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ISBN 978-65-5821-061-0
Fabiano Caxito
Renata Marques dos Santos da Silva
IESDE BRASIL
2021
© 2021 – IESDE BRASIL S/A.
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detentor dos direitos autorais.
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Caxito, Fabiano
Políticas públicas em educação especial / Fabiano Caxito, Renata
Marques dos Santos da Silva. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2021.
128 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-5821-061-0
riores da administração pública. Nessa esfera, encontram-se os Direção: Frederico Schmidt. Brasília:
ministérios, as secretarias, os departamentos e as repartições TV Câmara, 2018.
DIRETA
Estados
Municípios
União
Distrito
Administração Federal
Pública
Fundações Sociedade
públicas de economia
mista
INDIRETA
Empresas
Autarquias
públicas
Políticas distributivas:
são ações ou decisões do governo Essa limitação do alcance da política pode advir de uma limitação
que têm um escopo mais individual, de recursos ou pode ter o objetivo de oferecer condições especiais
buscando oferecer condições para um determinado grupo que precise de incentivos. Podemos
privilegiadas para determinados citar como exemplos os programas de crédito barato para pequenos
grupos ou mesmo regiões do país, empreendedores, os incentivos fiscais para alguns tipos de negócios
sem, contudo, serem ações que que precisam se desenvolver ou a realização de obras públicas em
atingem a totalidade da população. comunidades pouco desenvolvidas.
Políticas regulatórias:
são aquelas ligadas a
legislações que determinam Secchi (2012) explica que elas definem padrões de
limites ou obrigações e que comportamento, dando como exemplo as leis que obrigam o
envolvem os processos uso de capacetes por motociclistas ou que proíbem o fumo em
burocráticos, as organizações locais fechados.
econômicas e as políticas e
grupos de interesse.
(Continua)
Por isso, é comum que políticas públicas das mais diversas áreas,
como saúde, segurança pública, economia ou educação, bem como a
própria visão sobre qual é o papel do Estado no cotidiano da socieda-
de, sejam profundamente alteradas, abandonadas ou redirecionadas
quando há troca no grupo político eleito para exercer os principais car-
gos dos poderes Executivo e Legislativo.
Estratégia de Responsabilidades
Objetivos Diretrizes Ações
implementação federativas
Prática corporal/atividade
Programa Academia da Saúde
física
Prevenção da violência e
Princípios da cultura de paz
estímulo à cultura de paz
8
Escolarização média (anos)
0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
Proporção de pobres
Fonte: Silva Júnior; Sampaio, 2010 apud Moraes; Souza; Hamada, 2019, p. 701.
Vitalii Vodolazskyi/Shutterstock
Tipo de DIF
2018 2019
deficiência vínculos
N. vínculos % N. vínculos %
Física 230.345 47,30% 235.393 45,0% 5.048
Auditiva 87.992 8,10% 92.874 17,7% 4.882
Visual 74.314 15,30% 84.408 16,1% 10.094
Mental 43.292 8,90% 46.958 9,0% 3.666
Múltipla 9.162 1,90% 8.630 1,6% -532
Reabilitado 41.651 8,60% 55.168 10,5% 13.517
Total 486.756 100,00% 523.431 100,0% 36.675
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A inclusão das pessoas com deficiência na sociedade é um desafio
complexo, pois envolve ações e iniciativas em diversas áreas da vida do
indivíduo. As especificidades e o nível de complexidade das necessidades
de cada indivíduo devem ser levados em consideração no atendimento
dado a ele nas estruturas e serviços públicos, nas áreas da saúde, educa-
ção e inserção profissional.
A educação e a inclusão social guardam uma relação direta, já que a
educação tem papel fundamental para garantir que a pessoa com defi-
ciência possa aproveitar todas as oportunidades profissionais, o que au-
menta as chances de garantir sua inserção social.
A sociedade vem mudando sua postura frente à inserção das pessoas
com deficiência: de uma visão excludente e preconceituosa, passa a uma
concepção de que a PcD deve ter seus direitos humanos garantidos e
preservados, para que possa ser um cidadão pleno.
30 Políticas públicas em educação especial
ATIVIDADES
Vídeo 1. Explique as diferenças entre os conceitos de Estado e governo.
REFERÊNCIAS
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brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
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anos. 1. ed. São Paulo: Editora Unesp; CEM, 2015.
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dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=7807320. Acesso em: 29 jun. 2021.
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Revista de Investigações Constitucionais, v. 4, n. 1, p. 207-225, 2017. Disponível em: https://
www.scielo.br/scielo.php?pid=S2359-56392017000100207&script=sci_arttext&tlng=pt.
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out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.
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Brasília, DF, 16 jul. 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.
htm#art266. Acesso em: 29 jun. 2021.
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Brasília, DF, 26 jun. 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2014/lei/l13005.htm. Acesso em: 29 jun. 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Relatório final da 8ª Conferência Nacional de Saúde. 17 a 21
de março de 1986. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/images/relatorio_8.pdf.
Acesso em: 29 jun. 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção
à Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde. 3. ed. Brasília: Editora do Ministério
da Saúde, 2010a. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_
nacional_promocao_saude_3ed.pdf. Acesso em: 29 jun. 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações
Programáticas Estratégicas. Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência. Brasília:
Editora do Ministério da Saúde, 2010b. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/politica_nacional_pessoa_com_deficiencia.pdf. Acesso em: 29 jun. 2021.
BRESSER-PEREIRA, L. C. Reforma gerencial e legitimação do estado social. Revista de
Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 51, n. 1, p. 147-156, fev. 2017. Disponível em: http://
bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/view/65932. Acesso em: 29 jun. 2021.
CARA; D.; PELLANDA, A. Avanços e retrocessos da Educação Básica: da Constituição de
1988 à Emenda Constitucional 95. In: ROSSI, P.; DWECK, E.; OLIVEIRA, A. L. M. Economia
para poucos: impactos sociais da austeridade e alternativas para o Brasil. São Paulo:
Autonomia Literária, 2018. p. 98-126.
CAXITO, F. Desafios contemporâneos e inovação na gestão pública. Curitiba: IESDE, 2020.
CFESS. O que é preconceito? Distrito Federal: CFESS, 2016. (Série assistente social
no combate ao preconceito). Disponível em: http://www.cress-es.org.br/wp-content/
uploads/2019/12/caderno1_o.que_.%C3%A9.preconceito.pdf. Acesso em: 29 jun. 2021.
Objetivos de aprendizagem
https://www.abrete.org.br/A%20crian%E7a%20com%20SR%20na%20sala%20de%20aula.pdf
Gráfico 1
Matrículas de estudantes com deficiência física na educação básica
140.000
125.374
121.909
117.996
120.000
107.399
99.015
100.000 96.472
91.897
87.178
77.785
80.000
66.905
57.155
60.000
50.227
43.405 44.579 46.017
38.147 37.330 38.178
40.000
31.434 30.923
29.566
23.391
21.028 32.110 29.614 30.818 30.012
17.025 28.902
20.000
17.119
14.409 13.939 13.839 13.656 12.049 11.138
0
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Figura 1
Inteligências múltiplas ÊNCIA ESPA
LIG C
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GUÍS A INTELIGÊNCIA
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Fonte: Elaborada pelo autor.
Quadro 1
Inteligências múltiplas de Gardner
Aptidão para formar, manobrar e operar um modelo mental de um mundo espacial. De-
nota-se nos indivíduos capazes para esta inteligência uma superior percepção, criação e
Inteligência recriação de imagens, um funcionamento cognitivo predominantemente espacial, uma
espacial profunda percepção de detalhes visuais, inclusive mínimos, detendo aptidão para apre-
sentação de ideias por meio de recursos gráficos, quadros ou imagens.
Capacidade centrada no indivíduo e que ele detém para conceber um modelo apurado
e autêntico de si mesmo, que utiliza com o intuito de operar efetivamente na vida. Rela-
ciona-se com o acesso a sentimentos e estados emocionais pessoais, esta inteligência
Inteligência encontra-se mais desenvolvida em indivíduos mais introspetivos, capazes de estabelecer
intrapessoal objetivos realistas e de formular autoimagens precisas, que optam por trabalhar indepen-
dentemente, visto usarem e confiarem na sua autocompreensão para orientar as suas
ações.
(Continua)
Aptidão que permite ao sujeito manter-se em sintonia com o mundo natural, com a geo-
grafia física e com os objetos naturais. Trata-se de um sujeito que aprecia o ar livre e
Inteligência revela apreço e profunda compreensão pelo meio ambiente, distinguindo nele padrões,
naturalista características e anomalias, e a que recorre para classificar e categorizar objetos naturais
e seres vivos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação especial, seja ela direcionada a alunos com deficiências
física ou intelectual ou a alunos com altas habilidades/superdotação, é
uma realidade relativamente recente no Brasil, tendo apresentado avan-
ços significativos a partir da primeira década do século XXI, em especial
com a inclusão dos alunos com deficiência nas salas de aula de escolas de
educação regular.
Apesar de ainda existirem muitos desafios a serem vencidos, princi-
palmente no que diz respeito àqueles relacionados às estruturas físicas,
tecnológicas e pedagógicas, assim como a necessidade de constante pre-
paração e atualização do corpo docente, podem ser observados progres-
sos importantes nos últimos anos.
As políticas públicas direcionadas à educação especial têm um papel
fundamental nesse contexto, pois é com base nelas que investimentos,
planos, estratégias e ações de inclusão são pensados e implementados.
REFERÊNCIAS
ANDRÉ, C. F.; TEIXEIRA, M. C. A educação da pessoa com deficiência auditiva no Brasil.
Educação & Linguagem, v. 21, n. 2, p. 101-118, 2018. Disponível em: https://www.metodista.
br/revistas/revistas-ims/index.php/EL/article/view/9161. Acesso em: 16 jul. 2021.
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2014. Disponível em: http://www.niip.com.br/wp-content/uploads/2018/06/Manual-
Diagnosico-e-Estatistico-de-Transtornos-Mentais-DSM-5-1-pdf.pdf. Acesso em: 16 jul. 2021.
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46982011000300014&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 16 jul. 2021.
BARON-COHEN, S. et al. Talent in autism: hyper-systemizing, hyper-attention to detail and
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BLOOM, M. E. Asperger’s disorder, high-functioning autism, and guardianship in Ohio.
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MEC, 2008. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.
pdf. Acesso em: 16 jun. 2021.
BRASIL. Ministério da Educação. Diretoria de Políticas de Educação Especial. Principais
Objetivos de aprendizagem
Para Silva Neto et al. (2018), os indivíduos com deficiência eram vis-
tos como párias que não deveriam fazer parte da sociedade, por isso
não haveria necessidade de educá-los. Essa visão excludente da defi-
ciência teve seu auge na Idade Média, momento no qual a deficiência,
por influência do poder que a Igreja Católica exercia sobre a sociedade,
era muitas vezes vista como punição divina ou como tendo relação com
o demônio ou possessões.
desdemona72/Shutterstock
br/wp-content/uploads/2019/11/
declaracao_mundial_sobre_
educacao_para_todos_de_
marco_de_1990.pdf. Acesso em:
20 jul. 2021.
Artigo
https://oapub.org/edu/index.php/ejse/article/view/3115
os discentes. A diversidade deve ser vista não como um problema ou um Disponível em: https://
www.youtube.com/
obstáculo, e sim como uma oportunidade de convivência com diferentes watch?v=hqyeRFa8HKE. Acesso
realidades, que fazem parte da sociedade em que todos vivem. em: 28 jul. 2021.
Bego (2016) afirma que a escola não é uma instituição isolada, pois
ela convive com a sociedade e com outras instituições que a influenciam,
como o Estado, o governo, a economia e a sociedade. Assim, reflete valo-
res, crenças e atitudes do ambiente em que está inserida.
Ao mesmo tempo que deve se adaptar às políticas públicas e às de-
mandas impostas pela sociedade e pelos interesses econômicos que di-
recionam as relações sociais, a escola precisa ter autonomia para que
possa entender as necessidades específicas dos seus alunos e desenvol-
ver projetos, políticas e adaptações curriculares que garantam a efetiva
inclusão escolar e social das PcD.
O objetivo da escola inclusiva não é somente garantir que os alunos
atinjam os indicadores de aprendizagem, mas também oferecer as con-
dições para que os alunos com deficiência sejam plenamente incluídos
na sociedade. Sousa e Nascimento (2018) destacam que os avanços obti-
dos nas últimas décadas com a implantação de políticas públicas basea-
BonNontawat/Shutterstock
das na inclusão dos alunos com deficiência
nos sistemas de educação regular mos-
tram que o conceito da escola inclusiva é
o mais adequado para que esse objetivo
seja alcançado.
Gráfico 1
Evolução das matrículas de alunos com deficiência
900.000 824.076
800.000
668.652 791.893
700.000
576.795
600.000
505.505
500.000 437.132
400.000
303.383
300.000
Gráfico 2
Taxa de inclusão dos estudantes com deficiência por nível de ensino
0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100%
(Continua)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação das pessoas com deficiência, dentro dos conceitos mo-
dernos da inclusão do aluno nos sistemas regulares de ensino, apesar de
ser uma área ainda relativamente recente, apresentou avanços significa-
tivos nas últimas décadas, tanto do ponto de vista das teorias pedagógi-
cas, filosóficas e psicológicas que servem de arcabouço conceitual para o
desenvolvimento do conhecimento necessário sobre a área quanto em
relação aos resultados efetivos de inclusão obtidos no Brasil por meio da
implantação de políticas públicas voltadas para os alunos com deficiência.
Apesar desses significativos avanços, ainda há um longo caminho a ser
percorrido para que se possa garantir não apenas a inclusão escolar, mas
também a inclusão social das pessoas com deficiência.
ATIVIDADES
1. Explique as quatro fases do desenvolvimento histórico da educação
Vídeo
especial.
REFERÊNCIAS
BEGO, A. Políticas públicas e formação de professores sob a perspectiva da racionalidade
comunicativa: da ingerência tecnocrata à construção da autonomia profissional. Educação
& Formação, Fortaleza, v. 1, n. 2, p. 3-24, 2016. Disponível em: https://revistas.uece.br/
index.php/redufor/article/view/98. Acesso em: 20 jul. 2021.
BLANCO, R. Aprendendo na diversidade: implicações educativas. In: 3º Congresso Ibero-
americano de Educação Especial. Anais [...]. Foz do Iguaçu: MEC, 2003. Disponível em:
https://docplayer.com.br/11055982-Aprendendo-na-diversidade-implicacoes-educativas.
html. Acesso em: 20 jul. 2021.
BRASIL. Decreto n. 10.502, de 30 de setembro de 2020. Diário Oficial da União, Poder
Executivo, Brasília, DF, 1 de outubro de 2020. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2019-2022/2020/decreto/D10502.htm. Acesso em: 20 jul. 2021.
Figura 1
Quantidade de escolas com
matrículas de alunos com
deficiência
Até 49%
50% a 69%
Acima de 70%
Polla e Tureck (2014) afirmam que, para que a escola regular possa
se tornar efetivamente um espaço de inclusão, faz-se necessário que
todos os envolvidos – alunos, familiares, professores e coordenadores
– atuem de maneira conjunta no planejamento e na implantação de
uma estratégia de inclusão. Segundo os autores:
a inclusão escolar não se efetiva apenas com discurso e boa
vontade; para implementar mudanças, é importante que
ocorra a articulação no trabalho pedagógico entre professores
das classes comuns, salas de recursos e demais profissionais
da educação, visando à construção de ensino colaborativo e da
escola democrática, na qual todos possam aprender e desen-
volver-se, permanecer na escola e alcançar sucesso acadêmico
(POLLA; TURECK, 2014, p. 8).
https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/view/26898/26898
Direção: Marco Del Fiol. Brasil: Assim, a educação inclusiva vai além de apenas possibilitar a matrí-
Secretaria de Estado dos Direitos cula do aluno com deficiência na escola regular e oferecer, no período
das Pessoas com Deficiência de
São Paulo, 2011. Disponível em: das atividades escolares, as condições para que ele possa desenvolver
https://www.youtube.com/ suas potencialidades de aprendizado do conteúdo constante no currí-
watch?v=hdu3IZjKg48. Acesso em:
19 jul. 2021. culo escolar (CARVALHO; ROCHA; SILVA, 2013). A inclusão do aluno é
bem mais ampla e complexa e depende, muitas vezes, da atuação con-
p. 43): “normais e anormais, incluídos e excluídos, sadios e doentes, ORWELL, G. São Paulo: Companhia
deficientes e não deficientes, aprendentes e não aprendentes, ricos e das Letras, 2009.
Artigo
https://revistas.rcaap.pt/uiips/article/view/14486/10872
Figura 2
Níveis das adaptações curriculares
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ESTRATÉGIA
COMO COLOCAR EM PRÁTICA
PEDAGÓGICA
Motivar os alunos a ter Planejar atividades que possam levar à solução do
predisposição favorável problema.
para aprender Ressaltar o esforço do aluno.
Levar o aluno a compreender o motivo do aprendizado e o
Ajudar os alunos a uso do conhecimento.
atribuir um significado
Realizar explicações e demonstrações a todo grupo.
pessoal à aprendizagem
Conversar com pequenos grupos e individualmente.
Conhecer as ideias e experiências anteriores dos alunos.
Adequar a ajuda e o processo de ensino à situação de
Explorar as ideias cada aluno.
prévias antes de iniciar Conhecer as concepções, especialmente as equivocadas,
nova aprendizagem para poder transformá-las em parceria com o estudante.
Usar perguntas dirigidas, debates, questionários, dramati-
zações ou desenhos.
Entender que cada aluno tem formas de aprendizagem,
competências e interesses distintos.
Contar com grande repertório de estratégias instrucio-
nais.
Selecionar um conjunto de estratégias no contexto de
Variar estratégias e alguns princípios pedagógicos essenciais.
explorar possibilidades Saber que alunos com necessidades educacionais espe-
de escolha ciais necessitam, em muitos casos, de uma ajuda diferente
dos demais.
Dar ao aluno a possibilidade de escolher entre diversas
atividades e decidir como realizá-las.
Incluir o aluno no planejamento de seu trabalho e na
responsabilidade pela aprendizagem.
Possibilitar a troca e o apoio entre os alunos.
Utilizar estratégias Proporcionar efeitos positivos no rendimento escolar, na
de aprendizagem autoestima, nas relações sociais e no desenvolvimento
cooperativa pessoal.
Facilitar o trabalho autônomo dos alunos.
Dar aos alunos oportunidade de utilizar as habilidades
Dar oportunidade e os conhecimentos adquiridos em diversas situações e
para que pratiquem contextos.
com autonomia o que Permitir que trabalhem de modo independente ou com
foi aprendido menos supervisão.
Apresentar novas exigências e desafios.
(Continua)
Para que se possa definir quais as TAs mais adequadas para cada
aluno, as autoras sugerem que se realize um levantamento detalhado
de suas necessidades e demandas. Esse levantamento inclui questões
como: quais as habilidades e potencialidades do aluno; quais as neces-
sidades de adaptação, relacionadas ao tipo de deficiência; quais prá-
ticas e estratégias utilizadas pela família para lidar com as limitações
do indivíduo podem ser usadas no ambiente escolar; que tratamentos,
procedimentos ou necessidades relacionados à saúde devem ser ob-
servados durante o período de aula etc. (SARTORETTO; BERSCH, 2010).
Quadro 2
Sala de recursos Tipo I
N. de ordem Especificação
01 02 Microcomputadores com gravador de CD, leitor de DVD
02 02 Estabilizadores
03 Lupa Eletrônica
04 Scanner
05 Impressora a laser
06 Teclado com colmeia
07 Mouse com entrada para acionador
08 Acionador de pressão
09 Bandinha Rítmica
10 Dominó
11 Material Dourado
12 Esquema Corporal
13 Memória de Numerais
14 Tapete quebra-cabeça
15 Software para comunicação alternativa
16 Sacolão Criativo
17 Quebra-cabeças sobrepostos (sequência lógica)
18 Dominó de animais em Língua de Sinais
19 Memória de antônimos em Língua de Sinais
20 Lupa Manual, Lupa Conta – Fio Dobrável e Lupa de Régua
21 Dominó com Textura
22 Plano Inclinado – Estante para Leitura
23 Mesa redonda
24 Cadeiras para computador
25 Cadeiras para mesa redonda
26 Armário de aço
27 Mesa para computador
28 Mesa para impressora
29 Quadro melamínico
N. de ordem Especificação
01 Impressora Braille
02 Máquina Braille
03 Reglete de Mesa
04 Punção
05 Soroban
06 Guia de Assinatura
07 Globo Terrestre Adaptado
08 Kit de Desenho Geométrico Adaptado
09 Calculadora Sonora
10 Software para Produção de Desenhos Gráficos e Táteis
Figura 3
Quantidade de salas de recursos multifuncionais por estado
Até 49%
50% a 69%
Acima de 70%
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Transformar em prática efetiva os pilares da educação inclusiva é um
dos desafios da educação no mundo contemporâneo. A integração entre
a educação especial e o ensino regular possibilita que se evolua das estra-
tégias de normalização para um ambiente de inclusão, no qual cada aluno
é entendido e aceito por sua diversidade e suas potencialidades.
Para que a educação inclusiva seja efetiva, os projetos pedagógicos e
os processos educativos devem ser pensados com base nas possibilida-
des e demandas específicas dos alunos com necessidades educacionais
especiais. As tecnologias assistivas e os recursos pedagógicos têm um pa-
pel fundamental nesse contexto, pois possibilitam que os conceitos da in-
clusão e da diversidade sejam colocados em prática no cotidiano escolar.
ATIVIDADES
1. Discorra sobre a importância do trabalho colaborativo no
Vídeo
desenvolvimento das estratégias pedagógicas da escola inclusiva.
2009 2020
Edu- Ensino En- Total de Ensino Total de
Ensino Ensino
cação funda- sino alunos funda- alunos
básico médio
infantil mental médio em 2009 mental em 2020
Classes especiais e
47.748 162.644 1.263 211.655 7.742 87.430 968 96.140
escolas exclusivas
Classes comuns
27.031 303.383 21.465 351.879 102.996 824.076 147.545 1.074.617
(alunos incluídos)
TOTAL POR NÍVEL 74.779 466.027 22.728 563.534 110.738 911.506 148.513 1.170.757
Tecnologia
Função Exemplos
assistiva
Favorecem desempenho autônomo
Talheres modificados, suportes para utensílios
Auxílios para a e independente em tarefas rotinei-
domésticos, roupas desenhadas para facilitar
vida diária e a ras, como se alimentar, cozinhar,
o vestir e despir, abotoadores, velcro, recursos
vida prática vestir-se, tomar banho e executar
para transferência, barras de apoio.
necessidades pessoais.
Atende pessoas sem fala ou escrita Pranchas de comunicação, letras ou palavras es-
Comunicação
funcional ou em defasagem entre critas, vocalizadores. Computador com softwares
aumentativa e
sua necessidade comunicativa e sua específicos e pranchas dinâmicas em computa-
alternativa (CAA)
capacidade de comunicação. dores tipo tablets.
substitutos de voz por texto (Vídeo Prova – utilizado pelo Enem –, Player Disponível em: https://
Rybená, Plaphoons e Evoc). Pessoas com deficiência na fala podem uti- www.youtube.com/
watch?v=JKUF8093yqc. Acesso em:
lizar softwares de comunicação como o Communicator 5 e o Snap Core 2 ago. 2021.
First, que convertem textos em símbolos ou, ainda, em falas mais claras.
tterstock
Chansom Pantip/Shu
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As novidades tecnológicas surgem, na atualidade, com uma velocidade
admirável, e cada uma delas, de uma maneira específica, tem sido intro-
duzida no ambiente escolar, inclusive na educação especial. Algumas des-
sas tecnologias foram rapidamente assimiladas; outras ainda apresentam
dificuldades de implantação nas instituições de ensino. Apesar da impor-
tância dessas tecnologias, faz-se necessário analisar os benefícios e as
limitações de sua utilização.
A formação continuada do docente com o objetivo de habilitá-lo para
atuar na sala de aula inclusiva, utilizando as ferramentas, metodologias e
tecnologias disponíveis, é o ponto fundamental para a concretização da
educação inclusiva. A tecnologia é mais uma ferramenta que pode ser uti-
lizada, mas o objetivo fundamental da educação inclusiva é proporcionar
ao aluno com necessidades especiais as condições para que sua inclusão
possa ser total, tanto no contexto escolar quanto em sua vida pessoal,
profissional, cultural e social.
REFERÊNCIAS
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