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8.

Categorias de rendimentos de IRS, gastos empresariais, substituição e responsabilidade


tributária

Joaquim, administrador de uma empresa de contabilidade, utilizava para uso pessoal um


carro que a sua entidade patronal, a sociedade Átila & Irmãos, lhe havia disponibilizado,
bem como recebia subsídio de almoço e subsídio de residência. A entidade patronal pagou
ainda uma viagem de férias ao Dubai a Joaquim e a toda a sua família. Contudo, e na
sequência da epidemia que se abateu sobre o País e estando a Átila & Irmãos com
dificuldades financeiras, decidiu deixar de entregar os montantes retidos aos seus
funcionários aquando do pagamento dos salários junto das Autoridades Fiscais
Portuguesas.
Quid iuris?

A incidência da categoria A abarca as renumerações quer em espécie quer em dinheiro . As


renumerações acessórias estão previstas no art. 2º, nº3, alínea b) e muitas destas renumerações são em espécie, ou
seja, não correspondem a um mero pagamento ou colocação à disposição de numerário, mas sim a oferta de um bem,
a atribuição do direito à utilização pessoal de um bem, que seja da propriedade da entidade patronal ou que gere
encargos para esta ou a atribuição ao trabalhador de outro tipo de direito ao benefício que constitua para este uma
vantagem económica. No caso da renumeração acessória que seja atribuída em espécie, teremos de ir ao 24º para
determinar a respetiva equivalência pecuniária. A dificuldade que surge prende-se com a distinção, dado que existem
renumerações em espécie e que têm de ter uma efetiva vantagem económica para o trabalhador cuja atribuição deve
ser tributada na categoria A, e outro tipo de casos que, preenchidos determinados critérios, não devem ser tributados
em sede de IRS: é o caso dos instrumentos de trabalho proporcionados ao trabalhador, as ofertas conformes aos usos
sociais e comerciais, bem como as realizações de utilidade social.

 Instrumentos de trabalho proporcionados ao trabalhador:

Os instrumentos de trabalho proporcionado ao trabalhador podem revestir a forma de atribuição de bens ou


pagamento de serviços. Tanto a atribuição de bens, como o pagamento de serviços, podem ser utilizados pela
trabalhador no contexto das suas funções e custeados pela entidade empregadora.

A dificuldade de distinção prática entre aquilo que constitui o rendimento do trabalho dependente e o que
corresponde a instrumentos de trabalho proporcionados ao trabalhador, assenta no facto de os bens aos serviços
proporcionados ao trabalhador serem passiveis de uma dupla utilização, tanto como instrumentos de trabalho como
para fins pessoais. Por exemplo, a utilização ilimitada de uma viatura automóvel, a atribuição do uso de um
computador ou de um telemóvel, relativamente aos quais todas as despesas são custeadas pela entidade empregadora.
Pelo que o elemento que nos ajuda a distinguir será as vantagens que daí resultam para a Entidade patronal e para o
trabalhador. Assim deve ser excluído o carácter de vantagem económica para o trabalhador quando se verifique o
preenchimento cumulativo dos seguintes requisitos:

 Os bens em causa sejam utilizados exclusiva ou principalmente para o exercício das funções profissionais
daquele trabalhador.

 A utilização consiste numa maior vantagem para entidade patronal do que para o trabalhador.

 Caso haja utilização para fins pessoais deve ter um caráter claramente secundário.

Se não preencher estes requisitos, considera se existir uma vantagem económica para o trabalhador tributável em IRS
como remuneração acessória.

Assim, uma viatura automóvel, um computador ou um telemóvel devem ser considerados como um instrumento de
trabalho, não constituindo remunerações em espécie e não devendo dar lugar a tributação em sede de IRS na esfera
do trabalhador caso se encontrem cumulativamente preenchidos quesitos acima indicados.

 Ofertas quanto aos usos sociais e comerciais:

É comum que as entidades patronais ofereçam aos seus trabalhadores presentes de


aniversário ou cabazes de Natal, ou presentes de Natal aos filhos dos trabalhadores.
Tais presentes não devem ser tributados como uma remuneração em espécie, não devendo ser tributados em sede de
IRS, na esfera do trabalhador que os recebe, desde que pelo seu valor e pelas circunstâncias da oferta, se possa
concluir que não tem um caráter remuneratório e que constituem meras ofertas conforme aos usos sociais.

Também é frequentemente entregue aos trabalhadores de merchandising, Neste caso, desde que a oferta não tenha um
valor económico elevado, deveria ser considerada uma oferta conforme aos usos comerciais e nao uma remuneração
em espécie para efeitos de IRS.

 Realizações de utilidade social:

As realizações de utilidade social podem corresponder à utilização e fruição pelos trabalhadores ou seus familiares de
estruturas de utilidade social ou de lazer mantidas pela entidade patronal, tais como creches, jardins de infância, etc.
Desde que observados os critérios estabelecidos no 43º CIRC. A utilização e fruição das estruturas em apreço fica
excluída de tributação em sede de IRS nos termos do 2-A/1/b CIRS.

USO PESSOAL DO CARRO DE TRABALHO:

Neste caso, estamos perante o Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares.

A tributação do IRS é organizada por categorias, nos termos do artigo 1º, que correspondem a
vários tipos de rendimentos. Classificando Joaquim, este será sujeito
passivo, nos termos do artigo 13º/1, e residente, pelo artigo 16º/1.

Trata-se de um rendimento de categoria A (rendimento do trabalho dependente), nos termos do


artigo 1º/1 e art. 2º nº2. O art. 2º nº2 procura integrar na categoria A todos os rendimentos que
sejam recebidos em contrapartida do trabalho dependente ou das situações assimiladas que se
encontrem previstas no art. 2º nº1. Assim, as ações provenientes de trabalho que integram a
incidência da categoria A compreendem salários, vencimentos, comissões, subsídios ou
prémios, ainda que sejam periódicos, fixos ou variáveis, de natureza contratual ou não. O art. 2º
nº2 tem uma enumeração exemplificativa.

A incidência da categoria A abarca as renumerações quer em espécie quer em dinheiro. As


renumerações acessórias estão previstas no art. 2º, nº3, alínea b) e muitas destas renumerações
são em espécie, ou seja, não correspondem a um mero pagamento ou colocação à disposição de
numerário, mas sim a oferta de um bem, a atribuição do direito à utilização pessoal de um bem,
que seja da propriedade da entidade patronal ou que gere encargos para esta ou a atribuição ao
trabalhador de outro tipo de direito ao benefício que constitua para este uma vantagem
económica. No caso da renumeração acessória que seja atribuída em espécie, teremos de ir ao
24º para determinar a respetiva equivalência pecuniária. A dificuldade que surge prende-se com
a distinção, dado que existem renumerações em espécie e que têm de ter uma efetiva vantagem
económica para o trabalhador cuja atribuição deve ser tributada na categoria A, e outro tipo de
casos que, preenchidos determinados critérios, não devem ser tributados em sede de IRS: é o
caso dos instrumentos de trabalho proporcionados ao trabalhador, as ofertas conformes aos usos
sociais e comerciais, bem como as realizações de utilidade social.

NÃO HÁ RETENÇÃO NA FONTE, NÃO TEM TAXA. SÓ PAGA QUANDO LIQUIDA.

 Instrumentos de trabalho proporcionados ao trabalhador:

Os instrumentos de trabalho proporcionado ao trabalhador podem revestir a forma de atribuição


de bens ou pagamento de serviços. Tanto a atribuição de bens, como o pagamento de serviços,
podem ser utilizados pela trabalhador no contexto das suas funções e custeados pela entidade
empregadora.
A dificuldade de distinção prática entre aquilo que constitui o rendimento do trabalho
dependente e o que corresponde a instrumentos de trabalho proporcionados ao trabalhador,
assenta no facto de os bens aos serviços proporcionados ao trabalhador serem passiveis de uma
dupla utilização, tanto como instrumentos de trabalho como para fins pessoais. Por exemplo, a
utilização ilimitada de uma viatura automóvel, a atribuição do uso de um computador ou de um
telemóvel, relativamente aos quais todas as despesas são custeadas pela entidade empregadora.
Pelo que o elemento que nos ajuda a distinguir será as vantagens que daí resultam para a
Entidade patronal e para o trabalhador. Assim deve ser excluído o carácter de vantagem
económica para o trabalhador quando se verifique o preenchimento cumulativo dos seguintes
requisitos:

 Os bens em causa sejam utilizados exclusiva ou principalmente para o exercício das


funções profissionais daquele trabalhador.

 A utilização consiste numa maior vantagem para entidade patronal do que para o
trabalhador.

 Caso haja utilização para fins pessoais deve ter um caráter claramente secundário.

Se não preencher estes requisitos, considera-se existir uma vantagem económica para o
trabalhador tributável em IRS como remuneração acessória.

Assim, uma viatura automóvel, um computador ou um telemóvel devem ser considerados como
um instrumento de trabalho, não constituindo remunerações em espécie e não devendo dar lugar
a tributação em sede de IRS na esfera do trabalhador caso se encontrem cumulativamente
preenchidos quesitos acima indicados. NO CASO, NÃO ESTAVAM PREENCHIDOS TODOS
OS REQUISITOS CUMULATIVOS, LOGO, ERA UMA RENUMERAÇÃO EM ESPÉCIE 
ART. 24º (Nº5 em especial).

Assim, seria aplicado o artigo 2º nº3, alínea b), nº9, que inclui nos rendimentos do trabalho
dependente a utilização pessoal pelo trabalhador de viatura automóvel.

Uma vez que se trata da utilização de um veículo e no caso da renumeração acessória que
seja atribuída em espécie, teremos de ir ao 24º para determinar a respetiva equivalência
pecuniária. A dificuldade que surge prende-se com a distinção, dado que existem renumerações
em espécie e que têm de ter uma efetiva vantagem económica para o trabalhador cuja atribuição
deve ser tributada na categoria A, e outro tipo de casos que, preenchidos determinados critérios,
não devem ser tributados em sede de IRS: é o caso dos instrumentos de trabalho proporcionados
ao trabalhador, as ofertas conformes aos usos sociais e comerciais, bem como as realizações de
utilidade social.

Existe um número específico para automóveis – art. 24º nº5, que determina o rendimento
anual corresponde ao produto de 0,75% do seu valor de mercado, reportado a 1 de janeiro do
ano em causa, pelo número de meses de utilização da mesma.

Quanto ao pagamento, não se verifica retenção na fonte, pela exceção do artigo 99º nº1, alínea
a).

Quanto ao momento relevante para a sujeição a tributação, o sujeito passivo fica sujeito a
tributação desde que sejam pagos ou colocados à disposição do seu titular, não obstando à
tributação o facto de este não os ter efetivamente recebido.

De seguida, temos o subsídio de almoço:


Mais uma vez, trata-se de um rendimento de categoria A, nos termos do artigo 1º e nº2, e art. 2º
nº1 e nº2, bem como o nº3 alínea c). Deste ponto resulta que tem de exceder o limite legal
estabelecido ou exceder em 50% sempre que o respetivo subsídio seja atribuído em vales
refeição para estar sujeito à tributação em sede de IRS. Estaria sujeito a englobamento, nos
termos do artigo 21º e não existe dedução nos termos do art. 25º. Determinado o rendimento
global líquido, a taxa aplicável seria determinada pelo artigo 68º, pela tabela dele constante.

Existiria retenção na fonte, uma vez que o subsídio é em dinheiro – artigos 98º nº1 e 99º nº1,
alínea a) – Só não existe retenção na fonte quando o rendimento seja em espécie.

Sociedade – tributação em sede de IRC.

Regras de tributação em sede de IRC:

Art. 1º: Tributação do rendimento real.

Sujeitos passivos – art. 2º. Sob a forma comercial, civil, empresas públicas… A qualificação de
uma entidade em IRC não atende a uma regra de personalidade jurídica (organização
empresarial independentemente da sua natureza). Art. 2º divide RH e não RH. Os não RH são
sujeitos a tributação – uma sociedade não RH é tributada pelo rendimento mundial – art. 2º,
alíneas a) e b) e art. 4º (equiparável ao 15º do CIRS). As sociedades não residentes estão
previstos no art. 2º nº1, alínea c).

O art. 4º nº3 está para o 15º nº2 do IRS. No IRS a regra era o art. 18º, aqui é o art. 4º nº3 do
CIRC.

Sujeito passivo residente em território português: No caso das pessoas singulares (art. 16º do
CIRS) e aqui é simples: residência ou direção efetiva, basta que uma esteja cumprida (e a dupla
tributação?)

A sede é a sede estatutária ou jurídica e a sede efetiva é o local onde se efetuam as decisões de
gestão, de organização da vida diária corrente da sociedade (reuniões do conselho de
administração).

Sobre o que incide o IRC? Lucros das pessoas coletivas (art. 4º e 17º + art. 3º do CIRC) – estão
sujeitas a tributação em Portugal por lucro.

Sucursais: Empresa espanhola com sucursal em território PT. Quem é tributado é a sociedade
espanhola, pelos lucros é a sucursal. A regra é a tributação do lucro – art. 3º nº1, alínea a) –
entidades com função que não é geradora de lucros, são tributados conforme a soma dos
rendimentos daqueles que são qualificados em sede de IRS – alinea b).

Estabelecimento estável em PT: Sucursal ou outra. Tributação do lucro – art. 3º nº1 alínea c).

Sociedade enquanto sujeito passivo – art. 1º.

Quando a sociedade está sempre a ter prejuízos fiscais, se isso for durante 3 anos, podemos
aplicar métodos indiretos para a tributação dessa entidade – art. 57º IRC e LGT.

Utilização do carro: Tributação em sede de IRC (gastos relacionados com a entidade da


empresa).

Quanto ao subsídio de residência:


É um rendimento de categoria A, nos termos do artigo 1º/1, art. 2º nº2 e nº3, alínea b). É um
rendimento em espécie, pelo que teríamos de voltar a aplicar o artigo 24º para ver a
equivalência pecuniária, no caso, o nº2.

Não existia retenção na fonte – art. 99º, nº1, alínea a).

Quanto à viagem de férias:

Trata-se de um rendimento de categoria A, portanto, de trabalho dependente, nos termos do


artigo 1º e 2º, nº3, alínea b), nº6, na medida em que a viagem não é conexa com as funções
exercidas pelo trabalhador. Nº11: Releva para a qualificação não apenas os rendimentos pagos
ao trabalhador ou a um membro do agregado familiar.

Para a família, inclui-se no artigo 2º, nº3 e nº11.

Seria um rendimento em espécie, nos termos do artigo 24º. Este não tem uma regra específica
para as viagens, pelo que teríamos de recorrer às regras de aplicação sucessiva do nº1.

Quanto ao modo de pagamento, não se verifica retenção na fonte por ser um rendimento em
espécie, pelo 99º, nº1, alínea a), pelo que se vai juntar aos rendimentos declarados no final do
ano. Ou seja, está sujeito ao englobamento do art. 22º e à tributação progressiva do art. 68º.

No entanto, seria relevante, também, analisar esta despesa de um ponto de vista da


empresa. O lucro tributável consta do artigo 17º do CIRC, os ganhos estão no artigo 20º, os
gastos dedutíveis no 23º e os não dedutíveis no 23º-A. Como não consta deste último artigo, não
é um gasto não dedutível e temos de ir ao 23º nº1, alínea d). Se considerarmos que é um gasto
não é essencial, vamos ao artigo 23ºA.
Quanto à taxa, trata-se de tributação autónoma, nos termos do artigo 88º nº7, que sujeita a uma
taxa de 10%.
O último problema seria a não entrega dos rendimentos. Tal como sabemos, existe uma situação
de substituição tributária nestes casos, nos termos do artigo 20º da LGT, na medida em que, por
força da execução de retenção na fonte por conta se verifica um dever legal. Neste caso, houve
retenção mas não houve entrega. Daqui resulta uma situação de responsabilidade tributária, nos
termos do artigo 28º, sendo que é o caso do nº1: houve retenção, mas não houve entrega, o que
significa que a entidade patronal é responsável pelas importâncias retidas, ficando o substituído
desonerado de qualquer responsabilidade no seu pagamento. Nos termos do artigo 24º, os
administradores ou gestores poderão ser responsáveis subsidiários, nos termos da alínea a) ou b)
– não temos dados para aferir de qual delas seria aplicável.

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