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POLÍTICAS PÚBLICAS DA

EDUCAÇÃO BÁSICA
Professora Mestra Mylena Mikaellen Beraldo
REITOR Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
DIRETOR DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Ms. Daniel de Lima
DIRETORA DE ENSINO EAD Prof. Dra. Giani Andrea Linde Colauto
DIRETOR FINANCEIRO EAD Prof. Eduardo Luiz Campano Santini
DIRETOR ADMINISTRATIVO Guilherme Esquivel
SECRETÁRIO ACADÊMICO Tiago Pereira da Silva
COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Prof. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Prof. Ms. Luciana Moraes
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Ms. Jeferson de Souza Sá
COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE GESTÃO E CIÊNCIAS SOCIAIS Prof. Dra. Ariane Maria Machado de Oliveira
COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE T.I E ENGENHARIAS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento
COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE SAÚDE E LICENCIATURAS Prof. Dra. Katiúscia Kelli Montanari Coelho
COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS Luiz Fernando Freitas
REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Caroline da Silva Marques
Eduardo Alves de Oliveira
Jéssica Eugênio Azevedo
Marcelino Fernando Rodrigues Santos
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Hugo Batalhoti Morangueira
Bruna de Lima Ramos
Vitor Amaral Poltronieri
ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO André Oliveira Vaz
DE VÍDEO Carlos Firmino de Oliveira
Carlos Henrique Moraes dos Anjos
Kauê Berto
Pedro Vinícius de Lima Machado
Thassiane da Silva Jacinto

FICHA CATALOGRÁFICA

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

B482p Beraldo, Mylena Mikaellen

Políticas públicas da educação básica / Mylena Mikaellen


Beraldo. Paranavaí: EduFatecie, 2023.
93 p. : il. Color.

1. Educação básica - Brasil. 2. Educação e Estado. 3. Política


pública. I. Centro Universitário Unifatecie. II. Núcleo de
Educação a Distância. III. Título.

CDD: 23. ed. 379.81


Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577

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de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
AUTORA
Professora Mestra Mylena Mikaellen Beraldo

Possuo graduação em Pedagogia (UNESPAR-2019). Sou mestre em Edu-


cação e Formação Docente (UNESPAR - 2022) e tenho especialização em Di-
dática e Metodologia do Ensino Básico e Superior (UNIFATECIE - 2022).
Atualmente sou orientadora de trabalho de conclusão de cur-
so (TCC) da graduação de Pedagogia da Instituição de Ensino Supe-
rior UniFatecie e professora dos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Pesquisadora no Grupo de Estudos e Pesquisas em Estado, História, Políticas e
Educação. Cadastrada no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq (GEPEHPE/UNES-
PAR/CNPQ). Esse projeto está vinculado ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Estado,
História, Políticas e Educação (GEPEHPE) e propõe investigar as questões históricas que
envolvem as políticas educacionais atuais, mais especificamente aquelas voltadas para a
educação pré-escolar e fundamental. O objetivo geral da proposta é estudar a educação da
criança a partir da BNCC, relacionando-a com as transformações históricas ocorridas no
atual processo de produção e de reprodução material e intelectual da vida humana.

CURRÍCULO LATTES http://lattes.cnpq.br/1015592934947784

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APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Caros alunos e alunas!

Sejam bem-vindos à disciplina de Políticas Públicas da Educação Básica! Escre-


vemos esse material pensando em motivá-los a compreender o movimento educacional
que o nosso país percorreu, visto que sempre esteve pautado por relações políticas. Além
disso, o estudo dessa disciplina tem o objetivo de possibilitar conhecimentos que permitam
a compreensão, a análise e a interpretação das políticas públicas, identificando como se
organiza a legislação da educação básica, a partir da reflexão crítica, no contexto histórico
da sociedade brasileira.
Na unidade I começaremos a nossa jornada identificando as concepções e os prin-
cípios que embasam os conceitos de Política e Estado. Essa noção é necessária para que
possamos promover a formação de um cidadão crítico, apto para viver ativamente na so-
ciedade onde está inserido.
Na unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre a concepção dos as-
pectos legais da Educação Básica no Brasil. Para isso, vamos detalhar como ocorreu o
Manifesto dos Pioneiros da Educação no Brasil; identificar qual a função social da escola;
realizar um breve histórico das Leis de Diretrizes e Bases da Educação – Lei n. 4024/1961;
Lei n. 5692/71; e ressaltar as atribuições da Constituição Federativa do Brasil de 1988 para
a educação.
Depois, na unidade III vamos tratar especificamente da nova Lei de Diretrizes e Ba-
ses da Educação Nacional n. 9394/96 e os avanços que ela dispõe sobre o direito à edu-
cação. Em seguida, ainda nesta unidade, voltaremos o nosso olhar para a compreensão
do financiamento da educação brasileira, abrangendo: salário educação, Fundeb e FNDE.
Na unidade IV vamos entender o papel dos profissionais da Educação Básica, dan-
do ênfase nos planos de cargos e carreira, aspectos da formação inicial e continuada. Para
compreender esse processo formativo evidenciaremos as políticas públicas de educação
contemporânea brasileira, pautada pelo documento norteador da Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) e Avaliação da Educação Básica: SAEB.
Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer essa jornada
de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em nos-
so material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional.

Muito obrigado e bom estudo!

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SUMÁRIO

UNIDADE 1
Concepções e Princípios: Conceitos e
Definições de Política e Estado

UNIDADE 2
Aspectos Legais da Educação Básica no Brasil

UNIDADE 3
Financiamento da Educação Brasileira:
Salário Educação, Fundeb e Fnde

UNIDADE 4
A Função Social da Escola: A Educação e a
Formação dos Profissionais da Educação

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Professora Mestra Mylena Mikaellen Beraldo
POLÍTICA E ESTADO

• Compreensão contextual: teoria e conceito sobre política.


DEFINIÇÕES DE
E PRINCÍPIOS:
CONCEPÇÕES

CONCEITOS E

• Formação do cidadão para viver em sociedade.

● Compreender como ocorre a formação do cidadão;


Objetivos da Aprendizagem
UNIDADE

● Conceituar e contextualizar a política;

● Estabelecer a função do Estado.


• Diferentes tipos de política.
Plano de Estudos

• Função do Estado.
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INTRODUÇÃO
Nesta unidade seremos apresentados a diversos conceitos chaves para o
desenvolvimento de projetos de instalações elétricas.
Iniciaremos nossos estudos sendo apresentados aos conceitos base para o
desenvolvimento de um projeto de instalações elétricas. Passando sobre como iniciar um
projeto, normas base, e uma lista de tópicos aos quais você deve estar ciente de que deve
verificar durante a execução do seu projeto.
Após isso, compreenderemos os critérios de fornecimento de energia elétrica,
seja em tensão secundária, ou primária, conheceremos também o cálculo de demanda e
finalizaremos a unidade entendendo sobre tarifação de energia elétrica.

UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO 7


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TÓPICO
COMPREENSÃO CONTEXTUAL:
TEORIA E CONCEITO SOBRE
POLÍTICA

Você já parou para pensar na importância de compreender política? Já se perguntou


o que é política? Já parou para refletir o quanto ela está presente em nossas vidas?
Essas são questões que muitas vezes estão no nosso dia a dia, mas nos
fechamos de forma que não buscamos nos aprofundarmos, deixando muitas vezes
as nossas inquietações de lado, passando a viver em uma realidade da qual não
entendemos o seu movimento dialético, ou seja, onde “[...] a realidade concreta é
uma unidade contraditória e, movida por essa contradição, transforma-se em um
permanente processo histórico de evolução e revolução” (BERALDO, 2022, p. 22).
Essa realidade contraditória exposta pelo movimento dialético reflete os
movimentos da sociedade capitalista, onde defende uma falsa consciência social
aos cidadãos que só é combatida a partir da consciência de classe adquirida por eles.
Dessa forma, compreender o movimento dialético da nossa sociedade
visa identificar sua formação por meio de um caráter político, que vai desde
a compreensão do seu trabalho material até a aquisição da sua consciência.
Estudar Política torna-se então necessário, pois é por meio de sua
compreensão que o indivíduo entende que é parte de uma sociedade, onde entra
em contato com um primeiro grupo social, inicialmente é a família e em seguida é
encaminhado para dentro de outras instituições sociais, como a escola e a igreja.
Todos os espaços sociais pelo qual o indivíduo percorrerá ao longo
da sua vida tende a revelar algumas características particulares, no entanto,
apresenta algo em comum, que são as regras, elas irão impor sobre essa pessoa
os seus direitos e deveres. Por essa razão é que podemos dizer que a política
está presente em todos os lugares e é fundamental para a compreensão social.
Molina (2004, p. 10) defende que a política é um “[...] conjunto dos mecanismos
reguladores da totalidade social. Dessa forma, todas as sociedades são políticas e
a política está sempre ligada ao modo de produção de cada sociedade.”. Assim, o

UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO 8


autor ainda coloca que quanto mais complexa essa sociedade se tornar, em seus
aspectos trabalhistas e sociais, maior será a complexidade política desse grupo.
Ainda nesse contexto, Ribeiro (1998, p. 8) destaca que o termo política “[...] refere-se
ao exercício de alguma forma de poder e, naturalmente, às múltiplas consequências desse
exercício.”. Para esse autor, tudo o que é imposto a determinado grupo social é um ato de política.
Mas o que seria esse poder que regula a nossa sociedade?
Quando pensamos em política, imediatamente nos vem à cabeça a palavra “poder”,
para Ribeiro (1998) o poder está mais relacionado ao aspecto de persuadir as pessoas
nas inter-relações do que com um mero cargo empregatício. Estabelecer essa significação
para o poder torna-se base para compreender a fundo os preceitos que baseiam a política.
Afinal, “[...] se a Política tem a ver com o poder e se o poder visa a alterar
o comportamento das pessoas, é evidente que o ato político possui dois aspectos
que aparecem de pronto: a) um interesse; b) uma decisão.” (RIBEIRO, 1998, p. 9).
O autor relaciona-os da seguinte forma:

a) se alguém deseja influenciar ou modificar o comportamento


das pessoas, esse alguém tem um interesse que deseja ver
implementado pela modificação pretendida, seja ele ditado
por conveniências pessoais, de grupo, religiosas, morais etc;
b) o objetivo configurado pelo interesse só pode ser
conseguido por uma decisão que efetivamente venha a
alterar o comportamento das pessoas — seja esta decisão
imposta, consensual, de maioria etc (RIBEIRO, 1998, p. 9).

A concepção de política se modula por meio dos interesses


que vão sendo transformados em objetivos por quem detém o poder,
logo, esses objetivos vão conduzindo as tomadas de decisões.
Diante então de toda exposição feita por Ribeiro (1998), a política passa a ser vista
como com o estudo que relaciona a prática e a teoria voltada para a concentração de
interesses, com a finalidade de alcançar os objetivos de determinados grupos sociais.
Complementando a concepção de políticas idealizada por Ribeiro (1998, p.
16) ela não se distingue de nós, pois “[...] é a condução da nossa própria existência
coletiva, com reflexos imediatos sobre nossa existência individual, nossa prosperidade
ou pobreza, nossa educação ou falta de educação, nossa felicidade ou infelicidade.”
Agora que você já entendeu o conceito de política, vamos
voltar a nossa atenção para os processos de formação política que
desenvolveram os aspectos de globalização da economia do Brasil.
Mas o que será que é essa globalização? Qual a sua influência na educação?
Já sabemos que a política possui um papel de reguladora da sociedade, exposta à grupos
sociais pelas ideologias dominantes, ou seja, por meio do “poder” existente nas relações sociais.
Diante disso, vamos dar ênfase na política internacional que foi uma influenciadora
ativa na política brasileira e nos demais países da América Latina e do Caribe.

UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO 9


É a partir da ação da política internacional que se constitui um programa de globalização,
com o intuito de unificar a economia de diversos países com um só ideal político. Esses processos
vão estabelecer a organização política, promovendo a reprodução do capital no Brasil.
Dale (2004, p. 436) estabelece a globalização como:

[...] um conjunto de dispositivos político-econômicos para a organiza-


ção da economia global, conduzido pela necessidade de manter o sis-
tema capitalista, mais do que qualquer outro conjunto de valores. A
adesão aos seus princípios é veiculada através da pressão económica
e da percepção do interesse nacional próprio.

Assim, Beraldo (2022, p. 56) contribui que “[...] o processo de globalização


promove mudanças no contexto educacional, pois passa a idealizar uma educação
unificada independentemente das diferenças culturais existentes em cada país.”. Aqui
a educação deixa de ser vista apenas como um processo de formação intelectual e
passa a ser identificada como aparelho de reprodução das ideologias dominantes.
Partindo da globalização e da nova estrutura socioeconômica dos países
periféricos, estão concentradas as políticas econômicas do Banco Mundial. De acordo
com Shiroma, Evangelista e Moraes (2007, p.61) “[...] o Banco Mundial é um organismo
multilateral de financiamento que conta com 176 países mutuários, inclusive o Brasil”.
Para Frigotto (1996) o Banco Mundial é um auxiliador externo no processo de globalização
pois estabelece políticas educacionais para todos os 176 países inseridos nesse programa.
No entanto, pare para pensar, por que um banco
estaria preocupado com as questões educacionais?
Para responder essa pergunta, Shiroma, Evangelista e Moraes colocam que:

[...] a educação, especialmente a primária e a secundária (educação


básica), ajuda a reduzir a pobreza aumentando a produtividade do
trabalho dos pobres, reduzindo a fecundidade, melhorando a saúde,
e dota as pessoas de atitudes de que necessitam para participar
plenamente na economia e na sociedade (SHIROMA; EVANGELISTA;
MORAES, 2007, p. 63).

Podemos identificar que o Banco Mundial estabelece a formação do indivíduo


para atuar em um novo contexto social, marcado pela década de 1990, onde
deve atender aos princípios do mercado de trabalho de forma ativa na sociedade.
Assim, a educação passa a ser vista como uma das instituições formativas mais
importantes para o desenvolvimento econômico, objetivando a redução da pobreza.
Por fim, ao refletirmos sobre o conceito de política percebemos o quanto ela está
presente em nossas vidas, seja por meio dos interesses pessoais ou dos grupos sociais do
qual nós estamos inseridos. Esses interesses se transformam em objetivos que totalizam
nas tomadas de decisões.

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2
TÓPICO

DIFERENTES TIPOS DE
POLÍTICAS

Identificamos anteriormente que a política faz parte de um processo de


regulação social alinhado ao poder, assim, conseguimos compreender que a
sociedade de um modo geral produz política, uma vez que ela está inteiramente
ligada ao modo de produção materiais e imateriais existentes nos grupos sociais.
Portanto, torna-se necessário distinguir os diferentes tipos de políticas que
estão direcionadas para diferentes grupos sociais, totalizando na formação do
cidadão para a década de 90. Nos voltamos então para a definição das seguintes
políticas: políticas públicas; políticas sociais e políticas educacionais.
Para compreender a definição de políticas públicas em sua totalidade
devemos identificar que esta ocorre por meio da ação do Estado para cumprir com
os seus deveres perante a sociedade. Com isso, cabe reforçar que uma política
pública tem as suas atribuições voltadas para a sociedade de uma forma coletiva.
Seguindo essa concepção, são desenvolvidos planos de ações e programas que
buscam estruturar a sociedade, como: saúde e educação, promovendo a organização do
país. Com base nisso, Souza (2003) define políticas públicas como um:

Campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, “colocar o


governo em ação” e/ou analisar essa ação (variável independente) e,
quando necessário, propor mudanças no rumo ou curso dessas ações
e/ou entender por que e como as ações tomaram certo rumo em lugar
de outro (variável dependente). Em outras palavras, o processo de
formulação de política pública é aquele através do qual os governos
traduzem seus propósitos em programas e ações, que produzirão os
resultados ou as mudanças desejadas no mundo real (SOUZA, 2003,
p. 13).

UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO 11


As políticas públicas enquanto responsabilidade do Estado promovem a manutenção de
diferentes organismos a partir de decisões relacionadas à política implementada. No entanto,
Höfling (2001) considera que essa política não deve ser reduzida a uma mera política estatal.
Lima (2018, p. 30) esclarece que “[...] essas políticas públicas, quando relacionadas ao
campo da educação, costumam ser entendidas de forma mais restritiva, uma vez que as políticas
públicas educacionais regulam e orientam os sistemas de ensino, instituindo a educação.”
Nesse sentido, podemos então dizer que a educação
está inserida na política pública de uma sociedade?
A resposta é sim! O desenvolvimento educacional de um grupo social ao ser
imposto requer ações cuja responsabilidade é direcionada ao Estado e aos demais
organismos que interferem diretamente na esfera política de determinado povo.
Molina e Rodriguez (2022, p. 43) afirmam que “[...] dentro da conjuntura
capitalista, o Estado é um agente regulador, que se utiliza de políticas sociais
para garantir a manutenção das relações capitalistas em sua totalidade.”
Complementando, as políticas sociais podem ser identificadas também como as
políticas que abrangem o desenvolvimento da educação, saúde, previdência, habitação,
saneamento entre outros. Assim, para Höfling (2001, p. 31) “as políticas sociais – e a
educação – se situam no interior de um tipo particular de Estado. São formas de interferência
do Estado, visando a manutenção das relações sociais de determinada formação social.”.
Ainda para esse autor, as políticas sociais referem-se às:

[...] ações que determinam o padrão de proteção social implementado


pelo Estado, voltadas, em princípio, para a redistribuição dos benefí-
cios sociais visando a diminuição das desigualdades estruturais pro-
duzidas pelo desenvolvimento socioeconômico. As políticas sociais
têm suas raízes nos movimentos populares do século XIX, voltadas
aos conflitos surgidos entre capital e trabalho, no desenvolvimento
das primeiras revoluções industriais (Höfling, 2001, p. 31).

Neste sentido, a educação é inserida no contexto das políticas públicas e


sociais, pois ela é vista como um meio formativo capaz de desenvolver o cidadão como
um sujeito ativo para o novo século, superando todas as disfunções da sociedade.
Desenvolve-se assim princípios responsáveis pelo desenvolvimento dos educandos
caracterizado pelas políticas educacionais, esta, por sua vez, é a responsável pela organização
dos sistemas brasileiros de ensino. Para compreendê-la em sua totalidade, Lima (2018, p. 30)
ressalta alguns pontos a serem considerados, como: históricos, econômicos, políticos e culturais.
A concepção histórica é identificada como um aspecto dominante na
organização educacional, uma vez que a educação enquanto ato político possui
a sua estruturação pautada no período histórico no qual determinada sociedade
se encontra. Por exemplo, no início do século XX, onde a educação passou por
modificações para formar indivíduos que atendessem à industrialização social.
Assim, Lima destaca que:

UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO 12


Essas ações são reforçadas a partir das ideias do Manifesto dos Pio-
neiros da Escola Nova, de 1932, e da própria Constituição de 1934,
que coloca a prioridade e a obrigatoriedade no ensino primário a to-
dos. Devido à necessidade de apoiar a expansão industrial e a cres-
cente urbanização e de erradicar o analfabetismo que assolava mais
da metade do público adulto na época, foram criadas as primeiras
campanhas voltadas para a alfabetização desse público (LIMA, 2018,
p. 31).

Após o processo de redemocratização do ensino brasileiro, entram em ação os aspectos


econômicos que também afetam a organização educacional. Nesse sentido, cabe ao gestor
organizar como os recursos serão destinados aos programas voltados para a educação.
Para complementar, temos o contexto político que, como já falamos
anteriormente, se faz presente nas políticas públicas e educacionais, pois Lima
(2018, p. 32) destaca que “[...] elas envolvem os embates entre os posicionamentos
ideológicos que compõem os movimentos políticos presentes no País”.
Devemos ter claro em nossa mente que esse contexto político vai além das questões
político-partidárias, pois as políticas educacionais estão amparadas por movimentos sociais cujo
objetivo é a promoção de direitos comuns para alunos inseridos na educação básica e superior.
O Brasil é um país multicultural e, por isso, possui os aspectos culturais inseridos nas
políticas públicas educacionais. Lima (2018, p. 33) destaca que os pressupostos culturais
“[...] podem retratar a cultura hegemônica da sociedade, representando o poder de algum
grupo específico que, a partir de sua articulação, consegue impor seu modelo educacional.”.
É importante identificar quais são os aspectos culturais que envolvem o nosso
entendimento para a importância de compreender as diferentes culturas existentes em nosso
país, pois é assim que o ensino se desenvolve, pautado na igualdade de acesso educacional.
Contudo, devemos agora voltar os nossos estudos para compreender: Qual a formação
pretendida após a globalização para que o cidadão possa viver plenamente em sociedade?
Essa é a questão que buscaremos responder em nosso próximo tópico.

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3
TÓPICO
FORMAÇÃO DO
CIDADÃO PARA VIVER
EM SOCIEDADE

Olá aluno (a), nesse momento cabe refletirmos sobre a seguinte questão: qual a formação
pretendida após a globalização para que o cidadão possa viver plenamente em sociedade?
Historicamente, passam a propor um novo modelo educacional que seja
capaz de reduzir os índices de pobreza nos países globalizados, de acordo com
Lima (2018, p. 14-5) “[...] as políticas públicas educacionais precisam ser focadas na
realidade brasileira e devem ser definidas de acordo com os grupos sociais a que se
destinam, bem como ao tipo de relação que têm com as demais políticas públicas.”.
Como você pode ver, a política influencia profundamente o cenário
educacional, assim como a vida de cada indivíduo que está inserido nesse
grupo social. Por isso, é muito importante que você enquanto futuro professor
compreenda essa realidade que está exposta a diversas mudanças.
Então, vamos lá: a UNESCO[1], assim como o Banco Mundial, também
influenciou na organização política de vários países que ainda buscavam
o seu desenvolvimento, essa influência esteve amparada pelos processos
educacionais, desde as últimas décadas do século XX até os dias atuais.

UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO 14


[...] a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), caracterizada como
uma agência especializada das Nações Unidas (ONU) com sede em Paris, fundada no ano de 1946 com o
objetivo de garantir a paz por meio da cooperação intelectual entre as nações. O seu papel foi desenvolvido
por intermédio de áreas de conhecimento como: Educação, Ciências Naturais, Ciências Humanas e Sociais,
Cultura, Comunicação e Informação. Buscando contribuir para a reconstrução de países no pós-guerra
e, no final do século XX, passou a desenvolver políticas que, do seu ponto de vista, visam a estabelecer o
bem-estar social e a paz mundial por meio da educação. Para isso desenvolve até os dias atuais projetos
de cooperação formativa em parceria com os governos de Estados e municípios (BERALDO, 2022, p. 58).

Beraldo (2022, p. 58) estabelece que “a UNESCO colabora para o desenvolvimento


da educação em aspectos como a formação de professores, a construção de escolas, na
disponibilização de materiais que são necessários para promover a educação, propagando
a cultura humana.”.
Assim, podemos compreender que tanto a UNESCO quanto o Banco Mundial
se efetivaram com base em um caráter humanitário, uma vez que seus objetivos
estavam pautados na erradicação do analfabetismo nos países globalizados.
Partindo disso, é importante que você, aluno (a), compreenda que é a partir das
últimas décadas dos século XX que a educação será vista como a base formativa da
sociedade brasileira, constituindo-se como pauta nas questões sociais e políticas. Após
1990 a educação assume o compromisso de estabelecer o caminho pelo qual os indivíduos
irão se desenvolver, por meio de um ensino sistematizado que seja capaz de aprimorar as
aptidões necessárias para o seu conhecimento ao longo da vida.
Com base nesse quadro ideológico caracterizado pela Reforma do Estado, a educa-
ção deveria formar um novo cidadão que atendesse aos pressupostos da época, ou seja,
um cidadão ativo e apto para o trabalho.
Beraldo (2022, p.59-60) destaca que:

[...] ficam estabelecidos aos brasileiros direitos e deveres a serem


exercidos perante a sociedade, uma vez que a educação deve estar
voltada para a formação de um novo homem criativo, autônomo,
empreendedor, capaz de contribuir para a solução dos problemas
sociais, desenvolvendo competências e habilidades práticas.

Então, cabe a nós reforçar que nesse contexto político e histórico a educação é a
grande responsável pela formação dos cidadãos. Você já se perguntou como ou quem

UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO 15


estabeleceu os direitos e deveres que foram base para a formação dos novos cidadãos?
Pois bem, para responder a essa questão devemos voltar novamente a nossa aten-
ção para a UNESCO, que colaborou com a elaboração da Comissão Internacional sobre a
Educação para o século XXI.
A Comissão Internacional sobre a Educação foi coordenada pelo francês Jacques
Delors, onde o objetivo se voltou para a organização do contexto educacional. Na visão de
Delors (1996), a formação desse novo cidadão deveria estar pautada na paz e liberdade
social, pois nesse século a educação deveria ser a promotora da igualdade, eliminando
todos os aspectos de pobreza e marginalização existentes nos países globalizados.
O Relatório que citamos acima não buscou estabelecer a educação como um
“remédio milagroso”, mas como uma “porta de oportunidades” que se abria para os indivíduos
inseridos no novo século, “[...] como uma via que conduza a um desenvolvimento humano
mais harmonioso, mais autêntico, de modo a fazer recuar a pobreza, a exclusão social, as
incompreensões, as opressões, as guerras” (DELORS, 1996, p.11).
Nesse contexto político, a formação humana esteve pautada no saber fazer, sendo
refletida através da educação, onde buscava-se a formação da pessoa enquanto um in-
divíduo, grupos e nações. Delors (1996) destaca algumas tensões para o século XXI que
deveriam ser superadas por meio da formação humana a partir da publicação do Relatório,
entre elas:

A tensão entre o global e o local: tornar-se, pouco a pouco, cidadão


do mundo sem perder as suas raízes e participando, ativamente, na
vida do seu país e das comunidades de base.
A tensão entre o universal e o singular: a mundialização da cul-
tura vai-se realizando progressiva mas ainda parcialmente [...].
A tensão entre tradição e modernidade tem origem na mesma pro-
blemática: adaptar-se sem se negar a si mesmo, construir a sua auto-
nomia em dialética com a liberdade e a evolução do outro, dominar o
progresso científico [...].
A tensão entre as soluções a curto e a longo prazo, ten-
são eterna, mas alimentada hoje em dia pelo domínio do efê-
mero e do instantâneo, [...]. As opiniões pretendem respostas e
soluções rápidas, quando muitos dos problemas enfrentados ne-
cessitam de uma estratégia paciente, que passe pela concerta-
ção e negociação das reformas a executar. As políticas educati-
vas são, precisamente, uma área em que esta estratégia se aplica.
A tensão entre a indispensável competição e o cuidado com a
igualdade de oportunidades, [...] A Comissão ousa afirmar que,
atualmente, a pressão da competição faz com que muitos responsá-
veis esqueçam a missão de dar a cada ser humano os meios de poder
realizar todas as suas oportunidades [...].
A tensão entre o extraordinário desenvolvimento dos conhe-
cimentos e as capacidades de assimilação pelo homem. [...] É
necessário, pois, optar, com a condição de preservar os elementos
essenciais de uma educação básica que ensine a viver melhor, atra-
vés do conhecimento, da experiência e da construção de uma cultura
pessoal.
[...] a tensão entre o espiritual e o material. [...] Cabe à educação a

UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO 16


nobre tarefa de despertar em todos, segundo as tradições e convic-
ções de cada um, respeitando inteiramente o pluralismo, [...]. Está em
jogo — e aqui a Comissão teve o cuidado de ponderar bem os termos
utilizados — a sobrevivência da humanidade (DELORS, 1996, p. 14-5).

Com essa colocação podemos entender que este Relatório buscou atualizar o con-
ceito de educação para atender aos desafios que o novo século impunha sobre a formação
humana, buscava-se a promoção então da educação ao longo da vida capaz de reforçar a
cooperação entre os diversos grupos sociais existentes.
Voltado para a finalidade da educação, o Relatório salienta que “[...] a sua realização,
longa e difícil, será uma contribuição essencial para a busca de um mundo mais habitável
e mais justo” (DELORS, 1996, p. 16).
No entanto, como essa formação humana deveria estar organizada? Quais os prin-
cípios formativos que a embasam?
Delors (1996, p. 89) ressalta que a educação ao promover a formação humana deve
estar embasada em quatro pilares que são a base do conhecimento. Nesse contexto his-
tórico, “[...] a educação deve transmitir, de fato, de forma maciça e eficaz, cada vez mais
saberes e saber-fazer evolutivos, adaptados à civilização cognitiva, pois são as bases das
competências do futuro.”.
A educação formadora deveria apresentar o mundo aos alunos, assim como os seus
movimentos sociais por meio de quatro aprendizagens identificadas na qualidade de pilares
da educação, sendo eles:

[...] aprender a conhecer, isto é adquirir os instrumentos da com-


preensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente;
aprender a viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros
em todas as atividades humanas; finalmente aprender a ser, via es-
sencial que integra as três precedentes (DELORS, 1996, p. 90).

Com base nisso, querido aluno (a), conseguimos identificar que o Relatório
defende que os quatro conhecimentos citados devem estruturar o ensino, buscando
desenvolver os alunos tanto em seus aspectos práticos quanto cognitivos,
para que assim o indivíduo tenha suporte para atuar ativamente na sociedade.
Compreendemos que a formação do cidadão para esse período histórico deveria se
efetivar por meio da educação, capacitando-os para lidar com as transformações advindas da
sociedade. Delors (1996, p.92) esclarece que “[...] o processo de aprendizagem do conhecimento
nunca está acabado, e pode enriquecer-se com qualquer experiência. Neste sentido, liga-
se cada vez mais à experiência do trabalho, à medida que este se torna menos rotineiro.”.
Resumindo, conseguimos observar a promoção da paz idealizada pela UNESCO a
partir da organização educacional que a mesma promove para o novo século, ao valorizar
a educação ela está pensando no bem estar das gerações futuras.
Desse modo, a educação passa a ser reorganizada para atender aos novos
pressupostos da década de 90, a sua reestruturação é pautada pelos aspectos políticos

UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO 17


e econômicos, mas qual o papel do Estado perante todas essas mudanças políticas e
educacionais?
Conto com vocês para que juntos possamos identificar a função do Estado no fazer
político e na promoção de uma educação gratuita e de qualidade.

UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO 18


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4
TÓPICO

FUNÇÃO DO ESTADO

Olá, aluno (a), vamos dar sequência em nossos estudos com o seguinte
questionamento: qual o papel do Estado perante todas essas mudanças políticas e
educacionais?
Já refletimos sobre a concepção de políticas e também sobre como foi pensada
a formação cidadã para o século XXI, partimos agora para compreender qual o papel do
Estado no desenvolvimento social dos indivíduos. Assim, para dar continuidade é importante
termos claramente o conhecimento da diferenciação entre Estado e governo.
Nesse sentido, Höfling (2001) destaca que:

[...] é possível se considerar Estado como o conjunto de instituições


permanentes – como órgãos legislativos, tribunais, exército e outras que
não formam um bloco monolítico necessariamente – que possibilitam
a ação do governo; e Governo, como o conjunto de programas e
projetos que parte da sociedade (políticos, técnicos, organismos da
sociedade civil e outros) propõe para a sociedade como um todo,
configurando-se a orientação política de um determinado governo que
assume e desempenha as funções de Estado por um determinado
período (HÖFLING, 2001, p. 31).

Partindo da compreensão de Estado, é importante destacar que este não deve ser
reduzido a uma mera burocracia, uma vez que ele é o responsável por colocar as políticas
sociais em prática desde a sua implementação até a manutenção.
Por políticas sociais podemos entender as ações que visam o bem estar da sociedade,
voltadas especialmente para a distribuição de benefícios implementados pelo Estado que
visam a diminuição das desigualdades e o desenvolvimento econômico previstos desde
meados do século XX.

UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO 19


No interior da concepção capitalista, o Estado é identificado como um órgão regulador
que, ao utilizar as políticas sociais eleva e garante cada vez mais as relações capitalistas.
Assim, o Estado no aspecto capitalista cuida “[...] não só de qualificar permanentemente a
mão-de-obra para o mercado, como também, através de tal política e programas sociais,
procuraria manter sob controle parcelas da população não inseridas no processo produtivo
(HÖFLING, 2001, p. 33).

Com base na concepção capitalista, te convido para fazer a seguinte reflexão referente ao papel do Estado
perante a educação:

Nestes termos, entendo educação como uma política pública social, uma política pública de corte social,
de responsabilidade do Estado – mas não pensada somente por seus organismos. As políticas sociais – e a
educação – se situam no interior de um tipo particular de Estado. São formas de interferência do Estado,
visando a manutenção das relações sociais de determinada formação social (HÖFLING, 2001, p. 31).

Nesta reflexão podemos entender que a educação enquanto política social está
situada no interior dos Estados sendo uma das maiores promotoras das relações sociais
existentes no neoliberalismo. Nesse sentido, Molina e Rodrigues ( 2020, p. 24) destacam
que “[...] o Estado se utiliza da promulgação de políticas públicas de cunho social para
naturalizar suas ações perante a massa popular.”.
Por movimento neoliberal podemos compreender um “[...] conjunto de ideias políticas
e econômicas capitalistas que defendem a não participação do Estado na economia,
entendendo que a partir da liberdade no comércio haverá o crescimento econômico e social
de um país” (LIMA, 2018, p. 32).
Além disso, em um ambiente neoliberal ocorre a ênfase na globalização, ou seja,
efetivam a ideia das privatizações, onde as decisões, na maioria das vezes, são tomadas
por agências reguladoras.
Höfling (2001, p. 37) destaca ainda que:

Para os neoliberais, as políticas (públicas) sociais – ações do Estado


na tentativa de regular os desequilíbrios gerados pelo desenvolvimento
da acumulação capitalista – são consideradas um dos maiores
entraves a este mesmo desenvolvimento e responsáveis, em grande
medida, pela crise que atravessa a sociedade.”.

UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO 20


A partir das mudanças deliberadas na função do Estado por conta do contexto
neoliberal, as instituições de ensino passam a ser vistas com outros olhos, ou seja, são
improdutivas sob a ótica mercadológica. Vai se perdendo o caráter da construção dos
direitos sociais, dando abertura para atender às necessidades do mercado de trabalho.
Com base nisso, podemos afirmar que as modificações impostas não se restringiram
aos conteúdos, mas sim às políticas que delineiam o sistema educacional, como as formas
de gestão, de controle e de financiamento da educação.
Vamos juntos analisar em nossa próxima unidade como se deu a reforma do sistema
educacional no Brasil que buscou promover a solução de problemas por meio da mobilida-
de social.

UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO 21


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Iniciamos esta unidade com a reflexão voltada para a compreensão da concepção
de políticas e formação cidadã. Com base nisso, conseguimos identificar que fazemos
parte de uma sociedade cujo movimento é dialético, ou seja, uma sociedade capitalista e
contraditória, onde suas transformações buscam embasar o desenvolvimento do capital.
Partindo desse pressuposto, evidenciamos que o conceito de política está para
além dos aspectos partidários, pois a política está inserida em nosso cotidiano por
meio de nossas ações. Destacamos a política enquanto um conjunto dos mecanismos
reguladores da totalidade social, sendo ela caracterizada pelo exercício de poder.
Por isso, podemos dizer que estudar política é necessário e importante, pois é
através de sua compreensão que o indivíduo adquire a percepção de que todas as suas
decisões completam interesses e que esse por sua vez faz parte de um grupo social.
É por meio da polarização política que o Brasil se desenvolve, garantindo o seu
espaço na agenda de globalização dos países que buscavam a reprodução do capital. Com
a unificação dos países que almejam o mesmo ideal político no século XX, foi pensando
sobre a necessidade de promover novos aspectos formativos para o cidadão do novo século.
Nessa nova formação ganha ênfase o Relatório promovido pela UNESCO no ano de
1996, com a direção de Jacques Delors, onde a formação humana deveria estar embasada
em quatro pilares do conhecimento, sendo eles: aprender a conhecer; aprender a fazer;
aprender a viver junto e aprender a ser.
Nesse contexto social, a educação deveria formar o homem para além do ambiente
escolar, ou seja, este indivíduo deveria estar apto para atuar ativamente na sociedade por
meio do mercado de trabalho e isso, na visão da UNESCO, apenas ocorreria se o ensino
estivesse correlacionado com a prática.
Por fim, cabe reforçar que nesse contexto político e histórico neoliberal o Estado
possui ações mínimas e a educação, mesmo com todas as suas formulações, ainda é a
grande responsável pela formação dos cidadãos.

UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO 22


LEITURA COMPLEMENTAR

Leia o material indicado abaixo e faça suas reflexões.

HOFLING, Eloísa de Mattos. Estado e políticas (públicas) sociais. Cad. CEDES, v. 21,
n. 55, p. 30-41, nov. 2001. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ccedes/a/pqNtQNWnT-
6B98Lgjpc5YsHq/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 14 out. 2022.

RESUMO: Para melhor compreensão e avaliação das políticas públicas sociais implemen-
tadas por um governo, é fundamental a compreensão da concepção de Estado e de política
social que sustentam tais ações e programas de intervenção. Visões diferentes de socie-
dade, Estado, política educacional geram projetos diferentes de intervenção nesta área.
Este texto objetiva trazer elementos que contribuam para a compreensão desta relação,
enfocando autores que se aproximam da abordagem marxista e da neoliberal sobre o tema.

MOLINA, A. A.; RODRIGUES, A. A. Estado, Políticas Públicas e Formação Docente no


Brasil: direcionamentos a partir do início do século XXI. 2020. Ensino Em Revista, 27(1),
40–67. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/emrevista/article/view/52744. Acesso
em: 14 out. 2022.

RESUMO: A educação e a formação docente precisam ser compreendidas a partir de uma


vertente totalizante, estabelecendo-se uma relação com a economia e a política, cuja fina-
lidade é perceber as contradições e as ideologias presentes nas políticas educacionais em
geral. Partindo desse princípio, o objetivo deste estudo é apontar o papel do Estado nas
políticas públicas para a educação no Brasil a partir do inicio do século XXI, enfatizando as
políticas destinadas à formação docente. Para atender tal proposto, a pesquisa se pautou
em um estudo bibliográfico, por meio de uma concepção teórica pautada no materialismo
histórico e dialético. Os resultados mostraram que as políticas públicas destinadas à for-
mação docente no Brasil estão imbricadas com a forma de organização e de administração
do governo federal, consequentemente com as determinações socioeconômicas e políticas
que regem as ações governamentais do país.

UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO 23


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Políticas públicas e educação
Autor: Caroline Costa Nunes Lima; Pablo Bes; Alex Ribeiro Nu-
nes; Simone de Oliveira; Glória Freitas.
Editora: SAGAH EDUCAÇÃO S.A.
Sinopse: O estudo das políticas públicas e sua interface com a
educação proporciona aos futuros professores a compreensão
crítica das políticas educacionais, dos fundamentos teóricos
das políticas, de aspectos essenciais da organização e da legis-
lação da educação brasileira. Neste livro estão reunidos alguns
temas relevantes para reflexão pelos futuros professores em
sua prática educativa, temas esses que também podem ser
um ponto de partida para a formação de pesquisadores nessa
área. A necessidade de interlocução com outros campos do
conhecimento científico faz da disciplina de políticas públicas
e educação uma disciplina ímpar. Além de compreender as di-
ferentes concepções e matrizes teóricas jurídico-normativas e
dialéticas, a forma como estão estruturados os capítulos deste
livro permitem analisar o contexto da prática política em educa-
ção no cotidiano escolar. Trata-se de uma leitura enriquecedora
para quem busca uma prática refletida e transformadora.

FILME/VÍDEO
Título: Escritores da Liberdade
Ano: 2007
Sinopse: Uma jovem e idealista professora chega a uma escola
de um bairro pobre, que está corrompida pela agressividade
e violência. Os alunos se mostram rebeldes e sem vontade de
aprender, e há entre eles uma constante tensão racial. Assim,
para fazer com que os alunos aprendam e também falem
mais de suas complicadas vidas, a professora Gruwell aposta
em métodos diferentes de ensino. Aos poucos, os alunos vão
retomando a confiança em si mesmos, aceitando mais o conhe-
cimento e reconhecendo valores.

UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO 24


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UNIDADE

ASPECTOS LEGAIS
DA EDUCAÇÃO
BÁSICA NO BRASIL
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Professora Mestra Mylena Mikaellen Beraldo


Plano de Estudos
• Conceitos e Definições do Manifesto dos Pioneiros da Educação
Nova no Brasil.
• Breve histórico das Leis de Diretrizes e Bases da Educação – Lei n.
4024/61; Lei n. 5692/71.
• Constituição Federativa do Brasil de 1988.
• A nova LDB e os avanços quanto ao direito à educação.

Objetivos da Aprendizagem
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• Conceituar e contextualizar o Manifesto dos Pioneiros da Educação no


Brasil;
• Analisar as políticas públicas que organizam a legislação da educação
básica;
• Estabelecer a importância da Constituição Federativa do Brasil de 1988;
• Compreender a nova LDB e os avanços quanto ao direito à educação.
INTRODUÇÃO
Você já se perguntou quais caminhos a educação brasileira percorreu para ser
reconhecida em sua organização atual? A fim de compreender essa questão, iremos
nos colocar diante da organização educacional brasileira desde os seus primórdios.
Nessa unidade vamos compreender como se deu o movimento social do
Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova no ano de 1932, movimento este que
revolucionou a compreensão da educação enquanto meio de formação humana.
Partindo de um olhar crítico, vamos juntos acompanhar as principais
linhas normativas que regem o caráter educacional brasileiro. O importante
nessa nossa caminhada é que você, aluno (a), compreenda que as mudanças
previstas na educação estão inteiramente ligadas ao movimento social existente.
Vimos anteriormente que as políticas públicas são essenciais para a
organização do fazer pedagógico, uma vez que essa trabalha para o desenvolvimento
de melhorias voltadas para o cidadão. Cabe agora, compreender quais são os
pilares normativos que dispõe direitos e deveres sobre a formação humana.
Quando estudamos as normas voltadas para a educação, além de levar em
consideração o momento histórico no qual a mesma foi promulgada, devemos compreender
também qual o tipo de cidadão pretende-se formar. Dessa forma, vamos analisar a formação
social a partir da Lei de Diretrizes e Bases da educação e da Constituição Federal de 1988.
Convido você para analisar criticamente todas as mudanças sociais e compreender
como a política influencia diretamente a organização educacional, visando a formação de
um cidadão ativo na sociedade.

BONS ESTUDOS.

UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. 26


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1
TÓPICO
CONCEITOS E DEFINIÇÕES
DO MANIFESTO DOS
PIONEIROS DA EDUCAÇÃO
NOVA NO BRASIL

Para compreender os principais aspectos que totalizaram na organização educacio-


nal brasileira, vamos inicialmente nos dispor a identificar qual foi o papel do Manifesto dos
Pioneiros da Educação Nova na formação humana para a década de 30.
Este movimento liderado pela Escola Nova totalizou na construção de um documento
escrito, majoritariamente, por Fernando de Azevedo e assinado por 26 educadores, dentre
eles dois signatários importantes para o âmbito educacional, como: Anísio Spinola Teixeira e
Cecília Meirelles, no dia 19 de março de 1932, intitulado como “A reconstrução educacional
no Brasil: ao povo e ao governo”.
De acordo com Vidal (2013, p. 579), o Manifesto lutava pelo “[...] movimento
de renovação educacional brasileiro, como se indica em seu próprio título. Vinha a
público no âmago das disputas pela condução das políticas do recém-criado Ministério
da Educação e Saúde no Brasil (1930) e seu texto exibia um triplo propósito”.
O documento visa promover uma nova organização para o sistema educacional
brasileiro pautado nos aspectos da Escola Nova. Cunha e Souza (2011, p.853) esclarecem
que “[...] o escolanovismo, tanto no Brasil quanto em outros países, apresentou grande
dispersão de temas e abordagens”, dentre eles estão as formações idealizadas para formar
um novo cidadão. Podemos identificar abaixo:

• formação da personalidade integral do educando, tendo


em vista não apenas o desenvolvimento de atributos
individuais, mas especialmente a reordenação da sociedade,
o que caracteriza uma educação socializadora/civilizadora;
• aproveitamento das experiências cotidianas dos alunos sem
desprezar os conteúdos das matérias escolares, o que se
materializa por meio da renovação dos métodos de ensino;
• redirecionamento da mentalidade dos professores, envolvendo
novas concepções morais e sintonia com os avanços da modernidade,
em que se incluem as contribuições das ciências à educação e a
universalização do acesso à escola (CUNHA; SOUZA, 2011, p. 853).

UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. 27


Diante dos itens apresentados na citação acima conseguimos identificar
a supervalorização da experiência do aluno em prol do seu desenvolvimento
social e intelectual. Este movimento de reorganização educacional buscou,
além de promover mudanças voltadas para o público discente, redirecionar
a formação de professores a fim de promover a universalização do ensino.
O Manifesto dos Pioneiros da Educação (1932) divulgou propósitos a serem
seguidos, inicialmente, esse documento evidenciou a necessidade de estabelecer a
modernização do sistema educativo brasileiro, assim como da sociedade no geral.
Vidal (2013, p. 579) destaca que “[...] além da laicidade, da gratuidade, da obrigatoriedade
e da coeducação, o Manifesto propugnava pela escola única, constituída sobre a base do trabalho
produtivo, tido como fundamento das relações sociais”. Nesse contexto, o Estado estava ao
centro da organização educacional, sendo ele o principal responsável pela qualidade do ensino.
É importante, aluno (a), que você compreenda que a Escola Nova se
diferencia do ensino tradicional, uma vez que o seu desenvolvimento está pautado
na organização científica e exploratória da escola, ou seja, encaram a experiência
do aluno como sendo um meio qualitativo capaz de gerar mudanças intelectuais.
No entanto, apesar de muita luta, Vidal chama a nossa atenção para o seguinte
aspecto:

Foi somente a partir dos anos 1980 que o Manifesto começou a ser
revistado pela investigação acadêmica e que foram questionados
seus dispositivos discursivos. Os pioneiros emergiram como um grupo
cuja coesão não era fruto da identidade de posições ideológicas,
mas estratégia política de luta, conduzida no calor das batalhas pelo
controle do aparelho educacional (VIDAL, 2013, p. 580-90).

Assim, as atenções voltaram-se para os escritos apresentados no Manifesto


durante o final do século XIX e início do século XX, onde buscaram compreender
como reduzir o vazio educacional discutido no documento. Para o documento,
desde a década de 30 a finalidade da educação estava voltada para a formação
ideal do homem, girando em torno da concepção da vida em sua plenitude.
Para compreender o teor pedagógico no qual o Manifesto estava
embasado, Vidal (2013, p. 581) nos mostra que “[...] a Escola Nova evidenciou-
se como fórmula, com significados múltiplos e distintas apropriações constituídas
no entrelaçamento de três vertentes: a pedagógica, a ideológica e a política”.
Com base na vertente pedagógica, a precarização de conceitos utilizados permitiu que
a Escola Nova reunisse diferentes tipos de educadores em prol de um mesmo objetivo, por
exemplo, os educadores católicos e liberais voltados para uma educação ativa e universal.
Seguindo o aspecto da vertente ideológica cabe destacar que, nesse
momento, a educação é vista como um meio de formação e unificação social, ou
seja, promovendo a transformação da sociedade atendendo as necessidades de
diferentes grupos sociais. Logo na dimensão política, promove-se o ideal de que a
Escola Nova passará a ser vista na qualidade de renovação social e educacional.

UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. 28


Diante disso, te convido a fazer a seguinte reflexão voltada para os objetivos
estabelecidos no Manifesto:

Não deixa de ser elucidativo perceber o Manifesto como parte do jogo


político pela disputa do controle do Estado e de suas dinâmicas, e,
portanto, como elemento de coesão de uma frente de educadores
que, a despeito de suas diferenças, articulava-se em torno de alguns
objetivos comuns, como a laicidade, a gratuidade e a obrigatorieda-
de da educação. Mas não foi apenas isso. O documento também foi
representante de um grupo de intelectuais que abraçava um mesmo
projeto de nação, ainda que com divergências internas. O expediente
da organização de frentes, aliás, foi comum no final dos anos 1920 e
no início da década de 1930, constituindo-se na estratégia utilizada
para a conjugação de forças em torno de um ideal comum (VIDAL,
2013, p. 584).

Ora, então este documento também pode ser encarado como uma jogada
política? Sim, aluno (a), cabe a nós compreender que a educação mantém a sua
organização embasada nos pressupostos políticos do contexto no qual estão inseridos.
Dessa forma, colocando o Estado enquanto responsável pela reorganização do
ensino, assumem a direção política educacional, buscando habilitar uma nova formação
social. Com base nisso, o Manifesto (1932) salienta que:

A nova doutrina, que não considera a função educacional como uma


função de superposição ou de acréscimo, segundo a qual o educan-
do é "modelado exteriormente" (escola tradicional), mas uma função
complexa de ações e reações em que o espírito cresce de "dentro
para fora", substitui o mecanismo pela vida (atividade funcional) e
transfere para a criança e para o respeito de sua personalidade o eixo
da escola e o centro de gravidade do problema da educação (MANI-
FESTO, 2006, p. 195).

Diante da citação acima, cabe destacar que o Manifesto defende os processos mentais
como funções vitais do ser humano. Nesse sentido, cabe à escola desenvolver este ser humano
por meio de uma educação funcional "[...] favorável ao intercâmbio de reações e experiências
[...]" (MANIFESTO, 2006, p. 196). Assim, o aluno irá se desenvolver naturalmente, sendo
levado ao caminho do mercado de trabalho conforme os seus interesses e necessidades.
O Manifesto (2006, p.1996) considera uma nova concepção de escola a ser
desenvolvida, que vai contra as concepções passistas das escolas tradicionalistas, nesse
sentido a base dessa nova escola deve estar pautada na “[...] atividade espontânea,
alegre e fecunda, dirigida à satisfação das necessidades do próprio indivíduo”.
A educação pautada nos princípios citados acima influência em uma
reorganização da educação pública, visando as necessidades dos alunos e do
Estado. Sendo assim, Vidal traz essas reflexões para dos dias hoje, ressaltando que:

UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. 29


Reler o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova nos dias de hoje
implica percebê-lo como peça política do debate educacional situado no
início dos anos 1930, indiciando os grupos em disputa e o movimento,
operado pelo texto, de ressignificação das propostas educativas e dos
objetos em confronto com o propósito explícito de orientar as políticas
educativas do novo Ministério da Educação e Saúde. Implica também
compreendê-lo como monumento da memória educacional brasileira,
muitas vezes revisitado pelos próprios pioneiros ao longo do tempo
como estratégia de legitimação de intervenção no campo educacional.
Esvaziado das condições de emergência, o Manifesto sobreviveu como
uma carta de princípios pedagógicos, como um marco em prol de uma
escola renovada, mas principalmente em defesa da responsabilidade
do Estado pela difusão da educação pública no país (VIDAL, 2013, p.
586).

Com essa colocação, Vidal (2013) reforça o momento em que o Estado se tornou o
responsável pela organização da educação brasileira, pautado em um aspecto político e
social. Podemos destacar a luta pela educação gratuita, laica e de qualidade, capaz de formar
todos os cidadãos para atuar enquanto um cidadão ativo, independente de sua classe social.
Cabe destacar, querido (a) aluno (a), que o Manifesto dos Pioneiros da
Educação não é considerado como uma reforma, mas sim como a iniciativa
de mudança educacional, alienando-a aos aspectos políticos e sociais.
Nesse sentido, veremos no próximo tópico um breve histórico do realinhamento
normativo brasileiro, destacando os principais conceitos da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (Lei n. 4024/1961 e Lei n. 5692/71). Conto com você, para que juntos possamos
entender como os aspectos normativos vêm promovendo a educação brasileira até os dias
atuais.

UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. 30


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2
TÓPICO
BREVE HISTÓRICO DAS LEIS
DE DIRETRIZES E BASES DA
EDUCAÇÃO – Lei n. 4024/61;
Lei n. 5692/71

O movimento social estabelecido após o desenvolvimento escolanovista promove


uma renovação no contexto educacional brasileiro, totalizando em uma educação
pautada no desenvolvimento do aluno por meio de suas experiências e bem-estar social.
Para nortear essa nova concepção educacional foi promulgada no ano de 1961, durante
o governo de João Goulart (1961-1964), a primeira Lei de Diretrizes e Bases da educação
n° 4024/1961, cujo principal objetivo estava caracterizado pela promoção de uma educação
nacional com base nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana.
Como exposto no Manifesto dos Pioneiros da Educação (1932) o
ensino deveria se voltar para a formação vital do indivíduo, garantindo o
desenvolvimento da aprendizagem por meio de suas experiências. Nesse sentido,
a LDB n° 4024/61 é promulgada no intuito de redefinir e organizar o ensino brasileiro.
Assim, a educação deveria abranger os seguintes aspectos:

a) a compreensão dos direitos e deveres da pessoa humana, do cidadão,


do Estado, da família e dos demais grupos que compõem a comunidade;
b) o respeito à dignidade e às liberdades fundamentais do homem;
c) o fortalecimento da unidade nacional e da solidariedade internacional;
d) o desenvolvimento integral da personalidade
humana e a sua participação na obra do bem comum;
e) o preparo do indivíduo e da sociedade para o domínio
dos recursos científicos e tecnológicos que lhes permitam
utilizar as possibilidades e vencer as dificuldades do meio;
f) a preservação e expansão do patrimônio cultural;
g) a condenação a qualquer tratamento desigual por motivo de
convicção filosófica, política ou religiosa, bem como a quaisquer
preconceitos de classe ou de raça (BRASIL, 1961).

UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL.


31
A educação torna-se, a partir desta Lei, direito de todos, podendo
ocorrer no ambiente escolar ou no próprio lar do aluno. Cabe, nesse
momento, ao Estado a obrigação de fornecer os recursos necessários para
que esta educação seja efetivada na instituição primária, médio e superior.
De acordo com o “Art. 23. A educação pré-primária destina-se aos menores até sete
anos, e será ministrada em escolas maternais ou jardins-de-infância” (BRASIL, 1961).
A finalidade dessa educação está voltada para “o desenvolvimento do raciocínio e das
atividades de expressão da criança, e a sua integração no meio físico e social” (BRASIL, 1961).
O presente documento estabelece em seu Art. 26 que “[...]
o ensino primário será ministrado, no mínimo, em quatro séries
anuais” (BRASIL, 1961), podendo ser estendido para até 6 anos.
Já em seu Art. 33 o documento prevê a organização para o ensino médio,
promovendo a formação do adolescente que já finalizou o ensino primário.
Desse modo, o Art. 34 esclarece que “o ensino médio será ministrado em dois
ciclos, o ginasial e o colegial, e abrangerá, entre outros, os cursos secundários,
técnicos e de formação de professores para o ensino primário e pré-primário”.
Cada ciclo estabelecido para o ensino médio deverá ser composto por disciplinas
e práticas educativas, tanto obrigatórias quanto optativas. No entanto, para realizar
a matrícula na 1ª série do ciclo colegial será exigida conclusão do ciclo ginasial.
Dessa forma, o ensino médio se organiza com base nos seguintes itens:

I - Duração mínima do período escolar:


a) cento e oitenta dias de trabalho escolar efetivo,
não incluído o tempo reservado a provas e exames;
b) vinte e quatro horas semanais de aulas para
o ensino de disciplinas e práticas educativas.
II- cumprimento dos programas elaborados tendo-
se em vista o período de trabalho escolar;
III- formação moral e cívica do educando, através
de processo educativo que a desenvolva;
IV- atividades complementares de iniciação artística;
V- instituição da orientação educativa e
vocacional em cooperação com a família;
VI - frequência obrigatória, só podendo prestar exame final, em
primeira época, o aluno que houver comparecido, no mínimo, a 75%
das aulas dadas (BRASIL, 1961).

Com base nisso, fica a cargo da instituição de ensino organizar o ano letivo junta-
mente com profissionais qualificados, com base na realização das disciplinas obrigatórias
e facultativas, promovendo o desenvolvimento do aluno em sua totalidade. As disciplinas
facultativas poderiam ser escolhidas pelo próprio estudante, levando em consideração os
seus interesses e a sua experiência.

UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. 32


No ciclo ginasial eram ministradas as disciplinas de línguas estran-
geiras modernas, música (canto orfeônico), artes industriais, técnicas
comerciais e técnicas agrícolas, enquanto no colegial eram oferecidas
as de línguas estrangeiras modernas, grego, desenho, mineralogia e
geologia, estudos sociais, psicologia, lógica, literatura, introdução às
artes, direito visual, elementos de economia, noções de contabilidade,
biblioteconomia, puericultura, higiene e dietética (SOUZA, 2008, p.
234).

A nova LDB promoveu uma reorganização no sistema educacional brasileiro, de


modo que, disciplinas que anteriormente eram vistas como obrigatórias passaram a ser
optativas colocando os profissionais da educação frente a uma nova concepção educacional.
Voltado para a organização do ensino superior, a LDB 4024/61 considera em seu
Art. 66 que “[...] o ensino superior tem por objetivo a pesquisa, o desenvolvimento das
ciências, letras e artes, e a formação de profissionais de nível universitário.” (BRASIL, 1961).
Sendo assim, a LDB 4024/1961 pretendia uma nova formação para o profissional da
educação em seu Art. 52, onde “o ensino normal tem por fim a formação de professores,
orientadores, supervisores e administradores escolares destinados ao ensino primário,
e o desenvolvimento dos conhecimentos técnicos relativos à educação da infância.”.
Assim, de acordo com Saviani (1991):

Com o escolanovismo, o que ocorreu foi que a preocupação política


em relação à escola refluiu. De uma preocupação em articular a
escola como um instrumento de participação política, de participação
democrática, passou-se para o plano técnico-pedagógico. [...].
Passou-se do ‘entusiasmo pela educação’, quando se acreditava que
a educação poderia ser um instrumento de participação das massas no
processo político, para o ‘otimismo pedagógico’, em que se acreditava
que as coisas vão bem e se resolvem no plano interno das técnicas
pedagógicas. [...]. A Escola Nova vem transferir a preocupação dos
objetivos e dos conteúdos para os métodos e da quantidade para a
qualidade (SAVIANI, 1995, p. 62).

Saviani (1995) esclarece na citação acima alguns aspectos voltados exclusivamente


para a educação proposta no interior da escola nova. Entretanto, o autor evidencia a sua
crítica voltada para o escolanovismo onde a participação social e política sobressaía a
formação humana, assim “[...] quando a burguesia acenava com a escola para todos
(é por isso que era instrumento de hegemonia), ela estava num período capaz de
expressar os seus interesses abarcando também os interesses das demais classes.”
Passando por esse momento histórico, já no governo de Emílio Garrastazu Médici,
temos a readequação da Lei de Diretrizes e Bases nº 5.692, de 11 de agosto de 1971 em sua
reorganização buscou fixar Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 2º grau e outras providências.
Este documento atualizado trouxe o ensino de 1º e 2º grau pautado pelo objetivo de
proporcionar ao aluno a formação amparada no desenvolvimento de suas potencialidades

UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. 33


como elemento de autorrealização. Com isso, uma educação eficaz era aquela que preparava
o indivíduo, qualificando-o para o trabalho e para o exercício consciente da cidadania.
Partindo dessa flexibilidade do ensino, Saviani (1995) salienta que:

Uma outra "descoberta" da Lei nº 5.692 foi a reformulação curricular


através de atividades, áreas de estudos e disciplinas, determinando
que o ensino, nas primeiras oito séries, se desenvolvesse predomi-
nantemente sob a forma de atividades e áreas de estudo. Ora, essas
atividades e áreas de estudos são outra maneira de diluir o conteúdo
da aprendizagem das camadas populares; e todos sabem que isso
efetivamente ocorreu e vem ocorrendo (SAVIANI, 1995, p. 65).

Assim, para o autor a nova LDB 5692/71 dilui o conteúdo educacional para as
camadas populares. Contudo, reforça a importância dos conteúdos fundamentais mediados
no ensino sistematizado, pois essa é a única maneira de formar um indivíduo crítico.
Para Saviani (1995), o domínio da cultura por parte de diferentes grupos sociais é um
instrumento indispensável para que esses grupos se adentrem nas organizações políticas.
De acordo com a LDB 5692/71, o ensino de 1º grau se destina à formação da
criança e do pré-adolescente, variando em conteúdo e métodos segundo as fases
de desenvolvimento dos alunos. Assim, constituirá uma duração de oito anos letivos
e compreenderá, anualmente, pelo menos 720 horas de atividades (BRASIL, 1971).
Por outro lado, o ensino do 2° grau está voltado para a formação plena do
adolescente, em seu Art. 22 coloca que “o ensino de 2º grau terá três ou quatro
séries anuais, conforme previsto para cada habilitação, compreendendo, pelo
menos, 2.200 ou 2.900 horas de trabalho escolar efetivo, respectivamente.”.
Assim, quanto ao 2° grau fica estabelecido na LDB 5692/71 os seguintes itens:

a) a conclusão da 3ª série do ensino de 2º grau, ou do


correspondente no regime de matrícula por disciplinas,
habilitará ao prosseguimento de estudos em grau superior;
b) os estudos correspondentes à 4ª série do ensino de 2° grau poderão,
quando equivalentes, ser aproveitados em curso superior da mesma
área ou de áreas afins (BRASIL, 1971).

Diante disso, a formação do ensino superior, especialmente para professores do 1º


e 2º graus “[...] será feita em níveis que se elevem progressivamente, com orientação que
atenda aos objetivos específicos de cada grau, às características das disciplinas, áreas
de estudo ou atividades e às fases de desenvolvimento dos educandos.” (BRASIL, 1971).
Em seu Art. 30 a LDB 4692/61 estabelece como formação mínima para o exercício
do magistério:

UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. 34


a) no ensino de 1º grau, da 1ª à 4ª séries, habilitação específica de 2º grau;
b) no ensino de 1º grau, da 1ª à 8ª séries, habilitação espe-
cífica de grau superior, ao nível de graduação, representada
por licenciatura de 1º grau obtida em curso de curta duração;
c) em todo o ensino de 1º e 2º graus, habilitação específica obtida em
curso superior de graduação correspondente a licenciatura plena.

Diferente da LDB 4024/1961 onde o ensino normal tinha como objetivo a formação de
professores, nessa reformulação o Art. 30 visa estabelecer a formação superior necessária
para cada profissional da educação, assim como a modalidade em que o mesmo deve atuar.
Diante de toda a redemocratização do ensino ao longo da história
educacional brasileira, conseguimos observar como iniciou as tendências de
organização do ensino, pautado em um novo ideal, cujo desenvolvimento humano
deve estar voltado para atender aos pressupostos do mercado de trabalho.
A partir da promulgação da LDB 5692/71 tínhamos uma base para a estruturação da
educação. Contudo, a partir da década de 1980, a partir de diversos movimentos sociais tem-
se a necessidade de democratizar o ensino por meio da construção de uma nova Constituição
Federal que assegure todos os grupos sociais a uma educação gratuita e de qualidade.
Partindo dessa necessidade, visitaremos em nosso próximo tópico como se efetivou
a construção da Constituição Federal, conto com vocês para que juntos possamos analisar
o documento que rege o nosso país.

UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. 35


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3
TÓPICO
CONSTITUIÇÃO
FEDERATIVA DO
BRASIL DE 1988

Como vimos anteriormente, nas últimas décadas do século XX, a


educação passou por diversas mudanças em seus aspectos organizacionais.
Dessa forma, constituiu-se como uma pauta importante nos debates de
formação social a criação de uma Constituição Federal para o Brasil.
Foi no governo de José Sarney, no ano de 1988 que foi promulgada a Constituição
Federal do Brasil. De acordo com Beraldo (2022, p. 59) este documento “[...] trouxe
para os cidadãos uma importante reformulação no ensino brasileiro, definindo aspectos
importantes sobre como o mesmo deveria se desenvolver.” Para o âmbito
educacional, a Constituição Federal estabelece em seu Art. 205 que a educação é direito
de todos e dever do Estado e da família. A educação com base neste documento deve ser
promovida com a colaboração da sociedade visando o pleno desenvolvimento do indivíduo,
assim como o seu preparo para o exercício da cidadania e para o mercado de trabalho.
Desse modo, o ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;


II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar
e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e
coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
V - valorização dos profissionais do ensino, garantido, na
forma da lei, plano de carreira para o magistério público,
com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por
concurso público de provas e títulos, assegurado regime
jurídico único para todas as instituições mantidas pela União;
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII - garantia de padrão de qualidade;

UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. 36


VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais
da educação escolar pública, nos termos de lei federal;
IX - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida
(BRASIL, 1988).

Todos os aspectos supracitados colaboraram para a efetivação da melhoria


educacional no Brasil prevista desde o Manifesto dos Pioneiros da Educação.
Assim, a instituição de ensino deverá abranger as novas concepções
formativas determinadas pela Constituição Federal de 1988, garantindo os
direitos sociais estabelecidos aos brasileiros por meio de um ensino gratuito.
Nesse momento, aluno (a), é necessário que tenhamos em mente que essa normatização
ocorreu após o processo de globalização que estudamos na Unidade I, onde as concepções
neoliberais efetivaram novas estruturas normativas com base no desenvolvimento social.
Para Beraldo (2022, p. 59) “a Constituição de 1988 representa um avanço
significativo em termos dos direitos de cidadania. Por essa razão, foi denominada de
Constituição Cidadã”. Nesse aspecto ideológico, a educação é vista como forma de
desenvolver um cidadão criativo, autônomo, empreendedor, capaz de contribuir para a
solução dos problemas sociais, desenvolvendo competências e habilidades práticas.
Com isso, o Art. 208. propõe que o dever do Estado com a educação será efetivado
mediante a garantia de:

I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17


(dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita
para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;
III - atendimento educacional especializado aos portadores
de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
IV - atendimento em creche e pré-escola
às crianças de zero a seis anos de idade;
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às
crianças até 5 (cinco) anos de idade;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa
e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII - atendimento ao educando, no ensino fundamental,
através de programas suplementares de material didático-
escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica,
por meio de programas suplementares de material didáticoescolar,
transporte, alimentação e assistência à saúde (BRASIL, 1988).

É importante destacar que a educação passa a ser vista como a única


responsável pela formação humana, aos olhos da sociedade ela será capaz
de corrigir as divergências existentes entres os diferentes grupos sociais.

UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. 37


Sendo assim, a educação respaldada na Constituição Federal de 1988,
deve desenvolver direitos sociais da infância e da juventude. Esses direitos sociais
encontram-se disponíveis no Art. 6º como “[...] a educação, a saúde, o trabalho,
a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade
e à infância, a assistência aos desamparados, na forma da Constituição”.
Santos (2015) estabelece o teor político que a Constituição Federal estabelece sobre
a educação da seguinte forma:

a. Possui forte caráter liberal no que tange à sua formulação política.


b. Suas proposições referentes à educação, não obstante apontarem
para uma série de direitos fundamentais dos indivíduos, tocam ele-
mentos de difícil concretização, se considerarmos as características
da relação entre Estado e sociedade civil no Brasil (SANTOS, 2015,
p. 22).

Nesse sentido, é importante voltarmos a nossa atenção para


mais um aspecto formativo da Constituição Federal 1988, isto é, o
direcionamento da educação para a vinculação direta ao mercado de trabalho.
De acordo com Santos (2015, p. 23) essa ideia retoma “[...] princípios da
Teoria do Capital Humano, para a qual a educação é o vetor do desenvolvimento
econômico, devendo então o Estado adotar uma diretriz de fomento à
profissionalização da população, a fim de que isso possa ser garantido”.
Diante disso, podemos afirmar que o processo formativo da
aquisição de conhecimentos de diferentes naturezas sociais, está
intimamente ligado com o desenvolvimento de habilidades e competências .
Podemos identificar que todos os documentos estudados até agora estabelecem
uma formação pautada a partir das experiências adquiridas ao longo da vida do aluno.
Nesse sentido, analisaremos em nosso próximo tópico as mudanças sofridas pela Lei de
Diretrizes e Bases da educação após a promulgação da Constituição Federal, que perdura
na organização do ensino até os dias atuais.

UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. 38


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TÓPICO
A NOVA LDB E OS
AVANÇOS QUANTO AO
DIREITO À EDUCAÇÃO

Após as influências internacionais, com o processo de globalização,


ocorre a construção de uma nova Constituição Federal no ano de 1988,
promovendo a organização social para o desenvolvimento da sociedade brasileira.
Diante disso, passam a pensar em uma educação para o novo milênio, a educação
passa a se consolidar no Brasil a partir da década de 1990, por meio da renovação
de políticas públicas e do Estado assumindo o papel de agente ativo na formação.
Uma dessas adaptações legislativas está voltada para a Lei de Diretrizes e Bases nº
9.394, de 20 de dezembro de 1996, promulgada durante o governo de Fernando Henrique
Cardoso, apresenta 92 artigos que regem as bases necessárias para a efetivação da
educação brasileira, subdivididos nos seguintes títulos:

Título I: Da educação.
Título II: Dos princípios e fins da educação nacional.
Título III: Do direito à educação e do dever de educar.
Título IV: Da organização da educação nacional.
Título V: Dos níveis e das modalidades de educação e ensino.
Título VI: Dos profissionais da educação.
Título VII: Dos recursos financeiros.
Título VIII: Das disposições gerais.
Título IX: Das disposições transitórias (SANTOS, 2015, p. 31).

No Art. 1 de sua nova versão a LDB 9394/96 reconhece que a educação deve
abranger aspectos “[...] formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência
humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais
e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais” (BRASIL, 1996).

UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. 39


Conseguimos observar que novamente a formação humana está pautada no
pleno desenvolvimento do indivíduo, formando-o para a vida em sociedade e para atuar
ativamente no mercado de trabalho. De acordo com a Lei, a educação é um processo
formativo que se efetiva dentro e fora do contexto escolar, no entanto, para o ensino
escolar ser eficiente ele deve estar voltado para as exigências do mercado de trabalho.
De acordo com o Art. 2º, a educação é dever da família e do Estado, deve ser
organizada com base nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana.
Assim, o ensino deve estar pautado no desenvolvimento dos seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;


II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e
divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas;
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
VII - valorização do profissional da educação escolar;
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma
desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino;
IX - garantia de padrão de qualidade;
X - valorização da experiência extra-escolar;
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.
XII - consideração com a diversidade étnico-racial.
XIII - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida.
XIV - respeito à diversidade humana, linguística, cultural e identitária
das pessoas surdas, surdo-cegas e com deficiência auditiva (BRASIL,
1996).

Conseguimos observar que o ensino, além de estar pautado na promoção


do trabalho deve organizar-se com base na igualdade de direitos, estabelecendo
o acesso e a permanência dos alunos nas instituições de ensino, liberdade
de expressão cultural e a existência de múltiplas concepções pedagógicas.
Conforme afirma Beraldo (2022, p.65), “[...] cabe aos órgãos governamentais oferecer
um ensino público, gratuito e de qualidade e afirmar a importância da valorização dos
professores perante uma gestão democrática”. As unidades responsáveis pela realização
do ensino no Brasil tinham como responsabilidade a promoção da qualidade educacional,
tanto em instituições privadas quanto públicas.

UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. 40


Diante das reformas estabelecidas na educação brasileira, Lima (2018) faz a seguinte reflexão:
As reformas propostas em diferentes momentos políticos apresentam instabilidades e constantes alterações,
que trazem como consequência a dificuldade de se alcançarem os objetivos e as metas propostas, como a
erradicação do analfabetismo e a democratização do ensino, viabilizando o acesso aos estudos de forma
que todos os indivíduos concluam o ensino básico. Outro entrave em nossas políticas se manifesta nos
problemas de natureza pedagógica, que buscam articular a concepção de homem e mundo com a visão de
educação pela sociedade e por seus representantes (LIMA, 2018, p.123).

Contudo, a LDB 9394/96 esclarece em seu Art. 4º que o dever do Estado com
educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de:

I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos


17 (dezessete) anos de idade, organizada da seguinte forma:
a) pré-escola;
b) ensino fundamental;
c) ensino médio;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;
II - universalização do ensino médio gratuito;
II - educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) anos de idade;
III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com
necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino;
III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas
e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino;
IV - atendimento gratuito em creches e pré-
escolas às crianças de zero a seis anos de idade;
IV - acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e
médio para todos os que não os concluíram na idade própria;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa
e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII - oferta de educação escolar regular para jovens e adultos,
com características e modalidades adequadas às suas
necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem
trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola;
VIII - atendimento ao educando, no ensino fundamental público,
por meio de programas suplementares de material didático-
escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde;
VIII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação
básica, por meio de programas suplementares de material
didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde;

UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. 41


IX - padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a
variedade e quantidade mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis
ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem.
IX – padrões mínimos de qualidade do ensino, definidos
como a variedade e a quantidade mínimas, por aluno, de
insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de
ensino-aprendizagem adequados à idade e às necessidades
específicas de cada estudante, inclusive mediante a provisão de
mobiliário, equipamentos e materiais pedagógicos apropriados;
X – vaga na escola pública de educação infantil ou de ensino
fundamental mais próxima de sua residência a toda criança
a partir do dia em que completar 4 (quatro) anos de idade;
XI – alfabetização plena e capacitação gradual para a leitura ao longo
da educação básica como requisitos indispensáveis para a efetivação
dos direitos e objetivos de aprendizagem e para o desenvolvimento
dos indivíduos (BRASIL, 1996).

O acesso à educação é direito de todos e deve ser oferecido


gratuitamente desde a mais tenra idade, uma vez que a obrigatoriedade escolar
passa a 4 anos e não mais 6 anos, como citado em legislações anteriores.
De acordo com Santos (2015, p. 34) “Em um país com profundas desigualdades
socioeconômicas como o Brasil, tal iniciativa é louvável; porém, sabemos que essa é uma
realidade ainda muito distante de ser concretizada”. Contudo, Santos (2015) complementa
que a integração entre os sistemas de ensino municipal e estadual ainda está longe de ser
efetivada.

Deve-se destacar igualmente que a inserção no mundo do trabalho pela via da educação básica somente
poderia se dar de forma satisfatória em um país que contemplasse a população de oportunidades de
trabalho bem distribuídas e providas de condições de remuneração e ambientação dignas em todos os
postos laborais, o que, infelizmente, está longe de ser verdade em nosso país, cujas taxas de desemprego
se aproximam de 10% da população economicamente ativa (SANTOS, 2015, p. 40).

Com base na autonomia didático-administrativa imposta ao Estado por meio das


normativas supracitadas, analisaremos em nossa próxima Unidade quais mudanças
este vem impondo ao ambiente educacional, por meio do financiamento estudantil.
Conto com vocês para compreender como o Estado estabelece a igualdade social
em um país marginalizado, onde muitas pessoas não possuem o acesso ao sistema de
ensino, identificando os programas e os avanços ou retrocessos sofridos pela educação
brasileira.

UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. 42


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Olá, aluno (a), chegamos ao fim de mais uma unidade!
Nesta unidade abordamos a trajetória do Manifesto dos Pioneiros da Educação que
ocorreu no ano de 1932. Pautado por atitudes escolanovistas, esse movimento buscou
estabelecer uma ressignificação educacional, isto é, efetiva a supervalorização da expe-
riência do aluno voltada para o desenvolvimento social e intelectual.
Este movimento pautado nos ideais da Escola Nova contradiziam os aspectos de-
fendidos pelos tradicionalistas. Neste momento a educação era vista enquanto responsabi-
lidade do Estado e direito de todos. No entanto, esta universalização da educação passa a
ser pensada somente após a globalização.
Após esse período de lutas pela educação tem-se a necessidade de estabelecer bases
normativas para a instauração do ensino no Brasil. Com isso, durante o governo de João
Goulart é promulgada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da educação n° 4024/1961, cujo
principal objetivo é a promoção de uma educação nacional com base nos princípios de
liberdade e solidariedade.
Por outro lado, já no governo de Emílio Garrastazu Médici, no ano de 1971, ocorreu
a readequação da Lei de Diretrizes e Bases nº 5.692/71, dando providências para o ensino
de 1° e 2º graus. Ocorre então a diluição do conteúdo para atender as camadas populares.
Partindo de um movimento de lutas sociais, ganha ênfase a necessidade de
criar uma nova Constituição Federal no ano de 1988. Nesse contexto, acredita-se que
a educação deve ser promovida em colaboração com a sociedade promovendo o pleno
desenvolvimento do aluno, assim como o seu preparo para o exercício da cidadania e para
o mercado de trabalho.
Por fim, na década de 1990, especialmente no ano de 1996, podemos notar nova-
mente a redefinição da Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394, durante o governo de Fernando
Henrique Cardoso. Agora, pautada no princípio de promover o pleno desenvolvimento do
indivíduo, com base na vida em sociedade e para atuar ativamente no mercado de trabalho.

UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. 43


MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Guia Prático da Política Educacional no Brasil: Ações,
planos, programas, impactos.
Autor: Pablo Silva Machado Bispo dos Santos
Editora: Cengage Learning Brasil.
Sinopse: A educação brasileira, em sua organização nacional e
federativa, vem passando por múltiplas mudanças estruturais
e funcionais, em especial no que se refere ao acesso, à
permanência e à busca da qualidade. Nesse senti- do, há um
cruzamento formidável de iniciativas governamentais por
meio de políticas e programas com significativas alterações no
ordenamento jurídico-legal, muitas das quais respondendo,
de modo amplo ou restrito, a demandas de movimentos e
pressões provenientes de organizações e asso- ciações ligadas
à educação.
Tais mudanças podem ser periodizadas a partir da lei das
diretrizes e bases da educação nacional (Lei n° 9.394/96), e
fizeram a educação brasileira passar a ser marcada por grande
flexibilidade pedagógica e avaliações sistemáticas. As mudanças
que se processaram desde então, seja no âmbito nacional, seja
no federativo de estados e de municípios, seja no nacional, pela
assunção de convênios internacionais, adquiriram um ritmo
rápido e tiveram grande influência em programas e políticas.
Exigiram também forte presença dos órgãos normativos, que
tiveram de exercer suas funções buscando a interpretação
e a aplicação das leis, para aclimatá-las a um país diverso e
continental.

FILME/VÍDEO
Título: D02 - LDB - Entrevista com Carlos Roberto Jamil Cury
Ano: 2014
Sinopse: Programa que apoia a disciplina D-2 - Lei de Diretrizes
e Bases do curso de Pedagogia Unesp/Univesp realiza uma
entrevista com Carlos Roberto Jamil Cury, professor da PUC de
Minas Gerais, autor de Lei de Diretrizes e Bases e Perspectivas
da Educação Nacional.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=425zPBPp-
-UA

UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. 44


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UNIDADE

FINANCIAMENTO
DA EDUCAÇÃO
BRASILEIRA: SALÁRIO
EDUCAÇÃO, FUNDEB E
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FNDE
Professora Mestra Mylena Mikaellen Beraldo

Plano de Estudos
• Educação Básica: direito e obrigatoriedade nos níveis e modalidades de
ensino.
• O salário educação e o financiamento educacional.
• Fundeb como avanço na valorização da educação.
• FNDE e os programas complementares de educação.
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Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar e contextualizar a educação básica, dispondo sobre os níveis
de ensino e a obrigatoriedade;
• Compreender as concepções do salário educação e o financiamento
educacional;
• Estabelecer a importância do Fundeb e FNDE para a valorização da
educação brasileira.
INTRODUÇÃO
Observamos nas unidades I e II que a educação brasileira foi moldada a partir das
concepções escolanovistas, com o intuito de formar um indivíduo capaz de compreender os
movimentos sociais e solucionar os problemas que porventura vierem a aparecer.
A partir da caracterização normativa que compreende a função da escola buscare-
mos, nesta unidade, identificar quais são os fatores predominantes na obrigatoriedade do
ensino e como ele está sendo financiado nos dias atuais.
Partindo de uma análise crítica vamos juntos acompanhar as criações de programas
como o Salário-Educação, Fundef e o Fundeb que promoveram a organização do
financiamento educação destinado a educação infantil, ensino fundamental e ensino médio,
assim como uma nova visão voltada para a formação continuada dos profissionais inseridos
no magistério.
Veremos que todos os programas supracitados foram criados com o intuito de sanar
as desigualdades existentes no Brasil por meio da oferta de uma educação de qualidade
para todos.
Convido você a refletir criticamente sobre todas as mudanças financeiras que a edu-
cação brasileira apresenta, identificando as influências positivas e negativas para a forma-
ção humana.

BONS ESTUDOS

UNIDADE 3 FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: SALÁRIO EDUCAÇÃO, FUNDEB E FNDE 46


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TÓPICO
EDUCAÇÃO BÁSICA: DIREITO E
OBRIGATORIEDADE NOS NÍVEIS E
MODALIDADES DE ENSINO

Como vimos anteriormente nas unidades I e II, a educação brasileira percorreu


muitos caminhos até chegar a sua organização atual, foi após um processo de muita luta
que no ano de 1996 houve a remodelação do ensino por meio da Lei de Diretrizes e Bases.
A partir desse contexto histórico, a educação básica passa a ofertar um ensino com
base na igualdade e na liberdade, formando cidadãos aptos para o mercado de trabalho. De
acordo com Affonso (2021, p. 57), a educação, reconhecida como uma política pública tem
como função “[...] garantir o acesso e a permanência do aluno na escola e, ao mesmo tempo,
favorecer a participação e o envolvimento de todos os membros da comunidade local e escolar.”.
Nesse sentido, é com a promulgação da Lei n° 12.796, de 4 de abril de
2013, durante o governo de Dilma Rousseff, que são estabelecidas algumas
mudanças na LDB n° 9394/96 voltadas para o atendimento educacional no Brasil.
Em seu Art. 4 a Lei n° 12.796 salienta as seguintes alterações:

I- educação básica obrigatória e gratuita dos


4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade,
organizada da seguinte forma:a) pré-escola;
b)ensino fundamental; c)ensino médio;
II- educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) anos de idade;
III- atendimento educacional especializado gratuito aos educandos
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas
e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino;
IV- acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e
médio para todos os que não os concluíram na idade própria;
VIII- atendimento ao educando, em todas as etapas da educação
básica, por meio de programas suplementares de material didático-
escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde (BRASIL,
2013).

UNIDADE 3 FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: SALÁRIO EDUCAÇÃO, FUNDEB E FNDE 47


Diante das mudanças citadas acima, o Ministério da Educação (2013) esclarece que
as crianças deveriam ser matriculadas na educação básica a partir dos quatro anos de
idade. Desse modo, cabe aos e responsáveis a tarefa de inseri-los no contexto educacional.
Além disso, a partir das mudanças elencadas, o fornecimento de
transporte, alimentação e material didático também serão estendidos a
todas as etapas da educação básica, sendo de responsabilidade do Estado.
Voltada para as reformas educacionais brasileiras que ganharam força no final da
década de 1990, Affonso (2021) destaca:

As reformas educacionais que vêm sendo implementadas mostram


um modelo educacional que está sendo ajustado à lógica mercantilista
em prejuízo dos ideais pedagógicos de formação humana, de preparo
para o exercício da cidadania e de qualificação para o trabalho
(AFFONSO, 2021, p. 55).

Nesse contexto, uma educação de qualidade é aquela que forma o indivíduo


desde a tenra idade, desenvolvendo nele competências básicas para o seu cotidiano.
As normativas da educação brasileira, defendem que o processo educativo é o
principal meio para a construção do conhecimento sistematizado, apropriando-se
de novas habilidades para lidar com o contexto social no qual encontra-se inserido.
Assim, no Brasil, a partir das ressignificações advindas do final da década de
1990, foram desenvolvidos os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o Ensino
Fundamental e Médio e o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI),
estes documentos foram destinados às organizações do ensino das escolas públicas de
Educação Básica.

O objetivo primordial da educação é o de dotar o homem de instrumentos


culturais capazes de impulsionar as transformações materiais e espirituais
exigidas pela dinâmica da sociedade. A educação aumenta o poder do ho-
mem sobre a natureza e, ao mesmo tempo, busca conformá-lo aos objetivos
de progresso e equilíbrio social da coletividade a qual pertence. A educação
é, portanto, um fato social (LIMA et al. 2016, p. 2).

Com base nisso, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) buscaram estabelecer


um referencial de qualidade para o desenvolvimento educacional no país, especificamente
para o Ensino Fundamental, “[...] sua função é orientar e garantir a coerência dos investimentos
no sistema educacional, socializando discussões, pesquisas e recomendações,
subsidiando a participação de técnicos e professores brasileiros [...]” (BRASIL, 1997, p. 13­­­­).
De acordo com o PCN (1997), durante as décadas de 70 e 80 a
política educacional brasileira voltou a sua atenção para a expansão das
oportunidades de escolarização, buscando ofertar o acesso e a permanência
à educação para os indivíduos que se encontram à margem da sociedade.
Mesmo com um grande número de crianças inseridas no contexto escolar, a problemática
volta-se para “[...] os altos índices de repetência e evasão apontam problemas que evidenciam

UNIDADE 3 FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: SALÁRIO EDUCAÇÃO, FUNDEB E FNDE 48


a grande insatisfação com o trabalho realizado pela escola.” (BRASIL, 1997, p. 17).
Com isso, a escola se tornou a principal responsável pelo sucesso dos indivíduos,
cujo papel estava voltado para formar cidadãos aptos para viver em sociedade. Assim, o
PCN (1997) ressalta o compromisso da instituição escolar para:

[...] garantir o acesso aos saberes elaborados socialmente, pois


estes se constituem como instrumentos para o desenvolvimento, a
socialização, o exercício da cidadania democrática e a atuação no
sentido de refutar ou reformular as deformações dos conhecimentos,
as imposições de crenças dogmáticas e a petrificação de valores. Os
conteúdos escolares que são ensinados devem, portanto, estar em
consonância com as questões sociais que marcam cada momento
histórico (BRASIL, 1997, p. 33).

Podemos compreender então que as normativas que embasam o contexto


educacional reconhecem a importância da participação construtiva do aluno, isto
é, que levem em consideração a sua experiência adquirida fora da instituição
de ensino, juntamente da intervenção do professor, que será o pilar para a
promoção da aprendizagem de conteúdos sistematizados que favoreçam o
desenvolvimento das competências necessárias à formação do indivíduo.
A educação escolar brasileira está pautada no intencionalismo que
ocorre de forma sistemática, planejada e continuada. Então podemos
afirmar que ela se difere da educação que ocorre em outros espaços?
Isso mesmo! Devemos ter clara a ideia de que a educação, mediada nas instituições
escolares, difere de outras instâncias, como a orientação transmitida pela família, pelo
trabalho, pela mídia, assim como nos demais espaços de convivência social.

A escola, ao tomar para si o objetivo de formar cidadãos capazes de


atuar com competência e dignidade na sociedade, buscará eleger,
como objeto de ensino, conteúdos que estejam em consonância
com as questões sociais que marcam cada momento histórico, cuja
aprendizagem e assimilação são as consideradas essenciais para
que os alunos possam exercer seus direitos e deveres. Para tanto,
ainda é necessário que a instituição escolar garanta um conjunto
de práticas planejadas com o propósito de contribuir para que os
alunos se apropriem dos conteúdos de maneira crítica e construtiva.
A escola, por ser uma instituição social com propósito explicitamente
educativo, tem o compromisso de intervir efetivamente para promover
o desenvolvimento e a socialização de seus alunos (BRASIL, 1997,
p. 34).

Com base nisso, fica evidente que a escola deve valorizar a cultura existente em cada
espaço social, visto que o Brasil é um país multicultural. Portanto, é de suma importância que a
escola “[...] favoreça a produção e a utilização das múltiplas linguagens, das expressões e dos
conhecimentos históricos, sociais, científicos e tecnológicos, sem perder de vista a autonomia

UNIDADE 3 FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: SALÁRIO EDUCAÇÃO, FUNDEB E FNDE 49


intelectual e moral do aluno, como finalidade básica da educação.” (BRASIL, 1998, p. 44, b).
Seguindo a base de orientação educacional, temos o Referencial Curricular Nacional
para a Educação Infantil (1998) que estabeleceu um conjunto de referências e orientações
pedagógicas com o objetivo de promover práticas educativas de qualidade a fim de ampliar, desde
a tenra idade, as condições necessárias para o exercício da cidadania das crianças brasileiras.
Ainda assim, o documento destaca alguns princípios no qual a educação infantil deve
estar embasada, garantindo aos alunos, de zero a seis anos, o desenvolvimento das habilidades
emocionais, sociais e cognitivas que colaboram para a construção de um cidadão ético e ativo.
Além desses princípios podemos destacar:

QUADRO 1 - PRINCÍPIOS QUE EMBASAM A EDUCAÇÃO INFANTIL.

• o respeito à dignidade e aos direitos das crianças, consideradas nas suas diferenças
individuais, sociais, econômicas, culturais, étnicas, religiosas etc.;

• o direito das crianças a brincar, como forma particular de expressão, pensamento,


interação e comunicação infantil;

• o acesso das crianças aos bens socioculturais disponíveis, ampliando o desenvolvimento


das capacidades relativas à expressão, à comunicação, à interação social, ao pensamento,
à ética e à estética;

• a socialização das crianças por meio de sua participação e inserção nas mais
diversificadas práticas sociais, sem discriminação de espécie alguma;

• o atendimento aos cuidados essenciais associados à sobrevivência e ao desenvolvimento


de sua identidade.

Fonte: BRASIL (1998, p. 13, c).

Com o quadro acima podemos destacar a importância de promover vivências


prazerosas para as crianças pequenas, fazendo com que o processo de ensino e
aprendizagem esteja atrelado ao brincar e a promoção da qualidade de vida infantil.
Neste sentido, o Referencial caracteriza-se com base em uma proposta
flexível que respeita a pluralidade e diversidade da sociedade brasileira. Assim,
é papel da instituição de educação infantil “[...] tornar acessível a todas as
crianças que a frequentam, indiscriminadamente, elementos da cultura que
enriquecem o seu desenvolvimento e inserção social.” (BRASIL, 1998, p. 23, c).
Portanto, podemos confirmar que a instituição de ensino, tanto da
educação infantil quanto do ensino fundamental, cumpre um papel socializador,
estabelecendo o desenvolvimento da identidade dos alunos desde crianças,
por meio da compreensão de conteúdos produzidos historicamente.
Partindo desse aspecto, vamos juntos compreender como se deu a criação do salário
educação e qual a sua contribuição para o financiamento educacional.

UNIDADE 3 FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: SALÁRIO EDUCAÇÃO, FUNDEB E FNDE 50


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2
TÓPICO
O SALÁRIO EDUCAÇÃO
E O FINANCIAMENTO
EDUCACIONAL

Como vimos anteriormente, a educação brasileira é organizada por meio de


normativos, cujo objetivo está em promover o desenvolvimento social do indivíduo.
Cabe relembrar que a Constituição Federal (1988) reconheceu a educação enquanto
direito de todos e responsabilidade do Estado, da família e da sociedade, sendo
nessa perspectiva que a educação passa a se constituir enquanto política pública.
Contudo, é importante destacar que “[...] infelizmente, milhões de
crianças ainda permanecem privadas de oportunidades educacionais, muitas
delas em razão da pobreza, da falta de acesso ou da desinformação” (LIMA,
2016, p. 101). Sendo assim, o maior desafio da instituição de ensino é ofertar
uma educação de qualidade para todos, garantindo o acesso e a permanência.
Assim, com base na promoção do desenvolvimento social do aluno o Ministério da
Educação (2010) explica:

Em 1964 é criado o Salário-Educação, por meio da Lei nº 4.440/1964,


tendo como objetivo a suplementação das despesas públicas com a
educação elementar (ensino fundamental), adotando como base de
cálculo 2% do Salário Mínimo local, por empregado, mensalmente.
Em seguida, em 1965, a alíquota dessa contribuição social passou a
ser calculada à base de 1,4 % do salário de contribuição definido na
legislação previdenciária e mais tarde, em 1975, por meio do Decre-
to-Lei nº 1.422/1975 e do Dec. 76.923/1975, novas alterações foram
implantadas no contexto do Salário-Educação, passando sua alíquota
a ser calculada à base de 2,5% do salário de contribuição das em-
presas, situação que perdura até os dias atuais ( MINISTÉRIO DA
EDUCAÇÃO, 2010).

UNIDADE 3 FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: SALÁRIO EDUCAÇÃO, FUNDEB E FNDE 51


Levando em consideração a citação acima, é importante destacar que entre
os anos 1964 a 1974, 0,5% do valor arrecadado estava voltado para a cobertura
de despesas. O restante, por sua vez, apresenta-se de forma dividida, 50% para o
governo estadual (Quota Estadual) e 50% para o governo federal (Quota Federal).
Mas como será destinada cada Quota determinada
acima? O que será feito com os recursos arrecadados?
Pois bem, os recursos da Quota Federal do Salário-Educação são aplicados
no financiamento de programas e projetos voltados para a universalização do
ensino fundamental, ou seja, para a oferta do ensino para todo público. Assim,
destina a verba para a melhoria de programas socioeducacionais já existentes.
Por outro lado, os recursos supracitados são formalizados e destinados para a Quota
Estadual e Municipal, cujo trabalho deve estar voltado para a promoção do ensino público
regular, educação especial e educação de jovens e adultos, financiando itens básicos como:
transporte do escolar, construção, reforma de prédios escolares, aquisição de material
didático-pedagógico e equipamentos para escola, assim como a capacitação de professores.
Após a criação do Salário-Educação, com o intuito de promover o aumento do público
nas escolas, a Constituição Federal (1988) estabeleceu em seu Art. 212 os seguintes itens:

Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os


Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no
mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente
de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos Estados
aos respectivos Municípios, não é considerada, para efeito do
cálculo previsto neste artigo, receita do governo que a transferir.
§ 2º Para efeito do cumprimento do disposto no caput deste
artigo, serão considerados os sistemas de ensino federal,
estadual e municipal e os recursos aplicados na forma do art. 213.
§ 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará prioridade ao atendimento das
necessidades do ensino obrigatório, no que se refere a universalização, garantia
de padrão de qualidade e equidade, nos termos do plano nacional de educação.
§ 4º Os programas suplementares de alimentação e assistência à
saúde previstos no art. 208, VII, serão financiados com recursos
provenientes de contribuições sociais e outros recursos orçamentários.
§ 5º A educação básica pública terá como fonte adicional de financiamento a
contribuição social do salário-educação, recolhida pelas empresas na forma da lei.
§ 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da contribuição social do salário-
educação serão distribuídas proporcionalmente ao número de alunos matriculados
na educação básica nas respectivas redes públicas de ensino (BRASIL, 1988).

Com base no quadro acima, compreendemos a existência do programa


Salário-Educação que busca contribuir financeiramente para o desenvolvimento
social, por meio da criação de projetos voltados para a Educação Básica.
Conforme estabelece o Ministério da Educação, os recursos do Salário-Educação são
repartidos em cotas, destinados respectivamente para a União, os Estados, o Distrito Federal e
os municípios. Cortes (1989, p. 415) destaca que as “empresas com mais de cem empregados
poderiam deixar de contribuir se tivessem ensino primário próprio ou distribuíssem bolsas de
estudos aos empregados ou seus filhos, mediante convênios firmados com escolas privadas.”.

UNIDADE 3 FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: SALÁRIO EDUCAÇÃO, FUNDEB E FNDE 52


Dessa forma, estão isentos de pagar o salário-educação: a União, os estados, o Distrito
Federal e os municípios, bem como suas respectivas autarquias e fundações; as instituições
públicas de ensino de qualquer grau; as escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas,
organizações de fins culturais; e as organizações hospitalares e de assistência social.
Nesse sentido, a Lei nº 9.766, de 18 de dezembro de 1998, promulgada durante o
governo de Fernando Henrique Cardoso, estabelece os critérios para a efetivação do Salário-
Educação. Dessa forma, esclarece em seu Art. 3 que o “Salário-Educação não tem caráter
remuneratório na relação de emprego e não se vincula, para nenhum efeito, ao salário ou à
remuneração percebida pelos empregados das empresas contribuintes” (BRASIL, 1998, a).
De acordo com Cortes (1989, p. 414), o Salário-Educação foi criado com a
finalidade de “[...] suplementar os recursos públicos destinados à manutenção e ao
desenvolvimento do ensino, se constituindo numa fonte adicional ao ensino fundamental
público. O objetivo [...] da sua criação era o de eliminar o analfabetismo no país”.
Nesse contexto, a Lei n° 10.832/2003, promulgada durante o governo de Luiz Inácio
Lula da Silva, provocou alterações significativas na divisão do dinheiro arrecadado por
meio do programa Salário-educação. De acordo com o Ministério da Educação (2010), as
mudanças permanecem vigentes até os dias atuais da seguinte forma:

a. 10% da arrecadação líquida fica com o próprio FNDE, que a aplica


no financiamento de projetos, programas e ações da educação básica;
b. 90% da arrecadação líquida é desdobrada e automaticamente
disponibilizada aos respectivos destinatários, sob a forma de quotas
(BRASIL, 2003).

Vimos que o salário-educação promoveu mudanças significativas na dis-


tribuição e organização do ensino. Nesse contexto, políticas públicas foram cria-
das com o intuito de inserir as crianças marginalizadas no contexto escolar.
O Brasil, enquanto um país inserido na agenda da globalização, promove a or-
ganização educacional com base nos pressupostos capitalistas, formando um indi-
víduo que atenda a esses interesses agindo como um cidadão ativo na sociedade.
Por fim, seguindo os aspectos de financiamento educacional, veremos a seguir as
concepções que formalizaram o Fundeb e quais foram os avanços na valorização da edu-
cação.

UNIDADE 3 FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: SALÁRIO EDUCAÇÃO, FUNDEB E FNDE 53


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3
TÓPICO

FUNDEB COMO AVANÇO NA


VALORIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO

Vimos anteriormente que a educação básica está pautada em normativas que


almejam a sistematização do ensino, garantindo o acesso e a permanência para todas
as crianças. Para que esta oferta seja colocada em prática, entra em ação a União,
Estados e municípios, trabalhando juntos para a promoção da melhoria educacional.
É importante lembrar que a organização da educação brasileira esteve
sempre pautada na organização social estabelecida pelo governo, que busca
segmentar as finalidades da instituição de ensino por meio de normativas.
Com base nos pressupostos da Constituição Federal 1988 e da Lei de
Diretrizes e Bases 9394/96 para a educação, identificamos que a educação é um
direito de todos, sendo de responsabilidade do Estado, da família e da sociedade.
De acordo com Lima (2016, p. 186), “[...] para se assegurar uma educação com
equidade e mínima qualidade, é fundamental reconhecer as responsabilidades das esferas
governamentais federais, estaduais e municipais em relação aos investimentos nas áreas
educacionais”. Para relembrar o papel de cada instância observe o quadro abaixo:

UNIDADE 3 FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: SALÁRIO EDUCAÇÃO, FUNDEB E FNDE 54


QUADRO 2. INSTÂNCIAS GOVERNAMENTAIS.
ESFERA GOVERNA- CONSTITUIÇÃO LDB 9394/96
MENTAL FEDERAL 1988

Organizará o sistema fe- Prestará assistência técnica e fi-


deral de ensino e o dos nanceira aos estados, ao Distrito
territórios, financiará as Federal e aos municípios para o
instituições de ensino pú- desenvolvimento de seus siste-
blicas federais e exercerá, mas de ensino e o atendimento
em matéria educacional, prioritário à escolaridade obrigató-
função redistributiva e su- ria, exercendo sua função redistri-
pletiva, de forma a garantir butiva e supletiva (art. 9o, III).
equalização de oportunida-
des educacionais e padrão
mínimo de qualidade do
ensino mediante assistên-
UNIÃO cia técnica e financeira aos
estados, ao Distrito Federal
e aos municípios (art. 211,
§ 1o, redação dada pela
Emenda Constitucional no
14, de 1996).

Aplicará, anualmente, nun- Definirá, com os municípios, for-


ca menos de 18%, e os es- mas de colaboração na oferta do
tados, o Distrito Federal e ensino fundamental, as quais de-
os municípios, 25%, no mí- vem assegurar a distribuição pro-
nimo, da receita resultante porcional das responsabilidades,
ESTADOS, MUNICÍ- de impostos, compreendida de acordo com a população a ser
PIOS E DISTRITO FE- a proveniente de transfe- atendida e os recursos financeiros
DERAL rências, na manutenção e disponíveis em cada uma dessas
no desenvolvimento do en- esferas do Poder Público (art. 10,
sino (art. 212). II).

Fonte: Lima (2016, p. 187).

UNIDADE 3 FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: SALÁRIO EDUCAÇÃO, FUNDEB E FNDE 55


Partindo do exposto, identificamos que a LDB surge para reforçar o financiamento
educacional que já havia sido estabelecido na Constituição Federal. Lima (2016) chama a
nossa atenção para o aspecto de que os investimentos acontecem a partir das arrecada-
ções governamentais, o que faz com que aumente os aspectos de desigualdades entre as
regiões com desenvolvimento menor.

O Brasil é um país que tem uma dívida histórica com a educação. Isso tem como consequência milhões
de adultos que não tiveram acesso à educação na idade própria, o que retrata os mais de dois milhões
de adultos analfabetos, além dos jovens e adolescentes que estão fora da escola ou com disparidade
na idade-série. As discussões acerca do financiamento da educação têm perpassado os debates sobre
a democratização da educação e da escola por meio do acesso e permanência com qualidade social, a
melhoria da qualidade do ensino e a garantia dos direitos dos cidadãos, como vimos na Constituição
Federal/88 e na LDB/96 (BRASIL, 2006, p. 44-5).

No intuito de reduzir a marginalização social e suprir a existência da desigualdade,


o Conselho Escolar e o financiamento da educação no Brasil (2006), publicado durante o
governo de Luiz Inácio Lula da Silva, determina que:

É indispensável a participação da comunidade no acompanhamento


e fiscalização dos recursos que são destinados à manutenção e
desenvolvimento do ensino. É princípio da administração pública a
publicização de seus atos. A peça orçamentária está disponível para
qualquer cidadão, basta procurar as instituições do poder Legislativo
ou Executivo para obter tais informações (BRASIL, 2006, p. 40-1).

Com base na Constituição Federal e LDB 9394/96 ocorre a criação


de fundos de desenvolvimento destinados aos órgãos governamentais,
com o objetivo de desenvolver a educação pública no Brasil.
A Lei nº 9.424, de 24 de dezembro de 1996, promulgada durante o governo de
Fernando Henrique Cardoso, regulamenta o Fundef, ou seja, consiste no do Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério,
se caracteriza por um fundo de natureza contábil que não possui personalidade jurídica.
Conforme afirma Lima (2016, p. 189), o Fundef “[...] representou um avanço para
o enfrentamento dos problemas do ensino fundamental público, adotando novos critérios
para a distribuição dos recursos públicos vinculados à educação”. Assim, em seu Art. 9,
designa:

UNIDADE 3 FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: SALÁRIO EDUCAÇÃO, FUNDEB E FNDE 56


Art. 9º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão, no
prazo de seis meses da vigência desta Lei, dispor de novo Plano
de Carreira e Remuneração do Magistério, de modo a assegurar:
I- a remuneração condigna dos professores do ensino
fundamental público, em efetivo exercício no magistério;
II- o estímulo ao trabalho em sala de aula;
III- a melhoria da qualidade do ensino.
§ 1º Os novos planos de carreira e remuneração do magistério deverão
contemplar investimentos na capacitação dos professores leigos, os
quais passarão a integrar quadro em extinção, de duração de cinco anos.
§ 2º Aos professores leigos é assegurado prazo de cinco anos para
obtenção da habilitação necessária ao exercício das atividades
docentes (BRASIL, 1996).

Segundo as normativas que amparam o Fundef, o seu objetivo estava


voltado para a universalização do ensino fundamental, assim como a oferta
de uma remuneração digna para os funcionários inseridos no magistério.
As maiores mudanças evidenciadas com a sua criação foram caracterizadas
pela reestruturação do financiamento do ensino fundamental público no país. Os
recursos foram organizados para serem distribuídos automaticamente, partindo da
análise do número de alunos matriculados em cada rede de ensino fundamental.
É importante deixar claro que a responsabilidade pelo financiamento deveria ser
compartilhada entre o governo estadual e os governos municipais. Observe no quadro
abaixo como os recursos estavam organizados.

QUADRO 3. FONTE DE RECURSOS DO FUNDEF


● 15% do Fundo de Participação dos Municípios – FPM;
● 15% do Fundo de Participação dos Estados – FPE;
● 15% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS;
● 15% do Imposto sobre Produtos Industrializados, proporcional às Exportações –
IPIexp;
● 15% do ressarcimento da União pela Desoneração de Exportações (LC nº 87/96);
e
● Complementação da União.

Fonte: Brasil (2006, p. 47).

Nesse sentido, de acordo com o Conselho Escolar e o financiamento da educação no


Brasil (2006), o cálculo realizado para o Fundef é baseado no valor mínimo nacional estabelecido
por aluno/ano. Caso o valor arrecadado não alcance o mínimo estipulado para o âmbito
nacional, caberá ao governo federal assegurar a diferença automaticamente para o programa.

UNIDADE 3 FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: SALÁRIO EDUCAÇÃO, FUNDEB E FNDE 57


É importante destacar que a Lei supracitada ficou em vigência até o ano de 2007,
pois após esse período ela foi substituída pelo Fundeb.

O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e


de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) é um Fundo
especial, de natureza contábil e de âmbito estadual (um total de vinte e
sete Fundos), composto por recursos provenientes de impostos e das
transferências dos Estados, Distrito Federal e Municípios vinculados
à educação, conforme disposto nos arts. 212 e 212-A da Constituição
Federal (BRASIL, 2018 a).

Pois bem, podemos observar que foi desenvolvido um novo Fundo de Manutenção
para a educação brasileira semelhante ao Fundef. Para o Conselho Escolar e o financiamento
da educação no Brasil “[...] isso significa que o Fundeb será de âmbito estadual, captando
parte dos recursos dos estados e municípios, distribuindo-os de acordo com o número
de alunos matriculados na educação básica da rede pública” (BRASIL, 2006, p. 50-1).
Os recursos do Fundeb são destinados aos Estados, Distrito Federal e Municípios com o
intuito de promover a manutenção e o desenvolvimento da educação básica pública brasileira.
Assim, “[...] os Municípios utilizarão os recursos provenientes do Fundeb na educação infantil
e no ensino fundamental e os Estados no ensino fundamental e médio” (BRASIL, 2018 a).
Os alunos considerados a serem atendidos serão aqueles inseridos no ensino regular,
educação especial e EJA, respectivamente nas etapas de educação infantil (creche e pré-
escola), ensino fundamental (de oito ou de nove anos) e do ensino médio, nas escolas tanto
urbanas quanto rurais. De acordo com Lima (2016):

A criação do FUNDEF e do FUNDEB e a presença de formas de


organização do financiamento da educação básica em documentos
legislativos — tais como a LDB, as emendas constitucionais e o
Plano Nacional de Educação— favorecem o uso dos recursos
de modo mais transparente, equitativo e responsável. O objetivo
dessas articulações, como você viu, é enfrentar os graves problemas
que marcam a história educacional brasileira (LIMA, 2016, p. 194).

Cabe às esferas governamentais a responsabilidade de ofertar


uma educação de qualidade a todos, sistematizando a educação
básica evitando os aspectos que caracterizam a marginalização social.
A seguir analisaremos os órgãos gestores que fazem parte da realização do
financiamento educacional no Brasil, especificamente ao papel que o Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação, aliado ao Ministério da Educação, desempenham em nossa
sociedade.

UNIDADE 3 FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: SALÁRIO EDUCAÇÃO, FUNDEB E FNDE 58


PARÂMETRO FUNDEF FUNDEB
1) Vigência De 10 anos (até 2006) De 14 anos (a partir do ano
seguinte à promulgação da
Emenda Constitucional de cria-
ção do Fundeb, (podendo ter o
seu prazo estendido sem aviso
prévio).
2) Alcance Apenas o Ensino Funda- Educação Infantil, Ensino Fun-
mental damental e Médio
3) Número de alunos 30,7 milhões de alunos 47,2 milhões de alunos, a partir
(dados preliminares do do 4º ano de vigência do Fundo
Censo Escolar de 2004) (dados do Censo Escolar de
2004)
4) Fontes de recursos 15% de contribuição de Contribuição de estados, DF
que compõem o Fundo estados, DF e municípios: e municípios, com previsão,
Fundo de Participação após a implantação plena do
dos Estados – FPE Fundo Fundo, de 20% sobre: Fundo
de Participação dos de Participação dos Estados
Municípios – FPM; Imposto – FPE; Fundo de Participação
sobre Circulação de dos Municípios – FPM; Imposto
Mercadorias e Serviços – sobre Circulação de Mercadorias
ICMS; e Serviços – ICMS;
Imposto sobre Produtos Imposto sobre Produtos In-
Industrializados, dustrializados, proporcional às
proporcional às exportações– IPIexp; Desonera-
exportações– IPIexp; ção de Exportações (LC 87/96);
Desoneração de Imposto sobre Transmissão
Exportações (LC 87/96); “Causa Mortis” e Doações – IT-
Complementação da CMD;
União. Imposto sobre Propriedade
de Veículos Automotores –
IPVA; Quota Parte de 50%
do Imposto Territorial Rural
devida aos Municípios – ITR;
Complementação da União.

5) Complementação da Não há definição, na Cons- Há previsão de valores


União ao Fundo tituição, de parâmetro que na Proposta de Emenda
assegure o montante da Constitucional, visando
de recursos da União para assegurar o montante de
o Fundo. recursos complementares da
União para o Fundo.
6) Distribuição dos Com base no nº de alunos Com base no nº de alunos da
recursos do ensino fundamental educação básica (creche, pré-
regular e especial, de escola, fundamental e médio),
acordo com dados do de acordo com dados do Censo
Censo Escolar do ano Escolar do ano anterior.
anterior.

UNIDADE 3 FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: SALÁRIO EDUCAÇÃO, FUNDEB E FNDE 59


Quais as principais diferenças entre o Fundef e o Fundeb?
Vejamos como apresenta o Conselho Escolar e o financiamento da educação no Brasil (2006):

UNIDADE 3 FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: SALÁRIO EDUCAÇÃO, FUNDEB E FNDE 60


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4
TÓPICO
FNDE E OS PROGRAMAS
COMPLEMENTARES DE
EDUCAÇÃO

Como analisamos anteriormente, a educação brasileira é organizada


com base em programas que regem o financiamento estudantil. Assim,
realizaremos uma breve análise a fim de identificar quais os órgãos gestores
que fazem parte da realização do financiamento educacional no Brasil.
Especificamente ao papel que o Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE), aliado ao Ministério da Educação, desempenham em nossa
sociedade. De acordo com Parente (2006, p. 19), “o financiamento da educação, mais
do que importante instrumento para a implementação das políticas sociais, constitui-
se um determinante do padrão de intervenção do Estado nas políticas educacionais”.
É importante ressaltar que o formato pelo qual o ensino está organizado
segue um padrão imposto pelas classes dominantes por meio da política. Cabe
destacar que o FNDE é o órgão responsável pela execução da maioria das ações
e programas da Educação Básica do nosso País [...], além de atuar também na
Educação Profissional e Tecnológica e no Ensino Superior (BRASIL, 2018 b).
Desse modo, o FNDE estabelece um papel central no desenvolvimento
educacional e na promoção da garantia de um ensino de qualidade, especificamente
nas escolas públicas. Assim, o FNDE tem como finalidade “[...] captar recursos
financeiros e canalizá-los para o financiamento de projetos de ensino e pesquisa, de
acordo com as diretrizes do planejamento nacional da Educação” (BRASIL, 2018 b).
O FNDE, criado oficialmente pela lei nº 5.537, de 21 de novembro de 1968, além de
promover a organização do Fundeb, viabiliza os seguintes programas:

UNIDADE 3 FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: SALÁRIO EDUCAÇÃO, FUNDEB E FNDE 61


Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE): o maior programa de
alimentação escolar do mundo! Ele garante que as escolas recebem 10
parcelas anuais de recursos que devem ser aplicadas na nutrição saudável
dos estudantes, com parte dos produtos comprados de agricultores locais;
Salário-Educação: recursos arrecadados por meio da contribuição à
Previdência Social que são distribuídos pelo FNDE para que as escolas
possam investir em ações como a construção de quadras escolares;
Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE): outra ação que distribui
recursos sem os quais a escola não funcionaria, o PDDE garante
compra de materiais e equipamentos permanentes e reparos na
infraestrutura das escolas, como pagar o conserto de uma pane elétrica;
Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (Pnate): essa iniciativa
garante que estados e municípios recebam verbas para custear despesas com
transporte em regiões rurais, como trocar pneus furados ou consertar assentos;
Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e Programa Nacional da
Biblioteca da Escola (PNBE): ambos destinados a fazer com que os livros
didáticos e literários, respectivamente, cheguem às escolas do Brasil. Sem tais
iniciativas, a Educação dos brasileirinhos mais pobres estaria comprometida;
Proinfância: Esse programa também está relacionado a recursos, mas dessa
vez às creches. O dinheiro deve apoiar os municípios e do Distrito Federal
na construção e compra de mobiliário e equipamentos para essas unidades
escolares fundamentais para o desenvolvimento infantil (BRASIL, 2018 b).

Assim, cabe ao FNDE promover o acesso e a permanência


do aluno marginalizado no contexto escolar, oferecendo a este aluno
suprimentos básicos como a alimentação e o transporte escolar.
Anteriormente, vimos que as políticas sociais, pautadas na
descentralização, ocorrem por meio da divisão de responsabilidades para as
esferas governamentais. Diante disso, “[...] uma das principais problemáticas do
financiamento público refere-se, justamente, à ausência de delimitação clara das
competências nas diversas instâncias governamentais” (PARENTE, 2006, p. 19).
Por fim, após esta breve análise, compreendemos que o FNDE destina as suas
ações especificamente para a rede pública de ensino e para as escolas que mantêm
convênios com as prefeituras, com o intuito de promover o acesso à educação de qualidade.
Aguardo vocês em nossa próxima unidade, para que juntos possamos compreender
as atividades que competem aos profissionais da Educação Básica, destacando os planos
de cargos e carreira, assim como a importância da formação inicial e continuada para o
exercício da profissão. Daremos ênfase à organização curricular da educação básica por
meio da BNCC, identificando as avaliações que regem a educação brasileira.

UNIDADE 3 FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: SALÁRIO EDUCAÇÃO, FUNDEB E FNDE 62


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Olá aluno(a), chegamos ao fim de mais uma unidade!

Nesta unidade destacamos o direito e a obrigatoriedade nos níveis e modalidades da


educação brasileira, sabemos que a educação está pautada em atitudes escolanovistas, uma
vez que efetiva a supervalorização da experiência do aluno voltada para o desenvolvimento
social e intelectual.
Com base em promover o desenvolvimento humano desde a mais tenra idade, o
Ministério da Educação (2013) contribui que as crianças deveriam ser matriculadas na
educação básica a partir dos quatro anos de idade.
Nesse sentido, essa mudança na obrigatoriedade da educação caracteriza os
aspectos de universalização da educação e a mesma passa a ser repensada após essa
globalização.
A instituição de ensino se tornou a principal responsável pelo sucesso dos indivíduos,
cujo papel estava voltado para formar cidadãos aptos para viver em sociedade. No entanto,
se tornou necessário a criação de diversos programas sociais no intuito de suprir a
defasagem financeira no sistema educacional.
Partindo disso, destacamos a vigência do Salário-Educação como um suplemento
de recursos públicos destinados à manutenção e ao desenvolvimento do ensino. Assim
como os programas Fundef e Fundeb, que foram desenvolvidos com o intuito de reduzir a
marginalização social e suprir a existência da desigualdade.
Por fim, evidenciamos que o FNDE tem um papel central no desenvolvimento
educacional e na promoção da garantia de um ensino de qualidade, especificamente nas
escolas públicas. Contudo, cabe ao PNDE promover o acesso e a permanência do aluno
marginalizado no contexto escolar, oferecendo a este aluno suprimentos básicos para o
seu desenvolvimento.

UNIDADE 3 FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: SALÁRIO EDUCAÇÃO, FUNDEB E FNDE 63


MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Gestão de organizações educacionais.
Autor: BES, Pablo, et al.
Editora: SAGAH.
Sinopse: As discussões sobre a gestão nas organizações
educacionais parecem, à primeira vista, muito distantes dos
graduandos ou recém-formados nos cursos de licenciaturas.
Isso se dá, principalmente, pela proximidade com a docência,
objeto de formação e, simultaneamente, ao distanciamento que
há entre a formação inicial e a atuação profissional no âmbito
da gestão. Assim, este livro, que reflete um compromisso com
a formação de educadores, tem como objetivo aproximar os
estudantes de licenciatura das discussões mais atualizadas
sobre a gestão educacional, o que representa um avanço
em termos de formação, haja vista que a própria gestão é
um conceito muito recente. A educação brasileira vem se
construindo ao longo da sua história
nos seus mais variados aspectos, mas foi a partir do final
do século XX, com a promulgação da Constituição Federal
(1988), que os novos contornos da gestão nas organizações
educacionais começaram a ser traçados. Foram mudanças
políticas e históricas que buscaram romper com as características
de centralização que marcaram o aspecto organizacional da
educação. Foi preciso ampliar o olhar e construir o diálogo
necessário entre as políticas públicas e as demandas sociais
sem, contudo, descuidar dos princípios da gestão pública, o
que representou, e ainda representa, um enorme esforço, pois
são muitos os interesses e tímida a consciência participativa.

FILME/VÍDEO
Título: #EDUCA 201- FNDE
Ano: 2019.
Sinopse: Karine Silva dos Santos, diretora de Ações Educacio-
nais do FNDE, fala sobre o Fundo Nacional de Desenvolvimento
da Educação, criado em 1968 para executar políticas públicas
relacionadas à educação.
Link do vídeo (se houver): https://www.youtube.com/watch?-
v=wWxuiqCXzGA

UNIDADE 3 FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: SALÁRIO EDUCAÇÃO, FUNDEB E FNDE 64


4
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UNIDADE
A FUNÇÃO SOCIAL
DA ESCOLA: A
EDUCAÇÃO E A
FORMAÇÃO DOS
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PROFISSIONAIS DA
EDUCAÇÃO
Professora Mestra Mylena Mikaellen Beraldo

Plano de Estudos
• Profissionais da Educação Básica: planos de cargos e carreira,
formação inicial e continuada.
• A organização curricular da educação básica por meio da BNCC.
• Avaliação da Educação Básica: SAEB.
• Avaliação da educação brasileira: avaliações externas.
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Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar e contextualizar o trabalho e a formação docente;
• Compreender os tipos de organização curricular por meio da BNCC;
• Estabelecer a importância das avaliações externas na educação
brasileira.
INTRODUÇÃO
Observamos nas unidades anteriores e identificamos os fatores predominantes
na definição da obrigatoriedade do ensino, compreendendo como ele vem
sendo financiado pelas políticas públicas educacionais. Após esse período de
análises voltadas para a estrutura da educação, voltamos os nossos olhos para
os profissionais da educação básica e os indicadores da qualidade de ensino.
Em um primeiro momento, buscaremos compreender os planos de cargo e carreira
dos profissionais da educação, visando a importância da formação continuada. A formação
docente surgiu com o objetivo de promover o desenvolvimento de conhecimentos científicos
e sociais, aprimorando suas competências de trabalho e oferecendo melhores oportunidades
aos alunos.
Em seguida, abordaremos a organização curricular por meio da Base Nacional Comum
Curricular (2017), cujo objetivo é nortear os currículos educacionais por meio do desenvolvimento
de habilidades e competências.Assim, o documento segue princípios éticos, políticos e estéticos
que acreditam ser necessários para a constituição de uma sociedade democrática e inclusiva.
Para finalizar, analisaremos os aspectos da Avaliação da Educação Básica,
compreendendo as suas diretrizes e os níveis que engloba, assim como a importância
das avaliações externas para o desenvolvimento da educação. As avaliações são
desenvolvidas com base em indicadores, que após os resultados, são utilizados para
medir a qualidade no ensino e a necessidade de novas políticas públicas para a educação.
As avaliações externas que você verá neste material foram criadas com o intuito
de compreender o nível educacional ofertado em nosso país, assim como o espaço
social no qual os alunos estão inseridos. Com o objetivo de reduzir as desigualdades, por
meio da oferta de uma educação de qualidade que promova os aspectos da equidade.
Sendo assim, convido você a refletir criticamente sobre a trajetória do profissional
da educação, assim como as mudanças impostas pela BNCC ao currículo educacional e
avaliações externas.
BONS ESTUDOS.

UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 66


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1
TÓPICO
PROFISSIONAIS DA
EDUCAÇÃO BÁSICA: PLANOS
DE CARGOS E CARREIRA,
FORMAÇÃO INICIAL E
CONTINUADA

Conforme vimos no início da nossa disciplina, a educação brasileira foi moldada


com base nos processos de globalização, durante a transição do século XX para o XXI.
Diante de diversas mudanças, passam a defender um ensino pautado em competências e
habilidades que seriam necessárias para atender as necessidades do mercado de trabalho.
De acordo com Facci (2004, p. 20), “[...] o mercado de trabalho está exi-
gindo e valorizando homens competitivos, que saibam utilizar a informáti-
ca e a internet, tenham habilidades comunicativas, cognitivas”, assim, eviden-
cia-se a importância do professor enquanto formador de uma nova sociedade.
Não pensem que a consolidação da atuação do professor foi um mo-
mento tranquilo, pois por muitas vezes o fracasso escolar e problemas de in-
disciplina estiveram voltados sob a responsabilidade deste profissional.
Por diversos momentos, a prática docente esteve voltada para a ênfase na prática
operacional. Nesse sentido, a sua formação se deu inicialmente por meio da Lei de Diretri-
zes e Bases n° 9394/96. Cabe destacar que, em seu Art. 61, a LDB n° 9394/96 considera
como profissional da educação:

I– professores habilitados em nível médio ou superior para a


docência na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio:
II– trabalhadores em educação portadores de diploma de
pedagogia, com habilitação em administração, planejamen-
to, supervisão, inspeção e orientação educacional, bem como
com títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas;
III– trabalhadores em educação, portadores de diploma
de curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim.
IV- profissionais com notório saber reconhecido pelos respectivos
sistemas de ensino, para ministrar conteúdos de áreas afins à sua

UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 67


formação ou experiência profissional, atestados por titulação especí-
fica ou prática de ensino em unidades educacionais da rede pública
ou privada ou das corporações privadas em que tenham atuado, ex-
clusivamente para atender ao inciso V do caput do art. 36;
V- profissionais graduados que tenham feito complementação
pedagógica, conforme disposto pelo Conselho Nacional de Educa-
ção (BRASIL, 1996).

Nesse sentido, a formação docente surgiu com o princípio de atender diferentes


objetivos, dentre eles promover o desenvolvimento de conhecimentos científicos e
sociais, aprimorando suas competências de trabalho. Com isso, buscava estabelecer
desde o princípio a associação entre teorias e práticas, por meio de estágios
supervisionados e práticas docentes, ressaltando sempre a importância da experiência.
Partindo da definição do profissional da educação proposto pela LDB n°
9394/96, é importante destacar que a “[...] formação de docentes para atuar na
educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura plena, admitida,
como formação mínima para o exercício do magistério [...]” (BRASIL, 1996).
Nesse sentido, a formação docente compete à:

§ 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios,


em regime de colaboração, deverão promover a formação inicial,
a continuada e a capacitação dos profissionais de magistério.
§ 2ºAformação continuada e a capacitação dos profissionais de magistério
poderão utilizar recursos e tecnologias de educação a distância.
§ 3º A formação inicial de profissionais de magistério dará
preferência ao ensino presencial, subsidiariamente fazendo
uso de recursos e tecnologias de educação a distância.
§ 4º A União, o Distrito Federal, os Estados e os
Municípios adotarão mecanismos facilitadores de acesso
e permanência em cursos de formação de docentes em
nível superior para atuar na educação básica pública.
§ 5º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios incentivarão
a formação de profissionais do magistério para atuar na educação
básica pública mediante programa institucional de bolsa de iniciação
à docência a estudantes matriculados em cursos de licenciatura,
de graduação plena, nas instituições de educação superior.
§ 6º O Ministério da Educação poderá estabelecer nota mínima em
exame nacional aplicado aos concluintes do ensino médio como pré-
requisito para o ingresso em cursos de graduação para formação
de docentes, ouvido o Conselho Nacional de Educação - CNE.
§ 8º Os currículos dos cursos de formação de docentes terão por
referência a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 1996).

De acordo com a LDB n° 9394/96, a formação docente é a base


para formar o indivíduo apto para atuar na instituição de ensino. A formação
deve garantir a esses futuros profissionais a competência para administrar,
planejar, realizar a inspeção, supervisão e orientação educacional.

UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 68


Já em seu Art. 66 a LDB n° 9394/96 salienta que a preparação para o exercício
do magistério superior deverá ocorrer em nível de pós-graduação, prioritariamente
em programas de mestrado e doutorado. Portanto, a valorização deste profissional
se dá perante os termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público.
Em seu Art. 67, a LDB n° 9394/96 ressalta que deve ser garantido ao professor:

I - ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos;


II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive
com licenciamento periódico remunerado para esse fim;
III - piso salarial profissional;
IV - progressão funcional baseada na titulação
ou habilitação, e na avaliação do desempenho;
V - período reservado a estudos, planejamento
e avaliação, incluído na carga de trabalho;
VI - condições adequadas de trabalho (BRASIL, 1996).

Com o intuito de confirmar a formação estabelecida pela LDB n° 9394/96, o Plano Nacional
de Educação, Lei n° 13.005/2014, promulgada durante o governo de Dilma Rousseff, surge
com o intuito de estabelecer metas necessárias para o desenvolvimento educacional no Brasil.
Esse documento assegurou 10 diretrizes que deveriam ser efetivadas dentro de
um prazo de 10 anos, entre 2014 a 2024, dentre essas diretrizes estão a erradicação do
analfabetismo, universalização do atendimento escolar, ou seja, garantir o acesso e a
educação para todos superando as desigualdades.
Portanto, o PNE (2014) promoveu trabalhos voltados para a
ênfase na promoção da cidadania, por meio da melhoria nas condições
educacionais, dentre elas a ênfase na formação do profissional docente.
A meta 18 do PNE (2014), enfatiza “[...] a existência de planos de Carreira
para os (as) profissionais da educação básica e superior pública de todos os
sistemas de ensino e, para o plano de Carreira dos (as) profissionais da educação
básica pública, tomar como referência o piso salarial nacional profissional, [...].”.
Diante da criação da meta 18, são estabelecidas algumas estratégias capazes de
nortear o trabalho da escola enquanto instituição formadora:

18.4) prever, nos planos de Carreira dos profissionais da


educação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
licenças remuneradas e incentivos para qualificação
profissional, inclusive em nível de pós-graduação stricto sensu;
18.7) priorizar o repasse de transferências federais voluntárias, na
área de educação, para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
que tenham aprovado lei específica estabelecendo planos de Carreira
para os (as) profissionais da educação (BRASIL, 2014).

De acordo com o MEC, o plano de carreira deve contemplar desde a formação inicial até a
formação continuada do profissional da educação, assim como o processo de escolha de

UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 69


diretores das escolas. Nesse sentido, é a partir de 2008 com a Lei nº 11.738/2008 que todos os
profissionais do magistério passam a ser abrangidos pelo plano de carreira e remuneração.
De acordo com o contexto histórico do ano de 2008, o piso salarial estabelecido
no Art. 2 para os profissionais do magistério totalizou o valor de R$ 950,00 (novecentos e
cinquenta reais) mensais, sendo atualizado no mês de janeiro de cada ano subsequente.
Essa normativa trata do uso de uma parcela dos recursos da União ao FUNDEB para
o pagamento integral do piso salarial dos profissionais da educação básica pública.
Observe no quadro abaixo algumas formações continuadas disponibilizadas para os
professores e ofertadas pelo Ministério da Educação.

QUADRO 1 - FORMAÇÃO CONTINUADA.

UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 70


Fonte: Ministério da Educação (http://portal.mec.gov.br/formacao).

UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 71


Todos os programas supracitados são oferecidos aos profissionais da educação com o
intuito de garantir o desenvolvimento social, por meio do trabalho de profissionais qualificados.
No entanto, Facci (2004, p. 38) rebate esse modelo educacional, destacando que
“o professor, ao agir como ‘treinador’, não faz exposição dos conhecimentos de maneira
discursiva, mas busca estimular o aluno a relacionar os conhecimentos na solução de
soluções concretas”. Desse modo, cabe ao professor apresentar situações-problemas
que envolvam o conteúdo, ser criativo e flexível durante a sua prática em sala de aula.
É importante salientar que durante o processo de consolidação da formação do
profissional docente no Brasil houve a discussão de diferentes abordagens, dentre elas
podemos destacar o professor reflexivo, que teve início na Inglaterra, na década de 1960.
Assim, o professor reflexivo, surgiu propondo uma reflexão sobre a prática
do professor, com o intuito de promover a qualidade do ensino. Na formação do
professor reflexivo “[...] o docente é encarado como um intelectual em contínuo
processo de formação, cuja experiência é vista como a fonte do saber, sendo
que é a partir dela que se constrói o saber profissional” (FACCI, 2004, p. 42).
Já na década de 1980, começaram a ser difundidos os ideais de Donald Schon, com a
abordagem do professor prático-reflexivo, ou seja, a formação pautada na consciência da
ação. “[...] A proposta de formação de professores, nessa perspectiva, salienta o aspecto da
prática como fonte de conhecimento por meio da reflexão e experimentação” (FACCI, 2004, p. 49).
A tarefa do docente, nesse contexto, consiste em facilitar a aprendizagem, para que
assim o aluno compreenda o conteúdo facilmente, por meio da reflexão de sua prática.
Partindo do exposto, vamos a seguir compreender a organização curricular da
educação básica brasileira, por meio da instauração da Base Nacional Comum Curricular,
destacando quais foram os avanços e desafios para os profissionais da educação.

UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 72


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2
TÓPICO
A ORGANIZAÇÃO
CURRICULAR DA EDUCAÇÃO
BÁSICA POR MEIO DA BNCC

Vocês já pararam para analisar qual o papel do currículo no contexto educacional?


Pois bem, nesse momento, cabe identificar qual a sua importância para
depois compreender a construção da Base Nacional Comum Curricular. Podemos
compreender como currículo a relação de disciplinas com o ambiente educacional,
ou seja, um conjunto de atividades que depende de diferentes agentes sociais.
O currículo é formado a partir da transmissão do saber sistematizado, produzido
historicamente em nossa sociedade. Identificado como um conjunto de atividades
nucleares, que viabiliza os processos de transmissão e assimilação do conhecimento.
Em síntese, para Saviani (2020):

[...] pode-se considerar que o currículo em ato de uma escola não


é outra coisa senão essa própria escola em pleno funcionamento,
isto é, mobilizando todos os seus recursos, materiais e humanos,
na direção do objetivo que é a razão de ser de sua existência: a
educação das crianças e jovens. Poderíamos dizer que, assim como
o método procura responder à pergunta ‘como se deve fazer para
atingir tal objetivo’, o currículo procura responder à pergunta ‘o que
se deve fazer para atingir determinado objetivo’. Diz respeito, pois, ao
conteúdo da educação e sua distribuição no tempo e espaço que lhe
são destinados (SAVIANI, 2020, p. 8).

Após compreender a concepção de currículo e a sua importância para o


desenvolvimento educacional, vamos destacar os principais aspectos da Base
Nacional Comum Curricular, promulgada no ano de 2017 para a Educação
Infantil e Ensino Fundamental, e no ano de 2018 para o Ensino Médio.
Beraldo (2022, p. 83) salienta que “a Educação Básica está
subdividida em três etapas, contemplando a Educação Infantil, o Ensino
Fundamental e o Ensino Médio, cada qual com o objetivo de desenvolver

UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 73


competências e habilidades específicas para cada faixa etária determinada”.
É importante ressaltar que esse documento foi citado anteriormente na
Lei de Diretrizes e Bases 9394/96, Diretrizes Curriculares Nacionais (2009) e no
PNE n° 13.005/2014 (2014). Nesse momento, instaura-se uma discussão voltada
para repensar a educação brasileira refletindo todas as políticas educacionais.
A BNCC (2017) se apresenta em sua versão definitiva, como um documento normativo
que estabelece um conjunto gradativo de aprendizagens que são definidas como essenciais
para o desenvolvimento dos alunos inseridos na Educação Básica. A progressão deste
aluno deve ser dar exclusivamente por meio da aquisição de conhecimentos, competências
gerais e habilidades.

Na BNCC, competência é definida como a mobilização de


conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas,
cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver
demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da
cidadania e do mundo do trabalho (BRASIL, 2017).

Diante disso, a Base busca promover o desenvolvimento dos alunos, por


meio de princípios éticos, políticos e estéticos, com o intuito de formar uma
sociedade justa, democrática e inclusiva. Assim, “[...] aprender a ler, escrever e contar
e dominar os rudimentos das ciências naturais e das ciências sociais constituem
pré-requisitos para compreender o mundo em que se vive [...]” (SAVIANI, 2020).
O ensino deve ter como base a organização da sociedade atual,
de modo que a educação ao ser ministrada garanta a todos o acesso
ao conteúdo sistematizado e a permanência na instituição de ensino.
A educação deve garantir a plena formação aos alunos, ou seja, torná-
la capaz de compreender o movimento da sociedade no qual está inserida, por
meio da socialização da ciência e não apenas expor conteúdos práticos-utilitários.
A BNCC (2017) compreende que esta formação deve elencar o desenvolvimento
das seguintes competências:

UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 74


QUADRO 2 - COMPETÊNCIAS GERAIS PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA

COMPETÊNCIAS GERAIS PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA

1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico,


social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo
e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências,
incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para
investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar
soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às
mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita),
corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística,
matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e
sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de
forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as
escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos,
resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de
conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do
mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu
projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar
e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos
humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e
global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional,
compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções
e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se
respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento
e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes,
identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e
determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos,
sustentáveis e solidários.

Fonte: Brasil (2017, p. 9-10).

Neste quadro observamos que a Base busca estabelecer a capacidade


e a autonomia de cada indivíduo para desenvolver habilidades e competências,
formando-o com o intuito de promover a sua inserção social como um cidadão ativo.
Para Beraldo (2022, p. 81), “[...] tais competências são necessárias para
contemplar a formação integral do aluno [...], tendo como prioridade o desenvolvimento

UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 75


dos termos equidade, diversidade e igualdade [...]”, assim, mais uma vez,
evidencia-se a importância de uma aprendizagem que seja efetiva e igualitária.
Com isso, cabe aos profissionais da educação enfatizarem o uso de
planejamentos que aprimorem as competências nos alunos, evidenciando o saber fazer.
Zank e Malanchen (2020) colaboram com esse modelo de ensino, afirmando que:

Esse modelo educacional flexível coloca o professor como organizador


do conteúdo, isto é, ele deve dispor, durante as atividades em sala de
aula, de mecanismos diferenciados e, ao mesmo tempo, dinâmicos
para melhor desenvolver as novas habilidades esperadas pelos
estudantes, futuros trabalhadores. Essas novas características devem
dar lugar ao trabalho em grupo e ao ambiente colaborativo em sala de
aula (ZANK; MALANCHEN, 2020, p. 145).

Assim, o currículo é reorganizado de acordo com áreas de conhecimento, com o intuito


de superar as mazelas educacionais, voltando o ensino para as necessidades dos alunos.
A efetivação da aprendizagem se dá por meio do conjunto de ações de diferentes
agentes sociais, estabilizados a partir do currículo. Essas ações devem abranger decisões
que busquem melhorias para o contexto educacional, promovendo a autonomia dos
estudantes. Essas decisões referem-se à:

UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 76


QUADRO 3 - CONJUNTO DE AÇÕES DO CURRÍCULO

● contextualizar os conteúdos dos componentes curriculares, identificando


estratégias para apresentá-los, representá-los, exemplificá-los, conectá-los e
torná-los significativos, com base na realidade do lugar e do tempo nos quais as
aprendizagens estão situadas;
● decidir sobre formas de organização interdisciplinar dos componentes
curriculares e fortalecer a competência pedagógica das equipes escolares para
adotar estratégias mais dinâmicas, interativas e colaborativas em relação à
gestão do ensino e da aprendizagem;
● selecionar e aplicar metodologias e estratégias didático-pedagógicas
diversificadas, recorrendo a ritmos diferenciados e a conteúdos complementares,
se necessário, para trabalhar com as necessidades de diferentes grupos de
alunos, suas famílias e cultura de origem, suas comunidades, seus grupos de
socialização etc.;
● conceber e pôr em prática situações e procedimentos para motivar e engajar os
alunos nas aprendizagens;
● construir e aplicar procedimentos de avaliação formativa de processo ou de
resultado que levem em conta os contextos e as condições de aprendizagem,
tomando tais registros como referência para melhorar o desempenho da escola,
dos professores e dos alunos;
● selecionar, produzir, aplicar e avaliar recursos didáticos e tecnológicos para
apoiar o processo de ensinar e aprender;
● criar e disponibilizar materiais de orientação para os professores, bem como
manter processos permanentes de formação docente que possibilitem contínuo
aperfeiçoamento dos processos de ensino e aprendizagem;
● manter processos contínuos de aprendizagem sobre gestão pedagógica e
curricular para os demais educadores, no âmbito das escolas e sistemas de
ensino.

Fonte: Brasil (2017, p. 16-17).

As decisões citadas acima devem ser consideradas na organização de currículos


e propostas de diferentes modalidades de ensino, sendo ofertadas igualmente a
cada instituição. Ficando sob responsabilidade das instituições de ensino incorporar
aos currículos e às propostas pedagógicas os temas atuais de nossa sociedade.
Podemos confirmar então que a BNCC (2017) teve como finalidade consolidar o ensino
e as práticas educativas realizadas pelos profissionais da área educacional, com base nas
correntes educacionais contemporâneas que visam a promoção da capacidade que o indivíduo
possui de se adaptar no meio social, “[...] colocando a escola como um local de controle social
capaz de remediar as mazelas causadas pela sociedade capitalista” (BERALDO, 2022, p. 95) .

UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 77


Portanto, para Cássio (2019, p. 13), “a Base é, antes de tudo, uma
política de centralização curricular. Alicerçada nas avaliações em larga escala
e balizadora dos programas governamentais de distribuição de livro didático”.
Analisaremos a seguir a avaliação da educação básica e as avaliações externas que
ocorrem em larga escala e ditam as mudanças no contexto educacional brasileiro.

UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 78


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3
TÓPICO
AVALIAÇÃO DA
EDUCAÇÃO BÁSICA:
SAEB

A implementação da Avaliação da Educação Básica (SAEB) foi um


acontecimento marcante no contexto educacional brasileiro. Este sistema
iniciou-se no ano de 1990, durante o governo de Fernando Collor de Mello.
De acordo com Cotta (2001, p. 90) “[...] são coletados, a cada dois anos,
dados sobre o desempenho dos alunos brasileiros do ensino fundamental e
médio, visando fornecer um diagnóstico dos resultados produzidos pelo sistema
educacional”. Desse modo, passam a repensar a educação, por meio de um
diagnóstico que reflete os fatores que podem interferir no desempenho do estudante.
Em 2021 o SAEB passou por várias mudanças desde a sua implantação, dentre
elas cabe destacar ampliação da população-alvo da avaliação para: avaliação da
Educação Infantil, por meio das matrizes, 2º ano do Ensino Fundamental (avaliando
língua portuguesa e matemática), 5º e 9º do Ensino Fundamental (avaliando língua
portuguesa e matemática), 9º do Ensino Fundamental (ciências da natureza e ciências
humanas), 3ª e 4ª série do Ensino Médio (língua portuguesa e matemática), assim
como a criação do estrato censitário para a definição e aplicação de instrumentos
em escolas públicas que atende o público do Ensino Fundamental anos finais.
Para o Ministério da Educação, o SAEB possibilita que as escolas, tanto municipais
quanto estaduais, avaliem a qualidade da educação oferecida aos estudantes. É por meio
desses indicadores que serão desenvolvidas as melhorias nas políticas públicas educacionais.
Além do desempenho, são calculadas as taxas de reprovação e abandono escolar
pelo SAEB, Censo Escolar e o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
Assim, Cotta (2001) esclarece que:

UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 79


A avaliação dos resultados educacionais abrange diferentes objetos
de investigação. Seu foco pode recair sobre o aluno, as instituições
de ensino ou o sistema educacional como um todo. No primeiro
caso, a avaliação situa o desempenho do aluno em relação a um
padrão previamente estabelecido, fornecendo um diagnóstico dos
conhecimentos, competências e habilidades adquiridos por meio
da escola. No segundo caso, o desempenho de todos os alunos
de determinada instituição permite aferir a qualidade dos serviços
educacionais por ela oferecidos (COTTA, 2001, p. 91).

Esse caráter avaliativo foi instaurado na educação brasileira com o intuito


de promover uma base de dados que respaldasse a transformação das políticas
públicas de educação, a fim de proporcionar o desenvolvimento econômico e social,
por meio de propostas pedagógicas, garantindo a construção de uma nova sociedade.
É durante o ano de 2019 que o SAEB passa por uma reestruturação em suas
matrizes entrando gradualmente em conformidade com a Base Nacional Comum Curricular.
Portanto, o SAEB seguiu a seguinte organização:

QUADRO 4 - ALINHAMENTO DO SAEB À BNCC.


● 2019: estudo-piloto para a avaliação da educação infantil; testes de língua
portuguesa e de matemática para o 2º ano do ensino fundamental já alinhados
à BNCC; testes de ciências humanas e de ciências da natureza para o 9º ano
do ensino fundamental já alinhados à BNCC.
● 2021: implementação da avaliação da educação infantil, realizada por meio da
aplicação de questionários eletrônicos para professores e diretores de creches
e pré-escolas, bem como gestores das redes.
● 2023: testes de linguagens e matemática para os 5º e 9º anos do ensino
fundamental alinhados à BNCC; testes de ciências humanas e de ciências da
natureza para o 5º ano do ensino fundamental alinhados à BNCC.
● 2025: testes para o ensino médio alinhados à BNCC.
Fonte: Ministério da Educação (https://www.gov.br/)

É importante destacar que o SAEB formula as suas avaliações por meio


de matrizes de referência, pautadas na BNCC, cujo princípio está pautado na
organização curricular por meio do desenvolvimento de habilidades e competências
necessárias para cada etapa da educação no qual o aluno se encontra.
Contudo, não podemos nos esquecer que as matrizes de referência não são a mesma coisa
que os currículos, sendo assim, não podemos confundi-los, pois as matrizes são apenas recortes
dos conteúdos curriculares estabelecidos para determinada etapa escolar, caracterizando-
se como uma referência para aqueles que participam dos testes organizados pelo SAEB.
De acordo com o Ministério da Educação (2018), o processo de formação do SAEB
defende duas dimensões fundamentais pelas quais o ensino deve estar alinhado. A primeira
dimensão ocorre fora do contexto escolar, por isso leva o nome de extraescolar, pois
envolve o espaço social no qual este aluno está inserido, assim como os deveres do Estado.

UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 80


Por outro lado, a segunda dimensão se dá com base nas ações que ocorrem
dentro da instituição de ensino, levando nome de intraescolar, pois promovem reflexões
voltadas para a organização da gestão, melhorias na prática docente, assim como o
desenvolvimento do currículo com êxito, com o intuito de promover o sucesso escolar dos
alunos.

Abaixo, conseguimos observar as dimensões que envolvem a qualidade da educação:

Fonte: DOURADO, OLIVEIRA, SANTOS, 2007 apud Ministério da Educação, 2018.

Diante do quadro exposto, conseguimos identificar que as dimensões


estão voltadas para compreender como a escola está efetivando o acesso e a
permanência deste aluno, ofertando melhorias para cada grupo social e cultural.
É o papel da educação compreender as especificidades do seu público,
gerindo planos, por meio de políticas públicas, que busquem tirá-los das margens
da sociedade, oferecendo a estes alunos qualidade e acesso à aprendizagem.

O Saeb avalia a qualidade do ensino por meio de testes de desempenho aplicados a


uma amostra representativa de alunos das 4° e 8° séries do ensino fundamental e da
3° série do ensino médio. O Saeb aplica também questionários socioeconômicos que
permitem a investigação sobre os fatores associados ao rendimento escolar. O objetivo
é fornecer indicadores que orientem a elaboração e a revisão de políticas federais
e estaduais voltadas para a melhoria da qualidade de ensino (COTTA, 2001, p. 92).

UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 81


Como vimos, os testes do SAEB são preparados a partir da
Matriz Mestre, que prevê conteúdos voltados para o desenvolvimento
de habilidades e competências, por meio de eixos, temas e tópicos.
Assim, em cada edição, os questionários apresentam questões associadas
aos tópicos e temas previstos na matriz, mas é importante lembrar que o
SAEB não engloba todos os tópicos existentes na matriz obrigatoriamente.
Os resultados advindos do SAEB são calculados para as escolas e redes de
ensino municipais, estaduais e federais, sendo eles destinados para a efetivação
políticas públicas que buscam a equidade no atendimento educacional, fortalecimento
do direito e aprendizagem, análises voltadas para os investimentos, instituições, gestão,
assim como o trabalho desenvolvido pelos professores. Para o Ministério da Educação,
todos os itens citados são necessários para a garantia de um ensino de qualidade.
Além do SAEB, existem diversas avaliações externas que servem como indicadores
de qualidade do sistema educacional brasileiro. No próximo item veremos como as
avaliações externas implicam para o desenvolvimento da educação.

UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 82


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4
TÓPICO
AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO
BRASILEIRA: AVALIAÇÕES
EXTERNAS

Após a criação do SAEB, vários outros sistemas de avaliação foram desenvolvidos


pelo governo federal, cada qual com os seus objetivos e características. Podemos dizer que
o Brasil passa então por um vasto período de implantação das avaliações em larga escala.
Dentre as principais avaliações externas, cabe citar o Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem), instituído no ano de 1998, cujo objetivo estava voltado em avaliar o desem-
penho do estudante após a conclusão da escolaridade básica.

O Enem avalia as competências e habilidades desenvolvidas


pelo aluno ao final da educação básica, que compreende o ensino
fundamental e o ensino médio. O objetivo é informar se ele está
preparado para enfrentar os desafios da vida moderna como cidadão
autônomo, capaz de decidir, propor e fazer, seja na universidade, seja
no mercado de trabalho (COTTA, 2001, p. 92).

Diante disso, o Enem é considerado como uma avaliação externa, que


visa identificar o nível de desenvolvimento dos alunos que saem do ensino médio
brasileiro, gerando mudanças qualitativas na educação a partir dos indicadores.
Além de ser utilizado enquanto um indicativo de qualidade, o Enem oferece aos alunos o
acesso ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e ao Programa Universidade paraTodos (ProUni),
a partir das notas adquiridas no processo. Ainda, os estudantes podem solicitar financiamento
estudantil para entrar em instituições privadas, como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
Para garantir acesso aos programas citados, os alunos devem realizar provas
que abrange várias áreas de conhecimento, sendo 45 questões, nas áreas de Ciências
Humanas e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Linguagens,
Códigos e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, além da prova de Redação.

UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 83


Então o Enem passa a ser o caminho para as universidades ao final do ensino médio.
Além do Enem, o Brasil possui a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc),
mais conhecida como Prova Brasil e Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb).
O objetivo das provas é refletir sobre a real situação do sistema educacional
brasileiro considerando o desempenho dos estudantes, gestão escolar e professores.
De acordo com o Ministério da Educação, a Prova Brasil é ofertada para as
escolas públicas urbanas e rurais que tenham no mínimo 20 estudantes matriculados
no ensino fundamental. Nesse sentido, a Aneb avalia tanto as redes públicas quanto
as redes particulares de ensino voltadas para o terceiro ano do ensino médio.
Dentre os indicadores avaliativos temos a Avaliação Nacional da Alfabetização
(ANA), que é um instrumento avaliativo do SAEB destinado a todos os estudantes
do terceiro ano do ensino fundamental e é realizada em escolas com, no
mínimo, 10 estudantes matriculados. A ANA tem por objetivo avaliar os níveis de
alfabetização e letramento em língua portuguesa, a alfabetização em matemática.
Para finalizar as avaliações externas, vamos destacar o Programa
Internacional de Avaliação dos Alunos (Pisa), que busca realizar um
estudo comparativo, de nível internacional, a cada três anos com base na
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Nesse contexto, o Pisa reflete sobre o desempenho dos estudantes na faixa etária
dos 15 anos, destacando os principais fatores que moldam a aprendizagem, intraescolar
e extraescolar. De acordo com o Ministério da Educação, os resultados permitem que
os países avaliem os conhecimentos e as habilidades de seus estudantes de forma
comparativa visando a melhora da qualidade e da equidade dos resultados de aprendizagem.
Por fim, identificamos que as avaliações aplicadas ao sistema educacional brasileiro
geram dados que são utilizados como indicadores de qualidade pelas diferentes esferas do
governo. Assim, é por meio desses indicadores que são realizadas as reflexões quanto à
eficácia das políticas públicas e atendimento escolar.

Para Cássio (2019, p. 16-7).


Se por um lado é verdade que as avaliações educacionais são uma fonte de conhecimento sobre a
educação pública, por outro não são raras as situações em que a produção e indicadores de proficiência se
sobrepõem às funções realmente importantes da educação escolar. Assim, o problema das avaliações em
larga escala é o uso inadequado de seus resultados: a crença de que os indicadores de desempenho e de
fluxo (reprovação e evasão) construídos a partir delas seriam suficientes como medidas da qualidade do
ensino. Alguns estados vêm transformando as suas avaliações externas censitárias em sofisticados sistemas
de controle e responsabilização, vinculados simultaneamente a políticas de currículo, de formação docente,
de gestão escolar e até mesmo salarial, através de incentivos financeiros (bônus) ao professorado. Isso
acarreta consequências perversas sobre o trabalho nas escolas e ameaça os sentidos políticos e culturais
mais profundos das experiências escolares.

UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 84


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro aluno (a), chegamos ao fim de mais uma unidade!

Diante dos estudos realizados nesta unidade, conseguimos concluir que a LDB n°
9394/96 considera como profissional da educação professores habilitados em nível médio
ou superior, trabalhadores em educação portadores de diploma de pedagogia, trabalhadores
em educação, portadores de diploma de curso técnico ou superior, profissionais com
notório saber e profissionais graduados que tenham feito complementação pedagógica.
Cabe à União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios ofertar a
estes profissionais cursos de formação continuada, de modo que o docente
tenha a sua formação pautada no desenvolvimento da aprendizagem dos alunos.
Nesse sentido, voltamos a nossa atenção para compreender a organização da
educação por meio da BNCC, cujo objetivo esteve pautado na universalização do ensino,
com base no desenvolvimento da equidade. Para Saviani (2014, p. 41), “[...]o acesso
de todos, em igualdade de condições, às escolas públicas organizadas com o mesmo
padrão de qualidade, viabiliza a apropriação do saber por parte dos trabalhadores”.
Já sabemos que instituição de ensino se tornou responsável pelo
sucesso dos indivíduos, com isso, são desenvolvidas diversas avaliações
externas, com caráter censitário, ou seja, buscavam analisar a qualidade
educacional a partir dos resultados obtidos nos processos avaliativos.
Por fim, evidenciamos que a BNCC estipula uma nova organização curricular,
cabendo às avaliações externas se adequar a estes novos indicadores, para que assim
possam buscar melhorias na promoção do ensino, desde a educação básica até o ensino
médio.

UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO


85
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Avaliação da aprendizagem.
Autor: Pricila dos Santos Kohls; Joelma Guimarães.
Editora: SAGAH.
Sinopse: A recente evolução das tecnologias digitais e a
consolidação da internet modificaram tanto as relações na
sociedade quanto às noções de espaço e tempo. Se antes
levávamos dias ou até semanas para saber de acontecimentos
e eventos distantes, hoje temos a informação de maneira
quase instantânea. Essa realidade possibilita a ampliação
do conhecimento. No entanto, é necessário pensar cada vez
mais em formas de aproximar os estudantes de conteúdos
relevantes e de qualidade. Assim, para atender às necessidades
tanto dos alunos de graduação quanto das instituições de
ensino, desenvolvemos livros que buscam essa aproximação
por meio de uma linguagem dialógica e de uma abordagem
didática e funcional, e que apresentam os principais conceitos
dos temas propostos em cada capítulo de maneira simples e
concisa. Nestes livros, foram desenvolvidas discussões para
reflexão, de maneira a complementar o aprendizado do aluno,
além de exemplos e dicas que facilitam o entendimento sobre
o tema a ser estudado. Ao iniciar um capítulo, você, leitor, será
apresentado aos objetivos de aprendizagem e às habilidades
a serem desenvolvidas no capítulo, seguidos da introdução e
dos conceitos básicos para que você possa dar continuidade à
leitura.

FILME/VÍDEO
Título: Avaliações Externas: ANA e Prova Brasil - Vídeo 1 - AU-
TORES NA WEB.
Ano: 2019.
Sinopse: As avaliações externas, ou avaliações de larga escala,
além de funcionarem como guias para definição de metas de
aprendizado das instituições de ensino, são recursos para a
elaboração de políticas públicas. Aprofunde-se sobre duas
avaliações externas produzidas pelo Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep): a
Prova Brasil e a Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA).
Na introdução da conversa sobre avaliações de larga escala,
conheça a história do Sistema de Avaliação da Educação Básica
(Saeb) e de suas avaliações. Entenda também qual é o papel
do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) na
educação brasileira e como esse dado é calculado.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=nn8vS-
Zy6xEE

UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 86


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html#:~:text=Fixa%20as%20Diretrizes%20e%20Bases%20da%20Educa%C3%A7%-

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92
CONCLUSÃO GERAL
Prezado (a) aluno (a),

Neste material busquei aproximar os principais conceitos a respeito das normativas


que embasam o sistema educacional brasileiro. Para tanto, abordamos a definição de polí-
tica. Neste aspecto, acreditamos que tenha ficado claro para você o quanto a política está
presente em diversas situações do nosso cotidiano, pois é vista enquanto um regulador
social, refletindo nos processos de aquisição de poder.
A partir da compreensão dos diferentes tipos de políticas: políticas públicas, políticas
sociais e políticas educacionais, identificamos a necessidade de formar um novo cidadão,
que atenda aos pressupostos estabelecidos nesse novo contexto social. Chegamos então
à reflexão de que tanto a UNESCO quanto o Banco Mundial se efetivaram com base em
um caráter humanitário, uma vez que seus objetivos estavam pautados na erradicação do
analfabetismo nos países globalizados.
Destacamos também a importância histórica do Manifesto dos Pioneiros da Educa-
ção Nova no Brasil, que divulgou, no ano de 1932, propósitos a serem seguidos. Inicialmen-
te, esse documento evidenciou a necessidade de estabelecer a modernização do sistema
educativo brasileiro, assim como da sociedade no geral. Nesse aspecto, cabe destacar que
a educação é vista como um meio de formação social, com o poder de promover a trans-
formação da sociedade marginalizada.
Levantamos também aspectos históricos que nos levaram a chegar nas formula-
ções, pautados nas várias formulações da Lei de Diretrizes e Bases, Constituição Federal
1988, onde acredita-se que a educação deveria ser promovida em colaboração com a so-
ciedade promovendo o pleno desenvolvimento do aluno, assim como o seu preparo para o
exercício da cidadania e para o mercado de trabalho.
Ao pensarmos na organização do ensino público, voltamos a nossa atenção para os
programas sociais que garantem o acesso e a permanência na instituição de ensino, sen-
do eles: salário educação; Fundeb; FNDE e os programas complementares de educação.
Identificamos que os programas supracitados foram desenvolvidos com o intuito de reduzir
a marginalização social e suprir a existência da desigualdade.
Diante disso, complementamos os nossos estudos com base na análise dos planos
de cargos e carreira do profissional docente, definindo os aspectos que caracterizam a
sua formação inicial e continuada. Buscamos compreender os princípios destacados pela
BNCC para a educação básica, assim como a importância das avaliações externas para
calcular os índices de qualidade educacional.
A partir de agora acreditamos que você já está preparado para seguir em frente de-
senvolvendo ainda mais suas habilidades voltadas para a importância de compreender o
movimento histórico pelo qual a educação brasileira esteve moldada, a fim de garantir um
pleno desenvolvimento aos seus alunos enquanto um futuro professor.

Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigada!

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