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O TRATADO DE TORDESILHAS

O Tratado de Tordesilhas foi um acordo assinado entre a Coroa de Castela (futura


Espanha) e Portugal sob a aprovação do Papa Alexandre VI em 1494. O tratado visou
apaziguar a tensão entre as potências da Península Ibérica e legitimar a exploração e defesa
dos territórios recém-descobertos na América.

1. Antecedentes do Tratado de Tordesilhas

Os portugueses e espanhóis eram os países mais promissores e poderosos à época da


assinatura do tratado. Muito do momento vivido pelas nações iberas era fruto dos esforços
alcançados durante as Grandes Navegações, quando literalmente navegaram em direção ao
desconhecido na busca por rotas comerciais e territórios ultramarinos.

1.1. Grandes Navegações portuguesas e espanholas

Os portugueses haviam conseguido fundar várias feitorias (postos de comércio) ao longo


da costa do continente africano e já contornado o Cabo das Tormentas com Bartolomeu Dias
em 1488, estando próximo das desejadas Índias.

Os espanhóis, logo atrás dos seus vizinhos, conseguiram chegar à América Central com a
expedição de Cristóvão Colombo em 1492, recebendo o título de Os Descobridores do Novo
Mundo por alguns.

1.2. Cristóvão Colombo encontra metais preciosos na América

Uma das grandes motivações para o Tratado de Tordesilhas decorreu da descoberta de


metais preciosos pela primeira expedição de Colombo em 1492. Os portugueses logo
procuraram resguardar seus interesses, visto que a Espanha já havia encontrado o que mais
lhes interessava: ouro e prata.

Tanto Portugal quanto a Espanha eram países mercantilistas e adotaram o sistema


mercantilista focado no metalismo, o qual se dizia que o acúmulo de metais preciosos, como
outro e prata, fortaleceria o Estado e geraria riqueza nacional.

1.3. Evitar a guerra na Península Ibérica

Outro motivo determinante para a assinatura da aliança entre Portugal e Espanha era o
receio de uma guerra em plena Península. O conflito armado entre as nações vizinhas não só
representaria gastos exorbitantes e destruição, como também poderia representar o fim das
ambições colonialistas.

Outras nações europeias se mostravam imensamente descontentes com o sucesso ibero


nas navegações e poderiam tirar grande proveito do conflito.

2. Portugal e Espanha dividem o planeta

O Tratado de Tordesilhas foi assinado em 7 de junho de 1494 na cidade de Tordesilhas,


na Espanha, tendo sido ratificado por Castela (Espanha) em 7 de julho e por Portugal em 5 de
setembro do mesmo ano.

Os documentos originais se encontram depositados no Arquivo Geral das Índias, na


Espanha, e no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Portugal.

O acordo teve a intermediação do Papa Alexandre VI que anteriormente já havia tentado


apaziguar a tensão, quando editou a bula Intercoetera em 1493, um documento que dividia o
mundo entre espanhóis e portugueses, mas que deixou a Coroa de Portugal descontente por
estabelecer apenas 100 léguas a oeste a partir de Cabo Verde.

2.1. O que estabelecia o tratado de Tordesilhas

O acordo definia simplesmente a divisão do planeta em duas porções, sendo uma para os
portugueses e outra para os espanhóis. Criou-se uma linha imaginária de norte a sul do
planeta onde todo o território a oeste ficaria sob o domínio da Espanha e o a leste sob o
resguardo português.

Essa linha imaginária ficava a 370 léguas (1 770 km) a oeste da ilha de Santo Antão no
arquipélago de Cabo Verde. Posteriormente outros tratados seriam pactuados para a
manutenção e atualização de Tordesilhas.
3. Inglaterra, Holanda e França

Eram potências emergentes que se organizaram tardiamente e se encontravam em clara


desvantagem na expansão marítima europeia, mas isso não os impediria de ter seu pedaço de
terra. Mostravam-se também desafiadoras ao Papado, de modo que pouco tempo depois
participaram da Reforma Protestante.

3.1. Questionamento, contrabando e invasão

As potências simplesmente se viram ignoradas pela partilha e passaram a questionar


fortemente a validade do tratado firmado sob a benção do Santo Padre.

Logo expedições foram criadas e destinadas ao contrabando e colonização na América,


expedições que seriam realizadas durante séculos. Os franceses, por exemplo, aportaram no
sudeste brasileiro para contrabandear o pau-brasil, aliando-se aos indígenas contra os
portugueses.

Os holandeses foram ainda mais longe, quando invadiram Pernambuco no início do


século XVII e transformaram a vila do Recife em cidade, a Cidade Maurícia. Neste período
se destacou o conde alemão João Maurício de Nassau no comando da Companhia
Neerlandesa das Índias Ocidentais.
3.2. Expedições Guarda-Costas portuguesas e espanholas

Para resguardar os territórios ultramarinos, criaram-se as chamadas Expedições Guarda-


Costas de Portugal e da Espanha, que consistia na vigilância das rotas marítimas e das costas,
visando, acima de tudo, proteger os territórios de possíveis invasores.

4. Fim do tratado

No decorrer dos séculos seguintes ao Tratado de Tordesilhas, os reinos de Portugal e da


Espanha desrespeitaram mutuamente os limites territoriais estabelecidos.

As disputas foram se tornando cada vez mais acirradas e, como em 1494, firmaram um
novo acordo atualizando os termos para se evitar a guerra.

Em 1750, o Tratado de Tordesilhas que já não era mais respeitado na prática, deixou de
vigorar, com a assinatura do Tratado de Madri na Espanha, quando as coroas portuguesa e
espanhola estabeleceram novos limites fronteiriços para a divisão territorial nas colônias sul-
americanas, finalizando às disputas. Ambas as partes reconheciam ter violado o Tratado de
Tordesilhas na América e concordavam que, a partir de então, rios e montanhas seriam
usados para demarcação dos limites. As negociações basearam-se no Mapa das Cortes.

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