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GEOGRAFIA DO BRASIL

Professora Mestra Maria Carolina Beckauser


REITOR Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
DIRETOR DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Ms. Daniel de Lima
DIRETORA DE ENSINO EAD Prof. Dra. Geani Andrea Linde Colauto
DIRETOR FINANCEIRO EAD Prof. Eduardo Luiz Campano Santini
DIRETOR ADMINISTRATIVO Guilherme Esquivel
SECRETÁRIO ACADÊMICO Tiago Pereira da Silva
COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Prof. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Prof. Ms. Luciana Moraes
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Ms. Jeferson de Souza Sá
COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE GESTÃO E CIÊNCIAS SOCIAIS Prof. Dra. Ariane Maria Machado de Oliveira
COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE T.I E ENGENHARIAS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento
COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE SAÚDE E LICENCIATURAS Prof. Dra. Katiúscia Kelli Montanari Coelho
COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS Luiz Fernando Freitas
REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling
Caroline da Silva Marques
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Geovane Vinícius da Broi Maciel
Jéssica Eugênio Azevedo
Kauê Berto
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO André Dudatt
Carlos Firmino de Oliveira
Vitor Amaral Poltronieri
ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO Carlos Eduardo da Silva
DE VÍDEO Carlos Henrique Moraes dos Anjos
Yan Allef

FICHA CATALOGRÁFICA

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

B393g Beckauser, Maria Carolina


Geografia do Brasil / Maria Carolina Beckauser. Paranavaí:
EduFatecie, 2022.
79 p.: il. Color.

1. Geografia – Brasil. I. Centro Universitário UniFatecie.


II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título.

CDD: 23 ed. 918.1


Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577

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são oriundas dos bancos de imagens
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obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la
de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
AUTORA
Professora Mestra Maria Carolina Beckauser

● Licenciada em Geografia pela Universidade Estadual do Paraná – Campus de


Paranavaí.
● Especialista em MBA de Auditoria, Perícia e Educação Ambiental pela UniFatecie.
● Especialista em Didática e Metodologia do Ensino Básico e Superior pela
UniFatecie.
● Mestre em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá.
● Professora de Geografia da Educação Básica da UniFatecie.
● Professora Celetista de Geografia da Universidade Estadual do Paraná –
Campus de Paranavaí.

Experiência docente com a educação básica, cursos pré-vestibulares e demais


cursos preparatórios para concursos e afins.

LINK DE ACESSO PARA O CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/7768522098002460

3
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Caros alunos sejam muito bem-vindos a disciplina de Geografia do Brasil, espero
ao longo desta disciplina atender às suas respectivas expectativas em relação ao seu
processo de formação acadêmica-profissional.
Antes de iniciarmos a apresentação da estruturação da nossa disciplina, é preciso
que ocorra a compreensão do conceito de região, pois nossos estudos estão pautados
nesse princípio geográfico.
Sendo assim, podemos compreender a região, como sendo aquela porção do espaço
geográfico onde agrupamos os espaços com características semelhantes e separamos
os com características distintas. Os critérios desta segmentação podem ser pautados nos
aspectos físicos, sociais, econômicos, históricos e culturais.
Agora sim, vamos compreender como está a segmentação da nossa disciplina!
A unidade I, Formação territorial do Brasil, está subdividida em três etapas, sendo
elas: I – A localização geográfica do território brasileiro; II – As primeiras delimitações fron-
teiriças do território brasileiro; III – Os ciclos econômicos no Brasil.
Já a unidade II, Formas de Regionalização I: Domínios Morfoclimáticos, está seg-
mentada também em três etapas, sendo elas: I – Aziz Ab’Saber e sua metodologia; II – Do-
mínios Morfoclimáticos Brasileiros; III – Faixas de transição dos domínios morfoclimáticos.
A unidade III, Formas de Regionalização II: Regiões Geoeconômicas e os quatros
Brasis, assim como as unidades anteriores também está segmentada em três etapas,
sendo elas: I – A proposta de regionalização de Pedro Pinchas Geiger; II – Os complexos
geoeconômicos brasileiros; III – Milton Santos e os quatros brasis;
E por fim na unidade IV, Regionalização proposta pelo IBGE, subdividida em: I –
Histórico da regionalização brasileira proposta pelo IBGE; II – A proposta de regionalização
brasileira atual; III – As cinco regiões brasileiras proposta pelo IBGE.
Agora que já conhecemos um pouco sobre o que vamos encontrar nessa
disciplina, podemos iniciar nossos estudos. Vamos lá?

4
SUMÁRIO

UNIDADE 1
Formação Territorial do Brasil

UNIDADE 2
Formas de Regionalização I: Domínios
Morfoclimáticos

UNIDADE 3
Formas de Regionalização II: Regiões
Geoeconômicas e os Quatro Brasis

UNIDADE 4
Regionalização Proposta pelo IBGE

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1
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UNIDADE
FORMAÇÃO TERRITORIAL

DO BRASIL
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Professora Mestre Ana Paula Franciosi

Plano de Estudos
• Localização geográfica do território brasileiro;
• Primeiras delimitações fronteiriças do território brasi-
leiro;
• Ciclos econômicos do Brasil.
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Objetivos da Aprendizagem
• Identificar a localização geográfica do Brasil;
• Compreender o processo de formação das fronteiras brasileiras;
• Conhecer os ciclos econômicos que deram origem ao território
brasileiro;
INTRODUÇÃO
Caros estudantes sejam muito bem-vindos a nossa primeira unidade da disciplina de
Geografia do Brasil. Nesta primeira unidade intitulada de formação territorial do Brasil iremos
conhecer alguns acontecimentos históricos que auxiliaram na construção e delimitação do
espaço geográfico brasileiro.
A Unidade I está segmentada em três tópicos. Sendo o primeiro a localização
geográfica do território brasileiro, que está subdividido em o Brasil no mundo e o Brasil na
América do Sul.
Já no segundo tópico iremos abordar as primeiras delimitações fronteiriças do
território brasileiro, em que vamos conhecer um pouco mais sobre o Tratado de Tordesilhas
e o Tratado de Madri.
E por fim, no último tópico, denominado Ciclos Econômicos do Brasil, vamos co-
nhecer algumas atividades econômicas que contribuíram para a formação e integração
do território nacional. O terceiro tópico está subdivido entre Pau-Brasil, cana-de-açúcar,
drogas do sertão, pecuária, mineração e cafeicultura.
Pois bem, caros alunos espero atender as vossas expectativas sobre a disciplina de
Geografia do Brasil. No final desta unidade deixei algumas sugestões para complementar
os vossos estudos, espero que gostem.
Bons estudos!

UNIDADE 1 FORMAÇÃO TERRITORIAL DO BRASIL 7


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1
TÓPICO
LOCALIZAÇÃO
GEOGRÁFICA DO
TERRITÓRIO BRASILEIRO
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No decorrer deste tópico iremos conhecer a localização geográfica do Brasil,


inicialmente a nível mundial e posteriormente na América. Porém antes de iniciarmos de
fato o conteúdo, se faz necessário realizar uma revisão sobre o conceito de território e para
isso iremos nos apoiar nas palavras do professor Milton Santos (1926-2001).
Sendo assim, podemos compreender território como sendo a porção do espaço
geográfico em que ocorrem relações de poder, ou seja, é a porção do espaço disputada.
Pensamos em um exemplo para ilustrar esse conceito, quando soltamos o nosso
cachorro macho na rua, percebemos que ele imediatamente irá fazer xixi, marcando
territórios, ao passar outro cachorro macho na rua, ele irá fazer o mesmo, ou seja, fazer xixi
no lugar onde o seu cachorro havia feito anteriormente. Essa situação marca a disputa de
domínio pelo espaço.
Então vamos agora compreender a localização do território brasileiro.

1.1 O Brasil no Mundo


O Brasil é um país de dimensões continentais, ocupando o 5° lugar no ranking
mundial de maiores países em extensões territoriais. Com uma área de 8 515 767 km²,
atrás apenas da Rússia, Canadá, Estados Unidos e China, conforme apresenta o IBGE
(2022).
Conforme a Figura 1, podemos identificar algumas linhas imaginárias no planisfério.

UNIDADE 1 FORMAÇÃO TERRITORIAL DO BRASIL 8


FIGURA 1: MAPA MUNDI.

Fonte: ADOBE STOCK. Disponível em: https://stock.adobe.com/br/images/world-map-political-bou-

ndaries/550717

Com base na Figura 1, é possível identificar que o Brasil está no hemisfério ocidental
(oeste), e de acordo com a linha do Equador, o país está nos hemisférios norte e sul, sendo
a maioria das terras no hemisfério sul. Outro ponto importante que merece destaque é a
linha imaginária do Trópico de Capricórnio que corta o Brasil.

1.2 O Brasil na América do Sul


O Brasil apresenta uma extensão de 4.394,7 Km no sentido norte-sul, sendo o
ponto mais extremo ao norte a nascente do rio Ailã (RR) e o ponto mais ao sul o Arroio Chuí
(RS). Já no sentido leste - oeste, o país apresenta uma extensão de 4.319,4 km, com o
ponto mais extremo ao leste, Ponta do Seixas (PB) e o ponto mais a oeste a nascente do
Rio Moa (AC), conforme o IBGE (2022).
Analisando o mapa exposto na Figura 2, podemos perceber a presença de todos os
países pertencentes à América do Sul e alguns países da América Central. Porém iremos
focar nos países da América do Sul, conforme sugere o título deste subtópico.

UNIDADE 1 FORMAÇÃO TERRITORIAL DO BRASIL 9


FIGURA 2: MAPA DA AMÉRICA DO SUL

Fonte: ADOBE STOCK. Disponível em: https://stock.adobe.com/br/images/south-america-map-hi-

ghly-detailed-vector-illustration/88410563

O Brasil faz fronteira com 9 países da América do Sul, sendo eles Uruguai,
Argentina, Paraguai, Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana e Suriname, e também
possui fronteiras com a Guiana Francesa (Figura 2). Os únicos países da América do Sul,
que o Brasil não possui fronteiras, são o Chile e o Equador (figura 2).
A extensão territorial de fronteiras terrestres do Brasil é de 15.719 km, e 7.367 km
de fronteiras marinhas, de acordo com o IBGE (2022).
No próximo tópico desta unidade, iremos compreender dois importantes Tratados
que delimitaram as primeiras fronteiras do Brasil, assim como os momentos históricos em
que esses acordos foram firmados.

UNIDADE 1 FORMAÇÃO TERRITORIAL DO BRASIL 10


2
TÓPICO

PRIMEIRAS DELIMITAÇÕES
FRONTEIRIÇAS DO TERRITÓRIO
BRASILEIRO

Para se falar do Brasil enquanto país, é necessário recordar o passado colonial.


Sendo assim, vamos voltar um pouco no tempo e compreender como se deu a formação
territorial brasileira.
Durante o século XV os povos da península Ibérica, ou seja, os portugueses e
espanhóis, dominavam os conhecimentos das Grandes Navegações. Esse conhecimento
garantiu domínio territorial para Portugal e Espanha, essa expansão começou a gerar
conflitos.
Para amenizar e tentar solucionar essa problemática, ocorreu a delimitação do
Tratado de Tordesilhas em 1494, que dividiu o mundo em duas áreas de exploração. Onde
os domínios de Portugal se estendia até 350 léguas da Ilha de Cabo Verde na África, após
isso as áreas pertenceriam à Espanha.
Em março do ano de 1500 os portugueses deixaram suas terras com destino às
índias, porém um desvio no percurso fez com que eles chegassem a costa do que hoje
chamamos de Brasil, em abril de 1500. Muitos historiadores afirmam que os portugueses já
sabiam da existência dessas terras, e não demonstraram esse interesse na Europa, para
não gerar alarde e concorrência.
Ao chegar no território brasileiro a expedição liderada por Pedro Álvares Cabral, in-
titulou esse episódio como “descobrimento”, esse termo expõe o eurocentrismo, até porque
as terras já eram habitadas por diversos povos.

UNIDADE 1 FORMAÇÃO TERRITORIAL DO BRASIL 11


É necessário compreender, que esse primeiro contato gerou a intitulação para
esses povos de indígenas, onde os portugueses generalizaram esses povos.
Juntamente com a expedição de Pedro Álvares Cabral, veio Pero Vaz de Caminha,
homem de confiança do Rei Dom Manuel I de Portugal, que em uma de suas cartas dire-
cionadas para a Coroa escreveu:

Nesse mesmo dia, na hora das vésperas, avistamos terra! Primeiramente um


grande monte, muito alto e redondo; e depois, outras serras mais baixas ao
sul ele; e terra chã, com grandes arvoredos. Ao monte alto o Capitão deu o
nome de Monte Pascoal e à terra deu o nome de Terra de Vera Cruz (TUFA-
NO, DOUGLAS, 1999, p. 61).

Outro fragmento da Carta de Pero Vaz de Caminha para o rei de Portugal:

Esta terra, Senhor, me parece que da ponta que mais contra o sul vimos até à
outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista,
será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas por costa.
Tem, ao longo do mar, nalgumas partes, grandes barreiras, delas vermelhas,
delas brancas; e a terra por cima toda chã e muito cheia de grandes arvore-
dos. De ponta a ponta, é toda praia parma, muito chã e muito formosa.

Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender
olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito
longa.

Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa
alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons
ares, assim frios e temperados como os de Entre Douro e Minho, porque nes-
te tempo de agora os achávamos como os de lá.

Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a


aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.

Porém o melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta
gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve
lançar (TUFANO, 1999, p. 61).

Esse último fragmento mostra, as belezas das paisagens naturais, juntamente com
a ausência de minerais metálicos nesse primeiro momento e a relação de dominação com
povos que ocupavam essa região denominados pelos portugueses como indígenas.

UNIDADE 1 FORMAÇÃO TERRITORIAL DO BRASIL 12


O Tratado de Tordesilhas, firmado anteriormente, foi uma importante delimitação
fronteiriça do território brasileiro, conforme mostra a Figura 3.

FIGURA 3: MAPA DO TRATADO DE TORDESILHAS E DO TRATADO DE MADRI

Fonte: MUNIZ, C. (2021).

Inicialmente os portugueses não demonstraram interesse na ocupação e explora-


ção dessas terras, pois o comércio das índias apresentavam-se mais lucrativos. Somente
com as notícias de invasões a atenção portuguesa se volta à colônia.
Souza, (s.d.) afirmou que havia outras motivações, como: O interesse português
pelas terras do “Novo Mundo” tornou-se maior a partir do momento em que o comércio com
o Oriente não estava mais sendo tão lucrativo.
A primeira medida após a retomada da atenção, foi a delimitação das Capitanias
Hereditárias, que eram as porções territoriais de sentido Leste-Oeste, delimitado com a
linha vermelha na Figura 3. Essas porções de terras eram doadas aos nobres português
que tinham condições de ocupá-las, evitando assim as invasões, às terras eram passadas
de pai para filho.

UNIDADE 1 FORMAÇÃO TERRITORIAL DO BRASIL 13


Em um primeiro momento as explorações ocorreram somente nas proximidades do
litoral. Pois juntamente com a Carta Pero de Vaz de Caminha foi enviado também pedaços
de madeira do pau-brasil (Paubrasilia echinata), a coloração avermelhada foi o que atraiu
a atenção dos portugueses.
No entanto, o interesse em explorar o interior foi aumentando, e por volta dos sé-
culos XVII e XVIII, os portugueses começaram a furar o Tratado de Tordesilhas no sentido
oeste, ocupando terras espanholas, isso acabou gerando alguns conflitos.
Como tentativa de pacificação em 1750, surge o Tratado de Madri, que anulou o
Tratado de Tordesilhas e gerou uma nova delimitação territorial fronteiriça para o Brasil,
conforme mostra a Figura 3.
Uma das modificações mais importantes do Tratado de Madri, é o direito de posse,
onde cada país iria ficar com as terras que estavam ocupando naquele momento. Isso
trouxe vantagens para Portugal que aumentou seu domínio territorial, conforme mostra a
figura 3.
O mapa do Brasil como conhecemos hoje, tanto a delimitação fronteiriça quanto às
divisas estaduais foram firmadas em 1988, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-
tica (IBGE), iremos ver com mais detalhes esse assunto na última unidade desta disciplina.
No próximo tópico iremos analisar algumas atividades econômicas desenvolvidas
no território brasileiro que acabaram contribuindo para a formação, delimitação e integração
do território nacional.

UNIDADE 1 FORMAÇÃO TERRITORIAL DO BRASIL 14


3
TÓPICO

CICLOS ECONÔMICOS
DO BRASIL

No decorrer deste tópico iremos conhecer algumas atividades econômicas desen-


volvidas no território brasileiro, que contribuíram para interiorização, integração e delimita-
ção do espaço geográfico do Brasil.
As atividades econômicas estão apresentadas em uma sequência cronológica
conforme apresenta a tabela 1.

TABELA 1. ATIVIDADES ECONÔMICAS DESENVOLVIDAS NO BRASIL

Fonte: ROOS, J. (2003). Org. BECKAUSER, M. C. (2022).

1.3 Pau-Brasil
A primeira atividade econômica desenvolvida no território brasileiro, foi a exploração
da madeira do pau-brasil, espécie nativa da mata atlântica, abundante no litoral brasileiro,
que era retirado com a ajuda dos indígenas.
Os portugueses tinham interesse nessa madeira principalmente devido a sua
coloração avermelhada, onde a pigmentação era utilizada para tingimento de tecidos. É
importante enfatizar que a coloração vermelha no século XV e XVI era símbolo de nobreza
e riqueza.

UNIDADE 1 FORMAÇÃO TERRITORIAL DO BRASIL 15


De acordo com Zemella (1950) na época em que o Brasil foi descoberto, a indústria
têxtil estava em pleno desenvolvimento e, como não se conhecessem ainda as anilinas
artificiais que hoje utilizamos, o pau-brasil era uma matéria prima bastante apreciada e
procurada.
Ainda segundo Zemella (1950) em meados do século XVI o pau-brasil representa-
va 90% das exportações de produtos brasileiros, mas representava apenas 5% da receita
total, pois o valor econômico empregado no produto ainda era baixo.
Porém por volta do século XVIII e XIX a indústria química foi se desenvolvendo, e os
corantes naturais foram perdendo a importância devido a ascensão dos corantes artificiais.
É importante destacar que desde o início da colonização a exploração de mão de
obra indígenas já existia, além de práticas que contribuem para degradar o meio ambiente
em especial a mata atlântica, devido a esse primeiro contato.

1.4 Cana-de-Açúcar
Ao longo do século XVI o território brasileiro, que ainda estava na condição de
colônia de Portugal, sofria riscos de invasões francesas. A coroa portuguesa aumentou a
sua guarda para evitar perder as terras no “Novo Mundo”, pois havia ainda esperança de
encontrar metais preciosos.
Essa ausência de conhecimento sobre as riquezas minerais do território brasileiro,
contribuiu para a implantação de uma cultura. O cultivo de cana-de-açúcar, os portugueses
foram pioneiros nesse tipo de colonização agrícola no mundo.
Durante a época da implantação do cultivo de cana no Brasil, o açúcar era um
produto muito visado na Europa. A cultura se adaptou muito bem a zona da mata nordestina
de clima tropical úmido.
Inicialmente a mão de obra empregada nas fazendas de cana-de-açúcar eram
indígenas, posteriormente ocorreu um fluxo de pessoas negras trazidas da África para
realização de tarefas nas grandes fazendas produtoras.
Assim como o pau-brasil, a cultura do açúcar era baseada na exploração de mão
de obra e desmatamento também da mata atlântica.
Dentre as contribuições da cana para a formação do espaço geográfico brasileiro,
podemos destacar a ocupação agrícola da zona da mata nordestina, a interiorização na
região decorrente da necessidade de aumento das áreas cultivadas.

UNIDADE 1 FORMAÇÃO TERRITORIAL DO BRASIL 16


Não podemos deixar de mencionar o processo de construção social baseado nos
engenhos, onde o senhor que ocupava a casa grande era a autoridade maior no perímetro.
A cana-de-açúcar ainda se configura como um importante agente econômico do
Brasil na atualidade, no chamado setor sucroenergético (cana, açúcar, etanol e biocom-
bustível). Segundo a CONAB, a produção de cana-de-açúcar, para a safra 2022/23, deverá
totalizar 596,1 milhões de toneladas, um aumento de 1,9% do período anterior.

1.5 Drogas do Sertão

Drogas do Sertão era a denominação utilizada para intitular algumas especiarias


encontradas na Floresta Amazônica, como por exemplo a baunilha, o cacau, o guaraná e
algumas ervas.
Durante o século XVI os portugueses furaram o Tratado de Tordesilhas, conforme
mencionado no tópico anterior. Essas expedições eram guiadas pelos indígenas seguindo
o curso dos principais rios da região, e foram primordiais para o processo de interiorização
do território brasileiro, além de contribuir para a inserção do Tratado de Madri.

1.6 Pecuária
A atividade de criação de animais com finalidade de abastecimento, foi trazida pelos
europeus para o Brasil. Porém essa atividade ganha mais destaque com o desenvolvimento
dos engenhos de açúcar, pois o gado era utilizado como fonte de alimento e também na
moagem da cana.
Conforme a necessidade de terras para cultivos de cana foi aumentando a atividade
pecuária foi sendo interiorizada, gerando uma ocupação no sentido oeste do Brasil,
chegando em áreas como a do sertão nordestino por exemplo.
Em meados do século XVII e XVIII, a pecuária foi utilizada como estratégia para
delimitação das fronteiras sul do Brasil, os animais ali criados eram levados para as regiões
de exploração mineral para abastecimento dessas áreas.
Esse transporte, era caracterizado como tropeirismo. O trajeto mais famoso dos
tropeiros, era o caminho de Viamão, que saia do Rio Grande do Sul e ia até Sorocaba, em
São Paulo. Ao longo desse percurso os tropeiros faziam pousos, nesses lugares iam surgindo
vilas que vendiam produtos aos viajantes, mais tarde essas vilas se tornaram cidades.

UNIDADE 1 FORMAÇÃO TERRITORIAL DO BRASIL 17


A atividade da pecuária foi primordial para consolidação do território brasileiro,
pois como dito anteriormente ajudou na ocupação de áreas fronteiriças, fundou cidades no
interior do país.
O Brasil atualmente apresenta um rebanho bovino mais numeroso do que a sua
população. Segundo o IBGE, em 2019 o país atingiu 218 milhões de cabeças de gado, e os
estados com maior participação são Mato Grosso e Goiás.

1.7 Mineração
As expedições intituladas de bandeiras, eram compostas por brancos enviados da
Coroa portuguesa, chamados de bandeirantes, juntamente com padres jesuítas, indígenas
e negros escravizados. Essas expedições tinham como objetivo entrar no interior do Brasil,
em buscas de riquezas principalmente.
O momento de destaque se deu no século XVII, quando ocorreu o encontro de re-
servas significativas de ouro no interior do país, região que atualmente conhecemos como
Minas Gerais. A partir desse momento a atenção da Coroa voltaria para o Brasil, e aumenta
o número de entrada de portugueses no território brasileiro para trabalhar na mineração, e
a capital do Brasil é transferida para o Rio de Janeiro.
Vale lembrar que essa região das minas era abastecida pelos produtos trazidos pe-
los tropeiros, porém os produtos não eram suficientes, causando surtos de fome na região.
A atividade mineradora foi enfraquecendo no final do século XVIII, porém o Brasil
ainda hoje apresenta uma produção significativa em minérios, mas não mais em outro
como no período colonial.
Conforme a Agência do Brasil (2022) a produção total do setor mineral alcançou,
no ano passado, 1,150 bilhão de toneladas, mostrando aumento de 7% sobre as 1,073
bilhão de toneladas de 2020. E os maiores faturamentos foram observados no Pará, com
R$ 146,6 bilhões (+51%); Minas Gerais, R$ 143 bilhões (+87%); e Bahia, R$ 9,5 bilhões
(+67%).

1.8 Cafeicultura
O ciclo do ouro entra em decadência no final do século XVIII e início do século XIX.
Porém a importância econômica da região sudeste brasileira ainda se mantém, isso graças
ao novo ciclo econômico da cafeicultura.

UNIDADE 1 FORMAÇÃO TERRITORIAL DO BRASIL 18


O café foi trazido da África e se adaptou perfeitamente às condições naturais do
Vale do Paraíba. O produto se adaptou também que seguiu sentido ao interior do país,
chegando até ao norte do Paraná no século XX.
Como o café estava sendo cultivado no interior do país, ocorreu a necessidade
da implantação de ferrovias para escoar a produção até os portos. E as ferrovias foram
importantes, pois ao longo de seus trajetos foram surgindo cidades no interior do país,
contribuindo para a ocupação territorial do Brasil.
Porém é importante destacar, que os cafés assim como a mineração também
contribuíram para a destruição da Mata Atlântica e da Mata de Araucária, das regiões sul e
sudeste do país.
Atualmente o Brasil é o maior produtor de café mundial, e Minas Gerais o maior es-
tado produtor. Segundo a Conab (2022) a produção para 2022 é estimada em 55,7 milhões
de sacas de 60 quilos, com um acréscimo de 16,8% em comparação à 2021, a queda na
produção neste ano, quando comparada com 2020, é reflexo das estiagens entre julho e
agosto de 2021.

UNIDADE 1 FORMAÇÃO TERRITORIAL DO BRASIL 19


Por que o Brasil continuou um só enquanto a América espanhola se dividiu em
vários países?

Quase dois séculos atrás, em 7 de setembro de 1822, o Brasil ganhava sua inde-
pendência de Portugal.
Mas por que a América portuguesa se tornou um único país, enquanto a América
espanhola se fragmentou em outros tantos?
Não há apenas uma única razão, mas várias, segundo historiadores com quem
a BBC News Brasil conversou. E, para quem busca respostas fáceis, um alerta. Não há
unanimidade nas conclusões.
Maiores distâncias, diferentes estilos de administração
Uma das causas tem a ver com a distância geográfica entre as cidades das antigas
colônias e a forma como as duas possessões eram administradas por suas respectivas
metrópoles.
Ainda que a colônia portuguesa tivesse dimensões continentais, a maior parte
da população se concentrava em cidades costeiras, enquanto o interior permanecia
praticamente inexplorado, lembra à BBC News Brasil o historiador mexicano Alfredo Ávila
Rueda, da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM).
"É verdade que, hoje, o Brasil é um país enorme, com mais de 8 milhões de km².
Mas, na prática, na época da independência, as principais cidades se concentravam no
litoral. As distâncias entre as cidades eram, assim, menores do que na América Espanhola.
O interior era praticamente território que não era controlado pela Coroa portuguesa", diz.
Já a América Espanhola era formada por quatro grandes vice-reinados: Nova Espa-
nha, Peru, Rio da Prata e Nova Granada, com poucos vínculos - senão comerciais - entre
si. Cada um deles respondia à Coroa e tinha vida própria.
Ou seja, eram administrados localmente. Além disso, foram criadas capitanias que
tinham governos independentes desses vice-reinados, como as da Venezuela, Guatemala,
Chile e Quito, acrescenta Ávila Rueda.

UNIDADE 1 FORMAÇÃO TERRITORIAL DO BRASIL 20


"A administração espanhola se deu em torno de duas 'sub-metrópoles': México e
Peru. Isso não aconteceu no Brasil, onde a administração era muito mais centralizada",
explica o historiador mexicano.
A longa viagem de Dom Pedro 1º que culminou na Independência do Brasil [...]

Fonte: BARRUCHO, Luis. Por que o Brasil continuou um só enquanto a América


espanhola se dividiu em vários países?. BBC News Brasil em Londres. Disponível em:
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45229400 Acesso em: 03 de maio de 2022.

NOVAES Carlos Eduardo, LOBO César - História do Brasil para principiantes –-


Editora Ática – São Paulo – p.40

A charge acima refere-se ao momento de “Descobrimento” do Brasil. Reflita sobre


as possibilidades de lucro ironizadas na charge.

UNIDADE 1 FORMAÇÃO TERRITORIAL DO BRASIL 21


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caros estudantes chegamos ao final da nossa primeira unidade da disciplina de
Geografia do Brasil. Vamos retomar um pouco o nosso processo de ensino-aprendizagem
durante a unidade I, intitulada de Formação territorial do Brasil, durante esse momento é
importante salientar que verificamos o processo histórico brasileiro, e as diversas atividades
ocorridas que contribuíram para a formação territorial do país.
Pois bem, no tópico I denominado localização geográfica do território brasileiro,
identificamos a localização do Brasil no Mundo e na América do Sul, conhecemos também
as fronteiras terrestres brasileiras, desde sua extensão até os seus países vizinhos.
No tópico II, conhecemos as primeiras delimitações fronteiriças do território brasi-
leiro, voltamos no passado colonial do Brasil, naquele momento em que os portugueses
chegaram no território brasileiro. O Tratado de Tordesilhas (1494) e o Tratado de Madri
(1750) foram os dois principais pontos abordados durante o tópico II.
Por fim, no tópico III – Ciclos econômicos no Brasil, vimos algumas das atividades
econômicas, como o Pau-Brasil, a cana-de-açúcar, as drogas do sertão, a pecuária, a
mineração e a cafeicultura, realizadas no território brasileiro ainda no período colonial, que
contribuíram para ocupar e delimitar o espaço geográfico do Brasil.
Assim então fechamos a primeira unidade da disciplina de Geografia do Brasil. Na
próxima unidade, vamos compreender um pouco dos aspectos físicos do território brasilei-
ro. Até lá!

UNIDADE 1 FORMAÇÃO TERRITORIAL DO BRASIL 22


LEITURA COMPLEMENTAR
Caros estudantes, como leitura complementar, deixo para você uma matéria da
Politize, que traz alguns questionamentos sobre as relações de Portugal e Brasil no período
colonial.
Título: Descobrimento do Brasil em 1500: descoberto ou invadido?
Link: https://www.politize.com.br/descobrimento-do-brasil/?utm_source=rss&utm_
medium=rss&utm_campaign=descobrimento-do-brasil
Data: 23 abril 2022
Autor: Dominique Maia

Boa leitura!

UNIDADE 1 FORMAÇÃO TERRITORIAL DO BRASIL 23


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: A carta de Pero Vaz de Caminha
Autor: Douglas Tufano
Editora: Editora moderna
Sinopse: Edição comentada e ilustrada da carta de Pero Vaz
de Caminha ao rei de Portugal por ocasião do achamento do
Brasil. Texto integral reescrito em português contemporâneo.
O projeto objetiva comemorar os quinhentos anos do
descobrimento oferecendo ao aluno de primeiro grau cujo
currículo prevê a leitura da carta e ao público em geral um texto
de compreensão acessível. Informações subsidiárias como
fotos, mapas e ilustrações complementarão as notas ao texto.

FILME/VÍDEO
Título: Vermelho Brasil
Ano: 2014
Sinopse: A história da expedição de Villegagnon ao Brasil por
volta de 1555 e sua luta para criar uma colônia, a chamada
França Antártica, nas terras conquistadas pelos portugueses.
Filmado em Paraty, no Rio de Janeiro, o filme comete deslizes
entre eles, ser falado em inglês (e não em francês, a língua dos
invasores). A brasileira Giselle Motta vive a índia Paraguaçu e
Pietro Mário, brasileiro de origem italiana, aparece em dois
papéis: o de um marinheiro e o de um francês que vive entre os
índios. O ator português Joaquim de Almeida interpreta João da
Silva, um lusitano já perfeitamente integrado com os indígenas
e que representa o seu país colonizador.

UNIDADE 1 FORMAÇÃO TERRITORIAL DO BRASIL 24


2
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UNIDADE

FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO I
DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS
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Professora Mestre Maria Carolina Beckauser

Plano de Estudos
• Aziz Nacib Ab’Saber e sua metodologia;
• Domínios morfoclimáticos brasileiros;
• Faixas de transição dos domínios morfoclimáticos.

Objetivos da Aprendizagem
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• Conceituar os domínios morfoclimáticos;


• Compreender os tipos de domínios morfoclimáticos;
• Caracterizar os diferentes domínios
morfoclimáticos;
• Entender a dinâmica das faixas de transição dos
domínios morfoclimáticos.
INTRODUÇÃO
Muito bem-vindos estudantes a nossa segunda unidade da disciplina de Geografia do Brasil.
Nesta unidade intitulada Formas de Regionalização I: Domínios morfoclimáticos, iremos
aprender um pouco mais sobre as características naturais do território brasileiro.
No primeiro tópico desta unidade vamos conhecer o geógrafo, Aziz Nacib Ab Saber, autor
desta regionalização, também iremos compreender um pouco sobre a metodologia utilizada
durante seus estudos.
Já no segundo tópico, Domínios Morfoclimáticos brasileiros, vamos conhecer as
características de relevo, clima, solos, vegetação e hidrografia, dos seis domínios brasileiros,
que são: o amazônico, o cerrado, a caatinga, os mares de morros, as araucárias e as
pradarias.
E pôr no fim no terceiro e último tópico, vamos entender o que são as faixas de transição, e
conhecer um pouco sobre as matas de cocais e o pantanal sul-mato-grossense. Estas são
duas importantes faixas de transição entre os domínios morfoclimáticos brasileiros.
Caros estudantes, essa regionalização é uma síntese dos aspectos físicos do Brasil,
fiquem bem atentos as informações aqui disponibilizadas, façam as leituras sugeridas no
saiba-mais e na leitura complementar, pois será de suma importância para um processo de
ensino-aprendizagem mais significativo.
Bons estudos.

UNIDADE 2 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO I: DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS 26


1
AZIZ NACIB AB'SABER
E SUA METODOLOGIA

Neste primeiro tópico da unidade II, vamos conhecer quem foi o autor da regiona-
lização brasileira intitulada domínios morfoclimáticos, e qual foi a estratégia utilizada para
realizar essa divisão do Brasil. Sendo assim, este primeiro tópico está segmentado em dois
momentos, inicialmente conheça o geógrafo e depois conheça a metodologia dos domínios
morfoclimáticos.

1.1 Conheça o geógrafo


De acordo com Dourado (2012) Aziz Nacib Ab’ Saber (Figura 1) nasceu em 24 de
outubro de 1924 em São Luiz do Paraitinga (SP) e morreu dia 16 de março e 2012. Aziz em
1944 se formou em Geografia e História na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências da
USP, em 1946 tornou-se especialista em geografia física e tornou-se doutor pela mesma
universidade em 1956, onde também ingressou como livre-docente em 1965 e se aposentou
em 1982.
Ao longo de sua vida, o geógrafo construiu um grande legado sobre a geografia do
Brasil. Ainda de acordo com Dourados (2012) a produção em geografia do Aziz, centrou-se
sobretudo em domínios morfoclimáticos e fitogeográficos brasileiros, sertões do Nordeste,
estudos amazônicos, superfícies aplainadas do Brasil, Teoria dos Refúgios e na revisão das
pesquisas sobre "desertificação" na Campanha Gaúcha de Sudoeste.

UNIDADE 2 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO I: DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS 27


FIGURA 1. GEÓGRAFO AZIZ NACIB AB’SABER

Fonte: Carta Capital (2015). Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/educacao/aziz-absaber-o-geo-


grafo-humanista/. Acesso em: 25 jul. 2022.

Mongelli (2012) afirma que uma das frases mais impactantes do geógrafo é
“A paisagem é sempre uma herança”. Querendo fazer referência a herança histórica e
cultural dos povos agindo sobre os diferentes ambientes. Ambientes esses que possuem
características distintas de solo, clima, vegetação, relevo e água. Desta combinação,
resultam espaços e lugares os mais diversos, expressivos e originais do Brasil.
Diante dessas informações, podemos compreender a importância dos estudos de
Aziz para a geografia brasileira, e um dos seus trabalhos mais emblemáticos se refere a
regionalização dos domínios morfoclimáticos de natureza no Brasil, ao qual iremos conhecer
a metodologia abaixo.

1.2 Conheça a metodologia dos domínios morfoclimáticos


De acordo com Sáber (2003) podemos entender domínios morfoclimáticos (figura
2) como um conjunto espacial, em que haja um esquema coerente de feições de relevo,
tipos de solos e formas de vegetação e condições climático-hidrológicas.
Silva (s.d.) evidencia que para entender os domínios morfoclimáticos brasileiros
é preciso compreender as inter-relações entre os elementos das paisagens naturais e os
elementos humanos no espaço, essa combinação que favorece a existência de paisagens
e sistemas ambientais diferentes.

UNIDADE 2 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO I: DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS 28


FIGURA 2. MAPA DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS BRASILEIROS

Fonte: Disponível em: https://static.todamateria.com.br/upload/do/mi/dominiosmorfoclimaticosbrasil.jpg.


Acesso em: jul. 2022.

Saber (2003) classificou então seis grandes domínios no Brasil, quatro intertropicais
e dois subtropicais, sendo eles: 1) o domínio das terras baixas florestas da Amazônia; 2) o
domínio dos chapadões centrais recobertos por cerrados, cerradões e campestres; 3) o do-
mínio das depressões interplanálticas semiáridas do Nordeste; 4) o domínio dos mares de
morros florestados; 5) o domínio dos planaltos das araucárias; 6) o domínio das pradarias
mistas. Entre os domínios existe sempre um espaço de transição e de contato que afeta a
vegetação, os solos e até o relevo, esse espaço é denominado zona de transição. Todas
essas feições podem ser visualizadas na figura 2.

UNIDADE 2 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO I: DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS 29


2
DOMINIOS
MORFOCLIMÁTICOS
BRASILEIROS

No tópico II desta unidade, vamos conhecer as seis regiões dos domínios mor-
foclimáticos, bem como as suas principais características. Iremos iniciar pelo domínio
morfoclimático da Amazônia, depois do Cerrado, seguindo da Caatinga, depois de Mares
de Morros, por segundo das Araucárias e finalizando com as Pradarias. As fotos de cada
domínio encontram-se na tabela 1, no final deste tópico.

2.1 Amazônia
Esse domínio encontra-se nos estados do AM – AC – AP – PA – RR - RO – MT – MA
(figura 5), e apresenta uma elevada biodiversidade (tabela 1).
Caracterizado com o clima Equatorial, composto por nuvens baixas e carregadas
de umidade. Conforme Sáber (2003) a posição geográfica desse domínio contribuiu para
entrada forte de energia solar, com uma massa de ar úmida, baixa amplitude térmica e
ausência de estação seca.
No relevo da região predominam-se planícies fluviais (terras baixas), circundadas
por planaltos antigos e desgastados nas áreas sul e norte. Lembrando que na área norte,
encontra-se o ponto mais elevado do território brasileiro, o Pico da Neblina com 2.995
metros de altitude. Outra feição importante do relevo, é a Serra dos Carajás no Pará, im-
portante reserva mineral do país, situada ao sul desse domínio.
No que se refere à hidrografia, devemos levar em consideração que a região está
sobre a maior bacia hidrográfica do mundo, ou seja, a Bacia Amazônica.

UNIDADE 2 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO I: DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS 30


O rio que dá o nome à Bacia, nasce na cordilheira dos Andes no Peru, e ao entrar
em território brasileiro é denominado Solimões, e só irá voltar a chamar Amazonas nova-
mente, quando as águas do Solimões se misturarem com a do Rio Negro, para frente de
Manaus (AM).
A vegetação do domínio é dividida em estratos em harmonia com os rios da região,
sendo subdividida entre igapó – várzea – terra firme.
As que permanecem o ano todo com as raízes submersas são chamadas de igapó,
nesta área vivem espécies como a vitória-régia por exemplo. Próxima às margens dos rios,
cujo alagamento é sazonal, ocorrem as matas de várzeas, os solos dessa região são ferti-
lizados com a matéria orgânica dos rios, nessas áreas encontramos o açaizeiro. E por fim,
nas áreas mais distantes dos rios, estão as matas de terra firme, nessa área o alagamento
não ocorre, e encontramos plantas com mais de 30 metros de altura como as castanheiras.
Os solos do domínio amazônico são arenosos, com baixo teor de fertilidade após
a retirada da floresta. Isso ocorre, pois, os solos da região são fertilizados pela matéria
orgânica oriunda da floresta, formando uma rica e espessa camada de húmus na super-
fície. Após o desmatamento essa matéria orgânica deixa de aparecer, o solo perde sua
fertilidade e consequentemente sua cobertura vegetal restante, ficando exposto e sujeito à
erosão e a lixiviação.
Uma das principais ameaças a esse domínio é a expansão da fronteira agrícola. O
desmatamento e a ocupação da região já foram incentivados pelo governo federal, através
da construção de estradas no sistema espinha de peixe.
Atualmente é comum a retirada da madeira para venda no mercado ilegal, o restan-
te da floresta é queimado, essas cinzas acabam fertilizando os solos, que são produtivos
para a agricultura nos próximos anos, quando ocorre a redução da fertilidade as áreas são
convertidas em pastagens para a pecuária bovina extensiva.

2.2 Cerrado
O domínio do cerrado (figura 1) encontra-se na região Centro-Oeste do Brasil, em
estados como o MT - MS – GO – TO – PA – MG (tabela 1). Esse é caracterizadamente
brasileiro, se assemelha a vegetação de savana da África.
O clima da região é caracterizado como o Tropical, com duas estações bem defini-
das, sendo o verão quente e úmido e o inverno mais frio e seco, as médias pluviométricas
podem alcançar 1500 mm anuais.

UNIDADE 2 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO I: DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS 31


Os rios principais da região são utilizados para produção de energia e alguns
trechos são utilizados para transporte. A sazonalidade climática contribui para que alguns
rios secundários da bacia diminuam seu volume de água.
O relevo desse domínio é muito característico, e o geógrafo Aziz denominava essas
feições de chapadões, ou seja, são planaltos de origem sedimentar, com topo aplainado
denominado de chapadas, sendo o principal, o Planalto Central com altitudes entre 600 a
1100 metros.
Os solos desse domínio são profundos e ácidos, das classes dos latossolos
distróficos. Essa característica dos solos juntamente com o elemento climático, conferem à
região uma vegetação constituída de caules tortos, cascas grossas, folhas ásperas, árvores
espaçadas com raízes longas e de porte médio, sendo comum a presença de plantas
caducas, ou seja, aquela que perde as folhas durante a estação seca.
Segundo Sáber (2003) no universo geoecológico do Brasil intertropical, não existe
comunidade biológica mais flexível e dotada de poder e sobrevivência em solos pobres do
que os cerrados.
Assim como o domínio amazônico sofre com a expansão da fronteira agrícola,
em meados da década de 1970 as pesquisas brasileiras no segmento da agropecuária,
contribuíram para correção de solos e adaptação da soja na região, tal fato impulsionou a
ocupação e exploração do cerrado, causando prejuízos à paisagem e a ecologia.
Outro elemento que contribuiu e contribui para a degradação do cerrado, é a
constituição de Brasília, capital do Brasil, na região. Essa estratégia fez parte do processo
de ocupação do interior do país.

2.3 Caatinga
Esse domínio encontra-se no interior da região Nordeste do Brasil, na sub-região
nordestina conhecida como Sertão (tabela 1). Sáber (2003) nos diz que o Nordeste seco é a
área que apresenta a mais bizarra e rústica paisagem morfológica e fitogeográfica do país.
O clima é semiárido, apresentando elevadas temperaturas térmicas com chuvas
irregulares e mal distribuídas ao longo do ano, com variações entre 400 e 800 mm anuais.
Um dos fatores que contribuem para a redução de umidade na região, são as
feições do relevo que circundam a área, formando uma espécie de barreira física, que
impede a chegada de chuvas no interior do Nordeste.
É comum na paisagem desse domínio a presença de inselbergs, que são relevos
residuais de morros que resistiram aos processos do intemperismo do terciário e quater-

UNIDADE 2 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO I: DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS 32


nário, um dos principais é o Planalto da Borborema. Além de planaltos, ocorre também as
depressões como feições de relevo nesta região.
A hidrografia predominante na região é composta por rios intermitentes e efêmeros,
isso graças às características do clima semiárido. O rio de destaque na região do sertão
nordestino, é o São Francisco, que mesmo passando em várias partes do sertão apresenta
volume de água praticamente constante o ano todo, isso se deve a localização da sua
nascente na Serra da Canastra em Minas Gerais.
A vegetação é a caatinga, composta por xerófitas e plantas decíduas. Tais carac-
terísticas se devem a adaptação climática, o porte da vegetação é composto por plantas
herbáceas, arbustivas e arbórea. Além de ser comum plantas com espinhos, sendo encon-
tradas na região espécies como mandacaru, xique-xique e umbuzeiro.
Os solos são rasos e com o contato lítico muito próximo da superfície. Encontrando
os Neossolos Litólicos e Planossolos. Outra característica do solo, é a concentração de
sódio, que acaba afetando a água de poços na região.
As características naturais da área acabam sendo um fator de expulsão da popula-
ção. Porém os problemas sociais e econômicos na região são intensificados com políticas
públicas excludentes, baseadas em um processo histórico de ocupação que beneficia o
grande latifundiário. O domínio está ameaçado pelo avanço da pecuária extensiva.

2.4 Mares de Morros


Localiza-se no sentido norte-sul do país, na faixa litorânea do Brasil, no território
intertropical e subtropical, recobertos com florestas tropicais, ou seja, mata atlântica, que
apresenta a segunda maior biodiversidade brasileira (tabela 1).
O Clima desse domínio é extremamente influenciado pela proximidade com o
oceano, sendo caracterizado como Tropical Úmido, com fortes influências da MTA (Massa
Tropical Atlântica) e MPA (Massa Polar Atlântica), apresentando uma elevada precipitação
anual.
A vegetação de mata atlântica apresenta contato com outras diferentes vegetações
ao longo do território, como: araucárias, pradarias, cerrado e a caatinga. Além de envolver
ecossistemas como os mangues e restingas.
A geomorfologia do domínio possui algumas variações regionais, porém a feição
típica é encontrada na zona da mata mineira, em que é possível perceber a mamelonização
das vertentes em estruturas rochosas graníticas-gnáissicas.

UNIDADE 2 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO I: DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS 33


Conforme Sáber (2003) florestas tropicais cobrindo morros costeiros, e escarpas
como a Serra do Mar, e setores serranos mamelonizados dos planaltos e compartimentos
acidentados do sudeste brasileiro.
A hidrografia da região é composta por rios perenes, devido a elevada pluviosidade
local, além de um potencial energético considerável graças as corredeiras formadas ao
longo do relevo acidentado.
Ainda segundo Sáber (2003) os mares de morros têm se mostrado ser o meio físico,
ecológico e paisagístico mais complexo e difícil do país em relação às ações antrópicas.
Mas mesmo assim, não ficou intocável. Esse domínio foi explorado e degrada-
do desde a colonização com os ciclos do pau-brasil e da cana-de-açúcar. Atualmente as
grandes cidades e complexos industriais têm modificado as características naturais desse
ambiente.

2.5 Araucárias
Esse domínio encontra-se na região Sul do Brasil (tabela 1), de clima subtropical
úmido, com elevada amplitude térmica e chuvas bem distribuídas ao longo do ano. As tem-
peraturas são influenciadas pela ação da MPA (Massa Polar Atlântica), reduzindo bastante
as temperaturas no inverno.
Rica hidrografia, devido às chuvas constantes. Rios encachoeirados, que favore-
cem a produção energética. Nesse domínio encontra-se a maior usina hidrelétrica do Brasil,
a Itaipu Binacional, no Rio Paraná, no município de Foz do Iguaçu (PR).
A vegetação desse domínio segundo Sáber (2003):

...é constituída de araucárias emergentes acima de um dossel de matinhas


tropicais, o mato é baixo e descontínuo, com pinhais altos, esguios e
imponentes – um tanto exótico e homogêneos – face da biodiversidade
marcante dos sub-bosques regionais, de permeio as araucárias surgem
pequenos mosaicos de campos entremeados por bosquetes de pinhais, que
oferece uma das mais lindas paisagens ao território brasileiro. Um cenário
marcante de originalidade ecológica [...] (SÁBER, AZIZ AB, 2003, p. 99).

Os solos da região são férteis, principalmente o que se encontra na localização


da Serra da Esperança, devido ao derramamento de lavas basálticas na era Mesozóica,
durante a deriva continental.
De acordo com Silva (s. d.) o relevo da região é formado pelo planalto Meridional
brasileiro cujas altitudes variam entre 800 e 1.300 m, constituído por um planalto basáltico
que ora apresenta-se com intercalações, coberturas e bases de arenitos.

UNIDADE 2 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO I: DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS 34


A região passou por um processo de ocupação decorrente da imigração europeia,
o que diversificou a atividade produtiva rural local, além de contribuir para uma melhor
distribuição de terras.

2.6 Pradarias
Outro domínio subtropical, localizado na região sul do Brasil, com clima subtropical,
porém um pouco mais seco durante o verão. Apresenta uma hidrográfica mais reduzida do
que o domínio das araucárias, e geralmente os rios são utilizados para navegação (tabela 1).
A feição do relevo dessa região é caracterizada como planalto de coxilhas, por
apresentar suaves ondulações alongadas. Que conforme Silva (s. d.) são feições mamelo-
nizadas de colinas pluriconvexas suaves, esculpidas em terrenos sedimentares, basálticos
e rochas metamórficas do escudo uruguaio-sul-rio-grandense.
A vegetação é composta de pradarias mistas associadas às matas de araucárias,
e algumas cactáceas, essa última se deve a presença de um antigo paleoclima mais seco
que predominava na região.
Esse domínio está ameaçado pela pecuária extensiva, que utiliza as pastagens
naturais como fonte de alimento para os bovinos e ovina, e a rizicultura, ou seja, o cultivo
de arroz nas planícies aluviais.
TABELA 1. IMAGENS DOS DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS BRASILEIROS

Fonte: SILVA, D. B. (s. d.). Org. BECKAUSER, M. C. 2022.

UNIDADE 2 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO I: DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS 35


3
FAIXAS DE TRANSIÇÃO
DOS DOMÍNIOS
MORFOCLIMÁTICOS

Após conhecermos as características dos domínios morfoclimáticos brasileiros, é


importante entendermos que a mudança de uma região para outra não ocorre de maneira
abrupta, mas sim de forma transicional.
Diante disso, iremos compreender um pouco mais sobre as faixas transições, essa
feição está destacada no mapa apresentado na figura 2 em branco. É importante notar que
essa faixa circunda os domínios.
Segundo Sáber (2003):

… Poderia parecer lógico que entre o domínio A e o domínio B pudessem


ocorrer transições ou contatos em mosaico de A+B. No entanto, a experiência
demonstrou que podem registrar-se combinações de A+B passando a C, ou
de A+B passando a D; ou, ainda, de A+B, incluindo um tampão Z. Constatou-
-se, ainda, que em alguns raros casos de áreas de transição e contato, com
forma grosso modo triangular, situadas entre domínios A, B e C, podem ser
multiplicadas as combinações fisiográficas e ecológicas, eu comportam con-
tatos em mosaicos e subtransições locais (SÁBER, AZIZ AB’, 2003, p. 12).

O autor no trecho acima elucida as faixas de transição, apresentando estas


como sendo uma zona de contato entre duas áreas nucleares, ou seja, que apresentam
características específicas de cada domínio.
É importante perceber que tal fato não ocorre somente entre dois domínios, mas
pode ocorrer entre mais domínios e ainda criar condições ecológicas completamente
diferentes daqueles presentes nas áreas nucleares.

UNIDADE 2 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO I: DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS 36


Dessa forma, Aziz ainda nos alerta que:

… Além de representações de elementos morfoclimáticos e fitogeográficos


aparentados com fatos de A, B e C, puderam ser detectados subnúcleos pai-
sagísticos e faixas de vegetação constatada, muito diferente das paisagens
e ecologias predominantes em A, B ou C (SÁBER, AZIZ AB’, 2003, p. 12).

A vegetação se aproveita da instabilidade ecológica das faixas de transição e passa


a dominar o local. Sáber (2003) destaca que em subáreas em que as condições climáticas
e ecológicas eram relativamente desfavoráveis para a fixação de padrões de paisagem
diretamente filiados aos domínios contíguos, eram favoráveis a expansão de determinadas
floras, como a mata de cocais, cipós e matas secas.
A exemplo da faixa de transição trataremos com mais detalhes sobre as matas
de cocais. Estas estão localizadas entre três domínios, sendo eles: caatinga, cerrado e
amazônico. Sendo assim, as porções mais a leste predominam climas mais secos em razão
da influência da caatinga, enquanto que na porção mais oeste é mais úmido por influência
da floresta amazônica.
A espécies vegetais desta faixa de transição são adaptadas a essa variação
climática por exemplo, mais à leste encontramos a palmácea da Carnaúba, enquanto que
mais a oeste, com clima mais úmido são predominantes as espécies de Babaçú.
Outra importante zona de transição brasileira é o Pantanal, localizado no estado do
Mato Grosso do Sul, que está entre os domínios da amazônica, cerrado e mata atlântica.
Sendo possível encontrar nessa área ainda espécies de campos das pradarias e herbáceas
do Chaco boliviano.
Conhecer as características dos domínios morfoclimáticos brasileiro é de suma
importância para orientar o processo de ocupação, buscando sempre um equilíbrio entre os
fatores naturais e as necessidades socioeconômicas.

UNIDADE 2 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO I: DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS 37


Se queimadas continuarem, Pantanal tende a virar um deserto, afirma biólogo
Erick Gimenes - Brasil de Fato | Brasília | 08-01-2021
As queimadas destruíram aproximadamente 30% de todo o Pantanal em 2020,
segundo estudos feitos por organizações não-governamentais que atuam na região.
As consequências da devastação são várias: além da óbvia perda de vegetação
nativa, muitos animais morreram ou entraram em disputa por outros territórios, o que
provocou um desequilíbrio na biodiversidade da região.
Além disso, comunidades pesqueiras, indígenas e quilombolas, que já haviam
perdido trabalho e renda em virtude da pandemia de coronavírus, se viram em uma situação
ainda pior, com falta de água, lavoura seca e as casas ameaçadas pelas chamas.
Caso as perdas não sejam revertidas drástica e rapidamente e os incêndios não
diminuam, o Pantanal corre sério risco de virar um deserto, segundo o biólogo Gustavo
Figueroa da organização SOS Pantanal.
"O Pantanal está sofrendo e temos muito medo do que pode acontecer nas
próximas décadas. Pode ser que o Pantanal comece esse processo de desertificação e
mude completamente do bioma que a gente conhece hoje", afirma.

Fonte: GIMENES, ERICK. Se queimadas continuarem, Pantanal tende a virar um deserto, afirma biólogo.
Brasil de Fato. 08 jan 2021. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2021/01/08/se-queimadas-conti-
nuarem-pantanal-tende-a-virar-um-deserto-afirma-biologo Acesso em: 13 mai 2022.

UNIDADE 2 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO I: DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS 38


Leia o fragmento de texto abaixo, retirado da obra de Aziz:

Além de conviver com alguns piores solos do Brasil intertropical, a vegetação


dos cerrados conseguiu a façanha ecológica de resistir às queimadas,
renascendo das próprias, como uma espécie de fênix dos ecossistemas
brasileiros. Não resiste, porém aos violentos artifícios tecnológicos inventados
pelos homens ditos civilizados (SÁBER, AZIZ AB’, 2003, p. 41).

Reflita: Quando o autor faz uma análise à fênix relacionando com as queimadas do
cerrado, o que ele quis dizer?

UNIDADE 2 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO I: DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS 39


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pois bem, estudantes chegamos ao final de mais uma unidade da disciplina de
Geografia do Brasil, espero ter atendido as expectativas de vocês. Vamos retomar o que foi
estudado durante esta unidade.
No tópico I conhecemos um pouco sobre quem foi Aziz Ab Saber e qual o seu
legado na geografia física brasileira, prosseguindo pudemos entender que sua metodologia
de regionalização se caracterizava por uma análise combinada de diferentes fatores, como:
relevo, solos, clima, hidrografia e vegetação.
Já no tópico II vimos seis os domínios morfoclimáticos brasileiros. O domínio das
terras baixas florestas da Amazônia; 2) o domínio dos chapadões centrais recobertos por
cerrados, cerradões e campestres; 3) o domínio das depressões interplanálticas semiáridas
do Nordeste; 4) o domínio dos mares de morros florestados; 5) o domínio dos planaltos das
araucárias; 6) o domínio das pradarias mistas.
E por fim no tópico III, entendemos que as faixas de transição entre os domínios
são sempre um espaço de mudança e de contato que afeta a vegetação, os solos e até
o relevo. Conhecemos um pouco sobre a mata de cocais que está entre a Amazônia, a
caatinga e o cerrado, e também vimos algumas características do pantanal.
Assim então encerramos mais a unidade II de Geografia do Brasil. Até a próxima.

UNIDADE 2 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO I: DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS 40


LEITURA COMPLEMENTAR
Caros estudantes, como leitura complementar, deixo para você uma matéria da
Carta Capital, que traz algumas informações complementares sobre a vida do geógrafo
Aziz Ab’Saber.
●Título: Aziz Ab’Saber, o geógrafo humanista
●Link: https://www.cartacapital.com.br/educacao/aziz-absaber-o-geografo-humanista/
●Data: 07 maio 2022
●Autor: Vicente Eudes Lemos Alves
Boa leitura!
.

UNIDADE 2 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO I: DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS 41


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades
paisagísticas
Autor: Aziz Ab’Saber
Editora: Ateliê
Sinopse: O professor e geógrafo Aziz Ab’Sáber foi um dos
pesquisadores brasileiros mais dedicados à compreensão
espacial e territorial do país. Essa é a condição, segundo ele,
para que os espaços não sejam usados inadequadamente, em
benefício de poucos e em detrimento das gerações futuras. Este
livro trata das características e potencialidades das grandes
paisagens que compõem o mosaico ecológico brasileiro.
Constitui rico material para as necessidades teóricas e práticas
de planejadores, professores e alunos.

FILME/VÍDEO
Título: O auto da compadecida
Ano: 2000
Sinopse: As aventuras dos nordestinos João Grilo (Matheus
Natchergaele), um sertanejo pobre e mentiroso, e Chicó (Selton
Mello), o mais covarde dos homens. Ambos lutam pelo pão de
cada dia e atravessam por vários episódios enganando a todos
do pequeno vilarejo de Taperoá, no sertão da Paraíba. A salvação
da dupla acontece com a aparição da Nossa Senhora (Fernanda
Montenegro). Adaptação da obra de Ariano Suassuna.

UNIDADE 2 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO I: DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS 42


3
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UNIDADE
FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO II
REGIÕES GEOECONÔMICAS

E OS QUATRO BRASIS
Professora Mestra Maria Carolina Beckauser
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Plano de Estudos
• A proposta de regionalização de Pedro Pinchas Geiger;
• Os complexos geoeconômicos brasileiros;
• Milton Santos e os quatro brasis.
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Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar e contextualizar a regionalização
geoeconômica do Brasil;
• Compreender os tipos de regiões geoeconômicas
brasileiras;
• Conhecer a regionalização dos quatro brasis.
INTRODUÇÃO
Olá caros alunos, chegamos a mais uma unidade da nossa disciplina de Geogra-
fia do Brasil. Essa terceira unidade é intitulada de Formas de Regionalização II: Regiões
Geoeconômicas e os quatros brasis.
Pois bem, nesta unidade, vamos conhecer um pouco mais sobre a proposta de
regionalização elaborada pelo geógrafo Pedro Pinchas, assim como a proposta de divisão
do Brasil realizada por Milton Santos.
O primeiro, intitulado a proposta de regionalização de Pedro Pinchas Geiger, está
subdividido entre conheça o geógrafo e conheça a metodologia das regiões geoeconômicas.
Enquanto que, no segundo tópico desta unidade, chamado de os complexos geoe-
conômicos brasileiros, vamos conhecer um pouco mais sobre as características de cada
uma das regiões, sendo assim esse tópico está dividido em três partes, sendo cada uma
delas, uma região geoeconômica.
E, por fim, no tópico intitulado de Milton Santos e os quatro brasis, em que vamos
conhecer um pouco mais sobre esse geógrafo brasileiro e compreender de maneira mais
simplista a sua regionalização baseada no meio-técnico-científico-informacional.
Caros estudantes, todo conteúdo aqui disposto é apenas uma síntese de algo mais
amplo e complexo, para complementar seus estudos deixei algumas leituras e sugestões
no final desta unidade.
Bons estudos!

UNIDADE 3 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO II: REGIÕES GEOECONÔMICAS E OS QUATRO BRASIS 44


1
A PROPOSTA DE
REGIONALIZAÇÃO DE
PEDRO PINCHAS GEIGER

Neste primeiro tópico da unidade III, vamos conhecer quem foi o autor da
regionalização geoeconômica do Brasil, e qual foi a estratégia adotada para realizar essa
divisão. No primeiro subtópico, vamos conhecer quem foi o geógrafo e seu processo de
formação, e no segundo subtópico, vamos conhecer os procedimentos metodológicos
adotados nessa regionalização.

1.1 Conheça o geógrafo


Conforme Alves e Pinto (2012) o geógrafo Pedro Pinchas Geiger (figura 01) nasceu
no Rio de Janeiro em 1923, formou-se em história e geografia pela Universidade Federal
do Brasil, no ano de 1942 foi convidado a trabalhar no recém-criado IBGE.

UNIDADE 3 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO II: REGIÕES GEOECONÔMICAS E OS QUATRO BRASIS 45


FIGURA 01: GEÓGRAFO PEDRO PINCHAS GEIGER

Fonte. IBGE, 2022.

https://memoria.ibge.gov.br/historia-do-ibge/projeto-historia-oral/galeria/20912-pedro-pinchas-geiger.html

Ainda de acordo com Alves e Pinto (2012), o geógrafo participou de expedições do


IBGE para levantamento de dados e elaboração de mapas por todo o Brasil.
Conforme o IBGE (2022) quando Pedro chegou ao órgão, inicialmente ele traba-
lhava na área de geografia física, mas apresentou pesquisas no campo da urbanização
e industrialização, criando assim um novo segmento de pesquisa, preocupado com as
grandes transformações de ordem econômica e social nos grandes centros urbanos.
Diante dos fatos apresentados, podemos considerar que toda a experiência envol-
vendo a carreira acadêmica e profissional foram de suma importância para a fundamenta-
ção teórica e prática dos seus estudos, que resultaram na proposta de regionalização do
território brasileiro.

1.2 Conheça a metodologia das regiões geoeconômicas


A proposta de regionalização do geógrafo Pedro Pinchas Geiger, ficou conhecida
como regiões geoeconômicas ou complexos regionais, ela foi elaborada no ano de 1967.
Em sua pesquisa sobre o geógrafo, Alves, nos explica em que contexto essa pro-
posta de divisão regional do Brasil foi elaborada.

UNIDADE 3 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO II: REGIÕES GEOECONÔMICAS E OS QUATRO BRASIS 46


Ainda na década de 60, diante da vigente divisão regional do Brasil reali-
zada pelo IBGE, Geiger define o país como uma gigantesca unidade, onde
se encontravam características do subdesenvolvimento, que ilustravam re-
lações externas de um país agrário com países industrializados ou relações
existentes entre as regiões mais atrasadas com regiões mais evoluídas do
país, e características do desenvolvimento, marcadas pela expansão de um
mercado próprio e da industrialização. Dessa maneira, novas diferenciações
regionais se formaram no decorrer da evolução econômica e social do Brasil
(ALVES, 2016, p. 27).

Diante dos fatos apresentados, podemos perceber a preocupação do geógrafo com


as questões históricas e socioeconômicas do Brasil. Por isso, essa regionalização considera
como fatores de divisão do espaço os aspectos físicos, históricos, culturais e econômicos
do país. Sendo assim, a proposta apresenta três grandes complexos regionais, sendo eles:
o Centro-Sul, o Nordeste e a Amazônia (figura 02).

FIGURA 02: MAPA DAS REGIÕES GEOECONÔMICAS BRASILEIRAS

Fonte: TRABALHOS PARA ESCOLA, 2019. Disponível em:


https://trabalhosparaescola.com.br/regioes-geoeconomicas-do-brasil/. Acesso em: 20 jul. 2022.

Conforme a figura 02 nos apresenta, podemos identificar que nessa regionalização


não ocorre o respeito em relação às divisas estaduais. Sendo assim, existem estados que
estão em mais de uma região ao mesmo tempo.
A seguir vamos conhecer um pouco mais sobre cada uma das regiões, bem como
as suas principais características e delimitações no espaço geográfico brasileiro.

UNIDADE 3 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO II: REGIÕES GEOECONÔMICAS E OS QUATRO BRASIS 47


2
OS COMPLEXOS
GEOECONÔMICOS
BRASILEIROS

No tópico II desta unidade, vamos conhecer um pouco mais sobre as características


de cada uma das regiões geoeconômicas brasileiras. Iniciaremos pelo Centro-Sul, seguindo
para o Nordeste e, por fim, na Amazônia. Cada uma dessas regiões é bem distintas entre si,
e é importante lembrar que essa regionalização não respeita as divisas estaduais.

2.1 Centro-Sul
Nessa região, conforme a figura 02 apresenta, estão os estados do Rio Grande do
Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso
do Sul, Mato Grosso, Tocantins e Minas Gerais. Sendo os três últimos estados integrantes
também de outras regiões, como veremos adiante.
Essa região apresenta como característica histórica o cultivo do café, que se deu na
área devido às condições naturais do clima úmido e do solo fértil da região, porém nem toda
a área deste complexo apresenta tais características, como por exemplo, as regiões mais
ao sul ou em maiores altitudes, sendo estas então um limite geográfico para a expansão da
cafeicultura.
Outro importante aspecto histórico da área, se deve à ocupação proporcionada pela
imigração europeia. Tanto a cafeicultura, como a imigração, contribuíram para o desenvol-
vimento industrial e urbano da região, pois o café proporcionou riquezas e a imigração
influenciou no desenvolvimento de uma mão de obra industrial.

UNIDADE 3 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO II: REGIÕES GEOECONÔMICAS E OS QUATRO BRASIS 48


Sendo assim, a região é considerada um núcleo polarizador com duas grandes
metrópoles, São Paulo e Rio de Janeiro. Não podemos desconsiderar também a influência
de Curitiba e Porto Alegre nesse contexto urbano.
O Centro-Sul apresenta as maiores concentrações populacionais, urbanas e
industriais do país, além de possuir uma agricultura moderna, sendo atualmente centro de
decisões do país, com sedes de empresas e uma rede de meios de transporte e comunicação
bem desenvolvidos.
Todas essas características históricas e atuais contribuem para que essa região
apresente o maior desenvolvimento econômico do país, garantindo assim para a sua popu-
lação uma melhor qualidade de vida ligada ao setor de comércios e serviços.

2.2 Nordeste
De acordo com a figura 02, essa região é composta pelos estados de Sergipe,
Alagoas, Bahia, Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Piauí, Minas Gerais
e Maranhão, os dois últimos estados citados, fazem parte de outras regiões, sendo
respectivamente o Centro-Sul e a Amazônia.
Esse complexo é considerado o menos desenvolvido do país, pois não passou por
uma forte industrialização na década de 1930 assim como o Centro-Sul. Algumas áreas
no litoral desenvolveram algumas atividades industriais, porém menos significativas e com
menor intensidade.
Outro fator determinante no desenvolvimento socioeconômico dessa região refere-
se ao fluxo migratório, diferentemente do Centro-Sul, que se caracteriza por ser uma área de
atração populacional, o complexo do Nordeste é evidenciado por ser uma área de expulsão
populacional. Tal fato está associado à fuga de mão de obra braçal, que contribuiu para a
construção civil em São Paulo e no Rio de Janeiro, assim como a construção de Brasília
(capital federal).
A busca por emprego e melhores condições de vida motivaram os nordestinos a
migrar do Nordeste para outras regiões brasileiras, mas além dos fatores socioeconômicos
como elementos de expulsão, podemos evidenciar também os aspectos naturais do sertão
nordestino, de clima semiárido, solos rasos e pedregosos que dificultam o desenvolvimento
de atividade agropecuárias.
Além dos elementos naturais do campo do sertão nordestino, podemos destacar
também a estrutura agrária desigual e concentrada com uma organização arcaica e
produtividade bem menor.

UNIDADE 3 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO II: REGIÕES GEOECONÔMICAS E OS QUATRO BRASIS 49


Todos esses fatores contribuíram para que a região fosse algo de projetos de
desenvolvimento do governo, cujo objetivo seria desenvolver economicamente melhor a
região reduzindo a desigualdade.
Em uma dessas tentativas é formado o polo petroquímico de Camaçari no estado
da Bahia, desenvolvidas e implantadas universidades com a intenção de formar mão de
obra qualificada, além de atrativos e incentivos para atrair a indústria para a região, que
antes era muito mais dependente do turismo.
Diante dos fatos apresentados, podemos então perceber que por muito tempo a
região Nordeste foi “esquecida” e serviu apenas como mão de obra para o desenvolvimento
de outras regiões. E que somente com o levantamento proposto por Pedro Pinchas que os
problemas da região são evidenciados, e que, após isso, os investimentos são direcionados
tentando minimizar e/ou solucionar parte das problemáticas.

2.3 Amazônia
A região Amazônia é formada pelos estados do Amazonas, Acre, Amapá, Pará,
Rondônia, Roraima, Tocantins, Maranhão e Mato Grosso, sendo os três últimos também
pertencentes a outras regiões.
Essa região é a mais interiorana, e a que apresenta a maior área, porém, a menor
população, isso se deve aos aspectos naturais (floresta) da região, além do processo histó-
rico de ocupação do Brasil que se deu pelo litoral e não pelo interior.
Diante desses fatos, a região Amazônica apresenta um fluxo bem menor de mer-
cadoria, produtos e serviços, devido à baixa ocupação e as limitações geográficas. Apesar
disso, essa região, ainda apresenta núcleos urbanos com uma densa ocupação, sendo dois
em específico, Manaus (AM) e Belém (PA), essas duas capitais são caracterizadas pelo
fenômeno de macrocefalia urbano, ou seja, quando uma cidade cresce muito mais do que
as outras.
Esses dois municípios acima citados, apresentaram esse desenvolvimento anormal
em relação ao restante da região devido, aos ciclos da borracha (primeiro ciclo ocorreu de
1879-1912, e o segundo em 1942-1945) que contribuíram para elevar a renda do local,
porém, é necessário enfatizar que essas riquezas ficaram concentradas nas mãos de uma
elite, ou seja, os problemas sociais urbanos se acentuaram ainda mais nesse contexto.
Atualmente, a região ainda apresenta uma conexão deficitária, porém principalmente
na porção sul, está ocorrendo um avanço da chamada fronteira agrícola, em que a floresta
passa a dar lugar à monocultura de exportação, colocando em risco o ambiente natural
bem como a sua dinâmica e as populações tradicionais que ocupam e vivem dos elementos
disponibilizados pela floresta.

UNIDADE 3 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO II: REGIÕES GEOECONÔMICAS E OS QUATRO BRASIS 50


3
MILTON SANTOS E OS
QUATRO BRASIS

Pois bem, chegamos ao último tópico desta unidade, e agora vamos conhecer um
pouco sobre o famoso geógrafo brasileiro Milton Santos. Todas as informações referentes
ao professor Milton Santos estão no primeiro subtópico, já a sua proposta de regionalização
encontra-se no segundo subtópico.

3.1 Conheça o Geógrafo


Milton Santos, (figura 03) nascido em 03 de maio de 1926 no estado da Bahia, se
formou em Direito pela Universidade Federal da Bahia em 1948, e então passou a atuar
como professor de geografia no ensino básico. Mais tarde, em 1958, se formou doutor em
geografia pela Universidade de Strasbourg, sob orientação do Prof. Jean Tricart.
FIGURA 03: GEÓGRAFO MILTON SANTOS

Fonte: MILTON SANTOS, 2011. Disponível em: http://miltonsantos.com.br/site/biografia/. Acesso em: 20 jul. 2022.

UNIDADE 3 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO II: REGIÕES GEOECONÔMICAS E OS QUATRO BRASIS 51


Durante o período da ditadura militar, ficou em exílio em outros países, esse
momento foi decisivo em sua carreira, pois o geógrafo dedicou-se a estudar e aproveitar as
informações e conhecimentos em outros territórios.
De acordo com Santos (2011) doze universidades brasileiras e sete universidades
estrangeiras lhe outorgaram o título de Doutor Honoris Causa. E no ano de 1994, ganhou
um prêmio de muito prestígio internacional, sendo o Geografia Vautrin Lud, é considerado o
Prêmio Nobel da Geografia, sendo o único brasileiro a receber tamanha honraria.
Milton Santos faleceu no dia 24 de junho de 2001 em São Paulo, em razão de
uma insuficiência respiratória. O geógrafo em questão deixou um enorme legado para a
geografia brasileira, dos quais podemos citar os 50 livros de sua autoria em diferentes
idiomas e seus mais de 280 artigos publicados no meio científico.

3.2 Os quatro Brasis


Os geógrafos Milton Santos juntamente com a Ana Clara Ribeiro propuseram, em
1979, uma regionalização do território brasileiro com base nas diferenças do meio-téc-
nico-científico informacional, essa regionalização ficou conhecida como os quatro brasis,
conforme mostra a figura 04.
FIGURA 04: OS QUATRO BRASIS

Fonte: GRAGEOGRAFIA. Disponível em:

https://grageografia.meusitenouol.com.br/divisoes-regionais-do-brasil-parte-ii. Acesso em: 20 jul. 2022.

Essa regionalização apresenta quatro regiões, sendo elas: a Concentrada, o


Nordeste, o Centro-Oeste e a Amazônia. Essa divisão está pautada nas características
do território, sendo importante às relações de fluxos entre os espaços, e assim como os
espaços luminosos e opacos propostos por Milton Santos.

UNIDADE 3 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO II: REGIÕES GEOECONÔMICAS E OS QUATRO BRASIS 52


A globalização e os fluxos presentes nesse processo são extremamente importantes
para compreender essa segmentação do território nacional.
Então segundo Costa; Moreira e Nery (2012), cada região que constitui rugosidades
do espaço geográfico retarda os fluxos, na qual a instalação das infraestruturas e redes
informacionais realiza-se de modo descontínuo.
A região Concentrada é composta pelos estados do RS – SC – PR – SP – RJ –
MG – ES, e apresenta a maior densidade técnica e científica, assim como a maior concen-
tração populacional, urbanas, industriais e educacionais, além de apresentar uma densa e
diversificada rede de transporte e comunicação.
A região Nordeste é composta pelos estados de BA – SE – AL – PB – PE – RN
– CE – PI – MA, apresenta a ocupação e povoamento mais antigo do país, a estrutura agrí-
cola apresenta alguns pontos de modernização, porém nada muito denso e conectado, de
maneira geral, a agricultura é pouco mecanizada, com um quadro socioeconômico pouco
desenvolvido.
A região Centro-Oeste é formada pelos estados de MT – MS – GO – TO, a princi-
pal característica desta região é a agricultura moderna e bem desenvolvida, com produtos
(soja-milho) destinados à exportação.
E por fim, a região Amazônica, formada por AM – AP – AC – PA – RO – RR,
apresentando baixa ocupação demográfica, com exceção de Manaus e Belém, e com baixa
densidade técnica, sendo a última região a modernizar e amplificar sua produção mecânica
da economia
Diante dos fatos apresentados, percebemos uma grande diferença entre as
regiões, principalmente no que envolve os aspectos de ocupação e modernização deste
espaço. Essas diferenças são comuns em países subdesenvolvimentos no cenário global,
que apresentaram uma industrialização tardia e desigual por seu território, criando assim
núcleos muito distintos entre si.

UNIDADE 3 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO II: REGIÕES GEOECONÔMICAS E OS QUATRO BRASIS 53


'Guerra territorial': os municípios e Estados brasileiros que ainda disputam 'fronteiras'
Sarita Reed e Vinícius Fontana / 6 out 2020

Imagine trocar de endereço quatro vezes em dois anos. Porém, não se preocupe
em desmontar os móveis - a mudança ocorre sem que sequer seja preciso sair de casa.
É o que aconteceu com os 16 mil moradores do bairro Maria Joaquina, na região
dos Lagos, Rio de Janeiro. Desde 2018, quando uma lei estadual alterou a linha divisória,
transferindo o bairro de Cabo Frio para Armação dos Búzios, uma série de decisões na
justiça criou um verdadeiro pingue-pongue, com a região pertencendo ora a uma cidade,
ora à outra.
Uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, proferida em 28 de setembro,
considerou Maria Joaquina como território de Cabo Frio, porém cabe recurso.
Por trás do conflito, está o interesse na distribuição dos royalties de petróleo, impor-
tante fonte de receita para os dois municípios. Em 2019, Cabo Frio recebeu R$ 175 milhões
e Búzios, R$ 77 milhões.
O caso de Maria Joaquina não é isolado.
Se as fronteiras terrestres do Brasil são relativamente estáveis há quase um século,
o mesmo não se pode dizer dos limites internos do país. Disputas por territórios têm levado
Estados e municípios aos tribunais.

Fonte: REED, S. FONTANA, V. 'Guerra territorial': os municípios e Estados brasilei-


ros que ainda disputam 'fronteiras'. BBC BRASIL. 06 out 2020. Disponível em: https://www.
bbc.com/portuguese/brasil-54371117. Acesso em: 19 jul 2022.

UNIDADE 3 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO II: REGIÕES GEOECONÔMICAS E OS QUATRO BRASIS 54


Analise a charge abaixo:

Qual o problema por ela retratado? Será que esse problema só ocorre nas grandes
cidades?

UNIDADE 3 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO II: REGIÕES GEOECONÔMICAS E OS QUATRO BRASIS 55


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caros alunos chegamos ao final de mais uma unidade da nossa disciplina de
Geografia do Brasil, espero estar atingindo as expectativas de vocês. Vamos revisar o que
aprendemos nesta terceira unidade?
Pois bem, no primeiro tópico, conhecemos o geógrafo Pedro Pinchas Geiger que
trabalhou no IBGE, e no ano de 1967, propôs uma regionalização do Brasil baseada em
aspectos históricos, físicos, culturais e econômicos, resultando em quatro grandes regiões.
Já no segundo tópico desta unidade, conhecemos cada uma das regiões
geoeconômicas, bem como as suas características e os seus estados que a componham. Um
ponto importante desta proposta, é que essa regionalização não respeita as divisas estaduais.
Já no terceiro e último tópico da nossa apostila, verificamos uma breve biografia do
geógrafo Milton Santos, e como análise regional conhecemos a proposta dos quatro brasis,
baseada no meio técnico-científico-informacional.
Assim fechamos mais uma unidade de estudo. Até a próxima!

UNIDADE 3 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO II: REGIÕES GEOECONÔMICAS E OS QUATRO BRASIS 56


LEITURA COMPLEMENTAR
Caros estudantes, como leitura complementar, deixo para você um artigo que utilizei
para a elaboração da apostila. Neste texto os autores realizam uma análise mais profunda
sobre a proposta de regionalização de Milton Santos.
●Título: REPENSANDO A REGIONALIZAÇÃO BRASILEIRA A PARTIR DA
TEORIA DO MEIO TÉCNICO-CIENTÍFICO-INFORMACIONAL
●Link: https://revistas.ufg.br/espaco/article/view/17952/12885
●Data: jun 2012
●Autor: Wesley Borges Costa, Michelle Neris Moreira e Maria Gorecth e Silva Nery
Boa leitura!

UNIDADE 3 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO II: REGIÕES GEOECONÔMICAS E OS QUATRO BRASIS 57


MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: O Brasil: território e sociedade no início do século XXI.
Autor: Milton Santos e Maria Laura Silveira
Editora: Record
Sinopse: Ao mostrar o uso do espaço nacional como um todo
e, paralelamente, o de cada uma de suas regiões, associado
ao conceito de divisão territorial do trabalho e correlatos,
Milton Santos e Maria Laura Silveira revelam que o território
não é apenas um palco, mas, sobretudo, um ator na dinâmica
social. Aspectos e relações importantes são criteriosamente
selecionados para caracterizar nossa formação socioespacial.
A noção de “uso do território” é o alicerce da abordagem. Os
sistemas técnicos ― objetos e formas de fazer ― permitem
explicar como, onde, por quem, por que e para que esse
território é usado. A delimitação de períodos e a reconstrução
dos contextos levam ao reconhecimento das heranças e, ao
mesmo tempo, das intencionalidades. Cada região acolhe
certas modernizações e certos atores dinâmicos, cristalizando
usos antigos e gestando novas racionalidades.
A análise que os autores propõem, contudo, leva em conta os
fatos emergentes do início do século XXI e os novos traços da
economia, da sociedade e da política. Estes aparecem aqui por
meio da redefinição das relações entre a terra e o povo, mais do
que nunca inseridos em circuitos internacionais. Surge, assim,
um retrato ainda atual do país, com potencial para iluminar a
busca por caminhos futuros.

FILME/VÍDEO
Título: Entrevista com Pedro Pinchas Geiger [2006]
Ano: 2006
Sinopse: Depoimento realizado no contexto do Projeto de
História Oral. Integra o Sistema de Preservação e Disseminação
da Memória Institucional e tem por objetivo reconstituir o pro-
cesso de formação e evolução do IBGE.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=ocE_4hzGcl-
g&t=0s

UNIDADE 3 FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO II: REGIÕES GEOECONÔMICAS E OS QUATRO BRASIS 58


REGIONALIZAÇÃO PROPOSTA

• Compreender e diferenciar as regiões brasileiras


regionalizações
• Histórico da regionalização brasileira proposta pelo IBGE;
Professora Mestra Maria Carolina Beckauser

propostas pelo IBGE ao longo da história;


Objetivos da Aprendizagem
• As cinco regiões brasileiras propostas pelo IBGE.
PELO IBGE

• A proposta de regionalização brasileira atual;

diferentes

propostas pelo IBGE


as
Conhecer
Plano de Estudos
UNIDADE


4
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INTRODUÇÃO

Caros alunos, chegamos a última etapa da nossa disciplina de Geografia do Brasil.


Nesta unidade quatro, intitulada de Regionalização proposta pelo IBGE, vamos sintetizar
parte dos conteúdos vistos até agora.
No primeiro tópico desta unidade, denominado histórico da regionalização brasileira
proposta pelo IBGE, vamos entender o processo de criação do IBGE, bem como as
propostas de regionalização de 1940 – 1945 – 1960 – 1970.
Por seguinte, no tópico dois, intitulado a proposta de regionalização brasileira atual,
vamos conhecer a última alteração na proposta de divisão territorial do Brasil, realizada
após 1988, resultando no mapa de 2010.
E, por fim, no tópico três, vamos conhecer as principais características das cinco regiões
propostas pelo IBGE, sendo elas então: Norte, Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste e Sul.
Bons Estudos.

UNIDADE 4 REGIONALIZAÇÃO PROPOSTA PELO IBGE 60


4
HISTÓRICO DA REGIONALIZAÇÃO
BRASILEIRA PROPOSTA
PELO IBGE

Antes de nos atentarmos à regionalização atual proposta pelo IBGE (Instituto


Brasileiro de Geografia e Estatística), vamos compreender a origem desse órgão e suas
atividades desenvolvidas. Algumas das informações aqui apresentadas foram resgatadas
do próprio site do IBGE.
Pois bem, ainda no governo imperial, já se sentia a necessidade de conhecer o
território brasileiro e seus ocupantes, ou seja, a sua população. Diante desta necessidade,
no ano de 1871, é criada uma Diretoria Geral de Estatística, responsável por realizar levan-
tamentos de registros civis no território brasileiro (IBGE, 2022).
O IBGE só foi criado em 1936, durante o governo de Getúlio Vargas, cuja a sua
missão é identificar e analisar o território, contar a população, mostrar como a economia
evolui através do trabalho e da produção das pessoas, revelando ainda como elas vivem
(IBGE, 2022).
Logo em seguida da década de 1940, começam a surgir propostas de regionaliza-
ção do território brasileiro para auxiliar no planejamento. A figura 01 mostra então, a primeira
elaboração de um mapa regional do Brasil, divulgada no ano 1941, com cinco regiões
Conforme podemos observar (figura 1) a região sul é composta de cinco estados,
sendo eles: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro; já a
região Centro era composta por Mato Grosso, Minas Gerais e Goiás; na região Este havia

UNIDADE 4 REGIONALIZAÇÃO PROPOSTA PELO IBGE 61


Bahia, Sergipe e Espírito Santo; a região Nordeste com Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio
Grande do Norte e Ceará; e por fim a região Norte, onde estavam os estados do Amazonas,
Pará, Maranhão, Piauí e o território do Acre.
FIGURA 1: MAPA DAS REGIÕES BRASILEIRAS EM 1940

Fonte. IBGE (2017). Disponível em:


https://censos.ibge.gov.br/2012-agencia-de-noticias/noticias/19383-dividir-para-conhecer-as-diversas-divi-
soes-regionais-do-brasil.html. Acesso em: 20 jul. 2022.

Essa divisão região proposta em 1941 foi elaborada por Fábio Macedo Soares Gui-
marães, que via uma necessidade de fragmentar o país em regiões maiores para facilitar o
planejamento deste espaço.
Em seguida, houve algumas modificações no território brasileiro, o arquipélago
de Fernando de Noronha foi considerado um território pertencente a região Nordeste, na
região Norte surgiram os territórios de Guaporé, Rio Branco e Amapá, na região Sul o
território do Iguaçu e na região Centro-Oeste o território de Ponta Porã. Assim então ficou
a regionalização de 1945, conforme apresenta a figura 2.
Conforme figura 2, o mapa do Brasil agora irá apresentar sete regiões, sendo elas:
Norte com os estados do Amazonas e Pará e os territórios do Guaporé, Acre, Rio Branco
e Amapá; a região Nordeste Ocidental com os estados do Maranhão e Piauí; a região do
Nordeste Oriental com os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e
Alagoas e o território de Fernando de Noronha; a região Leste Setentrional com os estados
da Bahia, Sergipe e Espírito Santo; a região Leste Meridional com Minas Gerais e Rio de
Janeiro; a região do Centro-Oeste com os estados do Mato Grosso e Goiaz e o território de
Ponta Porã; e por fim a região sul com os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina,
Paraná, São Paulo e o território do Iguaçu.

UNIDADE 4 REGIONALIZAÇÃO PROPOSTA PELO IBGE 62


FIGURA 2: MAPA DAS REGIÕES BRASILEIRAS 1945

Fonte: IBGE (2017). Disponível em:


https://censos.ibge.gov.br/2012-agencia-de-noticias/noticias/19383-dividir-para-conhecer-as-diversas-divi-
soes-regionais-do-brasil.html. Acesso em: 20 jul. 2022.

Na década de 1960, surge uma regionalização do Brasil mais voltada ao planejamento


urbano, devido a política desenvolvimentista do governo de JK. Essa nova regionalização
levou em consideração além das características naturais evidenciadas acima, considerou
também os aspectos demográficos, socioeconômicos e as divisas estaduais.
De acordo com Boscariol:

Buscou-se nessa delimitação agregar os estados brasileiros de acordo


com as semelhanças históricas, sociais, econômicas e naturais que
apresentavam, respeitando seus limites político-administrativos. Com
base nestas divisões, os governos na época criaram as superintendências
de desenvolvimento regional (Superintendência do Desenvolvimento do
Nordeste – Sudene; Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia –
Sudam; Superintendêcia do Desenvolvimento do Centro-Oeste – Sudeco;
e Superintendência do Desenvolvimento da Região Sul – Sudesul).

(BOSCARIOL, 2017, p. 189).

Sendo assim, essa regionalização proposta em 1960 visava de fato um planeja-


mento administrativo bem mais efetivo. Nela, o Brasil volta a ter cinco regiões. E a nova
capital Brasília no interior do país, se torna um marco evidente desta proposta, conforme
apresentado na figura 3.

UNIDADE 4 REGIONALIZAÇÃO PROPOSTA PELO IBGE 63


FIGURA 3: MAPA DAS REGIÕES BRASILEIRAS 1960

Fonte: IBGE (2017). Disponível em:


https://censos.ibge.gov.br/2012-agencia-de-noticias/noticias/19383-dividir-para-conhecer-as-diversas-divi-
soes-regionais-do-brasil.html. Acesso em: 20 jul. 2022.

De acordo com a figura 3, a região Norte é composta pelos estados do Acre, Amazo-
nas e Pará e os territórios de Rondônia, Roraima e Amapá; já a região Nordeste, composta
pelos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,
Alagoas, e o território de Fernando de Noronha; a região Leste é formada por Bahia, Rio de
Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais; a região Centro-Oeste por Mato Grosso e Goiaz; e
a região sul por São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A última regionalização que será abordada neste tópico é a proposta de 1970,
conforme apresenta a figura 4.
FIGURA 4: MAPA DAS REGIÕES BRASILEIRAS 1970

Fonte. IBGE (2017). Disponível em:


https://censos.ibge.gov.br/2012-agencia-de-noticias/noticias/19383-dividir-para-conhecer-as-diversas-divisoes-regionais-
-do-brasil.html. Acesso em: 20 jul. 2022.

UNIDADE 4 REGIONALIZAÇÃO PROPOSTA PELO IBGE 64


As mudanças presentes nesta regionalização consistem: na região Norte o terri-
tório do Acre se torna um estado; Bahia e Sergipe que pertenciam a então extinta região
Leste, passam a fazer parte da região Nordeste; São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro
e Espírito Santo passam a compor a região Sudeste; e a região Sul, conta somente com o
Paraná, Santa Catarina e o Rio Grande do Sul (figura 4).
No próximo tópico, vamos conhecer a atual regionalização do Brasil proposta pelo
IBGE.

UNIDADE 4 REGIONALIZAÇÃO PROPOSTA PELO IBGE 65


2
A PROPOSTA DE
REGIONALIZAÇÃO
BRASILEIRA ATUAL

No tópico anterior desta unidade, você pode conhecer um pouco sobre a evolução
das formas de regionalização do território brasileiro, e quais foram as principais mudanças
ao longo da história. Agora, iremos nos pautar na oficial regionalização do Brasil.
Após 1970, o território brasileiro passou por algumas mudanças, dentre elas
podemos destacar a fragmentação do estado do Mato Grosso, originando o estado do Mato
Grosso do Sul em 1979, assim como ocorreu também com o estado de Goiás em 1988 que
foi fragmentado originando o Tocantins, que passou a fazer parte da região Norte.
Ainda em 1988, com a chegada da Constituição Federal, os territórios de Rondônia,
Roraima e Amapá foram existindo e originaram os estados. Já o território de Fernando de
Noronha foi incorporado ao estado de Pernambuco. A figura 5, apresenta essa regionaliza-
ção oficial atualizada em 2010.

UNIDADE 4 REGIONALIZAÇÃO PROPOSTA PELO IBGE 66


FIGURA 5: MAPA DAS REGIÕES BRASILEIRAS 2010

Fonte: IBGE (2017). Disponível em:


https://censos.ibge.gov.br/2012-agencia-de-noticias/noticias/19383-dividir-para-conhecer-as-diversas-divi-
soes-regionais-do-brasil.html. Acesso em: 20 jul. 2022.

Conforme apresentado na figura 5, podemos perceber que o Brasil está fragmen-


tado em 27 unidades de federação (26 estados + o Distrito Federal) e organizado em cinco
regiões, sendo elas: Norte (AM-AP-AC-PA-RR-RO-TO), Nordeste (BA-SE-AL-PB-PE-RN-
-CE-PI-MA), Centro-Oeste (MT-MS-GO-DF), Sudeste (SP-RJ-ES-MG) e Sul (PR-SC-RS).
Para essa proposta de regionalização foram considerados os fatores físicos, humanos,
econômicos e culturais, sempre respeitando as divisas estaduais.

UNIDADE 4 REGIONALIZAÇÃO PROPOSTA PELO IBGE 67


3
AS CINCO REGIÕES
BRASILEIRAS PROPOSTAS
PELO IBGE

Após conhecermos o processo histórico de regionalização do Brasil, até chegar a


versão oficial atualizada em 2010, agora vamos conhecer um pouquinho sobre cada região,
juntamente com os seus estados. Para então compreendermos melhor as semelhanças
que contribuíram para agrupamentos e/ou separação dos estados.
Antes de iniciarmos vamos fazer a leitura de um trecho dito por Adma Hamam de
Figueredo à Revista do IBGE de 2017

O Norte é visivelmente o bioma amazônico, de domínio florestal. O Nordeste


é o semiárido. O Sudeste tem o peso econômico. O Centro-Oeste é a fron-
teira agropecuária. O Sul tem o Pampa, mas sua densidade está relacionada
à posição geográfica de fronteira e aos imigrantes europeus. Cada quadro
natural força um povoamento e uma cultura diferente (REVISTA DO IBGE,

2017, p. 11).

Para compreendermos melhor essa fala, vamos estudar separadamente cada região.

3.1 Norte
É composta por sete estados, sendo eles: o Amazonas, Acre, Amapá, Pará, Tocan-
tins, Rondônia e Roraima, e suas respectivas capitais são: Manaus, Rio Branco, Macapá,
Belém, Palmas, Porto Velho e Boa Vista.
Essa região apresenta a maior área, porém a menor concentração populacional.
Predominam-se na região Norte grandes grupos de população tradicional, como por
exemplo, os indígenas, os castanheiros, os pescadores, os ribeirinhos, os quilombolas e os
seringueiros. Tais povos vivem do extrativismo da floresta, seu modo de vida, sua cultura e
sua sobrevivência são garantidos com a preservação natural do ambiente.

UNIDADE 4 REGIONALIZAÇÃO PROPOSTA PELO IBGE 68


Sendo assim, a região é basicamente coberta pela Floresta Amazônica, com grande
biodiversidade, além de contar com uma densa rede hidrográfica, em clima quente e úmido,
denominado Equatorial.
Por muito tempo, seja por ingenuidade ou por realmente ambição, a região era
considerada atrasada economicamente, e a floresta era considerada um grande obstáculo
para o desenvolvimento da região. A partir dessas ideias, iniciou-se um grande processo
de ocupação dos solos da região, incentivados pelo governo. Tal iniciativa aumentou o
desmatamento e a alteração desse espaço.
Atualmente, a região encontra-se ameaçada pelo avanço da fronteira agrícola, que
segue no sentido sul-sudeste-leste para o norte-oeste da região. Colocando em risco não
só a floresta e sua biodiversidade, mas a vida e a cultura dos povos tradicionais.

3.2 Nordeste
Composta por 9 estados, sendo eles: Bahia, cuja capital é Salvador, Sergipe com a
capital Aracaju, Alagoas de capital Maceió, Paraíba com a capital João Pessoa, Pernambuco
de capital Recife, Rio Grande do Norte com capital Natal, Ceará de capital Fortaleza, Piauí
com a capital Teresina e Maranhão com a capital São Luiz.
Essa foi a primeira região ocupada pelos colonizadores, e teve parte de seu
desenvolvimento associado à cana de açúcar e à pecuária do gado. Outro ponto relevante
no contexto social, refere-se à qualidade de vida da população ocupante dessa região, que
apresenta indicadores socioeconômicos mais baixos.
Mesmo diante deste fato, é comum as pessoas generalizarem que o Nordeste é
somente seca, e esse fator é determinante no processo de desenvolvimento da região.
Mas não é bem isso, a região do litoral apresenta solos férteis, clima tropical úmido
e uma economia baseada no turismo, nessa área também estão localizadas a maioria das
capitais nordestinas. Já em sentido interior, temos uma zona de transição denominada
agreste, nessa área temos um clima menos úmido que o litoral, assim também como um
solo menos fértil, mas a economia deste local é baseada na agricultura familiar de pequenas
e médias propriedades que abastecem feiras e mercados na zona da mata.
E é claro que o sertão ocupa a maior parte do Nordeste, onde predominam-se clima
semiárido, vegetação de caatinga e solos rasos e pedregosos. Tais características naturais,
associadas ao processo de concentração fundiária pautado no coronelismo na região,
dificultam o desenvolvimento da economia de maneira mais justa e igualitária, contribuindo
para a formação de bolsões de pobreza na região.

UNIDADE 4 REGIONALIZAÇÃO PROPOSTA PELO IBGE 69


Mais em direção ao interior, temos uma área denominada Mata de Cocais, onde
ocorre a transição da Caatinga e da Floresta Amazônica, e a economia da região é baseada
no extrativismo vegetal.
Diante de tamanha diversidade, não podemos mais generalizar que o Nordeste é
só seca, e que a pobreza e a qualidade de vida mais baixa da região, estão associadas
exclusivamente aos aspectos naturais.
A dificuldade de desenvolvimento da região se deve sim em partes aos aspectos
naturais, mas também está associado ao processo de concentração de terras na região, ao
esquecimento do poder público em relação ao Nordeste, que focou mais em desenvolver
outras regiões, e usou os nordestinos apenas como uma mão de obra braçal.
O cenário foi sendo modificado pela interferência da SUDENE (Superintendência de
Desenvolvimento do Nordeste) em 1959, cujo objetivo era acabar com a seca, desemprego
e êxodo rural. Também na década de 1990 parte dos investimentos governamentais são
direcionados à região, focando em criar universidades públicas para formar mão de obra
qualificada, além de melhorar a infraestrutura para atrair indústrias para a região e melhorar
a qualidade de vida local. Outro projeto que contribuiu para o desenvolvimento econômico da
região, refere-se ao processo de implantação de frutas irrigadas no vale do São Francisco.

3.3 Centro-Oeste
Formada pelos estados do Mato Grosso (Cuiabá), Mato Grosso do Sul (Campo
Grande) e Goiás (Goiânia), além do Distrito Federal, onde está a capital do país, Brasília.
Uma região de clima tropical com duas estações bem definidas, coberta por vegeta-
ção do Cerrado sob um solo ácido em relevo de chapadas. Tais características contribuíram
para que durante muito tempo a região ficasse ignorada/esquecida.
Na década de 1960, começa a ocorrer processo de ocupação no interior do país,
incentivado pelo Governo Federal. Parte deste incentivo acontece com a construção da
capital federal, Brasília, o que atraiu um grande contingente populacional para a região.
Outro incentivo se deu nos processos de aquisição e ocupação de lotes de terras
na região. Vários imigrantes sulinos chegaram na área, para desenvolver o agronegócio,
em busca de terras baratas, venderam suas propriedades no Sul e mudaram-se para o
Centro-Oeste.
Todos esses fatores contribuem para que essa seja a região como maior população
do país.

UNIDADE 4 REGIONALIZAÇÃO PROPOSTA PELO IBGE 70


3.4 Sudeste
Formada pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas
Gerais, cujas capitais são: São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória e Belo Horizonte.
A cafeicultura desenvolvida no final do século XIX e início do século XX, influenciou
fortemente a região. Pois criou uma elite urbana, melhorou a infraestrutura do local, e
concentrou investimentos.
Com a crise do café de 1929, a cultura foi sendo substituída pela industrialização,
motivada pelo governo de Vargas. Essa indústria ficou concentrada na região Sudeste,
devido a herança do café.
Atualmente a região apresenta grandes concentrações urbanas, como São Paulo,
Rio de Janeiro e Belo Horizonte, que juntas somam mais de 37 milhões de habitantes.
Essa região então apresenta a maior concentração populacional, urbana, industrial
e tecnológica, além de apresentar uma agricultura moderna mais no interior. Mesmo diante
de tanto desenvolvimento não isenta de problemas sociais e ambientais, principalmente
nos grandes centros urbanos.

3.5 Sul
Composta por Paraná (Curitiba), Santa Catarina (Florianópolis) e Rio Grande do
Sul (Porto Alegre). Apresenta clima subtropical, e vegetação de araucária, mata atlântica e
campos.
No final do século XIX e início do século XX, a região sofreu uma forte ocupação
europeia, incentivado pelo governo federal, que foi motivado por políticas racistas que
visava o branqueamento populacional do Brasil.
Essa imigração europeia, diferencia a região Sul do restante do país, pois apresenta
uma estrutura fundiária melhor distribuída em pequenas e médias propriedades com uma
diversidade agrícola maior, porém existem algumas grandes propriedades.
A região apresenta um desenvolvimento industrial significativo no país, o Paraná
se destaca no setor automobilístico, Santa Catarina no setor têxtil e de calçados e o Rio
Grande do Sul a agroindústria.

UNIDADE 4 REGIONALIZAÇÃO PROPOSTA PELO IBGE 71


HISTÓRIA DE UMA CASA
Eduardo Peret (2019)
Daniele Miranda está casada com Paulo José da Silva há nove anos, mas a história
da casa onde os dois moram com os quatro filhos remonta ao nascimento do Jardim Batan,
no fim dos anos 1950, em Realengo, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Cada elemento da
residência, desde a laje – que substituiu o telhado de cumeeira há quase uma década – até
o projeto de construção de um segundo andar, contribui para enriquecer essa história, que
também é contada pelo IBGE através de suas pesquisas domiciliares.
De porta em porta, as pesquisas domiciliares do IBGE, como a Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), a Pesquisa de Orçamentos Familia-
res (POF), a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) e o Censo Demográfico, fazem um retrato
da população brasileira, não só a partir das informações sobre os moradores, mas também
através das características dos próprios domicílios.
A primeira característica que se percebe do imóvel de Daniele é o fato de ser uma
casa. Esse é o tipo de moradia mais popular no país, resistindo aos projetos de verticalização
das cidades. De acordo com os dados da Pnad Contínua, suplemento Domicílios e Mora-
dores, em 2018, 183,3 milhões de pessoas residiam em casas. Enquanto os apartamentos
representavam 13,8% dos 71 milhões de lares no Brasil, as casas correspondiam a 86%.
Havia ainda outros como casa de cômodos, cortiço ou cabeça de porco, que somavam 0,2%.

Fonte: PERET, E. História de uma casa. Revista do IBGE, 2019. Vol. 04 p. 8-16. Disponível em:
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/2929/rri_2019_n18_out.pdf. Acesso em: 19 jul 2022.

UNIDADE 4 REGIONALIZAÇÃO PROPOSTA PELO IBGE 72


Observe a imagem abaixo, que é um recorte de uma reportagem e reflita.

Fonte: Revista do IBGE (2019, p. 24).

Os jovens que não estudam e nem trabalham são chamados de nem-nem. Reflita
sobre os motivos/causas que provocam essa onda nos jovens. Os dados apresentados na
figura são de 2018. Caso queira se inteirar um pouco mais sobre o assunto clique no link:
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/2929/rri_2019_n18_out.pdf.

UNIDADE 4 REGIONALIZAÇÃO PROPOSTA PELO IBGE 73


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caros alunos chegamos ao final da última unidade da nossa disciplina de Geografia
do Brasil. Nessa última etapa, focamos principalmente nas contribuições realizadas pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Vamos retomar o que vimos ao longo
desta unidade.
Na primeira parte, conhecemos um pouco mais sobre o IBGE e suas propostas
de regionalização ao longo da história, tais propostas foram sendo modificadas conforme
ocorriam alterações nas fronteiras e divisas do território brasileiro. Resultando assim na
análise de quatro momentos, sendo eles: 1940 – 1945 – 1960 -1970.
Já na segunda parte, focamos em entender a última alteração da regionalização do
Brasil, bem como as modificações realizadas após a Constituição Federal de 1988, sendo
então a regionalização oficial do país efetivada em 2010. Essa proposta oficial consiste no
agrupamento das 27 unidades de federação, em cinco regiões.
E por fim, na última parte, conhecemos um pouco de cada uma das regiões brasi-
leiras, sendo elas: Norte, Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste e Sul.
Para complementar seus estudos faça a leitura dos elementos complementares,
pois isso irá enriquecer ainda mais seu processo de ensino aprendizagem.

UNIDADE 4 REGIONALIZAÇÃO PROPOSTA PELO IBGE 74


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: O estado e as políticas territoriais no Brasil
Autor: Wanderley Messias Da Costa
Editora: Contexto
Sinopse: Esta obra examina a política pública para as estruturas
territoriais do país. Estuda a geopolítica portuguesa no Brasil,
estratégias de ocupação e domínio adotadas e o quadro
territorial e político no contexto da Independência, examinando
desde as revoltas.

FILME/VÍDEO
Título: Xingu
Ano: 2011
Sinopse: Em 1943, os irmãos Orlando, Cláudio e Leonardo Villas-
Bôas deixaram o conforto de São Paulo para trás e se filiaram
à Expedição Roncador-Xingu, ponta de lança do ambicioso
processo de interiorização do Brasil do governo de Getúlio
Vargas. No meio do caminho, conheceram a cultura indígena, e
fizeram de sua defesa a missão de suas vidas.
Link do vídeo:
Parte 1: https://www.youtube.com/watch?v=TCJeDZ2QPnk
Parte 2: https://www.youtube.com/watch?v=fGkqjvKcdDA

UNIDADE 4 REGIONALIZAÇÃO PROPOSTA PELO IBGE 75


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGÊNCIA BRASIL. Produção do setor mineral cresce 7% em 2021 e faturamento au-
menta 62%. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2022-02/
producao-do-setor-mineral-cresce-7-em-2021-e-faturamento-aumenta-62#:~:text=A%20
produ%C3%A7%C3%A3o%20total%20do%20setor,bilh%C3%B5es%20registrados%20
no%20ano%20anterior. Acesso em: 07 de maio de 2022.

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do Brasil. N° de folhas 37, Monografia. Geografia. UFRJ. Rio de Janeiro, 2016.

ALVES, Camila G., PINTO, Henrique G. A Trajetória Intelectual de Pedro Pinchas Geiger
Segundo suas Obras na Revista Brasileira de Geografia. III Encontro Nacional de História
do Pensamento Geográfico I Encontro Nacional de Geografia Histórica, 2012, Rio de Ja-
neiro. História da Geografia no Brasil, 2012.

BOSCARIOL, Renan Amabile. Região e regionalização no Brasil: uma análise segundo os


resultados do Índice De Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). Repertório do Co-
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CONAB. Acomp. safra brasileira de cana-de-açúcar, v. 9 – Safra 2022-23, n.1 - Primeiro


levantamento, Brasília, p. 1-57, Abril 2022.

CONAB. Produção de café deve atingir 55,7 milhões de sacas na safra de 2022. Dispo-
nível em: https://www.conab.gov.br/ultimas-noticias/4473-producao-de-cafe-deve-atingir-
-55-7-milhoes-de-sacas-na-safra-de-2022 Acesso em: 07 de maio de 2022.

COSTA, W. B.; MOREIRA, M. N.; NERY, M. G. S. Repensando a regionalização brasileira


a partir da teoria do meio técnico-científico-informacional. Espaço em Revista. vol. 14 nº 2
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MONGELLI, MÔNICA DE MEDEIROS. Perfil de Aziz Ab Saber: Geografia da vida brasilei-


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MUNIZ, C. O Mapa das Cortes e a Malandragem Portuguesa, 2021. Disponível em: ht-
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77
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ZEMELLA, M. P. Os ciclos do Pau Brasil e do açúcar. Revista de História da USP. 1950.

78
CONCLUSÃO GERAL
Caros alunos chegamos ao final da nossa disciplina de Geografia do Brasil. Espero
ter contribuído de alguma maneira para a construção do seu saber geográfico. Essa disciplina
é substancial para a sua formação, enquanto professor de Geografia, tentei desenvolvê-
la da forma mais didática possível. Vamos revisar o que foi visto no desenvolvimento da
disciplina?
Pois bem, na primeira unidade dessa disciplina, intitulada Formação Territorial do
Brasil, conhecemos alguns acontecimentos históricos que foram extremamente significativos
para a formação do espaço geográfico brasileiro. Essa unidade foi segmentada em três
etapas, inicialmente conhecemos a posição geográfica do Brasil, no mundo e na América
do Sul, posteriormente conhecemos as fronteiras do nosso território e por fim vimos as
contribuições dos ciclos econômicos na formação territorial do nosso país.
Na segunda unidade, Formas de Regionalização I: Domínios Morfoclimáticos,
conhecemos o autor desse estudo, o geógrafo Aziz Ab’Saber, entendemos a sua metodologia
para regionalizar o país, e por fim conhecemos um pouco sobre cada um dos domínios,
sendo eles: Amazônico, Caatinga, Cerrado, Mares de Morros, Araucárias, Pradarias e
Faixas de Transição.
Já na terceira unidade, Formas de Regionalização II: Regiões geoeconômicas e os
Quatro Brasis, conhecemos mais dois geógrafos, Pedro Pinchas Geiger e Milton Santos,
compreendemos as suas respectivas metodologias de regionalização, bem como as
características de cada uma das regiões.
E por fim na última unidade desta disciplina, Regionalização proposta pelo IBGE,
nesta etapa podemos compreender a criação do IBGE bem como as suas primeiras
propostas de divisão regional do país, por fim conhecemos um pouco de cada uma das
atuais regiões brasileiras.
Assim, finalizamos a nossa disciplina de Geografia do Brasil, espero que tenha sido
bem aproveitada por vocês, e lhe desejo sucesso nas próximas etapas da sua formação
geográfica.
Abraços!

79
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