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A internet não apenas amplia e modifica as percepções, ela redimensiona o espaço num

movimento paradoxal. Ela transforma a organização social ao ampliar o acesso das pessoas à
informação, capacitando-os como sujeitos da informação, e não só agentes, repercutindo também
sobre uma nova organização política e econômica, não como conseqüência, mas como processo
irremediavelmente intrínseco.

Para Drucker, esta quarta revolução da informação se deu após o advento dos computadores
e das novas tecnologias da informação, e está a conduzir os homens a uma interrogação sobre o
significado e forma de organizar a informação mais do que aos problemas precedentes das outras
revoluções, quanto à coleta, armazenagem e transmissão da informação.

A web, da mesma forma que se traduz num novo espaço coletivo, pode colocar em voga problemas
cruciais para a sociedade como a exclusão digital, a perda de privacidade e a disseminação de
conteúdos racistas, pornográficos e pedófilos. Mas na visão de Pierre Levy, estes problemas não são
da internet, mas de quem a utiliza, ou seja, da sociedade. Daí a afirmação do autor, de que a internet
é “um espelho da inteligência humana coletiva, e esse espelho reflete a sociedade como um todo”1.

Levy não ignora os impactos negativos causados pela nova tecnologia, mas crê num uso
apropriado da internet, ferramenta que, a partir de uma interconexão mundial, tem no ciberespaço
sua forma mais avançada para alcançarmos uma inteligência coletiva capaz de promover, a níveis
dantescos uma sinergia benéfica para a humanidade entre o saber, o conhecimento e a informação.

“Devido a seu aspecto participativo, socializante, descompartimentalizante,


emancipador, a inteligência coletiva proposta pela cibercultura constitui um dos
melhores remédios para o ritmo desestabilizante, por vezes excludente, da mutação
técnica. Mas, neste mesmo movimento, a inteligência coletiva trabalha ativamente
para a aceleração dessa mutação” (LEVY, 1999, p.30).

Com base nessa percepção e nos seus conceitos do ciberespaço, onde se dá um movimento
de interconexão e desterritorialização; da cibercultura que faz emergir “o universal sem totalidade”
e por isso um universo muito mais democrático; e da inteligência coletiva, que promove “uma
memória digital onipresente”; ele prevê o advento de um tempo em que o mundo vai se transformar
“de tal forma que as barreiras nacionais vão deixar de existir, criando uma espécie de governo
planetário”. É evidente, no entanto, que sua visão do processo está pautada não só no uso adequado
da tecnologia, mas na cooperação em equilíbrio com a competição, em movimentos sociais
universais convergentes e políticas de inserção e democratização de longo prazo (LEVY, 1999).

Deste modo, segundo o autor, ele estará munido da infra-estrutura necessária onde se desenvolverá
todas as relações sociais das futuras sociedades da informação, mas não bastando para constituir

1
Entrevista concedida em: http://www.atarde.com.br/vestibular/noticia.jsf?id=988654. Acessado em 22 out. 2008
uma sociedade. Faz-se necessário, dentro desta gigantesca rede de informação e comunicação, o
reconhecimento de valores e ideologias que venham a organizar suas atividades, interagindo
autonomamente nas relações da vida pública.

É dentro deste cenário que a internet pode emergir não mais apenas no âmbito local e nacional,
unindo e cooptando a sociedade de um país ou região e cumprindo o papel que cumpriu alguns dos
meios de comunicação tradicionais dos séculos passados. Neste novo cenário, ela ultrapassa os
limites de um meio de comunicação e pode tornar-se uma ferramenta de convergência de idéias em
escala mundial. Ela deixa de trabalhar com unidades para trabalhar com universos, e os governos e
demais atores poderão utilizá-la visando não mais o ambiente físico dos seus territórios, nem apenas
suas demandas internas – e por vezes externas. A visão agora será pelo “glocal - nem global, nem
local, antes alternativa de terceira grandeza, doravante univocamente vigente –”. (TRIVINHO, s/d,
p.3).

Nesta escala emerge a questão por uma governança global que vá além das questões
centrais de governos nacionais. Num cenário internacional que vem mudando rápida e radicalmente,
os fatores apresentados acima, de uma perspectiva relativamente local promovida pelo espaço da
web, demonstram como é improvável que conceitos e teorias internacionais não sejam afetados.

A partir do momento em que novos atores estão em cena, interagindo e contribuindo, através
de fronteiras, para o desenvolvimento econômico e social no mundo inteiro, surge um novo foco
com relação a uma governança global nessa nova era. Como evidencia Klaus Ferry (2002), à
medida que problemas in loco tornam-se cada vez mais complexos, as instituições políticas e
administrativas regionais e locais tornam-se incapazes de resolverem sozinhas e unilateralmente as
questões públicas.

Iniciativas internacionais:

A definição mais aceita é que a saiu da cupula mundial da sociedade da informação. Foi resultado
de um grupo de trabalho que atuou durante 1 ano inteiro.
Governança da Internet é algo ue envolve diversas partes da sociedade, não só governo, nem só
empresas. E não se trata apenas de leis, mas de regras (protocolos), coisas que precisam ser
disuctidas e chegar a consensos para que asociedade possa utilizar.

Sociedade é a grande usuária e beneficiária da Internet

Multissetorialismo é o que tem sido praticado nos espaços de debate da Internet desde o seu início.
Reconhecem que Governança da Internet é algo que tem que ser discutido por todos e não só
governo.

Todas as entidades da governança técnica tem um perfil multissetorial, todas são entidades privadas
e sem fins lucrativos. E todas foram criadas/registradas. E suas decisões são aceitas por consenso
pela sociedade, por exemplo as regras para normas de domínio. Não existe uma lei da ONU, ou de
país que a ICANN tem legitimidade para fazer isso, mas foi “aceito” pel consenso da sociedade e é
reconhecida para fazer o que faz.

Governança da Internet X Governança na Internet. O IGF se faz debate técnico até sobre tudo o que
acontece na Internet. Os 3 layers da governança digital. Hj em dia quando se fala em governança da
internet, se pensa em tudo o que aocnetece na Internet, e tem aspectos que se cruzam. Neutralidade
‘etransversal. É pare da Givernança da Internet, mas envolve questões técnicas, de direitos
humanos, regulação.

São espaços para discutir coisas, todos os atores interessados podem discutir e sair de lá com ideias,
com consensos, e em outro momento essas decisões serão levadas para os fóruns especificos em
que serão decidido coisas.

Governança no Brasil

CGI foi criado por um grupo de pioneiros, que conseguiram convencer o então governo MCTI a
fazer 2 coisas, uma o comite gestor, que foi uma sabedorai em fazer entender o pioneirismo disso. E
a segunda foi a Norma 4, que começou no governo fernando henrique e depois o decreto em 2013.
Primeiro a clarividencia daquelas pessoas em enxergar o modelos multissetorial. A primeiroa coisa
foi criar um comite, a segunda de fazer isso ser multissetorial e a terceira foi que a missão disso não
era apenas registrar o .br, mas de estabelecer diretrizes estrategicas para o uso e desenvolvimento da
Internet no Brasil. É muito mais do que a parte tecnica, mas a de zelar pelo desenvolvimento da
Internet. Isso é muito raro em países acontecer isso, o Canada e o Reino Unido.

Junto com tudo isso veio a Norma 4, que realemnte dividiu a Internet das telecomunicações.

Outras coisas que não tinha a ver com questão tecnica da Internet, como promover estudos e
pesquisas. É um escopo muito mais amplo do que a parte estritamente tecnica.

O CGI não é nem nunca teve a intenção de reguar, é um comite politico que indica caminhos, mas
não tem o poder de policia. Tudo na base, como é próprio do modelo multissetorial, que funciona na
base de fazer setido, do consenso. As diretrizes que estabelece sãoc coisas que ou a sociedade
compar a ideia e segue a diretriz ou não segue. A legitimidade vai se dar pelo respeito que se tem à
função que desenvolve. Não tem um poder especificamente legal.

A Norma 4 divide a infraestrutura da camada de serviços de valor adicionado. O que pode ser
regulado em sentido estrito é a camada fśisica (infraestrutura de comunicação – cabos….- e lógica
(protocolos que ermitem transmissão de dados lógicos sobre a infra fsiica). Na camada de
aplicativos, serviços e conteúdo é um setor não regulado sem entido estrito.

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O debate sobre a importância de se capacitar atores do ecossistema da Governança da Internet no


Brasil surge a partir de 2010, influenciado pelas iniciativas internacionais no campo, buscando
fomentar e incentivar a pesquisa sobre a Governança da Internet, e principalmente, disseminar a
reflexão crítica sobre os desafios trazidos pela tecnologia.

A Escola de Governança da Internet no Brasil nasce em 2014 com o propósito de capacitar e


envolver a comunidade ligada ao ecossistema da Internet no Brasil numa rede de debate e pesquisa.
Nesta época, tratava-se da implementação de um curso intensivo para a comunidade técnica e
acadêmica, gestores públicos, formuladores de políticas públicas, organizações da sociedade civil,
além de profissionais principalmente da área jurídica e empresários já de alguma forma envolvidos
na área.

O curso, chamado então de Curso Intensivo, tinha duração de uma semana como objetivo Em sua
concepção inicial, a Escola

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A Internet era um projeto desenvolvido com dinheiro militar (DARPA). ARPANET foi criada a
partir de comutação de pacotes

Em 1989 veio o .BR, e não teve a participação de ninguém a não ser as pessoas envolvidas na
comunidade academica que usavam as redes acadêmicas. No final de 89

A ECO-92 foi alimentada com TCP/IP. A Net Mundial é uma das poucas reuniões multissetoriais
que tiveram um documento assinado no final.

O IP é a “cola” da rede. A rede é colada com IP e em cima dela você resolve o que quer colocar
segurança, etc

Até 86 tinha assinado o acordo de ITU para usar o ISO/OSI. Em 86 quando a national foundation, a
NSFNET adotou o TCP/IP

Em 1995 o NSI passa a cobrar o registro, CGI é criado

1994: Embratel lançou serviço de Internet comercial

O espírito da internet: declaração de independencia do ciberespaço

Seção 230 do Descent act: O provedor de acesso a internet não será responsabilizado por nada que o
seu usuário gere. Ele é imune as ações dos usuários. O MCI também diz que o intermediário é
inimputável. Mas para esse debate amadurecer, é necessário definir o que são os intermediários e os
tipos de intermediários.

Falar sobre governança da internet é desafiador a iniciar de sua própria definição. Não se
trata de matéria fácil e, ainda, é interpretação que exige sutilezas e matizes de significado e
interesses2. No entanto, a Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação (CMSI) apresentou
uma definição: governança da Internet é o desenvolvimento e a aplicação pelos governos, pelo setor
privado e pela sociedade civil, em seus respectivos papéis, de princípios, normas, regras,

2
KURBALIJA, Jovan. Uma introdução à governança da internet. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil,
2016, p. 19.
procedimentos de tomadas de decisão e programas em comum que definem a evolução e o uso da
Internet3.
Trata-se de ecossistema complexo, composto por diversos atores, procedimentos e
instrumentos que são utilizados para que haja uma deliberação democrática, transparente,
interdisciplinar e multissetorial, característica reforçada, inclusive, pela implementação da Agenda
de Túnis4.
Ademais, é necessário que a governança seja estável mas, ao mesmo tempo, permaneça
minimamente flexível para incorporar modificações que ocorrem nesse ambiente dinâmico, visando
maior legitimidade e operacionalidade, observando, ainda, o incentivo à inovação previsto no art.
218 da Constituição Federal.
Uma das protagonistas na governança é a Internet Corporation For Assigned Names and
Numbers (ICANN), entidade sem fins lucrativos (1998) incorporada na Califórnia, com a finalidade
de servir como ponto focal para a governança da Internet, assumindo o controle político e a
coordenação do funcionamento da raiz, bem como a regulação do mercado do Domain Name
System (DNS)5.
A ICANN funciona como um fórum multistakeholder de articulação política de diversos
atores estatais e não estatais, técnicos e não técnicos, individuais e corporativos, comerciais e não
comerciais, mas também é criticada pela influência da jurisdição norte-americana, pela falta de
equilíbrio nos processos de deliberação e pela dificuldade de contornos de accountability6. Outro
desafio na multissetorialidade é a necessidade de equilibrar a participação de todos e garantir a
participação de minorias e grupos vulneráveis, muitas vezes marginalizados do processo de
deliberação em razão de assimetrias estruturais históricas.
No Brasil, o Comitê Gestor da Internet (CGI) é, nos termos do art. 1º do Decreto
Presidencial 4.829/2003, o responsável pelo estabelecimento de diretrizes estratégicas relacionadas
ao funcionamento, desenvolvimento e uso da internet, por meio de resoluções que resultam de um
processo deliberativo que visa o consenso, apoiado pelo braço executivo do Núcleo de Informação e
Coordenação (NIC.br).
Assim, a governança, nos termos da Resolução CGI.br/RES/2009/003/P, é norteada pelos
princípios da liberdade, privacidade e direitos humanos; governança democrática e colaborativa;
universalidade; diversidade; inovação; neutralidade da rede; inimputabilidade da rede;
funcionalidade, segurança e estabilidade; padronização e interoperabilidade; e ambiente legal e
regulatório. Não se trata de rol exaustivo, já que a discussão sobre princípios se submete a contínua
discussão. O NETmundial também identificou um conjunto de princípios comuns e valores
importantes que contribuem para uma estrutura de governança7.
Os princípios estipulados pela Resolução do CGI inspiraram a elaboração de um Marco
Civil para a Internet no Brasil, dando origem à Lei n. 12.965/2014. Atualmente muitos desafios
ainda são impostos, tais como a definição dos papeis e da responsabilidade dos grupos de interesse,
problemas de jurisdição, neutralidade de rede e liberdade de expressão.

DESAFIOS DA GOVERNANÇA DA INTERNET:

3
KURBALIJA, Jovan. Uma introdução à governança da internet. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil,
2016, p. 20.
4
NETMundial. Declaração Multissetorial do NETmundial. 24 de abril de 2014. Disponível em:
https://www.cgi.br/media/docs/publicacoes/4/Documento_NETmundial_pt.pdf. Acesso em: 20 abr. 2022.
5
WAGNER, Flavio Rech. CANABARRO, Diego R. A governança da Internet: definição, desafios e perspectivas. In:
CANABARRO, Diego Rafael; PIMENTA, Marcelo Soares (Org.) Governança digital. Porto Alegre: Editora da
UFRGS/CEGOV, 2014, p. 197.
6
WAGNER, Flavio Rech. CANABARRO, Diego R. A governança da Internet: definição, desafios e perspectivas. In:
CANABARRO, Diego Rafael; PIMENTA, Marcelo Soares (Org.) Governança digital. Porto Alegre: Editora da
UFRGS/CEGOV, 2014, p. 197.
7
NETMundial. Declaração Multissetorial do NETmundial. 24 de abril de 2014. Disponível em:
https://www.cgi.br/media/docs/publicacoes/4/Documento_NETmundial_pt.pdf. Acesso em: 20 abr. 2022.
1.como tratar conflitos de jurisdição?
- questões não técnicas você. Legislações nacionais, acordos intergovernamentais
- exemplos: harmonização de regulações de plataformas, de moderação de conteudos, de
normas de provacidade
2. sobreania digital e ricos de fragmentação
3. quais os limites da governança da internte
- quais são os limites de governança já que todos os rocessos de transformação digital
trazem a necessidade de debates
- governança da internet vs. Governança na Internet: tem-se uma multiplicidade enorme de
temas
4. multiplicidade dos fóruns de discussão

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