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“O sol brilha para todos e desconheço a cláusula do testamento de Adão que dividiu o
mundo entre portugueses e espanhóis”, declarou Francisco I, Rei da França,
inconformado com as resoluções do Tratado de Tordesilhas, de 7 de Junho 1494, que
garantia a posse das terras descobertas e ainda por descobrir, do então chamado “Novo
Mundo”, à Portugal e Espanha.
O Tratado de Tordesilhas foi ratificado pelo Papa Julio II, em 1506, através da bula Ea
quae pro bono pacis. A soberania da Igreja Católica naquela época conferia ao Papa o
poder de designar as terras dos “infiéis” e as missões cristianizadoras aos chamados
“Príncipes Católicos”. Originalmente intitulado “Capitulação da partição do mar
Oceano”, o Tratado de Tordesilhas traçava uma linha imáginária e concedia à Portugal a
posse das terras à 370 léguas das Ilhas de Cabo Verde. Foram nomeados representantes
de Portugal e Espanha, cosmógrafos, que deveriam desempenhar a missão de demarcar
as terras. Porém essa missão acabou sendo adiada e, posteriormente, esquecida por
conveniência dos dois países. Enquanto Portugal assegurava sua expansão para
territórios além da linha a ser demarcada, a Espanha se interessava pelas Ilhas Molucas
(atual Indonésia) e Filipinas, as chamadas “Ilhas das Especiarias” que pertenciam a
Portugal.
A permanência durante sessenta anos da União Ibérica, isto é, período em que o Rei da
Espanha era também Rei de Portugal , explica o fato das duas coroas não terem tido
graves conflitos decorrentes da disputa territorial. A questão da partilha só foi retomada,
então, anos mais tarde, quando os limites que foram estabelecidos no Tratado de
Tordesilhas já haviam se tornado completamente obsoletos.
Referências Bibliográficas
Editora Abril S.A. (2009), Almanaque Abril 2010. São Paulo: Editora Abril S.A.
Linhares, Maria Yedda et al (orgs.), (1990), História Geral do Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier.
Thesaurus Editora (2007), O Livro Na Rua 1, Alexandre de Gusmão. Série Diplomacia ao alcance de
todos. Brasília: Theasaurus Editora.
Vianna, Hélio (1958), História Diplomática do Brasil. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército.
Fig.1 - Capa do Bullarium que contém a bula papal "Ea, quæ pro bono pacis", de 26/1/1506.