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Aplicação da Lei Penal Militar
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DIREITO PENAL MILITAR
Aplicação da Lei Penal Militar
Sumário
Douglas Vargas
Apresentação. . .................................................................................................................................. 3
Aplicação da Lei Penal Militar....................................................................................................... 4
1. Introdução ao Direito Penal Militar.......................................................................................... 4
1.1. Conceito de Direito.................................................................................................................... 4
1.2. Direito Penal. . ............................................................................................................................. 5
1.3. Direito Penal Militar................................................................................................................. 7
2. Aplicação da Lei Penal Militar. . ................................................................................................. 9
2.1. Lei Penal no Tempo................................................................................................................... 9
2.2. Conflitos da Lei Penal Militar no Tempo. . .......................................................................... 10
2.3. Novatio Legis in Mellius. . .......................................................................................................13
2.4. Determinando a Lei Penal Mais Favorável........................................................................15
2.5. Novatio Legis Incriminadora e Novatio Legis in Pejus....................................................16
2.6. Medidas de Segurança........................................................................................................... 17
2.7. Leis Temporárias & Excepcionais.. ....................................................................................... 17
2.8. Tempo do Crime.......................................................................................................................19
3. Aplicação da Lei Penal Militar – Parte II............................................................................... 20
3.1. Do Lugar do Crime................................................................................................................... 20
3.2. Aplicação da Lei Penal no Espaço....................................................................................... 22
4. Conceitos Complementares.................................................................................................... 26
5. Aplicação da Lei Penal Militar quanto às Pessoas............................................................. 27
6. Demais Normas. . .........................................................................................................................31
7. Normas para Leitura................................................................................................................. 32
Resumo............................................................................................................................................. 34
Questões de Concurso.................................................................................................................. 41
Gabarito............................................................................................................................................ 45
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Aplicação da Lei Penal Militar
Douglas Vargas
Apresentação
Saudações, querido(a) aluno(a)!
Na aula de hoje vamos tratar do nosso primeiro tópico na disciplina do Direito Penal Militar
– a aplicação da lei penal militar.
Trata-se de uma aula um pouco complicada e bastante extensa, principalmente para alu-
nos iniciantes e que também estão estudando a aplicação da lei penal comum.
No entanto, não se preocupe: Faremos o possível para tratar do assunto com calma, e se-
parando bem essas duas esferas, para que você possa se familiarizar com o assunto.
Ao redigir essa aula, tivemos duas premissas em mente. A primeira, que você não tem ainda
nenhuma familiaridade com a esfera do Direito Militar. A segunda, que possamos apresentar
os temas de forma alinhada com as questões de concursos que são elaboradas sobre o tema.
Por fim, gostaria de ressaltar que, como se trata de tema menos cobrado do que o direito
penal comum, o direito penal militar conta com menos questões. Além disso, a lista de exercí-
cio será menos extensa do que de costume para o nosso curso.
Obs.: Essa aula trata de todo o Título I do CPM (Aplicação da lei penal militar) com exceção
dos artigos que apresentam a competência da Justiça Militar e conceitos correlatos.
Esse assunto é extenso e será tratado em aula separada, por fins didáticos. Por isso
você verá que a numeração de artigos não segue uma estrutura linear.
Bons estudos!
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Toda essa apresentação se faz necessária, principalmente ao aluno mais iniciante, para
que se possa bem compreender todas as normas que devem ser lidas e que resultarão no do-
mínio do conteúdo programático que estamos visando atender.
Nesse sentido, se você se considera um aluno avançado, que já tem familiaridade com
os conceitos acima, ou se você quer estudar estritamente a ementa usualmente cobrada pe-
los examinadores, saiba que você pode passar diretamente para o próximo capítulo, no qual
iniciaremos, de fato, o estudo das normas e dos artigos do CPM correlatos à aplicação da lei
penal militar.
Dito isso, vamos aos conceitos mencionados acima.
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Você sabe que, como cidadão, tem muitos direitos. Tem direito ao seu patrimônio, à sua
liberdade de ir e vir, à sua vida, entre tantos outros, certo?
Todos esses direitos têm um grau de importância. Uns são mais importantes do que ou-
tros. Sua VIDA é mais importante que seus direitos de imagem, por exemplo. Mas todos os
direitos são passíveis de algum tipo de proteção.
É por isso que, caso você tenha algum direito desrespeitado, pode pedir ao Estado que atue
em seu favor.
Entretanto, cada direito merece um tipo diferente de proteção, dependendo de sua impor-
tância. Nesse sentido, é importante perceber que existem diversas formas de ter um direito
desrespeitado, e que algumas delas são consideradas piores do que as outras.
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Fato 1 Fato 2
Caro aluno, você concorda que ambos os fatos acima resultaram num dano ao patrimônio
no mesmo valor? Com certeza, certo?
Entretanto, perceba que apenas a segunda conduta (o furto) pode causar a prisão do autor.
Ninguém vai preso por bater o carro acidentalmente.
Isso ocorre porque furtar algo que pertence a um terceiro é uma conduta mais reprovável
aos olhos do nosso legislador. E embora desrespeite o mesmo bem (o patrimônio da vítima), é
uma conduta que deve sofrer uma sanção mais severa.
Como consequência disso, deve ocorrer uma divisão nas sanções (punições) previstas
pelo ordenamento jurídico. Como já falamos, existem alguns bens que são mais preciosos
para o cidadão.
Quanto mais precioso é o bem e quanto mais reprovável é o ataque a ele, mais pesada pode
ser a punição que o Estado irá impor.
E é aí que acaba surgindo um ramo do Direito exclusivo para a proteção dos bens jurídicos
mais importantes, contra as piores condutas que podem ser praticadas pelo homem. Esse
ramo do Direito permite ao Estado impor as piores sanções aceitas pela sociedade, as quais
só podem ser utilizadas em último caso.
Estamos falando, é claro, do Direito Penal. Veja como agora o conceito inicial fica bem
mais simples de entender:
“O Direito Penal é um conjunto de normas jurídicas mediante o qual o Estado proíbe deter-
minadas condutas (ações ou omissões), sob ameaça de sanção penal (penas e medidas de
segurança)”.
Ou seja, o Direito Penal define o seguinte:
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Perceba que vários ramos do Direito possuem o poder de impor sanções ao cidadão. Se
você não andar na velocidade da via, o Estado pode lançar mão das normas do Direito Adminis-
trativo para te multar. Se você não cumprir um contrato no prazo combinado, pode sofrer uma
multa ou pagar juros de mora.
Todas essas imposições são espécies de sanções. Elas diferem da sanção penal pois são
muito mais brandas, de forma que são consideradas insuficientes em determinados casos.
E é nesses casos (mais severos) que podemos falar na aplicação do Direito Penal.
A tabela acima é excelente porque nos mostra que não basta ler o Código Penal Militar
para saber se uma determinada conduta é crime militar. É possível notar claramente que o art.
121 do Código Penal e o art. 205 do Código Penal Militar apresentam o mesmo comportamen-
to: Matar Alguém. A pena aplicada, inclusive, é a mesma!
Então, quando um indivíduo mata alguém, qual vai ser o ponto chave para diferenciar se foi
um homicídio comum (Art. 121 CP) ou o crime militar de homicídio (Art. 205 do CPM)?
Resposta: o ponto que permite diferenciar ambos os delitos está no bem jurídico que foi
atingido pela conduta!
Mas antes de mais nada, vejamos o que diz a doutrina sobre o assunto:
Pode-se dizer que crime militar é aquela conduta que, direta ou indiretamente, ATENTA CONTRA OS
BENS E INTERESSES JURÍDICOS DAS INSTITUIÇÕES MILITARES, qualquer que seja o agente.
Direito Penal Militar: Marcelo Uzeda de Faria – 4ª Edição.
Com base nesse conceito, podemos compreender melhor a diferença entre ambos os Có-
digos (e entre ambos os delitos de homicídio):
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Vamos comparar alguns exemplos de bens jurídicos tutelados por ambos os Códigos:
Dependendo das circunstâncias (as quais ainda iremos estudar na aula de hoje) uma mes-
ma conduta pode atingir bens jurídicos diferentes – ensejando a aplicação de uma norma
ou de outra!
Pontos-chave até o momento:
O direito penal militar é o ramo especializado do Direito Penal que estabelece as regras jurídicas
vinculadas à proteção das instituições militares e ao cumprimento de sua destinação constitucio-
nal.1
1
Direito Penal Militar. Marcelo Uzeda de Faria. 6ª Ed. Ed. Juspodivm, p25, 2019.
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Assim como ocorre com a lei penal comum, a lei penal militar também deve obediência ao
princípio da legalidade, desaguando nos entendimentos da reserva legal e da anterioridade.
Essa garantia tem por objetivo histórico evitar que alguém seja preso ou privado de seus
bens pela vontade singular do soberano. Resulta na obrigação de existência prévia de lei penal
incriminadora para que o cidadão possa ser processado e condenado por um crime (anterio-
ridade) e que apenas lei em sentido estrito (emanada pelo legislativo) seja utilizada para criar
crimes e cominar penas (reserva legal).
Ademais, temos como consequência de destaque a proibição da utilização de analogias
em prejuízo do acusado.
Mais uma vez seguindo a esteira do direito penal comum, o CPM adota o princípio do tem-
po rege o ato (tempus regit actum). Dessa forma, estamos aqui diante daquelas regras que são
velhas conhecidas de muitos:
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Todas as situações acima são exemplos de Conflitos da lei penal no TEMPO, ou seja, confli-
tos que decorrem da aplicação do princípio geral de que o tempo rege o ato. Como você deve
estar imaginando, devemos dar uma resposta a cada um desses casos – sendo exatamente
este o próprio tópico de nossa aula!
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Uma última curiosidade importante sobre os efeitos civis da sentença penal em caso de
abolitio criminis:
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Cuidado!
É importante que você não confunda alguns tipos de PENA previstos no CPM com efeitos civis
da condenação. Pena é pena, e jamais irá subsistir em caso de abolitio criminis!
Complicou, não é mesmo? Calma, que fica fácil de entender com um exemplo:
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Veja que, mesmo que a pena de reforma pareça ser um efeito civil da condenação (pois
não envolve prisão), este não é o caso! A pena de reforma é sim uma sanção penal, estando
prevista expressamente no art. 55 do CPM, e seus efeitos cessarão com a abolitio criminis. Em
outras palavras: Jon Snow voltaria à ativa, feliz e contente, como na foto acima!
Ótimo. Praticamente exaurimos a abolitio criminis e seus efeitos. Vamos ao próximo conflito!
A Novatio Legis in Mellius, no âmbito do Direito Penal Militar também segue o mesmo pa-
drão do Direito Penal Comum, ou seja, ocorre retroatividade em benefício do acusado. É o que
se aduz da leitura do art. 2º, parágrafo 1º, CPM:
Sobre a aplicação retroativa da lei penal mais benéfica, cabe ressaltar a importante Súmula
611-STF, aplicável também no âmbito Penal Militar:
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E antes de seguir adiante, tome nota de um ponto importante sobre a lei penal militar
mais benéfica:
Tome nota!
A lei penal mais benéfica, segundo a doutrina, pode ser aplicada imediatamente, mesmo duran-
te o período de Vacatio Legis!
Vacatio Legis é o período “vago” que pode ocorrer quando uma lei entra em vigor em uma
data DIFERENTE da sua publicação.
Segundo a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), as leis de nosso país,
em regra, entram em vigor 45 dias após sua publicação, salvo disposição em contrário. Toda
lei em nosso país, portanto, em regra só passa a valer após 45 dias de sua publicação!
É exatamente por isso que a grande maioria das leis editadas em nosso país termina com
um artigo muito comum:
“Essa lei entra em vigor na data de sua publicação.”
Utilizando essa disposição, o legislador evita que o diploma legal fique 45 dias publicado e
sem eficácia. O que se procura é dar imediato efeito à legislação, assim que a mesma é publi-
cada nos meios oficiais.
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Agora vamos imaginar uma situação parecida, mas no âmbito do Direito Penal Militar:
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Já em outros casos, no entanto, não será tão claro determinar se uma nova lei é ou não
mais benéfica ao acusado – de modo que é preciso elucidar a dúvida. E para isso, a práti-
ca é simples: Deve-se utilizar a melhor lei diante do caso concreto, comparando as duas leis
em conflito.
O CPM, de modo mais “rebuscado”, rege expressamente essa tomada de decisão:
Em ambos os casos, veja que a mudança da lei penal militar irá afetar a situação do indiví-
duo de uma forma negativa, prejudicial. E nesse sentido, aplica-se a disposição constitucional
geral sobre a lei penal: “XL – A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.”
Com isso, assim como ocorre com a lei penal comum, estamos diante dos seguintes
fenômenos:
Tome nota!
Diante de Novatio Legis Incriminadora e Novatio Legis in Pejus, ocorrerá a IRRETROATIVIDADE
DA LEI PENAL.
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Por isso, a mudança da lei penal militar que de algum modo prejudicar o indivíduo (seja
agravando a pena decorrente de um crime, ou inovando o ordenamento ao criar novo crime)
não retroagirá, atingindo apenas os casos posteriores à vigência da lei em questão!
Medidas de segurança
Art. 3º As medidas de segurança regem-se pela lei vigente ao tempo da sentença, prevalecendo,
entretanto, se diversa, a lei vigente ao tempo da execução.
Oras – a medida de segurança é uma espécie de sanção penal. Dessa forma, sua aplicação
também deve submeter-se à regra de irretroatividade da lei penal mais gravosa. No entanto,
veja que o art. 3º admite a possibilidade de retroatividade em prejuízo da lei penal!
Imagine que a lei vigente ao tempo da execução seja mais gravosa? O art. 3º não faz a
diferenciação, permitindo expressamente um prejuízo ao réu que não é admitido em nossa
Constituição Federal.
Esse é o posicionamento da doutrina (de que o artigo acima deve ser interpretado à luz da
CF/88, não sendo aplicável a lei vigente ao tempo da execução se mais gravosa).
Por isso, fique atento:
Apesar da expressa previsão, não pode ser aplicada lei MAIS GRAVOSA vigente ao tempo da
execução penal. Parte da doutrina inclusive entende que o artigo 3º NÃO foi recepcionado
pela CF/88.
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Essas duas regras são a base para a compreensão da lei penal (militar ou não) no tempo.
No entanto, temos ainda que tratar de duas hipóteses peculiares: As leis temporárias e leis
excepcionais.
Antes de mais nada, é claro, devemos apresentar o conceito de cada uma, o qual tomarei
emprestado de nossas aulas sobre a Lei Penal (Comum) no tempo:
Para ficar mais claro: Uma lei que criminalize a pesca do boto cor-de-rosa durante o perío-
do exato de um ano é um exemplo de lei temporária.
Já uma lei que criminalize a pesca do boto cor-de-rosa até que o IBAMA verifique que a
população de botos cor-de-rosa ultrapassou 300.000 animais em todo o país é uma lei excep-
cional (não tem um tempo determinado, mas será revogada quando cessar uma determinada
situação emergencial.
Agora que você já sabe disso, imagine a seguinte situação:
Uma lei criminaliza a pesca do boto cor-de-rosa por um ano. Com apenas seis meses de vigên-
cia da lei, um indivíduo é encontrado pescando botos cor-de-rosa durante o período de proibi-
ção.
Entretanto, o julgamento só ocorre apenas dois anos após o fato (momento no qual a lei tem-
porária já estará revogada).
Poderá este indivíduo ainda ser responsabilizado, mesmo após a revogação da lei tempo-
rária que criminalizava a conduta?
A resposta é sim!
Perceba que via de regra, a lei penal não pode retroagir nem ultragir em prejuízo. Sempre
se aplica a lei mais benéfica. Entretanto, no caso das leis temporárias e excepcionais, isso não
ocorre. As leis temporárias ou excepcionais, mesmo após revogadas continuarão a alcançar
os fatos praticados durante sua vigência!
Tal previsão, contida no Art. 3º do Código Penal, também está contida no Código Penal
Militar. Vejamos:
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Tal escolha encontra-se expressa no art. 5º, que DEVE ser lido:
Tempo do crime
Art. 5º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o do
resultado.
Conhecendo o artigo, fica bastante simples entender quando um crime ocorreu. Imagine a
seguinte situação:
Determinado militar do Exército dispara três tiros contra outro militar do Exército, quando
ambos estavam em serviço, dentro do quartel.
Após um ano de internação, a vítima vem a falecer em decorrência dos disparos.
O crime acima, portanto, ocorreu no momento em que o autor realizou os disparos, mesmo
que a vítima tenha vindo a óbito um ano depois de ter sofrido os ferimentos – e esse será con-
siderado o TEMPO do crime, para efeitos de aplicação da lei penal militar!
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Enquanto o Código Penal adotou a teoria da Ubiquidade para determinar o LUGAR onde
ocorreu a infração penal, o Código Penal Militar adotou um sistema misto, conciliando duas
teorias diferentes!
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Calma, que eu explico. O CPM está estruturado da seguinte forma, quanto ao lugar do crime:
Lugar do crime
Art. 6º Considera-se praticado o fato, no lugar em que se desenvolveu a atividade criminosa, no todo
ou em parte, e ainda que sob forma de participação, bem como onde se produziu ou deveria pro-
duzir-se o resultado. Nos crimes omissivos, o fato considera-se praticado no lugar em que deveria
realizar-se a ação omitida.
Muita atenção nessa diferença, pois os examinadores adoram utilizar esses pontos diver-
gentes entre os Códigos (Penal e Penal Militar) para elaborar questões. Não confunda ambas
as definições apresentadas!
Vale ainda mencionar os conceitos de crime comissivo e omissivo, para os alunos que
ainda não estão tão habituados:
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Outro ponto muito importante que costumo salientar em minhas aulas sobre esse tema é
o seguinte:
A definição de LUGAR do crime, do ponto de vista PENAL e PENAL MILITAR, está ligada à
noção de internacionalidade!
Veja, portanto, que não estamos tratando de regras para definir onde o crime ocorreu DEN-
TRO do território nacional, e sim FORA dele!
Internamente, são as normas processuais penais e de organização judiciária que irão nos
guiar para saber de quem é a competência para julgar um determinado delito.
Já quando o conflito é externo (cuja ação e resultado se dá em países DIFERENTES), aí sim
estaremos diante da aplicação das teorias que acabamos de estudar.
E vamos em frente!
Antes de mais nada, para fins de prova, você precisa saber o seguinte:
Fique calmo. Em breve vamos entender o que isso significa. Primeiramente, façamos a
leitura do art. 7º, CPM:
Territorialidade, Extraterritorialidade
Art. 7º Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito interna-
cional, ao crime cometido, no todo ou em parte no território nacional, ou fora dele, ainda que, neste
caso, o agente esteja sendo processado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira.
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Aplicação da Lei Penal Militar
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Veja que, basicamente, a regra geral é a aplicação da lei penal militar brasileira, dentro
e fora dos limites de nosso território. Mas precisamos entender mais detalhadamente esse
instituto: Quando é que estaremos diante da territorialidade, e quando é que o caso será de
extraterritorialidade?
Comecemos pelo primeiro caso.
Territorialidade
Quando o crime militar é praticado no todo ou em parte, dentro do território nacional, dize-
mos que se aplica o princípio da territorialidade.
Ou seja: Ocorreu um crime militar, nos termos de nossa legislação penal, dentro do territó-
rio soberano do Brasil, nosso país tem o interesse e irá atuar para processar e julgar seu autor.
Por mais simples que pareça essa afirmação, é importante fazer um breve apontamento:
Art. 7º Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito interna-
cional, ao crime cometido, no todo ou em parte no território nacional, ou fora dele, ainda que, neste
caso, o agente esteja sendo processado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira.
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Cabe ressaltar que segundo a doutrina majoritária, o mar territorial é a faixa de 12 milhas
a partir da costa.
Ainda sob a proteção do princípio da territorialidade, temos os chamados territórios por
extensão ou flutuantes, previstos no art. 7º, parágrafo 1º do CPM:
Ademais, cabe ainda observar a hipótese de territorialidade no caso em que o crime seja
praticado a bordo de aeronaves ou navios ESTRANGEIROS, desde que em lugar sujeito à ad-
ministração militar, e o crime atente contra as instituições militares.
Esquematizando:
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Aplicação da Lei Penal Militar
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Você já conhece as hipóteses em que a Lei Penal Militar Brasileira irá se aplicar em decor-
rência do princípio da territorialidade. Resta agora discutir as hipóteses de extraterritorialida-
de, nas quais o crime militar irá ocorrer fora do território nacional, e ainda assim estará sujeito
à aplicação de nossa lei penal militar.
Relembrando o teor do art. 7º, CPM:
Art. 7º Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito interna-
cional, ao crime cometido, no todo ou em parte no território nacional, ou fora dele, ainda que, neste
caso, o agente esteja sendo processado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira.
Pode parecer estranho que o Brasil tenha o interesse de processar e julgar crimes militares
ocorridos fora de seu território soberano. Entretanto, pense nas seguintes possibilidades, men-
cionadas de forma brilhante pelo mestre Marcelo de Faria:
Nos casos acima, é de total interesse da nação processar e julgar tais delitos – mesmo
ante sua prática fora de nosso território. Trata-se de verdadeiro respeito à soberania nacional,
através da aplicação irrestrita do princípio da extraterritorialidade!
As previsões abaixo já foram citadas em nosso quadro esquemático, mas merecem ser
lidas em sua integralidade, haja vista que o texto legal pode ser cobrado em prova:
Art. 7º [...]
Território nacional por extensão
§ 1º Para os efeitos da lei penal militar consideram-se como extensão do território nacional as aero-
naves e os navios brasileiros, onde quer que se encontrem, sob comando militar ou militarmente uti-
lizados ou ocupados por ordem legal de autoridade competente, ainda que de propriedade privada.
Ampliação a aeronaves ou navios estrangeiros
§ 2º É também aplicável a lei penal militar ao crime praticado a bordo de aeronaves ou navios es-
trangeiros, desde que em lugar sujeito à administração militar, e o crime atente contra as instituições
militares.
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Conceito de navio
§ 3º Para efeito da aplicação deste Código, considera-se navio toda embarcação sob comando
militar.
Art. 8º
Parte da doutrina (como NUCCI) entende que o referido artigo não foi recepcionado pela
CF/88, pois seria caso de indivíduo sendo punido duas vezes pelo mesmo crime (bis in idem).
No entanto, há quem entenda em sentido diferente, no âmbito da existência de possibilida-
de de aplicação do referido artigo para o caso de extraterritorialidade incondicionada (como
ocorre no direito penal comum).
Para fins de prova, dificilmente o referido debate será cobrado. Assim sendo, basta memo-
rizar o teor do art. 8º, e ficar atento para questões em que o examinador faça a cobrança tão
somente do texto legal.
4. Conceitos Complementares
Uma vez apresentados os conceitos preliminares da aula de hoje, precisamos adentrar os
tópicos complementares, sendo o primeiro deles a contagem de prazos no âmbito do Direito
Penal Militar:
Contagem de prazo
Art. 16. No cômputo dos prazos inclui-se o dia do começo. Contam-se os dias, os meses e os anos
pelo calendário comum.
Da mesma forma com que ocorre no direito penal, o prazo penal deve ser contado de ma-
neira diferente do prazo processual penal, incluindo-se o dia do começo e desprezando-se o
último dia do prazo.
Para memorizar esse ponto basta fazer um raciocínio prático: Se um indivíduo se encontra
preso, com certeza não irá gostar de saber que o tempo que se encontra encarcerado começa
a contar apenas do dia seguinte, certo?
Dessa forma, lembre-se do art. 16 para fins de computo do prazo penal, também no âmbito
do Direito Penal Militar. Se uma ordem de prisão foi cumprida contra alguém no dia 01/11/2020,
por exemplo, eu começo a contar o prazo (primeiro dia de prisão) no dia 01/11/2020. Inclui-se,
portanto, o dia do começo.
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Legislação especial. Salário-mínimo
Art. 17. As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei penal militar espe-
cial, se esta não dispõe de modo diverso. Para os efeitos penais, salário-mínimo é o maior mensal
vigente no país, ao tempo da sentença.
Em seguida temos a norma sobre a legislação especial e sobre o salário-mínimo, dois as-
suntos distintos que são regulados pelo art. 17 do CPM.
Em primeiro lugar, veja que aqui temos uma previsão parecida com o art. 12 do Código
Penal, no sentido de que as regras gerais (previstas na parte geral do CPM) não se aplicam
apenas aos crimes previstos no próprio CPM, mas também aos crimes previstos na legislação
especial, salvo se esta tiver previsão em sentido diverso.
Ademais, temos ainda a literalidade da previsão contida ao final do artigo sobre o salário-
-mínimo, previsão essa que atualmente é desnecessária, haja vista que atualmente, o salário-
-mínimo brasileiro tem valor unificado nacionalmente (o que não ocorria na época em que o
CPM foi editado).
Infrações disciplinares
Art. 19. Este Código não compreende as infrações dos regulamentos disciplinares.
É comum encontrar questões afirmando que o CPM regula tanto crimes militares quan-
to infrações disciplinares. Por expressa previsão legal, essa afirmação não é verdadeira. As
infrações disciplinares não são encontradas no CPM, sendo disciplinadas em regulamentos
separados do referido Código.
Militar
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Tal artigo é polêmico, e inclusive há grande parcela dos estudiosos que consideram que a
norma acima não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988.
Nesse sentido, Marcelo de Faria nos recomenda a adoção de um conceito um pouco mais
amplo, extraído da lei 6.880/80 e muito interessante para fins didáticos:
Lei 8.880/80
Art. 3º
São militares os membros das Forças Armadas que, em razão de sua destinação constitucional,
formam uma categoria especial de servidores da pátria, podendo encontrar-se na ativa ou na inati-
vidade.
Não fique muito preocupado com esses conceitos, que são um pouco vagos. Ao analisar
as diversas categorias em que o militar é classificado pela doutrina, esse conceito irá se tornar
menos abstrato.
Para facilitar o entendimento, vamos começar apresentando a forma mais comum com
que os militares são classificados pela doutrina:
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Essas são as cinco classificações que você poderá encontrar ao realizar a leitura do texto
do CPM – e em diversas situações hipotéticas para fins de prova.
Militar da Ativa
Comecemos pelo conceito que talvez seja o mais importante para provas de concursos: O
militar da ativa.
Trata-se da classificação que possui a maior relevância pois a maior parte dos exemplos,
situações hipotéticas e tipificações de delitos se direcionam para elas. Regra geral, é compos-
ta pelos militares ainda ativos, no exercício do efetivo dever.
Entretanto, o conceito de militar da ativa não se restringe unicamente àqueles que estão
em efetivo serviço de carreira. São, ao todo, cinco categorias:
Ufa! Essas são as cinco hipóteses em que o indivíduo é considerado militar da ativa, nos
termos do CPM.
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Além disso, lembre-se que o militar agregado deve ser considerado militar da ativa para
efeitos penais, conforme já explicitamos anteriormente.
Uma vez que já conhecemos os militares da ativa, é natural que o próximo passo seja estu-
dar os militares na inatividade.
Militares Inativos
É importante verificar que, na definição do crime militar, alguns casos dependerão de clas-
sificar o autor (ou vítima) como militar da ativa, ou da reserva, ou da reforma. Os casos espe-
cíficos devemos estudar em nossa aula sobre o conceito de crime militar.
Nossa preocupação nesse momento é apenas de evitar que você se confunda com o que
diz o artigo 12 do CPM, a saber:
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Assemelhado
Art. 21. Considera-se assemelhado o servidor, efetivo ou não, dos Ministérios da Marinha, do Exér-
cito ou da Aeronáutica, submetido a preceito de disciplina militar, em virtude de lei ou regulamento.
Tópico que causa bastante confusão é a figura do assemelhado. Nesse ponto, basta que
você saiba que a figura do assemelhado não mais existe, para fins penais militares.
6. Demais Normas
Para finalizar a aula de hoje, precisamos fazer a apresentação e comentar os artigos abai-
xo, os quais são de pouca incidência em prova, mas não podem de forma alguma serem des-
cartados em nossa preparação.
O art. 22 prevê quem é a pessoa considerada militar. Trata-se de norma explicativa pou-
co completa (que não abrange todas as classificações de militares que estão previstas na
CF/88), inclusive esquecendo-se dos militares dos estados (integrantes da PM e dos CBMs,
por exemplo).
Equiparação a comandante
Art. 23. Equipara-se ao comandante, para o efeito da aplicação da lei penal militar, toda autoridade
com função de direção.
Outra norma explicativa, o art. 23 apresenta a figura do chamado comandante por equipa-
ração. Para a doutrina, é norma desnecessária, pois trata de situação que já é claramente de
posição de comando. Mas é importante conhecer a referida previsão.
Conceito de superior
Art. 24. O militar que, em virtude da função, exerce autoridade sobre outro de igual posto ou gradu-
ação, considera-se superior, para efeito da aplicação da lei penal militar.
Mais uma norma explicativa, o art. 24 tem por objetivo esclarecer o conceito de superior
utilizado ao longo de todo o texto do CPM. O critério utilizado, como podemos notar, é o critério
baseado na função.
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Para fins de estudo de alguns crimes praticados em tempo de guerra, é necessário compre-
ender o conceito de crime praticado na presença de inimigo.
Não se trata de um conceito com grande aplicabilidade prática (felizmente), mas é impor-
tante que você conheça a literalidade do texto, haja vista estar incluído no âmbito da temática
“aplicação da lei penal militar”.
Outra norma que basicamente, só serve para causar confusão ao aluno. Cabe a Constitui-
ção Federal definir quem é brasileiro (art. 12 da CF/88). É importante saber que o CPM versa
sobre o tema – mas o referido artigo é dispensável para a doutrina.
Outra norma sobre a qual não precisamos nos aprofundar, por ter o texto bastante inade-
quado, principalmente ante o fato de que os magistrados não devem ser considerados como
funcionários públicos, mas como órgãos de um poder do estado, e os integrantes do MP são
melhor classificados como integrantes de instituição permanente com função constitucional.
Por fim, o art. 28 consagra o princípio da especialidade nos casos especificamente previs-
tos no artigo.
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Art. 11. Os militares estrangeiros, quando em comissão ou estágio nas forças armadas,
ficam sujeitos à lei penal militar brasileira, ressalvado o disposto em tratados ou convenções
internacionais.
Equiparação a militar da ativa
Art. 12. O militar da reserva ou reformado, empregado na administração militar, equipara-
-se ao militar em situação de atividade, para o efeito da aplicação da lei penal militar.
Militar da reserva ou reformado
Art. 13. O militar da reserva, ou reformado, conserva as responsabilidades e prerrogativas
do posto ou graduação, para o efeito da aplicação da lei penal militar, quando pratica ou contra
ele é praticado crime militar.
Defeito de incorporação
Art. 14. O defeito do ato de incorporação não exclui a aplicação da lei penal militar, salvo
se alegado ou conhecido antes da prática do crime.
Tempo de guerra
Art. 15. O tempo de guerra, para os efeitos da aplicação da lei penal militar, começa com
a declaração ou o reconhecimento do estado de guerra, ou com o decreto de mobilização se
nele estiver compreendido aquele reconhecimento; e termina quando ordenada a cessação
das hostilidades.
Crimes praticados em prejuízo de país aliado
Art. 18. Ficam sujeitos às disposições deste Código os crimes praticados em prejuízo de
país em guerra contra país inimigo do Brasil:
I – se o crime é praticado por brasileiro;
II – se o crime é praticado no território nacional, ou em território estrangeiro, militarmente
ocupado por fôrça brasileira, qualquer que seja o agente.
Crimes praticados em tempo de guerra
Art. 20. Aos crimes praticados em tempo de guerra, salvo disposição especial, aplicam-se
as penas cominadas para o tempo de paz, com o aumento de um têrço.
Neste trecho, merecem destaque os artigos 14, 11 e 20 (grifados em vermelho) os quais
costumam ter maior recorrência em provas (em sua literalidade, conforme já orientamos ante-
riormente).
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RESUMO
Lei Penal no Tempo
Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando, em
virtude dela, a própria vigência de sentença condenatória irrecorrível, salvo quanto aos efeitos de
natureza civil.
Abolitio Criminis
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§ 2º Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior e a anterior devem ser consideradas
separadamente, cada qual no conjunto de suas normas aplicáveis ao fato.
Medidas de Segurança
Apesar da expressa previsão, não pode ser aplicada lei MAIS GRAVOSA vigente ao tempo
da execução penal face às medidas de segurança. Parte da doutrina inclusive entende que o
artigo 3º NÃO foi recepcionado pela CF/88.
Tempo do Crime
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Lugar do Crime
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Territorialidade
Art. 7º Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito interna-
cional, ao crime cometido, no todo ou em parte no território nacional [...]
Território
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Art. 7º [...] ou fora dele, ainda que, neste caso, o agente esteja sendo processado ou tenha sido jul-
gado pela justiça estrangeira.
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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (CESPE/STM/JUIZ-AUDITOR) Assinale a opção correta a respeito da aplicação da lei
penal militar no tempo e das leis penais excepcionais e temporárias.
a) As normas do CPM relativas aos crimes militares praticados em tempo de guerra não cons-
tituem exemplo de lei penal temporária.
b) Aos condenados por crimes praticados em tempo de guerra serão aplicadas as penas mais
severas estabelecidas, ainda que a sentença condenatória seja proferida depois da cessação
do estado de guerra.
c) Ao contrário do que ocorre no direito penal comum, no direito penal militar, a lei posterior
que deixa de considerar determinado fato como crime estende-se aos efeitos de natureza civil.
d) De acordo com o CPM, para se reconhecer qual a lei mais favorável, a lei posterior e a anterior
devem ser combinadas, extraindo-se de cada uma delas o dispositivo que mais beneficie o réu.
e) O princípio da retroatividade benigna não é aplicável às medidas de segurança.
Vejamos:
a) Certa. Não constitui mesmo! Lei temporária, conforme estudamos, tem tempo certo de du-
ração. Não é o caso das previsões para os crimes militares praticados em tempo de guerra,
que se aplicam de forma excepcional, e não temporária!
b) Errada. Questão que extrapola o conteúdo da aula de hoje. Basta que você saiba que, para
a doutrina, cessado o estado de guerra, a gravidade do delito diminui em abstrato, haja vista o
desaparecimento dos perigos excepcionais que levaram à criminalização da conduta.
c) Errada. Conforme estudamos, os efeitos civis persistem também no âmbito dos crimes mi-
litares, mesmo face à abolitio criminis.
d) Errada. Também conforme estudamos, não é lícita a combinação de leis para que se possa
alcançar um texto ainda mais benéfico ao acusado.
e) Errada. Aplica-se também a retroatividade benigna às medidas de segurança, posto que es-
sas são também espécies de sanção penal.
Letra a.
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c) Para a verificação do lugar do crime, o CPM adotou, apenas, a teoria da atividade, conside-
rando praticado o fato no lugar em que se tiver desenvolvido a atividade criminosa.
d) A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando
diversas, ou nesta é computada, quando idênticas. Assim, se for mais severa, a pena cumprida
no estrangeiro funcionará, por não ser idêntica, apenas como uma atenuante, não podendo ser
computada na pena aqui imposta.
e) Da mesma forma que o CP, o CPM adota, como regra, o princípio da territorialidade e, como
exceção, o princípio da extraterritorialidade.
Negativo. Conforme estudamos, nesse ponto CP e CPM convergem, sendo que as leis excep-
cionais ou temporárias, em ambos os diplomas legais, são regidas pelas mesmas premissas.
Errado.
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Com certeza. Conforme estudamos, o CPM admite tanto a territorialidade quanto a extraterri-
torialidade incondicionada, de modo que o crime militar cometido no exterior é também objeto
de apuração pela lei penal militar brasileira.
Certo.
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a) Errada. Negativo. Conforme verificamos, o local do crime no CPM abrange outras possibili-
dades, conforme rege seu art. 6º
b) Certa. De fato, haverá retroatividade benéfica mesmo no caso de sentença irrecorrível.
c) Errada. Na verdade, aplica-se sim (art. 4º do CPM).
d) Errada. Nem a CF/88 nem o próprio CPM admitem essa prática.
e) Errada. Conforme o art. 5° do CPM:
Art. 5º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o do
resultado.
Letra b.
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GABARITO
1. a
2. a
3. E
4. C
5. C
6. a
7. b
Douglas Vargas
Agente da Polícia Civil do Distrito Federal, aprovado em 6º lugar no concurso realizado em 2013. Aprovado
em vários concursos, como Polícia Federal (Escrivão), PCDF (Escrivão e Agente), PRF (Agente), Ministério
da Integração, Ministério da Justiça, BRB e PMDF (Soldado – 2012 e Oficial – 2017).
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