabilidade adotadas nos termos do artigo 3.º
d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
do Regulamento (CE) n.º 1606/2002, do Parlamento
e) Cooperativas, exceto aquelas cujo ramo específico
Europeu e do Conselho, de 19 de julho de 2002, ficando
não permita sob qualquer forma, direta ou indireta, a
as suas demonstrações financeiras sujeitas a certificação
distribuição de excedentes, designadamente as coope-
legal das demonstrações financeiras.
rativas de solidariedade social, previstas na alínea m)
5 — A possibilidade referida no n.º 3 é extensível às
do n.º 1 do artigo 4.º da Lei n.º 51/96, de 7 de setembro,
entidades subsidiárias de uma empresa-mãe regida pela
alterado pelos Decretos-Leis n.os 343/98, de 6 de no-
legislação de um Estado membro da União Europeia
vembro, 131/99, de 21 de abril, 108/2001, de 6 de abril,
204/2004, de 19 de agosto, e 76-A/2006, de 29 de março, cujas demonstrações financeiras sejam consolidadas
equiparadas a instituições particulares de solidariedade nos termos dos artigos 4.º e 5.º do Regulamento (CE)
social e, nessa qualidade, registadas na Direção-Geral n.º 1606/2002, do Parlamento Europeu e do Conselho,
da Segurança Social, relativamente às quais a aplicação de 19 de julho de 2002.
do SNC opera nos termos da alínea g); 6 — As opções referidas nos n.os 2 a 5 devem ser glo-
f) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . bais, mantendo-se por um mínimo de três exercícios.
g) Entidades do setor não lucrativo (ESNL), 7 — (Anterior n.º 6.)
entendendo-se como tal as entidades que prossigam 8 — (Anterior n.º 7.)
a título principal uma atividade sem fins lucrativos e
que não possam distribuir aos seus membros ou contri- Artigo 5.º
buintes qualquer ganho económico ou financeiro direto, [...]
designadamente associações, fundações e pessoas coleti-
vas públicas de tipo associativo, devendo a aplicação do 1— .....................................
SNC a estas entidades sofrer as adaptações decorrentes a) Do Banco de Portugal e da Autoridade de Super-
da sua especificidade. visão de Seguros e Fundos de Pensões a definição do
âmbito subjetivo de aplicação das normas internacionais
2 — (Revogado.) de contabilidade, bem como a definição das normas
3— ..................................... contabilísticas aplicáveis às demonstrações financei-
ras consolidadas, relativamente às entidades sujeitas à
Artigo 4.º respetiva supervisão;
[...]
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

1 — As entidades, de entre as referidas no artigo ante- 2 — O disposto no presente decreto-lei não prejudica
rior, cujos valores mobiliários estejam admitidos à nego- a competência do Banco de Portugal e da Autoridade de
ciação num mercado regulamentado devem, nos termos Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões para definir:
do artigo 4.º do Regulamento (CE) n.º 1606/2002, do
Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de julho de a) As normas contabilísticas aplicáveis às demons-
2002, elaborar as suas demonstrações financeiras conso- trações financeiras individuais das entidades sujeitas à
lidadas em conformidade com as normas internacionais respetiva supervisão;
de contabilidade adotadas nos termos do artigo 3.º do b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Regulamento (CE) n.º 1606/2002, do Parlamento Eu-
ropeu e do Conselho, de 19 de julho de 2002. Artigo 6.º
2 — As entidades, de entre as referidas no artigo Obrigatoriedade de elaborar demonstrações
anterior, que não sejam abrangidas pelo disposto no financeiras consolidadas
número anterior, podem optar por elaborar as respetivas 1 — Qualquer empresa-mãe sujeita ao direito na-
demonstrações financeiras consolidadas em conformi- cional é obrigada a elaborar demonstrações financeiras
dade com as normas internacionais de contabilidade consolidadas do grupo constituído por ela própria e por
adotadas nos termos do artigo 3.º do Regulamento (CE) todas as subsidiárias, independentemente do local onde
n.º 1606/2002, do Parlamento Europeu e do Conselho, esteja situada a sede estatutária destas, sobre as quais:
de 19 de julho de 2002, desde que as suas demonstra-
ções financeiras sejam objeto de certificação legal das a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
demonstrações financeiras. b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3 — As entidades, de entre as referidas no artigo an-
terior, que estejam incluídas no âmbito da consolidação 2— .....................................
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3— ..................................... a posição financeira, do desempenho financeiro e dos


4— ..................................... fluxos de caixa do conjunto das entidades compreen-
5 — O disposto na subalínea iv) da alínea b) do n.º 1 didas na consolidação, tanto individualmente quanto
não é aplicável caso um terceiro tenha, em relação à no seu conjunto;
mesma entidade, os direitos a que se referem as suba- b) A empresa-mãe, incluindo uma entidade de inte-
líneas i), ii) e iii) da mesma alínea do mesmo número. resse público, em que todas as suas subsidiárias pos-
6 — As entidades do setor não lucrativo ficam obri- sam ser excluídas da consolidação por força do artigo
gadas a elaborar demonstrações financeiras consolida- seguinte.
das nos termos do presente artigo, com as necessárias
adaptações. 7 — A entidade mãe do setor não lucrativo fica dis-
7 — Para efeitos do disposto no número anterior, pensada de elaborar as demonstrações financeiras con-
a existência de controlo entre entidades deve ser ana- solidadas quando, na data do seu balanço, o conjunto
lisada casuisticamente, em função das circunstâncias das entidades a consolidar, com base nas suas últimas
concretas, tomando por referência a condição de poder demonstrações financeiras individuais aprovadas, não
e a condição de resultado. ultrapasse dois dos três limites referidos no artigo 9.º-B.
8 — À dispensa de elaboração de demonstrações
Artigo 7.º financeiras consolidadas pelas entidades do setor não
Dispensa da elaboração de demonstrações
lucrativo aplica-se ainda o disposto nos n.os 2 a 6, com
financeiras consolidadas as necessárias adaptações.
1 — Uma empresa-mãe de um pequeno grupo, tal
como definido no artigo 9.º-B, fica dispensada de ela- Artigo 8.º
borar as demonstrações financeiras consolidadas. [...]
2 — (Revogado.)
3 — Não obstante o disposto no n.º 1, é ainda dispen- 1— .....................................
sada da obrigação de elaborar demonstrações financeiras 2— .....................................
consolidadas qualquer empresa-mãe que seja também 3— .....................................
uma subsidiária, incluindo uma entidade de interesse a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
público, salvo quando esteja abrangida pela alínea a) b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
do artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 225/2008, de 20 de c) Se trate de um caso em que as informações ne-
novembro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 71/2010, de cessárias para elaborar as demonstrações financeiras
18 de junho, quando a sua própria empresa-mãe es- consolidadas não podem ser obtidas sem custos des-
teja subordinada à legislação de um Estado membro proporcionados ou sem demora injustificada.
da União Europeia e:
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4— .....................................
b) Detenha 90 %, ou mais, das partes de capital da 5— .....................................
entidade dispensada da obrigação e os restantes titulares 6 — Nos casos previstos na alínea c) do n.º 3, a enti-
do capital desta entidade não tenham solicitado a elabo- dade excluída da consolidação deve estar em condições
ração de demonstrações financeiras consolidadas pelo de comprovar os factos aí previstos, bem como a reali-
menos seis meses antes do fim do período. zação de diligências para a obtenção das informações
aí referidas.
4— .....................................
Artigo 9.º
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
b) As demonstrações financeiras consolidadas referi- Categorias de entidades
das na alínea anterior bem como o relatório consolidado 1 — Consideram-se microentidades aquelas que, de
de gestão do conjunto mais vasto de entidades serem entre as referidas no artigo 3.º, à data do balanço, não
elaborados pela empresa-mãe deste conjunto e sujeitos ultrapassem dois dos três limites seguintes:
a revisão legal segundo a legislação do Estado membro
a que ela esteja sujeita; a) Total do balanço: € 350 000;
c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . b) Volume de negócios líquido: € 700 000;
c) Número médio de empregados durante o
5 — As dispensas referidas nos números anteriores período: 10.
não se aplicam caso uma das entidades a consolidar seja
uma sociedade cujos valores mobiliários tenham sido 2 — Consideram-se pequenas entidades aquelas que,
admitidos ou estejam em processo de vir a ser admitidos de entre as referidas no artigo 3.º, excluindo as situações
à negociação num mercado regulamentado de qualquer referidas no número anterior, à data do balanço, não
Estado membro da União Europeia ou uma entidade de ultrapassem dois dos três limites seguintes:
interesse público. a) Total do balanço: € 4 000 000;
6 — É ainda dispensada de elaborar demonstrações b) Volume de negócios líquido: € 8 000 000;
financeiras consolidadas: c) Número médio de empregados durante o
a) A empresa-mãe, incluindo uma entidade de inte- período: 50.
resse público, que apenas possua subsidiárias que não
sejam materialmente relevantes para que as demonstra- 3 — Consideram-se médias entidades aquelas que, de
ções financeiras reflitam verdadeira e apropriadamente entre as referidas no artigo 3.º, excluindo as situações
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referidas nos números anteriores, à data do balanço, não alínea e) do n.º 1, desde que, quando aplicável, proce-
ultrapassem dois dos três limites seguintes: dam à divulgação das seguintes informações no final
do balanço:
a) Total do balanço: € 20 000 000;
b) Volume de negócios líquido: € 40 000 000; a) Montante total dos compromissos financeiros,
c) Número médio de empregados durante o garantias ou ativos e passivos contingentes que não es-
período: 250. tejam incluídos no balanço e uma indicação da natureza
e forma das garantias reais que tenham sido prestadas
4 — Grandes entidades são as entidades que, à data e, separadamente, compromissos existentes em matéria
do balanço, ultrapassem dois dos três limites referidos de pensões, bem como compromissos face a empresas
no número anterior. coligadas ou associadas;
5 — Para efeitos do presente decreto-lei, as entidades b) Montante dos adiantamentos e dos créditos con-
de interesse público são consideradas grandes entidades, cedidos aos membros dos órgãos de administração, de
independentemente do respetivo volume de negócios direção ou de supervisão, com indicação das taxas de
líquido, do total do balanço ou do número médio de juro, das condições principais e dos montantes eventual-
empregados do período. mente reembolsados, amortizados ou objeto de renúncia,
assim como os compromissos assumidos em seu nome a
Artigo 10.º título de garantias de qualquer natureza, com indicação
do montante global para cada categoria;
[...] c) As informações referidas na alínea d) do n.º 5
1 — Ficam dispensadas do disposto no artigo 3.º as do artigo 66.º do Código das Sociedades Comerciais,
pessoas singulares que, exercendo a título individual quando aplicável.
qualquer atividade comercial, industrial ou agrícola, não
realizem na média dos últimos três anos um volume de 5 — A demonstração a que se refere a alínea c) do
negócios líquido superior a € 200 000. n.º 1 não se aplica às entidades do setor não lucrativo,
2 — Ficam dispensadas do disposto no artigo 3.º as apresentando estas, por opção ou por exigência de en-
entidades do setor não lucrativo cujo volume de negó- tidades públicas financiadoras, uma demonstração das
cios líquido não exceda € 150 000 em nenhum dos dois alterações nos fundos patrimoniais.
períodos anteriores, salvo quando integrem o perímetro 6 — As entidades do setor não lucrativo obrigadas
de consolidação de uma entidade que apresente demons- à apresentação de contas em regime de caixa nos ter-
trações financeiras consolidadas ou estejam obrigadas à mos do disposto no n.º 4 do artigo anterior divulgam a
apresentação de qualquer das demonstrações financeiras seguinte informação:
referidas no n.º 1 do artigo seguinte, por disposição legal a) Pagamentos e recebimentos;
ou estatutária ou por exigência das entidades públicas b) Património fixo;
financiadoras. c) Direitos e compromissos futuros.
3 — No período do início de atividade, os limites
referidos nos números anteriores reportam-se ao valor 7 — As entidades públicas financiadoras podem
anualizado estimado. exigir às entidades do setor não lucrativo outras infor-
4 — As entidades do setor não lucrativo dispensadas mações, designadamente para efeitos de controlo orça-
da aplicação do SNC, nos termos do disposto nos núme- mental, devendo o conteúdo e a extensão da informação
ros anteriores, e que não optem pela sua aplicação ficam exigida restringir-se ao estritamente necessário para os
obrigadas à prestação de contas em regime de caixa. efeitos pretendidos com a sua obtenção.
5 — Cessa a dispensa a que se referem os n.os 1 e 2
quando forem ultrapassados os limites neles referidos, Artigo 12.º
ficando a entidade obrigada a partir do período seguinte,
inclusive, a aplicar o SNC. [...]
1— .....................................
Artigo 11.º
a) Proceder às contagens físicas dos inventários com
[...] referência ao final do período, ou, ao longo do período,
1— ..................................... de forma rotativa, de modo a que cada bem seja contado,
pelo menos, uma vez em cada período;
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 — A obrigação prevista no número anterior não se
d) Demonstração dos fluxos de caixa; aplica às entidades previstas no n.º 1 do artigo 9.º
e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 — (Revogado.)
4— .....................................
2 — (Anterior n.º 3.) 5— .....................................
3 — As entidades a que se referem os n.os 1 e 2 do 6 — As dispensas previstas na alínea d) do n.º 4 e
artigo 9.º são dispensadas de apresentar a demonstração no número anterior mantêm-se até ao termo do período
das alterações no capital próprio e a demonstração dos seguinte àquele em que, respetivamente, as atividades
fluxos de caixa, podendo apresentar modelos reduzidos e as entidades neles referidas tenham ultrapassado os
relativamente às restantes demonstrações financeiras. limites que as originaram.
4 — As entidades a que se refere o n.º 1 do artigo 9.º 7 — Não obstante o disposto no número anterior,
são dispensadas de apresentar o anexo a que se refere a podem voltar a beneficiar das dispensas previstas na
Diário da República, 1.ª série — N.º 106 — 2 de junho de 2015 3475

alínea d) do n.º 4 e no n.º 5 as atividades e as entidades Artigo 9.º-B


neles referidas em relação às quais deixem de se veri- Pequenos grupos
ficar, durante dois períodos consecutivos, os requisitos
estabelecidos para a concessão da dispensa, produzindo 1 — Pequenos grupos são grupos constituídos pela
efeitos a partir do período seguinte ao termo daquele empresa-mãe e pelas empresas subsidiárias a incluir na
período. consolidação e que, em base consolidada e à data do
Artigo 14.º balanço da empresa-mãe, não ultrapassem dois dos três
limites seguintes:
[...]
a) Total do balanço: € 6 000 000;
1 — A entidade sujeita ao SNC que não aplique qual- b) Volume de negócios líquido: € 12 000 000;
quer das disposições constantes nas normas contabilís- c) Número médio de empregados durante o período: 50.
ticas e ou de relato financeiro cuja aplicação lhe seja
exigível e que distorça com tal prática as demonstrações 2 — Os limites do total do balanço e do volume de
financeiras individuais ou consolidadas que seja, por lei, negócios líquido são majorados em 20 % se:
obrigada a apresentar, é punida com coima de € 1500
a € 30 000. a) Os valores contabilísticos das ações ou quotas das
2 — A entidade sujeita ao SNC que efetue a supressão entidades incluídas na consolidação não forem compen-
de lacunas de modo diverso do aí previsto e que distorça sados pela fração que representam do capital e reservas
com tal prática as demonstrações financeiras individuais dessas entidades; e
ou consolidadas que seja, por lei, obrigada a apresentar, b) Se não forem eliminados das demonstrações finan-
é punida com coima de € 1500 a € 30 000. ceiras consolidadas as dívidas e os créditos entre as en-
3 — A entidade sujeita ao SNC que não apresente tidades, os gastos e rendimentos relativos às operações
qualquer das demonstrações financeiras que seja, por efetuadas entre entidades e os resultados de operações
lei, obrigada a apresentar, é punida com coima de € 1500 efetuadas entre entidades, quando incluídos na quantia
a € 30 000. escriturada do ativo.
4— .....................................
5 — Na graduação da coima são tidos em conta os 3 — Os limites previstos no presente artigo operam
valores dos capitais próprios ou dos fundos patrimo- nos termos previstos no artigo anterior, com as devidas
niais e do total de rendimentos das entidades, os valo- adaptações.
res associados à infração e a condição económica dos Artigo 9.º-C
infratores.
Pequenas entidades
6 — A organização do processo e a decisão sobre
aplicação da coima competem ao presidente da Comis- A ‘norma contabilística e de relato financeiro para pe-
são de Normalização Contabilística, com possibilidade quenas entidades’ (NCRF-PE), compreendida no SNC,
de delegação. apenas pode ser adotada, em alternativa ao restante nor-
7— ..................................... mativo, pelas entidades a que se refere o n.º 2 do artigo 9.º
8 — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .»
Artigo 9.º-D
Artigo 3.º
Microentidades
Aditamento ao Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho
1 — As entidades a que se refere o n.º 1 do artigo 9.º
São aditados ao Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de devem aplicar a ‘norma Contabilística para Microenti-
julho, alterado pela Lei n.º 20/2010, de 23 de agosto, pelo dades’ (NC-ME), compreendida no SNC.
Decreto-Lei n.º 36-A/2011, de 9 de março, e pelas Leis 2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior,
n.os 66-B/2012, de 31 de dezembro, e 83-C/2013, de 31 as entidades aí referidas podem optar pela aplicação das
de dezembro, os artigos 9.º-A a 9.º-E, com a seguinte re- ‘normas Contabilísticas e de Relato Financeiro’ (NCRF)
dação: ou da NCRF-PE, devendo tal opção ser identificada
na declaração a que se refere a alínea b) do n.º 1 do
«Artigo 9.º-A artigo 117.º do Código do Imposto sobre o Rendimento
Forma de apuramento das categorias de entidades das Pessoas Coletivas.
Os limites previstos no artigo anterior reportam-se Artigo 9.º-E
ao período imediatamente anterior, devendo, quando
aplicável, observar-se as seguintes regras: Entidades do setor não lucrativo

a) Sempre que em dois períodos consecutivos ime- Às entidades do setor não lucrativo aplica-se a Norma
diatamente anteriores sejam ultrapassados dois dos três contabilística e de relato financeiro para entidades do
limites enunciados nos n.os 1 a 3 do artigo anterior, as setor não lucrativo (NCRF-ESNL), podendo estas en-
entidades deixam de poder ser consideradas na respetiva tidades optar pela aplicação do conjunto das normas
categoria, a partir do terceiro período, inclusive, para contabilísticas e de relato financeiro compreendidas
efeitos do presente decreto-lei; no SNC, com as necessárias adaptações, ou pela apli-
b) As entidades podem novamente ser consideradas cação das normas internacionais de contabilidade ado-
nessa categoria, para efeitos do presente decreto-lei, tadas nos termos do artigo 3.º do Regulamento (CE)
caso deixem de ultrapassar dois dos três limites enun- n.º 1606/2002, do Parlamento Europeu e do Conselho,
ciados para a respetiva categoria nos dois períodos con- de 19 de julho de 2002, desde que observado o disposto
secutivos imediatamente anteriores. no artigo 4.º.»
3476 Diário da República, 1.ª série — N.º 106 — 2 de junho de 2015

Artigo 4.º Artigo 295.º


Alteração ao anexo ao Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho [...]

O anexo ao Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de ju- 1— .....................................


lho, alterado pela Lei n.º 20/2010, de 23 de agosto, 2— .....................................
pelo Decreto-Lei n.º 36-A/2011, de 9 de março, e pelas a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Leis n.os 66-B/2012, de 31 de dezembro, e 83-C/2013, b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
de 31 de dezembro, passa a ter a redação constante c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
do anexo I ao presente decreto-lei, do qual faz parte d) Diferença entre o resultado atribuível às partici-
integrante. pações financeiras reconhecido na demonstração de
resultados e o montante dos dividendos já recebidos
Artigo 5.º ou cujo pagamento possa ser exigido relativamente às
Alteração ao Código das Sociedades Comerciais mesmas participações.
3— .....................................
Os artigos 32.º, 66.º, 295.º e 451.º do Código das Socie- 4— .....................................
dades Comerciais, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 262/86,
de 2 de setembro, passam a ter a seguinte redação: Artigo 451.º
[...]
«Artigo 32.º
1— .....................................
[...] 2— .....................................
1— ..................................... 3— .....................................
2— ..................................... a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3 — Os rendimentos e outras variações patrimo- b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
niais positivas reconhecidos em consequência da uti- c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
lização do método da equivalência patrimonial, nos d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
termos das normas contabilísticas e de relato finan- e) Um parecer em que se indique se o relatório de
ceiro, apenas relevam para poderem ser distribuídos gestão é ou não concordante com as contas do exercício,
aos sócios, nos termos a que se refere o n.º 1, quando se o relatório de gestão foi elaborado de acordo com
sejam realizados. os requisitos legais aplicáveis e se, tendo em conta o
conhecimento e a apreciação da empresa, identificou
Artigo 66.º incorreções materiais no relatório de gestão, dando in-
[...]
dicações quanto à natureza das mesmas;
f) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
1— .....................................
2— ..................................... 4 — No caso de sociedades que sejam emitentes de
3— ..................................... valores mobiliários admitidos à negociação em mercado
4— ..................................... regulamentado, o revisor deve atestar se o relatório sobre
5— ..................................... a estrutura e as práticas de governo societário divulgado
inclui os elementos referidos no n.º 1 do artigo 245.º-A
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . do Código dos Valores Mobiliários, que lhe sejam exigí-
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . veis e emitir parecer sobre o cumprimento das alíneas c),
c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . d), f), h), i) e m) do mesmo artigo.
d) O número e o valor nominal ou, na falta de valor 5 — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .»
nominal, o valor contabilístico das quotas ou ações
próprias adquiridas ou alienadas durante o período, a
fração do capital subscrito que representam, os motivos CAPÍTULO III
desses atos e o respetivo preço, bem como o número Relato de pagamentos efetuados
e valor nominal ou contabilístico de todas as quotas e a Administrações Públicas
ações próprias detidas no fim do período;
e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Artigo 6.º
f) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Definições
g) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
h) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Para efeitos do disposto no presente capítulo, entende-
-se por:
6 — Ficam dispensadas da obrigação de elaborar o a) «Empresa ativa na indústria extrativa», uma em-
relatório de gestão as microentidades, tal como defini- presa que realiza atividades que implicam a exploração, a
das no n.º 1 do artigo 9.º do Decreto-Lei n.º 158/2009, prospeção, a descoberta, o desenvolvimento e a extração
de 13 de julho, alterado pela Lei n.º 20/2010, de 23 de minérios, de petróleo, de depósitos de gás natural ou
de agosto, pelo Decreto-Lei n.º 36-A/2011, de 9 de de outras matérias, no âmbito das atividades económicas
março, e pelas Leis n.os 66-B/2012, de 31 de dezembro, enumeradas na secção B, divisões 05 a 08, do anexo I ao
e 83-C/2013, de 31 de dezembro, desde que procedam Regulamento (CE) n.º 1893/2006, do Parlamento Europeu
à divulgação, quando aplicável, no final do balanço, e do Conselho, de 20 de dezembro de 2006, que estabe-
das informações mencionadas na alínea d) do n.º 5 lece a nomenclatura estatística das atividades económicas
do presente artigo. NACE Revisão 2;
Diário da República, 1.ª série — N.º 106 — 2 de junho de 2015 3477

b) «Empresa ativa na exploração de floresta primária», 2 — O relatório divulga as informações a seguir indica-
uma empresa que desenvolve atividades como as referidas das, relacionadas com as atividades descritas nas alíneas a)
na secção A, divisão 02, grupo 02.2, do anexo I ao Regu- e b) do artigo 6.º, no que respeita ao período pertinente:
lamento (CE) n.º 1893/2006, do Parlamento Europeu e
do Conselho, de 20 de dezembro de 2006, em florestas a) O montante total dos pagamentos efetuados a cada
primárias; Administração Pública;
c) «Administração Pública», uma autoridade nacio- b) O montante total por tipo de pagamento, conforme es-
nal, regional ou local de um Estado membro ou de um pecificado nas subalíneas i) a vii) da alínea e) do artigo 6.º,
país terceiro, incluindo um serviço, agência ou empresa efetuado a cada Administração Pública;
controlados por essa autoridade, nos termos previstos c) Se esses pagamentos tiverem sido atribuídos a um
no artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de ju- projeto específico, o montante total por tipo de pagamento,
lho, alterado pela Lei n.º 20/2010, de 23 de agosto, pelo conforme especificado nas subalíneas i) a vii) da alínea e)
Decreto-Lei n.º 36-A/2011, de 9 de março, e pelas Leis do artigo 6.º, efetuado para cada projeto, e o montante total
n.os 66-B/2012, de 31 de dezembro, e 83-C/2013, de 31 dos pagamentos para cada projeto, podendo os pagamentos
de dezembro; efetuados pela empresa relativos a obrigações impostas a
d) «Projeto», as atividades operacionais regidas por um nível da empresa ser divulgados a nível da empresa, em
contrato único, licença, locação, concessão ou um acordo vez de a nível do projeto.
jurídico similar, que constituem a base das responsabili-
dades de pagamento junto de uma administração pública, 3 — Se forem efetuados pagamentos em espécie a uma
considerando-se um projeto o conjunto de acordos desse Administração Pública, são relatados em valor e, se aplicá-
tipo que estejam substancialmente interligados; vel, em volume, devendo ser fornecidas notas explicativas
e) «Pagamento», um montante pago, em dinheiro ou que indicam como foi determinado o seu valor.
em espécie, para atividades descritas nas alíneas a) e b), 4 — A divulgação dos pagamentos a que se refere o
dos seguintes tipos: presente capítulo deve refletir o conteúdo, mais do que a
forma, do pagamento ou atividade em causa.
i) Direitos de produção; 5 — Os pagamentos e atividades não podem ser artifi-
ii) Impostos cobrados sobre o rendimento, a produção cialmente divididos ou agregados para evitar a aplicação
ou os lucros das empresas, com exceção dos impostos do presente capítulo.
cobrados sobre o consumo, tais como o imposto sobre
o valor acrescentado, impostos sobre o rendimento das
pessoas singulares ou impostos sobre as transações; Artigo 9.º
iii) Royalties; Relatório consolidado dos pagamentos a Administrações Públicas
iv) Dividendos;
v) Prémios à assinatura, prospeção e produção; 1 — As grandes empresas e as entidades de interesse
vi) Taxas de licença, taxas de arrendamento, gastos de público ativas na indústria extrativa ou na exploração
inscrição e outras contrapartidas por licenças e ou con- de floresta primária devem elaborar um relatório con-
cessões; e solidado sobre os pagamentos efetuados a adminis-
vii) Pagamentos para melhoramentos de infraestruturas. trações públicas nos termos dos artigos 7.º e 8.º, se a
empresa-mãe tiver a obrigação de elaborar demonstra-
Artigo 7.º ções financeiras consolidadas, nos termos do disposto
no artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de
Empresas obrigadas a relatar os pagamentos julho, alterado pela Lei n.º 20/2010, de 23 de agosto,
efetuados a Administrações Públicas pelo Decreto-Lei n.º 36-A/2011, de 9 de março, e pelas
1 — As grandes empresas e todas as entidades de inte- Leis n.os 66-B/2012, de 31 de dezembro, e 83-C/2013,
resse público ativas na indústria extrativa ou na exploração de 31 de dezembro.
de floresta primária devem preparar e publicar anualmente 2 — Considera-se que uma empresa-mãe está ativa na
um relatório sobre os pagamentos efetuados a Adminis- indústria extrativa ou na exploração de floresta primária
trações Públicas. se uma das suas subsidiárias estiver ativa numa dessas
2 — A obrigação prevista no número anterior, não é apli- atividades.
cável a empresas regidas pelo direito de um Estado membro 3 — O relatório consolidado inclui apenas os pagamen-
que seja uma subsidiária ou uma empresa-mãe, se estiverem tos resultantes de operações de extração e ou de operações
reunidas cumulativamente as condições seguintes: de exploração de floresta primária.
4 — A obrigação de elaborar o relatório consolidado a
a) A empresa-mãe rege-se pelo direito de um Estado que se refere o n.º 1 não é aplicável:
membro;
b) Os pagamentos a administrações públicas efetuados a) A uma empresa-mãe de um grupo que, em base
pela empresa-mãe são incluídos no relatório consolidado consolidada e à data do balanço da empresa-mãe, não
sobre os pagamentos a Administrações Públicas elaborado exceda os limites referidos no n.º 3 do artigo 9.º do
por essa empresa-mãe. Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, alterado pela
Lei n.º 20/2010, de 23 de agosto, pelo Decreto-Lei
Artigo 8.º n.º 36-A/2011, de 9 de março, e pelas Leis n.os 66-B/2012,
de 31 de dezembro, e 83-C/2013, de 31 de dezembro,
Conteúdo do relatório
exceto se a empresa coligada for uma entidade de in-
1 — Não é necessário ter em conta no relatório os pa- teresse público;
gamentos, efetuados sob a forma de um pagamento único b) A uma empresa-mãe que seja também uma empresa
ou de um conjunto de pagamentos conexos, cujo mon- subsidiária, se a sua própria empresa-mãe for regida pelo
tante seja inferior a € 100 000 no decurso de um período. direito de um outro Estado membro.
3478 Diário da República, 1.ª série — N.º 106 — 2 de junho de 2015

5 — Uma empresa, incluindo uma entidade de interesse a redação dada pelo presente decreto-lei, devem, quando
público, pode não ser incluída num relatório consolidado aplicável, observar-se as seguintes regras:
sobre os pagamentos efetuados a administrações públicas se
a) Para as entidades constituídas em ano anterior à data
estiver satisfeita pelo menos uma das seguintes condições: de produção de efeitos do presente decreto-lei, os limites
a) Existirem restrições graves e duradouras que preju- reportam-se às demonstrações financeiras do período ante-
dicam substancialmente o exercício pela empresa-mãe dos rior a esta data, produzindo efeitos a partir do período em
seus direitos sobre o património ou a gestão dessa empresa; que o presente decreto-lei produz os seus efeitos;
b) Tratar-se de um caso em que as informações neces- b) Para as entidades que se constituam no ano de produ-
sárias para elaborar o relatório consolidado sobre os pa- ção de efeitos do presente decreto-lei e anos seguintes, os
gamentos efetuados a administrações públicas nos termos limites reportam-se às previsões para o ano da constituição
do presente capítulo não podem ser obtidas sem custos e produzem efeitos imediatos.
desproporcionados ou sem demora injustificada;
c) As ações ou quotas dessa empresa serem detidas Artigo 13.º
exclusivamente tendo em vista a sua cessão posterior. Norma revogatória

6 — As isenções acima descritas só são aplicáveis se São revogados:


forem também utilizadas para efeitos das demonstrações a) A Lei n.º 20/2010, de 23 de agosto;
financeiras consolidadas. b) A Lei n.º 35/2010, de 2 de setembro;
7 — Nos casos previstos na alínea b) do n.º 5, a en- c) O n.º 2 do artigo 3.º, o n.º 2 do artigo 7.º e o n.º 3 do
tidade excluída do relatório consolidado deve estar em artigo 12.º e o parágrafo 3.3 do anexo I do Decreto-Lei
condições de comprovar os factos aí previstos, bem como a n.º 158/2009, de 13 de julho, alterado pela Lei n.º 20/2010,
realização de diligências para a obtenção das informações de 23 de agosto, pelo Decreto-Lei n.º 36-A/2011, de 9 de
aí referidas. março, e pelas Leis n.os 66-B/2012, de 31 de dezembro, e
Artigo 10.º 83-C/2013, de 31 de dezembro;
Publicação d) Os n.os 1 e 2 do artigo 1.º e os artigos 2.º, 3.º, 4.º, 5.º,
6.º, 7.º, 8.º, 9.º, 10.º, 11.º, 13.º, 16.º, 17.º, 18.º, 19.º e 20.º
1 — O relatório a que se refere o artigo 7.º e o relató- e os anexos I e II do Decreto-Lei n.º 36-A/2011, de 9 de
rio consolidado sobre os pagamentos efetuados a admi- março, alterado pela Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro,
nistrações públicas a que se refere o artigo anterior são e pelo Decreto-Lei n.º 64/2013, de 13 de maio.
objeto de publicação nos termos do capítulo 2 da Diretiva
n.º 2009/101/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, Artigo 14.º
de 16 de setembro de 2009.
Republicação
2 — Os membros dos órgãos responsáveis da empresa
têm a responsabilidade de assegurar, tanto quanto seja do seu É republicado, no anexo II ao presente decreto-lei, do
conhecimento e esteja ao seu alcance, que o relatório sobre qual faz parte integrante, o Decreto-Lei n.º 158/2009, de
os pagamentos a administrações públicas seja elaborado e 13 de julho, com a redação atual.
publicado de acordo com os requisitos do presente capítulo.
3 — Os termos em que devem ser publicados os relató- Artigo 15.º
rios referidos no n.º 1 são definidos por portaria do membro Produção de efeitos
do Governo responsável pela área das finanças.
O disposto no presente decreto-lei é aplicável aos pe-
Artigo 11.º ríodos que se iniciem em ou após 1 de janeiro de 2016.
Critérios de equivalência Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 26 de
março de 2015. — Pedro Passos Coelho — Maria Luís
As empresas a que se referem os artigos 7.º e 9.º que ela- Casanova Morgado Dias de Albuquerque — Rui Manuel
borem e divulguem publicamente um relato conforme com Parente Chancerelle de Machete — Paula Maria von Hafe
os requisitos de divulgação dos países terceiros avaliados Teixeira da Cruz.
como equivalentes aos requisitos do presente capítulo e
como tal identificados pela Comissão Europeia ficam dis- Promulgado em 25 de maio de 2015.
pensadas dos requisitos do presente capítulo, exceto quanto Publique-se.
à obrigação de publicar esse relato conforme estabelecido
no artigo anterior. O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA.
Referendado em 26 de maio de 2015.
CAPÍTULO IV O Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho.
Disposições finais e transitórias
ANEXO I
Artigo 12.º (a que se refere o artigo 4.º)
Disposições transitórias
«ANEXO
Para efeitos do apuramento dos limites previstos no
Sistema de Normalização Contabilística
artigo 9.º do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, alte-
rado pela Lei n.º 20/2010, de 23 de agosto, pelo Decreto-Lei 1 — Apresentação
n.º 36-A/2011, de 9 de março, e pelas Leis n.os 66-B/2012, 1.1 — O novo modelo de normalização contabilís-
de 31 de dezembro, e 83-C/2013, de 31 de dezembro, com tica, que agora é criado, sucede ao Plano Oficial de
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Contabilidade (POC) e é designado por Sistema de 1.5 — A disseminação de ESNL e o importante papel
Normalização Contabilística (SNC). Este Sistema, à e peso que desempenham na economia justificam que se
semelhança do POC, não é de aplicação geral, conforme reforcem as exigências de transparência relativamente
decorre dos artigos 4.º e 5.º do presente decreto-lei. Às às atividades que realizam e aos recursos que utilizam,
microentidades (ME), às pequenas entidades (PE) e nomeadamente através da obrigação de prestarem in-
às entidades do setor não lucrativo (ESNL) aplica-se formação fidedigna sobre a gestão dos recursos que lhes
o SNC com as especificidades constantes do presente são confiados, bem como sobre os resultados alcançados
decreto-lei, em particular no que se refere às caracte- no desenvolvimento das suas atividades.
rísticas próprias das ESNL, conforme explicitado no 1.6 — As ESNL apresentam três características bá-
ponto 1.5 e seguintes. sicas distintivas relativamente às entidades com fina-
1.2 — Trata-se de um modelo de normalização as- lidades lucrativas:
sente mais em princípios do que em regras explícitas e a) O seu financiamento pode resultar do seu pró-
que se pretende em sintonia com as normas internacio- prio património ou de recursos atribuídos por pessoas
nais de contabilidade emitidas pelo International Ac- singulares ou coletivas. Em caso algum os recursos
counting Standards Board (IASB) e adotadas na União atribuídos estão sujeitos ou condicionados a contra-
Europeia (UE), bem como coerente com a Diretiva prestações derivadas da obtenção de benefícios por
n.º 2013/34/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho, parte da entidade;
de 26 de junho de 2013 (Diretiva Contabilística), que b) Respondem a finalidades de interesse geral que
constituem os principais instrumentos de harmonização transcendem a atividade produtiva e a venda de produtos
no domínio contabilístico na UE. ou prestação de serviços, o que se traduz numa interpre-
1.3 — O SNC, que assimila a transposição da Dire- tação não económica do conceito «benefício»;
tiva Contabilística da UE, é composto pelos seguintes c) Ausência de títulos de propriedade-controlo que pos-
instrumentos: sam ser comprados, cedidos, trocados ou de que se espere
Bases para a apresentação de demonstrações finan- algum tipo de contraprestação económica no caso de a
ceiras (BADF) entidade cessar as suas atividades e ser objeto de liquidação;
Modelos de demonstrações financeiras (MDF) d) Acresce que estas entidades contam, com frequência,
Códigos de contas (CC) com o trabalho de voluntários, sem que, por esse facto,
Normas contabilísticas e de relato financeiro (NCRF) surja qualquer relação laboral entre eles e a entidade.
Norma contabilística e de relato financeiro para pe-
quenas entidades (NCRF-PE) 1.7 — Nas ESNL, os utilizadores da informação fi-
nanceira são as entidades que entregam recursos (quo-
Norma contabilística e de relato financeiro para en-
tas, legados, donativos), os credores, as pessoas que
tidades do setor não lucrativo (NCRF-ESNL)
realizam prestações gratuitas (assistência ou trabalhos
Norma contabilística para microentidades (NC-ME)
de voluntariado), o Governo e a Administração Pública
Normas interpretativas (NI) entre outros. Nesta conformidade:
A Estrutura conceptual baseada no anexo 5 das a) Os doadores/financiadores/associados pretendem
«Observações relativas a certas disposições do Regu- conhecer o grau de cumprimento dos objetivos desen-
lamento (CE) n.º 1606/2002, do Parlamento Europeu volvidos;
e do Conselho, de 19 de julho de 2002», publicado b) Os credores pretendem obter informação acerca da
pela Comissão Europeia em novembro de 2003, que capacidade da entidade solver os seus compromissos;
enquadra aqueles instrumentos, constitui um documento c) Os membros das ESNL pretendem conhecer o
autónomo a publicar por aviso do membro do Governo modo como os donativos e outros fundos são aplicados
com responsabilidade própria ou delegada pela área das nas atividades;
finanças, no Diário da República. d) Os voluntários pretendem conhecer os resultados
1.4 — Sempre que o SNC não responda a aspetos da sua dedicação, bem como os programas realizados
particulares de transações ou situações, que se coloquem e as necessidades de recursos;
a dada entidade em matéria de contabilização ou relato e) O Estado, na medida em que proporciona os re-
financeiro, ou a lacuna em causa seja de tal modo rele- cursos para a atividade de diversas entidades do setor
vante que o seu não preenchimento impeça o objetivo não lucrativo, tem necessidade de controlar os fluxos/
de ser prestada informação que apresente, de forma meios que permitam cumprir os fins sem diminuir o
verdadeira e apropriada, a posição financeira numa património;
certa data e o desempenho para o período abrangido, f) O público em geral, de entre os quais cumpre re-
fica desde já estabelecido, tendo em vista tão somente ferir os contribuintes, grupos de interesse ou pressão,
a superação dessa lacuna, o recurso, supletivamente e associações de defesa do consumidor e todos os interes-
pela ordem indicada: sados, direta ou indiretamente, no futuro da atividade da
ESNL. Este grupo deve ter a possibilidade de avaliar o
Às normas internacionais de contabilidade (NIC), contributo da entidade no seu bem-estar ou no desen-
adotadas ao abrigo do Regulamento (CE) n.º 1606/2002, volvimento económico do setor em que se insere.
do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de julho
de 2002; 2 — Bases para a apresentação de demonstrações
Às normas internacionais de contabilidade (IAS) financeiras (BADF)
e normas internacionais de relato financeiro (IFRS), 2.1 — Âmbito, finalidade e componentes
emitidas pelo IASB, e respetivas interpretações SIC- 2.1.1 — As BADF de finalidades gerais estabelecem
-IFRIC. os requisitos globais que permitem assegurar a compa-
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rabilidade quer com as demonstrações financeiras de dade com as normas contabilísticas aplicáveis. Uma
períodos anteriores da mesma entidade quer com as apresentação apropriada também exige que uma en-
demonstrações financeiras de outras entidades. O re- tidade:
conhecimento, a mensuração, a divulgação e aspetos
a) Selecione e adote políticas contabilísticas de
particulares de apresentação de transações específicas
acordo com a norma contabilística aplicável;
e outros acontecimentos são tratados, consoante os ca-
b) Apresente a informação, incluindo as políticas
sos, nas NCRF, na NCRF-PE, na NCRF-ESNL ou na contabilísticas adotadas de uma forma que proporcione
NC-ME. a disponibilização de informação relevante, fiável, com-
2.1.2 — As demonstrações financeiras de finalidades parável e compreensível;
gerais são as que se destinam a satisfazer as necessidades c) Proporcione divulgações adicionais quando o cum-
de utentes que não estejam em posição de exigir rela- primento dos requisitos específicos contidos nas normas
tórios elaborados especificamente para ir ao encontro contabilísticas possa ser insuficiente para permitir a sua
das suas necessidades particulares de informação. As compreensão pelos utentes.
demonstrações financeiras de finalidades gerais incluem
as que são apresentadas isoladamente ou incluídas num 2.1.7 — As políticas contabilísticas inapropriadas
outro documento para o público, tal como um relatório não deixam de o ser pelo facto de serem divulgadas ou
anual ou um prospeto. assumidas, em notas ou material explicativo.
2.1.3 — As demonstrações financeiras são uma re- 2.1.8 — A informação acerca dos fluxos de caixa de
presentação estruturada da posição financeira e do de- uma entidade, quando usada juntamente com as restan-
sempenho financeiro de uma entidade. O objetivo das tes demonstrações financeiras, é útil ao proporcionar
demonstrações financeiras de finalidades gerais é o de aos utentes das mesmas uma base para determinar a
proporcionar informação acerca da posição financeira, capacidade da entidade para gerar dinheiro e equivalen-
do desempenho financeiro e dos fluxos de caixa de tes e determinar as necessidades da entidade de utilizar
uma entidade que seja útil a uma vasta gama de utentes esses fluxos de caixa. As decisões económicas que sejam
na tomada de decisões económicas. As demonstrações tomadas pelos utentes exigem uma avaliação da capaci-
financeiras também mostram os resultados da condução dade de uma entidade de gerar dinheiro e seus equiva-
por parte do órgão de gestão dos recursos a ele confia- lentes e a tempestividade e certeza da sua geração.
dos. Para satisfazer este objetivo, as demonstrações 2.2 — Continuidade:
financeiras proporcionam informação de uma entidade 2.2.1 — Aquando da preparação de demonstrações
acerca do seguinte: financeiras, o órgão de gestão deve fazer uma avaliação
a) Ativos; da capacidade da entidade de prosseguir encarando-a
b) Passivos; como uma entidade em continuidade. As demonstra-
c) Capital próprio ou fundos patrimoniais; ções financeiras devem ser preparadas no pressuposto
d) Rendimentos (réditos e ganhos); da entidade em continuidade, a menos que o órgão de
e) Gastos (gastos e perdas); gestão pretenda liquidar a entidade ou cessar de nego-
f) Outras alterações no capital próprio ou nos fundos ciar, ou não tenha alternativa realista a não ser adotar
patrimoniais; e uma dessas alternativas, ou ainda, no caso das ESNL
g) Fluxos de caixa. existam circunstâncias anormais em que se deva con-
siderar um horizonte temporal para a entidade, caso em
2.1.4 — Um conjunto completo de demonstrações que no anexo se indica tal facto, assim como os critérios
financeiras inclui: utilizados na elaboração da informação financeira. No
entanto, nas ESNL, este princípio não corresponde a
a) Um balanço; um conceito económico ou financeiro puro, mas antes
b) Uma demonstração dos resultados; à manutenção da atividade de prestação de serviços ou
c) Uma demonstração das alterações no capital pró- à capacidade da entidade cumprir os fins propostos.
prio; O órgão de gestão deve, em geral, divulgar as incertezas
d) Uma demonstração dos fluxos de caixa; e materiais relacionadas com acontecimentos ou condi-
e) Um anexo em que se divulguem as bases de pre- ções que possam lançar dúvidas significativas acerca
paração e políticas contabilísticas adotadas e outras da capacidade da entidade em prosseguir como uma
divulgações. entidade em continuidade. Quando as demonstrações
financeiras não sejam preparadas no pressuposto da
2.1.5 — As demonstrações financeiras devem apre- continuidade, esse facto deve ser divulgado, juntamente
sentar apropriadamente a posição financeira, o desempe- com os fundamentos pelos quais as demonstrações fi-
nho financeiro e os fluxos de caixa de uma entidade. A nanceiras foram preparadas e a razão por que a entidade
apresentação apropriada exige a representação fidedigna não é considerada como estando em continuidade.
dos efeitos das transações, outros acontecimentos e 2.2.2 — Ao avaliar se o pressuposto da entidade em
condições, de acordo com as definições e critérios de continuidade é apropriado, o órgão de gestão toma em
reconhecimento para ativos, passivos, rendimentos e consideração toda a informação disponível sobre o fu-
gastos estabelecidos na estrutura conceptual. Presume-se turo, que é considerado pelo menos, mas sem limita-
que a aplicação adequada das normas contabilísticas, ção, doze meses a partir da data do balanço. O grau de
com divulgação adicional quando necessária, resulta em consideração depende dos factos de cada caso. Quando
demonstrações financeiras que alcançam uma apresen- uma entidade tiver uma história de operações lucrativas
tação apropriada. e acesso pronto a recursos financeiros, pode concluir-se,
2.1.6 — Na generalidade das circunstâncias, uma sem necessidade de uma análise pormenorizada, que
apresentação apropriada é conseguida pela conformi- a base de contabilidade de entidade em continuidade
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é apropriada. Noutros casos, o órgão de gestão pode próprio ou fundos patrimoniais e na demonstração de
necessitar de considerar um vasto leque de fatores rela- fluxos de caixa ou no anexo. Se uma linha de item não
cionados com a rentabilidade corrente e esperada, com for individualmente material, ela é agregada a outros
esquemas de reembolso de dívidas e potenciais fontes itens seja na face dessas demonstrações seja nas notas
de financiamentos de substituição, para poder preen- do anexo. Um item que não seja suficientemente mate-
cher de forma apropriada o pressuposto da entidade rial para justificar a sua apresentação separada na face
em continuidade. dessas demonstrações pode, porém, ser suficientemente
2.3 — Regime de acréscimo (periodização econó- material para que seja apresentado separadamente nas
mica): notas do anexo.
2.3.1 — Uma entidade deve preparar as suas demons- 2.5.3 — Aplicar o conceito de materialidade signi-
trações financeiras, exceto para informação de fluxos de fica que um requisito específico de apresentação ou
caixa, utilizando o regime contabilístico de acréscimo divulgação, decorrente de uma norma contabilística,
(periodização económica). não necessita de ser satisfeito se a informação não for
2.3.2 — Ao ser usado o regime contabilístico de acrés- materialmente relevante.
cimo (periodização económica), os itens são reconhe- 2.6 — Compensação
cidos como ativos, passivos, capital próprio ou fundos 2.6.1 — Os ativos e passivos, e os rendimentos e
patrimoniais, rendimentos e gastos quando satisfaçam gastos, são mensurados separadamente e não devem ser
as definições e os critérios de reconhecimento para esses compensados exceto quando tal for exigido ou permitido
elementos contidos na estrutura conceptual. por uma norma contabilística.
2.4 — Consistência de apresentação: 2.6.2 — É importante que os ativos e passivos, e os
2.4.1 — A apresentação e a classificação de itens rendimentos e gastos, sejam separadamente relatados.
nas demonstrações financeiras deve ser mantida de um A compensação quer na demonstração dos resultados
período para outro, a menos que: quer no balanço, exceto quando a mesma reflita a subs-
tância da transação ou outro acontecimento, prejudica a
a) Seja percetível, após uma alteração significativa
capacidade dos utentes em compreender as transações,
na natureza das operações da entidade ou uma revisão
outros acontecimentos e condições que tenham ocorrido
das respetivas demonstrações financeiras, que outra
e de avaliar os futuros fluxos de caixa da entidade. A
apresentação ou classificação é mais apropriada, tendo
mensuração de ativos líquidos de deduções de valori-
em consideração os critérios para a seleção e aplicação
zação, por exemplo, deduções de obsolescência nos
de políticas contabilísticas contidas nas normas conta-
inventários e deduções de dívidas duvidosas nas contas
bilísticas aplicáveis; ou
a receber, não é considerada uma compensação.
b) Uma norma contabilística estabeleça uma alteração
2.6.3 — O rédito deve ser mensurado tomando em
na apresentação.
consideração a quantia de quaisquer descontos comer-
ciais e abatimentos de volume concedidos pela entidade.
2.4.2 — Uma entidade deve alterar a apresentação Uma entidade empreende, no decurso das suas ativida-
das suas demonstrações financeiras apenas se a apre- des ordinárias, outras transações que não geram rédito
sentação alterada proporcionar informação fiável e mais mas que são inerentes às principais atividades que o
relevante para os utentes das demonstrações financeiras geram. Os resultados de tais transações são apresenta-
e se for provável que a estrutura revista continue a ser dos, quando esta apresentação reflita a substância da
adotada, de modo a que a comparabilidade não seja transação ou outro acontecimento, compensando qual-
prejudicada. Ao efetuar tais alterações na apresentação, quer rendimento com os gastos relacionados resultantes
uma entidade reclassifica a sua informação comparativa da mesma transação. Por exemplo:
de acordo com o referido no ponto 2.7. Informação
comparativa. a) Os ganhos e perdas na alienação de ativos não
2.5 — Materialidade e agregação: correntes, incluindo investimentos e ativos operacio-
2.5.1 — Cada classe material de itens semelhantes nais, são relatados, deduzindo ao produto da alienação
deve ser apresentada separadamente nas demonstrações a quantia escriturada do ativo e os gastos de venda re-
financeiras. Os itens de natureza ou função disseme- lacionados; e
lhante devem ser apresentados separadamente, a menos b) Os dispêndios relacionados com uma provisão
que sejam imateriais. Considera-se que as omissões reconhecida de acordo com a norma contabilística res-
ou declarações incorretas de itens são materiais se po- petiva e reembolsada segundo um acordo contratual com
dem, individual ou coletivamente, influenciar as de- terceiros (por exemplo, um acordo de garantia de um
cisões económicas dos utentes tomadas com base nas fornecedor) podem ser compensados com o reembolso
demonstrações financeiras. A materialidade depende da relacionado.
dimensão e da natureza da omissão ou erro, ajuizados
nas circunstâncias que os rodeiam. A dimensão ou a 2.6.4 — Adicionalmente, os ganhos e perdas pro-
natureza do item, ou uma combinação de ambas, pode venientes de um grupo de transações semelhantes são
ser o fator determinante. relatados numa base líquida, por exemplo, ganhos e
2.5.2 — As demonstrações financeiras resultam do perdas de diferenças cambiais ou ganhos e perdas pro-
processamento de grandes números de transações ou venientes de instrumentos financeiros detidos para ne-
outros acontecimentos que são agregados em classes de gociação. Estes ganhos e perdas são, contudo, relatados
acordo com a sua natureza ou função. A fase final do separadamente se forem materiais.
processo de agregação e classificação é a apresentação 2.7 — Informação comparativa:
de dados condensados e classificados que formam li- 2.7.1 — O balanço de abertura de um período corres-
nhas de itens na face do balanço, na demonstração dos ponde ao balanço de encerramento do período anterior.
resultados, na demonstração de alterações no capital A menos que uma norma contabilística o permita ou
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exija de outra forma, deve ser divulgada informação 2.8.4 — Consideram-se ajustamentos de valor os
comparativa com respeito ao período anterior para todas ajustamentos destinados a ter em conta a alteração,
as quantias relatadas nas demonstrações financeiras. definitiva ou não, da quantia pela qual os elementos do
A informação comparativa deve ser incluída para a ativo se encontrem mensurados à data do balanço.
informação narrativa e descritiva quando for relevante 3 — Modelos de Demonstrações Financeiras:
para uma compreensão das demonstrações financeiras 3.1 — São publicados através de portaria do membro
do período corrente. do Governo responsável pela área das finanças, com a
2.7.2 — Em alguns casos, a informação narrativa faculdade de delegar, os modelos para as demonstra-
proporcionada nas demonstrações financeiras relativa(s) ções financeiras referidas no artigo 11.º do presente
ao(s) período(s) anterior(es) continua a ser relevante decreto-lei.
no período corrente. Por exemplo, os pormenores de 3.2 — Os referidos modelos obedecem, em parti-
uma disputa legal, cujo desfecho era incerto à data do cular, ao disposto no ponto 2, podendo, também, ser
último balanço e esteja ainda para ser resolvida, são utilizados pelas entidades que se encontrem obrigadas
divulgados no período corrente. Os utentes beneficiam ou tenham usado a opção de aplicar as normas interna-
da informação de que a incerteza existia à data do último cionais de contabilidade adotadas na UE, nos termos
balanço e da informação acerca das medidas adotadas do Regulamento (CE) n.º 1606/2002, do Parlamento
durante o período para resolver a incerteza. Europeu e do Conselho, de 19 de julho de 2002.
2.7.3 — Quando a apresentação e classificação de 3.3 — (Revogado.)
itens nas demonstrações financeiras sejam emendadas, 4 — Códigos de contas (CC)
as quantias comparativas devem ser reclassificadas, a 4.1 — É publicado através de portaria do membro
menos que seja impraticável. Considera-se que a apli- do Governo responsável pela área das finanças, com a
cação de um requisito é impraticável quando a entidade faculdade de delegar, o Código de Contas de utilização
não o possa aplicar depois de ter feito todos os esforços generalizada, o Código de Contas específico das ESNL e
razoáveis para o conseguir. o Código de Contas específico das microentidades, que
2.7.4 — Quando as quantias comparativas sejam re- se pretende sejam documentos não exaustivos, contendo
classificadas, uma entidade deve divulgar: no essencial:
a) A natureza da reclassificação; a) O quadro síntese de contas;
b) A quantia de cada item ou classe de itens que tenha b) O código de contas (lista codificada de contas); e
sido reclassificada; e c) Notas de enquadramento.
c) A razão para a reclassificação.
4.2 — O CC de utilização generalizada pode ser uti-
2.7.5 — Quando for impraticável reclassificar quan- lizado pelas entidades que se encontrem obrigadas ou
tias comparativas, uma entidade deve divulgar: tenham a opção de aplicar as normas internacionais de
a) A razão para não as reclassificar, e contabilidade adotadas na UE, nos termos do Regula-
b) A natureza dos ajustamentos que teriam sido feitos mento (CE) n.º 1606/2002, do Parlamento Europeu e
se as quantias tivessem sido reclassificadas. do Conselho, de 19 de julho de 2002.
4.3 — No CC para as ESNL, a lista codificada de
2.7.6 — Aperfeiçoar a comparabilidade de infor- contas e as notas de enquadramento apenas incluem as
mação interperíodos ajuda os utentes a tomar decisões especificidades inerentes a essas entidades. O CC, com
económicas, sobretudo porque lhes permite avaliar as as especificidades relativas às ESNL, pode ser utilizado
tendências na informação financeira para finalidades de pelas entidades, de entre estas, que se encontrem obri-
previsão. Em algumas circunstâncias, torna-se impra- gadas ou tenham a opção de aplicar as normas interna-
ticável reclassificar informação comparativa para um cionais de contabilidade adotadas na UE, nos termos
período em particular para conseguir comparabilidade do Regulamento (CE) n.º 1606/2002, do Parlamento
com o período corrente. Por exemplo, podem não ter Europeu e do Conselho, de 19 de julho de 2002.
sido coligidos dados no(s) período(s) anterior(es) de 5 — Normas contabilísticas e de relato financeiro
modo a permitir a reclassificação e, por isso, pode não (NCRF):
ser praticável recriar a informação. 5.1 — As NCRF constituem uma adaptação das nor-
2.8 — Mensuração: mas internacionais de contabilidade, adotadas na UE,
2.8.1 — As rubricas reconhecidas nas demonstrações tendo em conta o tecido empresarial português e o facto
financeiras são mensuradas ao custo de aquisição ou de algumas entidades se encontrarem obrigadas ou terem
ao custo de produção, tal como explicitado nos pontos a opção de aplicar as citadas normas internacionais,
seguintes, exceto se uma NCRF dispuser diferentemente. nos termos do Regulamento (CE) n.º 1606/2002, do
2.8.2 — Considera-se custo de aquisição o preço a Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de julho de
pagar e as despesas acessórias, uma vez deduzidas as 2002. Acolhem, igualmente, e no contexto das opções
reduções acessórias. dadas aos Estados membros, as disposições constantes
2.8.3 — Considera-se custo de produção o custo de da Diretiva n.º 2013/34/UE, do Parlamento Europeu e
aquisição das matérias-primas e dos consumíveis, os do Conselho, de 26 de junho de 2013. Assim, o con-
custos diretamente atribuíveis ao produto em questão, junto das NCRF pode não contemplar algumas normas
bem como os custos gerais fixos e variáveis indireta- internacionais e as NCRF podem dispensar a aplicação
mente atribuíveis aos produtos em questão, na medida de determinados procedimentos e divulgações exigidos
em que digam respeito ao período de produção. Não nas correspondentes normas internacionais, embora
são incluídos no custo de produção os custos de dis- garantindo, no essencial, os critérios de reconhecimento
tribuição. e de mensuração contidos nestas normas.
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5.2 — As NCRF são propostas pela CNC e publica- A NC-ME estabelece os aspetos de reconhecimento
das através de avisos no Diário da República, depois de e mensuração tidos como requisitos contabilísticos sim-
homologadas pelo membro do Governo responsável pela plificados aplicáveis às referidas entidades.
área das finanças, com a faculdade de delegar, sendo 7.2 — A NC-ME é proposta pela CNC e publicada
de aplicação obrigatória a partir da data de entrada em através de aviso no Diário da República, depois de
vigor indicada em cada uma delas. homologada pelo membro do Governo responsável pela
6 — Norma Contabilística e de Relato Financeiro área das finanças, com a faculdade de delegar.
para Pequenas Entidades e Norma Contabilística e de 8 — Normas interpretativas (NI):
Relato Financeiro para Entidades do Setor Não Lu- 8.1 — Sempre que as circunstâncias o justifiquem e
crativo para esclarecimento e, ou para orientação sobre o con-
6.1 — Para as entidades que cumpram os requisitos teúdo dos restantes instrumentos que integram o SNC
previstos no n.º 2 do artigo 9.º do presente decreto-lei serão produzidas normas interpretativas (NI).
e para as entidades referidas nas alíneas e) e g) do n.º 1 8.2 — As NI são propostas pela CNC e publicadas
do artigo 3.º do mesmo diploma, são propostas pela através de aviso no Diário da República, depois de ho-
CNC e publicada através de aviso no Diário da Repú- mologadas pelo membro do Governo responsável pela
blica, depois de homologada pelo membro do Governo área das finanças, com a faculdade de delegar, sendo
de aplicação obrigatória a partir da data de entrada em
responsável pela área das finanças, com a faculdade de
vigor indicada em cada uma delas.
delegar, respetivamente, a «Norma Contabilística e de
Relato Financeiro para Pequenas Entidades» (NCRF- ANEXO II
-PE) e a «Norma Contabilística e de Relato Financeiro
para Entidades do Setor Não Lucrativo» (NCRF-ESNL). (a que se refere o artigo 14.º)
Estas normas são de aplicação obrigatória para as entida-
des que, de entre aquelas, não optem pela aplicação do Republicação do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho
conjunto das NCRF, com as necessárias adaptações, no
caso das entidades do setor não lucrativo, ou das normas Artigo 1.º
internacionais de contabilidade adotadas nos termos do
Objeto
artigo 3.º do Regulamento (CE) n.º 1606/2002, do Par-
lamento Europeu e do Conselho, de 19 de julho de 2002. É aprovado o Sistema de Normalização Contabilística,
Quando uma entidade optar pela aplicação do conjunto doravante designado por SNC, anexo ao presente decreto-
das NCRF, deve utilizar os modelos de demonstrações -lei e que dele faz parte integrante.
financeiras previstos para as entidades sujeitas ao con-
junto das NCRF, com as necessárias adaptações, no caso Artigo 2.º
das entidades do setor não lucrativo. Definições
6.2 — A NCRF-PE e a NCRF-ESNL condensam os
principais aspetos de reconhecimento e mensuração, 1 — Para efeitos do presente decreto-lei, considera-se:
extraídos das NCRF, tidos como os requisitos mínimos a) «Controlo» o poder de gerir as políticas financeiras
aplicáveis às referidas entidades. e operacionais de uma entidade ou de uma atividade eco-
6.3 — Sempre que a NCRF-PE ou a NCRF-ESNL nómica a fim de obter benefícios da mesma;
não respondam a aspetos particulares de transações ou b) «Demonstrações financeiras consolidadas» as de-
situações, que se coloquem a dada entidade em matéria monstrações financeiras de um grupo apresentadas como
de contabilização ou relato financeiro, ou a lacuna em as de uma única entidade económica;
causa seja de tal modo relevante que o seu não preen- c) «Empresa-mãe» uma entidade que detém uma ou
chimento impeça o objetivo de ser prestada informação mais subsidiárias;
que, de forma verdadeira e apropriada, traduza a posi- d) «Subsidiária» uma entidade, ainda que não consti-
ção financeira numa certa data e o desempenho para o tuída sob a forma de sociedade, que é controlada por uma
período abrangido, fica desde já estabelecido, tendo em outra entidade, designada por empresa-mãe, incluindo
vista tão somente a superação dessa lacuna, o recurso, qualquer subsidiária da empresa-mãe de que essa empresa
supletivamente e pela ordem indicada: depende em última instância;
e) «Empresas coligadas» duas ou mais empresas em
Às NCRF e NI; relação de grupo;
Às NIC, adotadas ao abrigo do Regulamento (CE) f) «Empresa associada» uma empresa na qual outra
n.º 1606/02 do Parlamento Europeu e do Conselho, de empresa tem uma participação e sobre cuja gestão política
19 de julho de 2002; e financeira essa outra empresa exerce uma influência
Às normas internacionais de contabilidade (IAS) significativa, a qual se presume sempre que essa outra
e normas internacionais de relato financeiro (IFRS), empresa detenha 20 % ou mais dos direitos de voto dos
emitidas pelo IASB, e respetivas interpretações SIC- acionistas ou sócios da primeira;
-IFRIC. g) «Grupo»: uma empresa-mãe e todas as suas empresas
subsidiárias;
7 — Norma Contabilística para Microentidades (NC- h) «Entidades de interesse público» as entidades como
-ME) tal definidas no artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 225/2008, de
7.1 — Esta norma é de aplicação obrigatória para 20 de novembro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 71/2010,
as microentidades. Sem prejuízo do disposto anterior- de 18 de junho;
mente, as microentidades podem optar pela aplicação i) «Volume de negócios líquido» o montante que resulta
das NCRF ou da NCRF-PE. da venda dos produtos e da prestação de serviços, após
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dedução dos descontos e abatimentos sobre vendas, do bilidade adotadas nos termos do artigo 3.º do Regulamento
imposto sobre o valor acrescentado e de outros impostos (CE) n.º 1606/2002, do Parlamento Europeu e do Conse-
diretamente ligados ao volume de negócios. lho, de 19 de julho de 2002.
2 — As entidades, de entre as referidas no artigo ante-
2 — Para efeitos do disposto no presente decreto-lei, rior, que não sejam abrangidas pelo disposto no número
tratando-se de entidade para a qual o volume de negócios anterior, podem optar por elaborar as respetivas demons-
líquido, tal como definido na alínea i) do número anterior, trações financeiras consolidadas em conformidade com as
não seja por si só significativo da atividade desenvolvida, normas internacionais de contabilidade adotadas nos ter-
o que se presume quando o volume de negócios líquido mos do artigo 3.º do Regulamento (CE) n.º 1606/2002, do
for inferior a 75 % do total dos rendimentos da entidade, Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de julho de 2002,
devem-lhe ser adicionados ainda os rendimentos da enti- desde que as suas demonstrações financeiras sejam objeto
dade provenientes de outras fontes, desde que os mesmos de certificação legal das demonstrações financeiras.
resultem de transações realizadas com terceiros no âmbito 3 — As entidades, de entre as referidas no artigo ante-
da atividade operacional da entidade. rior, que estejam incluídas no âmbito da consolidação de
entidades abrangidas pelo disposto no n.º 1 podem elaborar
Artigo 3.º as respetivas demonstrações financeiras individuais em
conformidade com as normas internacionais de contabi-
Âmbito
lidade adotadas nos termos do artigo 3.º do Regulamento
1 — Sem prejuízo do disposto nos artigos 4.º e 5.º, o (CE) n.º 1606/2002, do Parlamento Europeu e do Conse-
SNC é obrigatoriamente aplicável às seguintes entidades: lho, de 19 de julho de 2002, ficando as suas demonstrações
financeiras sujeitas a certificação legal das demonstrações
a) Entidades abrangidas pelo Código das Sociedades financeiras.
Comerciais; 4 — As entidades, de entre as referidas no artigo ante-
b) Empresas individuais reguladas pelo Código Co- rior, mas que estejam incluídas no âmbito da consolida-
mercial; ção de entidades abrangidas pelo n.º 2, podem optar por
c) Estabelecimentos individuais de responsabilidade elaborar as respetivas demonstrações financeiras indivi-
limitada; duais em conformidade com as normas internacionais de
d) Empresas públicas; contabilidade adotadas nos termos do artigo 3.º do Re-
e) Cooperativas, exceto aquelas cujo ramo específico gulamento (CE) n.º 1606/2002, do Parlamento Europeu
não permita sob qualquer forma, direta ou indireta, a dis- e do Conselho, de 19 de julho de 2002, ficando as suas
tribuição de excedentes, designadamente as cooperativas demonstrações financeiras sujeitas a certificação legal das
de solidariedade social, previstas na alínea m) do n.º 1 do
demonstrações financeiras.
artigo 4.º da Lei n.º 51/96, de 7 de setembro, alterado pelos
5 — A possibilidade referida no n.º 3 é extensível às
Decretos-Leis n.os 343/98, de 6 de novembro, 131/99, de 21
entidades subsidiárias de uma empresa-mãe regida pela
de abril, 108/2001, de 6 de abril, 204/2004, de 19 de agosto,
legislação de um Estado membro da União Europeia cujas
e 76-A/2006, de 29 de março, equiparadas a instituições par-
demonstrações financeiras sejam consolidadas nos termos
ticulares de solidariedade social e, nessa qualidade, regis-
dos artigos 4.º e 5.º do Regulamento (CE) n.º 1606/2002, do
tadas na Direção-Geral da Segurança Social, relativamente
Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de julho de 2002.
às quais a aplicação do SNC opera nos termos da alínea g);
6 — As opções referidas nos n.os 2 a 5 devem ser globais,
f) Agrupamentos complementares de empresas e agru-
mantendo-se por um mínimo de três exercícios.
pamentos europeus de interesse económico;
7 — O período referido no número anterior não se aplica
g) Entidades do setor não lucrativo (ESNL), entendendo-
às entidades que, tendo optado pela aplicação de normas
-se como tal as entidades que prossigam a título princi-
internacionais de contabilidade, passem a estar incluídas no
pal uma atividade sem fins lucrativos e que não possam
âmbito da consolidação de entidades que não as adotem.
distribuir aos seus membros ou contribuintes qualquer
8 — A aplicação das normas internacionais de contabi-
ganho económico ou financeiro direto, designadamente
lidade a que se refere o presente artigo não prejudica que,
associações, fundações e pessoas coletivas públicas de tipo
para além das informações e divulgações inerentes a estas
associativo, devendo a aplicação do SNC a estas entidades
normas, as entidades abrangidas sejam obrigadas a divulgar
sofrer as adaptações decorrentes da sua especificidade.
outras informações previstas na legislação nacional.
2 — (Revogado.)
Artigo 5.º
3 — O disposto nos artigos 6.º a 8.º não prejudica o re-
gime constante do Decreto-Lei n.º 147/94, de 25 de maio, e Competência das entidades de supervisão do setor financeiro
não se aplica às entidades abrangidas pelo n.º 1 do artigo 2.º 1 — Sem prejuízo do disposto no n.º 1 do artigo 4.º, é
do Decreto-Lei n.º 36/92, de 28 de março. da competência:
Artigo 4.º a) Do Banco de Portugal e da Autoridade de Supervisão
de Seguros e Fundos de Pensões a definição do âmbito
Aplicação das normas internacionais de contabilidade
subjetivo de aplicação das normas internacionais de con-
1 — As entidades, de entre as referidas no artigo ante- tabilidade, bem como a definição das normas contabilísti-
rior, cujos valores mobiliários estejam admitidos à nego- cas aplicáveis às demonstrações financeiras consolidadas,
ciação num mercado regulamentado devem, nos termos relativamente às entidades sujeitas à respetiva supervisão;
do artigo 4.º do Regulamento (CE) n.º 1606/2002, do Par- b) Da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários
lamento Europeu e do Conselho, de 19 de julho de 2002, a definição do âmbito subjetivo de aplicação das normas
elaborar as suas demonstrações financeiras consolidadas internacionais de contabilidade relativamente às entidades
em conformidade com as normas internacionais de conta- sujeitas à respetiva supervisão.
Diário da República, 1.ª série — N.º 106 — 2 de junho de 2015 3485

2 — O disposto no presente decreto-lei não prejudica a com as instruções recebidas ou que a posse destas partes
competência do Banco de Portugal e da Autoridade de Su- seja para a entidade detentora uma operação decorrente
pervisão de Seguros e Fundos de Pensões para definir: das suas atividades normais, em matéria de empréstimos,
com a condição de que os direitos de voto sejam exercidos
a) As normas contabilísticas aplicáveis às demonstra-
ções financeiras individuais das entidades sujeitas à res- no interesse do prestador da garantia.
petiva supervisão;
b) Os requisitos prudenciais aplicáveis às entidades 4 — Ainda para os efeitos do disposto nas subalíneas i),
sujeitas à respetiva supervisão. iv) e v) da alínea b) do n.º 1, à totalidade dos direitos de
voto dos titulares do capital da entidade subsidiária devem
Artigo 6.º deduzir-se os direitos de voto relativos às partes de capital
detidas por essa entidade, por uma subsidiária desta ou por
Obrigatoriedade de elaborar demonstrações uma pessoa que atue no seu próprio nome mas por conta
financeiras consolidadas destas entidades.
1 — Qualquer empresa-mãe sujeita ao direito nacional 5 — O disposto na subalínea iv) da alínea b) do n.º 1 não
é obrigada a elaborar demonstrações financeiras conso- é aplicável caso um terceiro tenha, em relação à mesma
lidadas do grupo constituído por ela própria e por todas entidade, os direitos a que se referem as subalíneas i), ii)
as subsidiárias, independentemente do local onde esteja e iii) da mesma alínea do mesmo número.
situada a sede estatutária destas, sobre as quais: 6 — As entidades do setor não lucrativo ficam obrigadas
a elaborar demonstrações financeiras consolidadas nos ter-
a) Independentemente da titularidade do capital, se ve- mos do presente artigo, com as necessárias adaptações.
rifique que, em alternativa: 7 — Para efeitos do disposto no número anterior, a
i) Possa exercer, ou exerça efetivamente, influência existência de controlo entre entidades deve ser analisada
dominante ou controlo; casuisticamente, em função das circunstâncias concretas,
ii) Exerça a gestão como se as duas constituíssem uma tomando por referência a condição de poder e a condição
única entidade; de resultado.

b) Sendo titular de capital, quando ocorra uma das se- Artigo 7.º
guintes situações: Dispensa da elaboração de demonstrações
i) Tenha a maioria dos direitos de voto, exceto se for financeiras consolidadas
demonstrado que esses direitos não conferem o controlo; 1 — Uma empresa-mãe de um pequeno grupo, tal como
ii) Tenha o direito de designar ou de destituir a maioria definido no artigo 9.º-B, fica dispensada de elaborar as
dos titulares do órgão de gestão de uma entidade com demonstrações financeiras consolidadas.
poderes para gerir as políticas financeiras e operacionais 2 — (Revogado.)
dessa entidade; 3 — Não obstante o disposto no n.º 1, é ainda dispen-
iii) Exerça uma influência dominante sobre uma enti- sada da obrigação de elaborar demonstrações financeiras
dade, por força de um contrato celebrado com esta ou de consolidadas qualquer empresa-mãe que seja também uma
uma outra cláusula do contrato social desta; subsidiária, incluindo uma entidade de interesse público,
iv) Detenha pelo menos 20 % dos direitos de voto e a salvo quando esteja abrangida pela alínea a) do artigo 2.º
maioria dos titulares do órgão de gestão de uma entidade do Decreto-Lei n.º 225/2008, de 20 de novembro, alterado
com poderes para gerir as políticas financeiras e operacio- pelo Decreto-Lei n.º 71/2010, de 18 de junho, quando a
nais dessa entidade, que tenham estado em funções durante sua própria empresa-mãe esteja subordinada à legislação
o exercício a que se reportam as demonstrações financeiras de um Estado membro da União Europeia e:
consolidadas, bem como, no exercício precedente e até ao
momento em que estas sejam elaboradas, tenham sido ex- a) Seja titular de todas as partes de capital da entidade
clusivamente designados como consequência do exercício dispensada, não sendo tidas em consideração as partes de
dos seus direitos de voto; capital desta entidade detidas por membro dos seus órgãos
v) Disponha, por si só ou por força de um acordo com de administração, de direção, de gerência ou de fiscaliza-
outros titulares do capital desta entidade, da maioria dos ção, por força de uma obrigação legal ou de cláusulas do
direitos de voto dos titulares do capital da mesma. contrato de sociedade; ou
b) Detenha 90 %, ou mais, das partes de capital da en-
2 — Para efeitos do disposto nas subalíneas i), ii), iv) tidade dispensada da obrigação e os restantes titulares do
e v) da alínea b) do número anterior, aos direitos de voto, capital desta entidade não tenham solicitado a elaboração
de designação e de destituição da empresa-mãe devem ser de demonstrações financeiras consolidadas pelo menos
adicionados os direitos de qualquer outra subsidiária e os seis meses antes do fim do período.
das subsidiárias desta, bem como os de qualquer pessoa
agindo em seu próprio nome, mas por conta da empresa- 4 — A dispensa referida no número anterior depende
-mãe ou de qualquer outra subsidiária. da verificação das seguintes condições:
a) A entidade dispensada, bem como todas as suas subsi-
3 — Para os mesmos efeitos, aos direitos indicados no diárias, serem consolidadas nas demonstrações financeiras
número anterior devem ser deduzidos os direitos relativos: de um conjunto mais vasto de entidades cuja empresa-mãe
a) Às partes de capital detidas por conta de uma entidade esteja sujeita à legislação de um Estado membro da União
que não seja a empresa-mãe ou uma subsidiária; ou Europeia;
b) Às partes de capital detidas como garantia, desde que b) As demonstrações financeiras consolidadas referidas
os direitos em causa sejam exercidos em conformidade na alínea anterior bem como o relatório consolidado de
3486 Diário da República, 1.ª série — N.º 106 — 2 de junho de 2015

gestão do conjunto mais vasto de entidades serem elabo- c) Se trate de um caso em que as informações necessá-
rados pela empresa-mãe deste conjunto e sujeitos a revisão rias para elaborar as demonstrações financeiras consolida-
legal segundo a legislação do Estado membro a que ela das não podem ser obtidas sem custos desproporcionados
esteja sujeita; ou sem demora injustificada.
c) As demonstrações financeiras consolidadas referidas
na alínea a) e o relatório consolidado de gestão referido na 4 — Uma subsidiária não é excluída da consolidação
alínea anterior, bem como o documento de revisão legal pelo simples facto de as suas atividades empresariais se-
dessas contas, serem objeto de publicidade por parte da rem dissemelhantes das atividades das outras entidades
empresa dispensada, em língua portuguesa. do grupo.
5 — O disposto nos números anteriores não se aplica
5 — As dispensas referidas nos números anteriores não quando as demonstrações financeiras consolidadas sejam
se aplicam caso uma das entidades a consolidar seja uma preparadas de acordo com as normas internacionais de
sociedade cujos valores mobiliários tenham sido admitidos contabilidade adotadas pela UE.
ou estejam em processo de vir a ser admitidos à nego- 6 — Nos casos previstos na alínea c) do n.º 3, a enti-
ciação num mercado regulamentado de qualquer Estado dade excluída da consolidação deve estar em condições de
membro da União Europeia ou uma entidade de interesse comprovar os factos aí previstos, bem como a realização de
público. diligências para a obtenção das informações aí referidas
6 — É ainda dispensada de elaborar demonstrações
financeiras consolidadas: Artigo 9.º
a) A empresa-mãe, incluindo uma entidade de interesse Categorias de entidades
público, que apenas possua subsidiárias que não sejam 1 — Consideram-se microentidades aquelas que, de
materialmente relevantes para que as demonstrações fi- entre as referidas no artigo 3.º, à data do balanço, não
nanceiras reflitam verdadeira e apropriadamente a posição ultrapassem dois dos três limites seguintes:
financeira, do desempenho financeiro e dos fluxos de caixa
do conjunto das entidades compreendidas na consolidação, a) Total do balanço: € 350 000;
tanto individualmente quanto no seu conjunto; b) Volume de negócios líquido: € 700 000;
b) A empresa-mãe, incluindo uma entidade de interesse c) Número médio de empregados durante o período: 10.
público, em que todas as suas subsidiárias possam ser
2 — Consideram-se pequenas entidades aquelas que,
excluídas da consolidação por força do artigo 8.º
de entre as referidas no artigo 3.º, excluindo as situações
referidas no número anterior, à data do balanço, não ul-
7 — A entidade mãe do setor não lucrativo fica dispen-
trapassem dois dos três limites seguintes:
sada de elaborar as demonstrações financeiras consolidadas
quando, na data do seu balanço, o conjunto das entidades a) Total do balanço: € 4 000 000;
a consolidar, com base nas suas últimas demonstrações b) Volume de negócios líquido: € 8 000 000;
financeiras individuais aprovadas, não ultrapasse dois dos c) Número médio de empregados durante o período: 50.
três limites referidos no artigo 9.º-B.
8 — À dispensa de elaboração de demonstrações finan- 3 — Consideram-se médias entidades aquelas que, de
ceiras consolidadas pelas entidades do setor não lucrativo entre as referidas no artigo 3.º, excluindo as situações
aplica-se ainda o disposto nos n.os 2 a 6, com as necessárias referidas nos números anteriores, à data do balanço, não
adaptações. ultrapassem dois dos três limites seguintes:
a) Total do balanço: € 20 000 000;
Artigo 8.º b) Volume de negócios líquido: € 40 000 000;
Exclusões da consolidação c) Número médio de empregados durante o período: 250.
1 — Uma entidade pode ser excluída da consolidação 4 — Grandes entidades são as entidades que, à data
quando não seja materialmente relevante para a realização do balanço, ultrapassem dois dos três limites referidos no
do objetivo de as demonstrações financeiras darem uma número anterior.
imagem verdadeira e apropriada da posição financeira, do 5 — Para efeitos do presente decreto-lei, as entidades de
desempenho financeiro e dos fluxos de caixa do conjunto interesse público são consideradas grandes entidades, inde-
das entidades compreendidas na consolidação. pendentemente do respetivo volume de negócios líquido,
2 — Quando duas ou mais entidades estejam nas cir- do total do balanço ou do número médio de empregados
cunstâncias referidas no número anterior, mas sejam, no do período.
seu conjunto, materialmente relevantes para o mesmo ob-
jetivo devem ser incluídas na consolidação. Artigo 9.º-A
3 — Uma entidade pode também ser excluída da con-
solidação sempre que: Forma de apuramento das categorias de entidades

a) Restrições severas e duradouras prejudiquem substan- Os limites previstos no artigo anterior reportam-se ao
cialmente o exercício pela empresa-mãe dos seus direitos período imediatamente anterior, devendo, quando aplicá-
sobre o património ou a gestão dessa entidade; vel, observar-se as seguintes regras:
b) As partes de capital desta entidade tenham sido a) Sempre que em dois períodos consecutivos imediata-
adquiridas exclusivamente tendo em vista a sua cessão mente anteriores sejam ultrapassados dois dos três limites
posterior, e enquanto se mantenham classificadas como enunciados nos n.os 1 a 3 do artigo anterior, as entidades
detidas para venda; deixam de poder ser consideradas na respetiva categoria,
Diário da República, 1.ª série — N.º 106 — 2 de junho de 2015 3487

a partir do terceiro período, inclusive, para efeitos do pre- não lucrativo (NCRF-ESNL), podendo estas entidades
sente decreto-lei; optar pela aplicação do conjunto das normas contabilís-
b) As entidades podem novamente ser consideradas ticas e de relato financeiro compreendidas no SNC, com
nessa categoria, para efeitos do presente decreto-lei, caso as necessárias adaptações, ou pela aplicação das normas
deixem de ultrapassar dois dos três limites enunciados internacionais de contabilidade adotadas nos termos do
para a respetiva categoria nos dois períodos consecutivos artigo 3.º do Regulamento (CE) n.º 1606/2002, do Parla-
imediatamente anteriores. mento Europeu e do Conselho, de 19 de julho de 2002,
desde que observado o disposto no artigo 4.º
Artigo 9.º-B
Pequenos grupos
Artigo 10.º
Dispensa de aplicação
1 — Pequenos grupos são grupos constituídos pela
empresa-mãe e pelas empresas subsidiárias a incluir na 1 — Ficam dispensadas do disposto no artigo 3.º as pes-
consolidação e que, em base consolidada e à data do ba- soas singulares que, exercendo a título individual qualquer
lanço da empresa-mãe, não ultrapassem dois dos três li- atividade comercial, industrial ou agrícola, não realizem
mites seguintes: na média dos últimos três anos um volume de negócios
líquido superior a € 200 000.
a) Total do balanço: € 6 000 000;
2 — Ficam dispensadas do disposto no artigo 3.º as
b) Volume de negócios líquido: € 12 000 000;
entidades do setor não lucrativo cujo volume de negó-
c) Número médio de empregados durante o período: 50.
cios líquido não exceda € 150 000 em nenhum dos dois
períodos anteriores, salvo quando integrem o perímetro
2 — Os limites do total do balanço e do volume de de consolidação de uma entidade que apresente demons-
negócios líquido são majorados em 20 % se: trações financeiras consolidadas ou estejam obrigadas à
a) Os valores contabilísticos das ações ou quotas das apresentação de qualquer das demonstrações financeiras
entidades incluídas na consolidação não forem compen- referidas no n.º 1 do artigo seguinte, por disposição legal
sados pela fração que representam do capital e reservas ou estatutária ou por exigência das entidades públicas
dessas entidades; e financiadoras.
b) Se não forem eliminados das demonstrações financei- 3 — No período do início de atividade, os limites re-
ras consolidadas as dívidas e os créditos entre as entidades, feridos nos números anteriores reportam-se ao valor anua-
os gastos e rendimentos relativos às operações efetuadas lizado estimado.
entre entidades e os resultados de operações efetuadas 4 — As entidades do setor não lucrativo dispensadas da
entre entidades, quando incluídos na quantia escriturada aplicação do SNC, nos termos do disposto nos números
do ativo. anteriores, e que não optem pela sua aplicação ficam obri-
gadas à prestação de contas em regime de caixa.
3 — Os limites previstos no presente artigo operam 5 — Cessa a dispensa a que se referem os n.os 1 e 2
nos termos previstos no artigo anterior, com as devidas quando forem ultrapassados os limites neles referidos,
adaptações. ficando a entidade obrigada a partir do período seguinte,
inclusive, a aplicar o SNC.
Artigo 9.º-C
Artigo 11.º
Pequenas entidades
Demonstrações financeiras
A «norma contabilística e de relato financeiro para pe-
quenas entidades» (NCRF-PE), compreendida no SNC, 1 — As entidades sujeitas ao SNC são obrigadas a apre-
apenas pode ser adotada, em alternativa ao restante nor- sentar as seguintes demonstrações financeiras:
mativo, pelas entidades a que se refere o n.º 2 do artigo 9.º a) Balanço;
b) Demonstração dos resultados por naturezas;
Artigo 9.º-D c) Demonstração das alterações no capital próprio;
Microentidades d) Demonstração dos fluxos de caixa;
e) Anexo.
1 — As entidades a que se refere o n.º 1 do artigo 9.º
devem aplicar a «norma Contabilística para Microentida-
2 — Adicionalmente, pode ser apresentada uma de-
des» (NC-ME), compreendida no SNC.
monstração dos resultados por funções.
2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, as
3 — As entidades a que se referem os n.os 1 e 2 do ar-
entidades aí referidas podem optar pela aplicação das «nor-
tigo 9.º são dispensadas de apresentar a demonstração das
mas Contabilísticas e de Relato Financeiro» (NCRF) ou
alterações no capital próprio e a demonstração dos fluxos
da NCRF-PE, devendo tal opção ser identificada na de-
de caixa, podendo apresentar modelos reduzidos relativa-
claração a que se refere a alínea b) do n.º 1 do artigo 117.º
mente às restantes demonstrações financeiras.
do Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas
4 — As entidades a que se refere o n.º 1 do artigo 9.º
Coletivas.
são dispensadas de apresentar o anexo a que se refere a
alínea e) do n.º 1, desde que, quando aplicável, proce-
Artigo 9.º-E dam à divulgação das seguintes informações no final do
Entidades do setor não lucrativo balanço:
Às entidades do setor não lucrativo aplica-se a Norma a) Montante total dos compromissos financeiros, ga-
contabilística e de relato financeiro para entidades do setor rantias ou ativos e passivos contingentes que não estejam
3488 Diário da República, 1.ª série — N.º 106 — 2 de junho de 2015

incluídos no balanço e uma indicação da natureza e forma d) Pontos de vendas a retalho que, no seu conjunto, não
das garantias reais que tenham sido prestadas e, separada- apresentem, no período de um exercício, vendas superiores
mente, compromissos existentes em matéria de pensões, a € 300 000 nem a 10 % das vendas globais da respetiva
bem como compromissos face a empresas coligadas ou entidade.
associadas;
b) Montante dos adiantamentos e dos créditos con- 5 — Ficam ainda dispensadas do estabelecido no n.º 1
cedidos aos membros dos órgãos de administração, de as entidades nele referidas cuja atividade predominante
direção ou de supervisão, com indicação das taxas de juro, consista na prestação de serviços, considerando-se como
das condições principais e dos montantes eventualmente tais, para efeitos deste artigo, as que apresentem, no período
reembolsados, amortizados ou objeto de renúncia, assim de um exercício, um custo das mercadorias vendidas e das
como os compromissos assumidos em seu nome a título de matérias consumidas que não exceda € 300 000 nem 20 %
garantias de qualquer natureza, com indicação do montante dos respetivos custos operacionais.
global para cada categoria; 6 — As dispensas previstas na alínea d) do n.º 4 e no
c) As informações referidas na alínea d) do n.º 5 do número anterior mantêm-se até ao termo do período se-
artigo 66.º do Código das Sociedades Comerciais, quando guinte àquele em que, respetivamente, as atividades e as
aplicável. entidades neles referidas tenham ultrapassado os limites
que as originaram.
5 — A demonstração a que se refere a alínea c) do n.º 1 7 — Não obstante o disposto no número anterior, podem
não se aplica às entidades do setor não lucrativo, apre- voltar a beneficiar das dispensas previstas na alínea d) do
sentando estas, por opção ou por exigência de entidades n.º 4 e no n.º 5 as atividades e as entidades neles referidas
públicas financiadoras, uma demonstração das alterações em relação às quais deixem de se verificar, durante dois
nos fundos patrimoniais. períodos consecutivos, os requisitos estabelecidos para
6 — As entidades do setor não lucrativo obrigadas à a concessão da dispensa, produzindo efeitos a partir do
apresentação de contas em regime de caixa nos termos do período seguinte ao termo daquele período.
disposto no n.º 4 do artigo anterior divulgam a seguinte
informação: Artigo 13.º
Referências ao Plano Oficial de Contabilidade
a) Pagamentos e recebimentos;
b) Património fixo; Todas as referências ao Plano Oficial de Contabilidade
c) Direitos e compromissos futuros. previstas em anteriores diplomas devem passar a ser en-
tendidas como referências ao SNC.
7 — As entidades públicas financiadoras podem exigir
às entidades do setor não lucrativo outras informações, de- Artigo 14.º
signadamente para efeitos de controlo orçamental, devendo Ilícitos de mera ordenação social
o conteúdo e a extensão da informação exigida restringir-
-se ao estritamente necessário para os efeitos pretendidos 1 — A entidade sujeita ao SNC que não aplique qualquer
com a sua obtenção. das disposições constantes nas normas contabilísticas e
ou de relato financeiro cuja aplicação lhe seja exigível e
Artigo 12.º que distorça com tal prática as demonstrações financeiras
individuais ou consolidadas que seja, por lei, obrigada a
Inventário permanente
apresentar, é punida com coima de € 1500 a € 30 000.
1 — As entidades a que seja aplicável o SNC ou as 2 — A entidade sujeita ao SNC que efetue a supressão
normas internacionais de contabilidade adotadas pela UE de lacunas de modo diverso do aí previsto e que distorça
ficam obrigadas a adotar o sistema de inventário perma- com tal prática as demonstrações financeiras individuais
nente na contabilização dos inventários, nos seguintes ou consolidadas que seja, por lei, obrigada a apresentar, é
termos. punida com coima de € 1500 a € 30 000.
3 — A entidade sujeita ao SNC que não apresente
a) Proceder às contagens físicas dos inventários com qualquer das demonstrações financeiras que seja, por lei,
referência ao final do período, ou, ao longo do período, obrigada a apresentar, é punida com coima de € 1500 a
de forma rotativa, de modo a que cada bem seja contado, € 30 000.
pelo menos, uma vez em cada período; 4 — Caso as infrações referidas nos números anteriores
b) Identificar os bens quanto à sua natureza, quantidade sejam praticadas a título de negligência, as coimas são
e custos unitários e globais, por forma a permitir a veri- reduzidas a metade.
ficação, a todo o momento, da correspondência entre as 5 — Na graduação da coima são tidos em conta os va-
contagens físicas e os respetivos registos contabilísticos. lores dos capitais próprios ou dos fundos patrimoniais e do
total de rendimentos das entidades, os valores associados
2 — A obrigação prevista no número anterior não se à infração e a condição económica dos infratores.
aplica às entidades previstas no n.º 1 do artigo 9.º 6 — A organização do processo e a decisão sobre aplica-
3 — (Revogado.) ção da coima competem ao presidente da Comissão de Nor-
4 — Ficam também dispensadas do estabelecido no malização Contabilística, com possibilidade de delegação.
n.º 1 as entidades nele referidas relativamente às seguintes 7 — O produto das coimas reverte nas seguintes pro-
atividades: porções:
a) Agricultura, produção animal, apicultura e caça; a) 60 % para o Estado;
b) Silvicultura e exploração florestal; b) 40 % para a Comissão de Normalização Contabi-
c) Indústria piscatória e aquicultura; lística.
Diário da República, 1.ª série — N.º 106 — 2 de junho de 2015 3489

8 — Aos ilícitos de mera ordenação social previstos no Norma contabilística e de relato financeiro para entida-
presente decreto-lei é subsidiariamente aplicável o regime des do setor não lucrativo (NCRF-ESNL)
geral do ilícito de mera ordenação social. Norma contabilística para microentidades (NC-ME)
Normas interpretativas (NI)
Artigo 15.º
Norma revogatória
A Estrutura conceptual baseada no anexo 5 das «Obser-
vações relativas a certas disposições do Regulamento (CE)
1 — São revogados: n.º 1606/2002, do Parlamento Europeu e do Conselho,
a) Decreto-Lei n.º 410/89, de 21 de novembro; de 19 de julho», publicado pela Comissão Europeia em
b) Decreto-Lei n.º 238/91, de 2 de julho; novembro de 2003, que enquadra aqueles instrumentos,
c) Decreto-Lei n.º 29/93, de 12 de fevereiro; constitui um documento autónomo a publicar por aviso
d) Decreto-Lei n.º 127/95, de 1 de junho; do membro do Governo com responsabilidade própria ou
e) Decreto-Lei n.º 44/99, de 12 de fevereiro, alterado delegada pela área das finanças, no Diário da República.
pelo Decreto-Lei n.º 79/2003, de 23 de abril; 1.4 — Sempre que o SNC não responda a aspetos parti-
f) Decreto-Lei n.º 88/2004, de 20 de abril; culares de transações ou situações, que se coloquem a dada
g) Os artigos 4.º, 7.º e 11.º a 15.º do Decreto-Lei entidade em matéria de contabilização ou relato financeiro,
n.º 35/2005, de 17 de fevereiro. ou a lacuna em causa seja de tal modo relevante que o seu
não preenchimento impeça o objetivo de ser prestada in-
2 — São revogadas as diretrizes contabilísticas n.os 1 formação que apresente, de forma verdadeira e apropriada,
a 29 emitidas pela Comissão de Normalização Contabi- a posição financeira numa certa data e o desempenho para
lística. o período abrangido, fica desde já estabelecido, tendo em
vista tão somente a superação dessa lacuna, o recurso,
Artigo 16.º supletivamente e pela ordem indicada:

Produção de efeitos
Às normas internacionais de contabilidade (NIC), ado-
tadas ao abrigo do Regulamento (CE) n.º 1606/2002, do
O presente decreto-lei entra em vigor no primeiro exer- Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de julho;
cício que se inicie em ou após 1 de janeiro de 2010. Às normas internacionais de contabilidade (IAS) e nor-
mas internacionais de relato financeiro (IFRS), emitidas
ANEXO
pelo IASB, e respetivas interpretações SIC-IFRIC.
Sistema de Normalização Contabilística
1.5 — A disseminação de ESNL e o importante papel
1 — Apresentação e peso que desempenham na economia justificam que se
1.1 — O novo modelo de normalização contabilística, reforcem as exigências de transparência relativamente
que agora é criado, sucede ao Plano Oficial de Contabili- às atividades que realizam e aos recursos que utilizam,
dade (POC) e é designado por Sistema de Normalização nomeadamente através da obrigação de prestarem infor-
Contabilística (SNC). Este Sistema, à semelhança do POC, mação fidedigna sobre a gestão dos recursos que lhes são
não é de aplicação geral, conforme decorre dos artigos 4.º confiados, bem como sobre os resultados alcançados no
e 5.º do presente decreto-lei. Às microentidades (ME), desenvolvimento das suas atividades.
às pequenas entidades (PE) e às entidades do setor não 1.6 — As ESNL apresentam três características bási-
lucrativo (ESNL) aplica-se o SNC com as especificidades cas distintivas relativamente às entidades com finalidades
constantes do presente decreto-lei, em particular no que lucrativas:
se refere às características próprias das ESNL, conforme a) O seu financiamento pode resultar do seu próprio
explicitado no ponto 1.5 e seguintes. património ou de recursos atribuídos por pessoas singulares
1.2 — Trata-se de um modelo de normalização assente ou coletivas. Em caso algum os recursos atribuídos estão
mais em princípios do que em regras explícitas e que se sujeitos ou condicionados a contraprestações derivadas da
pretende em sintonia com as normas internacionais de obtenção de benefícios por parte da entidade;
contabilidade emitidas pelo International Accounting Stan-
b) Respondem a finalidades de interesse geral que trans-
dards Board (IASB) e adotadas na União Europeia (UE),
cendem a atividade produtiva e a venda de produtos ou
bem como coerente com a Diretiva n.º 2013/34/UE, do
prestação de serviços, o que se traduz numa interpretação
Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de junho de 2013
não económica do conceito «benefício»;
(Diretiva Contabilística), que constituem os principais
c) Ausência de títulos de propriedade-controlo que
instrumentos de harmonização no domínio contabilístico
possam ser comprados, cedidos, trocados ou de que se
na UE.
espere algum tipo de contraprestação económica no caso
1.3 — O SNC, que assimila a transposição da Diretiva
de a entidade cessar as suas atividades e ser objeto de
Contabilística da UE, é composto pelos seguintes instru-
liquidação;
mentos:
d) Acresce que estas entidades contam, com frequência,
Bases para a apresentação de demonstrações financeiras com o trabalho de voluntários, sem que, por esse facto,
(BADF) surja qualquer relação laboral entre eles e a entidade.
Modelos de demonstrações financeiras (MDF)
Códigos de contas (CC) 1.7 — Nas ESNL, os utilizadores da informação fi-
Normas contabilísticas e de relato financeiro (NCRF) nanceira são as entidades que entregam recursos (quotas,
Norma contabilística e de relato financeiro para peque- legados, donativos), os credores, as pessoas que realizam
nas entidades (NCRF-PE) prestações gratuitas (assistência ou trabalhos de volunta-
3490 Diário da República, 1.ª série — N.º 106 — 2 de junho de 2015

riado), o Governo e a Administração Pública entre outros. f) Outras alterações no capital próprio ou nos fundos
Nesta conformidade: patrimoniais; e
g) Fluxos de caixa.
a) Os doadores/financiadores/associados pretendem
conhecer o grau de cumprimento dos objetivos desen-
2.1.4 — Um conjunto completo de demonstrações fi-
volvidos;
nanceiras inclui:
b) Os credores pretendem obter informação acerca da
capacidade da entidade solver os seus compromissos; a) Um balanço;
c) Os membros das ESNL pretendem conhecer o modo b) Uma demonstração dos resultados;
como os donativos e outros fundos são aplicados nas ati- c) Uma demonstração das alterações no capital pró-
vidades; prio;
d) Os voluntários pretendem conhecer os resultados da d) Uma demonstração dos fluxos de caixa; e
sua dedicação, bem como os programas realizados e as e) Um anexo em que se divulguem as bases de prepa-
necessidades de recursos; ração e políticas contabilísticas adotadas e outras divul-
e) O Estado, na medida em que proporciona os recursos gações.
para a atividade de diversas entidades do setor não lucra-
tivo, tem necessidade de controlar os fluxos/meios que 2.1.5 — As demonstrações financeiras devem apresentar
permitam cumprir os fins sem diminuir o património; apropriadamente a posição financeira, o desempenho finan-
f) O público em geral, de entre os quais cumpre referir os ceiro e os fluxos de caixa de uma entidade. A apresentação
contribuintes, grupos de interesse ou pressão, associações apropriada exige a representação fidedigna dos efeitos das
de defesa do consumidor e todos os interessados, direta ou transações, outros acontecimentos e condições, de acordo
indiretamente, no futuro da atividade da ESNL. Este grupo com as definições e critérios de reconhecimento para ati-
deve ter a possibilidade de avaliar o contributo da entidade vos, passivos, rendimentos e gastos estabelecidos na estru-
no seu bem-estar ou no desenvolvimento económico do tura conceptual. Presume-se que a aplicação adequada das
setor em que se insere. normas contabilísticas, com divulgação adicional quando
necessária, resulta em demonstrações financeiras que al-
2 — Bases para a apresentação de demonstrações fi- cançam uma apresentação apropriada.
nanceiras (BADF) 2.1.6 — Na generalidade das circunstâncias, uma apre-
2.1 — Âmbito, finalidade e componentes sentação apropriada é conseguida pela conformidade com
2.1.1 — As BADF de finalidades gerais estabelecem os as normas contabilísticas aplicáveis. Uma apresentação
requisitos globais que permitem assegurar a comparabili- apropriada também exige que uma entidade:
dade quer com as demonstrações financeiras de períodos
a) Selecione e adote políticas contabilísticas de acordo
anteriores da mesma entidade quer com as demonstrações
com a norma contabilística aplicável;
financeiras de outras entidades. O reconhecimento, a men-
b) Apresente a informação, incluindo as políticas con-
suração, a divulgação e aspetos particulares de apresenta-
tabilísticas adotadas de uma forma que proporcione a dis-
ção de transações específicas e outros acontecimentos são
ponibilização de informação relevante, fiável, comparável
tratados, consoante os casos, nas NCRF, na NCRF-PE, na
e compreensível;
NCRF-ESNL ou na NC-ME.
c) Proporcione divulgações adicionais quando o cum-
2.1.2 — As demonstrações financeiras de finalidades
primento dos requisitos específicos contidos nas normas
gerais são as que se destinam a satisfazer as necessidades
contabilísticas possa ser insuficiente para permitir a sua
de utentes que não estejam em posição de exigir relatórios
compreensão pelos utentes.
elaborados especificamente para ir ao encontro das suas
necessidades particulares de informação. As demonstra-
ções financeiras de finalidades gerais incluem as que são 2.1.7 — As políticas contabilísticas inapropriadas não
apresentadas isoladamente ou incluídas num outro docu- deixam de o ser pelo facto de serem divulgadas ou assu-
mento para o público, tal como um relatório anual ou um midas, em notas ou material explicativo.
prospeto. 2.1.8 — A informação acerca dos fluxos de caixa de
2.1.3 — As demonstrações financeiras são uma re- uma entidade, quando usada juntamente com as restantes
presentação estruturada da posição financeira e do de- demonstrações financeiras, é útil ao proporcionar aos uten-
sempenho financeiro de uma entidade. O objetivo das tes das mesmas uma base para determinar a capacidade da
entidade para gerar dinheiro e equivalentes e determinar as
demonstrações financeiras de finalidades gerais é o de
necessidades da entidade de utilizar esses fluxos de caixa.
proporcionar informação acerca da posição financeira,
As decisões económicas que sejam tomadas pelos utentes
do desempenho financeiro e dos fluxos de caixa de uma
exigem uma avaliação da capacidade de uma entidade de
entidade que seja útil a uma vasta gama de utentes na
gerar dinheiro e seus equivalentes e a tempestividade e
tomada de decisões económicas. As demonstrações fi-
certeza da sua geração.
nanceiras também mostram os resultados da condução
2.2 — Continuidade:
por parte do órgão de gestão dos recursos a ele con-
2.2.1 — Aquando da preparação de demonstrações fi-
fiados. Para satisfazer este objetivo, as demonstrações
nanceiras, o órgão de gestão deve fazer uma avaliação da
financeiras proporcionam informação de uma entidade
capacidade da entidade de prosseguir encarando-a como
acerca do seguinte:
uma entidade em continuidade. As demonstrações finan-
a) Ativos; ceiras devem ser preparadas no pressuposto da entidade
b) Passivos; em continuidade, a menos que o órgão de gestão pretenda
c) Capital próprio ou fundos patrimoniais; liquidar a entidade ou cessar de negociar, ou não tenha
d) Rendimentos (réditos e ganhos); alternativa realista a não ser adotar uma dessas alternati-
e) Gastos (gastos e perdas); vas, ou ainda, no caso das ESNL existam circunstâncias
Diário da República, 1.ª série — N.º 106 — 2 de junho de 2015 3491

anormais em que se deva considerar um horizonte temporal reclassifica a sua informação comparativa de acordo com
para a entidade, caso em que no anexo se indica tal facto, o referido no ponto 2.7. Informação comparativa.
assim como os critérios utilizados na elaboração da infor- 2.5 — Materialidade e agregação:
mação financeira. No entanto, nas ESNL, este princípio 2.5.1 — Cada classe material de itens semelhantes deve
não corresponde a um conceito económico ou financeiro ser apresentada separadamente nas demonstrações finan-
puro, mas antes à manutenção da atividade de prestação ceiras. Os itens de natureza ou função dissemelhante de-
de serviços ou à capacidade da entidade cumprir os fins vem ser apresentados separadamente, a menos que sejam
propostos. O órgão de gestão deve, em geral, divulgar imateriais. Considera-se que as omissões ou declarações
as incertezas materiais relacionadas com acontecimentos incorretas de itens são materiais se podem, individual ou
ou condições que possam lançar dúvidas significativas coletivamente, influenciar as decisões económicas dos
acerca da capacidade da entidade em prosseguir como utentes tomadas com base nas demonstrações financei-
uma entidade em continuidade. Quando as demonstrações ras. A materialidade depende da dimensão e da natureza
financeiras não sejam preparadas no pressuposto da con- da omissão ou erro, ajuizados nas circunstâncias que os
tinuidade, esse facto deve ser divulgado, juntamente com rodeiam. A dimensão ou a natureza do item, ou uma com-
os fundamentos pelos quais as demonstrações financeiras binação de ambas, pode ser o fator determinante.
foram preparadas e a razão por que a entidade não é con- 2.5.2 — As demonstrações financeiras resultam do pro-
siderada como estando em continuidade. cessamento de grandes números de transações ou outros
2.2.2 — Ao avaliar se o pressuposto da entidade em acontecimentos que são agregados em classes de acordo
continuidade é apropriado, o órgão de gestão toma em com a sua natureza ou função. A fase final do processo
consideração toda a informação disponível sobre o futuro, de agregação e classificação é a apresentação de dados
que é considerado pelo menos, mas sem limitação, doze condensados e classificados que formam linhas de itens
meses a partir da data do balanço. O grau de consideração na face do balanço, na demonstração dos resultados, na
depende dos factos de cada caso. Quando uma entidade demonstração de alterações no capital próprio ou fundos
tiver uma história de operações lucrativas e acesso pronto patrimoniais e na demonstração de fluxos de caixa ou
a recursos financeiros, pode concluir-se, sem necessidade no anexo. Se uma linha de item não for individualmente
de uma análise pormenorizada, que a base de contabilidade material, ela é agregada a outros itens seja na face dessas
de entidade em continuidade é apropriada. Noutros casos, demonstrações seja nas notas do anexo. Um item que não
o órgão de gestão pode necessitar de considerar um vasto seja suficientemente material para justificar a sua apresen-
leque de fatores relacionados com a rentabilidade corrente e tação separada na face dessas demonstrações pode, porém,
esperada, com esquemas de reembolso de dívidas e poten- ser suficientemente material para que seja apresentado
ciais fontes de financiamentos de substituição, para poder separadamente nas notas do anexo.
preencher de forma apropriada o pressuposto da entidade 2.5.3 — Aplicar o conceito de materialidade significa
em continuidade. que um requisito específico de apresentação ou divulgação,
2.3 — Regime de acréscimo (periodização económica): decorrente de uma norma contabilística, não necessita
2.3.1 — Uma entidade deve preparar as suas demons- de ser satisfeito se a informação não for materialmente
trações financeiras, exceto para informação de fluxos de relevante.
caixa, utilizando o regime contabilístico de acréscimo 2.6 — Compensação
(periodização económica). 2.6.1 — Os ativos e passivos, e os rendimentos e gastos,
2.3.2 — Ao ser usado o regime contabilístico de acrés- são mensurados separadamente e não devem ser compen-
cimo (periodização económica), os itens são reconhecidos sados exceto quando tal for exigido ou permitido por uma
como ativos, passivos, capital próprio ou fundos patrimo- norma contabilística.
niais, rendimentos e gastos quando satisfaçam as definições 2.6.2 — É importante que os ativos e passivos, e os rendi-
e os critérios de reconhecimento para esses elementos mentos e gastos, sejam separadamente relatados. A compen-
contidos na estrutura conceptual. sação quer na demonstração dos resultados quer no balanço,
2.4 — Consistência de apresentação: exceto quando a mesma reflita a substância da transação ou
2.4.1 — A apresentação e a classificação de itens nas outro acontecimento, prejudica a capacidade dos utentes
demonstrações financeiras deve ser mantida de um período em compreender as transações, outros acontecimentos e
para outro, a menos que: condições que tenham ocorrido e de avaliar os futuros fluxos
de caixa da entidade. A mensuração de ativos líquidos de
a) Seja percetível, após uma alteração significativa na
deduções de valorização, por exemplo, deduções de obso-
natureza das operações da entidade ou uma revisão das
lescência nos inventários e deduções de dívidas duvidosas
respetivas demonstrações financeiras, que outra apre-
nas contas a receber, não é considerada uma compensação.
sentação ou classificação é mais apropriada, tendo em
2.6.3 — O rédito deve ser mensurado tomando em con-
consideração os critérios para a seleção e aplicação de
sideração a quantia de quaisquer descontos comerciais e
políticas contabilísticas contidas nas normas contabilísticas
abatimentos de volume concedidos pela entidade. Uma
aplicáveis; ou
entidade empreende, no decurso das suas atividades or-
b) Uma norma contabilística estabeleça uma alteração
dinárias, outras transações que não geram rédito mas que
na apresentação.
são inerentes às principais atividades que o geram. Os
resultados de tais transações são apresentados, quando
2.4.2 — Uma entidade deve alterar a apresentação das
esta apresentação reflita a substância da transação ou outro
suas demonstrações financeiras apenas se a apresentação
acontecimento, compensando qualquer rendimento com
alterada proporcionar informação fiável e mais relevante
os gastos relacionados resultantes da mesma transação.
para os utentes das demonstrações financeiras e se for
Por exemplo:
provável que a estrutura revista continue a ser adotada,
de modo a que a comparabilidade não seja prejudicada. a) Os ganhos e perdas na alienação de ativos não cor-
Ao efetuar tais alterações na apresentação, uma entidade rentes, incluindo investimentos e ativos operacionais, são
3492 Diário da República, 1.ª série — N.º 106 — 2 de junho de 2015

relatados, deduzindo ao produto da alienação a quantia 2.8 — Mensuração:


escriturada do ativo e os gastos de venda relacionados; e 2.8.1 — As rubricas reconhecidas nas demonstrações fi-
b) Os dispêndios relacionados com uma provisão reco- nanceiras são mensuradas ao custo de aquisição ou ao custo
nhecida de acordo com a norma contabilística respetiva e de produção, tal como explicitado nos pontos seguintes,
reembolsada segundo um acordo contratual com terceiros exceto se uma NCRF dispuser diferentemente.
(por exemplo, um acordo de garantia de um fornecedor) 2.8.2 — Considera-se custo de aquisição o preço a pagar
podem ser compensados com o reembolso relacionado. e as despesas acessórias, uma vez deduzidas as reduções
acessórias.
2.6.4 — Adicionalmente, os ganhos e perdas prove- 2.8.3 — Considera-se custo de produção o custo de
nientes de um grupo de transações semelhantes são rela- aquisição das matérias-primas e dos consumíveis, os custos
tados numa base líquida, por exemplo, ganhos e perdas de diretamente atribuíveis ao produto em questão, bem como
diferenças cambiais ou ganhos e perdas provenientes de os custos gerais fixos e variáveis indiretamente atribuíveis
instrumentos financeiros detidos para negociação. Estes aos produtos em questão, na medida em que digam respeito
ganhos e perdas são, contudo, relatados separadamente se ao período de produção. Não são incluídos no custo de
forem materiais. produção os custos de distribuição.
2.7 — Informação comparativa: 2.8.4 — Consideram-se ajustamentos de valor os ajus-
2.7.1 — O balanço de abertura de um período corres- tamentos destinados a ter em conta a alteração, definitiva
ponde ao balanço de encerramento do período anterior. A ou não, da quantia pela qual os elementos do ativo se
menos que uma norma contabilística o permita ou exija de encontrem mensurados à data do balanço.
outra forma, deve ser divulgada informação comparativa 3 — Modelos de Demonstrações Financeiras:
com respeito ao período anterior para todas as quantias 3.1 — São publicados através de portaria do membro
relatadas nas demonstrações financeiras. A informação do Governo responsável pela área das finanças, com a
comparativa deve ser incluída para a informação narrativa faculdade de delegar, os modelos para as demonstrações fi-
e descritiva quando for relevante para uma compreensão nanceiras referidas no artigo 11.º do presente decreto-lei.
das demonstrações financeiras do período corrente. 3.2 — Os referidos modelos obedecem, em particular,
2.7.2 — Em alguns casos, a informação narrativa pro- ao disposto no ponto 2, podendo, também, ser utilizados
porcionada nas demonstrações financeiras relativa(s) ao(s) pelas entidades que se encontrem obrigadas ou tenham
período(s) anterior(es) continua a ser relevante no período usado a opção de aplicar as normas internacionais de conta-
corrente. Por exemplo, os pormenores de uma disputa le- bilidade adotadas na UE, nos termos do Regulamento (CE)
gal, cujo desfecho era incerto à data do último balanço e n.º 1606/2002, do Parlamento Europeu e do Conselho, de
esteja ainda para ser resolvida, são divulgados no período 19 de julho de 2002.
corrente. Os utentes beneficiam da informação de que a 3.3 — (Revogado.)
incerteza existia à data do último balanço e da informa- 4 — Códigos de contas (CC)
ção acerca das medidas adotadas durante o período para 4.1 — É publicado através de portaria do membro
resolver a incerteza. do Governo responsável pela área das finanças, com a
2.7.3 — Quando a apresentação e classificação de itens faculdade de delegar, o Código de Contas de utilização
nas demonstrações financeiras sejam emendadas, as quantias generalizada, o Código de Contas específico das ESNL
comparativas devem ser reclassificadas, a menos que seja e o Código de Contas específico das microentidades, que
impraticável. Considera-se que a aplicação de um requisito se pretende sejam documentos não exaustivos, contendo
é impraticável quando a entidade não o possa aplicar depois no essencial:
de ter feito todos os esforços razoáveis para o conseguir. a) O quadro síntese de contas;
2.7.4 — Quando as quantias comparativas sejam reclas- b) O código de contas (lista codificada de contas); e
sificadas, uma entidade deve divulgar: c) Notas de enquadramento.
a) A natureza da reclassificação;
b) A quantia de cada item ou classe de itens que tenha 4.2 — O CC de utilização generalizada pode ser uti-
sido reclassificada; e lizado pelas entidades que se encontrem obrigadas ou
c) A razão para a reclassificação. tenham a opção de aplicar as normas internacionais de
contabilidade adotadas na UE, nos termos do Regulamento
2.7.5 — Quando for impraticável reclassificar quantias (CE) n.º 1606/2002, do Parlamento Europeu e do Conse-
comparativas, uma entidade deve divulgar: lho, de 19 de julho de 2002.
4.3 — No CC para as ESNL, a lista codificada de contas
a) A razão para não as reclassificar, e e as notas de enquadramento apenas incluem as especi-
b) A natureza dos ajustamentos que teriam sido feitos ficidades inerentes a essas entidades. O CC, com as es-
se as quantias tivessem sido reclassificadas. pecificidades relativas às ESNL, pode ser utilizado pelas
entidades, de entre estas, que se encontrem obrigadas ou
2.7.6 — Aperfeiçoar a comparabilidade de informação tenham a opção de aplicar as normas internacionais de
interperíodos ajuda os utentes a tomar decisões económi- contabilidade adotadas na UE, nos termos do Regulamento
cas, sobretudo porque lhes permite avaliar as tendências (CE) n.º 1606/2002, do Parlamento Europeu e do Conse-
na informação financeira para finalidades de previsão. Em lho, de 19 de julho de 2002.
algumas circunstâncias, torna-se impraticável reclassificar 5 — Normas contabilísticas e de relato financeiro
informação comparativa para um período em particular (NCRF):
para conseguir comparabilidade com o período corrente. 5.1 — As NCRF constituem uma adaptação das normas
Por exemplo, podem não ter sido coligidos dados no(s) internacionais de contabilidade, adotadas na UE, tendo em
período(s) anterior(es) de modo a permitir a reclassificação conta o tecido empresarial português e o facto de algumas
e, por isso, pode não ser praticável recriar a informação. entidades se encontrarem obrigadas ou terem a opção de
Diário da República, 1.ª série — N.º 106 — 2 de junho de 2015 3493

aplicar as citadas normas internacionais, nos termos do 7 — Norma Contabilística para Microentidades (NC-
Regulamento (CE) n.º 1606/2002, do Parlamento Europeu e -ME)
do Conselho, de 19 de julho de 2002. Acolhem, igualmente, 7.1 — Esta norma é de aplicação obrigatória para as
e no contexto das opções dadas aos Estados membros, microentidades. Sem prejuízo do disposto anteriormente,
as disposições constantes da Diretiva n.º 2013/34/UE, do as microentidades podem optar pela aplicação das NCRF
Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de junho de ou da NCRF-PE.
2013. Assim, o conjunto das NCRF pode não contem- A NC-ME estabelece os aspetos de reconhecimento e
plar algumas normas internacionais e as NCRF podem mensuração tidos como requisitos contabilísticos simpli-
dispensar a aplicação de determinados procedimentos e ficados aplicáveis às referidas entidades.
divulgações exigidos nas correspondentes normas inter- 7.2 — A NC-ME é proposta pela CNC e publicada atra-
nacionais, embora garantindo, no essencial, os critérios de vés de aviso no Diário da República, depois de homolo-
reconhecimento e de mensuração contidos nestas normas. gada pelo membro do Governo responsável pela área das
5.2 — As NCRF são propostas pela CNC e publica- finanças, com a faculdade de delegar.
das através de avisos no Diário da República, depois de 8 — Normas interpretativas (NI):
homologadas pelo membro do Governo responsável pela 8.1 — Sempre que as circunstâncias o justifiquem e para
área das finanças, com a faculdade de delegar, sendo de esclarecimento e, ou para orientação sobre o conteúdo dos
aplicação obrigatória a partir da data de entrada em vigor restantes instrumentos que integram o SNC serão produ-
indicada em cada uma delas. zidas normas interpretativas (NI).
6 — Norma Contabilística e de Relato Financeiro para 8.2 — As NI são propostas pela CNC e publicadas atra-
Pequenas Entidades e Norma Contabilística e de Relato vés de aviso no Diário da República, depois de homolo-
Financeiro para Entidades do Setor Não Lucrativo gadas pelo membro do Governo responsável pela área das
6.1 — Para as entidades que cumpram os requisitos finanças, com a faculdade de delegar, sendo de aplicação
previstos no n.º 2 do artigo 9.º do presente decreto-lei e obrigatória a partir da data de entrada em vigor indicada
para as entidades referidas nas alíneas e) e g) do n.º 1 do em cada uma delas.
artigo 3.º do mesmo diploma, são propostas pela CNC e
publicada através de aviso no Diário da República, depois Decreto-Lei n.º 99/2015
de homologada pelo membro do Governo responsável pela
área das finanças, com a faculdade de delegar, respetiva- de 2 de junho
mente, a «Norma Contabilística e de Relato Financeiro A Lei dos Compromissos e dos Pagamentos em Atraso
para Pequenas Entidades» (NCRF-PE) e a «Norma Con- foi aprovada pela Lei n.º 8/2012, de 21 de fevereiro, alte-
tabilística e de Relato Financeiro para Entidades do Setor rada pelas Leis n.os 20/2012, de 14 de maio, 64/2012, de 20
Não Lucrativo» (NCRF-ESNL). Estas normas são de apli- de dezembro, 66-B/2012, de 31 de dezembro, e 22/2015,
cação obrigatória para as entidades que, de entre aquelas, de 17 de março (LCPA), e regulamentada pelo Decreto-
não optem pela aplicação do conjunto das NCRF, com as -Lei n.º 127/2012, de 21 de junho, alterado pelas Leis
necessárias adaptações, no caso das entidades do setor não n.os 64/2012, de 20 de dezembro, e 66-B/2012, de 31 de
lucrativo, ou das normas internacionais de contabilidade dezembro, quanto aos procedimentos necessários à sua
adotadas nos termos do artigo 3.º do Regulamento (CE) implementação.
n.º 1606/2002, do Parlamento Europeu e do Conselho, O objetivo central da LCPA foi o de evitar a acumulação
de 19 de julho de 2002. Quando uma entidade optar pela de pagamentos em atraso nos organismos das Administrações
aplicação do conjunto das NCRF, deve utilizar os modelos Públicas, ao estabelecer que a execução orçamental não pode
de demonstrações financeiras previstos para as entidades conduzir, em momento algum, ao aumento dos pagamentos
sujeitas ao conjunto das NCRF, com as necessárias adap- em atraso, sob pena de reduzir os fundos disponíveis, atra-
tações, no caso das entidades do setor não lucrativo. vés da diminuição da receita que neles pode ser incluída.
6.2 — A NCRF-PE e a NCRF-ESNL condensam os Decorridos dois anos da vigência da LCPA foi criado
principais aspetos de reconhecimento e mensuração, extraí- um Grupo de Trabalho (GT), com a finalidade de proce-
dos das NCRF, tidos como os requisitos mínimos aplicáveis der à avaliação dos impactos decorrentes da aplicação da
às referidas entidades. LCPA, nomeadamente, no que se refere à identificação de
6.3 — Sempre que a NCRF-PE ou a NCRF-ESNL não oportunidades de melhoria.
respondam a aspetos particulares de transações ou situa- Considerando as recomendações efetuadas pelo GT
ções, que se coloquem a dada entidade em matéria de procede-se à alteração do Decreto-Lei n.º 127/2012, de 21
contabilização ou relato financeiro, ou a lacuna em causa de junho, alterado pelas Leis n.os 64/2012, de 20 de dezem-
seja de tal modo relevante que o seu não preenchimento bro, e 66-B/2012, de 31 de dezembro, nomeadamente, no
impeça o objetivo de ser prestada informação que, de forma sentido de clarificar o conceito de compromisso plurianual
verdadeira e apropriada, traduza a posição financeira numa de forma a englobar, também, neste conceito os compro-
certa data e o desempenho para o período abrangido, fica missos que são assumidos num ano, gerando obrigação de
desde já estabelecido, tendo em vista tão somente a su-
pagamento no ano ou anos seguintes, de incluir os ativos
peração dessa lacuna, o recurso, supletivamente e pela
e passivos financeiros no conceito de fundos disponíveis,
ordem indicada:
e de aumentar o montante e o prazo para a assunção dos
Às NCRF e NI; encargos relativos a despesas urgentes e inadiáveis.
Às NIC, adotadas ao abrigo do Regulamento (CE) Foram ouvidos os órgãos de governo próprio da Região
n.º 1606/02 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 Autónoma dos Açores.
de julho de 2002; Foi promovida a audição dos órgãos de governo próprio
Às normas internacionais de contabilidade (IAS) e nor- da Região Autónoma da Madeira, da Associação Nacional
mas internacionais de relato financeiro (IFRS), emitidas de Municípios Portugueses e da Associação Nacional de
pelo IASB, e respetivas interpretações SIC-IFRIC. Freguesias.

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