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Formação territorial do Brasil

Direito Internacional dos Espaços


A Igreja no jus gentium medieval
• Poder temporal e espiritual
• Res Publica Christiana
• “Pais fundadores do direito das gentes”
Formação do território brasileiro
• Tratado de Alcáçovas, 1479
• Espanha reconhecia a Portugal as terras descobertas e por descobrir abaixo das Canárias até
a Guiné.
• Também reconhecia a ilha da Madeira e do Açores como sendo portuguesas.
• Tratado aprovado pela Santa Sé
Formação do território brasileiro
• Bula inter coetera, 1493
• Papa Alexandre VI, espanhol
• Bula inter coetera anterior, que não considerava os direitos portugueses, havia sido
impedida pela diplomacia portuguesa.
• “Bula de partição do mar oceano”
• Espanha tinha direitos sobre as terras para além de 100 léguas a oeste de Cabo Verde.
• Portugal teria direitos sobre as descobertas até esse limite.
• O descobrimento dava direito de preferência. As bulas papais davam o título de
propriedade.
• Alexandre VI reduzia, também por outras bulas (Eximia Devotionis e Dudum Sequidum)
doações feitas a Portugal por papas anteriores.
Formação do território brasileiro
• Tratado de Tordesilhas, 1494

• “Capitulação da Partição do Mar Oceano”


• Portugal teria direito a todas as terras descobertas ou a descobrir até o limite de 370 léguas a oeste
das ilhas de Cabo Verde.
• Espanha teria direito sobre as terras a partir desse limite e direito de passagem pelos mares
portugueses
• Tratado deveria ser demarcado em 10 meses, o que não ocorreu
• Não se sabia qual légua seria utilizada (não havia uniformidade na época), não sabia de qual das
ilhas de Cabo Verde se deveria contar essas léguas; a técnica astronômica era inexata quanto as
longitudes.
• Primeiro acordo entre estados sem interferência papal.
• Mas foi sancionado pelo papa Júlio II em 1506 pela bula “Ea quea pro bono”
• Fernão de Magalhães fez a primeira viagem de circum-navegação do globo (1519 -
1522)!
Escritura de Saragoça, 1529
• Base jurídica a identificar os domínios ibéricos na Ásia.
• Esse acordo complementava Tordesilhas e foi celebrado, como explica Gusmão, após a
confirmação de que o planeta não era plano, o que exigia um “antimeridiano” no Pacífico.
• Pelo acordo, as Molucas e as Filipinas ficavam sob o domínio português.
• Até então, Castela controlava as Molucas, as quais vendeu a Portugal por trezentos e
cinquenta mil ducados de ouro, nos termos do artigo VII da Escritura.
• Contrameridiano de Tordesilhas
Mare clausum vs mare liberum
Hugo Grócio, De Mare Liberum, capítulo do de Iure Serafim de Freitas, em seu De justo império lusitanorum
Pradae Comentarius, de 1605. asiático, de 1625.

“For even that ocean wherewith God hath compassed the Comparava o controle dos mares com o controle sobre o
Earth is navigable on every side around about, and the mar territorial:
settled or extraordinary blasts of wind, not always “como essa porção de mar não é definida pelo direito
blowing from the same quarter, and sometimes from natural, torna-se lógico dizer que pode aumentar ou
every quarter, do they not sufficiently signify that nature diminuir de império e jurisdição consoante a potência do
hath granted a passage from all nations unto all?” senhor, tal como sucede na terra, onde as cidades são
circunscritas por territórios maiores ou menores.”
“This right therefore equally appertaineth to all nations,
which the most famous lawyers enlarge so far that they John Selden, em seu Mare Clausum, de 1635.
deny any commonwealth or prince to be able wholly to
forbid other to come unto their subjects and trade with
them.”
União Ibérica (1580 – 1640)
• D. Sebastião morre em Alcácer Quibir, em luta contra os mouros (1578), sem deixar
herdeiros.
• No período da união pessoal entre Portugal e Espanha, o Tratado de Tordesilhas carecia de
efetividade.
• Portugal ultrapassou os limites previstos pelo tratado na América – bandeirantismo
• Espanha, na América, já tinha encontrado riquezas minerais e estava, em certa medida,
limitada pelos Andes.
• Mas, no Oriente, a Espanha desrespeita os limites entre as potências ibéricas.
União Ibérica (1580 – 1640)
• Ao mesmo tempo, as bandeiras e as monções avançavam sobre os sertões de Cuiabá e de
Mato Grosso e sobre a Bacia Amazônica .
• Ao mesmo tempo, a Espanha violara, no Oriente, a Escritura de Saragoça, e ocupava, sem
título jurídico, as Filipinas.
“O Pomo da Discórdia”
• Fundada pelos portugueses em 1680
• Invadida pelos espanhóis
• Tratado Provisional celebrado entre Portugal e Espanha em 1681, que resolvia a
controvérsia criada pela primeira invasão de Buenos Aires a Colônia, determinava “o uso
promíscuo das campanhas e de seus produtos a espanhóis e portugueses, enquanto não se
delineasse a qual das duas nações pertencia de direito”.
• Nova invasão espanhola, 1705
• Tratado de Utrecht, 1715
• Nova guerra, 1735
Violações mútuas de Tordesilhas
• Em 1720, Guillaume Delisle publicou o primeiro mapa científico do planeta, fazendo uso de
observações astronômicas para determinar as latitudes e as longitudes.
• Com a publicação do mapa, foram evidenciadas as violações mútuas dos limites
estabelecidos entre Portugal e Espanha.
• Ficou claro, por exemplo, que Colônia do Sacramento, a Bacia Amazônica e as minas de
Cuiabá e Guaporé, estavam além dos limites assignados a Portugal pelo tratado de 1494, ao
mesmo tempo em que se confirmavam as violações de Saragoça cometidas pela Espanha na
Ásia.
Os “padres matemáticos”
• A publicação de Delisle, “obra revolucionária, que marca época na história da geografia”, provou que
a cartografia portuguesa estava defasada, e, para iniciar as negociações de um tratado de limites
que solucionasse essas controvérsias, era preciso identificar precisamente as faixas territoriais
ocupadas efetivamente por Portugal na América. Era preciso desenvolver os estudos científicos da
Coroa portuguesa.
• Com esse propósito, D. João V contratou os astrônomos jesuítas, João Batista Carbone e Domingos
Capassi, conhecidos como os “padres matemáticos”. Chegando a Lisboa em 1722, passaram a
atualizar a cultura geográfica de Portugal, com a contribuição de Manuel de Azevedo Fortes,
engenheiro-mor da Corte.
• No início da década de 1730, os padres Domingos Capassi e Diogo Soares foram enviados ao Brasil
colônia para investigar os confins da América. Os levantamentos realizados pelos “padres
matemáticos” contribuiriam para a superioridade cartográfica de Portugal em suas negociações com
a Espanha, que seria decisiva para a celebração do tratado de 1750.
Alexandre de Gusmão
• Em 1737, Portugal publicou, da pena de Alexandre de Gusmão, com algumas emendas de D.
Luis da Cunha, a Dissertation qui determine tant geografiquement que par les Traités faits
entre la Couronne de Portugal et celle d’Espagne quels sont les limites de leurs
dominations en Amerique, c’est-a-dire, du coté de la Rivière de la Plate.
• Nele, Gusmão defende que Colônia do Sacramento pertencia de direito a Portugal, não
pelo Tratado de Tordesilhas, porque se sabia, desde os mapas de Delisle, que a praça se
encontrava além das 370 léguas estipuladas em 1494, mas pelo Tratado de Utrecht de
1715.
• Pelo Tratado de Utrecht de 1715, a Espanha cedia todo o direito que se reservava sobre esse
território. Não podia haver dúvida: Colônia do Sacramento pertencia, de direito, a Portugal.
O “acerto de contas global”
• O segundo argumento exarado por Gusmão na famosa Dissertation decorria da primeira
conclusão: a solução das controvérsias de limites entre as potências ibéricas teria de incluir
troca de territórios.
• Afinal, de acordo com o diplomata santista, mantendo-se os acordos de 1494 e de 1529, ou
a Espanha teria de devolver as Filipinas e as Molucas a Portugal, ou teria de haver alguma
forma de permuta de territórios.
• Como Castela não parecia muito disposta a abrir mão de seu controle sobre os arquipélagos
asiáticos, a solução para as questões de limites deveria passar por alguma forma de
reconhecimento de iure dessas possessões de facto.
O “acerto de contas global”
• Dessa forma, nas negociações do Tratado de Madri, Alexandre de Gusmão defendia ser
necessário abandonar o Tratado de Tordesilhas e conceder o título jurídico de propriedade
da terra a quem a ocupasse de modo efetivo. Tratar-se-ia de um “acerto de contas global”,
porque, se Portugal teria reconhecido seus domínios ampliados na América, a Espanha teria
legalizada a sua posse das Filipinas e das Molucas, na Ásia.
• Dessa forma, constava no preâmbulo do tratado de 1750 que “cada parte há de ficar com o
que atualmente possui”.
Uti possidetis
• No preâmbulo do tratado de 1750, determina-se que “cada parte há de ficar com o que
atualmente possui”.
• Introdução do uti possidetis no direito internacional.
• Artigo III
• “Na mesma forma pertencerá à Coroa de Portugal tudo o que tem ocupado pelo rio das
Amazonas, ou Maranhão acima, e o terreno de ambas as margens deste rio até as paragens,
que abaixo se dirão”.
• Introduzia-se, no Direito Internacional, o princípio de direito romano do uti possidetis.
Alexandre de Gusmão
• 1719 – Doutoramento em leis na Sorbonne
• Estudou direito romano pelo método de Cujácio

• Elogio de Alexandre de Gusmão publicado por Miguel Martins de Araújo em 1754


• Jaime Cortesão encontrou a validação do diploma pelo escrivão Souza trovão em 21 de julho de
1719
Uti possidetis
• Dig. 43.17.1pr.
• Ulpianus 69 ad ed.
• Ait praetor: " uti eas aedes, quibus de agitur, nec vi nec clam nec precario alter ab altero possidetis,
quo minus ita possideatis, vim fieri veto. de cloacis hoc interdictum non dabo. neque pluris, quam
quanti res erit: intra annum, quo primum experiundi potestas fuerit, agere permittam".
• Na tradução de D’ors: “Dice el Pretor: ‘Prohibo que se impida por la violencia que sigais poseyendo la
casa de que se trata tal como la poseéis sin violencia ni clandestinidad, ni en precario el uno del otro.
No daré este interdicto cuando se trate de desagües. No será por más del valor de la posesión.
Permitiré demandar dentro del año en que sea posible hacerlo”.
Uti possidetis
• Festus:
• Uti nunc possidetis eum fundum, quo de agitur, quod nec vi nec clam nec precario alter ab altero
possidetis, ita possideatis. Aduersus ea uim fieri ueto.
• (Continuai a possuir o imóvel de que se trata, como agora o possui, dede que a posse não seja
violenta, clandestina ou precária. Proíbo que se faça violenta contra essa decisão”.)
• Nec vi – não violenta
• Nec clam – não clandestina
• Nec precario – não precária
Posse e propriedade
• “A posse é o poder de fato, protegido juridicamente, que se exerce sobre uma coisa.”
• “A posse é poder de fato sobre uma coisa; a propriedade é poder de direito”. Moreira Alves

• Os romanos já distinguiam claramente posse de propriedade. Digesto, (XLI, 2, 12, 1; e xliii,


17, 1, 2).
Interditos possessórios no direito romano
• Interdito no direito romano clássico
• 1) Interdicta retinendae possessionis causa – destinados à conservação da posse
• 1.1 interdito uti possidetis
• 1.2 interdito utrubi

• 2) Interdicta reciperandae possessionis causa – destinados à recuperação da posse


• 2.1 interdito unde ui
• 2.2 interdito de precario
• 2.3 interdito de clandestina possessione

• Todos resolviam a questão da posse sem se ater ao problema da propriedade. Por isso, o
proprietário não poderia invocar o direito de propriedade contra o possuidor.
Interdicta retinendae possessionis causa
1.1 interdito uti possidetis
Destinado a coisas imóveis

1.2 interdito utrubi


Destinado a coisas móveis

Interditos proibitórios e duplos.

Proibitórios porque o pretor proibia que se fizesse alguma coisa


Duplo porque a proibição se referia a ambas as partes, o possuidor e o turbador da posse
Interdito uti possidetis
• Só protegia o possuidor cuja posse não fosse violenta, clandestina ou precária.
• Isso significa que se o possuidor ui, clam ou precário, molestado pelo antigo possuidor que
ele esbulhara e que tentava recuperar a posse, requeresse ao pretor um interdito uti
possidetis, poderia ser invocada uma exceção de posse viciosa, e o antigo possuidor
recuperaria a posse.
Uti possidetis ≠ usucapião
• “C’est donc de la possession seule, indépendamment de tout autre drot, que découle
l‘usucapion, c’est-à-dire l’acquisition de la propriété”.
• Savigny
• Uti possidetis só assegura a manutenção da posse; não garante direito de propriedade.
Prescrição aquisitiva
• Accioly explica que a prescrição aquisitiva não se confunde com o usucapião do direito romano – p. 383.
• A prescrição aquisitiva não necessariamente se baseia no título justo, na bona fide.
• Alguns autores, seguindo Grócio e Vattel, explicam a a prescrição como uma renúncia, pelo silêncio, do antigo
soberano.
• Para a maior parte dos autores, o fundamento da prescrição aquisitiva é a necessidade de ordem e
estabilidade nas relações internacionais. Accioly, p. 385
• Accioly aponta 4 condições para que se opere a prescrição aquisitiva (p.385):
• A pose deve ser pública e efetiva;
• Deve ser exercida a título de soberano;
• Deve ser pacífica e ininterrupta;
• Deve durar por prazo suficiente para que se possa presumir o consentimento tácito do antigo soberano.
Prescrição aquisitiva
• Grócio considerava essencial para a prescrição uma posse imemorial (possessio memoria
excedens), mas isso não tem sido considerado condição atualmente.
• Fiori propõe um prazo de 50 anos. Era esse o prazo do tratado de arbitragem entre Grã
Bretanha e Venezuela, de 1897.
• Epitácio sugeria 40 anos + boa-fé.
Prescrição aquisitiva
• Não era o caso no Tratado de Madri.
• Não havia direito de propriedade derivado da posse efetiva.
• O direito de propriedade teve como título jurídico o próprio Tratado de Madri, que tomou
como critério a posse efetiva.
Posse efetiva e limites naturais
• O critério do meridiano para definição de limites padecia de grande ineficácia, porque não
se sabia, de modo preciso, onde se encontravam essas fronteiras. O critério da posse
efetiva, por mais adequado que fosse às negociações, corria o risco de ser igualmente
ineficaz caso não se determinasse critério preciso para delimitação das fronteiras, em
especial quando se levava em consideração os vazios territoriais das Américas. Dessa forma,
o critério da posse efetiva deveria ser somado ao dos limites naturais: com vistas a conferir
segurança e estabilidade às fronteiras e ao acordo, adotar-se-iam o curso dos rios e as
montanhas mais visíveis como limites entre os estados.
Posse efetiva e limites naturais
• “Nas Conferências que precederam à assinatura do Tratado ficou resolvido que se
renunciasse de todo ao estabelecimento de linhas imaginárias de demarcação, que os
limites fossem determinados pelos rios e montes mais notáveis e conhecidos, ficando cada
uma das Partes com o que possuíam naquela data, exceto as mútuas cessões que fossem
feitas”.
• Barão do Rio Branco
Permuta de território no Tratado de Madri
• O Tratado de Madri não foi pautado exclusivamente pelo uti possidetis. À época, Portugal
encontrava-se em posse de Colônia do Sacramento, às margens do Rio da Prata e de frente para
Buenos Aires. Como visto, os portugueses tinham título jurídico a Colônia em decorrência do
Tratado de Utrecht de 1715, como explicara Gusmão em sua Dissertation de 1737. O domínio
português da praça era, contudo, extremamente sensível à Espanha, porque ameaçava seu domínio
americano e impedia sua hegemonia sobre o Prata.
• A presença lusitana na margem oposta do rio ameaçava o escoamento fluvial da prata espanhola e
causava relevantes prejuízos em função do tráfico ali praticado. Em meados do século XVIII, a praça
já havia sido tomada militarmente por Buenos Aires duas vezes, e havia sofrido cerco de 1735 a
1737 em nova guerra movida por Castela, afetada pelos prejuízos causados pelo contrabando, e
respaldada pelo primeiro pacto de família com a França. Por outro lado, a manutenção de Colônia
era muito dispendiosa para Portugal, e Alexandre de Gusmão propôs, nas negociações do tratado
de Madri, sua permuta por território equivalente, fácil de encontrar, nos territórios de Cuiabá e
Mato Grosso. No curso das negociações, essa moeda de troca foi singularizada como Sete Povos
das Missões, redução fundada pelos jesuítas espanhóis entre 1687 e 1707.
Tratado de Madri, 1750
• Em 13 de janeiro de 1750, foi celebrado o Tratado de Madri. Legalizava-se a ocupação
portuguesa sobre a Amazônia, o Oeste e o Sul do Brasil. Ao mesmo tempo, a Espanha
adquiria título jurídico sobre as Filipinas e as Molucas na Ásia. Determinava-se, por fim, a
permuta de Colônia do Sacramento por Sete Povos das Missões.
Tratado de El Pardo, 1761
• Anulou o Tratado de Madri
• Alegando dificuldades de demarcação, o tratado simplesmente anulou Madri e restituiu,
quanto aos limites na América e na Ásia, “os termos dos tratados, pactos e convenções que
haviam sido celebrados entre as duas coroas contratantes, antes do referido de 1750”. (art.
1)
Tratado de Santo Ildefonso, 1777
• Tratado Preliminar
• Regulamentação menos favorável a Brasil colonial, mas em certa medida inspirado pelo
princípio da posse efetiva.
• O tratado de 1777 determinava, em seu artigo 3, que cada um dos estados pactuantes
ficaria “com o território que possui”.
Paz de Badajós, 1801
• Após a guerra das Laranjas, anulou o tratado de 1777, sem restabelecer o status quo ante.
• Dessa forma, quando da independência do Brasil, em 1822, não havia tratado que regesse
suas relações com os vizinhos hispano-americanos
• Essa seria a doutrina adotada pelo Brasil imperial na década de 1850, por influência de
Duarte da Ponte Ribeiro e do Visconde do Rio Branco.
• Não havendo tratado que regesse as relações limítrofes com seus vizinhos, seria necessário
recorrer, mais uma vez, ao critério da posse efetiva.
• O uti possidetis estava, mais uma vez, como pano de fundo dos tratados de limites do Brasil.
Tratados de limites do Império brasileiro
• Tratado com o Peru, 1851;
• Havia sido celebrado tratado em 1841, com base no uti possidetis; este, não ratificado, serviria de base
para o de 1851.
• Tratado com o Uruguai, 1851;
• Tratado com a Venezuela, 1859;
• Também inspirado em acordo não ratificado de 1852 que utilizara a uti possidetis.
• Tratado com a Bolívia, 1867;
• “Sua majestade o Imperador do Brasil e a República da Bolívia concordam em reconhecer, como base
para demarcação da fronteira entre os respectivos territórios, o uti possidetis, e, de conformidade com
esse princípio, declaram e definem a mesma fronteira do modo seguinte...” (art.2)
• Tratado com o Paraguai, 1872
Uti possidetis
• Uti possidetis de iure
• Uti possidetis de facto
• Invocado pelos recém-independentes países hispano-americanos
• Posse efetiva • Usariam como critério para delimitar suas fronteiras as divisões
administrativas da Coroa espanhola no momento de suas independências
• Em geral pacífica
• Atualmente consagrado como princípio geral de direito, reconhecido pela
• E conhecida Corte Internacional de Justiça
• Utilizado na África;
• Consagrado na Convenção de Viena sobre sucessão de estados em
matéria de tratados – intangibilidade das fronteiras
• Por isso, a América hispânica é vista como a introdutora desse princípio
no direito internacional
Uti possidetis
• A partir dos processos de descolonização da América Latina, o princípio evoluiu e passou a
expressar-se como o uti possidetis iuris, ou da intangibilidade das fronteiras. Afinal, uma vez
estabelecidos os limites entre os territórios coloniais, esses limites acabam sendo
transmitidos aos novos estados, de modo a preservar a estabilidade das fronteiras. No caso
dos estados hispano-americanos, o uti possidetis iuris foi utilizado também para determinar
as fronteiras entre eles, a partir das divisões administrativas da antiga metrópole.
• Em realidade, o uti possidetis diz respeito à manutenção do status quo territorial. Havendo
tratado de limites entre as antigas colônias, eles devem ser mantidos. Trata-se da
intangibilidade das fronteiras, conforme previsto no Congresso do Panamá, em 1826, e na
Conferência do Cairo, da Organização da Unidade Africana, em 1964.
Uti possidetis
• Na doutrina de limites brasileira, apenas diante da ausência de limite definido, recorre-se novamente
ao princípio original do uti possidetis de facto. Afinal, nesses casos, a manutenção do status quo
territorial exige a aplicação da posse efetiva para a determinação das fronteiras internacionais. Foi
precisamente o que ocorreu com os limites entre o Império do Brasil e seus vizinhos. Diante da
anulação do tratado de Santo Ildefonso, de 1777, pela guerra das Laranjas, de 1801, não havia limites
definidos por tratado entre o Brasil e seus vizinhos; recorria-se, portanto, ao princípio da posse efetiva
para traçar os limites entre os novos estados. Essa complementaridade entre a posse efetiva e os
tratados celebrados pelas antigas metrópoles é reconhecida atualmente pela Corte Internacional de
Justiça. Os tratados limítrofes devem ser transmitidos aos estados sucessores e prevalecem sobre
eventual posse efetiva. Na ausência de tratado em vigor, contudo, a efetividade da posse torna-se
critério determinante:
• Where the act does not correspond to the law, where the territory which is the subject of the dispute is
effectively administered by a State other than the one possessing the legal title, preference should be
given to the holder of the title. In the event that the effectivité does not co-exist with any legal title, it
must invariably be taken into consideration.
• Organização da Unidade Africana, Resolução 16-1, de 1964.
Uti possidetis
• No século XX, durante o processo de descolonização da África e da Ásia, o princípio da
intangibilidade das fronteiras, verdadeira confirmação do uti possidetis, foi consagrado pela
Organização da Unidade Africana. Atualmente, o princípio encontra-se codificado na Convenção de
Viena sobre Sucessão de Estados em matéria de Tratados, de 1978, aplicando-se a qualquer caso de
sucessão de Estados, inclusive no continente europeu, como ocorreu quando do desmembramento
da Tchecoslováquia e da ex-Iugoslávia.
• Atualmente, a Corte Internacional de Justiça reconhece a natureza de princípio geral de Direito
Internacional conferida ao uti possidetis iuris. De acordo com a Corte da Haia
• le principe de I'uti possidetis (...) ne revêt pas pour autant le caractère d'une règle particulière,
inhérente à un système déterminé de droit international. Il constitue un principe général,
logiquement lié au phénomène de l'accession à l'indépendance, où qu'il se manifeste.
• CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA. Différent frontalier (Burkina Faso c. Mali) ICJ Reports 1986,
para. 63.
Adaptação/deturpação do interdito possessório romano

• “As características tradicionais romanas do interdito foram totalmente modificadas (para


não dizer deturpadas), ao ser invocado nas questões de fronteiras entre as novas nações
americanas, lutando por terra (...) O direito romano servia de subsídio, embora sob nova
feição, adaptado, para não dizer deturpado. Aproveitava-se o princípio, a essência do
interdito pretoriano, de origem a aplicação bem diferentes no solo itálico, seu berço”.
• MEIRA, Sílvio A B. A vocação dos séculos e o direito romano. Revista Inf. Legislação Brasília,
n. 100, out./dez. 1998. pp. 29-30.
Arbitragens de limites
• Questão de Palmas;
• Acordo de arbitragem de 1889
• Acordo de Montevidéu, 1891
• Barão descobre o Mapa das Cortes, utilizado em Madri
• Arbitragem de Groover Cleveland, 1895, totalmente favorável ao Brasil

• Questão do Amapá;
• Compromisso arbitral, 1897
• Identificação do Rio Japoc ou Vicente Pinzón do Tratado de Utrecht de 1713
• Poderia ser o Oiapoque, como queria o Brasil, o Araguari, como queria a França, ou algum intermediário
• Laudo do presidente da Confederação Helvética, 1900, totalmente favorável ao Brasil

• Questão do Pirara
• Nabuco apresenta a defesa brasileira
• Laudo do rei Vitor Emanuel III, 1904, divide o território, ficando 60% com o Reino Unido
• Considerado uma derrota pelo Brasil
Tratados de limites, início do século XX
• Tratado de Petrópolis com a Bolívia, 1903
• Tratado de permuta com indenização
• Incorporação do Acre
• Nacionais brasileiros no Acre
• Arbitragem rejeitada, à revelia de Rui Barbosa
• Tratado com o Equador, 1904
• Tratado com a Colômbia, 1907
• Com base no uti possidetis
• Tratado com o Peru, 1909
• Parte do Acre
Território
• Solo;
• Subsolo;
• Mar Territorial;
• Espaço Aéreo
Território Marítimo brasileiro
• Em 1850, pela circular 92, o Brasil fixava seu mar territorial em 3 milhas marítimas.
• Em 1934, o Código de Caça e Pesca, por meio do Decreto nº 23.672, em seu art. 3º § 2º,
determinava que: “A pesca costeira é a exercida da costa até á distancia de 12 milhas, a contar
para fóra.”
• Em 1950, o decreto 28.840 determinava: “Fica expressamente reconhecido que a plataforma
submarina, na parte correspondente ao território, continental e insultar, do Brasil se acha
integrada neste mesmo território, sob jurisdição e domínio, exclusivos, da União Federal.”
• Em 1966, decreto-lei nº 44 estendia o mar territorial de três para seis milhas. Além disso,
determinava a existência de uma faixa adicional, até 12 milhas, dentro da qual o Estado brasileiro
poderia prevenir e reprimir infrações aduaneiras, fiscais, sanitárias ou relativas a imigração.
• Em 1970, Decreto nº 1.098/70 estendeu o mar territorial brasileiro para 200 milhas marítimas.
Território Marítimo brasileiro
• Após Montego Bay, com definição precisa do mar territorial, o Brasil editou a lei nº
8.617/1993, que dispõe sobre o mar territorial (12 milhas), a zona contígua (24 milhas),
a zona econômica exclusiva (200 milhas) e a plataforma continental brasileiros,
conforme a convenção.
Espaço aéreo brasileiro
• Tentativa de reivindicar soberania sobre as órbitas geoestacionárias
• Entendida como incompatível com o tratado do espaço exterior
• 20. Áreas além dos limites da jurisdição exclusiva dos estados
• Mutação conceitual
• “Os espaços internacionais, antes considerados res nullius, passam a ser patrimônio comum
da humanidade”. Muito além da mudança terminológica, trata-se de conceito valorativo que
se agrega ao conjunto dos espaços internacionais, com ênfase na responsabilidade
compartilhada e na necessidade de preservação, para as gerações presentes e futuras”.
• Casella, Direito Internacional dos Espaços.
Res communis
• Áreas identificadas com natureza jurídica de res communis não estão sujeitas à jurisdição
exclusiva de nenhum estado;
• Não estão sujeitas a apropriação por nenhum estado
• Em geral devem ser utilizadas com finalidades exclusivamente pacíficas
• Por vezes em benefício da humanidade
• São consideradas PATRIMÔNIO COMUM DA HUMANIDADE.
Patrimônio Comum da Humanidade - Res communis
• “Os espaços internacionais escapam do controle de qualquer soberania e não deixam a esta
se não lugar reduzido. Eles são, por definição, abertos à livre frequentação pelos nacionais
dos estados, seja qual for a nacionalidade destes, como pelos próprios estados. Eles são,
igualmente, em sua maior parte, afeitos a atividades pacíficas (Antártica, espaço extra-
atmosférico e corpos celestes, Zona dos fundos oceânicos) bem como atividades, tendo por
finalidade o interesse da humanidade (Zona, corpos celestes)”.
• Jean Paul Pancracio, Droit international des espaces.
Res communis
• Precedente do mare liberum, defendido por Grócio:
• “Toutes les choses créées par la nature pour le commun usage de tous ont conserve jusqu´à
présent et doivent conserver pour toujours l´état dans lequel eles se trouvaient au temps
qu´elles ont été créées par la nature (...) Ni la nature ni l´égard à l´utilité public permettent
d´ocupper la mer”.
• Grócio
Res communis

• Alto mar - Águas internacionais


• Área/ Zona - Fundos marinhos
• Espaço extra-atmosférico/exterior e astros celestes
• Antártida
Alto mar
• “O alto mar não pode ser objeto de direito de propriedade, nem tampouco de apropriação
soberana. (...) desde o século XVII, o alto mar ficou sujeito ao princípio de ser bem
pertencente a todos – res communis omnium -, no qual poderiam trafegar os navios de
todos os estados, bem como utilizar os recursos naturais daquele espaço, tanto quanto não
se criassem impedimentos à utilização por parte de outros estados”.
• Casella
Fundos marinhos (Área)

• ”A ONU, por meio de sua Assembleia Geral, com base na


proposta do Embaixador Arvid Pardo, de Malta, sobre o
fundo do mar, além das jurisdições nacionais, de 1967,
cuidou de sua administração e regulamentação, a partir de
1976, culminando com a Convenção de Montego Bay
(Jamaica), de 1982. Foi criada, então, a noção de
patrimônio comum da humanidade, para a área, para que
nenhum Estado pudesse reivindicar soberania ou direitos
soberanos sobre parte alguma da referida zona – distinta
de mar territorial, de zona econômica exclusiva, de alto-
mar e de plataforma continental – do que resulta a
impossibilidade de aquisição de domínio, seja por uso,
ocupação ou qualquer outro meio”.
Fundos marinhos (Área)
• ”Para tal fim, criou a Convenção a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos,
(Autoridade) com os seguintes órgãos: Assembleia, Conselho, Secretariado e Empresa,
contando, para a solução pacífica de controvérsias, com a Câmara de Controvérsias dos
Fundos Marinhos e com o Tribunal Internacional do Direito do Mar. O primeiro princípio daí
decorrente é o de patrimônio comum da humanidade”.
Fundos marinhos (Área)

• ”Outro princípio que rege a Área é o de que o comportamento dos Estados


deve pautar-se no interesse da manutenção da paz e da segurança
internacionais, assim como da cooperação e da compreensão mútua (art.
138). Daí decorre sua responsabilidade por danos, o mesmo sendo aplicado às
organizações internacionais competentes (art. 139).
• O art. 141 complementa o raciocínio quanto à utilização da Área atribuindo-lhe
somente fins pacíficos. A investigação científica marinha também deverá ser
realizada exclusivamente com fins pacíficos e em benefício da humanidade (art.
143), seja por meio da Autoridade, seja por meio dos Estados-Partes. A
presença da Autoridade é sensível no plano da transferência de tecnologia (art.
144), isoladamente ou mediante cooperação com os Estados-Partes. O mesmo
ocorre com relação à proteção do meio marinho (art. 145) e à proteção da vida
humana (art. 146)”.
Área
• ARTIGO 153
Sistema de exploração e aproveitamento
• 1. As atividades na Área devem ser organizadas, realizadas e controladas pela Autoridade
EM NOME DA HUMANIDADE EM GERAL de conformidade com o presente artigo, bem
como com outras disposições pertinentes da presente Parte e dos anexos pertinentes e as
normas, regulamentos e procedimentos da Autoridade.
Espaço Exterior
• 1957 – Sputnik 1
• Apartava-se o direito aeronáutico do espaço exterior.
• Não houve protesto por suposta invasão de espaço aéreo por parte do Sputnik.
• A perspectiva de “colonização” do espaço exterior não era bem vista pela comunidade
internacional.
• 1957 – AGNU – Res. 1148 – lançamentos de objetos ao espaço deveria obedecer apenas a
interesses pacíficos.
COPUOS
• Committee on the Peaceful Uses of Outer Space (COPUOS)
• Criado em 1959 pela Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU).
• Seus objetivos são: (i) revisar a cooperação internacional em usos pacíficos do espaço; (ii) estudar
atividades relativas ao espaço exterior que possam ser realizadas pelas Nações Unidas; (iii) prestar
assistência a bases permanentes de pesquisa sobre o espaço exterior; (iv) organizar intercâmbios
mútuos e promover a disseminação de informações sobre o espaço; (v) encorajar programas de
pesquisa sobre o espaço; e (vi) estudar problemas jurídicos que possam surgir da exploração do
espaço exterior.
• Em 1959, o COPUOS era composto por 24 países membros, entre os quais o Brasil, Rússia e Índia.
Atualmente, conta com 92 países-membros.
• O COPUOS responde ao Quarto Comitê da AGNU (Comitê Especial Político e de Descolonização).
• Têm dois órgãos subsidiários: o Subcomitê Científico e Técnico (STSC) e o Subcomitê Jurídico (LSC),
ambos criados em 1961.
• O Subcomitê jurídico exerce papel essencial na formulação e no monitoramento do Direito do
Espaço Exterior.
Direito do Espaço Exterior

• 5 TRATADOS

•E

• 5 CONJUNTOS DE PRINCÍPIOS
Os 5 tratados
• 1. Outer Space Treaty – adotado pela Res. 2222 (XXI); assinatura (27/1/1967); entrada
em vigor (10/10/1967).
• 2. Rescue Agreement – adotado pela Res. 2345 (XXII); assinatura (22/4/1968); entrada
em vigor (3/12/1968).
• 3. Liability Convention – adotada pela Res. 2777 (XXVI); assinatura (29/3/1972); entrada
em vigor (1/9/1972).
• 4. Registration Convention – adotada pela Res. 3235 (XXIX); assinatura (14/1/1975);
entrada em vigor (15/9/1976).
• 5. Moon Agreement – adotado pela Res. 34/68; assinatura (18/12/1979); entrada em
vigor (11/7/1984).
Tratado do Espaço Exterior, 1967
• Treaty on Principles Governing the Activities of States in the Exploration and Use of Outer Space, including the
Moon and Other Celestial Bodies
• “Magna Carta” do Espaço
• Article I
• The exploration and use of outer space, including the Moon and other celestial bodies, shall be carried out for
the benefit and in the interests of all countries, irrespective of their degree of economic or scientific
development, and shall be the province of all mankind. Outer space, including the Moon and other celestial
bodies, shall be free for exploration and use by all States without discrimination of any kind, on a basis of
equality and in accordance with international law, and there shall be free access to all areas of celestial
bodies. There shall be freedom of scientific investigation in outer space, including the Moon and other
celestial bodies, and States shall facilitate and encourage international cooperation in such investigation.
• Article II
• Outer space, including the Moon and other celestial bodies, is not subject to national appropriation by
claim of sovereignty, by means of use or occupation, or by any other means.
Tratado do Espaço Exterior, 1967
• Article IV
• States Parties to the Treaty undertake not to place in orbit around the Earth any objects carrying
nuclear weapons or any other kinds of weapons of mass destruction, install such weapons on
celestial bodies, or station such weapons in outer space in any other manner.
• The Moon and other celestial bodies shall be used by all States Parties to the Treaty exclusively
for peaceful purposes. The establishment of military bases, installations and fortifications, the
testing of any type of weapons and the conduct of military manoeuvres on celestial bodies shall
be forbidden. The use of military personnel for scientific research or for any other peaceful
purposes shall not be prohibited. The use of any equipment or facility necessary for peaceful
exploration of the Moon and other celestial bodies shall also not be prohibited.
Tratado do Espaço Exterior, 1967

• Brecha para a militarização do espaço.


• Apenas a lua e os astros celestes são totalmente desmilitarizados.
• No espaço exterior em si, apenas não é permitida a colocação de armas nucleares e de destruição
em massa.
Tratado do Espaço Exterior, 1967
• Article V
• States Parties to the Treaty shall regard astronauts as envoys of mankind in outer space and shall
render to them all possible assistance in the event of accident, distress, or emergency landing on
the territory of another State Party or on the high seas. When astronauts make such a landing,
they shall be safely and promptly returned to the State of registry of their space vehicle. In
carrying on activities in outer space and on celestial bodies, the astronauts of one State Party
shall render all possible assistance to the astronauts of other States Parties. States Parties to the
Treaty shall immediately inform the other States Parties to the Treaty or the Secretary-General of
the United Nations of any phenomena they discover in outer space, including the Moon and
other celestial bodies, which could constitute a danger to the life or health of astronauts.
Tratado do Espaço Exterior, 1967
• Article VI
• States Parties to the Treaty shall bear international responsibility for national activities in outer space, including the Moon and other
celestial bodies, whether such activities are carried on by governmental agencies or by non-governmental entities, and for assuring that
national activities are carried out in conformity with the provisions set forth in the present Treaty. The activities of non-governmental
entities in outer space, including the Moon and other celestial bodies, shall require authorization and continuing supervision by the
appropriate State Party to the Treaty. When activities are carried on in outer space, including the Moon and other celestial bodies, by an
international organization, responsibility for compliance with this Treaty shall be borne both by the international organization and by the
States Parties to the Treaty participating in such organization.
• Article VII
• Each State Party to the Treaty that launches or procures the launching of an object into outer space, including the Moon and other
celestial bodies, and each State Party from whose territory or facility an object is launched, is internationally liable for damage to another
State Party to the Treaty or to its natural or juridical persons by such object or its component parts on the Earth, in air space or in outer
space, including the Moon and other celestial bodies.
• Article VIII
• A State Party to the Treaty on whose registry an object launched into outer space is carried shall retain jurisdiction and control over such
object, and over any personnel thereof, while in outer space or on a celestial body. Ownership of objects launched into outer space,
including objects landed or constructed on a celestial body, and of their component parts, is not affected by their presence in outer space
or on a celestial body or by their return to the Earth. Such objects or component parts found beyond the limits of the State Party to the
Treaty on whose registry they are carried shall be returned to that State Party, which shall, upon request, furnish identifying data prior to
their return.
Tratado do Espaço Exterior, 1967
• Article IX
• In the exploration and use of outer space, including the Moon and other celestial bodies, States Parties to the Treaty shall be guided by
the principle of cooperation and mutual assistance and shall conduct all their activities in outer space, including the Moon and other
celestial bodies, with due regard to the corresponding interests of all other States Parties to the Treaty. States Parties to the Treaty shall
pursue studies of outer space, including the Moon and other celestial bodies, and conduct exploration of them so as to avoid their
harmful contamination and also adverse changes in the environment of the Earth resulting from the introduction of extraterrestrial matter
and, where necessary, shall adopt appropriate measures for this purpose. If a State Party to the Treaty has reason to believe that an
activity or experiment planned by it or its nationals in outer space, including the Moon and other celestial bodies, would cause potentially
harmful interference with activities of other States Parties in the peaceful exploration and use of outer space, including the Moon and
other celestial bodies, it shall undertake appropriate international consultations before proceeding with any such activity or experiment. A
State Party to the Treaty which has reason to believe that an activity or experiment planned by another State Party in outer space,
including the Moon and other celestial bodies, would cause potentially harmful interference with activities in the peaceful exploration and
use of outer space, including the Moon and other celestial bodies, may request consultation concerning the activity or experiment.
• Article X
• In order to promote international cooperation in the exploration and use of outer space, including the Moon and other celestial bodies, in
conformity with the purposes of this Treaty, the States Parties to the Treaty shall consider on a basis of equality any requests by other
States Parties to the Treaty to be afforded an opportunity to observe the flight of space objects launched by those States. The nature of
such an opportunity for observation and the conditions under which it could be afforded shall be determined by agreement between the
States concerned.
Agreement on the Rescue of Astronauts,
the Return of Astronauts and the Return
of Objects Launched into Outer Space, 1967
• Article 1
• Each Contracting Party which receives information or discovers that the personnel of a spacecraft have suffered
accident or are experiencing conditions of distress or have made an emergency or unintended landing in territory
under its jurisdiction or on the high seas or in any other place not under the jurisdiction of any State shall
immediately:
• (a) Notify the launching authority or, if it cannot identify and immediately communicate with the launching authority,
immediately make a public announcement by all appropriate means of communication at its disposal;
• (b) Notify the Secretary-General of the United Nations, who should disseminate the information without delay by all
appropriate means of communication at his disposal.
• Article 4
• If, owing to accident, distress, emergency or unintended landing, the personnel of a spacecraft land in territory under
the jurisdiction of a Contracting Party or have been found on the high seas or in any other place not under the
jurisdiction of any State, they shall be safely and promptly returned to representatives of the launching authority.
Convention on International Liability for Damage Caused by
Space Objects, 1972
• Article II
• A launching State shall be absolutely liable to pay compensation for damage caused by its space object on the
surface of the Earth or to aircraft in flight.
• Article V
• 1. Whenever two or more States jointly launch a space object, they shall be jointly and severally liable for any
damage caused.
• 2. A launching State which has paid compensation for damage shall have the right to present a claim for
indemnification to other participants in the joint launching. The participants in a joint launching may conclude
agreements regarding the apportioning among themselves of the financial obligation in respect of which they
are jointly and severally liable. Such agreements shall be without prejudice to the right of a State sustaining
damage to seek the entire compensation due under this Convention from any or all of the launching States
which are jointly and severally liable.
• 3. A State from whose territory or facility a space object is launched shall be regarded as a participant in a
joint launching.
Convention on Registration of Objects Launched into Outer
Space, 1974
• Article III (i) Nodal period;
• 1. The Secretary-General of the United Nations shall maintain a Register in which (ii) Inclination;
the information furnished in accordance with article IV shall be recorded. (iii) Apogee;
• 2. There shall be full and open access to the information in this Register. (iv) Perigee;
• Article IV (e) General function of the space object.
2. Each State of registry may, from time to time,
• 1. Each State of registry shall furnish to the Secretary-General of the United Nations, provide the Secretary General of the United
as soon as practicable, the following information concerning each space object
carried on its registry: Nations with additional information concerning a
space object carried on its registry.
• (a) Name of launching State or States;
3. Each State of registry shall notify the Secretary-
• (b) An appropriate designator of the space object or its registration number; General of the United Nations, to the greatest
• (c) Date and territory or location of launch; extent feasible and as soon as practicable, of space
• (d) Basic orbital parameters, including: objects concerning which it has previously
transmitted information, and which have been but
no longer are in Earth orbit.
Agreement Governing the Activities of States on the Moon
and Other Celestial Bodies, 1979
• Article 3
• 1. The Moon shall be used by all States Parties exclusively for peaceful purposes.
• 2. Any threat or use of force or any other hostile act or threat of hostile act on the Moon is prohibited. It is likewise prohibited to use the
Moon in order to commit any such act or to engage in any such threat in relation to the Earth, the Moon, spacecraft, the personnel of
spacecraft or manmade space objects.
• 3. States Parties shall not place in orbit around or other trajectory to or around the Moon objects carrying nuclear weapons or any other kinds
of weapons of mass destruction or place or use such weapons on or in the Moon.
• 4. The establishment of military bases, installations and fortifications, the testing of any type of weapons and the conduct of military
manoeuvres on the Moon shall be forbidden. The use of military personnel for scientific research or for any other peaceful purposes shall not
be prohibited. The use of any equipment or facility necessary for peaceful exploration and use of the Moon shall also not be prohibited.
• Article 4
• 1. The exploration and use of the Moon shall be the province of all mankind and shall be carried out for the benefit and in the interests of all
countries, irrespective of their degree of economic or scientific development. Due regard shall be paid to the interests of present and future
generations as well as to the need to promote higher standards of living and conditions of economic and social progress and development in
accordance with the Charter of the United Nations.
• 2. States Parties shall be guided by the principle of cooperation and mutual assistance in all their activities concerning the exploration and use
of the Moon. International cooperation in pursuance of this Agreement should be as wide as possible and may take place on a multilateral
basis, on a bilateral basis or through international intergovernmental organizations.
Agreement Governing the Activities of States on the Moon
and Other Celestial Bodies, 1979
• Article 11
• 1. The Moon and its natural resources are the COMMON HERITAGE OF MANKIND, which finds its expression in the
provisions of this Agreement, in particular in paragraph 5 of this article.
• 2. The Moon is not subject to national appropriation by any claim of sovereignty, by means of use or occupation, or
by any other means.
• 3. Neither the surface nor the subsurface of the Moon, nor any part thereof or natural resources in place, shall become
property of any State, international intergovernmental or non-governmental organization, national organization or
non-governmental entity or of any natural person. The placement of personnel, space vehicles, equipment, facilities,
stations and installations on or below the surface of the Moon, including structures connected with its surface or
subsurface, shall not create a right of ownership over the surface or the subsurface of the Moon or any areas thereof.
The foregoing provisions are without prejudice to the international regime referred to in paragraph 5 of this article.
• 4. States Parties have the right to exploration and use of the Moon without discrimination of any kind, on the basis of
equality and in accordance with international law and the terms of this Agreement.
• 5. States Parties to this Agreement hereby undertake to establish an international regime, including appropriate
procedures, to govern the exploitation of the natural resources of the Moon as such exploitation is about to become
feasible. This provision shall be implemented in accordance with article 18 of this Agreement.
Tratado da Lua
• Polêmico
• Poucos estados partes
• Exploração sistemática dos recursos naturais da lua e dos astros celestes ainda é vista como
realidade distante
• Ainda não foi criado o regime de exploração previsto no artigo 11
• Finalizou a “era de ouro” do direito espacial
Os 5 conjuntos de princípios
• Todos adotados pela AGNU
• Declaration of Legal Principles Governing the Activities of States in the Exploration and Use of Outer
Space (1963)
• Principles Governing the Use by States of Artificial Earth Satellites for International Direct Television
Broadcasting (1982) – obsolete atualmente – motivado pelo temor de propaganda política estrangeira –
obejtivo de que a transmissão televisiva dependesse da autorização do estado receptor
• Principles Relating to Remote Sensing of the Earth from Outer Space (1986)
• Principles Relevant to the Use of Nuclear Power Sources in Outer Space (1992)
• Declaration on International Cooperation in the Exploration and Use of Outer Space for the Benefit and
in the Interest of All States, Taking into Particular Account the Needs of Developing Countries (1996)
Outros acordos
• 1963 NTB – Treaty Banning Nuclear Weapon Tests in the Atmosphere, in
• 1976 ARB – Agreement of the Arab Corporation for Space
Outer Space and under Water
Communications (ARABSAT) (amended in May 1990)
• 1974 BRS – Convention Relating to the Distribution of Programme-
• 1976 INTC – Agreement on Cooperation in the Exploration and Use of
Carrying Signals Transmitted by Satellite
Outer Space for Peaceful Purposes (INTERCOSMOS)
• 1971 ITSO – Agreement Relating to the International Telecommunications
• 1976 IMSO – Convention on the International Mobile Satellite
Satellite Organization (ITSO)
Organization
• 1971 INTR – Agreement on the Establishment of the INTERSPUTNIK
• 1982 EUTL Convention Establishing the European Telecommunications
International System and Organization of Space Communications
Satellite Organization (EUTELSAT)
• 1975 ESA – Convention for the Establishment of a European Space Agency
• 1983 EUM Convention for the Establishment of a European Organization
(ESA)
for the Exploitation of Meteorological Satellites (EUMETSAT)

• 1992 ITU International Telecommunication Constitution and Convention


Professor(a)
• “Atualmente, uma das maiores lacunas no direito espacial reside na ausência de delimitação
de fronteira entre espaço aéreo, regido pela soberania dos estados, e espaço sidera,
território internacional por natureza”.
• Casella
Órbitas geoestacionárias
A órbita geoestacionária é uma órbita no plano equatorial da Terra a 35796 km de
altitude. Sua excentricidade orbital é zero, o que significa que é perfeitamente
circular. Este caso particular de órbita geosíncrona permite à um satélite artificial de
« manter-se imóvel » na vertical do equador, a uma posição fixa em relação a
qualquer ponto da superfície do planeta.
O satélite artificial gira na mesma direção que a Terra sobre seu eixo, ou seja, de
oeste para leste (em relação ao sistema de referência celestial).
O satélite tem um período orbital exatamente igual ao período de rotação da Terra
sobre si mesma, ou 23 horas 56 minutos e 4,084 segundos, este período é chamado
o dia sideral.
Porque uma órbita geoestacionária?
A órbita geoestacionária é usada para posicionar os satélites que devem cobrir uma
região fixa ou que devem ser apontados para antenas fixas na superfície da Terra. Os
principais satélites que orbitam a 36000 km de altitude são os satélites de televisão,
de observação e os satélites meteorológicos. Em junho 2014, havia 254 satélites em
órbita geoestacionária.
Declaração de Bogotá, 1976

• Tentativa de reclamar soberania sobre a órbita geoestacionária.


• The Declaration Of The First Meeting Of Equatorial Countries (Adopted on December 3, 1976) more commonly known as the Bogotá Declaration,
represented an attempt by the eight, state signatories (Brasil, Colombia, Congo, Ecuador, Indonesia, Kenya, Uganda, and Zaire [now known as the
Democratic Republic of the Congo]) to exercise jurisdiction over the segments of the geostationary orbit directly above their respective territories.
• The argument made by the Declaration was that since gravitional force is inherently linked to the planet and the nations of the world exercise
jurisdiction of their portion of the planetary mass, the equatorial nations are entitled to exercise control over those objects in the geostationary orbit
that operate directly over their territory. The theory is analogous to the operation of air rights.
• The International Telecommunication Union, the international body tasked with administering the geostationary orbit, despite some overtures to
developing states, tended to favor exploitation. As a consequence, the communication needs of the developed world largely dominated the resource.
The statement was an effort to address what was perceived as an inequitable distribution of the benefits of space operations to developing nations.
• Unfortunately for the participants, the Declaration’s effort at redress ended in failure. First, while the Outer Space Treaty of 1967 (the “OST”)
neglected to define where space began, it had generally been recognized that an object capable of remaining in orbit without significant additional
propulsion was considered to be in space and thus under the jurisdiction of the OST. Moreover, despite disagreement as to the precise demarcation
between airspace and outer space (most consider it to be somewhere between 50 -100 miles above the surface), all could agree that an orbit 22,236
miles (35,786 km) above the Earth is in outer space. As a result, any claims of national appropriation would be invalid pursuant to Article II of the OST.
Second, perhaps more significantly, the signatories to the Bogotá Declaration lacked the means to enforce their claims. Numerous satellites were
already operating in the geostationary orbit. None of the signatories possessed spacefaring capability nor the economic, military or diplomatic
influence to alter the entrenched norm against national appropriation of any part of outer space.
PAROS
• Prevenção de corrida armamentista no espaço exterior (PAROS, em inglês)
• Em 2014, Brasil e Rússia apresentaram proposta de "No first placement of weapons in
outer space".
• Resolução sobre esse tema tem sido adotada desde 2016 na AGNU.
PAROS
• 1. Reaffirms the importance and urgency of the objective to prevent an arms race in outer space and
the willingness of States to contribute to reaching this common goal;
• 2. Reiterates that the Conference on Disarmament, as the single multilateral disarmament
negotiating forum, 5 has the primary role in the negotiation of a multilateral agreement, or
agreements, as appropriate, on the prevention of an arms race in outer space in all its aspects;
• 3. Urges an early commencement of substantive work based on the updated draft treaty on the
prevention of the placement of weapons in outer space and of the threat or use of force against
outer space objects introduced by China and the Russian Federation at the Conference on
Disarmament in 2008, under the agenda item entitled “Prevention of an arms race in outer space”;
• 4. Stresses that, while such an agreement is not yet concluded, other measures may contribute to
ensuring that weapons are not placed in outer space;
• 5. Encourages all States, especially space-faring nations, to consider the possibility of upholding as
appropriate a political commitment not to be the first to place weapons in outer space;
PAROS
• Feb. 19, 2019
• WASHINGTON — President Trump moved forward with his planned United States Space
Force on Tuesday, signing an order to begin the process for establishing a new branch of the
military that would be dedicated to handling threats in space.
• Mr. Trump’s directive orders the Defense Department to “marshal its space resources to
deter and counter threats in space” — which the Pentagon already does. The newly created
Space Force would be overseen by the Air Force, a concession to congressional critics who
say the Pentagon does not need to add to its sprawling bureaucracy.
PAROS
• O Grupo de Peritos Governamentais (GGE) sobre PAROS foi estabelecido pela resolução
A/RES/72/250 (2017), de iniciativa sino-russa.
• A resolução deu ao Grupo mandato para elaborar recomendações sobre elementos para um
futuro tratado sobre a matéria.
• O Brasil assumiu a presidência do Grupo, cujos trabalhos se encerraram em março/2019,
sem que fosse possível obter consenso em seu relatório.
Domínios polares
• Ártico - oceano congelado
• Antártida – continente congelado
• “o Ártico é extensão de mar, coberto de gelo, ao qual deve, em princípio, aplicar-se o regime
estipulado pela Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar, de 1982, enquanto a
Antártida é regida por sistema institucional e normativo próprio, o Tratado da Antártida, de
1959”.
• Casella.
Antártida – pretensões territoriais
Antártida
• Tratado da Antártida, Washington, 1959
• 12 estados fundadores
• 29 membros consultivos (com poder decisório nas reuniões consultivas)
• 25 membros não consultivos
• Brasil aderiu ao tratado em 1975. Tornou-se membro consultivo em 1983.
Tratado da Antártida, 1959
• ARTIGO I
• 1. A Antártida será utilizada somente para fins pacíficos. Serão proibidas, inter alia,
quaisquer medidas de natureza militar, tais como o estabelecimento de bases e
fortificações, a realização de manobras militares, assim como as experiências com quaisquer
tipos de armas.
• 2. O presente Tratado não impedirá a utilização de pessoal ou equipamento militar para
pesquisa científica na Antártida e de colaboração para este fim, conforme exercida durante
o Ano Geofísico Internacional.
Tratado da Antártida, 1959
• ARTIGO IV
• 1. Nada que se contenha no presente Tratado poderá ser interpretado como:
• a) renúncia, por quaisquer das Partes Contratantes, a direitos previamente invocados ou a
pretensão de soberania territorial na Antártida;
• b) renúncia ou diminuição da posição de qualquer das Partes Contratantes quanto ao
reconhecimento dos direitos ou reivindicações ou bases de reivindicação de algum outro
Estado quanto à soberania territorial na Antártida.
Tratado da Antártida, 1959
• ARTIGO XII
• 2. a) Se, depois de decorridos trinta anos da data da vigência do presente Tratado, qualquer
das Partes Contratantes, cujos representantes estiverem habilitados a participar das
reuniões previstas no Artigo IX, assim o requerer, em comunicação dirigida ao Governo
depositário, uma conferência de todas as Partes Contratantes será realizada logo que seja
praticável para rever o funcionamento do Tratado.

• Em 1991, foi prorrogado por 50 anos.


Tratado da Antártida, 1959
• Foi complementado por tratados de proteção do meio marinho Antártico:
• Convenção de Londres sobre a Conservação das Focas da Antártida, 1972;
• Convenção de Camberra sobre a conservação dos recursos vivos da Antártida, 1980;
• Convenção de Wellington sobre a regulamentação das atividades de recursos minerais,
1988;
• BLOG JUS GENTIUM

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