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ID: 79096766 15-02-2019 Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 1

ANA ALVES
Consultora da Ordem dos Contabilistas
Certificados
comunicacao@occ.pt

Depreciação de viatura – valor residual


Têm surgido algumas dúvidas prática contabilística. c) 37 500 mil euros
no que se refere à dedutibilidade Deverão estar definidas as relativamente a veículos
fiscal do valor das depreciações condições e valores de aceitação de movidos a gases de
de viaturas reconhecidas uma perspetiva fiscal para que, após petróleo liquefeito ou gás
contabilisticamente, quando o valor a determinação pela entidade do natural veicular;
residual estimado represente na valor a depreciar em cada período d) 25 mil euros relativamente
contabilidade das empresas valores de tributação, se possa avaliar se há às restantes viaturas não
por vezes mais elevados do que o correções que devam ser efetuadas abrangidas nas alíneas
custo de aquisição depreciável para para apuramento do resultado anteriores.
efeitos fiscais. fiscal. Pelo que não são fiscalmente
A depreciação de um bem, como Desta forma, têm surgido algumas dedutíveis as depreciações das
por exemplo de uma viatura dúvidas quanto à dedutibilidade viaturas ligeiras de passageiros ou
ligeira de passageiros, consiste fiscal do valor das depreciações mistas na parte correspondente ao
na imputação aos resultados do reconhecidas contabilisticamente, custo de aquisição que excede os
período da quantia depreciável relativas a viaturas ligeiras de limites referidos.
desse ativo fixo tangível ao passageiros, quando o valor residual Caso seja estimado um valor
longo da sua vida útil, conforme estimado pela empresa representa residual para a viatura, o mesmo
decorre das definições previstas na valores elevados, ou mesmo será deduzido ao custo de aquisição
Norma Contabilística e de Relato superiores ao custo de aquisição para efeitos de determinação da
Financeiro (NCRF) n.º 7 - Ativos depreciável para efeitos fiscais. depreciação contabilística e fiscal.
fixos tangíveis. Assim, está definido o seguinte no Estando o custo de aquisição
Na prática, essa quantia depreciável âmbito dos limites estabelecidos em limitado aos montantes referidos,
corresponde à diferença entre o Portaria (2), para as viaturas ligeiras o valor residual a deduzir àquele
valor de aquisição do ativo e o seu de passageiros ou mistas adquiridas: valor deve ser o que corresponde
valor residual estimado, sendo este • No período de tributação à proporção entre o valor residual
último a quantia que a empresa iniciado em 1 de janeiro de estimado pela empresa e o custo de
espera obter com a alienação de tal 2010, o custo de aquisição aquisição da viatura.
ativo no final da sua vida útil. aceite para efeitos fiscais não Assim, na determinação da
No caso das viaturas ligeiras de poderá ser superior a 40 mil depreciação fiscal, ao custo de
passageiros, é possível efetuar euros. aquisição da viatura considerando
uma estimativa fiável do seu valor • No período de tributação que os limites referidos deduz-se o valor
residual, devido à existência de um se inicie em 1 de janeiro de residual, na proporção que o valor
mercado ativo para esse tipo de 2011, o custo de aquisição residual estimado pela entidade
bens. aceite para efeitos fiscais não representa no custo de aquisição
A vida útil de um item do ativo fixo poderá ser superior e passa a da viatura, aplicando-se de seguida
tangível corresponde ao período ser de: a taxa de depreciação prevista em
ao longo do qual se espera que a a) 45 mil euros relativamente termos fiscais.
empresa use esse ativo. a veículos movidos Por exemplo, para uma viatura
Desta forma, as depreciações dos exclusivamente a energia adquirida após 2015, com período
itens do ativos fixo tangível são elétrica; de vida útil de quatro anos, sendo
contabilizadas, em cada período, b) 30 mil euros relativamente o custo de aquisição da viatura
no valor correspondente à sua às restantes viaturas não 80 mil euros, e o valor residual
utilização, numa base sistemática abrangidas na alínea a). estimado pela entidade 40 mil
durante a sua vida útil, sendo • Nos períodos de tributação euros, teremos:
possível utilizar um sistema de que se iniciem em 1 de janeiro Quantia depreciável (contabilística)
duodécimos na sua contabilização de 2012, o custo de aquisição = 80.000J- 40.000J = 40.000J
para demonstrar de uma forma mais aceite para efeitos fiscais não Depreciação contabilística anual =
equilibrada, ao longo do período, poderá ser superior e passa a 40.000/4 = 10.000J
a data em que esse ativo começa ser de: Proporção do valor residual
efetivamente a gerar benefícios para a) 50 mil euros relativamente estimado no custo de aquisição:
a empresa. a veículos movidos 40.000J /80.000J = 50%
exclusivamente a energia Custo de aquisição aceite para
Dedutibilidade fiscal do valor elétrica; efeitos fiscais (definido em
das depreciações b) 25 mil euros relativamente portaria): 25.000J
às restantes viaturas não Valor residual ajustado:
As depreciações devem cessar abrangidas na alínea a). 50%*25.000J = 12.500J
no momento em que o bem for Nos períodos de tributação que se Valor depreciável =
desreconhecido (por alienação, iniciem em 1 de janeiro de 2015, o cus- 25.000J-12.500J= 12.500J
abate, etc.) ou quando for to de aquisição aceite para efeitos fiscais Depreciação anual (fiscal) =
classificado como ativo não não poderá ser superior e passa a ser de: 12.500J*25%= 3.125J
corrente detido para venda. a) 62 500 mil euros Neste exemplo, haverá correção
Em termos fiscais, estão definidos relativamente a veículos fiscal a efetuar, pois o valor
limites (1) para a dedução dessas movidos exclusivamente a da depreciação considerado
depreciações em cada período energia elétrica; contabilisticamente é superior
económico, no entanto, esses b) 50 mil euros relativamente a ao valor da depreciação aceite
limites não devem condicionar a veículos híbridos plug-in; fiscalmente.

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