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Choques na genitália
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Outro sobrevivente corajosamente compartilhou os horrores que vivenciou nas mãos do
regime. “Minhas mãos foram algemadas à cadeira com dois pares de algemas. Eles
pegaram um bastão elétrico e o conectaram a uma tomada na parede”, disse.
“Repetidamente, ele foi aplicado em meu peito, enquanto a água era jogada em minha
calça, diretamente na minha genitália. Meus testículos foram eletrocutados, fazendo com
que eu perdesse o controle da minha bexiga e urinasse fortemente devido ao choque. As
cicatrizes das queimaduras permanecem em meu corpo”, relatou a vítima, também de
forma anônima, ao Tribunal Penal Internacional (TPI).
Além dos choques elétricos e estupros, durante o período analisado pelo relatório do
Provea, as vítimas relataram também outros métodos brutais de tortura, que incluem
ameaças de morte, espancamentos, insultos e até ameaças de crucificação. De acordo
com o relatório, esses atos desumanos são realizados por agentes do Estado,
principalmente pelo Corpo de Investigação Científica, Penal e Criminalística (CICPC),
que foi apontado como responsável em 71,4% dos casos registrados.
“O Provea vem realizando junto a outras organizações de direitos humanos a dura tarefa
de documentar esses casos. Além disso, fazemos o envio dessas informações para as
instâncias internacionais, porque a justiça nacional não realiza os devidos esforços para
produzir materiais de investigação a respeito desse tema de violações dos direitos
humanos. Na verdade, praticamente não há investigação”, diz Lissette, em entrevista à
Gazeta do Povo.
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“Diversas outras organizações internacionais já contribuíram conosco seja enviando
casos documentados à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, seja enviando
informes para a Missão Independente de Determinação de Fatos para Venezuela da
ONU”, afirma a coordenadora da pesquisa.
Pressão internacional
Diante dos abusos relatados, organizações de defesa dos direitos humanos têm
intensificado a pressão sobre o regime de Maduro. Na segunda-feira passada (08), o
Tribunal Penal Internacional (TPI) negou uma solicitação do regime venezuelano para ter
acesso a declarações feitas por vítimas no relatório que denuncia violações de direitos
humanos no país. O relatório foi produzido por meio de investigação iniciada por fiscais
do TPI.
Maduro também havia pedido o fim das investigações do órgão, alegando a existência
de procedimentos internos genuínos. No entanto, a falta de evidências concretas de
ações efetivas por parte do Estado para investigar e processar os responsáveis coloca
em dúvida a seriedade desses esforços. De acordo com a decisão do TPI, permitir
também o acesso de Maduro as declarações de vítimas do regime colocaria em cheque
a segurança das mesmas, uma vez que haveria ali informações confidenciais que
poderiam acarretar em mais perseguições por parte da ditadura.
“Como já vimos na recente reunião de Bogotá (realizada pelo governo colombiano para
intermediar conversas entre o regime venezuelano e a oposição), o governo manifestou
publicamente seus temores sobre o avanço das investigações da corte penal e chegou a
pedir, sem nenhum fundamento, que atores políticos decidam em um processo sob o
qual não têm nenhuma competência que é o processo sobre a paralização das
investigações”, afirma o Coordenador do Provea, Rafael Uzcátegui, na apresentação.
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cargo, uma vez que o ditador venezuelano tem em suas mãos o controle sobre a
Assembleia Nacional e os militares, o que cria obstáculos para a aplicação efetiva da
justiça ou para a confirmação de uma pena internacional.
A persistência das torturas na Venezuela evidencia uma narrativa oficial que busca
reprimir qualquer forma de dissidência, restringindo a liberdade de expressão e
ameaçando aqueles que ousam questionar o regime. Os casos de tortura não são
apenas violações dos direitos humanos, mas também podem ser considerados crimes de
lesa humanidade, segundo a Missão Independente de Determinação de Fatos para
Venezuela, criada pelo Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações
Unidas (ONU).
Investigação internacional
No último mês de abril, milhares de vítimas do regime venezuelano apresentaram suas
opiniões e preocupações durante a solicitação do fiscal do Tribunal Penal Internacional
para retomar a investigação sobre a situação no país. A Seção de Participação das
Vítimas e Reparações do TPI recebeu aproximadamente 8.900 vítimas, 630 famílias e 2
organizações independentes, que relataram suas experiências através de formulários,
vídeos e documentos escritos.
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