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CIBERDEMOCRACIA NO EXAME DIGITAL: A GOVERNANÇA POLICÊNTRICA

COMO ALTERANTIVA AO EXERCÍCIO DA DEMOCRACIA NA INTERNET

ANNA LÍDIA DI NÁPOLI ANDRADE E BRAGA

RESUMO: O presente artigo foi elaborado para tratar dos conceitos de ciberdemocracia,
enxame digital e governança policêntrica. Desse modo, utilizou-se do método dedutivo
argumentativo e da análise bibliográfica, como principal fonte para o embasamento
científico do tema. Almeja-se, outrossim, demonstrar a necessidade de análise minuciosa
do que é a democracia em rede, para então encontrar alternativas viáveis para seu uso
universal e consciente. Com o objetivo de ressaltar a tecnologia Blockchain como
possibilidade existente de resgatar aspectos democráticos, transparentes e acessíveis para
os usuários da rede, nos moldes da ciberdemocracia.
Palavras-chave: Ciberdemocracia – Enxame digital – Internet – Governança policêntrica
– Blockchain.

ABSTRACT: This article was designed to address the concepts of cyberdemocracy,


digital swarm, and polycentric governance. Thus, the argumentative deductive method
and the bibliographic analysis were used as the main source for the scientific basis of the
theme. It is also intended to demonstrate the need for a thorough analysis of what network
democracy is, to find viable alternatives for its universal and conscious use. To highlight
blockchain technology as an existing possibility of rescuing democratic, transparent, and
accessible aspects for network users, along the lines of cyberdemocracy.
Keywords: Cyberdemocracy – Digital Swarm – Internet – Polycentric Governance –
Blockchain.

1 INTRODUÇÃO
Com o advento da Internet, Levy (2013) tinha suas expectativas sobre a criação de
um ciberespaço que congregaria comunidades virtuais, promovendo uma nova cultura
digital e, consequentemente, o desenvolvimento de um exercício democrático global,
livres das fronteiras físicas, configurando a ciberdemocracia. O filósofo francês (LEVY,
2013) defendeu com otimismo o crescimento do ciberespaço como uma transformação
positiva da comunicação, se a humanidade explorasse suas potencialidades nos planos
econômico, político, cultural e, sobretudo, humano.
Nesse contexto, surge a ideia de cibercultura dentro do ciberespaço, como conjuntos
de técnicas, de práticas, de atitudes, de modo de pensamento e de valores que se
desenvolvem juntamente com o ciberespaço. Isso influenciaria, de forma interativa e em
tempo real, a informação, o conhecimento, possibilitando a influência dos cenários social,
político, econômico e cultural existentes. Surgiria, assim sendo, uma “cidade universal”
nesse espaço online, que seria público, globalizado pelos computadores e que incentivaria
o aprendizado de indivíduo em grupo, universalizando a inteligência coletiva, a fim de
garantir aos indivíduos, por meio de uma lei planetária possível, uma democracia
verdadeiramente participativa: a ciberdemocracia.
Assim sendo, a constante participação dos indivíduos poderia reconstruir a noção
de uma democracia verdadeiramente participativa. Se, por um lado, as premissas de Levy
criaram uma expectativa de democracia planetária, com participação popular,
fortalecendo a relação cidadão e Estado, por meio do acesso à informação e da facilitação
de comunicação, de modo a promover uma democracia mais transparente com políticas
públicas de governança justas, por outro, as mobilizações sociais, como as de 2013, o
Caso Snowden, e a Primavera Árabe foram facilitadas, de modo que houve
desenvolvimento de ferramentas como a de accountability social.
Apesar disso, a realidade atual mostra uma exclusão digital seja pela efetiva falta
de acesso à rede seja pelo desconhecimento de manuseio da ferramenta. As comunidades
do ciberespaço, desenhadas por Levy (2003), foram dominadas por grandes corporações
multinacionais, que segregam informação, codificam comportamentos, dominam dados e
tornam os membros reféns de sua atividade online.

2 DE CIBERDEMOCRACIA DE PIERRE LÉVY AO ENXAME DIGITAL DE


BYUNG-CHUL HAN

A partir do cenário apresentado por Levy (2003), Han (2018) contesta a criação da
ciberdemocracia no ciberespaço, sendo que os espaços públicos de manifestação,
proporcionados pelas redes, se transformaram em indignações efêmeras e difusas, de
indivíduos contrariados e com pouco poder efetivo.
A alta performance do algoritmo, por exemplo, acaba por criar grupos baseados em
gostos similares dos usuários, analisando aquilo que se compra, que se compartilha, ou
que até mesmo é curtido, de modo a criar uma falsa percepção da realidade. Essa distorção
é campo fértil para disseminação de fake news, comprometendo, ainda mais, a eficácia da
democracia no ciberespaço.
O ciberespaço de Levy foi dominado pelas grandes corporações, munidas de
mecanismos de busca e de compartilhamento de informações de última geração, sem
fronteiras e mais fortes que os Estados, moldam os fluxos de informação de modo a
deixarem os usuários presos numa bolha invisível que doutrina apenas a partir daquilo
que lhe é familiar, impedindo os usuários de interagirem com outras formas de pensar. É,
no entendo, muito difícil que o usuário perceba que está sugestionado à maneira de pensar
de sua bolha.
O dataísmo, conforme defende Han (2018), provou que o Big Data e a Mineração
de Dados fulminam a liberdade democrática, na medida em que – a partir da experiência
da eleição de Trump nos EUA – permitem aos candidatos uma visão completa dos
eleitores, com perfis altamente precisos. Dessa forma, algoritmos cada vez mais
inteligentes permitem prever o comportamento da votação e otimizar os apelos dos
candidatos, promovendo uma psicopolítica digital que permite intervenções sutis na
psique, e possivelmente mais rápido do que o livre arbítrio.
Além disso, a internet criou um mecanismo de liberdade de expressão anônimo, no
qual a mensagem está apartada do mensageiro, o que destrói valores pessoais, sociais e
morais de quem emite uma opinião. A fluidez, volatilidade e anonimidade da
comunicação acaba suscitando animosidades, de modo que as manifestações sociais se
tornam incontroláveis, inconstantes e efêmeras. Assim sendo, as ondas de indignação
surgem frequentemente em vista de acontecimentos que têm muito pouca relevância
social ou política, tornando a sociedade da indignação uma sociedade do escândalo.
Nesse contexto, torna-se fácil mudar o foco da contestação das massas na internet
para aquilo que é infundado. Não há unidade discursiva, apesar de ser uma forma de
accountability social. São vários cidadãos enraivecidos protestando sem destinatário
específico, como massas de indignação efêmeras e dispersas. Essas manifestações são o
enxame digital defendido pelo sul-coreano, fruto de um homo digitalis que, embora
preserve sua identidade privada, manifesta-se essencialmente de forma anônima, não nos
ambientes públicos e políticos de outrora. Isso furta a visão globalista e planetária de Levy
(2003), uma vez que sem o espirito de solidariedade e de cooperação, não se alcançarão
os resultados esperados.
3 A INTERNET COMO UM COMMON POOL RESOURCE PARA ELINOR
OSTROM

Além disso, o maior problema enfrentado está na insuficiência energética para a


manutenção da atividade online. A internet consumia mais de 10% da eletricidade
mundial em 2012, com perspectivas de aumento, o que demandará, num futuro próximo,
um acordo global de longo prazo que conscientiza as nações sobre a demanda futura de
eletricidade. Dessa forma, a racionalização do digital será uma questão de sobrevivência,
sob pena de restar caracterizada a Tragédia dos Bens Comuns de Garret Gardin. O uso
individualista estaria o recurso se os bens não fossem objeto de uma gestão racional que
pode ser tanto exercida pelo Estado ou por uma gestão descentralizada e privada.
Desse esvaziamento da ciberdemocracia, promovido pelo contexto atual, o artigo
propõe uma reanálise com base na teoria de governança policêntrica de Elinor Ostrom
(2015), que considera a Internet um bem comum escasso, que precisa ser gerido
globalmente por meio de inciativas locais, autogestionárias e democráticas, propondo
uma forma distinta de governar recursos comuns e escassos, com consciência coletiva e
mediante cooperação, essência da ação humana.
Ostrom (2015), vencedora do Prêmio Novel de Economia de 2009, focou seus
estudos em investigações empíricas multidisciplinares, que combatiam os modelos
ortodoxos do homo economicus, enfatizando soluções econômicas sustentáveis, as quais
eram encontradas por meio da essência comunitária do comportamento humano. Nesse
sentido, a ideia de bem comum recai sobre a noção de recurso escasso e compartilhado
por um grupo de pessoas. O bem comum pode ser tanto um bem natural quanto um bem
produzido pelo homem, sendo esses materiais ou imateriais, como conhecimento ou, até
mesmo, a Internet. No entanto, as análises sobre os bens comuns não se centram na lógica
de propriedade comum, o que, segundo a autora, demanda uma reflexão sobre o regime
legal desse direito de propriedade, questionando se esses bens são, de fato, de acesso
comum, de modo a serem considerados amplamente acessíveis.
Além disso, vale mencionar que no contexto de bem comum está, também, a ideia
de escassez, de modo que, uma vez utilizado por em benefício de um indivíduo, o recurso
resta indisponível para os demais beneficiários, que compartilham os prejuízos dessa
subtração. Essa questão é agravada no momento em que bens comuns possuem alto valor
e em que as regras institucionais preexistentes não estipulam uma forma adequada de
utilização para todos os indivíduos. Nasce, desse contesto, a apropriação individual do
bem, levando ao congestionamento, ao uso excessivo e, até mesmo, à destruição. Nesse
sentido, cabe às partes interessadas promoverem uma ação coletiva forte, fundamentada
em mecanismo de governança, estruturado na cooperação.
Ostrom (2015) estipula princípios práticos e comuns, oriundos de suas análises de
experiências bem-sucedidas, sendo eles: limites claramente definidos do sistema de
recursos e dos indivíduos com direitos de colher unidades dos recursos; equivalência
proporcional entre benefícios e custos, com regras que especifiquem a utilização em
determinado local; arranjos de escolha coletiva; monitoramento de auditores que analisam
condições biofísicas e comportamento do usuário; sanções para violações de regras;
mecanismo de solução de conflitos; reconhecimento mínimo dos direitos de organização;
atividade de apropriação, provisão, monitoramento, aplicação, resolução de conflitos e
governança as serem organizadas em várias camadas de empresas aninhadas. Assim
sendo, a gestão dos recursos comuns, ao ser limitada, considerando sua origem, estrutura,
escassez, com regras transparentes e compreensíveis de fornecimento, utilização e
compartilhamento, adicionando um meio de coerção eficiente, promoverá de forma
descentralizada a cooperação, enfatizando a preservação do bem protegido.
Dessa forma, o sistema policêntrico, conclui a autora, é definido como aquele em
que os cidadãos podem se organizar e obter não apenas uma, mas múltiplas autoridades
governamentais, em diferentes escalas, sendo que cada unidade seria, relativamente,
independente para criar e para aplicar regras dentro de um domínio de autoridade,
determinado dentro de uma área geográfica especificada, do menor ao maior grau de
especialização. Os sistemas policêntricos têm unidades sobrepostas, de modo que as
informações relevantes sobre o que funcionou de fato podem ser compartilhadas, a fim
de que novos sujeitos experimentem suas configurações. O intercâmbio de informações
sobre locais, suas peculiaridades e suas experiências políticas, foi analisado como
positivo. Assim sendo, se um sistema falhar, existem outros para ajudar na recomposição.
Em relação à Internet, a gestão policêntrica garantiria aos próprios usuários a
possibilidade de auto-organização em distritos, associações privadas ou em partes de um
governo local, gerindo, localmente, um bem comum, mesmo que ele seja global. Embora
cada região ou comunidade demanda de forma distinta o bem comum Internet,
compreender suas peculiaridades, compreendendo os legítimos interesses de seus
usuários, de modo a ser gerida coletivamente considerando as necessidades, funda um
espírito democrático de cooperação.
Apesar disso, Bernbom (2000) enfatiza a tríplice dependência que fundamenta a
essencialidade e a escassez do bem comum Internet. As redes comuns ou os aspectos
físicos da Internet, como fios, computadores, hosts, estações de trabalho integram a rede
tanto quanto os aspectos informáticos, sendo nessa noção de rede de computadores o
fundamento da ideia de ciberespaço de Levi (2003) e do consequente exercício da
ciberdemocracia. Não obstante, a rede física junto do crescimento disseminado decorrente
da necessidade de maior capacidade armazenamento e controle dos dados, gera um
consumo desenfreado e insustentável de energia elétrica. Dessa forma, questiona-se a
existente da Internet como livre e como plenamente acessível.
Consequentemente, as informações da rede são impactadas pelo congestionamento
do uso desenfreado, que poderá restringir a liberdade de acesso, levando o mercado e os
Estados a alterarem suas regras de apropriação do bem comum. Nesse sentido, os
prejuízos passarão a ser socializados pelos usuários, conforme previram Ostrom (2015) e
Bernbom (2000). Se a premissa básica do exercício da cibercultura e da ciberdemocracia
para Levy (2003) foi o acesso livre às interações na rede numa visão global e planetária,
sem qualquer barreira física de espaço definido, a restrição do acesso corroborará nossas
fronteiras que agravarão o padrão de exclusão digital a partir da interferência na
neutralidade da Internet. Assim sendo, além do Dataísmo, pregado por Han (2018), essa
limitação ocasionará o fim do ciberespaço.
A esse respeito, Wu (2003), que defende a neutralidade da rede e a ausência estatal
no controle do uso desse bem comum, é contestado por Pariser (2012), uma vez que este
indica que os atores envolvidos nas discussões sobre uso da Internet são as grandes
multinacionais, sobrepostas aos Estados, as quais detêm o poder dos dados, promovendo
bolhas informacionais capazes de isolar pontos de conflito em qualquer lugar do mundo.
Isso corrobora o uso da rede a favor de regimes totalitários, como é o caso da Cambridge
Analítica. Por essa razão, faz-se necessária uma gestão coletiva, policêntrica, a fim de
resgatar o ciberespaço, de modo a preservar a rede física, suas informações e interações
na qualidade de bens comuns, reafirmando o princípio da isonomia no acesso global por
meio da neutralidade da rede.

4 GOVERNANÇA POLICÊNTRICA COMO ALTERNATIVA A UMA NOVA


CIBERDEMOCRACIA
Há, nesse contexto, premissas legais, teóricas e técnicas que fundamentariam a
gestão da Internet pelos usuários em estruturas de governança distribuídas com o fito de
garantir a possibilidade de deliberações realmente democráticas. A sugestão dos autores
(2021) é a de admitir que a tecnologia Blockchain, estruturada sob o princípio da
universalidade da Internet, seria base tecnológica capaz de dar efetividade à gestão da
rede, na qualidade de bem comum.

A respeito disso, os atores sociais dispersos devem se reunir com o objetivo comum
de estabelecer uma estrutura prática destinada a conscientizar os indivíduos sobre a
escassez do bem comum, a fim de instituir uma forma simples, prática e acessível de
utilizar dele. Assim sendo, estipular critérios próprios de debate, de participação e de
deliberação na rede, por meio de regras transparentes e informativas, poderiam garantir o
uso consciente da Internet no exercício da ciberdemocracia. Isso será possível utilizando
de uma efetiva accountability social dos grupos locais identitários que integrem as redes.

A Blockchain pode ser considerada uma alternativa viável para o uso democrático
da bem comum internet, de modo que ela combate as bolhas informacionais de Pariser
(2012) e os enxames digitais de Han (2018). A Blockchain é uma tecnologia
revolucionária na Internet por representar a transição da informação para o valor dentro
da rede. Assim sendo, por meio de um código-fonte aberto, qualquer usuário pode,
gratuitamente, desenvolver novas ferramentas de transações e aplicações, como para o
exercício do voto e das deliberações.

De acordo com Wright e De Filippi (2021), a Blockchain tem o potencial de


resolver problemas intrínsecos às governanças e às deliberações coletivas, porque não
depende de organizações ou de terceiros, senão da segurança e da auditabilidade de uma
estrutura tecnológica subjacente, que pode ser examinada com transparência. Nesse
sentido, a estrutura de confiança da Blockchain pode corroborar uma atuação social em
rede, instituída a partir da gestão policêntrica de Ostrom, alcançando, finalmente, a
ciberdemocracia de Levy.

5 CONCLUSÃO

O advento da Internet, ao mesmo tempo que possibilitou a Levy (2003) vislumbrar


o exercício democrático planetário, acabou por fragmentar o ciberespaço, tornando-o
excludente, além de ter criado bolhas informacionais, por meio de algoritmos. Nesse
sentido, o desenvolvimento a rede pela lógica dos algoritmos e do armazenamento de
dados não é ilimitado, sendo possível que poucos sejam os privilegiados pelo fluxo de
informações e pelo acesso a serviços da rede.

A partir disso, a Internet perde a qualidade de rede democrática e universal, que


esgota sua utilização sustentável. A perda da ciberdemocracia, coloca em xeque a
pluralidade de ideias, desinforma e mascara as necessidades sociais e democráticas. Por
isso, faz-se necessária a aplicação da Teoria dos Recursos Comuns de Ostrom, que resgata
a solidariedade como essencial à humanidade, de modo que a gestão policêntrica torna-
se alternativa válida para o ressurgimento da ciberdemocracia. Assim sendo, a tecnologia
Blockchain faz-se ferramenta útil e possível para a eficácia de organizações autônomas
distribuídas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERNBOM, Gerald. Analyzing the Internet as a common pool resource: The problem of
network congestion, in Eighth Conference of the International Association for the Study of
Common Property, Bloomington, Indiana, 2000.
De Filippi, Primavera/Wright, Aaron. Decentralized blockchain technology and the rise of lex
Cryptographia. in Social Science Research Network, 2015, disponível em
http://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2580664. Acesso em 17 jul. 2021.
HAN, Byung-Chul. No enxame: perspectivas do digital. Belo Horizonte: Vozes, 2018.
LÉVY, Pierre. Ciberdemocracia. Lisboa, Instituto Piaget, 2003.
PARISER, Eli. O filtro invisível: o que a Internet está escondendo de você. Rio de Janeiro,
Zahar, 2012.
OSTROM, Elinor. Governing the Commons. The EvolutRescue Institutions for Collective
Action. Cambridge: Ressue, 2015.
SOUZA, Leonardo Rafael de; FREITAS, Cinthia Obladen de Almendra; BARBOSA, Cláudia
Maria. Ciberdemocracia no Enxame Digital: a Governança Policêntrica como Alternativa ao
Exercício da Democracia na Internet. In E.Tec Yearbook - Governance & Technology, Londres,
2021.

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