Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3
1 ASPECTOS HISTÓRICOS DO DIREITO COLETIVO DO TRABALHO ........ 4
Prezado aluno,
Bons estudos!
1 ASPECTOS HISTÓRICOS DO DIREITO COLETIVO DO TRABALHO
4
Nos séculos XIV e XV as crises provenientes da incompatibilidade de
convivência do feudalismo com o desenvolvimento comercial e urbano aceleraram
definitivamente a decadência do feudalismo, que não mais atendia às necessidades
da época, confirmando a ascensão definitiva de uma nova ordem socioeconômica na
Europa, que encerrou a idade média.
Entre os séculos XV ao XVIII (Idade Moderna), predominou o capitalismo
comercial. A importância do desenvolvimento comercial e a capitalização constituiriam
a base sobre a qual se desenvolveria o capitalismo industrial.
No fim da Idade Moderna, ocorreu uma série de movimentos revolucionários,
entre os que se destaca a independência dos Estados Unidos (1776, elaborada a
primeira Constituição Norte-Americana em 1787), Revolução Industrial (1760-1850) e
Revolução Francesa (1789). Fatos que abrem o período como a “era das revoluções”
(1789-1848).
A Revolução Francesa representou a queda do Absolutismo, logo na sua
primeira fase, aprovaram-se a abolição dos privilégios feudais e da Igreja, numa
tentativa de restabelecer a ordem, e a Declaração dos Direitos dos Homens e do
Cidadão, estabelecendo: a igualdade de todos perante a lei; o direito à propriedade
privada e de resistência à opressão.
Com a Revolução Francesa, extinguiu-se as corporações, inclusive se tornaram
proibidas, pois constituíam óbice à liberdade do homem. Sendo assim, o sindicalismo
surgiu por meio da extinção das corporações de ofício medievais.
A partir da segunda metade do século XVIII, principalmente por conta do
acúmulo de capitais nas transações comerciais, inicia-se o processo conhecido como
a Revolução Industrial na Inglaterra, com a mecanização industrial operando
significativas transformações em quase todos os setores da vida humana.
Com relação a estrutura socioeconômica, ocorreu a separação definitiva entre
o capital, representado pelos donos dos meios de produção, e o trabalho,
representado pelos assalariados, eliminando-se a antiga organização corporativa da
produção, utilizada pelos artesãos. O trabalhador perdia a posse das ferramentas e
máquinas, passando a viver da sua força de trabalho, explorada ao máximo.
Submetidos a remuneração, condições de trabalho e de vida subumanas, em
oposição ao enriquecimento e força dos proprietários, os trabalhadores associaram-
se em organizações trabalhistas como as trade unions e surgiram ideias e teorias
5
preocupadas com o quadro social da nova ordem industrial. Estabeleceu-se, um
conflito de interesses entre a burguesia e o proletariado.
O trade-unionismo, foi um movimento sindicalista da Inglaterra (1720),
originado nas associações de trabalhadores, em Londres, que tinham como escopo
reivindicações de cunho salarial e de limitações de jornada de trabalho. Era a
resistência dos trabalhadores ao liberalismo econômico.
Foi Robert Owen quem lançou as sementes do Direito do Trabalho, ao
implantar medidas de proteção ao trabalho na sua fábrica de tecidos em New Lamark
na Escócia e difundiu suas ideias no livro A new view of society (1813) e propôs no
Congresso de Aix-la--Chapelle a celebração de um tratado internacional limitando a
jornada de trabalho (1818). As associações dos trabalhadores eram proibidas, e até
que a legislação reconhecesse sua legalidade ela passou por algumas fases segundo
a doutrina.
A primeira foi “a fase de proibição de associação dos trabalhadores, foi
marcada pelo repúdio às corporações de ofícios da Idade Média e da Idade Moderna
e as teorias liberais da economia. Em vários países a associação de trabalhadores foi
considerada como delito. ” (JORGE NETO; CAVALCANTE 2019. p. 1554).
A segunda, conhecida como “a fase de tolerância, passou-se a admitir os
movimentos sindicais, sem, contudo, o reconhecimento legal. Os sindicatos eram
entidades de fato e não jurídicas. A coalização de trabalhadores e de empregadores
deixou de ser um crime, apesar de não ter sido reconhecida como um direito. “
(JORGE NETO; CAVALCANTE, 2019. p. 1555).
Por fim, a fase de reconhecimento:
7
Com a redemocratização do país em abril de 1945, por influência do Partido
Comunista Brasileiro (PCB), funda-se o Movimento Unificado dos Trabalhadores
(MUT), com 300 dirigentes sindicais de 13 estados da Federação.
Em 1949, realiza-se o 1º Congresso Brasileiro dos Trabalhadores. Alguns anos
depois (1953), foi formado o Pacto de Unidade Intersindical (PUI). O Ministro do
Trabalho, Almino Afonso, do governo João Goulart, baixou a Portaria 125, de
3/4/1963, legitimando a Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT).
As décadas de 60 e 70 são marcadas pelas inúmeras intervenções do Regime
Militar no movimento sindical.
O ressurgimento dos sindicatos aconteceu em Contagem, em abril de 1968,
quando os trabalhadores suspenderam o trabalho reivindicando reposição salarial à
revelia da Entidade Sindical que negou qualquer envolvimento com a greve e pediu
sua suspensão.
A Constituição Federal de 1988 prevê o livre direito de instituição de associação
para fins lícitos: foi previsto no art. 5º, XVII, sendo vedada a de caráter paramilitar, e
a interferência estatal em seu funcionamento, a qual somente poderá ser extinta por
decisão judicial transitada em julgado. Também foi prevista a liberdade de filiação à
associação, sendo que ninguém será compelido a associar-se ou a permanecer
associado (art. 5º, XX).
Com pequenas modificações, a estrutura sindical existente se manteve até a
CF/88 (arts. 10 a 12), a qual dispôs sobre: o direito de organização sindical e a
liberdade sindical; o sistema confederativo (sindicato, federações e confederações);
unicidade sindical, observando a base territorial; menor base territorial coincide com a
do município; livre administração do sindicato, sendo vedada a interferência do
Estado; contribuição confederativa fixada por assembleia; liberdade de filiação e
desfiliação; unificação do modelo sindical urbano, rural e de colônias de pescadores;
possibilidade de participação dos aposentados; garantias do exercício da atividade
sindical.
Com a Lei 13.467/17, a CLT sofreu uma série de alterações no campo do Direito
Individual do Trabalho, com alterações e inovações legais prejudiciais aos
trabalhadores, além da fixação da prevalência do negociado em relação ao modelo
legal, ao fixar no art. 611- A que a convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho
têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre: pacto quanto à
8
jornada de trabalho, observados os limites constitucionais; banco de horas anual;
intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de 30 minutos para jornada superior
a 6 horas; adesão ao Programa Seguro-Emprego (PSE); plano de cargos, salários e
funções compatíveis com a condição pessoal do empregado, bem como identificação
dos cargos que se enquadram como funções de confiança; regulamento empresarial;
representante dos trabalhadores no local de trabalho; teletrabalho, regime de
sobreaviso, e trabalho intermitente; remuneração por produtividade, incluídas as
gorjetas percebidas pelo empregado, e remuneração por desempenho individual;
modalidade de registro de jornada de trabalho; troca do dia de feriado; enquadramento
do grau de insalubridade e prorrogação de jornada em locais insalubres, incluída a
possibilidade de contratação de perícia, afastada a licença prévia das autoridades
competentes do Ministério do Trabalho, desde que respeitadas, na integralidade, as
normas de saúde, higiene e segurança do trabalho previstas em lei ou em normas
regulamentadoras do Ministério do Trabalho; prêmios de incentivo em bens ou
serviços, eventualmente concedidos em programas de incentivo; participação nos
lucros ou resultados da empresa. Os direitos suprafixados estão vinculados a três
elementos naturais do contrato de trabalho, como negócio jurídico, a saber: função;
jornada de trabalho e remuneração, logo, por uma interpretação literal, com base no
art. 611, caput, CLT, o instrumento normativo pode dispor de forma prejudicial ao que
estiver previsto na norma legal, em detrimento dos direitos sociais (art. 7º, caput, CF).
Por um prisma teleológico, a finalidade constitucional da negociação coletiva
(art. 7º, XXVI) é obtenção de outros direitos, os quais visem à melhoria das condições
sociais dos trabalhadores, logo, é inadmissível a valorização da negociação como
mecanismo legal de limitação ou supressão de direitos. Por outro lado, dentro do
espírito liberal da Reforma Trabalhista, o legislador fixou outras regras prejudiciais aos
trabalhadores (art. 611-A, §§ 1º a 5º).
9
etc., que determinam o conteúdo concreto dessas normas. No plano formal, as fontes
do Direito Coletivo do Trabalho são: os atos internacionais; a Constituição Federal; as
leis; os pactos sociais; a convenção coletiva e o acordo coletivo; as decisões
normativas; a jurisprudência. (ROMAR, 2018).
2.2 Denominação
10
inerente ao Direito do Trabalho. Toda essa dubiedade compromete o próprio
uso e funcionalidade da presente expressão. ” (DELGADO, 2019. p.1533)
2.3 Definição
2.4 Conteúdo
11
arbitragem, jurisdição coletiva, dissídio coletivo, sentença normativa etc.) e à
paralisação coletiva do trabalho (greve e locaute). (MARTINEZ, 2020. p. 1498-1499)
Delgado (2019) aduz que todo sistema consiste em um conjunto de partes
coordenadas, que se articulam organicamente formando um todo unitário.
O Direito Individual do Trabalho tem na relação empregatícia, individualmente
considerada (empregado e empregador), sua categoria básica. A partir dela
constroem-se os institutos, princípios e regras essenciais desse ramo jurídico
especializado, demarcando suas características próprias perante os demais ramos
jurídicos correlatos.
Já o Direito Coletivo Laboral tem nas relações grupais, coletivas, entre
empregados e empregadores, sua categoria básica, seu ponto diferenciador. Tais
relações formaram-se na história do capitalismo a partir do associacionismo sindical
obreiro, desde o século XIX. Passando a agir por meio de entidades associativas,
grupais, os empregados ganharam caráter de ser coletivo, podendo se contrapor com
maior força e eficiência político-profissionais ao ser coletivo empresarial. A ideia de
sujeito coletivo, ser coletivo, derivada das relações grupais estabelecidas nesse
segmento justrabalhista, integra-se à categoria básica acima especificada.
O conteúdo do Direito Coletivo do Trabalho é, pois, dado pelos princípios,
regras e institutos que regem a existência e desenvolvimento das entidades coletivas
trabalhistas, inclusive suas inter-relações, além das regras jurídicas trabalhistas
criadas em decorrência de tais vínculos. São os princípios e normas reguladores dos
sindicatos, da negociação coletiva, da greve, do dissídio coletivo, da mediação e
arbitragem coletivas, ao lado dos dispositivos criados pela negociação coletiva e
dissídios coletivos, por exemplo.
É claro que estas últimas regras, criadas pela própria dinâmica juscoletiva
(negociação coletiva e sentença normativa, principalmente), irão se dirigir à regulação
dos contratos individuais de trabalho submetidos à representação das respectivas
entidades associativas; nessa medida, passarão a se integrar, sem dúvida, ao Direito
Individual do Trabalho. Por tal razão é que se mostra tênue, efetivamente, a linha de
separação entre os dois segmentos jus trabalhistas, individual e coletivo.
2.5 Funções
12
A função do direito, como instrumento de regulação, não é outra senão a de
permitir a realização de fins sociais que não seriam atingidos a não ser mediante sua
intercessão. Esses fins sociais, porém, variam na medida em que mudam o tempo, a
cultura e a sociedade, mas de modo geral coincidem com a ideia de promoção do bem
comum. Partindo dessas concepções básicas, é possível afirmar que o direito sindical
e coletivo do trabalho tem a função essencial de empreender a melhoria da condição
social da classe trabalhadora. Essa é a razão substancial do direito do trabalho e,
certamente, o motivo predominante da existência do ramo sindical e coletivo. Para ser
funcional, o direito ora em exame deve criar padrões mais elevados do que os mínimos
garantidos por lei. É certo que dessa função essencial decorrem outras
consequências, destacando-se, pela importância, as funções de produção de fontes
normativas, de pacificação de conflitos coletivos, de distribuição de riquezas e, por
fim, de adequação dos sujeitos das relações de trabalho às particularidades regionais
ou históricas. (MARTINEZ, 2020).
13
A principiologia aplicável às relações coletivas de trabalho, como mandamento
básico, enfocará o princípio da liberdade sindical. Além dele, há os princípios
decorrentes do exercício da atividade sindical, inicialmente os princípios aplicáveis às
relações coletivas de trabalho e, também se faz importante, os princípios relacionados
aos instrumentos coletivos negociados.
14
profissão e em relação à empresa. c) Liberdade em face do Estado: diz
respeito a liberdades que englobem independência dos sindicatos; a
superação de conflito com a ação sindical e a integração dos sindicatos no
Estado. (MARTINEZ, Apud GOMES; GOTTSCHALK, 2020. p. 1502).
Martinez (2020) explica que o sistema citado trata dos limites para o exercício
da ação sindical e reflete com clareza as relações existentes entre as definições de
vontade, de liberdade e de autonomia.
Nesse sistema, a vontade que constitui máxima expressão, seria a impressão
consciente, percebida após a superação de um conflito interno de valores, capaz de
gerar uma percepção e/ou uma ação.
A liberdade, por sua vez, seria o resultado prático do exercício dessa vontade,
podendo ser entendida em acepção negativa ou positiva. Se tratando de liberdade
negativa, consiste no direito te fazer tudo que as leis permitem, também se define
como a situação em que um sujeito tem a possibilidade de agir sem ser impedido ou
de não agir sem ser obrigado a isso por outros sujeitos. Sobre a liberdade positiva,
também denominada como autodeterminação ou autonomia, entende-se como a
situação em que um sujeito tem a possibilidade de orientar a própria vontade em
direção a um objetivo e de tomar decisões sem ser determinado pela vontade de
outras pessoas.
A autonomia, terceiro conceito interligado, é, portanto, entendida como
extensão da liberdade e assimilada, consoante muitas vezes expendido, como a
capacidade oferecida pela norma fundamental da sociedade aos indivíduos e às
coletividades (leia-se no caso específico: sindicatos) para deliberar acerca da norma
que os regerá numa situação concreta. É, portanto, o exercício da liberdade positiva.
A palavra “autonomia” indica, desse modo, a conquista de liberdade por parte de quem
a pode receber. Ressalte-se que o Estado, “árbitro supremo das liberdades de
indivíduos e grupos intermediários”, na justa expressão de Gomes e Gottschalk, é
aquele que, em regra, define até que ponto o particular pode ser considerado livre e,
por isso, apto à organização própria e à autodeterminação. Vejamos também uma
breve abordagem acerca da convenção nº 87 da OIT:
15
seus estatutos. Nesse conceito de liberdade sindical se incluem variáveis
relacionadas à liberdade de trabalhar, à liberdade de filiar-se, à liberdade de
organizar-se e de administrar-se e à liberdade de atuar em nome dos
representados. Observe-se, ainda, que a Convenção n. 87 da OIT pugna pelo
direito, oferecido a trabalhadores e empregadores, de “redigir seus estatutos
e regulamentos administrativos, bem como o de eleger livremente seus
representantes, o de organizar sua administração e suas atividades e o de
formular seu programa de ação”. Inclua-se nesse contexto o direito de
constituição de federações e de confederações e de afiliação dessas
entidades a organizações internacionais. Destaca-se, por fim, no contexto da
mencionada convenção, que as autoridades públicas devem abster-se de
toda intervenção que tenda a limitar os direitos acima expendidos ou debilitar
seu exercício legal, notadamente no instante de aquisição da necessária
personalidade jurídica. Igualmente, sustenta-se que as associações sindicais
não podem ser dissolvidas por via administrativa. (MARTINEZ, 2020. p.1506-
1507).
17
Pelo princípio da criatividade jurídica da negociação coletiva, os entes coletivos
podem, ao lado das normas estatais, criar normas jurídicas pela materialização da
negociação coletiva (acordo coletivo, convenção coletiva e contrato coletivo de
trabalho), a qual é reconhecida pelo Estado (art. 7º, XXVI, CF). (JORGE NETO;
CAVALCANTE, 2019).
18
4 SINDICATO
Acerca dos sindicatos, “eles surgem com finalidade a obtenção da melhoria das
condições de trabalho. As conquistas dos trabalhadores são alcançadas por meio de
negociações coletivas intermediadas ou deflagradas pelos respectivos sindicatos.
Sindicatos são entidades associativas permanentes, que representam,
respectivamente, trabalhadores, lato sensu, e empregadores, visando à defesa de
seus correspondentes interesses coletivos. “ (CASSAR, 2018. p. 266).
A legislação brasileira traz a definição de sindicato no texto do artigo 511, caput
da CLT: “É lícita a associação para fins de estudo, defesa e coordenação dos seus
interesses econômicos ou profissionais de todos os que, como empregadores,
empregados, agentes ou trabalhadores autônomos ou profissionais liberais exerçam,
respectivamente, a mesma atividade ou profissão ou atividades ou profissões
similares ou conexas. ” (BRASIL, 1943).
Dando seguimento a introdução sobre o sindicato é importante tratar de sua
natureza jurídica, Jorge Neto; Cavalcante (2019) aduz que vários eram os enfoques
dados à natureza jurídica do sindicato, principalmente, quando se verificavam os
requisitos para a aquisição da personalidade jurídica. Destaca--se: aqueles que o
consideravam como pessoa jurídica de Direito Privado; pessoas de Direito Privado
que exercem atribuições de interesse público; pessoa jurídica de Direito Público; e
pessoa jurídica de Direito Social.
Atualmente, o sindicato é visto como pessoa jurídica de Direito Privado. Não há
mais interferência do Estado (art. 8º, I, CF). A associação é livre (art. 5º, XX, art. 8º).
Possui uma estrutura associativa.
19
sindical individual deve ser complementada pelo reconhecimento por parte do Estado
de uma autonomia ou independência do sindicato em si.
A liberdade sindical influencia diretamente na espontaneidade de organização
sindical, tanto no que tange à sua estrutura, como ao seu funcionamento e atuação.
“No conceito organização sindical estão abrangidas as liberdades de:
constituição de sindicatos (direito de criar sindicatos sem a necessidade de
autorização do Poder Público); regulamentação (direito de elaborar seus próprios
estatutos e regulamentos); administração (direito de organização de sua
administração interna e de suas atividades, e de formular seu programa de ação). “
(ROMAR, 2018. p. 907).
Com relação a sistema de organização brasileiro, está preservado o sistema
confederativo da organização sindical na Constituição Federal de 1988 brasileira,
mantém-se sua estrutura básica prevista na CLT nos artigos 511 a 539, desde 1930
há a permissão legal da criação de entidades sindicais as quais suas formas são
fixadas também pelo legislador, e que são sindicatos, federações e confederações,
hierarquicamente dispostas.
A organização sindical brasileira é constituída de um sistema confederativo,
que possui como característica a autonomia relativa diante do Estado, a
representação por categoria e por profissão, a unicidade e a bilateralidade do
agrupamento.
A consequência gerada por esse sistema é de configurar pirâmides sindicais
por categoria, sob a forma de uma hierarquia, tendo suporte nos sindicatos, acima dos
quais constituíram-se as federações e, sobre estas, por sua vez, as confederações,
articulando-se, entre si, esses órgãos, mas cabendo aos sindicatos, pela sua
proximidade direta com os trabalhadores, o papel mais atuante.
As centrais sindicais ganharam reconhecimento formal como entidades de
representação geral dos trabalhadores através da Lei n. 11.648/2008. Diante disso,
as centrais sindicais se tornaram integrantes da estrutura sindical brasileira, criando
no ápice da pirâmide um sistema de pluralidade, em oposição ao sistema de unicidade
da base. (ROMAR, 2018).
20
A constituição em seu art. 8º, manteve a organização sindical em forma de
pirâmide, em sua base há a presença dos sindicatos, onde efetivamente acontecem
os conflitos e as negociações, na parte superior da pirâmide se faz presente as
federações e confederações.
Não há qualquer hierarquia entre sindicato e federação ou entre federação e
confederação, essas entidades sindicais agrupam-se apenas para melhor
coordenarem seus interesses.
Insta salientar que a atuação representativa das associações sindicais de grau
superior é meramente supletiva, residual, visto que apenas mediante a inexistência
de sindicato se atribui à federação e, sucessivamente, à confederação a capacidade
de representar os integrantes da categoria. Vejam-se, nesse sentido, os dispositivos
constantes do § 2º do art. 611 da CLT, da primeira parte do § 1º do art. 617 do mesmo
diploma legal e do parágrafo único do art. 857 da CLT.
Sobre as atuações de caráter exclusivo, é importante destacar a legitimação
das confederações sindicais para propor a ação direta de inconstitucionalidade e a
ação declaratória de constitucionalidade, conforme a previsão legal do artigo 103, IX,
da CF/88.
As federações se tratam de entidades sindicais constituídas através da união
voluntária de um número mínimo cinco sindicatos, essa formação é apenas facultativa.
(MARTINEZ, 2020).
Vejamos a redação do artigo 534 da CLT: “é facultado aos sindicatos, quando
em número não inferior a cinco, desde que representem a maioria absoluta de um
grupo de atividades ou de profissões idênticas, similares ou conexas, organizarem-se
em federação. “ (BRASIL, 1943).
Insta salientar a observação de Martinez (2020) as federações são, em regra,
formadas dentro de cada Estado federado, nada impedindo, entretanto, sua
constituição em nível interestadual ou nacional, desde que, a teor do art. 8º, II, do texto
constitucional, se respeite a unicidade sindical.
Se tratando das confederações, elas são entidades sindicais de cúpula,
formadas pela união voluntária de, no mínimo, três federações, e com sede na Capital
da República.
Segundo o modelo celetista, as confederações são organizadas por ramo de
atividade profissional ou econômica. Os dispositivos insertos nos §§ 1º, 2º e 3º do art.
21
535 da CLT chegam ao ponto de delimitar quais seriam as confederações possíveis,
mas essas regras não foram recepcionadas pelo texto constitucional, consoante a
firme jurisprudência do STF.
22
os sindicatos representam a categoria independentemente de mandato
outorgado pelos interessados, já que a lei lhe concedeu tal poder.
Categoria profissional abrange todos os trabalhadores que trabalhem
para um mesmo empregador ou para uma mesma atividade econômica, em face
da semelhança de suas condições de vida. Em face do paralelismo sindical para
cada sindicato de categoria econômica haverá um correspondente sindicato,
paralelo, da categoria profissional. Assim, o sindicato dos estabelecimentos
bancários representa a categoria econômica, enquanto o sindicato dos
bancários, a categoria profissional (indústria x industriário; comércio x
comerciário; petróleo x petroleiros; metalúrgica x metalúrgicos; banco x bancário
etc.).
A categoria profissional diferenciada foge do natural paralelismo sindical,
causando uma assimetria na regra geral, para atingir apenas os empregados
que tenham sindicatos que os reúnam por profissão, ofício ou função, levando
em conta as peculiaridades de cada uma. A convenção coletiva só atingirá a
categoria diferenciada se o sindicato que a representa tiver participado, já que o
negócio jurídico só faz lei entre as partes convenentes – Súmula 374 do TST.
Os profissionais liberais fazem parte da categoria diferenciada, já que
além de muitos terem estatuto legal regulamentando a profissão (advogados,
médicos, engenheiros etc.), também têm sindicato próprio.
Havendo desdobramento de categorias profissionais, as novas categorias
serão representadas por outro sindicato, que elaborará novas normas coletivas.
Neste caso, o empregador pode deixar de aplicar a antiga norma, aguardar a
nova, para aplicá-la, uma vez que as normas só obrigam as partes convenentes
ou acordantes. Há quem se posicione de forma diversa, advogando que nesses
casos deve-se aplicar a norma coletiva vigente na época do desdobramento até
o final de sua vigência e só depois de findo o prazo de sua expiração e havendo
nova norma coletiva, o novo instrumento será aplicado. (CASSAR, 2018).
23
trabalhadores que possuem como atribuições e prerrogativas a coordenação da
representação dos trabalhadores através de organizações sindicais a elas filiadas e
participação de negociações em fóruns, colegiados de órgãos públicos e espaços de
diálogo social que detém a composição tripartite, nos quais estejam em discussão
assuntos de interesse geral dos trabalhadores.
Martinez (2020) aduz que as centrais sindicais são, na verdade, redes de
organizações sindicais operárias, não sendo propriamente entidades sindicais. Por
esse motivo, nada obsta à pluralidade dessas redes, sendo absolutamente
constitucional a regra inserta no § 1º do art. 3º da Lei n. 11.648/2008 no que diz
respeito à previsão de coexistência de mais de uma central sindical. A doutrina ainda
explica:
Note-se que a vedação constante do art. 8º, II, da Constituição de 1988 não
se aplica à entidade associativa ora em análise. Diz-se isso porque, nos
termos do mencionado dispositivo constitucional, veda-se apenas “a criação
de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de
categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial”, e não a
criação de mais de uma rede de organizações sindicais.
Outro aspecto que se deve observar diz respeito à inexistência, no
ordenamento jurídico brasileiro, de centrais sindicais compostas de
organizações patronais. A lei aqui apreciada restringe o direito de criação de
centrais sindicais unicamente de representação geral de trabalhadores,
independentemente da categoria de que façam parte.
Para participar de negociações em fóruns, colegiados de órgãos públicos e
demais espaços de diálogo social, a central sindical deverá cumprir os
seguintes requisitos cumulativos: I — filiação de no mínimo cem sindicatos
distribuídos nas cinco regiões do País; II — filiação em pelo menos três
regiões do País de, no mínimo, vinte sindicatos em cada uma; III — filiação
de sindicatos em, no mínimo, cinco setores de atividade econômica; e IV —
filiação de sindicatos que representem, no mínimo, sete por cento do total de
empregados sindicalizados em âmbito nacional. No tocante a esse requisito
é importante anotar que, por força do parágrafo único do art. 2º da Lei n.
11.648/2008, até 31-3-2010 o percentual era de cinco por cento do total de
empregados sindicalizados em âmbito nacional. (MARTINEZ, 2020. p. 1594-
1595).
4.6 Custeio
25
contribuição sindical, contribuição confederativa, contribuição assistencial e
mensalidade dos associados. (ROMAR, 2018).
26
correspondente a 30% do maior valor de referência fixado pelo Poder Executivo.
(ROMAR, 2018).
O artigo 589 trata do destino da contribuição sindical, façamos sua leitura:
29
ao desconto correspondente à referida contribuição na folha de pagamento de seus
empregados, desde que por eles expressamente autorizado (art. 545, CLT).
Inobstante a previsão do art. 545, CLT, no sentido de que o desconto do salário
do empregado das contribuições, em favor do sindicato, somente pode ser feito desde
que haja a devida autorização do empregado, sempre houve discussão a respeito do
tema, sendo que o TST tem considerado inválida a cobrança da contribuição
assistencial de quem não seja sindicalizado (OJ SDC 17, TST, e PN 119, TST), sob o
fundamento de que, ainda que referida contribuição tenha sido autorizada por
assembleia geral, sua cobrança dos não sindicalizados ofende os princípios da
liberdade de associação e de sindicalização, insculpidos nos arts. 5º, XX, e 8º, V, da
Constituição da República.
Destaca-se, porém, que a despeito do entendimento do TST, não se trata de
matéria pacífica na doutrina, existindo autores que, sob o fundamento de que a
negociação coletiva favorece a todos os integrantes da categoria, independentemente
se serem sindicalizados ou não, razão pela qual “torna-se proporcional, equânime e
justo (além de manifestamente legal: texto expresso do art. 513, e, da CLT) que esses
trabalhadores também contribuam para a dinâmica da negociação coletiva trabalhista,
mediante a cota de solidariedade estabelecida no instrumento coletivo negociado”.
Reforçando, porém, a impossibilidade de qualquer cobrança ou desconto de
contribuições, o art. 611-B, XXVI, CLT, prevê que constitui objeto ilícito de convenção
coletiva ou acordo coletivo de trabalho previsão contrária ao direito de não sofrer, sem
sua expressa e prévia anuência, qualquer cobrança ou desconto salarial. (ROMAR,
2018).
30
5 CONFLITOS COLETIVOS DE TRABALHO E SUAS PRINCIPAIS FORMAS DE
SOLUÇÃO
32
É importante diferenciar os conceitos de negociação coletiva (um “meio”) e de
instrumento coletivo negociado (um “fim”), pois a negociação se trata do procedimento
que objetiva ao entendimento, e não propriamente este. Porém, depois de excessivo
diálogo, as partes não chegarem a um consenso, não se poderá dizer que houve
desperdício de tempo em infrutíferas tentativas de aproximação entre os contendores,
porque os momentos vividos entre eles ajudaram, de algum modo, a criação de uma
ambiência favorável para novos diálogos. O que não se admite no âmbito laboral é a
recusa de tentar a negociação coletiva, constituindo tal ato um comportamento de
natureza antissindical. (MARTINEZ, 2020. P. 1618).
5.1.4 Espécies
34
trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais
de trabalho.
A segunda espécie é o acordo coletivo de trabalho, se trata do negócio jurídico
de caráter normativo, por meio do qual o sindicato representativo da categoria
profissional e uma ou mais empresas da correspondente categoria econômica
estipulam condições de trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa ou das empresas
acordantes às respectivas relações de trabalho.
Importante observar acerca da legitimação para negociar, é originariamente do
sindicato. Apenas em caráter residual e supletivo, diante de categorias inorganizadas
em sindicatos, a federação ou a confederação assume essa qualidade, conforme
regra constante do § 2º do art. 611 da CLT 663.
Possui relevância também o aspecto de que não há uma hierarquia entre
acordo e convenção coletiva de trabalho, por isso se escolhe simplesmente pela
aplicação daquela que seja mais favorável ao operário, ressalvado, quando algum
desses instrumentos contiver disposição in pejus nas hipóteses previstas no art. 7º,
VI, XIII e XIV, da Constituição. Essas ponderações não produziam os efeitos
pretendidos e se tornavam sem sentido as disposições insertas no art. 620 da CLT
com redação dada pelo Decreto-Lei n. 229, de 28-2-1967. Observa-se que nem
sempre havia prevalência das condições estabelecidas em convenção coletiva,
mesmo quando mais favoráveis, sobre as estipuladas em acordo coletivo. Para chegar
a essa conclusão basta pensarmos em uma situação de um grupo de trabalhadores,
regidos por convenção coletiva, e por conta de uma crise econômica, tem por meio do
sindicato que eles compõem a negociação do acordo coletivo com a empresa onde
trabalham para reduzir coletivamente seus salários. Pergunta-se: esse acordo, apesar
de malfazejo, não prevaleceria diante da convenção coletiva? A resposta é
evidentemente positiva. Enfim, apesar de ser explicitamente desfavorável ao
mencionado grupo de trabalhadores, esse acordo coletivo valerá porque seu conteúdo
está inserto entre as situações excepcionais previstas nos incisos VI, XIII e XIV do art.
7º do texto constitucional.
A Lei n. 13.467/2017 no meio dessa discussão, resolveu dar ao acordo coletivo
de trabalho uma posição hierarquicamente mais elevada do que a da convenção
coletiva de trabalho em qualquer situação. Vejamos a redação da norma prevista na
CLT:
35
“ Art. 620. As condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho sempre
prevalecerão sobre as estipuladas em convenção coletiva de trabalho. (Redação dada
pela Lei nº 13.467, de 2017).” (BRASIL, 1943).
Perceba-se que, em qualquer situação ou circunstância, as condições
estabelecidas em acordo coletivo de trabalho sempre prevalecerão sobre as
estipuladas em convenção coletiva, ainda quando este último instrumento coletivo
negociado ofereça um direito mais vantajoso do que o contido no acordo. Isso ocorrerá
por conta da aplicação do princípio da presunção de legitimação dos atos negociais
da entidade sindical operária. Por meio dele se presume que a entidade sindical
obreira, para alcançar determinada vantagem mais valiosa, abriu mão na construção
do acordo coletivo de outra vantagem anteriormente conquistada por via negocial
coletiva sem expressamente explicitar as contrapartidas recíprocas. Esse ato de
apenas aparente rendição do acordo coletivo em face da convenção coletiva deve ser
entendido como conduta contemporizadora, capaz de assimilar um novo corpo
normativo (negocial coletivo) no qual, de modo conglobado, estejam presentes mais
vantagens do que desvantagens. Nesse contexto é bom lembrar que o § 2º do art.
611-A da CLT deixa evidente sobre inexistência de expressa indicação dessas
contrapartidas recíprocas não enseja nulidade por não caracterizar um vício do
negócio jurídico. (MARTINEZ, 2020).
5.1.5 Características
36
Também são aptos a produzir efeitos in pejus. Dentre as fórmulas de
solução dos conflitos de interesse, apenas a negociação coletiva pode produzir
efeitos in pejus na vida laboral dos operários. Somente os próprios sujeitos
coletivos saberão avaliar o momento de dar um passo atrás para evitar o mal
pior, que é o desemprego. Assim, apenas os instrumentos coletivos negociados
podem materializar ajustes capazes de aviltar os dois mais importantes
conteúdos dos contratos individuais de emprego: o sistema de prestação
(duração do trabalho) e de contraprestação (salários).
Por fim, são prevalecentes em relação ao conteúdo do contrato individual
de emprego. De acordo com o disposto no art. 619 da CLT, “nenhuma
disposição de contrato individual de trabalho que contrarie normas de
Convenção ou Acordo Coletivo de Trabalho poderá prevalecer na execução do
mesmo, sendo considerada nula de pleno direito”. Isso significa que, em
matéria de interesses coletivos em sentido lato, prevalecerá, sempre, o
disposto em convenção ou em acordo coletivo de trabalho. A título de
ilustração, imagine-se a situação de um empregado que, isoladamente, não
concorda com uma alteração contratual que estabeleceu um regime de
compensação de jornadas, invocando em seu favor as disposições de seu
contrato individual de emprego. Apesar de sua insurreição pessoal, a alteração
do horário de trabalho será entendida como válida, porque arrimada na exceção
contida no art. 7º, XIII, da Constituição da República. (MARTINEZ, 2020).
37
O § 3º do artigo 614 da CLT, possui nova redação dada pela Lei nº 13.467/2017,
“§ 3o não será permitido estipular duração de convenção coletiva ou acordo coletivo
de trabalho superior a dois anos, sendo vedada a ultratividade. (Redação dada pela
Lei nº 13.467, de 2017). ” (BRASIL, 1943)
5.2 Conciliação
38
5.3 Mediação
39
de mediação também no âmbito da Justiça do Trabalho, quando, nos processos de
dissídio coletivo, é realizada uma fase de conciliação.
Comparando as formas de solução dos conflitos coletivos, Amauri Mascaro
Nascimento afirma que a mediação é mais do que conciliação, porque permite uma
perspectiva maior de iniciativas, mas é menos do que arbitragem, porque não autoriza
atos decisórios nem investe o mediador para tanto. (ROMAR, 2018).
5.4 Arbitragem
40
Nos contratos individuais de trabalho cuja remuneração seja superior a duas
vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de
Previdência Social, poderá ser pactuada cláusula compromissória de arbitragem,
desde que por iniciativa do empregado ou mediante sua concordância expressa, nos
termos previstos na Lei n. 9.307/96 (art. 507-A, CLT). (ROMAR, 2018).
Sempre houve uma busca pela solução dos conflitos coletivos econômicos
através do Poder Judiciário, em razão da intervenção do Poder Público nas
organizações sindicais e do modelo corporativista das relações coletivas de trabalho
instituído no Brasil.
O poder normativo referia-se a uma competência anômala conferida à Justiça
do Trabalho para que, ao solucionar o conflito de interesse, criasse normas que
regulariam as relações entre as partes em conflito (categoria econômica e categoria
profissional). Tratava-se, portanto, de um poder de solucionar os conflitos coletivos
não apenas aplicando o direito preexistente, mas, efetivamente, criando, dentro de
determinados parâmetros, normas jurídicas. (ROMAR, 2018). Vejamos a redação do
artigo 114 da Constituição:
41
I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito
público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
II as ações que envolvam exercício do direito de greve; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e
trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato
questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista,
ressalvado o disposto no art. 102, I, o; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004)
VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da
relação de trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos
empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I,
a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que
proferir; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da
lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.
§ 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à
arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio
coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o
conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho,
bem como as convencionadas anteriormente. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Vide ADI nº 3423) (Vide ADI nº 3423)
(Vide ADI nº 3423) (Vide ADI nº 3431) (Vide ADI nº 3432) (Vide ADI nº 3520)
(Vide ADIN 3392) (Vide ADIN 3432)
§ 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do
interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio
coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Vide ADI nº 3423) (Vide
ADI nº 3423) (Vide ADI nº 3431) (Vide ADI nº 3520) (Vide ADIN 3392) (Vide
ADIN 3432). (BRASIL, 1988).
42
em questão, cabe a busca pela solução jurisdicional somente quando ambas as partes
estiverem em consenso a esse respeito. Passou a se exigir o comum acordo das
partes para o ajuizamento do dissídio coletivo. Sendo assim, o comum acordo passou
a ser entendido como pressuposto processual do dissídio coletivo, sendo extinto o
processo sem resolução do mérito em caso de sua não verificação.
Insta salientar que o artigo 114 veda que as decisões dos tribunais criem
normas ou condições de trabalho, elas devem apenas decidir os conflitos ajuizados,
respeitando, além das disposições mínimas legais de proteção do trabalho, as
convencionadas anteriormente.
O limite para o exercício do poder normativo da Justiça do Trabalho foi,
portanto, ampliado: além da observância e manutenção das condições legais e
convencionais mínimas de proteção ao trabalho (que já estava prevista na redação
original do § 2º do art. 114, CF), passou a ser exigida a observância às disposições
convencionadas anteriormente, as chamadas cláusulas preexistentes.
Como função do Estado que atua em substituição aos titulares dos interesses
conflito, para imparcialmente solucioná-lo, a jurisdição é exercida, no campo dos
conflitos coletivos, pela Justiça do Trabalho, a partir do ajuizamento de dissídio
coletivo.
Assim, dissídio coletivo é um processo judicial de solução dos conflitos
coletivos econômicos e jurídicos que, no Brasil, ganhou máxima expressão como
importante mecanismo de criação de normas e condições de trabalho por meio dos
Tribunais Trabalhistas, que proferem sentenças denominadas normativas quando as
partes que não se compuseram na negociação coletiva acionam a jurisdição.
Os dissídios coletivos podem ser de natureza econômica, de natureza jurídica
e de greve.
Dissídio de natureza econômica é o meio pelo qual são analisadas as
condições de trabalho pretendidas pelos trabalhadores em substituição às que estão
vigentes.
O dissídio coletivo de natureza jurídica, por sua vez, é o meio próprio para a
interpretação de cláusulas formuladas em normas coletiva de trabalho. Nessa espécie
de demanda incumbe ao Poder Judiciário Trabalhista apenas revelar o sentido da
regra.
43
Por fim, pelo dissídio de greve a Justiça do Trabalho decide sobre a
procedência, total ou parcial, ou improcedência das reivindicações dos trabalhadores
(art. 8º, Lei n. 7.783/89). Em relação ao dissídio coletivo de natureza econômica, a
legitimação ativa (instauração de instância) é dos sindicatos representantes da
categoria profissional. O empregador carece de interesse de agir para suscitar o
dissídio coletivo de natureza econômica, por não necessitar de autorização da Justiça
do Trabalho, nem de negociação coletiva, para conceder, de modo espontâneo, aos
seus empregados quaisquer vantagens, cabendo unicamente ao sindicato da
categoria profissional a legitimidade ativa para instaurar a instância com o propósito
de obter melhores condições de trabalho em favor dos interesses coletivos e
individuais dos trabalhadores. Não se verifica também a legitimidade do Ministério
Público do Trabalho para postular a fixação das condições de trabalho reivindicadas
pela categoria profissional.
Têm legitimidade para suscitar dissídio coletivo de natureza jurídica as mesmas
partes que figuraram no dissídio coletivo de natureza econômica — ou que poderiam
suscitá-lo.
A legitimidade para ajuizamento do dissídio de greve é, nas atividades não
essenciais, do empregador individualmente ou do sindicato representante da
categoria econômica. Nas atividades essenciais, é concorrente a legitimidade do
Ministério Público do Trabalho e do empregador para o ajuizamento de ação
declaratória de abusividade de greve (art. 114, § 3º, CF). (ROMAR, 2018. p. 972).
44
1988). O próprio texto fundamental, numa análise sistemática, garante a possibilidade
de intervenção do Judiciário em qualquer situação na qual se afirme existente lesão
ou ameaça a direito. Basta ler o comando contido no seu art. 5º, XXXV, e lembrar que
a Constituição não se interpreta em tiras.
Nesse instante, é importante anotar, sob o ponto de vista semântico descritivo,
que o Poder Judiciário intervém, mas não interfere. Afirma-se isso porque, embora
ambos sejam entendidos como atos de intercessão, deve-se conceber a “intervenção”
como assunção de comando (parcial ou total) mediante interposição de autoridade,
quando se faz necessária a correção de conduta para colocá-la dentro de limites
exigidos pelo próprio Direito; e a “interferência” como ato produtor de ruídos ou
obstáculos para o alcance de determinado fim.
Na interferência o agente atua desautorizadamente com a intenção de influir
nega tivamente no desenvolvimento e, consequentemente, no desfecho de alguma
atividade. Ele atrapalha o alcance de determinado fim, não havendo nesse agir nada
de legítimo.
Na intervenção, por outro lado, desde que autorizada e legitimada pelo Direito,
o interventor corrige rotas, sendo exatamente isso que dele se espera. Aliás, a
intervenção desautorizada e ilegítima não mais é do que um ato de interferência
qualificado pelo abuso de poder.
A ninguém é dado atuar de forma interferente na atividade sindical de modo a,
desautorizadamente, produzir-lhe estorvos ou embaraços, embora ao Poder
Judiciário seja permitido atuar de forma interventiva para, autorizadamente, corrigir
eventuais desvios de rota. Por isso é que aqui se estuda o princípio segundo o qual
cabe ao Estado intervir minimamente no espaço de autorregulação reservado às
entidades sindicais. (MARTINEZ, 2020).
7 GREVE
45
e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador. ” (BRASIL,
1989).
A greve é a exteriorização do conflito existente entre a classe trabalhadora e o
patrão acerca das questões pendentes que, apesar das tentativas de negociação,
persistem. Sua finalidade é a de pressionar o patrão, pois a suspensão coletiva do
trabalho traz enormes prejuízos.
Alguns a consideram como instrumento de autotutela e outros como
demonstração de força, por instrumentos de pressão e “barganha, para se obter um
acordo favorável aos próprios interesses”.
Na verdade, é uma arma essencial na luta de classe. A greve é uma
demonstração de força e união da classe trabalhadora, “de natureza violenta”, mas
controlada, “compreendida e consentida”, no dizer de Segadas Vianna. Justifica-se
pela necessidade social de se balancear a questão da hipossuficiência tanto financeira
quanto política dos trabalhadores em face do poder econômico do patrão
Durante o período de greve os contratos de trabalho permanecem suspensos,
isto é, seus efeitos ficam absolutamente paralisados – art. 7º da Lei 7.783/89.
Abaixo, transcrevemos de forma extremamente sucinta o procedimento
necessário para deflagração do movimento grevista de forma legítima.
Insatisfação – provocação do sindicato – convocação de assembleia –
deliberação (quórum) – pauta de reivindicações – tentativa de negociação diretamente
com o patrão – negociação frustrada – nova assembleia – deliberação pela greve –
comunicação no prazo legal à entidade patronal, ao patrão e à comunidade (conforme
o caso) – greve.
Portanto, a greve é um recurso que só pode ser utilizado depois de frustrada a
negociação ou a arbitragem, demonstrada de forma satisfatória – OJ 11 da SDC do
TST, sob pena de ser considerada abusiva.
A convocação para qualquer assembleia deve ser amplamente divulgada – OJs
22, 28 e 35 da SDC do TST e, segundo alguns, o quórum deverá ser o estabelecido
no art. 612 da CLT, que estaria vigente mesmo após a CRFB – OJ 13 da SDC do TST
(já cancelada). Outros, em sentido contrário, afirmam que o art. 612 da CLT não foi
recepcionado pela Constituição de 1988, devendo ser respeitado o quórum previsto
no estatuto, como, aliás, prevê expressamente o art. 4º, § 1º, da Lei 7.783/89, não
gerando dúvidas a respeito do tema.
46
Outra exigência é a necessária notificação antecedente da decisão, como exige
o art. 3º da Lei 7.783/89, que se refere ao tema expressamente: Art. 3º Frustrada a
negociação ou verificada a impossibilidade de recursos via arbitral, é facultada a
cessação coletiva do trabalho. Parágrafo único. A entidade patronal correspondente
ou os empregadores diretamente interessados serão notificados, com antecedência
mínima de 48 (quarenta e oito) horas, da paralisação. (...) Art. 13. Na greve, em
serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores,
conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários
com antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação.
A titularidade do direito de greve é dos trabalhadores, pois a eles compete
decidir sobre a oportunidade, a conveniência e os interesses que, por meio da greve,
devem ser defendidos.
Portanto, os trabalhadores não podem deflagrar a greve diretamente, pois a
legitimidade (art. 8º, VI, da CRFB) foi garantida às associações sindicais – sindicato,
federação e confederação. 8.7. Todavia, na ausência destas, poderão os
trabalhadores constituir comissão de negociação a fim de prosseguir o procedimento
grevista – art. 4º da Lei 7.783/89 c/c o art. 617 da CLT. Entende-se por ausência dos
entes sindicais a recusa em assumir as negociações, na forma do art. 617 da CLT,
bem como a inexistência de sindicato representativo. (CASSAR., 2018).
Há algumas restrições ao direito de greve. As mais importantes encontram-se
na própria Constituição, limitando o direito dos trabalhadores em serviços essenciais
– art. 9º, § 1º, da CRFB c/c os arts. 11, 12 e 13 da Lei 7.783/89.
as expressões greve abusiva ou greve ilegal são sinônimas. Considera-se ato
abusivo a ocupação ameaçadora de estabelecimentos, setores ou da empresa;
sabotagem ou boicote aos serviços da empresa e associados; piquete obstativo ou
depredatório do patrimônio do patrão; agressão física ou moral aos colegas, aos
superiores hierárquicos ou empregadores; emprego de violência contra os colegas;
depredação do patrimônio do empregador ou inutilização de suas mercadorias, isto é,
qualquer ato contra seu patrimônio; prática de falta grave e delitos criminais;
desrespeitar os prazos, condições e regras determinadas pela Lei 7.783/89;
permanecer em greve depois de aceito o acordo coletivo etc. As OJs 1 (cancelada),
10, 11, e 38 da SDC apontam outros casos de abusividade da greve. (CASSAR.,
2018).
47
8 LOCK-OUT
48
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASSAR, Vólia Bomfim. Resumo de direito do trabalho. 6. ed., rev., atual. e ampl.
Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018.
49
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho: obra revista e
atualizada conforme a lei da reforma trabalhista e inovações normativas e
jurisprudenciais posteriores. 18. ed. São Paulo : LTr, 2019.
MARTINEZ, Luciano. Curso de direito do trabalho. 11. ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2020.
ROMAR, Carla Teresa Martins. Direito do trabalho. 5. ed. São Paulo : Saraiva
Educação, 2018.
50